Introdução à homeopatia clássica IAH AC Introdução à homeopatia clássica © IAH 2009 Embora se tenha demonstrado que são eficazes pelas doses moleculares que se aplicam (micro, nano ou picodoses ou diluições maiores) os medicamentos antihomotóxicos seguem sendo no fundo fármacos homeopáticos pouco diluídos. Tanto é assim que, o que não se conseguiu descobrir sobre os princípios operativos da homeopatia clássica diluída durante décadas, poderia encontrar bases científicas na investigação homotoxicológica. Esta dualidade é o principal motivo pelo qual um estudo básico da história e os princípios da homeopatia façam parte deste curso e sejas necessários para compreender melhor os medicamentos e o tratamento anti-homotóxicos. 1 Objetivos • O Dr. Hahnemann, o pai espiritual da homeopatia • A diluição homeopática • Princípios homeopáticos • Os testes • Materia Medica e os livros de repertórios • Bases científicas da homeopatia • Aplicações terapêuticas da homeopatia clássica • O Dr. Reckeweg e a homeopatia • Homeopatia complexa e medicamentos anti-homotóxicos © IAH 2009 2 A partir desta apresentação iremos compreender a base da medicina moderna, a filosofia do embasamento da pesquisa baseada em provas científicas. Necessitamos compreender a natureza da saúde e da doença, e como a homeopatia se fez nos últimos 200 anos. 2 Dr. Samuel Hahnemann • 1755-1843 • Médico e químico nascido em • • Meissen Principio básico: Similia similibus curentur 1810: Organon da medicina © IAH 2009 3 O pai da homeopatia clássica foi o médico transilvano (atual Romênia) Samuel Hahnemann. Viveu de 1755 a 1843 e morreu em Paris. Como era comum naquele tempo era médico, químico e farmacêutico ao mesmo tempo. Propôs o principio da similaridade, básico da homeopatia, com a frase “similia similibus currentur”, que significa “o semelhante pode curar-se com o semelhante”. Uma obra básica da bibliografia homeopática é o Organon de Hahnemann, publicado em 1810 (primeira edição). 3 Homeopatia • Medicina holística na qual se empregam preparados de origem animal, vegetal e mineral. • Etimologia: • Raízes gregas: » Omoios: “parecido” » Pathos: “sofrimento” • Raízes • Hipócrates, Celso e Paracelso preconizaram por tratar os pacientes com preparados parecidos com suas doenças. © IAH 2009 4 Em síntese, devemos ter presente que a homeopatia é uma estratégia médica holística em que os medicamentos empregados procedem de plantas, animais e minerais. Que o semelhante deve tratar-se com o semelhante está etimologicamente implícito no nome homeopatia. As raízes da homeopatia vão muito mais além de Hahnemann. Os princípios básicos homeopáticos se encontram já em Hipócrates, Celso e Paracelso (o principio da similaridade) 4 Homeopatia • Hahnemann compreendeu a estreita correspondência entre os sintomas clínicos dos pacientes e a patogenia experimental dos preparados. • Hahnemann elaborou uma filosofía sistemática da medicina e métodos estritos de diagnóstico e tratamento. © IAH 2009 5 A genialidade de Hahnemann consistiu em relacionar a imagem tóxica em pessoas sãs com a imagem medicamentosa nos doentes. Mediante esta correlação nos ensinou um dos princípios básicos da medicina anti-homotóxica. Para neutralizar os sintomas criados pela presença de uma homotoxina necessitamos de uma substância diluída que em concentrações altas produza um quadro tóxico parecido nas pessoas sãs. Além dos princípios homeopáticos, nas pesquisas modernas se tem observado outros mecanismos de ação. As doses diminutas parecem ter um efeito regulador mediante a ativação de mecanismos concretos capazes de estimular ou inibir a secreção dos mediadores. A homeopatia é mais que um tratamento, mais que outro tipo de medicina. É antes de tudo uma filosofia da medicina, uma forma diferente de abordar o doente. As estratégias de tratamento e diagnóstico da homeopatia estão tão distantes das formas convencionais que a comunicação entre ambas se torna muito difícil.. 5 Hahnemann e a homeopatia • A “dynamis” é a “energía vital” ou força vital • A doença é uma desregulação da dynamis • Que pode restablecer-se mediante um equilíbrio sutil: o medicamento homeopático © IAH 2009 6 O que Hahnemann definiu como “dynamis” poderia traduzir-se hoje em dia como energia vital ou força vital, presente em cada ser vivo, presente em cada pessoa. As interações do sujeito com seu ambiente poderiam originar um desequilíbrio desta dynamis, o que se contempla como uma disfunção do organismo na medicina acadêmica. O desequilíbrio da dynamis se manifesta em forma de sintomas clínicos, intensificados ou inibidos pelas modalidades. As modalidades em homeopatia são aspectos capazes de melhorar ou piorar os sintomas (melhor com frio, pior com calor, melhor ao deitar-se, pior estando de pé e movendo-se, etc). Os medicamentos homeopáticos são substâncias que em doses muito baixas induzem ao restabelecimento da dynamis desregulada. Em principio, devemos entender esta indução mais como uma energia que como uma presença molecular. As hipóteses modernas sobre o principio operativo dos fármacos homeopáticos em diluições maiores fazem referência à ressonância produzida pela indução eletromagnética que irradia do próprio medicamento. Cada substância possui suas características e freqüências próprias a este respeito. E o “quadro patológico” e o medicamento homeopático têm a mesma freqüência, a ressonância é possível e o medicamento funcionará. Até o momento não existe nenhuma prova científica de que esta hipótese seja correta. 6 Métodos científicos de Hahnemann • Observação • Reflexão • Experiência © IAH 2009 7 Os métodos de Hahnemann estavam longe dos critérios baseados em provas científicas com a qual opera hoje a medicina acadêmica. Hahnemann nos devolve às 3 características essenciais que um médico deveria possuir na boa medicina de primeira linha: observação, reflexão e experiência. A observação do paciente em todos seus aspectos (visão holística) deve estabelecer as bases do tratamento eficaz. A reflexão sobre o observado, buscando correlações, causas e conseqüências, deve aumentar as probabilidades de que o tratamento tenha êxito. A experiência é o catalisador que acelera a formulação das conclusões, traduzindo-as em protocolos terapêuticos efetivos. 7 Observação “É importante observar a essência da doença, pois a verdadeira natureza de uma doença se revela tão somente em sua totalidade”. Hahnemann “Tão somente não trates de encontrar nada após os fenômenos; eles são en si mesmos a doutrina”. Goethe © IAH 2009 8 Não são importantes só os sintomas e sinais (critérios objetivos), mas também a vida do paciente com seus sintomas e, através deles, os fatores que os melhoram ou pioram, e a repercussão que tem as mudanças em relação ao ser holístico e seu ambiente. O fenômeno do paciente enfermo, com todas suas características, é o que se tem que tratar. Se o interrogatório do paciente acerca de seus sintomas e modalidades (em homeopatia, a estratégia para perguntar e analisar os sintomas e modalidades denomina-se repertorização) é amplo e tem detalhes suficientes, teremos em conta o que está por trás daqueles sintomas (as causas). Só assim é possível um embasamento totalmente holístico. 8 Reflexão “A reflexão é uma maneira não de reproduzir, mas de produzir a realidade”. “Compreende tanto a ação da vontade como o intelecto e o poder da imaginação como ato consciente, uma valorização e evolução espirituais, e ver com os olhos do espírito”. Hahnemann © IAH 2009 9 A reflexão sobre o observado se faz sem interpretações por parte do médico, com empatia, tratando de ver as coisas como o paciente as vê. As interpretações durante a repertorização (interrogatório do paciente pelo médico para repertorizar os sintomas, sinais e modalidades) poderiam levar a perguntas falsas na repertorização, o que se traduziria finalmente em um falso remédio. O médico deve ser um catalisador que acelere as revelações do paciente, além de um catalisador para a rápida recuperação da saúde mediante os medicamentos corretos. 9 Experiência “A medicina é uma ciência baseada na experiência. A experiência se obtém não mediante a experimentação aleatória, mas pela compreensão espiritual do que se tem experimentado”. Hahnemann “A dinâmica da experiência consta de capacidades adquiridas e de uma familiaridade interna com o objeto em questão”. Aristóteles © IAH 2009 10 Embora o meio acadêmico queira fazer da medicina uma ciência “exata” está seguirá sendo sempre uma ciência humana como a sociologia, a psicologia, etc. A boa medicina baseia-se, sobretudo na experiência. Quanto mais pacientes se veem e mais repertorizações se fazem, melhor e mais perfeito será o protocolo de tratamento. O que se faz frequentemente se faz melhor. Isso confirma uma das leis fundamentais da psicologia de aprendizagem. 10 Os “sintomas” definidos por Hahnemann Os sintomas compreenden tanto sintomas subjetivos como constatações em qualquer região do organismo, de natureza psicológica ou física, independentemente de seu grau de diferenciação pela percepção ou a investigação até o nível molecular. © IAH 2009 11 Em homeopatia, um sintoma deve ser interpretado em sentido amplo. Diferentemente da medicina acadêmica, o sintoma não necessariamente deve ser objetivo no sentido absoluto da palavra, que significa que deve ser mensurável mediante técnicas objetivas. Os sintomas são subjetivos e inclusive surrealistas (a Matéria Médica contém muitos exemplos em que a imagem medicamentosa está relacionada com a forma em que o paciente vive seu sintoma, por exemplo, estômago pesado com se fosse explodir, cefaléia como se tivesse um prego metido no crânio, sensação de estar em pedaços). A maioria destes sintomas é bastante irreal e não podem ser medidos de nenhuma maneira objetiva, mas são extremamente importantes na repertorização. Tratando-se de um ser holístico, as emoções e impressões fazer parte do todo e se representam, portanto na imagem medicamentosa. Segundo Hahnemann, os sintomas podem ser puramente objetivos, subjetivos, impressões irreais e inclusive surreais que conduzem a expressões, interações verbais ou não verbais, aspectos psicológicos e emoções. A imagem total deve correlacionar-se com a imagem completa que descreve a Matéria Médica ou ser similar a ela. Desta forma, encontra-se o medicamento adequado. 11 Teorias científicas Medicina convencional Homeopatia Doutrina Etiológica, analítica Fenomenológica, sintética Natureza da reflexão Análise da causa, quantitativa Analógica, qualitativa Investigação Dedutiva Indutiva Estratégia terapêutica Mudança bioquímica após o diagnóstico clínico, relativo ao órgão Controle de sinais após comparar o quadro clínico com o quadro sintomático, sistêmico, personotrópico Objetivo terapêutico Curar a doença Curar a pessoa © IAH 2009 12 Esta tabela compara a medicina acadêmica com a homeopatia em quanto à doutrina, tipo de reflexão, investigação, estratégia terapêutica e objetivo. As diferenças são evidentes, inclusive em certas ocasiões há uma oposição total. A diferença principal radica na doença objetivada da medicina acadêmica frente à pessoa “subjetiva” em estado alterado (doença). Um enfoque normalizado frente a outro holístico e individualizado. 12 As diluições homeopáticas © IAH 2009 Existem diferentes tipos de diluições homeopáticas. Vale a pena estudar as mais habituais. 13 Diluições homeopáticas mais frequentes • Diluição decimal (diluições D; em EUA e outros países, diluições X) • Diluição centesimal (C ou CH) • Diluição de Korsakov (K) © IAH 2009 14 Na história da homeopatia tem-se desenvolvido muitos tipos de diluição. Embora existam outros tipos, as diluições decimais, centesimais e de Korsakov são as que mais se empregam em todo o mundo. Também são populares as potências LM, embora só as utilizem homeopatas clássicos em seus medicamentos unitários. O procedimento para obter uma diluição homeopática descreve-se nas chamadas farmacopéias, que seguem de maneira exata os laboratórios homeopáticos. Existem várias farmacopéias reconhecidas no mundo. As mais seguidas são a alemã (HAB: Homöopathisches Arznei Buch) e a francesa (PF: Pharmacopée française). Os medicamentos da Heel fabricam-se segundo a farmacopéia alemã. As diluições decimais estão muito presentes na escola alemã. Em cada passo de diluição usa-se uma concentração de 1:10. Entre cada 2 passos de diluição se realiza um processo de dinamização, que consiste em agitar o líquido com firmeza repetidas vezes (Hahnemann: 10 vezes). A partir de uma tintura mãe, a D1 é uma diluição de 1:10, a D2 é uma diluição de 1:100, a D3 é uma diluição de 1:1000, ...a D9 é uma diluição de 1:1.000.000.000, e assim sucessivamente. As diluições centesimais possuem uma concentração de 1:100 em cada passo de diluição. Também aqui, entre cada dois passos de diluição de produz uma dinamização. A C1 ou 1CH é uma diluição de 1:100, a C2 ou 2CH é uma diluição de 1:10.000, a C5 ou 5CH é uma diluição de 1:10.000.000.000, e assim sucessivamente. As potências ou diluições C estão muito presentes na escola francesa. As diluições D estão muito mais dinamizadas que as diluições C, já que se agitam 10 vezes em cada passo de 1:10, o que somente ocorre em cada passo de 1:100 nas segundas. Assim, uma D6 poderia ter a mesma concentração molecular que uma C3 (ambas são diluições de 1:1.000.000), mas para produzir a D6, o líquido foi agitado 60 vezes nos distintos passos, enquanto que somente se agitou 30 vezes na C3. Esta diferença é significativa, sobretudo em diluições mais altas. Korsakov desenvolveu as diluições que levam seu nome. Com as diluições D e C, os laboratórios farmacêuticos tem que usar um recipiente distinto em cada passo de diluição; nas diluições de Korsakov utiliza-se o mesmo recipiente desde a primeira diluição até a última. A quantidade residual que se adere a parede é algo ao redor de 1:100 partes do líquido que havia no frasco. As máquinas de Korsakov aspiram o líquido do recipiente depois da dinamização e voltam a enchelo depois para prosseguir com as diluições seguintes. As diluições de Korsakov são fáceis de preparar, pois nos tempos modernos é uma máquina dirigida por um computador que faz as diluições e intercepta as diluições intermediárias que se necessitem. 14 A diluição decimal • Parte inicial da tintura*1 + 9 partes de veículo, dinamização, D1 • 1 parte de D1 + 9 partes de veículo*2, dinamização, D2 • 1 parte de D2 + 9 partes de veículo, dinamização, D3 • ……… • 1 parte de D(n-1) + 9 partes de veículo, dinamização, Dn *1 A concentração da parte inicial da tintura mãe se descreve na farmacopéia e pode variar segundo a substância empregada. *2 O veículo que se utiliza para fazer diluições homeopáticas é a água ou o álcool, ou uma mistura de ambos. © IAH 2009 15 Como nos medicamentos anti-homotóxicos se empregam somente diluições homeopáticas decimais, é interessante que se estude o procedimento com mais detalhes. A farmacopéia alemã (HAB) descreve de forma pormenorizada como deve realizar-se a diluição decimal e uma substância para que seja correta. Para cada substância se define a primeira parte, a partir da tintura mãe sem diluir. A primeira diluição de 1:10 se enche até uma medida padrão (100%) com um veículo ou diluente (água ou álcool). Uma vez realizada a primeira diluição molecular, agita-se esta com firmeza umas 10 vezes. O que o recipiente contém agora é a primeira diluição decimal, quer dizer, uma D1. Toma-se 1 parte desta diluição D1 e coloca-se em 9 partes de diluente ou veículo em um frasco novo. Este líquido se dinamiza de novo e se cria uma diluição D2. Embora, em principio, as diluições podem chegar onde se queira, nos medicamentos anti-homotóxicos, e desde logo em medicamentos compostos, a maioria das diluições vão de D2 a D8. Se for empregada diluições maiores como em Injeel ou Homaccord, (ver a apresentação sobre grupos de medicamentos de IAH AC) sempre teremos uma diluição menor da mesma substância que conterá moléculas. 15 Os princípios homeopáticos © IAH 2009 Neste ponto descrevem-se 4 princípios homeopáticos: O principio da similaridade O princípio da inversão A regra de Paracelso O princípio de Burgi 16 O princípio da similaridade • O principio do “como se”. • O quadro clínico da intoxicação produzida em pessoas sãs pela administrção de uma concentração tóxica de uma substância há de ser similar ao padrão patológico do paciente. Só então poderá uma concentração muito baixa desta substância curar o paciente com um padrão patológico similar ao quadro tóxico da pessoa sã. © IAH 2009 17 Um paciente que apresente um quadro patológico ou um quadro clínico parecido ao quadro tóxico descrito ao ingerir concentrações elevadas de uma toxina em estado de saúde, poderá tratar-se com aquela toxina em concentrações muito baixas para curar sua doença. Os quadros patogênicos de descrever na denominada Matéria Médica (ver mais adiante nesta mesma apresentação). 17 O princípio de inversão • Uma substância que em concentrações moleculares altas produz um quadro tóxico nas pessoas sãs pode curar o mesmo padrão patológico em um paciente se a usar em concentrações muito baixas. © IAH 2009 18 O princípio da inversão tem a ver com a dose e completa o princípio da similaridade. Em homeopatia, se utiliza uma substância segundo o quadro tóxico que produz nas pessoas sãs. Se uma abelha pica uma pessoa sã, se observam diversos sintomas clínicos: edema local, dor, enrijecimento, etc. Para tratar um paciente cujos sintomas são como se houvesse lhe picado uma abelha (embora na verdade não tenha sido picado) devemos diluir Apis mellifia (abelha melífera) para curar a afecção. O princípio da similaridade e os efeitos inversos ao inverter-se a dose são os princípios mais importantes da homeopatia. 18 A regra de Paracelso (1493-1541) • A dose faz o veneno. © IAH 2009 19 Paracelso propôs que uma substância não pode chamar-se veneno por suas características moleculares somente, já que a dose é o principal parâmetro de sua carga tóxica. O arsênico se define como um veneno, mas isso só é verdade em determinadas doses. As substâncias que normalmente se definem como saudáveis podem ser tóxicas em concentrações ou doses maiores. Portanto, não é a molécula em si que pode ter efeito tóxico, mas o número de moléculas em determinadas doses. Sé então pode-se ver um quadro patogenético em um pessoa sã e inverter a dose poderia curar a um paciente com um quadro patológico parecido ao quadro tóxico. Substância, quadro patogenético e dose, são parâmetros essenciais da homeopatia. 19 Princípio de Burgi, 1932 • “Os efeitos de duas substâncias que produzem a mesma mudança funcional ou eliminam os mesmos sintomas se somam quando os objetivos farmacológicos são os mesmos e se potencializam quando são distintos”. © IAH 2009 20 Burgi propôs que a administração simultânea de diferentes substâncias com ações terapêuticas similares produziria um efeito sinérgico que seria mais que a soma dos efeitos individuais de todas as substâncias sozinhas. Nos medicamentos anti-homotóxicos compostos, além da ação complementar das distintas substâncias da fórmula, a sinergia dos componentes obedece ao princípio de Burgi. 20 O teste em homeopatia © IAH 2009 Os testes são essenciais em homeopatia, pois pelo teste se conhece o quadro patogenético de uma substância homeopática. 21 O “teste“ • Uma pessoa sã (voluntária) • toma uma dose alta • ou várias doses baixas • de uma substância tóxica • que produzirá nela um quadro de intoxicação • que se registra de maneira exata e logo se ordena, • e que se connhecerá como o quadro medicamentoso desta substância. • Na descrição se incluem sintomas somáticos e psicológicos, e também as modalidades observadas no quadro medicamentoso © IAH 2009 22 Os testes são os ensaios patogênicos que formam a base de pesquisa homeopática clássica. O objetivo de um teste é revelar o quadro patogenético de uma substância que poderia se utilizado como medicamento homeopático. O quadro patogenético é uma imagem clínica completa dos sintomas somáticos e psicológicos que uma pessoa sã apresenta ao intoxicar-se com a substância testada. Observa-se em detalhe e se anota o quadro tóxico. Uma vez feito o teste, a substância poderá ser usada em doses muito baixas para tratar ou curar o paciente que tenha um quadro patológico parecido ao quadro tóxico observado durante o teste. 22 Sintomas e modalidades • Os sintomas são clínicos • As modalidades são os parâmetros ou condições que melhoram ou pioram o estado sintomático do paciente © IAH 2009 23 A cefaléia é um sintoma clínico. Sua melhora com compressas frias e sua piora com o calor e o sol são modalidades. Em um teste se observam e descrevem tanto os sintomas clínicos como as modalidades. As modalidades frequentemente têm a ver com melhorias ou piora subjetivos devido às mudanças físicas do ambiente. As modalidades freqüentes estão relacionadas aos sentidos, como o calor, o frio, o dia, a noite, a pressão em um ponto afetado, os sons ou ruídos, os odores ou os aromas. As modalidades podem afetar todo o quadro patogenético ou a partes do mesmo. 23 Materia Medica e repertórios © IAH 2009 Os homeopatas usam atualmente dois tipos de livros para buscar o medicamento correto para o paciente: a Matéria Médica e um Repertório. De fato, cada um destes livros é a versão reversa do outro. 24 Materia Medica • Livro em que se descrevem em detalhes os quadros medicamentosos, divididos em sintomas por tecidos, órgãos e localizações corporais. • A materia medica de uma substância contém: • Características gerais • sintomas mentais • sintomas cefálicos (olhos, ouvidos, nariz, face,…) • sintomas de garganta • sintomas gástricos • Etc. © IAH 2009 25 Os componentes homeopáticos com seus quadros patogenéticos se descrevem em detalhes por ordem alfabética na Matéria Médica. São muitos os grandes homeopatas que tem escrito a Matéria Médica: Allen, Boericke, Phatak, etc. A descrição detalhada do quadro patogenético se divide em sintomas em relação com os distintos órgãos, aparelhos, tecidos, sentidos, etc. A Matéria Médica é um livro interessante onde compara finalmente os sintomas do paciente com o quadro patogenético eleito depois da repertorização. 25 © IAH 2009 26 Este é um exemplo da Matéria Médica de Murphy. Este texto contém uma classificação alfabética das substâncias que se usam nos medicamentos homeopáticos, se unitários ou compostos. 26 © IAH 2009 27 Aqui observamos o quadro patogenético de Arnica montana, denominada vulgarmente como arnica comum ou tabaco de montanha. Arnica montana é um grande remédio homeopático em geral, na terapêutica anti-homotóxica se usa especialmente nos medicamentos que servem para tratar desordens locomotoras. 27 © IAH 2009 28 O quadro patogenético de Arnica montana começa por suas características farmacológicas. Nos primeiros pontos que se ressaltam vemos os sinônimos da planta, onde cresce, quais são suas características farmacológicas, em que órgãos ou aparelhos atua e qual sua aplicação geral. É uma descrição muito parecida a descrição farmacológica convencional dos efeitos da substância. 28 © IAH 2009 29 Mas abaixo vemos seu emprego homeopático em geral. Mas abaixo ainda, este se divide em níveis detalhados. A atividade da arnica de descreve por regiões, órgãos, aparelhos e tecidos. As partes das frases que aparecem em negrito e cursivo se denominam sintomas-chave, já que são muito importantes para poder usar esta substância como medicamento homeopático. De fato, podemos afirmar que se o sintomachave não estiver presente no paciente com problemas nesta parte do corpo, o mais provável é que esse medicamento não seja adequado para tratá-lo. 29 © IAH 2009 30 Abaixo da aplicação homeopática vemos também as modalidades. Estas são parâmetros que pioram ou melhoram os sintomas do paciente. O texto diz: “Melhor ao fazer com a cabeça baixa ou fazer com os membros estendidos. Pior com feridas, quedas, golpes, hematomas, choques, traumatismos laborais, exercício físico excessivo, entorse. Pior com mínimo toque, movimento, repouso, vinho, frio úmido. Pior depois de dormir e com idade avançada, álcool, gás carbônico. Pior ao fazer sobre o lado esquerdo”. Em negrito e cursivo se encontram as palavras: “fazer com a cabeça baixa, feridas e hematomas”. 30 Repertório • O inverso da Materia Medica • Livro em que, durante a anamnese, o homeopata busca os sintomas e as modalidades que observa no paciente • Refere-se a determinadas substâncias • Que contém aqueles sintomas e modalidades em seu quadro medicamentoso © IAH 2009 31 A partir do interrogatório do paciente, de seus sintomas e modalidades, o repertório conduz o homeopata a um ou uns poucos preparados (similares). Ajustando as perguntas, ao final pode-se distinguir algum detalhe que determine qual é o medicamento mais similar para o paciente. O repertório se usa durante a repertorização, o processo de interrogar o paciente e observá-lo. Também aqui existem grandes homeopatas que escreveram seu repertório. Nomes como Kente, Hering, Hahnemann, etc... constituem obras habituais. Nestes tempos modernos existem inclusive programas de computador para repertorizar os pacientes. Como exemplo, o Repertório Mac, que permite selecionar os sintomas e modalidades do paciente, e chegar aos possíveis preparados aos distintos níveis. 31 © IAH 2009 32 Esta é uma página do repertório de Kent, repertório e autor que são bem conhecidos e apreciados pela homeopatia. 32 © IAH 2009 33 Imaginem que o paciente tenha dor nas costas. A zona está machucada depois de uma queda (com hematomas). Abrimos agora o repertório e vamos ao capítulo “Costas”. Neste capítulo buscamos “dor”, e em dor buscamos “machucados” ou “hematomas”. 33 © IAH 2009 34 Encontramos “Arn”. escrito em negrito, que é uma abreviatura de Arnica montana. Também aparecem outros preparados, como Alumina, Eupatorium, Kalium carbonicum, Natrium muriaticum, etc. Temos que examinar mais a fundo o paciente, fazer-lhe mais perguntas, para ajustar a escolha do medicamento. 34 © IAH 2009 35 Se virmos também que o paciente treme quando lhe dói as costas, buscamos isto no repertório e voltaremos a encontrar Arnica montana. Para escolher o medicamento, quanto mais sintomas encontramos correspondentes com Arnica montana, mais nos convencemos de que este é o medicamento para o paciente. 35 Base científica da homeopatia © IAH 2009 O enfoque estritamente individual do paciente, holístico por tratar-se de um ser humano único, praticamente impede de criarem-se grupos de ensaio comparáveis. Como na homeopatia não existem as doenças (só os pacientes), na homeopatia clássica não se pode realizar investigações, pois a individualidade do paciente é absoluta. Isso significa que não se podem formar grupos de pacientes com a MESMA afecção, já que, inclusive tendo a mesma “doença” segundo a medicina acadêmica, a doença seguirá de forma diferente em cada pessoa. Por outro lado, tem-se realizados ensaios clínicos homeopáticos, inclusive randomizados e duplo-cego, com resultados notáveis a favor da homeopatia. Ademais, a investigação básica tem mostrado em muitas publicações que as diluições, inclusive acima do número de Avogadro, exercem efeitos fisiológicos. Estamos longe de conhecer a farmacodinâmica dos medicamentos homeopáticos e, embora haja algumas hipóteses verossímeis para explicar o princípio operativo de algum fármaco homeopático unitário, a homeopatia contrasta tão violentamente com a medicina acadêmica que sempre haverá lugar para as críticas e o ceticismo. 36 Porque é difícil a investigação homeopática? • Os modelos de medição foram criados para os medicamentos ponderáveis e não podem ser usados facilmente com os fármacos homeopáticos • Na homeopatia não existe a doença, só o doente • Em consequência, uma mesma doença segundo a definição acadêmica se trata com medicamentos distintos nos distintos pacientes • Por dogma, o mundo acadêmico ou convencional não aceita nenhum resultado de investigação homeopática uma vez superado o número de Avogadro • Nas diluições altas, a hipótese é que entidades menores que as moléculas por pura indução eletromagnética são as que desencadeiam o mecanismo de ação do fármaco. Medir este tipo de efeito é impossível segundo o princípio de Heisenberg © IAH 2009 37 Embora existam muitas razões pelas quais a homeopatia clássica resulte em dificuldades de aplicar-se os princípios dos ensaios “normais”, tem-se realizado numerosos estudos de preparados unitários com bons resultados terapêuticos. Inclusive a investigação básica tem mostrado resultados notáveis com os preparados unitários. Os estudos básicos mais controvertidos são provavelmente os realizados pelo imunólogo francês Benveniste, de renome mundial e também pelo médico Louis Rey. Embora as pesquisas de Benveniste tenham sido confirmadas pelo professor Ennis, um farmacologista inglês, seguem-se debatendo seus resultadosaté a data, já que aceitá-los minaria a lógica da teoria molecular da farmácia acadêmica convencional. 1 Benveniste, J.: "Human basophil degranulation triggered by very dilute antiserum against IgE", E. Davenas, F. Beauvais, J. Amara, M. Oberbaum, B. Robinzon, A. Miadonnai, A. Tedeschi, B. Pomeranz, P. Fortner, P. Belon, J. Sainte-Laudy, B. Poitevin, J. Benveniste, Nature 333, 816-818 (30/06/1988) 2 Rey, L.: “Thermoluminescence of ultra-high dilutions of Lithium chloride and Sodium chloride”, Physica A, 2003, 323, 67-74 3 Ennis, M. et al.: “Histamine dilutions modulate basophil activation”. Inflammation Research, 2004 May;53(5):181-188 37 Quão certa é uma medição em ciência? • Segundo o princípio da incerteza de Heisenberg, a objetividade não é possível ao nível básico. ∆x∆p ≥ h/4π ∆x = factor de incerteza do lugar ∆p = fator de incerteza do impulso h = constante de Planck (aprox. 6,63×10-34 J·s) © IAH 2009 38 O físico Werner Heisenberg afirmou que é impossível assinalar a posição e a velocidade de uma partícula ao mesmo tempo. Seu princípio da incerteza é citado como de grande importância para a medicina quântica. A conseqüência deste princípio é que, quando se começa a medir algo, se influi no fenômeno de tal maneira que a medição é falsa. O princípio ou relação da incerteza de Heisenberg tem enormes conseqüências para muitos ramos da física e desempenha um papel importante na física quântica. Poderia ser relevante na reprodução das pesquisas realizadas com medicamentos homeopáticos unitários em diluições médias e altas. Também se aplica aos grandes objetos (carros, aviões, casas...), embora muito menos, inclusive à escala desprezível, devido à pequena magnitude da constante de Planck. Sem dúvida, nos tratamentos com microdoses e mais na homeopatia, onde se utilizam quantidades muito pequenas, talvez quânticas, o princípio da incerteza de Heinsenberg poderia ser de extrema importância ao tratar-se de medir o efeito. 38 Aplicações terapêuticas da homeopatia clássica © IAH 2009 39 Homeopatia • Indicações principais • transtornos agudos • transtornos funcionais • transtornos psicosomáticos • doenças crônicas © IAH 2009 40 A homeopatia pode aplicar-se à maioria dos tipos de doenças ou desordens: as alterações da força vital (afecções aguda, inflamações em sua maioria), os desequilíbrios, as desordens de origem psicossomática e também algumas doenças crônicas. 40 Homeopatia • A terapia homeopática clássica não está indicada para as afeções com lesões graves nem para as doenças terminais ou malignas • Nestes casos serve como complemento © IAH 2009 41 Como ocorre com qualquer outro tipo de medicina, a homeopatia também tem seus limites. A homeopatia clássica não deveria ser de primeira escolha para tratar lesões graves, nem cânceres terminais, embora em todos estes casos pode-se melhorar a qualidade de vida. No último caso mencionado, a homeopatia não é o tratamento essencial, mas é complementar aos outros métodos terapêuticos e tratamento, a maioria procedentes da medicina acadêmica (p. ex. os vômitos induzidos pela quimioterapia podem ser bem tratados com a homeopatia). 41 Exemplos de grupos de preparados Preparados vegetales Aconitum Belladonna Nux vomica Acónito ou matalobos Belladona ou belladama Noz vômica Preparados animales Apis Sepia Lachesis Abelha melífera Sepia Cascavel muda ou matabuey Preparados minerales Calcium carbonicum Hepar sulfuris Silicea Cálcio de concha de ostra Sulfuro de cálcio Ácido salicílico © IAH 2009 42 Em homeopatia utilizam-se normalmente três grupos de substâncias: preparados de origem vegetal, de origem animal e mineral. Citam-se exemplos de cada grupo com seu nome científico oficial e seu nome vulgar. 42 O Dr. Reckeweg e a homeopatia clássica © IAH 2009 Depois de seus estudos de medicina acadêmica, o Dr. H.-H. Reckeweg estudou homeopatia clássica para tentar encontrar a forma de abordar os efeitos secundários e as contra-indicações dos fármacos convencionais. Mas tampouco a homeopatia clássica era a solução, pois é uma medicina muito empírica. Somente a prática clínica durante anos, talvez décadas, determina que a homeopatia tenha êxito, pois reconhecer os quadros patogenéticos nos pacientes nos pacientes exige muita experiência. Depois de estudar e seguir os seminários do prof. August Bier, que defendia certo tipo de homeopatia clínica em sua época, o Dr. Reckeweg chegou a consolidar seu conhecimentos de homeopatia, que levariam depois a elevar seu enfoque integrador de ambos os tipos de medicina, criando pouco a pouco o conceito de homotoxicologia, uma ponte entre a medicina acadêmica e a medicina homeopática. Não só encontramos diluições homeopáticas, principalmente diluições baixas, nos medicamentos compostos. A influência da homeopatia clássica se encontra acima de tudo na gama dos Injeel (ver apresentação sobre grupos de medicamentos IAH AC), acordes de potência de uma mesma substância juntas no mesmo frasco. Também na gama dos Homaccord (ver a apresentação sobre Homaccord de IAH AC) constata-se a presença do gênio homeopático de Reckeweg. 43 Homeopatia complexa e medicamentos anti-homotóxicos © IAH 2009 Já dissemos que existem diferenças fundamentais entre os medicamentos homeopáticos complexos e os medicamentos anti-homotóxicos (ver a apresentação sobre preparados básicos de IAH AC). Os medicamentos anti-homotóxicos se formulam e atuam tendo em conta a função sinérgica ou atividade complementar de seus componentes, e se empregam na clínica segundo o quadro patológico do paciente e dentro de um marco de referência específico, a tabela da evolução das doenças (TED). Embora se classifiquem como homeopáticos pelas diluições homeopáticas empregadas, os medicamentos anti-homotóxicos são algo mais que medicamentos homeopáticos complexos. Estas diferenças são de grande importância para poder compreender porque os medicamentos anti-homotóxicos atuam mais profundamente que os homeopáticos complexos e porque podem ser entendidos mais facilmente pelos médicos acadêmicos. 44