SAF da implantação ao manejo Série AMAS | Módulo 1 Sumário Nossa história 05 O que é SAF 09 Implantação e manejo do saf: – Escolha da área 10 – Limpeza 12 – Balizamento 14 – Amostragem de solo 18 – Mudas 23 – Arranjo 24 – Preparo de berços 35 – Plantio 37 – Adubação de cobertura 38 – Controle de pragas 41 – Poda 43 – Cobertura de solo 45 – Limpeza de manutenção 47 Receitas 48 Desafios 64 3 Nossa História ANACLETO DA SILVA ANDRÉ DA SILVA ANTÔNIO CARLOS ARIVAL MAMÉDIO Desde 2012 a Organização de Conservação da Terra (OCT) executa projetos utilizando os Sistemas Agroflorestais (SAF) como estratégias para a conservação do Meio Ambiente e geração de renda sustentável. Financiados pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional do Estado da Bahia (CAR) e pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) as iniciativas acompanharam tecnicamente e capacitaram cerca de 500 Unidades Família, em 17 comunidades na Área de Proteção Ambiental do Pratigi. Para sustentabilidade das ações dos projetos, em 2015 surge o programa Agricultores Multiplicadores de Agricultura Sustentável, os AMAS. Formado por um grupo piloto de 20 agricultores familiares, os AMAS se destacaram pe- ERISVALDO DOS SANTOS FRANCISCA DE ARAÚJO JAIME LOURENÇO JAIME DE SOUZA las boas práticas adotadas em suas propriedades e pela capacidade de reaplicação dos conhecimentos adquiridos durante os três anos de desenvolvimento dos projetos. O objetivo é que os AMAS, por terem se apropriado das técnicas de manejo conservacionistas, passem a transmitir essas práticas para outros agricultores, iniciando, deste modo, um ciclo virtuoso de aprendizado. Esta cartilha surgiu após uma reunião com 16 AMAS, onde, de forma participativa, apresentaram o que aprenderam e praticaram em suas propriedades, JAIRO DE SOUZA LOURIVALDO DOS SANTOS MARIVALDO SANTOS MARTINHA DA CONCEIÇÃO discutiram erros e acertos, e registraram suas experiências e percepções sobre a aplicação de práticas para agricultura sustentável. A cartilha pretende ser um guia de boas práticas para implantação e manejo de SAF construída por agricultores para agricultores. Boa leitura! MILTON DOS SANTOS SANDRO PEREIRA VALDETE DO NASCIMENTO WALDEMAR BAHIA 5 Ficha Técnica Organização Esta cartilha foi organizada pela Organização de Conservação da Terra (OCT), a partir de uma oficina realizada com os Agricultores Multiplicadores de Redação Edição Anacleto Ferreira da Silva Ana Paula de Matos André da Silva José Eduardo Santos Mamédio Volney Fernandes – Diretor Executivo Antonio Carlos dos Santos Erika Cotrim Ana Paula de Matos – Líder da Pequena Empresa Conservação Produtiva Arival dos Santos Mamédio Luciana de Oliveira Gaião José Eduardo Santos Mamédio – Coordenador de Projeto Agricultura Sustentável (AMAS). Erisvaldo Barbosa dos Santos Luciana de Oliveira Gaião – Coordenadora de Campo Francisca Antônia de Araújo Thiago Guedes Viana – Coordenador de Projeto Jaime de Souza Fotos Silvana Campos da Silva – Coordenadora da Organização Socioprodutiva Jaime Lourenço Silva AMAS Amauri Souza Cruz – Coordenador de ATER Jairo de Souza Fernando Vivas Poliana Oliveira Santos – Prestação de Contas Lourivaldo Grima dos Santos Almir Blindathi Camila de Jesus da Silva – Técnica em Agropecuária Marivaldo Santos Acervo OCT Joeli Neres dos Santos – Técnico em Agropecuária Martinha da Conceição Erika Cotrim – Comunicação Milton da Aleluia dos Santos Hércules Saar – Consultor Sandro de Jesus Pereira Projeto Gráfico Salvador Dal Pozzo Trevizan – Colaborador Valdete Ferreira do Nascimento M21 – Comunicação & Marketing Bruna Sobral – Planejamento Socioambiental Waldemar de Oliveira Bahia AMAS reunidos para construção da cartilha O que é SAF? O sistema de agrofloresta é como se fosse uma empresa de alimentos, uma mistura de cultivos, onde sempre tem plantas produzindo, trazendo qualidade de vida para nossa família. No SAF cultivamos vários conjuntos de plantas na mesma área: seringueira, cacau, cupuaçu, banana, açaí, jussara, cajá, mamão, mandioca, verduras, árvores nativas e outras plantas. Na área que podíamos plantar 1000 pés de cacau e zelar apenas dessas plantas, estamos tendo mais de 15 tipos de plantas diferentes. A mesma despesa que temos para cuidar de 1000 plantas vamos cuidar de 2000 a 3000, tendo todas ao mesmo tempo ali dentro, com jeito melhor de cuidar. Com o SAF transformamos uma área improdutiva em uma área que produz. É de grande utilidade para nossa família, pois é de onde tiramos o sustento, é o nosso supermercado rural. Ele dá lucro e preserva o meio ambiente, estamos de olho no futuro. Traz mudanças e riqueza, podendo durar muitos anos, beneficiando o pai, os filhos e os netos. O SAF me tirou da roça dos outros para a minha própria roça! Área de SAF (3º ano) 9 Implantação e manejo do SAF OO Deve ter bom acesso para facilitar o transporte de mudas e adubos, e também, para que possa ser visitada por pessoas da comunidade que ainda não conhecem um SAF; OO Se possível, devemos evitar áreas muito ladeiradas para facilitar o trabalho; OO Evitar solos encharcados, com cascalho e muito rasos. Como devemos escolher a área para fazer um SAF? OO Podemos fazer o SAF em uma área alterada que precisa de recuperação, por exemplo: pastagem sem uso, muito feto, nascente desprotegida, pouco DI OR produtiva, cansada da mandioca ou onde foi utilizado o fogo muitas vezes; “A DO T C A AGRIC U L minha área era de pastagem abandonada. Eu fiz um roço antes porque eu queria plantar banana, mas aí a OCT chegou e então eu resolvi fazer o SAF no lugar. Hoje, eu estou satisfeito com o resultado”. Pastagem “E Área abandonada m volta de nascente e na beira de rio, acho que é certo, porque a gente também contribui para proteger o rio ou nascente”. Área pouco produtiva 10 11 Como devemos fazer a limpeza? OO Podemos usar a roçadeira ou o biscó. Se tiver possibilidade devemos escolher a roçadeira porque o trabalho rende mais que com o biscó. Por exemDI OR plo, com o biscó, dependendo da área, leva 11 dias para fazer a limpeza de 1 hectare e com a roçadeira apenas 4 dias de trabalho; “O DO T C A AGRIC U L veneno não deve ser utilizado. Temos que ensinar tecnologia nova, temos que ensinar coisas que não façam mal”. “N ão podemos usar o fogo para limpar a área porque prejudica a terra, polui o ambiente, mata os bichos, os microorganismos, causa erosão porque deixa a terra nua, nasce só mato fraco e resseca a terra”. Milton realizando limpeza com roçadeira OO Devemos capinar apenas as linhas para o plantio, não precisa abrir a área inteira. O mato das ruas (entre linhas) deve ser mantido baixo, para proteger o solo da erosão. Roçamos o “E u achei difícil ter que roçar e não poder queimar. Hoje eu tô feliz com o resultado, antes também era uma área abandonada”. mato das ruas e colocamos na linha de plantio, no pé das plantas para adubar. Abertura de faixas de cultivo 12 13 DI OR Como devemos fazer o balizamento? “D for plana pode ser em linha reta; DO T C A OO O balizamento tem que ser em curva de nível se a terra for ladeirada, se AGRIC U L evemos acompanhar o jogo da terra, o sentido do rio, porque facilita o jeito do corpo trabalhar e aproveita melhor a terra”. Anacleto balizando com o pé de galinha Curva de nível OO Podemos usar corda, linha, triângulo ou pé de galinha, uma vara para medir a distância entre o pé das plantas e o calcário para marcar onde vão ser abertos os berços; OO Primeiro precisamos fazer a linha mestra, que deve ser com piquetes, depois Ilustração por Lourivaldo seguimos marcando os outros berços com o calcário; OO O calcário, além de adiantar o serviço, substitui os piquetes, evitando derrubar mais madeira da mata; Balizamento com vara e calcário OO Com a curva de nível aproveita melhor a terra, usando toda a área. SAF antes – 2012 14 SAF depois – 2015 15 Ilustração por André Ilustração por Francisca Lourivaldo e esposa em área de SAF (3º ano) Ilustração por Edvaldo 16 Como devemos fazer a coleta de amostras de solo? Ferramentas 1 Nota técnica: 2 3 As análises de rotina geralmente são realizadas com amostras coletadas na profundidade de 0 a 20 cm. No entanto, em diversas situações, essa profundidade não é suficiente para uma recomendação adequada. Para culturas permanentes, como o cacau, a coleta de amostras deve ser mais profunda, normalmente dividida em duas profundidades, a primeira de 0 – 20 cm e a segunda de 20 – 40 cm. A amostragem nas camadas de Fatias de solo baixo (20 – 40 cm) é realizada no mesmo ponto de coleta das camadas de cima (0 – 20 cm), toman- 5 4 do cuidado para não misturar uma com a outra. 1) Enxadão; 2) Trado holandês; 3) Pá de corte; Erisvaldo coletando amostra de solo com trado holandês 18 4) Balde – amostra de solo; 5) Saco plástico – laboratório. 19 Coleta da Amostra E) Desprezamos as laterais da amostra contida na pá e colocamos a parte do meio em um balde plástico limpo. F) Devemos repetir essa operação por, pelo menos, 12 vezes na mesma área, caminhando em zigue-zague e coletando em pontos diferentes. A e B) Para a realização de uma amostragem adequada, devemos escolher um ponto na área para iniciar. Fazemos uma limpeza superficial nesse local E F (capina, se necessário) com auxílio de um enxadão. Em seguida, com o uso do trado ou enxadão, coletamos uma amostra na profundidade desejada. A B G e H) Todo o solo coletado e colocado no balde deverá ser bem misturado. Dessa mistura, devemos retirar uma amostra de cerca de meio quilo, que será colocada em um saco plástico com o nome da propriedade, proprietário, data, nome da área e cultura plantada. C) Se a ferramenta utilizada for o enxadão, abrimos uma valeta, conforme G H ilustra a imagem. D) Com o auxílio de uma pá, retiramos uma fatia de aproximadamente 3 cm de espessura. C D Os pontos de coleta devem estar afastados de casqueiros, formigueiros, matéria orgânica, estradas, casas, caminhos de animais e locais com erosão. Observação: O resultado da análise de solo deve ser apresentado para um técnico para que recomende corretamente o que precisa ser usado e em que quantidade. 20 21 Quais cuidados devemos ter com as mudas que serão plantadas no SAF? OO O ideal quando trabalhamos com mudas de tubete é passar para as sacolas para que fiquem mais fortes e depois plantar na roça. Assim diminuímos as perdas. Plantamos no inverno; OO A seringueira de raiz nua também é melhor plantar primeiro na sacola para diminuir perdas e pegar melhor. Quando tiver com 3 lançamentos pode plantar na roça. Para plantar a raiz nua diretamente na roça devemos observar se a terra está molhada, e socar bem, deixando a muda firmemente plantada. Mesmo assim chega a ter perda de 20%; OO As mudas de cacau devem ser preparadas entre os meses de outubro e novembro, para dar tempo de plantar no inverno. É melhor clonar o cacau ainda no viveiro, pois o pegamento é maior; OO As mudas de bananeira devem estar limpas e tratadas com água sanitária DI OR para matar brocas. DO T C A AGRIC U L “Q uando a muda vem no tubete é melhor passar para o saco, deixar elas reagirem e plantar na roça no inverno”. Anacleto Mudas no viveiro temporário do agricultor 23 Como fazer o Arranjo? “A rranjo é a escolha do que vai plantar no SAF. Porque no SAF a gente vai arranjar as plantas, arrumar como vai combinar cada uma na área”. OO A primeira coisa é escolher a principal cultura, no caso da APA do Pratigi é o cacau. A partir daí escolher plantas que se dão bem com o cacau para que ele produza o ano inteiro, como o cupuaçu, a banana e o abacate que sombreiam e dão frutos para aumentar a renda; OO Se quiser plantar culturas exigentes em sol no SAF, como graviola, urucum, cravo ou guaraná, devemos colocar ao redor (borda); Ilustração por Jaime Lourenço OO É importante plantarmos nativas também, que podem ser usadas se houver necessidade de madeira para consumo e para deixar para alimentar os animais; OO Na distribuição das mudas devemos pensar como uma vai sombrear a outra quando crescer, para evitar abafamento causado pelo excesso de sombra. DI OR “Q DO T C A AGRIC U L uando montar o arranjo, na hora de escolher as plantas que irão entrar no SAF, devemos colocar várias plantas diferentes para ter renda o ano todo. Sempre pensando em como vai ficar a sombra, para não abafar as plantas”. Jaime Lourenço e família em área de SAF (3º ano) 24 25 Sandro em seu SAF (1º ano) SAF antes – 2014 SAF depois – 2015 26 Ilustração por Sandro O que podemos plantar no início do SAF? Plantas anuais OO No início do SAF, quando ainda não há sombra, podemos plantar de tudo, todas as culturas de ciclo curto, as anuais, como: milho, feijão, mandioca, quiabo, feijão de corda, melancia, pepino, maxixe, abóbora, repolho, jiló e outras que quiser; OO Essas culturas servem para consumo da família, dar aos vizinhos, alimentar animais de criação e para venda em feiras e mercados do município, no PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e no PNAE (Programa DI OR Nacional de Alimentação Escolar). DO T C A AGRIC U L “A s anuais podem ser colocadas para ampliar nossa renda e também para ajudar no sustento da família”. “D Waldemar em área de SAF (1º ano) epois do projeto muitos agricultores começaram a vender na feira de Piraí do Norte. Muitas dessas áreas eram improdutivas. Hoje, muita gente está se alimentando da roça. Dia de sábado, quem antes comprava esses produtos na feira, hoje eles vendem na feira, para quem mora na cidade”. 29 Cultivo de anuais (3º ano) Plantas leguminosas OO No início do SAF também é importante plantar leguminosas para cobertura do solo, como andu, feijão de porco e pau de rato; OO O pau de rato é importante ter no SAF para servir de adubo, pode podar de 3 em 3 meses e botar no pé das plantas. Leguminosa – Pau de rato (2º ano) “A leguminosa é igualmente uréia, rica em nitrogênio. O pau de rato chama minhoca, quando a gente corta e bota no pé de cacau”. Atenção:: Com o plantio de anuais podemos ter a primeira renda do SAF com 60 ou “O pau de rato pode ser usado como cerca viva, estaca viva e alimento para os animais”. 90 dias, com hortaliças, milho e feijão, por exemplo. 33 Como devemos preparar os berços? “A ntes chamávamos de cova, mas como agora sabemos que cova é para coisas mortas, vamos chamar de berço para colocar as sementes e mudas que são vivas”. OO Para abrir os berços podemos usar o enxadão ou a máquina perfuradora de solo; Abertura de berço com enxadão Abertura de berço com máquina perfuradora OO Para plantar a seringueira o berço tem de ser de 40 x 40 x 60 cm. Para as outras plantas como o cacau, cupuaçu e nativas pode ser de 40 x 40 x 40 cm; OO Para adubar o berço podemos usar uma mistura traçada de esterco com adubo: 1 litro e meio de esterco de aves ou 2 litros de esterco bovino, 150 gramas de termofosfato (encontrado para vender com nomes de Yoorin, Cibrafértil, Fospar, Yara entre outras marcas) e 1 quilo de pó de rocha. Repetir a adubação após 60 dias do plantio. Atenção: É importante ter orientação técnica para recomendar a correção da acidez do Antônio Carlos abrindo berço solo e adubação. 35 Como devemos fazer o plantio? OO O melhor período para plantar na APA do Partigi é entre os meses de junho e julho; OO Se puder usar hidrogel (produto que absorve e retém grande quantidade de água, mantendo a planta úmida em períodos secos), podemos plantar qualquer época do ano; OO Não devemos plantar na lua minguante, porque as plantas não se desenvolvem bem; OO Sempre colocar cobertura morta para manter a umidade da terra. Quando cortar a bananeira colocar nos pés das plantas, utilizar também o mate- DI OR rial que resulta da limpeza da roça. “A DO T C A AGRIC U L cobertura morta mantém a terra molhada e atrai as minhocas, que vão ajudar o solo”. Marivaldo realizando plantio 37 —— Uso nas folhas: Em plantas pequenas ou com folhas novas misturar 1 litro em 19 litros de água; Em plantas com folhas maduras misturar 2 litros em 18 litros de água; —— A aplicação pode ser feita com bomba costal ou motorizada, todo mês, dependendo da necessidade das plantas. OO A água da mandioca (manipueira) também serve para adubar. Podemos usar na quantidade de 1 litro de água + 1 litro de manipueira + 2 litros de biocalda e aplicar direto no solo. Martinha traçando adubo Como devemos fazer a adubação de cobertura? OO Para adubar podemos usar uma mistura, traçando esterco com adubo: 700 gramas de esterco de aves, 30 gramas de termofosfato (Yoorin, Cibrafértil, Fospar, Yara, entre outras marcas) e 1 quilo de pó de rocha. Usar a mistura 2 vezes ao ano em cada planta (março e setembro); OO Devemos também usar biocalda: —— Uso no solo: misturar 1 litros de biocalda em cada litro de água; 38 Martinha adubando berço 39 Como podemos controlar as pragas no SAF? DI OR Para controlar as pragas devemos fazer aplicações nas folhas usando: AGRIC U L adubo orgânico, bem preparado, é mais forte do que o químico e com o tempo tem melhor efeito”. OO Biocalda: em plantas pequenas ou com folhas novas usamos 1 litro em 19 litros de água; em plantas com folhas maduras usamos 2 litros em 18 litros de água; OO Manipueira (fresca, sem curtir): 1 litro para cada litro de água em plantas maiores. Plantas menores usar 1 litro para cada 3 litros de água; OO Urina de vaca curtida por 3 dias: misturar 300 ml em 18 litros de água ou na biocalda. “E DI u achava que sem o químico eu não teria resultado. Mas, tinha medo de não dar certo. Eu resolvi aplicar a biocalda que eu mesmo fiz. Aplicava todos os 30 dias. O cacau saiu até na raiz! Eu aplico na folha e na terra. Tá dando certo”. OR “O DO T C A “O adubo químico tem preço alto e a biocalda é barata, mas tem que ter uma frequência de aplicação, para dar resultado”. “E DO T C A AGRIC U L u usei a manipueira, misturei 5 litros na água e coloquei na hortaliça. Deu certo”. Atenção: É importante usar a concentração certa da biocalda, manipueira e urina de vaca, conforme recomendação técnica. 40 41 Como devemos fazer a poda? OO O cacau precisa de poda de formação, temos que deixar em formato de taça e espaçar os galhos de 20 a 30 cm um do outro; OO Precisamos conduzir as plantas para ficar na mesma altura, facilita o trabalho; OO Os galhos que não tomam sol e os brotos chupões, devemos tirar; OO Na seringueira precisamos ir tirando os galhos para deixar ela subir, até 3 m; OO O cupuaçu também precisa ir tirando os galhos para subir para ficar DI OR acima do cacau. “T DO T C A AGRIC emos de fazer a poda antes do lançamento do cacau”. U L “N o cacau tem de tirar os galhos que não tomam sol e olhar a altura da planta”. Atenção: Existem 3 tipos de poda no cacaueiro: formação - que dá forma e equilíbrio; manutenção - para retirada de galhos entrelaçados e ramos que ficam no Jairo realizando a poda interior da planta; e limpeza – para tirar galhos velhos, secos e/ou doentes. 43 Como devemos fazer a cobertura do solo? OO Temos que deixar o solo do SAF sempre coberto com os mesmos matos que são cortados, roçados na área, como por exemplo: folhas e troncos de bananeira, pau de rato, palha de milho e feijão e todos os restos das culturas; OO Devemos também aproveitar as leguminosas, fazendo a roçagem do andu, feijão de porco ou outras, e podar o pau de rato para usar no pé DI OR das plantas. “H DO T C A AGRIC U L oje temos que deixar esses restos de mato e poda, porque os nutrientes voltam para o solo”. Mulching (cacaueiro 3º ano) 45 Como devemos fazer a limpeza da área? OO Para limpar o SAF o melhor é usar a roçadeira, porque rende mais o trabalho, mas pode fazer também com o biscó, quem não tem a máquina ainda; OO Precisamos fazer o coroamento antes de passar a roçadeira, para não cortar as mudas. Erisvaldo realizando limpeza com roçadeira Área de SAF após limpeza com roçadeira (2º ano) 47 Receitas Francisca preparando biocalda 1 Biocalda 2 A biocalda é um composto líquido feito com diversos componentes minerais misturados a materiais orgânicos como esterco, melaço ou rapadura e plantas. Os ingredientes usados podem variar de uma região para outra, podendo ser substituídos com o que tiver disponível na propriedade. A mistura fermentada produz um composto rico, com vitaminas e hormônios importantes para o equilíbrio das plantas. 3 A concentração, quantidade que devemos misturar com água para aplicar, depende da cultura. Pode ser aplicada no solo e nas folhas, porque as plantas tem a capacidade de absorver substâncias/nutrientes tanto pelas raízes como pelas folhas. 4 Além de alimentar as plantas a biocalda funciona como defensor natural contra insetos, ácaros, fungos, bactérias, nematóides e outros. A biocalda deixa a planta bem nutrida, forte, assim as pragas não conseguem atacar. 1) Lançamento de folhas Aplicar nas folhas ou no solo para adubar e proteger contra pragas. 2) Floração Aplicar nas folhas para diminuir a perda de flores. 3) Safra e temporão Aplicar nas folhas para proteger os frutos e diminuir a peca de bilros. 4) Entressafra Aplicar no solo antes da poda. Depois da poda aplicar no solo, caule e folhas para adubar, remineralização. Plantio Valdete preparando a biocalda Aplicar no solo, no composto ou na adubação de berço para fortalecer a muda. 50 51 Receita da biocalda Modo de usar: Na folha: OO Em plantas pequenas ou com folhas novas: 1 litro em 19 litros de água; Material: OO Em plantas adultas ou com folhas maduras: 2 litros em 18 litros de água; OO 1 tanque de 500 litros OO Em mudas e hortaliças: meio litro em 19 litros e meio de água. OO 1 balde de 15 litros OO 1 quilo de arroz cozido (sem sal) OO 15 quilos de açúcar cristal ou rapadura OO 75 quilos de esterco verde (fresco) No solo: OO Usar 1 litro de biocalda para cada litro de água; OO Aplicar com bomba costal, manual ou motorizada, ou com regador. OO 10 quilos de pó de rocha OO 4 litros de microorganismos (veja abaixo como coletar na mata) OO 1 saco de plantas verdes e vigorosas que tenham no local OO Água sem cloro para encher o tanque Modo de fazer: Coleta de Microorganismos: No chão da mata, espalhar o arroz cozido sobre um plástico. Mantê-lo coberto com folhas de 7 a 10 dias. Após este tempo, coletar e por no balde. Misturar com 3 quilos de açúcar cristal ou rapadura. Ilustração por Francisca Colocar água até metade do tanque. Acrescentar os microorganismos e demais ingredientes misturando tudo. Depois completar o tanque com água até ficar faltando cerca de 1 palmo (20 cm). Mexer duas vezes ao dia por 10 minutos, durante 28 dias. A calda pode ser enriquecida durante ou após o preparo com macronutrientes (Nitrogênio, Fósforo, Potássio) ou micronutrientes (Boro, Zinco, Cobre, Cobalto, etc...) conforme a necessidade e recomendação técnica. Marivaldo aplicando biocalda 52 53 Inseticida de fumo O fumo de corda solta nicotina que funciona como um inseticida natural. Ingredientes: OO 100 gramas de fumo de corda OO Meio litro de álcool OO Meio litro de água OO 100 gramas de sabão de coco Modo de fazer: Misturar o fumo cortado em pedacinhos no álcool. Acrescentar a água e deixar curtir por 15 dias. Modo de usar: Plantas com baixo ataque de praga: dissolver o sabão em 20 litros de água e juntar a mistura curtida. Pulverizar nas plantas atacadas. Plantas com alto ataque de praga: dissolver o sabão em 10 litros de água e juntar a mistura curtida. Pulverizar nas plantas atacadas. André preparando inseticida André colocando o fumo no álcool 55 Manipueira A manipueira é o líquido que sai da prensagem da mandioca. É utilizada no controle de pragas, como herbicida e como adubo. Modo de usar: OO No controle de pragas do cacau, cupuaçu, ou outras árvores: misturar 1 litro de manipueira para cada litro de água; OO Para pragas de plantas pequenas como hortaliças: 1 litro de manipueira para cada 3 litros de água, a depender do tamanho da planta; OO No tratamento de mudas de bananeira: mergulhar as mudas na manipueira pura por 1 hora; OO No controle de formigas: aplicar cerca de 1 litro de manipueira pura no “olho” do formigueiro; OO Como herbicida: aplicar a manipueira pura e sem curtir por 3 dias seguidos molhando bastante as plantas; OO Na adubação de solo: usar 1 litro de manipueira para cada litro de água na linha do cultivo, utilizando regador ou pulverizador; OO Na adubação de folha: usar 1 litro de manipueira para cada 6 litros de água. Aplicar 1 vez por semana, durante 6 semanas. Atenção: OO A manipueira pode ser guardada por até 3 dias. Após este período perde seu efeito contra as pragas; OO Se for usar a manipueira para controlar pragas, após o preparo é preciso acrescentar na mistura 1% de farinha de trigo, para ajudar a gruSandra com manipueira dar na planta e melhorar o efeito. Para cada 10 litros de manipueira preparada colocar 100 gramas de farinha de trigo. 57 Tratamento de mudas de bananeira Para evitar o ataque de brocas ou outras pragas na muda da bananeira, recomendamos: OO Escolher sempre mudas sadias e com bom desenvolvimento; OO Fazer a limpeza da muda, retirando o resto de terra, a casca e as raízes; OO Em um vasilhame, que pode ser um tanque, misturar 1 litro de água sanitária (encontrada no mercado) para cada litro de água; OO A muda deve ficar mergulhada nesta solução por cinco minutos. Tratamento de mudas de bananeira Francisca limpando muda de banana 59 Urina de vaca A urina de vaca é utilizada na agricultura como fertilizante, fortificante (estimulante de crescimento) e também no controle de pragas, devido ao seu efeito repelente e ao aumento da resistência das plantas. Testes realizados com cacaueiro mostram bons resultados no controle de pragas, principalmente aquelas que atacam os lançamentos de folhas, como o monalonio. Modo de coleta: Com um balde limpo, coletar a urina da vaca no momento da retirada do leite. Guardar em um recipiente com tampa e limpo (exemplo: vaso de refrigerante) e deixar curtir por três dias. Modo de usar: OO Cacaueiro ou outras árvores: em uma bomba costal misturar 18 litros de água com 300ml de urina de vaca curtida. Pulverizar as plantas e repetir com 15 dias, se sentir necessidade; OO Hortaliças e plantas de pequeno porte: utilizar 50 ml de urina curtida em 10 litros de água. Pulverizar as plantas a cada 15 dias, dependendo da infestação. Aumentar a dose caso haja necessidade. Arival preparando fertilizante com urina de vaca 61 Compostagem com casca de cacau OO O enriquecimento do composto pronto poderá ser feito com: OO Pó de rocha: 1 saco para cada 100 quilos OO Cinza: 5 quilos para cada 100 quilos OO Biocalda: regar 5 litros em 100 quilos A compostagem é um processo feito com a ajuda de microorganismos que transformam a matéria orgânica, como esterco, folhas, restos da poda e da colheita e restos de comida, em um material semelhante ao solo e que utilizamos Como usar na adubação do SAF: OO Berço: 1 quilo do composto por planta OO 1º ano: 2 quilos do composto por planta como adubo. OO 2º ano: 3 quilos do composto por planta Modo de fazer: OO 3º ano: 4 quilos do composto por planta OO Após a quebra do cacau, ou até 5 dias depois, picotar a casca com facão ou enxada. Quanto mais novas as cascas, melhor será a decomposição. Deixar as cascas com cerca de 3 cm; OO Formar um monte com as cascas picotadas e cobrir com folhas de bananeira, cacau ou outra encontrada na roça; OO Revolver o composto a cada 21 dias, por um período de aproximadamente 3 meses. Atenção: Não pode molhar ou colocar esterco no composto. Cobrir novamente sempre que revolver. OO A decomposição pode ser verificada enfiando um vergalhão de ferro até o meio do composto por 10 minutos. Caso o vergalhão esquente é sinal de que o material está se decompondo; OO Para conferir se a umidade está certa é só apertar o composto com as mãos, neste momento não pode escorrer líquido; OO Quando estiver pronto ficará com cor escura e cheiro de terra molhada; Marivaldo preparando composto com casca de cacau 62 63 Desafios 1 Ser um multiplicador na comunidade O que aprendemos e praticamos em nossas áreas que deu bons resultados, precisamos passar para nossos vizinhos. Temos de ser exemplo das boas práticas de zelo com o solo e com a água. 2 Fortalecer a cooperativa com participação de todos Sabemos que para melhorar a comercialização dos nossos produtos e adquirir insumos com preços melhores, precisamos de uma cooperativa forte, o que depende da participação de todos nós. A cooperativa somos nós! 3 Fortalecer as associações Precisamos estar associados com a associação funcionando bem, para podermos buscar os programas do governo que nos ajudam a trazer melhorias para a nossa comunidade. 4 Ampliar as áreas de SAF Os SAF são bons porque nos ajudam a melhorar a renda e ainda protegem o meio ambiente. Daí a importância de ampliarmos nossas áreas de SAF, recuperando outras áreas abandonadas ou plantando mais onde tem poucos cultivos, deixando a roça mais produtiva e protegendo a natureza. 5 Jaime de Souza em seu SAF (3º ano) Influenciar as mudanças nas propriedades dos vizinhos pelo nosso exemplo Minha propriedade precisa estar organizada, com plantios diferentes no SAF, com nascentes protegidas, solo coberto, bem cuidada e produtiva. Se eu quero que meu vizinho melhore a propriedade dele, preciso mostrar como eu faço, melhorando primeiro a minha. Se todos fizerem a sua parte, teremos água boa, terra rica e uma renda melhor para todos. Milton Instituidores Parceiros Institucionais Parceiro nos Investimentos oct.org.br