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Atenção Farmacêutica em pacientes idosos
Julho/2016
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Atenção Farmacêutica em pacientes idosos
Juanir Badaró Campos Júnior – [email protected]
Atenção Farmacêutica e Farmacoterapia Clínica
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Belo Horizonte, MG, 05 de agosto de 2015
Resumo
O objetivo da Atenção Farmacêutica não é intervir no diagnóstico ou na prescrição de
medicamentos, mas sim garantir um tratamento farmacológico seguro, eficaz e custo efetivo.
Envelhecer é um processo que ocorre naturalmente, implicando em algumas mudanças
relacionadas à idade que ocorrem de forma inevitável. É um fenômeno progressivo que
ocorre no ser humano, levando a um desgaste orgânico, além de provocar alterações nos
aspectos culturais, sociais e emocionais do indivíduo. O número de idosos tende a aumentar
drasticamente a nível mundial, uma vez que as melhorias nas condições de vida e os avanços
na medicina, inclusive no nível dos tratamentos farmacológicos, tem contribuído para tal. A
população idosa é a que mais é acometida pelas doenças e agravos crônicos não
transmissíveis, sendo estados permanentes ou de longa permanência, requerendo
acompanhamento constante, uma vez não possuem cura. Quanto mais avançada a idade,
mais expressivamente as doenças e agravos tendem a se manifestar, e estão freqüentemente
associadas (comorbidades). A assistência ao idoso deve levar em consideração
primeiramente a qualidade de vida, considerando as perdas advindas do processo natural do
envelhecimento e as possibilidades de prevenção, manutenção e reabilitação do seu estado de
saúde. Conclui-se, portanto que, o farmacêutico, na realização da atenção farmacêutica,
deve atender à necessidade de saúde do idoso, com sensibilidade para compreendê-lo em seu
contexto sociocultural e orientá-lo de sua condição limitante, bem como suas
potencialidades.
Palavras-chave: Saúde. Idoso. Seguimento. Farmacoterapia.
1. Atenção Farmacêutica
Atenção Farmacêutica, é uma prática recente da atividade farmacêutica, onde é priorizado a
orientação e o acompanhamento farmacoterapêutico, ocorrendo a relação direta entre o
farmacêutico e o usuário de medicamentos. Esta atividade já é realidade na maioria dos países
desenvolvidos e tem demonstrado ser eficaz na redução de agravamentos dos portadores de
patologias crônicas e de custos para o sistema de saúde (PEREIRA; FREITAS, 2008).
A Assistência Farmacêutica é uma prática que não se restringe à produção e distribuição de
medicamentos, mas aborda todas as práticas relativas à promoção, prevenção e recuperação
da saúde, individual e coletiva, porém centradas no medicamento. Tais práticas envolvem as
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atividades de pesquisa, produção, distribuição, armazenamento, prescrição e dispensação dos
insumos medicamentosos. O farmacêutico é o profissional importante nessa assistência, uma
vez que sua formação técnico-científica é fundamentada na articulação de conhecimentos das
áreas biológicas e exatas. Como profissional de medicamentos, esse profissional traz também
para essa área de atuação conhecimentos de análises clínicas e toxicológicas e de
processamento e controle de qualidade de alimentos (ARAÚJO; UETA; FREITAS, 2005).
De acordo com Correr; Otuki (2011), para que a Assistência Farmacêutica seja de qualidade,
além de recursos disponíveis e planejamento adequado, devem-se seguir corretamente as
etapas do ciclo, tais como: seleção dos medicamentos, programação, aquisição,
armazenamento, distribuição, prescrição, dispensação e utilização dos medicamentos. Dessa
forma, pode-se evidenciar que a Atenção Farmacêutica está presente na etapa final da
Assistência Farmacêutica, ou seja, no momento da dispensação e utilização dos
medicamentos.
A Atenção Farmacêutica está inserida na assistência farmacêutica e é a provisão responsável
da terapia farmacológica que tem como finalidade obter resultados definidos na saúde que
melhorem a qualidade de vida do paciente através da minimização dos problemas de saúde
relacionados à terapia medicamentosa, do aumento da adesão ao tratamento e da otimização e
racionalização dos investimentos e recursos disponíveis (CARMO, 2007).
O objetivo da Atenção Farmacêutica não é intervir no diagnóstico ou na prescrição de
medicamentos, mas sim garantir um tratamento farmacológico seguro, eficaz e custo efetivo.
Esta prática envolve vários componentes como a educação em saúde, orientação
farmacêutica, dispensação e atendimento farmacêutico, mensuração e avaliação dos
resultados, detecção de problemas relacionados com os medicamentos e erros de medicação
(NOVAES, 2007).
No Brasil, esta atividade farmacêutica ainda é dificultada por alguns fatores em sua
implantação, sendo eles a dificuldade de acesso ao medicamento por parte dos usuários do
Sistema Único de Saúde (SUS), Unidades Básicas de Saúde sem farmacêutico e a ausência de
documentação científica que possibilite demonstrar aos gestores do sistema público e privado
que a implementação da Atenção Farmacêutica representa investimento e não custo. Nos dias
atuais o exercício profissional do farmacêutico busca a concepção clínica de sua atividade,
além da integração e colaboração com os membros da equipe de saúde, cuidando diretamente
do paciente (PEREIRA; FREITAS, 2008).
Entende-se que o farmacêutico deve ser incorporado nas ações de saúde, contribuindo para a
redução de custos, pois é um profissional de nível superior com sólida formação na área do
medicamento e, muitas vezes, o único com quem o paciente tem contato fora do serviço de
saúde, o que justifica a implementação da Atenção Farmacêutica (PEREIRA; FREITAS,
2008).
No decorrer dos anos a Atenção Farmacêutica vem sendo discutida, analisada e encaminhada
junto às instituições de saúde e de educação como uma das diretrizes principais para
redefinição da atividade farmacêutica em nosso país, embora nas condições específicas da
realidade brasileira, ainda restem algumas questões a serem enfrentadas na transposição desse
referencial (CHAUD, GREMIÃO, FREITAS, 2004).
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A fim de se padronizar o serviço do farmacêutico, faz-se necessário a criação de protocolos
que documente todo serviço e orientação prestados ao paciente. Dessa forma cria-se a
Declaração de Serviço Farmacêutico (DSF). Este documento respalda o paciente, mas
principalmente o profissional farmacêutico, no qual deve ser arquivada nas dependências do
seu ambiente de trabalho, disponível para auxiliar nos futuros tratamentos e para eventual
auditoria de órgãos fiscalizadores.
A Declaração de Serviço Farmacêutico segundo a RDC 44/09, é um documento que deve ser
elaborado mediante a prestação de serviços farmacêuticos, a fim de se protocolar de forma
sistematizada o atendimento.
Deve ser elaborada em papel com identificação do estabelecimento, contendo nome,
endereço, telefone e CNPJ, assim como a identificação do usuário ou de seu responsável
legal, quando for o caso.
A Declaração de Serviço farmacêutico deve ser emitida em 2 vias, sendo uma entregue ao
paciente e a outra arquivada no estabelecimento.
Os dados constantes no formulário são sigilosos, sendo somente utilizados para realização dos
serviços.
A figura 1 representa um modelo de DSF.
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Figura 1 - Modelo de Declaração de Serviços Farmacêuticos
Fonte: Conselho Regional de Farmácia (PR)
2. Senescência e Senilidade
Envelhecer é um processo que ocorre naturalmente, implicando em algumas mudanças
relacionadas à idade que ocorrem de forma inevitável. É um fenômeno progressivo que ocorre
no ser humano, levando a um desgaste orgânico, além de provocar alterações nos aspectos
culturais, sociais e emocionais do indivíduo (CIOSAK et al ., 2006).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera:
O envelhecimento é um processo sequencial, individual, cumulativo, irreversível,
universal, não patológico de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos
os membros de uma espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer
frente ao estresse do meio ambiente e, portanto, aumente sua possibilidade de morte.
Ainda para a OMS, o limite de idade entre o indivíduo adulto e o idoso é 65 anos em nações
desenvolvidas e 60 anos nos países emergentes.
Dessa forma, pode-se definir senescência como um processo que ocorre de forma natural,
sendo alterações devido a diminuição progressiva das reservas funcionais, não provocando
qualquer problema. Senilidade é uma condição patológica do envelhecimento, sendo
alterações devido a complicações, ou seja, doenças, que requer assistência (Ministério da
Saúde, 2006).
O tempo transcorre homogêneo para todos os seres, mas seus efeitos são diferentes em cada
um devido à variabilidade e subjetividade individual. O envelhecimento começa quando o
indivíduo nasce, ocorrendo paulatinamente. Na segunda década de vida, considerando os
aspectos biofuncionais, ele é quase imperceptível. As primeiras alterações funcionais e
estruturais surgem no final da terceira década, e a partir da quarta, há uma perda de
aproximadamente 1% da função por ano, nos diferentes sistemas orgânicos. As perdas
funcionais que ocorrem com o envelhecimento são eventos normais, porém aumentam a
probabilidade de doenças ou acidentes (BRAZ; CIOSAK, 2006).
À capacidade de adaptação do indivíduo aos rigores e agressões do meio ambiente, e
variáveis como sexo, origem, lugar em que vive, tamanho da família, aptidões para a vida e as
experiências vivenciadas, exposições ao estresse físico e mental, vícios, sedentarismo, má
nutrição são fatores ligados ao envelhecimento e que podem determinar a qualidade de tal
(CIOSAK et al ., 2006).
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), pessoas com mais de 65
anos serão mais de um quarto dos brasileiros em 2060, conforme demonstrado na Tabela 1. O
percentual desse grupo representa 7,4% do total de pessoas que vivem no país em 2013.
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Tabela 1 - Projeção etária brasileira entre 2013 e 2060
Fonte: IBGE. Diretoria de Pesquisas. Coordenação de População e Indicadores Sociais. Projeção da População
por Sexo e Idade para o Brasil. Grandes Regiões e Unidades da Federação. 2013.
O número de idosos tende a aumentar drasticamente a nível mundial, uma vez que as
melhorias nas condições de vida e os avanços na medicina, inclusive no nível dos tratamentos
farmacológicos, tem contribuído para tal (ABRANTES, 2013).
O aumento da expectativa média de vida leva ao aparecimento de várias patologias
relacionadas ao aumento da idade, prevalecendo às doenças crônicas (SOUSA, 2011).
3. Problemas de saúde relacionados ao idoso
A população idosa é a que mais é acometida pelas doenças e agravos crônicos não
transmissíveis, sendo estados permanentes ou de longa permanência, requerendo
acompanhamento constante, uma vez não possuem cura. Quanto mais avançada à idade, mais
expressivamente essas doenças e agravos tendem a se manifestar, e estão frequentemente
associadas (comorbidades). Isto pode gerar um processo incapacitante, que afeta a
funcionalidade dos idosos, impedindo ou dificultando a realização de suas atividades
rotineiras de forma independente. Mesmo quando não são fatais, comprometem
significativamente a qualidade de vida dos idosos (Ministério da Saúde, 2006).
Estudos mostram que a dependência para a realização das atividades de vida diária (AVD)
tende a aumentar cerca de 5% entre os idosos de 60 anos para cerca de 50% entre os com 90
anos ou mais (NOVAIS, 2007).
O Gráfico 1 retrata a intensidade e as doenças que mais atingem os idosos, segundo o IBGE.
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Gráfico 1 - Doenças que mais atingem os idosos
Fonte: IBGE. 2008.
Segundo o gráfico, percebemos que a hipertensão atinge mais da metade das pessoas com
mais de 60 anos (correspondendo ao 1º lugar na classificação), e as cardiovasculares (4º
lugar) quase 20%. Pode-se observar que doenças osteoarticulares (2º e 3º lugar) e diabetes (5º
lugar) se destacam como as doenças mais freqüentes. Observa-se ainda que mais de 20% da
população de idosos vive sem doença.
Segundo a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2010), a hipertensão arterial
é definida como “pressão arterial sistólica maior ou igual a 140 mmHg e uma pressão
arterial diastólica maior ou igual a 90 mmHg, em pessoas que não estão usando medicações
para controle da pressão arterial.”
Ainda segundo a ANVISA, a hipertensão arterial, conhecida popularmente como pressão alta,
se apresenta na maior parte dos casos assintomática, ou seja, sem sintoma, sendo um fator de
risco para doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e renais. Mais da metade dos
hipertensos (75% deles) recorrem ao Sistema Único de Saúde (SUS) para serem atendidos na
rede de Atenção Básica. A hipertensão arterial é hoje uma das causas mais frequentes de
internação hospitalar.
Os ossos são estruturas do nosso corpo, concedendo-lhe comprimento e forma. Mas eles estão
suscetíveis a lesões e podem apresentar diversas patologias. As mais comuns são os traumas e
as doenças degenerativas como escoliose, lordose, cifose, ou a perda de minerais, conhecida
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como osteoporose. A partir da infância, a densidade óssea vai aumentando, passando pela
adolescência e atingindo seu máximo na idade adulta jovem. Essas mudanças ocorrem
durante o processo de remodelação no osso, como resultado do desequilíbrio entre as células
de reabsorção (osteoclastos) e as células formadoras (osteoblastos). Como parte do processo
natural de envelhecimento, a partir dos 30 anos os ossos e articulações começam a se
deteriorar. As doenças osteoarticulares constituem um grupo de patologias que afetam de
forma grave as pessoas, as famílias e as sociedades. Sendo assim, doenças como dores nas
costas ou coluna, artrites e reumatismos se tornam comum em idosos (LOBÃO, 2011).
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes 2013 - 2014.
Diabetes mellitus (DM) não é uma única doença, mas um grupo heterogêneo de
distúrbios metabólicos que apresenta em comum a hiperglicemia, a qual é o
resultado de defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina ou em ambas. A
classificação atual do DM baseia-se na etiologia, e não no tipo de tratamento,
portanto os termos DM insulinodependente e DM insulinoindependente devem ser
eliminados dessa categoria classificatória. A classificação proposta pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Associação Americana de Diabetes
(ADA) inclui quatro classes clínicas: DM tipo 1 (DM1), DM tipo 2 (DM2), outros
tipos específicos de DM e DM gestacional. Ainda há duas categorias, referidas como
pré-diabetes, que são a glicemia de jejum alterada e a tolerância à glicose diminuída.
Essas categorias não são entidades clínicas, mas fatores de risco para o
desenvolvimento de DM e doenças cardiovasculares (DCVs).
Depressão, asma ou bronquite, insuficiência renal e câncer são doenças que atingem menos de
10% da população de idosos, mas que ainda sim se apresentam freqüentes, e trazem prejuízos
à qualidade de vida deles.
4. Atenção Farmacêutica ao idoso
Considerar que todas as alterações que ocorrem com o idoso sejam decorrente de seu
envelhecimento natural, impedindo a detecção precoce e o tratamento das doenças, e tratar o
envelhecimento natural como doença a partir da realização de exames e tratamentos
desnecessários, originários de sinais e sintomas que podem ser facilmente explicados pela
senescência, são dois grandes erros muitas vezes cometidos por profissionais de saúde, e que
devem continuamente ser evitados (Ministério da Saúde, 2006).
Atualmente, para manter um estado de boa saúde, os idosos se submetem a tratamentos que
incluem diversos medicamentos, pertencentes a várias classes farmacológicas, favorecendo o
surgimento de interações medicamentosas (IM) e várias reações adversas, que podem muitas
vezes, afetar de maneira grave a saúde do idoso. Com isso, a terapia medicamentosa do idoso
pode ser desfavorecida devido a prescrição de vários medicamentos, fazendo com que ele não
adere a terapêutica. A idéia da Atenção Farmacêutica surge justamente daí, propondo métodos
de seguimento farmacêutico, com o objetivo de garantir uma terapia medicamentosa segura,
racional e custo efetiva, através da orientação farmacêutica durante o atendimento, da correta
dispensa de medicamentos, além da promoção e educação para a saúde (ABRANTES, 2013).
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A assistência ao idoso deve levar em consideração primeiramente a qualidade de vida,
considerando as perdas advindas do processo natural do envelhecimento e as possibilidades
de prevenção, manutenção e reabilitação do seu estado de saúde. O farmacêutico, na
realização da atenção farmacêutica, deve atender à necessidade de saúde do idoso, com
sensibilidade para compreendê-lo em seu contexto sociocultural e orientá-lo de sua condição
limitante, bem como suas potencialidades (CIOSAK et al ., 2006).
Segundo Correr; Otuki (2011), entre as metodologias de atenção farmacêutica mais citadas no
Brasil estão o Método Dáder, o Pharmacotherapy WorkUp e o Therapeutic Outcomes
Monitoring (TOM). Todos esses visam fornecer ao farmacêutico algumas ferramentas e um
pacote de abordagens e procedimentos para a realização do atendimento clínico. De modo
geral, todos os métodos de atenção farmacêutica disponíveis advêm de adaptações do método
clinico clássico de atenção à saúde e do sistema de registro SOAP (Subjective, Objective,
Assessment, Plan) proposto por Weed na década de setenta.
De maneira a incentivar uma maior adesão à terapêutica pelo idoso é necessário que o
farmacêutico, conhecendo a multiplicidade de aspectos envolvidos no processo de adesão,
implemente estratégias adequadas a este grupo, agregando mudanças de comportamentos
condizentes com melhores condições de tratamento, de forma a contemplar as singularidades
de cada situação, respeitando as suas crenças e valores (NOVAIS, 2007).
Condição
Duração do
problema
Aguda
Limitada
(dias,
semanas)
Longo (> 3
meses, anos)
e não autolimitada
Crônica
Foco /
Objetivos
Terapêuticos
Cura e alívio
de sintomas
Prioridade no
plano de cuidado
Duração do
seguimento
Alta. Requer ação
imediata
Controle e
prevenção de
complicações
Variável. Depende
da presença de
agravo e controle da
condição
Curto prazo. Focado
na resolução do
problema e na alta.
Longo prazo. Focado
na estabilização e no
suporte ao autocuidado.
Tabela 2 - Características da atenção farmacêutica segundo a condição do paciente
Fonte: CORRER; OTUKI (2011)
Segundo Correr; Otuki (2011); na prática diária o farmacêutico atenderá seus pacientes um a
um, em consultas individualizadas.
Inicialmente, o objetivo será coletar e organizar dados do paciente. Para isso
utilizam-se técnicas de semiologia farmacêutica e entrevista clínica. É aberta uma
ficha para registro do atendimento, que será arquivada no prontuário do paciente. De
posse de todas as informações necessárias, o farmacêutico será capaz de revisar a
medicação em uma abordagem clínica e identificar problemas relacionados à
farmacoterapia presentes e potenciais do paciente. Será elaborado então um plano de
cuidado em conjunto com o paciente, que pode incluir intervenções farmacêuticas
e/ou encaminhamento a outros profissionais. Deverá ser entregue ao paciente ao
final da consulta a Declaração de Serviço Farmacêutico1, que registra e materializa
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o atendimento. Por fim, o farmacêutico deve agendar o retorno ou a freqüência de
seguimento, a fim de avaliar os resultados de suas condutas. Todo processo é
reiniciado no surgimento de novos problemas, queixas ou mudanças significativas
no tratamento. CORRER; OTUKI (2011).
Devem ser de conhecimento do farmacêutico todos os medicamentos em uso pelo paciente,
incluindo suas indicações, regime posológico tais como dose, via de administração,
freqüência e duração, e a resposta, isto é, a efetividade e segurança (SES-MG, 2010).
Depois da identificação dos problemas relacionados ao paciente devem ser documentados e
será estabelecidos níveis de prioridades, determinando quais problemas requerem ações mais
urgentes. A avaliação da farmacoterapia gera uma lista de problemas a serem resolvidos, com
uma determinada ordem de prioridade entre eles (CORRER; OTUKI, 2011).
O Quadro 1 apresenta uma categorização de problemas relacionados à farmacoterapia e suas
causas mais comuns.
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Quadro 1 - Categorização de problemas relacionados à farmacoterapia e suas causas mais comuns
Fonte: Correr; Otuki, 2011
É necessário considerar tanto os medicamentos prescritos quanto aqueles usados por
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automedicação, plantas medicinais, suplementos vitamínicos e vacinas, normalmente pouco
valorizados pelos pacientes como medicamentos. É importante fazer uma abordagem
valorizando o conhecimento do paciente, sua percepção dos problemas, sua cultura e condição
social e como os medicamentos se encaixam em sua rotina de vida, seus horários e seus
hábitos (GOMES et al., 2007).
O método clínico de atenção farmacêutica segue as etapas detalhadas na Figura 2.
Figura 2 - Processo geral de Atenção Farmacêutica do paciente
Na prática diária o farmacêutico atenderá seus pacientes um a um, em consultas
individualizadas. Inicialmente, o objetivo é coletar e organizar dados do paciente. Para isso
utilizam-se técnicas de semiologia farmacêutica e entrevista clínica. É aberta uma ficha para
registro do atendimento, que será arquivada no prontuário do paciente. Depois da coleta das
informações necessárias sobre o paciente, o farmacêutico deve aplicar um raciocínio clínico
sistemático a fim de avaliar e identificar todos os problemas relacionados à farmacoterapia do
paciente. Por fim, o farmacêutico deve agendar o retorno ou a freqüência de seguimento, a
fim de avaliar os resultados alcançados. Todo processo é reiniciado no surgimento de novos
problemas, queixas ou mudanças significativas no tratamento (CORRER; OTUKI 2011).
A avaliação sistemática da necessidade, efetividade e segurança de todos os medicamentos
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em uso pelo paciente e de sua adesão ao tratamento consiste na revisão abrangente da
medicação. Esta revisão é iniciada após o levantamento das informações do paciente durante a
entrevista clínica. O farmacêutico deve conhecer a indicação, dose, via de administração,
freqüência e duração do tratamento para cada medicamento em uso e deve reunir as
informações clínicas necessárias para avaliar a resposta do paciente, em termos de efetividade
e segurança (SABATER et al., 2007).
Figura 3 - Características de uma farmacoterapia ideal
Fonte: Baseado nos estudos de Cipolle, Strand, Morley e Fernández-Llimós et al
Levando em consideração o paciente idoso, propõe-se com este trabalho a anamnese
farmacêutica direcionada para este tipo de população.
Deve-se avaliar primeiramente identificar o problema do paciente e aconselhar o paciente
sobre o uso apropriado dos medicamentos e identificar o idoso (nome, endereço, idade,
ocupação, raça, entre outros). Logo após, deve-se saber qual a queixa principal e a duração da
mesma. Depois, identificam-se parâmetros como: equilíbrio e mobilidade, função cognitiva,
deficiências sensoriais, condições emocionais e presença de sintomas depressivos,
disponibilidade e adequação de suporte familiar e social, condições ambientais, capacidade
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funcional - Atividades da Vida Diária (AVD) e Atividades Instrumentais da Vida Diária
(AIVD), e estado e risco nutricionais.
Devem-se investigar problemas como: dispnéia, edema, perda de peso, palpitações, elevação
ou diminuição da pressão arterial, disfagia, alterações miccionais ou intestinais, fadiga. Dores,
transtorno do sono, depressão, esquecimento, quedas, autonomia, dependência e
independência do paciente idoso.
Checa-se a história da patologia atual, seus antecedentes pessoais sendo, história da patologia
pregressa = hábitos, vícios, alergias, intolerâncias e imunizações.
Tendo protocolado todos os dados acima, deve-se identificar fatores de risco versus reações
adversas, eliminar medicamentos sem benefícios terapêuticos, eliminar medicamentos sem
indicação clinica e substituir por medicamentos seguros (menos tóxicos), evitar tratar uma
reação adversa com outro medicamento, e preferir monoterapias, monodrogas. O ideal é
manter sempre um contato com o paciente, a fim de monitorá-lo, até este receber alta do
tratamento, ou mesmo atingir a estabilização do problema/patologia.
5. Conclusão
Conclui-se com este trabalho, que os idosos correspondem a uma população de grande
importância clínica, uma vez que as estimativas e que o número deles aumente mundialmente
com o passar dos anos.
A Atenção Farmacêutica tem se mostrado essencial no cotidiano dos profissionais desta área,
uma vez que é peça fundamental no monitoramento das terapêuticas selecionadas para cada
indivíduo em particular.
Notadamente, quando se aplica a atenção farmacêutica no grupo dos idosos, observa-se que a
fidelização destes à adesão a terapia por meio da melhoria do atendimento tende a aumentar,
uma vez que são carentes de informação e cuidado.
A assistência ao idoso deve levar em consideração primeiramente a qualidade de vida,
considerando as perdas advindas do processo natural do envelhecimento e as possibilidades
de prevenção, manutenção e reabilitação do seu estado de saúde.
Com o aumento da expectativa média de vida, ocorre o aparecimento de várias patologias
relacionadas ao aumento da idade, prevalecendo às doenças crônicas. A população idosa é a
que mais é acometida pelas doenças e agravos crônicos não transmissíveis, sendo estados
permanentes ou de longa permanência, requerendo acompanhamento constante. Quanto mais
avançada à idade, mais expressivamente essas doenças e agravos tendem a se manifestar.
A Atenção Farmacêutica propõe métodos de seguimento farmacêutico, com o objetivo de
garantir uma terapia medicamentosa segura, racional e custo efetiva, através da orientação
farmacêutica durante o atendimento, da correta dispensação de medicamentos, além da
promoção e educação para a saúde.
Neste contexto o profissional farmacêutico, na realização da atenção farmacêutica, deve
atender à necessidade de saúde do idoso, com sensibilidade para compreendê-lo em suas
necessidades, limitações, bem como em suas potencialidades.
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Referências
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BRAZ E; CIOSAK SI. O perfil do envelhecimento. In: Braz E, Segranfredo KU, Ciosak SI.
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