Singularidades Quânticas em Espaços-tempo com Defeitos Topológicos Esféricos e Cilíndricos João Paulo Pitelli Manoel, Patricio S. Letelier, Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica, IMECC, UNICAMP, 13083-859, Campinas, SP E-mail: [email protected], [email protected] Resumo Espaços-tempo que são soluções exatas das equações de Einstein com tensor de curvatura de Riemman-Christoffel nulo em todo espaço, exceto numa hipersuperfície (cascas esférica e cilíndrica) [9, 10], são estudados utilizando-se partículas quânticas obedecendo a equação de Klein-Gordon. Através do estudo da dinâmica quântica dessas partículas, poderemos dizer se esses espaços classicamente singulares permanecem singulares quando vistos pela mecânica quântica. 1 Introdução Defeitos topológicos aparecem naturalmente nas teorias do universo primitivo, baseadas na quebra espontânea de simetria de algum grupo unificador. Como exemplos temos as cordas cósmicas, que surgem da quebra de simetria do grupo U (1) e as paredes cósmicas, que estão associadas à quebra de uma simetria discreta. Estes defeitos são caracterizados por um tensor de curvatura Rµνση nulo em todo espaço, exceto nos defeitos, onde são proporcionais a uma função delta de Dirac δ. Estes espaços são classicamente singulares e um modelo proposto por Wald [15], Horowitz e Marolf [3] define uma analogia para o caso quântico, onde são usadas partículas testes obedecendo a equação de Klein-Godon, a fim de decidir se esses espaços permanecem quanticamente singulares. Espaços com singularidades caracterizadas por um ponto (por exemplo, buraco negro de Schwarzchild, que possui uma singularidade forte na origem) ou uma linha (cordas cósmicas, com um defeito em z = 0) foram estudados tanto do ponto de vista clás- sico, como quântico [1–8,11,15]. Até agora, nenhum tratamento quântico para defeitos de dimensões maiores foi feito. No presente trabalho, estudamos a evolução de partículas quânticas em espaços onde os defeitos estão numa hipersuperfície, especificamente numa casca esférica (bolha) ou cilíndrica. Espaços-tempo com defeitos topológicos numa hipersuperfície φ = 0, podem ser construídos dividindo-se o espaço em duas regiões Ω+ e Ω− , onde φ > 0 e φ < 0, respectivamente. Exige-se então a continuidade da métrica na região φ = 0 e uma discontinuidade em sua primeira derivada. Impõe-se também que Rµνση = 0 nas regiões Ω+ e Ω− , a fim de obtermos espaços-tempo semelhantes ao de Minkowski, exceto pelo defeito. A dependência de Rµνση com a segunda derivada de gµν faz então aparecer uma função delta δ com suporte no defeito. Os casos de superfícies esférica e cilíndrica são obtidos a partir da função φ = (r−r0 ), onde r é a coordenada radial nos dois casos. No caso esférico, a métrica obtida é dada por [10] ds2 = −dt2 + dr 2 + (r − b)2 dΩ2 , 2 2 2 2 r > r0 2 ds = −dt + dr + (r − a) dΩ , r < r0 , (1) 2 2 onde dΩ é a medida usual em S , b = r0 + 4/ρ0 e a = r0 − 4/ρ, ρ0 uma constante positiva. Fisicamente, esta métrica representa uma bolha estática com centro na origem, raio r0 = (a + b)/2 e densidade ρ = ρ0 δ(r − r0 ). Analogamente, para o caso cilíndrico, temos ds2 = −dt2 + dr 2 + (r − b)2 dϕ2 + dz 2 , ds2 = −dt2 + dr 2 + (r − a)2 dϕ2 + dz 2 , r > r0 r < r0 (2) agora com b = r0 + 2/ρ0 e a = r0 − 2/ρ0 . A métrica neste caso, representa uma casca cilín- drica estática, centrada no eixo z, com raio r0 = (a + b)/2 e densidade ρ = ρ0 δ(r − r0 ). Note que nos dois casos, as métricas dentro e fora das cascas podem ser obtidas a partir de uma transformação de coordenadas do tipo r −→ r − const., logo os espaços interno e externo às cascas são isométricos ao espaço de Minkowski. Dando uma flexibilidade maior ao problema, deixando a coordenada radial variar entre −∞ e +∞, temos dois espaços de Minkowski, separados por um defeito. Temos assim um exemplo de buraco de minhoca. Os pontos r = a e r = b apresentam uma singularidade da métrica polar, sem nenhum significado físico mais profundo, a verdadeira singularidade do espaço está no ponto r = r0 , o ponto médio entre a e b. A figura 1 mostra algumas geodésicas do lado externo à bolha [10], no plano θ = π/2. O círculo contínuo corresponde à superfície r = r0 , enquanto o círculo tracejado, corresponde à superfície r = b. Por esta figura, vemos claramente que os pontos r = b são pontos completamente regulares. 2 Singularidades Quânticas Em relatividade geral, uma singularidade num espaço-tempo é indicada por geodésicas incompletas. Nos pontos onde elas se encerram, uma informãção extra deve ser imposta, já que perdemos a capacidade de prever o futuro da partícula devido ao fim abrupto da geodésica. Em mecânica quântica, essa informação extra equivale a necessidade de impor uma condição de contorno nos pontos classicamente singulares, a fim de tornar auto-adjunta a porção espacial do operador de onda. Quando isso não é necessário, a evolução do pacote de ondas é unicamente determinada pela função de onda em t = 0. Dizemos que o espaço não é quanticamente singular. O que ocorre nesses casos é que a imposição de que a solução da equação de Klein-Gordon seja quadrado integrável, funciona como uma condição de contorno e o pacote inicial é então suficiente para determinar a evolução da partícula. Um exemplo de uma teoria classicamente singular, que se torna não singular quando visto pela mecânica quântica é o átomo de hidrogênio não relativístico. A simples imposição de que as soluções da equação de Schrödinger desse sistema sejam quadrado integráveis, é suficiente para nos dar um conjunto completo de autofunções. Dado um pacote de onda inicial, sua evolução é unicamente determinada. Um outro exemplo simples, agora de uma teoria singular que se mantém singular quando testada pela mecânica quântica, é de uma partícula não relativística presa numa caixa unidimensional (0, 1). Uma condição de contorno deve ser dada nas bordas da caixa (geralmente escolhemos ψ(0) = ψ(1) = 0) a fim de obtermos a evolução do pacote de ondas da partícula. Formalizemos agora matematicamente os conceitos apresentados nos parágrafos anteriores. Seguindo o modelo apresentado por Wald [15] e seguido por Horowitz e Marolf [3], seja (M, gµν ) um espaço-tempo estático com vetor de Killing do tipo tempo ξ µ . Seja t o parâmetro de Killing e Σ uma fatia estática (não contendo as singularidades), ortogonal ao vetor de Killing Figura 1: Trajetória de partículas de mesma ener- para todo t. A equação de Klein-Gordon nesse gia, porém momentos angulares distintos, sujeitas espaço é ao campo gravitacional gerado por um defeito esΨ = M 2 Ψ, (3) férico. onde = ∇µ ∇µ pode ser separado numa parte temporal e numa parte espacial da forma definição com o caso clássico. Agora, se existir uma única extensão auto-adjunta1 , o ope2 ∂ Ψ rador A é dito essencialmente auto-adjunto e = −AΨ = V D i (V Di Ψ) − M 2 V 2 Ψ, (4) 2 a evolução quântica da partícula é unicamente ∂t determinada pelo pacote inicial. O espaço é encom V = −ξ µ ξµ e Di a derivada espacial co- tão não singular quando visto pela mecânica variante na fatia Σ. quântica. Obter o domínio D(A) de ação do operador O critério para determinar se um operador é algo mais difícil e a princípio não temos nené essencialmente auto-adjunto basea-se no teohuma informação a respeito disso. Tomemos rema devido a von Neumann [14], que diz que as então um domínio mínimo, em que o operaextensões auto-adjuntas de um operador A esdor esteja bem definido e que evite as singutão em correspondência um a um com as isomelaridades do espaço. Um conjunto apropriado trias de Ker(A∗ − i) em Ker(A∗ + i), onde Ker para isso é C0∞ (Σ), o conjunto das funções denota o núcleo e A∗ o operador adjunto de suáveis com suporte em Σ. No espaço de Hilbert Hilbert de A. O domínio do operador A é tão L2 (Σ, V −1 dµ), onde dµ é o elemento de volume pequeno, isto é, as restrições feitas às funções em Σ, não é difícil mostrar (integrando por pertencentes a D(A) = C0∞ (Σ) são tão fortes, partes) que o operador (A, C0∞ (Σ)),com A dado que o domínio do operador adjunto de Hilbert na equação (4), é simérico e positivo. Dessa fica extremamente grande e nenhuma condição forma, extensões auto-adjuntas sempre existem sobre ψ ∈ D(A∗ ) é necessária, exceto que A∗ ψ [13] (ao menos a extensão de Friedrichs). se mantenha em L2 , ou seja, Seja AE uma extensão de A, obtida relaxando-se as condições de contorno, de tal forma que o domínio do operador AE coincida D(A∗ ) = {ψ ∈ L2 : A∗ ψ ∈ L2 }. (8) com o domínio do operador adjunto de Hilbert A∗E . Pela auto-adjunção de AE , a evolução do Devemos então resolver as equações campo Ψ é unicamente determinada pelo pacote inicial e dada por 1/2 1/2 1/2 Ψ(t) = cos(AE t)Ψ(0) + AE sin(AE t)Ψ̇(0), (5) onde as funções do operador AE dadas na equação anterior são garantidas pelo teorema espectral [13]. Para o caso não relativístico, a situação é muito semelhante. A equação de Schrödinger pode ser escrita como A∗ ψ ∓ iψ = 0 (9) e analisar quais soluções pertencem à L2 . Denotamos n± = dim Ker(A∗ ∓ i) e chamamos de índices deficientes [12]. Se nenhuma solução pertencer à L2 , então n+ = n− = 0, não existem isometrias de Ker(A∗ − i) para Ker(A∗ + i) e o operador A é essencialmente auto-adjunto. Se n+ = n− = 1, ∂Ψ 2 i = −∇ Ψ, (6) existe uma família de 1-parâmetro de isometrias ∂t e portanto de extensões auto-adjuntas. O caso n+ = n− = 2 é análogo. onde ∇2 é o operador de Laplace-Beltrami em (Σ, hij ), hij é a métrica induzida por gµν em Σ. 1 Nesse caso o fecho [12, 13] A do operador A, onde Se −∇2E é uma extensão auto-adjunta de −∇2 , denotamos por fecho de A sua menor extensão fechada. então a evolução da partícula é dada por −i∇2E t Ψ(t) = e Ψ(0). (7) Um operador A é dito fechado se, para qualquer sequência {un } com as propriedades (i) un ∈ D(A), ∀ n., Se várias extensões auto-adjuntas de A exis- (ii) lim u existe, n n→∞ tirem, devemos escolher uma a fim de obter a evolução temporal da partícula. Uma infor- (iii) lim Aun existe, n→∞ mação extra é necessária, o espaço é dito quanlim un ∈ D(A) e A( lim un ) = lim (Aun ). ticamente singular e fica claro a analogia dessa então n→∞ n→∞ n→∞ 3 Mecânica Quântica ao redor de bolhas e cascas cilíndricas 3.1 Bolha Como dito anteriormente, a métrica deste espaço é dada por ds2 = −dt2 + dr 2 + (r − b)2 dΩ2 , 2 2 2 2 r > r0 2 ds = −dt + dr + (r − a) dΩ , r < r0 . A equação de Klein-Gordon é dada pela equação da onda num espaço plano, com uma transformação isométrica r → r − constante, ∇µ ∇µ Ψ = − ∂2Ψ + ∇2 Ψ = M 2 Ψ. ∂t2 (10) No nosso caso ∂2Ψ 2 ∂Ψ L2 ∂2Ψ = + − − M 2Ψ ∂t2 ∂r 2 r − b ∂r (r − b)2 ∂2Ψ ∂2Ψ 2 ∂Ψ L2 = + − − M 2 Ψ, ∂t2 ∂r 2 r − a ∂r (r − a)2 (11) onde L2 é o operador de momento angular ao quadrado. Como dito anteriormente, devemos analisar as soluções das equações A∗ ψ ∓ iψ = 0, onde A é a porção espacial do operador de onda (lado direito na equação (11)). A partir de uma separação de variáveis da forma ψ = R(r)Ylm (θ, ϕ), onde Ylm (θ, ϕ) são os harmônicos esféricos, temos Temos que analisar a porção espacial dos operadores de onda em cada lado da bolha. Vejamos o lado externo à ela. Para r → ∞, podemos desprezar o último termo na equação (12) e temos como solução R(r) = 1 [C1 eα(r−b) + C2 e−α(r−b) ], (14) (r − b) onde 1 p α = √ ( 1 + M 4 + M 2 )1/2 2 p 2 1/2 4 ∓ i( 1 + M − M ) . (15) Obviamente a solução (15) é quadrado integrável perto de +∞ apenas se C1 = 0. Para r perto de r0 , não é necessário resolver a equação (12). Este é um ponto não singular da equação, logo suas duas soluções são contínuas em r0 e portanto quadrado integráveis perto desse ponto. Conseguimos então ajustar as constantes da solução geral perto de r0 a fim de corresponder à forma assintótica R(r) ∼ (1/r)e−α(r−b) . Encontramos então uma solução, para cada equação em (9), pertencente à L2 (Σ1 , (r − b)2 sin θdrdθdϕ). Assim, n± =1 e portanto existe uma família de 1-parâmetro de extensões auto-adjuntas de A. Para o espaço interior à esfera, o procedimento é análogo, com a coordenada r variando de −∞ até r0 . Conclui-se novamente que existe uma família de 1-parâmetro de extensões autoadjuntas de A em L2 (Σ2 ). Dessa forma, o espaço-tempo dado por (1) se mantém quanticamente singular. A evolução de um pacote de ondas não é determinado unicamente pelo estado inicial e condições de contorno necessitam ser impostas (independentemente) nos dois lados da esfera. 2 ′′ R′ (r)+ (r) + Rl,m (r − b) l,m l(l + 1) 2 + (±i − M ) − Rl,m (r) = 0 (r − b)2 (12) 2 ′ ′′ Rl,m (r)+ Rl,m (r) + (r − a) 3.2 Cascas Cilíndricas l(l + 1) + (±i − M 2 ) − R (r) = 0. l,m (r − a)2 A métrica nesse espaço é Como os espaços-tempo dos dois lados da ds2 = −dt2 + dr 2 + (r − b)2 dϕ2 + dz 2 , r > r0 bolha se comportam de maneira completamente 2 2 2 2 2 2 independente, o espaço de Hilbert apropriado ds = −dt + dr + (r − a) dϕ + dz , r < r0 . para o sistema é um produto tensorial dos esO espaço de Hilbert apropriado é paços de Hilbert de cada lado da bolha, isto H =L2 (Σ1 , |r − b|drdϕdz)⊗ é, se chamarmos Σ1 a fatia espacial externa à (16) bolha e Σ2 a fatia interna, temos L2 (Σ2 , |r − a|drdϕdz). H =L2 (Σ1 , (r − b)2 sin θdrdθdϕ)⊗ 2 2 L (Σ2 , (r − a) sin θdrdθdϕ). (13) Como no caso da bolha, após uma separação de variáveis do tipo ψ = R(r)eimϕ eikz , temos para a parte radial, do lado externo à casca Klein-Gordon (3) é dada por cilíndrica, 1 ′′ R′ (r)+ (r) + Rm,k (r − b) m,k m2 2 2 + (±i − (k + M )) − Rm,k (r) = 0. (r − b)2 (17) Para r → ∞, a forma assintótica de R(r) é R(r) ∼ p 1 (r − b) (C1 eα(r−b) + C2 e−α(r−b) ) (18) onde 1 p α = √ ( 1 + (M 2 + k 2 )2 + M 2 + k 2 )1/2 2 (19) p ∓ i( 1 + (M 2 + k 2 )2 − M 2 − k 2 )1/2 . Novamente, R(r) só é quadrado integrável perto de +∞ se C1 = 0, logo R(r) ∼ p 1 (r − b) e−α(r−b) . (20) Para r próximo de r0 , as duas soluções de (17) são contínuas, como no caso da bolha, portanto quadrado integráveis. Conseguimos então encontrar uma solução pertencente à L2 , para cada equação de (9). Os índices deficientes são n± = 1 e portanto existem infinitas extensões auto-adjuntas de A também neste caso. Esse espaço permanece singular quando visto pela mecânica quântica. d 2 d − (r − b) + l(l + 1)+ dr dr 2 2 + M (r − b) (bolha) 1 d d m2 Ar = + − (r − b) + (r − b) dr dr (r − b) + (k2 + M 2 )(r − b) (casca cilíndrica) 1 Ar = (r − b)2 (21) com domínio C0∞ (Σ1 ), num espaço de Hilbert L2 ((r0 , ∞), (r − b)2 dr) (bolha) L2 ((r0 , ∞), |r − b|dr) (casca cilíndrica). (22) Ambos os operadores são do tipo d d 1 p(r) + q(r) Ar = − w(r) dr dr num espaço de Hilbert L2 (Σ, w(r)dr). Como r = r0 não é um ponto singular de (23), as extensões auto-adjuntas são encontradas extendendo o domínio de A para funções que satisfazem [12] f (r0 ) cos α + p(r0 )f ′ (r0 ) sin α = 0 4 Condições de Contorno em r = r0 (23) com α ∈ R. (24) Como a equação de Klein-Gordon, nos espaços Então, as condições de contorno no nosso estudados no capítulo anterior, apresenta ape- caso são: nas um ponto singular, r = +∞ para o lado externo à casca e r = −∞ para o lado in- Lado Externo terno (lembrando novamente que os pontos a e b são singularidades apenas da métrica polar), • Bolha a condição de contorno em r = r0 nessária para tornar a porção espacial auto-adjunta é muito simples. ′ (r0 ) sin α = 0 Vejamos novamente o lado exterior às cascas, Rl,m (r0 ) cos α + (r0 − b)2 Rl,m (25) para o caso interior o tratamento é idêntico. A parte radial da porção espacial da equação de permitidas {ωn }n∈N . Temos assim um conjunto completo de auto-funções {Fl,m,n }, de tal forma que a solução geral da equação de Klein-Gordon ′ Rl,m (r0 ) cos α+(r0 −b)Rl,m (r0 ) sin α = 0 (26) pode ser escrita como uma superposição de todos os modos permitidos α ∈ R. • Casca Cilíndrica Ψ(~r, t) = Lado Interno ∞ X ∞ X l X Cl,m Fl,m,n (r)Ylm (θ, ϕ)e−iωn t , n=1 l=0 m=−l (32) • Bolha nos restando apenas uma constante a determinar. Dessa forma, o pacote inicial é sufi′ Rm,k (r0 ) cos β + (r0 − a)2 Rm,k (r0 ) sin β = 0, ciente para determinar a dinâmica da partícula. (27) Note que a escolha de umas das possíveis • Casca Cilíndrica condições de contorno dadas na equação (25), tornou nosso operador auto-adjunto e com isso ′ a evolução do sistema fica completamente deRm,k (r0 ) cos β + (r0 − a)Rm,k (r0 ) sin β = 0, (28) terminada pelo pacote inicial. β ∈ R. 6 5 Um Breve Exemplo Tomemos uma partícula não massiva do lado externo à bolha dada por (1). A equação de Klein-Gordon nesse espaço pode ser resolvida exatamente através da separação de variáveis Ψ = R(r)Ylm (θ, ϕ)e−iωt . A parte radial da equação é dada por 2 l(l + 1) ′ 2 R + R + ω − R = 0 (29) (r − b) (r − b)2 ′′ e tem como solução Rl,m (r) = Al,m jl (ω(r − b)) + Bl,m ηl (ω(r − b)), (30) onde jl e ηl são as funções esféricas de Bessel e Neumann, respectivamente. Como nenhuma dessas funções são quadrado integráveis perto de +∞, existe uma única combinação linear dessas funções que é quadrado integrável em +∞ [12], a menos de uma constante. Isso nos elimina uma das constantes em (30) e nos dá um conjunto de soluções quadrado integráveis em +∞, {Fl,m }. Dessa forma Rl,m = Cl,m Fl,m (ω(r − b)). (31) Escolhemos um parâmetro α qualquer, que corresponde a condição de contorno ′ (r ) sin α = 0. Essa Rl,m (r0 ) cos α+(r0 −b)2 Rl,m 0 condição obriga uma quantização das energias Conclusões Dois exemplos de espaços-tempo com defeitos numa hipersuperfície foram testados quanticamente e concluiu-se que se mantém singular quando testados por partículas quânticas. Esses espaços tiveram que ser separados em duas partes que não se comunicam e por isso a decomposição do espaço de Hilbert em um produto tensorial de dois espaços independentes foi necessária. Devido a superfície onde se encontra o defeito (r − r0 = 0) não constituir uma região singular da equação de Klein-Gordon, as soluções perto desses defeitos são contínuas e com isso as condições de contorno a fim de tornar o operador A em (4) auto-adjunto são extremamente simples. Dois parâmetros reais são necessários e, como os dois lados da casca são independentes, eles não se relacionam. A generaliazação deste estudo, utilizando campos de Maxwell e Dirac, pode ser feita sem nenhuma alteração nos métodos adotados. Isto será feito em trabalhos posteriores. Referências [1] Helliwell, T.M., Konkowski, D.A. and Arndt, V. (2003). Gen. Relativ. Gravit., 35, 79. [2] Heliwell, T.M. and Konkowski, D.A. (1987). Am. J. Phys. 55, 401. [3] Horowitz, G.T. and Marolf, D. (1995). Phys. Rev. 52, 5670. [4] Inshibashi, A. and Hosoya, A. (1999). Physical Review D, 60, 104028. [5] Kay, B.S. and Studer, U.M. (1991). Comm. Math. Phys.,138, 103. [6] Konkowski, D.A. and Helliwell, T.M. (2001). Gen. Relativ. Gravit., 33, 1131. [7] Konkowski, D.A., Helliwell, T.M. and Wieland, C.(2004). Class. Quantum Gravit., 21, 265. [8] Letelier, P.S. (1987). Cass. Quantum Grav., 4, 75. [9] Letelier, P.S. and Wang, A. (1995). J. of Math. Phys., 36, 3023. [10] Letelier, P.S. and Wang, A. (1995). J. Math. Phys. 36, 3043. [11] Tod, K.P. (1994). Class. Quantum Grav. 11, 1331. [12] Richtmyer, R.D. (1978). Principles of Advanced Mathematical Physics, (Springer, New York). [13] Reed, M. and Simon, B. (1980). 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