8 DOMINGO - O Estado do Maranhão - São Luís, 31 de outubro de 2010 SAÚDE / BEM-ESTAR Higiene: um santo remédio Infectologista ensina como lidar com vírus e bactérias presentes em quase todos os ambientes sem adoecer; hábitos simples como lavar bem as mãos previnem a proliferação de microorganismos Antônio Marinho Do jornal O Globo R IO - Nos últimos dias, a superbactéria KPC, que contamina pessoas internadas em hospitais, matou pelo menos 18 pessoas só no Distrito Federal. No mesmo período, foram registrados 30 casos de sarampo na Paraíba. O perigo está por todo o lado, no ataque de vírus, bactérias e outros microorganismos menos conhecidos, mas também não faltam armas para enfrentá-los. E algumas são bem simples. Só o hábito de lavar as mãos evita ou reduz muito a chance de pegar doenças, até infecções pela KPC. É o que mostra o infectologista Stefan Cunha Ujvari, que está lançando o livro "Perigos ocultos nas paisagens brasileiras - como evitar doenças infecciosas" (Senac SP), um guia para conviver com organismos nocivos sem adoecer. Ele começa falando dos alimentos e da água, que ao mesmo tempo que nutrem e abastecem nosso corpo podem transmitir doenças graves, como a hepatite A e infecções intestinais, especialmente em lugares sem saneamento. Por exemplo, bactérias nocivas vivem em cascas de frutas. Como nem sempre comemos as cascas, na hora de cortá-las levamos com a faca germes para o interior das frutas. Esse risco é grande também ao usar liqüidificadores e centrífugas, especialmente em lanchonetes e restaurantes, que recebem frutas inteiras não descascadas. “A vacina contra hepatite A é eficaz contra esse tipo de contaminação, mas de aplicação muito recente. Então, muitos adultos jo- Hábitos simples 1) Evite comprar comida de procedência duvidosa. O gelo nas bebidas também é perigoso. Vírus podem sobreviver no gelo; Números 65% de um grupo de crianças avaliadas pelo Instituto Ibope apresentaram coliformes fecais nas mãos devido à má higiene; 2) Produtos refrigerados precisam estar a uma temperatura de 2º C a 8º C. Em casa, não fique abrindo e fechando a geladeira o tempo todo; 84% 3) Evite sobras de comida na geladeira; das mães dizem que deve-se lavar as mãos antes das refeições, mas apenas 76% admitem cumprir essa orientação; 4) Não deixe alimentos à base de leite em cima da mesa. Os alimentos que são à base de proteínas, leite, ovos, favorecem o crescimento de vírus e bactérias; 25% das mães afirmaram que se asseguram de que o filho lavou as mãos após ir ao banheiro; 5) Dê prioridade aos alimentos cozidos ou assados; 72% 6) Lave bem as mãos com água e sabão. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o ideal é lavar as mãos em no mínimo cinco ocasiões: banho, após utilizar o banheiro e antes das refeições (café da manhã, almoço e jantar). vens e acima desta faixa etária estão desprotegidos. Daí a importância de lavar bem todos os alimentos”, alerta Stefan, lembrando que é preciso ter cuidado também com caldo- das mães brasileiras disseram que é fácil ensinar aos filhos o costume de lavar as mãos; 57% delas, entretanto, alegam que é cansativo ter que relembrar esta obrigação às crianças; de-cana e açaí de procedência duvidosa ou mal preparados. Eles podem conter o parasita que vive nas fezes do inseto barbeiro, transmissor da doença de Chagas. Frutos do mar - Outra doença grave associada à falta de higiene é a toxoplasmose, cujo parasita se desenvolve nos intestinos de gatos e outros felinos, e depois é eliminado nas fezes do animal. E esse cisto pode parar em qualquer lugar. “O gado come a vegetação contaminada e carrega o cisto. Então, todo cuidado é pouco ao manipular carne crua. As mãos, a pia e os reci- pientes devem ser bem lavados depois dessa tarefa para não contaminar outros alimentos e a própria pessoa”, explica. Fora de casa, mais especificamente em trilhas e matas, Stefan lembra que se deve ficar de olho nos carrapatos. Eles transmitem doenças como a febre maculosa, que pode matar. Para evitar problemas graves, é preciso saber retirar o carrapato. “O carrapato demora até quatro horas para passar uma doença. Então dá tempo de tirar se a pessoa localizá-lo logo. O certo é usar a pinça, sem espremê-lo na pele. Isso evita a liberação de mais bactérias no local. Em trilhas, é melhor vestir roupas brancas ou claras. Assim fica mais fácil achar o carrapato e outros parasitas”, diz. Em praias, em ocorrência de maré vermelha, não se arrisque comendo frutos do mar, incluindo mariscos, mexilhões e ostras. Eles podem estar contaminados por toxinas altamente resistentes de cianobactérias. Um detalhe: os frutos do mar intoxicados não apresentam alteração de sabor, cheiro e aspecto. Quanto à bactéria KPC, o infectologista diz que ela não ameaça a população em geral porque prefere pessoas debilitadas e internadas em hospitais. Mesmo assim ele considera o atual surto grave e diz que um dos motivos é o abuso de antibióticos, que torna o germe mais resistente. Outro é o maior número de procedimentos médicos e de grande complexidade, que facilitam o ataque da KPC. “Lavar as mãos e usar luvas e avental em ambiente hospitalar reduz muito a chance de ataque por KPC e outras bactérias”, diz o autor, que em seu livro conta também a história das epidemias. Saiba como reduzir a dor causada pela sensibilidade nos dentes Desgaste do esmalte do dente é o principal fator que desencadeia o problema; especialista no assunto diz o que se deve fazer ou evitar para minimizar as dores PORTO ALEGRE - A incapacidade de saborear um simples café passado na hora ou provar um sorvete é realidade de quem sofre com os dentes sensíveis. Muitas vezes, quem tem o problema acaba convivendo com a dor e suas limitações por não saber que o problema é tratável. Segundo o cirurgião dentista Marcelo Rezende, as reclamações dos pacientes, geralmente, são muito parecidas. “Eles descrevem a dor como se fosse um choque. Alguns são sensíveis ao calor e ao frio. Os mais sensíveis sentem incômodo até mesmo quando escovam os dentes ou usam o fio dental”, explica Rezende. Para o especialista, dentes quebrados ou trincados podem desencadear esse aumento de sensibilidade. “A principal cau- sa está relacionada ao desgaste do esmalte dos dentes. Ao perder essa proteção, o calor, o frio e a acidez dos alimentos acabam entrando em contato com as células nervosas dos dentes e provocando dor”, ressalta. O tratamento geralmente tem início com a indicação de bochechos diários com flúor. Mas o especialista revela que esse tipo de abordagem pode demorar até apresentar resultados favoráveis. “O ideal é que, além de fazer uso de flúor para dessensibilizar os dentes, a pessoa se submeta a outros tratamentos, como aplicações de flúor em gel a cada seis meses para fortalecer o esmalte ou, ainda, nos casos mais severos, o uso de um selante especial para 'blindar' a raiz do dente”, afirma. Dicas - Utilize escovas com cerdas macias e pontas arredondadas; - A escovação deve seguir sempre um movimento circular e suave. Nunca horizontal e com muita pressão; - Evite cremes dentais clareadores e, se possível, prefira os desenvolvidos especificamente para controlar a sensibilidade dos dentes; - Fuja das soluções caseiras à base de bicarbonato de sódio; - Evite tratamentos clareadores sem indicação médica; - Consulte seu dentista sobre os benefícios da aplicação de flúor em gel, principalmente nas fases de dor aguda; - Evite sucos de frutas ácidas, como laranja, limão e abacaxi. A acidez pode agravar o problema da sensibilidade; - Passe a temperar a salada com azeite e sal, deixando o vinagre de lado por conta do seu alto teor de acidez; - Nunca deixe de escovar bem os dentes, pelo menos duas vezes ao dia, e visite seu dentista regularmente. Quem sofre com o problema relata que as dores são constantes