oficina terapêutica do conto: um espaço para o enfermeiro

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OFICINA TERAPÊUTICA DO CONTO: UM ESPAÇO PARA O
ENFERMEIRO EM SAÚDE MENTAL
XAVIER, Mariane da Silva/ Enfermagem/ UFSM; GONÇALVES, Mariam de Oliveira/
Enfermagem/
UFSM;
MACHADO,
Katiusci
Lehnhard/
Psicologia/
UFSM;
ORIENTADOR:TERRA, Marlene Gomes/ Enfermagem/ UFSM.
Palavras-Chave:
Bipolar; enfermagem; cuidado; saúde mental
INTRODUÇÃO
O transtorno afetivo bipolar (TAB) era denominado até pouco tempo de psicose
maníaco;depressiva. Esse nome foi abandonado, pois, o transtorno não apresenta
necessariamente sintomas psicóticos, na maioria das vezes os sintomas não aparecem. Com
a mudança, esse transtorno deixou de ser considerado uma perturbação psicótica para ser
considerado um perturbação afetiva. A alternância de estados depressivos com maníacos é a
chave dessa patologia. Assim o sujeito que tenha uma fase depressiva, receba diagnóstico de
depressão e dez anos depois apresentar um episódio maníaco tem na verdade TAB, sendo
que mania na psiquiatria significa um estado exaltado de humor. Portanto, o TAB é uma
doença grave, incurável e de distribuição cosmopolita afetando cerca de 1,5% das pessoas
em todo o mundo (MAROT, 2004).
OBJETIVOS
Este estudo tem por objetivo descrever a importância da realização de oficinas terapêuticas
com pacientes que receberam diagnóstico médico de transtorno afetivo bipolar, internados na
unidade psiquiátrica de um hospital geral.
METODOLOGIA
O presente estudo é um relato de experiência vivido por uma acadêmica de enfermagem da
Universidade Federal de Santa Maria durante as aulas práticas na Unidade Psiquiátrica Paulo
Guedes, em que acontece uma vez por semana, a oficina do conto que é realizada com os
pacientes e coordenada por uma profissional da Residência Multiprofissional Integrada. A
Oficina propõe criar um espaço lúdico, interativo, instigando o pensamento crítico e reflexivo
sobre acontecimentos do cotidiano dos pacientes, bem como sobre sua doença. Durante a
realização da "oficina terapêutica do conto" percebeu;se algumas manifestações dos sintomas
do TAB em um dos pacientes como: delírio de grandeza e místico (poder), taquilálico e com
atitude sedutora, pois, estava aparentemente na fase maníaca da doença. Com a observação
da oficina foi possível aliar a teoria à prática. Um episódio maníaco é definido por um período
distinto de pelo menos uma semana durante o qual existe um humor, anormal e
persistentemente elevado e expansivo acompanhado por pelo menos três sintomas
adicionais: auto;estima elevada, sono prejudicado, pressão para falar e fuga de idéias.
(MONTEIRO, 2007). Cabe ressaltar que embora o paciente manifestasse tais sintomas do
TAB, procurou;se manter o foco na saúde desse sujeito, com vistas à reabilitação
psicossocial. Ainda, em consonância aos princípios da Reforma Psiquiátrica que preconiza: a
inclusão social, a promoção da cidadania e autonomia da pessoa em sofrimento psíquico;
buscou;se junto com esse paciente o seu reconhecimento enquanto sujeito, pois, a doença
deve ser posta entre parênteses para que possamos nos ocupar do sujeito em sua
experiência. BASAGLIA (1981 apud TORRE, AMARANTE, 2001). Assim, a partir da
observação da oficina foi possível conciliar teoria à prática.
RESULTADOS
Com essa vivência pode;se perceber o valor da oficina terapêutica, pois durante seu
desenrolar os pacientes tiveram a oportunidade de manifestarem e exporem os seus
sentimentos, e após sua realização percebeu;se que os pacientes ficaram menos ansiosos.
Compreende;se a oficina como uma forma de atividade socioterápica e crítico;reflexiva que é
válida devendo ser mantida e adotada nas unidades de internação psiquiátricas de outros
hospitais. O TAB é um transtorno crônico caracterizado por episódios agudos, recorrentes e
alteração patológica de humor. O impacto da experiência da doença sobre a personalidade do
indivíduo acometido é muito grande, levando a modificações e perdas no modo de vida,
mesmo quando os sintomas de humor propriamente ditos não sejam mais aparentes (CALIL,
2004). Com isso a oficina também se mostra importante quando envolve assuntos como:
cuidados após a alta hospitalar, relações familiares, bem como o uso correto da medicação.
CONCLUSÃO
Faz;se necessário que o paciente compreenda e reconheça os sintomas do TAB, bem como
os efeitos da medicação sobre seu corpo. Cabe a equipe multiprofissional subsidiar ampla
informação ao paciente a respeito das características e necessidades de sua doença e
possibilidades de tratamento com vistas a uma maior adesão e autonomia dos sujeitos. Assim
a oficina permite, a partir de uma reflexão crítica sobre si e do conhecimento sobre a doença,
trabalhar na perspectiva de saúde e autoconhecimento, na busca por uma efetiva reinserção
psicossocial bem como, permite que o paciente teça laços de confiança com a equipe, assim
como, conheça melhor a sua patologia inserindo;se no tratamento. Com isto, acredita;se que
se possa estar contribuindo para a promoção à saúde evitando futuras internações em âmbito
hospitalar. Esses procedimentos auxiliam como facilitador junto ao paciente buscando a sua
participação como ator no controle de sua doença, como também possibilitam o manejo das
próprias dificuldades que afeta sua vida de modo diverso e complexo (CALIL, 2004).
REFERÊNCIAS:
MAROT, Rodrigo. Bipolar. Disponível em: <http://www.psicosite.com.br/tra/hum/bipolar.htm>.
Acesso em: 22 set. 2010.
MONTEIRO, Kátia Cristiane Cavalcante. Depressão: uma ‘psicopatolologia’ classificada nos manuais de
BASAGLIA, Franco. A instituição negada: relato de um hospital psiquiátrico. Disponível em:
<http://www.scielosp.org/scieloOrg/php/reflinks.php?refpid=S1413;8123200100010000600004
&pid=S1413;81232001000100006&lng=en>. . Acesso em: 22 set. 2010.
TORRE, Eduardo Henrique Guimarães; AMARANTE, Paulo. Protagonismo e subjetividade: a
construção
coletiva
no
campo
da
saúde
mental..
Disponível
em:
<http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413;81232001000100006&lng=
en&nrm=iso>. Acesso em: 23 set. 2010..
Intervenções psicossociais no transtorno bipolar. CALIL, Helena Maria. Disponível em:
<http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol31/n2/91.html>. Acesso em: 22 set. 2010..
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