Um Estudo Documental em uma Clínica Escola de

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE PSICOLOGIA
Um Estudo Documental em uma Clínica Escola de
Psicologia sobre Pacientes com História de Drogadição
MAUREN VOLCATO
Itajaí, (SC) 2007
2
MAUREN VOLCATO
Um Estudo Documental em uma Clínica Escola de
Psicologia sobre Pacientes com História de Drogadição
Monografia apresentada como requisito
parcial para obtenção do titulo de Bacharel
em Psicologia da Universidade do Vale do
Itajaí.
Orientadora: Profª. Msc. Maria Celina Ribeiro
Lenzi.
Itajaí SC, 2007
3
SUMARIO
RESUMO ................................................................................................................ 5
LISTA DE QUADROS ............................................................................................. 6
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 7
2 REVISÃO DE LITERATURA................................................................................. 1
2.1 Drogas...................................................................................................................10
2.2 Classificação das drogas......................................................................................11
2.3 Dependência.........................................................................................................13
2.4 Tratamento............................................................................................................14
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS ....................................................................... 18
3.1Tipo de pesquisa...................................................................................................18
3.2 Local.....................................................................................................................18
3.3 Procedimento para a coleta de dados..................................................................19
3.4 Procedimento para a análise dos dados..............................................................19
3.5 Implicações Éticas................................................................................................20
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................... 21
4.1 Análise quantitativa dos documentos investigados...................................21
4.1.1 Distribuição dos documentos da pesquisa...................................................22
4.1.2 Distribuição dos documentos por período semestral...................................25
4.1.3 Distribuição por tipo de Droga......................................................................26
4.1.4 Distribuição por tipo de Droga sem nicotina.................................................29
4.1.5 Distribuição dos documentos por Tempo de Atendimento...........................30
4.2 Análise qualitativa dos documentos investigados......................................33
4.2.1 – Doc. A........................................................................................................34
4.2.2 – Doc. B........................................................................................................35
4.2.3 – Doc. C........................................................................................................36
4.2.4 – Doc. D........................................................................................................37
4.2.5 – Doc. E........................................................................................................38
4
4.2.6 – Doc. F........................................................................................................39
4.2.7 – Doc. G......................................................................................................40
4.2.8 – Doc. H.......................................................................................................41
4.2.9 – Doc. I........................................................................................................42
4.2.10 –Doc. J.......................................................................................................43
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 53
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 55
7 ANEXOS ............................................................................................................. 57
7.1 Triagem.................................................................................................................58
7.2 Relato Mensal.......................................................................................................63
7.3 Ficha de Desligamento.........................................................................................64
7.4 Contrato................................................................................................................65
8 APÊNDICES ....................................................................................................... 67
8.1 Quadro síntese da História dos Pacientes com Histórico de Drogadição............67
5
Um Estudo Documental em uma Clínica Escola de Psicologia
sobre Pacientes com História de Drogadição
RESUMO
Mauren Volcato
Orientadora: Maria Celina Ribeiro Lenzi
Defesa: Novembro de 2007.
Atualmente a dependência química passa a ser reconhecida como uma doença crônica de
origem multifatorial, que deve ser tratada. As formas de tratamento estão diretamente
relacionadas à gravidade de cada caso, que vai desde o leve até o severo. A noção do uso
indevido de substância química e o conceito de drogas são altamente problemáticos,
dependendo do critério e da posição do investigador, podem abranger tanto aspectos físicos
e emocionais como sócio-culturais. Para tanto, o presente trabalho teve como objetivo fazer
um estudo da análise documental de caráter exploratório descritivo, a fim de investigar a
trajetória de pacientes com história de drogadição em uma Clínica Escola de Psicologia. De
forma mais específica, identificou-se dados sobre o perfil e a demanda desses pacientes,
tempo e adesão ao tratamento; tipo de drogas utilizadas; estratégias de intervenção e seus
resultados. Os dados foram levantados mediante as triagens, relatórios de acompanhamento
e fichas de desligamento. A análise dos resultados foi efetuada pela exposição dos dados,
discussão dos conteúdos, sistematizados e relacionados com a literatura vigente.
Palavras-chaves: Drogas; Clínica Escola; Tratamento.
6
LISTA DE QUADROS
Quadro1 ..................................................................................................................23
Quadro 2 .................................................................................................................25
Quadro 3 .................................................................................................................26
Quadro 4 .................................................................................................................29
Quadro 5 .................................................................................................................31
Quadro 6 .................................................................................................................44
7
1. INTRODUÇÃO
O consumo de drogas encontra-se na maioria das culturas de forma
diferenciada, respondendo ao seu padrão de uso, conforme a especificidade de
cada contexto, o que tangencia esta problemática é o seu caráter conflitante
apresentados nos seus diversos níveis individuais e sociais.
De acordo com Aquino (1998), no plano individual, a droga produz no cérebro
efeitos danosos que alteram a consciência e trazem como ganho secundário a
eterna busca do prazer e da negação constante do sofrimento. No plano social, as
drogas
adquirem
diferentes
significados que
interagem com
o contexto
sociocultural. Determinados padrões de emoções, atitudes e comportamentos
ocorrem tanto no subsistema individual quanto na relação do indivíduo com a
família e das famílias com a sociedade, num processo mútuo de retroalimentação.
Segundo Kalina (1999), o drogadicto tem padrões de conduta, necessidades e
motivações particulares que entram em conflito com as muitas contradições do
mundo atual. Simultaneamente, ele é produto e conseqüência de uma sociedade
paradoxal e dividida, que exerce uma influência profunda e direta sobre o núcleo
familiar do qual ele provém.
Somado a todos esses fatores psicológicos, Oliveira (2005) diz que encontrase a exclusão sócio-econômica; a predisposição genética e a própria mídia, que
por muitas vezes, corrompida e corrupta, lança toneladas de lixo mental em nossa
psicoesfera, sendo um dos responsáveis pelo aumento do uso indevido de
substâncias químicas.
8
Diante dessas evidências, Leite e Cabral (1999) afirmam que, o uso de drogas
é uma questão que preocupa cada vez mais os pesquisadores, pois pesquisas
epidemiológicas mostram que o uso e abuso de drogas aumentam de maneira
acelerada e que é na adolescência que em geral, se inicia.
Da mesma forma, Marlatt (2005) contribui ao considerar que a penetração e
conseqüência gerada pelo abuso e dependência de substâncias vêm crescendo de
maneira alarmante, sem dúvida alguma, devendo ser encarado como um problema
epidêmico. Problemas sociais como violência, acidentes de trânsito, marginalidade,
formação de gangues e desvios de conduta em jovens e adolescentes, hoje
encontram-se marcadamente influenciados pelo uso de substâncias.
Finalmente Messas (2006) conclui que, avaliando o contexto atual, observa-se
que a droga está inserida em nossa sociedade de tal forma que as políticas
públicas, referentes a sua prevenção têm surtido pouco efeito, pois trazem o antigo
aspecto de erradicação total, esquecendo todos os outros fatores que determinam
seu uso.
Diante dessas considerações, têm-se questionado quais as formas de
tratamento que tem sido oferecido para debelar esta problemática, mais
especificamente, quais as estratégias utilizadas em uma Clínica Escola para
atender essa clientela?
Para responder essas questões, buscou-se fazer uma pesquisa documental
de caráter descritivo exploratório, a fim de investigar o processo de entrada,
tratamento e saída dos pacientes com histórico de drogadição, atendidos em uma
Clínica Escola de Psicologia no período de 2005 a 2007/I. Os documentos
utilizados para esses estudos foram, as fichas de triagem, relatórios de
9
acompanhamento e fichas de desligamento. Os dados encontrados foram
sistematizados e compreendidos a luz da teoria vigente.
A relevância deste trabalho, se dá pela possibilidade de trazer à tona novos
dados que possam contribuir nas formas de tratamento e estratégias de
abordagem para estes pacientes, assim como, contribuir cientificamente para
novas investigações nesta temática.
10
2. REVISÃO DA LITERATURA
Neste capítulo será abordado o corpo teórico que norteia este trabalho. Para
tanto, serão apresentados em subitens os conceitos de drogas e sua classificação;
dependência química e formas de tratamento.
2.1 Drogas
As drogas existem desde o início da humanidade, não se sabe exatamente
por que a humanidade se droga, mas sabe-se que muitos são os motivos que
podem levar o homem a experimentá-la em algum momento de sua vida.
(SERRAT, 2001).
O termo droga presta-se a várias interpretações, mais comumente suscita a
idéia de uma substância proibida, de uso ilegal e nocivo ao indivíduo. No entanto,
para o desenvolvimento deste estudo estaremos voltados mais para as drogas
psicoativas que segundo Dalgalarrondo (2000), é qualquer substância química que
quando ingerida modifica uma ou várias instâncias do Sistema Nervoso Central
(SNC), produzindo efeitos psíquicos e comportamentais.
De acordo com Serrat (2001), a farmacopéia brasileira classifica droga como
qualquer substância de origem mineral, vegetal ou animal, porém este conceito é
muito amplo e não diferencia o uso da dependência. Para Marlatt (2005), as drogas
psicotrópicas são aquelas substâncias que têm atração por atuar no cérebro,
modificando a nossa maneira de sentir, de pensar e de agir.
11
As drogas ditas lícitas, como o álcool e o cigarro, em muitos casos tornam-se
a porta de entrada para as drogas mais pesadas ditas ilícitas, à exemplo da
maconha, da cocaína e do êxtase, que causam dependência e trazem enorme
prejuízo a saúde, afetando conseqüentemente às atividades laborativas, a
produção intelectual e o relacionamento interpessoal. (AQUINO, 1998).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), droga de abuso é a
substância que age nos mecanismos de gratificação do cérebro, provocando
efeitos estimulantes, euforizantes e/ou tranqüilizantes. (MARLATT, 2005).
2.2. Classificação das Drogas
De acordo com o CID-10 obtém-se a seguinte classificação:
I-
Estimulantes da atividade do Sistema Nervoso Central:
a) Anfetaminas usadas como estimulantes: d-anfetamina, metanfetamina.
b) Anfetaminas usadas como moderadores de apetite: mazindol, dietilpropina.
c) Cocaína
d) Cafeína
II-
Depressoras da atividade do Sistema Nervoso Central:
a) Álcool
b) Hipnóticos: barbitúricos (pentobarbital, fenobarbital; outros (brometo).
c) Ansiolíticos: diazepam, clordiazepóxido.
d) Narcóticos: naturais (morfina, codeína); sintéticos (meperidina, metadona,
propoxifeno); semi-sintéticos (heroína).
12
e) Solventes (inalantes): colas, tintas, removedores, tiners, etc.
III-
Perturbadoras da atividade do Sistema Nervoso Central:
a) Alucinógenos primários: sintéticos (LSD-25 e DMA-êxtase); naturais
(derivados da maconha; derivados indólicos de plantas e cogumelos;
derivados do poiote).
b) Alucinógenos secundários: anticolinérgicos (derivados de plantas, datura
sp); sintéticos (triexafenidila, benactizina). (PAULA, 2001).
As drogas estimulantes da atividade do SNC aumentam a atividade do
cérebro e recebem este nome técnico, pois o usuário fica “elétrico”, “ligado”.
Seriam elas: a cocaína, a nicotina, o crack e as anfetaminas. (MARLATT, 2005).
As drogas ditas euforizantes ou alucinógenas, não produzem mudanças do
tipo quantitativo como aumento ou diminuição da atividade do cérebro, elas fazem
com que esse órgão passe a funcionar fora do seu normal, essa pessoa fica com a
mente perturbada. Seriam elas: maconha, certos cogumelos, LSD, êxtase,
anticolinérgicos. (MARLATT, 2005).
As tranqüilizantes ou depressoras do SNC, diminuem a atividade cerebral, ou
seja, deprimem seu funcionamento, as pessoas que fazem uso deste tipo de droga
ficam “devagar”, “desligadas”. Seriam elas: álcool, soníferos ou hipnóticos,
ansiolíticos, narcóticos e inalantes ou solventes. (MARLATT, 2005).
13
2.3. Dependência Química
Alguns indivíduos também fazem uso constante de uma ou mais drogas, com
a intenção de aliviar a ansiedade, medos, tensões e até mesmo sensações físicas
desagradáveis. Contudo, o uso abusivo de drogas leva à dependência, que é o
impulso que leva a pessoa a usar de forma contínua ou periódica para obter
prazer. (SILVEIRA; SILVEIRA, 2003).
Ao falarmos sobre dependência de drogas e uso abusivo, deve-se levar em
conta que tanto um quanto o outro têm padrões de “uso patológico”, sendo que a
diferença, segundo Serrat (2001), é que a dependência requer tolerância,
necessidade de doses cada vez maiores em intervalos menores de tempo.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a dependência química trata
de um conjunto de fenômenos relacionados ao funcionamento do organismo de um
indivíduo, ao seu comportamento e ao seu estado mental, em que uma droga
adquire uma importância muito maior do que quase todos os outros aspectos da
vida. A principal característica da síndrome de dependência é o desejo
freqüentemente forte, algumas vezes incontrolável de consumir drogas que atuam
no sistema nervoso central. (SERRAT, 2001).
Ainda de acordo com o autor supra citado, para que seja dado um diagnóstico
definitivo de dependência, a pessoa deverá ter apresentado três ou mais dos
seguintes sintomas, contando um ano até a data da consulta: forte desejo de
consumir a droga, dificuldade de controlar o consumo, necessidade de doses cada
vez maiores para conseguir os mesmos efeitos, abandono progressivo de prazeres
e outros interesses na vida para dedicação exclusiva à droga e verificar se diante
14
da ausência ou diminuição da droga surgem reações físicas que variam de
ansiedade e distúrbios do sono à depressão e convulsões, constituindo o chamado
estado de abstinência fisiológico. Cabe ressaltar que nem todo o usuário evoluirá
para a dependência, que a atitude do indivíduo frente à droga varia de acordo com
sua história de vida, seu caráter, seus desejos, suas dificuldades e suas
motivações conscientes e inconscientes.
A Comissão de Narcóticos das Nações Unidas concluiu que está havendo, em
todo o mundo, um aumento crescente da produção e do consumo de drogas. No
Brasil, nos últimos anos, estamos enfrentando um problema dramático, o uso de
crack, cuja dependência se instala com incrível rapidez e que está associado à
criminalidade violenta. Um dado estarrecedor é que crianças de rua, com (cinco) ou
(seis) anos, já estão usando o crack.(SERRAT, 2001).
Por isso entende-se que, o tratamento de drogadictos deve ser iniciado de
modo precoce, pois segundo Highet (2003 apud ANDRETTA; OLIVEIRA, 2005),
quanto mais precoce for o início do uso de substâncias, maiores serão os riscos de
desenvolver a dependência e mais graves serão as conseqüências na saúde do
individuo.
2.4. Tratamentos
De acordo com Uchôa (2002), com a evolução das diversas formas de
tratamento, as abordagens terapêuticas das dependências químicas, passou por
indagações como, por exemplo, qual o tratamento mais efetivo, qual o melhor
tratamento para determinado paciente. Hoje sabe-se que um mesmo paciente pode
15
necessitar, ao longo do tratamento, de diferentes abordagens terapêuticas, pois
nenhuma abordagem é apropriada para todos os casos que a dependência de
drogas impõe. É necessária a participação de equipes multidisciplinares neste
processo e constatou-se que, entre as diversas técnicas psicoterápicas disponíveis
as consideradas mais efetivas são: a terapia familiar, a abordagem motivacional e
a terapia farmacológica.
Segundo Figlie, Bordin e Laranjeira (2004), o tratamento do drogadicto é muito
complexo, primeiramente o drogadicto necessitará re-significar sua identidade, pois
esse foi um dos motivos que o levou ao uso de drogas, e também reaprender a
encontrar prazer em outras atividades sem o uso de drogas. Sendo que é de muita
importância o engajamento deste usuário e sua família no tratamento, pois com a
ajuda de uma psicoterapia de grupo, terapia familiar, acompanhamento escolar e
orientação vocacional, serão trabalhados de forma ampla tudo que fora
“despedaçado” durante o comportamento adicto.
De acordo com Andretta e Oliveira (2005), existem várias modalidades de
tratamento para drogadictos, e a escolha dependerá de questões como situações
de risco, tipo de droga, grau de suporte familiar. Vários tratamentos apresentam
eficácia cientificamente comprovada, como o tratamento ambulatorial, sendo que
esse baseia-se em diversas terapias e é indicado para aproximadamente 70% dos
casos. Outro tratamento é o modelo dos Doze Passos, também conhecido como o
modelo de Minnesota ou dos Alcoólicos Anônimos, este trata a dependência
química como uma doença que tem a abstinência como meta e busca-se a
reorganização global do sujeito.
16
Occhini e Teixeira (2006) ressalvam que a droga é um elemento muito
significativo na vida de um paciente drogadicto, pois substitui uma falta em seu
viver, o que justifica a evitação do enfrentamento dos problemas da vida. Um
tratamento psicoterápico requer uma elaboração do próprio sofrimento, isto é um
processo lento e complexo.
Para as autoras, uma observação relevante é o fato de que conseguir o
envolvimento dos familiares no tratamento do dependente químico é uma tarefa
árdua, pois o afastamento dos familiares pode ser compreendido se pensarmos no
desgaste que esta enfrentou com agressões verbais e físicas, devido a problemas
com a polícia, desvio de dinheiro decorrente da aquisição de drogas. A
dependência no âmbito familiar promove alterações no funcionamento da dinâmica
desta família, sendo que esta por sua vez, encontra-se acomodada ao uso de
drogas de um de seus membros, esta é a chamada co-dependência, neste
momento a família co-dependente encontra-se desestruturada.
A Clínica-Escola é mais uma alternativa de atendimento oferecido aos
dependentes químicos. Esta tem por objetivo, prestar atendimento psicoterápico
individual ou em grupo a uma parcela significativa da população; oferecer
tratamento de baixo ou nenhum custo financeiro e orientar estudantes para a
prática do Estágio Supervisionados em Psicologia Clínica. Desta forma, beneficia
estudantes e a população em geral. (BARBOSA e SILVARES, 1994 apud, ENÉAS,
2000).
Finalmente, para Kalina (1999), é primordial o envolvimento da família na
recuperação do drogadicto, uma vez que ela é co-responsável pelo desenvolver
deste fato, pois este é um conceito amplo e ambíguo. Muitas vezes a cura do
17
drogadicto para a família significa “curá-lo para que se comporte como deve”, ou
ainda, “curar aquele que arruína a vida de todos nós, os bons e os sãos”, ou seja,
esta forma de cura errônea, não é a mesma “cura” descrita aqui. Observa-se então
o motivo pelo qual a família deve estar engajada no processo terapêutico de cura
do drogadicto, pois esta é um sistema único, onde todos têm a ver com todos e
cada um deve assumir a responsabilidade que lhe cabe, sendo isto que uma
terapia busca fazer, com que os membros da família compreendam que para haver
o crescimento de todos, é necessário que a família se cure como um todo, sem que
seja necessário o sacrifício do membro drogadicto muitas vezes rotulado como o
culpado da desestruturação familiar.
18
3. ASPECTOS METODOLÓGICOS
3.1 Tipo de pesquisa:
A presente pesquisa utilizou o método da análise documental de caráter
exploratório descritivo de abordagem qualitativa e quantitativa, segundo Santos
(1999), na pesquisa documental, o pesquisador parte de conceitos a priori sobre a
realidade.
3.2 Local:
Esta pesquisa foi realizada em uma Clínica Escola de Psicologia, sendo que
os dados foram levantados mediante as triagens, encaminhamentos, relatórios de
acompanhamento mensais e fichas de desligamentos de pacientes diagnosticados
por fazer ou ter feito uso abusivo de substâncias químicas. Foram considerados os
documentos que pertencem ao período de 2005 a 2007/I. Os referidos documentos
constam de um roteiro de triagem (Anexo 7.1), relatório de acompanhamento
mensal (Anexo 7.2), e ficha de desligamento (Anexo 7.3).
Os roteiros de triagem contêm informações sobre os pacientes que iniciaram
seu
processo
terapêutico,
como:
dados
de
identificação;
forma
de
encaminhamento; queixa principal; histórias clínicas, sociais e familiares; exame do
estado mental; hipótese diagnóstica e encaminhamento. Nos relatórios mensais
constam as evoluções dos casos. A ficha de desligamento informa sobre o motivo
pelo qual o paciente não está mais em processo terapêutico.
19
3.3 Procedimentos para a coleta de dados:
Foi feito primeiramente contato com a coordenadora da Clínica Escola, a fim
de se obter autorização para investigar os documentos arquivados. Após obtermos
a autorização, buscou-se nas triagens do período de 2005 a 2007/I, pacientes que
informavam em seus relatos o uso abusivo de substâncias químicas. Em seguida,
foi feito um levantamento dos dados através dos relatórios mensais e das fichas de
desligamento.
Os dados foram compilados em uma folha de registro para análise, logo após
foi realizado o cruzamento e a discussão dos dados encontrados com uma
compreensão teórica.
3.4 Procedimentos para a análise dos dados:
Primeiramente foram selecionados todos os documentos de triagens de
pacientes adultos, para fazer um levantamento e retirar aqueles que em algum
momento de seus registros referiram fazer uso de substância química. Desta
forma, do total de 672 documentos foram selecionados apenas 42 documentos.
Em seguida, ainda com base nos registros dos documentos das triagens, dos
42 documentos selecionados inicialmente, foram dispensados todos aqueles que
continham relato de uso isolado de nicotina, ficando neste momento para estudo
somente os documentos com relato de uso de drogas pesadas, compondo assim,
um total de 22 documentos.
20
Por fim, dos 22 documentos selecionados, foi utilizado um último critério de
seleção, que foi o tempo de permanência nos atendimentos, sendo então
considerado como foco da pesquisa, somente aqueles que permaneceram por
mais de (oito) atendimentos, resultando assim, um total de 10 documentos de
estudo.
Os dados até então coletados foram tratados de forma quantitativa, a fim de
compreender o significado da freqüência desta demanda em estudo.
Dos 10 documentos que ficaram como amostra final, foi feito um estudo
qualitativo com base nas fichas dos relatos mensais e das fichas de desligamento.
Todo o material investigado foi compreendido e correlacionado com a
literatura vigente sobre drogadição.
3.5 Implicações Éticas:
Tendo em vista que os procedimentos éticos são de vital importância para a
realização da pesquisa, o presente trabalho considerou que: todo o paciente
atendido pela Clínica Escola assina um Termo de Ciência e Compromisso (Anexo
7.4), declarando estar ciente de que seus registros terapêuticos podem ser
utilizados para pesquisas científicas, desde que observado rigoroso sigilo e
preservada a sua identidade, na forma que dispõe o Código de Ética dos
Psicólogos, especialmente nos artigos 23, 30 e 36 daquela norma.
21
4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
“Nossas sociedades andam tão sofridas e
tumultuadas com o problema das toxicofilias
(amizade aos venenos), que estão presas nas
armadilhas do seu próprio espanto, perguntandose com aflição acerca do que pode ser feito”.
(SERRAT, 2001; p.25)
Os dados desta pesquisa foram retirados de uma amostra total de 672
documentos de pacientes adultos triados entre os anos de 2005 à 2007/I em uma
Clínica Escola de Psicologia.
Os resultados serão apresentados em dois momentos: o primeiro trata-se de
uma análise quantitativa; o segundo trata-se de um estudo qualitativo da amostra
selecionada, ou seja, dos 10 documentos de pacientes com história de uso abusivo
de substância química e que permaneceram por mais de (oito) atendimentos.
4.1 Análise quantitativa dos documentos investigados:
Os resultados apresentados a seguir foram distribuídos em (seis) quadros,
onde encontram-se os cruzamentos dos dados. Trata-se de uma análise
quantitativa e traduz a compreensão estatística da demanda investigada. Estes
dados foram retirados dos documentos de Triagens.
22
4.1.1 Distribuição dos documentos desta pesquisa
Este primeiro momento da pesquisa serviu como suporte para criar uma
amostra de estudo a ser desenvolvida na análise qualitativa. Para tanto, foram
adotados os seguintes critérios:
a) – Do total de 672 Doc. investigados, optou-se por selecionar apenas os Doc. que
apresentaram histórico de uso de drogas. Total de 42 pessoas.
b) - Foram selecionados apenas os Doc. que apresentaram histórico de uso de
álcool e outras drogas, desconsiderando neste momento o uso de nicotina. Este
critério se justifica por ser levado em consideração que nenhum paciente desta
amostra de 42 pessoas, relatou que a nicotina provoca conflitos em sua vida social
ou particular, e por isso, não fez parte de sua queixa principal e não foi o foco dos
atendimentos. Foi gerado um quadro resumo dos pacientes (apêndice 8.1). Total
22 pessoas.
c) – Foram selecionados somente aqueles Doc. que permaneceram em tratamento
por mais de (oito) atendimentos. Total 10 pessoas.
O quadro a seguir demonstra esta distribuição:
23
Quadro n.1- Distribuição dos documentos de pacientes com histórico de
drogadição:
Amostra
Pacientes Adultos que
realizaram Triagem no
período de (dois) anos e
meio
Pacientes Adultos com
histórico de uso abusivo
de drogas
Pacientes Adultos com
histórico de uso abusivo
de drogas sem uso de
nicotina.
Pacientes Adultos com
histórico de uso abusivo
de drogas que
permaneceram por mais
de (oito) atendimentos.
Numero de Pacientes
672
Porcentagem
100%
42
6,25%
22
3,27%
10
1,4%
Fonte: Triagens e Relatos mensais da Clínica Escola de Psicologia.
De acordo com os dados obtidos pode-se verificar o baixo índice de procura
de atendimento destes pacientes e principalmente a pouca aderência ao
tratamento. Este fato pode estar associado a uma série de considerações, como
resistência, falta de apoio familiar, a própria dinâmica do paciente e a falta de um
programa adequado a este tipo de atendimento.
Antes de começar um tratamento é preciso que o usuário perceba os
prejuízos que a droga está causando a si próprio, às pessoas que convive e à
sociedade em geral. O resultado efetivo de um tratamento de recuperação
depende exclusivamente da adesão do dependente, da maneira como ele se
conscientiza que está doente e necessita de ajuda. Desta forma, está se referindo
a resistência do paciente. De acordo com Gabbard (1998), todo tipo de resistência,
24
representa uma tentativa de evitar sentimentos desagradáveis, tais como raiva,
culpa, ódio, inveja, vergonha, ansiedade, ou alguma combinação destes.
Somando a essas considerações encontramos em Cunha (2006), a afirmação
de que existem fatores que devem ser levados em consideração diante do
processo de internação ou do tratamento de um dependente químico, e um deles é
se ele mesmo busca o seu tratamento. A consciência de sua problemática, e de
que necessita buscar ajuda, denotam uma maior viabilidade e aderência ao
tratamento.
São poucos os dependentes que procuram tratamento por conta própria. Para
Tiba (2003) o auxílio é dispensado porque eles não se encontram doentes.
Somente quando a droga começa a ficar incontrolável é que passam a sentir os
prejuízos e tendem a aceitar a participação num trabalho em seu benefício.
Na grande maioria dos casos, o adicto não tem a intenção de abandonar o
uso de drogas, justamente porque as raízes, as origens ou as causa de seus
problemas estão mascarados ou ainda não foram elucidados. (CUNHA, 2006).
Referindo-se a psicoterapia, Kohlenberg e Tsai (2001), afirmam que a terapia
em geral é um processo interacional complexo, pois são os problemas
comportamentais que levam o paciente à presença do terapeuta.
De acordo com Zimermman (1997) uma terapia vai ao encontro da resolução
dos conflitos subjacentes, aos padecimentos existenciais do ser humano, ou seja,
ajuda os referidos pacientes a promoverem as mudanças necessárias para saírem
de suas situações estereotipadas que os levam às drogas.
Surgem então as questões alvo desta pesquisa, pensemos quantos dos
pacientes atendidos em uma Clínica Escola de Psicologia, apresentam como
25
queixa principal, o uso abusivo de substâncias químicas ou quantos destes trazem
em suas terapias a questão: Relacionamento Interpessoal e Familiar como foco
principal e depois falam das drogas, quantos destes permanecem em terapia, quais
os sintomas que podem ser relacionados com esta desestruturação neste
indivíduo.
4.1.2 Distribuição dos documentos por período semestral
Foi utilizado como critério de estudo o agrupamento dos Doc. por período
semestral, para que se possa ter conhecimento da porcentagem de atendimentos
por semestre, e assim verificar se existe alguma alteração de demanda importante
para estudo.
Quadro n. 2 Documentos dos Pacientes com histórico de drogadição
distribuídos por período semestral:
ANO
2005/I
2005/II
2006/I
2006/II
2007/I
Total:
NUMERO DE
DOCUMENTOS
6
9
7
10
10
42
Porcentagem
14,29%
21,43%
16,66%
23,81%
23,81%
100%
Fonte: Triagens da Clínica escola de psicologia.
No quadro acima pôde-se observar que apesar de precária a busca pelos
atendimentos na Clínica Escola de Psicologia, o número de pacientes que faz parte
desta pesquisa aumentou nos dois últimos semestres.
26
4.1.3 Distribuição por tipo de Droga
Foram agrupados os documentos dos pacientes de acordo com o tipo de
droga consumida.
Quadro n. 3 - Pacientes com histórico de drogadição distribuídos por tipo de
droga:
Masculino
Feminino
Total:
Drogas
Pesadas
Álcool +
Cigarro
3
4
7
3
3
6
Cigarro
8
12
20
Álcool
1
4
6
Cigarro +
Maconha
e Álcool
2
2
4
Numero
de
Pessoas
18
25
42
Fonte: Triagens da Clínica escola de psicologia.
Observam-se nos dados obtidos o uso conjugado de diversas substâncias. É
importante considerar que o abuso de múltiplas substâncias psicoativas,
comumente conhecido como dependência química, é hoje um grave problema de
saúde que atinge em média cerca de 10% da população mundial, segundo dados
da Organização Mundial de Saúde. (SERRAT, 2001).
No entanto, considerando o quadro em questão, ressalta-se que 20 sujeitos
da amostra fazem uso somente de cigarro, ficando em primeiro lugar na lista de
drogas mais utilizadas.
Segundo Serrat (2001), houve um importante crescimento do uso de cigarros
pela população abaixo dos 20 anos de idade, sendo que nos países de primeiro
mundo em geral tem havido uma redução deste consumo, mas nos países em
desenvolvimento continua o crescimento. Somente nas classificações diagnósticas
27
dos últimos 25 anos o assunto do tabagismo tem recebido atenção, consideramos
que houve grande resistência para incluir o hábito de fumar entre as dependências
químicas, o que só pode ser explicado pela interferência política na área médica, a
ponto de se ignorar uma causa tão importante para problemas de saúde.
A Organização Mundial de Saúde estima que 1,2 bilhões de pessoas em todo
o mundo são dependentes do cigarro, o que é equivalente a um terço da população
adulta.(SERRAT, 2001).
Ainda segundo os dados da OMS, o tabagismo é responsável por 30% das
mortes por câncer, sendo 90% das por câncer de pulmão, 25% das mortes por
doenças coronarianas, 85% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica e
25% por doença cerebrovasculares. (HORTA; HORTA; PINHEIRO, 2006).
As drogas ditas lícitas, como o álcool e o cigarro, em muitos casos tornam-se
a porta de entrada para as drogas mais pesadas ditas ilícitas, à exemplo da
maconha, da cocaína e do êxtase, que causam dependência e trazem enorme
prejuízo a saúde, afetando conseqüentemente às atividades laborativas, a
produção intelectual e o relacionamento interpessoal. (AQUINO, 1998).
Em um artigo escrito para a revista Alcohol Research Health (2006), do
periódico oficial do National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism (NIAAA),
relata sobre o uso conjugado de álcool e tabaco, referindo-se a estes não como
uma mera coincidência, mas como um comportamento neurobiológicamente
embasado. As evidências que o autor encontrou sobre o assunto serão
apresentadas nos itens abaixo:
28
1. Evidências acerca da relação entre o consumo concomitante de álcool e tabaco.
a) Pessoas que bebem têm maior tendência ao tabagismo: 90% dos dependentes
de álcool fumam, sendo que 70% destes fumam ao menos um maço por dia.
b) Quanto mais intenso o consumo de álcool, maior o de cigarro.
c) Indivíduos com ambos diagnósticos utilizam outras drogas com mais freqüência,
se comparados com aqueles que utilizam apenas uma delas.
d) Fumantes bebem mais do que não fumantes.
e) Fumantes tem uma chance 2,7 vezes maior de se tornarem dependentes de
álcool, se comparados aos não fumantes.
f) Apesar do declínio do consumo de cigarro na população geral nesses últimos
anos, a prevalência de tabagismo entre os dependentes de álcool e outras drogas,
não se modificou.
(HORTA; HORTA; PINHEIRO, 2006).
Vale salientar, mais uma vez, que apesar dos estudos apontarem para os
malefícios causados pelo uso indevido da nicotina e por esta também ser
classificada como uma droga que causa dependência química, foram retirados da
amostra de estudo estes sujeitos, pois não apresentam em sua queixa principal
dificuldades de adaptação social ou dificuldades nos relacionamentos interpessoais
devido ao uso de nicotina.
29
4.1.4
Distribuição pelo tipo de droga sem nicotina
No próximo quadro serão demonstrados os 22 documentos por tipo de droga
utilizada. Para efeito de estudo realizou-se uma síntese da história destes
pacientes. (apêndice 8.1)
Quadro n. 4 - Pacientes com histórico de drogadição distribuídos por tipo de
droga sem a nicotina:
Masculino
Feminino
Total:
Drogas
Pesadas
Álcool +
Cigarro
3
4
7
3
3
6
Álcool
1
3
5
Cigarro +
Maconha
e Álcool
2
2
4
Numero
de
Pessoas
9
13
22
Fonte: Triagens da Clínica escola de psicologia.
Pode-se observar que o álcool está presente em (três) divisões do quadro
acima, o que indica que quase todos os usuários utilizam ou somente o álcool ou o
álcool conjugado com outras drogas. Segundo Chalub e Telles (2006), foi realizado
um estudo para levantar índices de pessoas com histórico de drogadição em Porto
Alegre, o que foi encontrado foi o fato de que 8,6% apresentavam Transtorno do
uso de Álcool e 3,6% Transtorno de uso de outras substâncias psicoativas.
Segundo a maioria dos médicos brasileiros, o problema do consumo alcoólico
tem solução apesar do aumento do número de dependentes ser cada vez maior no
país. O alcoolismo é responsável por 75% de todos os acidentes de trânsito com
mortes, 39% de ocorrências policiais e 40% de problemas psiquiátricos, além
disso, 15% da população do país é alcoólatra. Estes são alguns dados como o
30
álcool esta presente na vida dos brasileiros, inclusive sobre os mais jovens.
(CHALUB; TELLES, 2006).
Observa-se também, no quadro acima, uma diferença significativa no uso de
álcool entre os sexos feminino e masculino, segundo Serrat (2001), nas sociedades
ocidentais em torno de 10% das mulheres e 20% dos homens fazem uso abusivo
do álcool, sendo que 5% das mulheres e 10% dos homens apresentam a síndrome
de dependência do álcool ou alcoolismo.
Os achados desta pesquisa não estão de acordo com os dados encontrados,
pois, contrário ao que a literatura aponta, nossa amostra demonstrou uma
incidência maior do número de mulheres usuárias de álcool. Isto provavelmente
está relacionada ao fato de que historicamente são as mulheres que procuram com
mais facilidade ajuda terapêutica.
4.1.5 Distribuição dos documentos por tempo de atendimento
Este quadro tem a função de demonstrar o tempo de permanência destes
pacientes na Clínica Escola, sendo este o último critério para seleção da amostra
do estudo qualitativo. Para tanto, dos 22 Doc. serão considerados somente aqueles
que relatam a permanência de pacientes com mais de oito atendimentos.
31
Quadro n. 5 Histórico do tempo de atendimento dos 22 pacientes com
histórico de drogadição:
Nº Doc.
Tipo de Droga
7922
8118
8439
8403
8360
8128
8429
7837
8268
8204
7848
8499
7963
8423
8441
7906
8472
8334
8358
84
8488
8401
Nº triagens
Nº atendimento
Total de
Atendimento
Cigarro +Álcool
2
0
2
Cigarro + álcool.
Cigarro +álcool
Cigarro + álcool
Álcool.
Cigarro, álcool, ácido, chá de
cogumelo, maconha e cocaína.
Álcool.
Cigarro + Álcool
Cigarro, maconha, êxtase, LSD,
lança perfume, cocaína e crack.
Cigarro, maconha e álcool.
Álcool, cigarro, maconha,
cocaína, cocaína injetável e
crack.
Cigarro, maconha e álcool.
Álcool, maconha e cocaína.
Cigarro, álcool e maconha
Cigarro + álcool
Álcool, cigarro, maconha, crack,
cocaína.
Cigarro, álcool e maconha.
Álcool
Álcool.
Álcool, maconha e crack.
Cigarro, maconha e cocaína.
Álcool
4
4
4
4
4
3
5
11
5
14
7
9
15
9
18
4
4
4
22
10
1
26
14
5
4
1
1
0
5
1
4
4
4
4
4
3
0
3
1
5
7
4
7
5
9
4
4
4
4
1
4
1
22
9
6
0
0
5
26
13
10
1
4
Fonte: Triagens da Clínica Escola de Psicologia.
Mais uma vez evidencia-se a falta de adesão ao tratamento desta clientela,
segundo Andrade, Castel e Hochgraf, (1995 apud, OCCHINI e TEIXEIRA, 2006)
ressaltam que, independente dos tratamentos a serem aplicados, deve-se levar em
conta que é fundamental existir o desejo de se tratar por parte do drogadicto, pois
isso constitui um poderoso elemento para a adesão ao tratamento.
32
Segundo Zaleski (2006), os pacientes com histórico de drogadição,
demandam maiores esforços por parte do terapeuta para estabelecer uma aliança
capaz de promover mudanças em seu comportamento e aumentar as
possibilidades de aderência à terapia proposta.
Colaborando com esta questão, encontra-se também em Santos (1997) que,
a recuperação de um drogadicto, vai depender do que restou de favorável na
configuração dos aspectos positivos e negativos da vida do paciente, ou seja,
quanto maior for o saldo positivo, melhor será o prognóstico. Assim, neste
momento, entram inúmeras circunstâncias pessoais, familiares e sociais que irão
pesar para a recuperação, como por exemplo, a duração do tratamento, apoio
familiar, variação toxicológica e relações sociais.
De acordo com o autor acima, a questão de maior importância para a cura do
drogadicto está em realizar um tratamento, concomitantemente com a família deste
usuário, pois sabe-se que drogadictos que têm famílias estáveis, vida social
adequada (longe de usuários) e emprego são mais propensos à cura, exatamente
porque família, lazer e trabalho são instituições básicas para o indivíduo.
Dr. Richard Rawson, renomado psiquiatra norte-americano com grande
sucesso na cura de heroinômanos, diz que “o tratamento designado como um
episódio único não reflete a realidade do vício; não é como tirar o apêndice é mais
parecido com os trabalhos feitos com pessoas que sofrem de pressão alta cujo
controle deve ser mantido permanentemente”, sendo o tratamento um processo
contínuo. (SANTOS, 1997, p.129).
33
4.2 Análise Qualitativa dos documentos investigados:
A seguir será apresentado um resumo dos dez pacientes que permaneceram
em atendimento por mais de oito encontros, seguida de uma análise qualitativa dos
dados investigados com a devida compreensão teórica.
Estes dados foram retirados dos documentos das triagens, dos relatos
mensais e das fichas de desligamento.
34
4.2.1 – Doc. A
1- DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Nome (iniciais): A. V.
Número prontuário: 8439
Sexo: Masculino
Idade: 49
Estado Civil: casado
Tipo de droga: Cigarro +álcool
Tempo de permanência aos atendimentos: nove dias
2- QUEIXA PRINCIPAL
Procurou a clínica com o histórico de Impotência Sexual há 16 anos, foi
internado (três) vezes em clínicas psiquiátricas para tratamento de alcoolismo.
Tem boa vida social, foi alcoólatra dos 14 aos 35 anos, e fumante dos 10 aos 46
anos. Não tinha boa relação com o pai, pois o mesmo também era alcoolista.
Este, atualmente não bebe mais o que melhorou a relação dos dois. Apresenta
alteração de linguagem, (fala murmurada).
3- HIPÓTESE DIAGNÓSTICA E CO-MORBIDADE
Transtorno Erétil devido a fatores combinados
4- DEMANDA TERAPÊUTICA
Apresentou dificuldade na área da sexualidade dos relacionamentos
interpessoais, familiares e queixa do uso indevido de álcool.
5- RECURSOS DE INTERVENÇÀO
Não foi encontrado algum registro de intervenção, os dados coletados
indicaram somente um período de investigação.
6- REDE DE APOIO
Não relatou possuir rede de apoio.
7- MOTIVO DO DESLIGAMENTO
Foi desligado por exceder o número de faltas permitidas.
8- RESULTADOS OBTIDOS
Não foi encontrado relato dos resultados
35
4.2.2 – Doc. – B
1- DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Nome (iniciais): C.A. B.
Número prontuário: 8403
Sexo: Feminino
Idade: 48
Estado Civil: Separada
Tipo de droga: Cigarro + álcool
Tempo de permanência aos atendimentos: 15 dias
2- QUEIXA PRINCIPAL
Faz tratamento para depressão há oito anos, sendo esta também sua queixa
principal. Mora com o filho, não se relaciona bem com a filha, seu ex-marido era
alcoolista e atualmente iniciou um namoro com outro alcoolista. Apresenta
alteração na Sensopercepção com prováveis alucinações auditivas, alteração do
pensamento, psicomotricidade e afetividade.
3- HIPÓTESE DIAGNÓSTICA E CO-MORBIDADE
Transtorno Depressivo Maior Severo.
4- DEMANDA TERAPÊUTICA
Histórico de quatro relacionamentos com pessoas alcoólatras, fortes
conflitos interpessoais, episódios de depressão e dificuldade na área profissional.
5- RECURSOS DE INTERVENÇÀO
Foram utilizados técnicas de reflexão da vida, análise funcional e outros
recursos de confrontação.
6- REDE DE APOIO
Não relatou possuir rede de apoio.
7- MOTIVO DO DESLIGAMENTO
Foi desligada por exceder o número de faltas permitidas pela Clínica-Escola.
8- RESULTADOS OBTIDOS
Apresentou melhora nos sintomas de depressão, contudo as questões de
alcoolismo não aparecem na demanda terapêutica e por conseqüência não foram
trabalhadas.
36
4.2.3 – Doc. – C
1- DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Nome (iniciais): C. A. C. F.
Número prontuário: 8360
Sexo: Feminino
Idade: 43
Estado Civil: Divorciada
Tipo de droga: Álcool.
Tempo de permanência aos atendimentos: (nove) dias
2- QUEIXA PRINCIPAL
Queixa de confusão mental, comportamento alterado ora agressiva ora
deprimida, seus sintomas começaram quando soube que era filha adotiva, pois
perdeu a vontade de viver. Relata que seu pai faleceu por problemas com bebida,
e que ela (paciente) diz ser alcoolista como o pai. Diz não beber freqüentemente
por conta dos remédios que toma, pois apresenta o diagnóstico de Transtorno
Bipolar.
3- HIPÓTESE DIAGNÓSTICA E CO-MORBIDADE
Transtorno Bipolar
4- DEMANDA TERAPÊUTICA
Histórico de depressão e ansiedade. Dificuldades na vida social e
profissional, conflitos na relação afetiva.
5- RECURSOS DE INTERVENÇÀO
Dificuldades de intervenção pelo nível de resistência da paciente.
6- REDE DE APOIO
Não relatou possuir rede de apoio.
7- MOTIVO DO DESLIGAMENTO
Foi desligada por exceder o número de faltas permitidas pela clínica-escola.
8- RESULTADOS OBTIDOS
Não apresentou resultados.
37
4.2.4 – Doc. – D
1- DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Nome (iniciais): C. J.C.
Número prontuário: 8128
Sexo:Feminino
Idade: 25
Estado Civil: Solteira
Tipo de droga: Cigarro, álcool, ácido, chá de cogumelo, maconha e cocaína.
Tempo de permanência aos atendimentos: 18 dias
2- QUEIXA PRINCIPAL
Falta de concentração, agressiva, insegura, diz ora comer compulsivamente
e ora não ingerir nenhum tipo de alimento. Diz ter mágoas dos pais por eles
sempre a terem tratado diferente dos demais irmãos. Não tem bom
relacionamento com os irmãos, compareceu aos atendimentos acompanhada
pela prima que mora com ela. Apresenta alterações de memória (fixação),
pensamento (descarrilamento) com idéias delirantes de ciúmes, consciência do
eu alterada (com diminuição da valoração, auto-estima), afetividade alterada,
atenção hipotenas e vontade (frangofilia e compulsão).
3- HIPÓTESE DIAGNÓSTICA E CO-MORBIDADE
Transtorno de Personalidade Boderline e Transtorno Ciclotímico.
4- DEMANDA TERAPÊUTICA
Durante os 18 atendimentos a paciente não focaliza uma temática,
apresenta instabilidade emocional, dificuldade de vínculo afetivo, sentimento de
menos valia, incertezas quanto ao futuro profissional e episódios de compulsão.
5- RECURSOS DE INTERVENÇÀO
Observou-se que as intervenções ficaram restritas as dificuldades de
relacionamento.
6- REDE DE APOIO
Comparece aos atendimentos acompanhada pela prima, não refere a circulo
de amizades, quando necessário recorre à mãe.
7- MOTIVO DO DESLIGAMENTO
Foi desligada por exceder o número de faltas permitidas pela clínica-escola.
8- RESULTADOS OBTIDOS
Durante o tratamento não apresentou disponibilidade para tratar questões
que envolvam o uso abusivo de drogas.
38
4.2.5 – Doc. – E
1- DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Nome (iniciais): D. L. T.
Número prontuário: 8429
Sexo: Masculino
Idade: 59
Estado Civil:Casado
Tipo de droga: Álcool.
Tempo de permanência aos atendimentos: 26 dias
2- QUEIXA PRINCIPAL
Não sabe lidar com sua homossexualidade, diz sentir atração pelo mesmo
sexo desde sua infância. Relata que é casado e que mantém relações
extraconjugais com outro homem. Afirma ser alcoolista e que já usou diversas
drogas, mas não gostou, começou a beber com 16 anos e faz 20 anos que parou,
(este fato vem ao encontro de que há 20 anos assumiu para si sua
homossexualidade). Diz se relacionar bem com as filhas apesar destas não
aceitarem sua opção sexual.
3- HIPÓTESE DIAGNÓSTICA E CO-MORBIDADE
Transtorno Distímico e Problemas de Identidade.
4- DEMANDA TERAPÊUTICA
Durante os 22 dias de atendimento, trabalhou-se basicamente o seu conflito
de identidade homossexual, e todas as conseqüências envolvidas dentro desta
temática como: dúvidas quanto ao seu atual casamento, inseguranças e
incertezas quanto ao seu amante.
5- RECURSOS DE INTERVENÇÀO
Foram utilizadas várias técnicas psicoterápicas na tentativa de trabalhar os
conflitos emergentes que eram a identidade sexual e dúvidas no relacionamento
familiar.
6- REDE DE APOIO
Não relatou possuir rede de apoio.
7- MOTIVO DO DESLIGAMENTO
Foi desligado após avaliação com o paciente por considerar que o motivo da
queixa principal já tinha sido trabalhado e por não haver mais disponibilidade
deste para terapia.
8- RESULTADOS OBTIDOS
O paciente não procurou atendimento psicoterápico para trabalhar questões
relacionadas ao uso de álcool, pois se encontra abstêmico a mais de 20 anos.
39
4.2.6 – Doc. – F
1- DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Nome (iniciais): D. P. P.
Número prontuário: 7837
Sexo: Masculino
Idade: 16
Estado Civil: Solteiro
Tipo de droga: Cigarro + Álcool
Tempo de permanência aos atendimentos: 14 dias
2- QUEIXA PRINCIPAL
Trouxe como queixa a vontade de parar de beber e de comportamento
agitado, nervoso e negativo. Relata que já foi expulso de três escolas, já foi
internado em clínica psiquiátrica por ser agressivo, começou a fumar com 10
anos e a beber com nove. Não tem bom relacionamento com o padrasto. Sua
vida social no momento é de isolamento, pois relata que quer continuar sem
beber, (está seis meses em abstinência)
3- HIPÓTESE DIAGNÓSTICA E CO-MORBIDADE
Transtorno de Conduta Anti-Social.
4- DEMANDA TERAPÊUTICA
Complicações com a justiça, falta de interesse e motivação na vida e demonstrou
pouca adesão ao tratamento.
5- RECURSOS DE INTERVENÇÀO
Aplicação do TAT. Intervenções diretas sobre projeto de vida, adesão ao
tratamento, motivação e recontrato.
6- REDE DE APOIO
Possui rede de apoio: a mãe.
7- MOTIVO DO DESLIGAMENTO
Falta de comprometimento com o contrato estabelecido para tratamento.
8- RESULTADOS OBTIDOS
Não foram relatados resultados, pois o paciente não aderiu ao tratamento.
40
4.2.7– Doc. – G
1- DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Nome (iniciais): M. M.
Número prontuário: 7906
Sexo: Masculino
Idade: 21
Estado Civil: Solteiro
Tipo de droga: Álcool, cigarro, maconha, crack, cocaína.
Tempo de permanência aos atendimentos: nove dias
2- QUEIXA PRINCIPAL
Foi encaminhado à Clínica Escola por seu histórico de atos infracionários e
dependência química. Apresentou-se de maneira defensiva nos atendimentos e
negando seu histórico de uso abusivo de drogas. Os demais dados não puderam
ser coletados, pois o paciente se recusava a colaborar nos atendimentos.
3- HIPÓTESE DIAGNÓSTICA E CO-MORBIDADE
Transtorno de Conduta Anti-Social.
4- DEMANDA TERAPÊUTICA
Complicações judiciais. Relata o uso de drogas e as dificuldades da
abstinência. Demonstra dificuldades em entender a proposta do tratamento.
5- RECURSOS DE INTERVENÇÀO
As intervenções ficaram centradas em explicações sobre o processo
terapêutico, seu desenvolvimento e motivação para o mesmo.
6- REDE DE APOIO
Possui rede de apoio: a mãe.
7- MOTIVO DO DESLIGAMENTO
Foi desligado por exceder o número de faltas permitidas pela clínica escola.
8- RESULTADOS OBTIDOS
Não foram relatados resultados, pois o paciente não aderiu ao tratamento.
41
4.2.8 – Doc. – H
1- DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Nome (iniciais): R. M. R.
Número prontuário: 8334
Sexo: Feminino
Idade: 38
Estado Civil: Divorciada.
Tipo de droga: Álcool
Tempo de permanência aos atendimentos: 26 dias
2- QUEIXA PRINCIPAL
Queixa Principal: tristeza, raiva e depressão. Relata que depois que parou de
beber sua vida ficou sem graça e escura. Não apresenta boas relações sociais,
faz tratamento para sua dependência química com antidepressivos. Apresenta
alterações de memória, consciência, atenção e sensopercepção.
3- HIPÓTESE DIAGNÓSTICA E CO-MORBIDADE
Transtorno por uso de Álcool, Dependência de Álcool – 303.90 e
Abstinência de Álcool – 291.81
4- DEMANDA TERAPÊUTICA
Dificuldades com o uso de drogas, histórico de drogadição e dificuldades de
aderir ao tratamento. Oscila entre abstinência e recaída, falta de objetivos na vida
e dificuldades de relacionamento interpessoal.
5- RECURSOS DE INTERVENÇÀO
Foram aplicadas as técnicas: Gráfico da Vida, Árvore Projeto de Vida e
Prevenção da Recaída, todas voltadas à recuperação ao uso de álcool.
6- REDE DE APOIO
Não relatou possuir rede de apoio.
7- MOTIVO DO DESLIGAMENTO
Foi desligada por exceder o número de faltas permitidas pela clínica escola.
8- RESULTADOS OBTIDOS
A paciente apresentou períodos de abstinência em função do tratamento. No
entanto resistiu à terapia conjugada com a farmacoterapia e desistiu dos
atendimentos.
42
4.2.9 – Doc. – I
1- DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Nome (iniciais): R. F. L.
Número prontuário: 8358
Sexo: Feminino
Idade: 25
Estado Civil: Casada
Tipo de droga: Álcool.
Tempo de permanência aos atendimentos: 13 dias
2- QUEIXA PRINCIPAL
Diz não conseguir controlar a ingestão de bebidas. Sua vida social é
somente com pessoas que bebem, não trabalha somente estuda. Diz já ter
sofrido um acidente de carro por dirigir alcoolizada e relata uma relação
conflituosa com o marido.
3- HIPÓTESE DIAGNÓSTICA E CO-MORBIDADE
Dependência de Álcool – 303.90
4- DEMANDA TERAPÊUTICA
Dificuldade de controlar a ingestão de bebida alcoólica, histórico de
alcoolismo na família e apresenta conflito conjugal em função da bebida.
5- RECURSOS DE INTERVENÇÀO
Neste período de nove encontros, passou por duas estagiárias, sendo que a
intervenção terapêutica ficou centrada somente no estabelecimento de escuta e
vinculo.
6- REDE DE APOIO
Possui rede de apoio: o marido.
7- MOTIVO DO DESLIGAMENTO
Foi desligada por exceder o número de faltas permitidas.
8- RESULTADOS OBTIDOS
Não foram relatados.
43
4.2.10 – Doc. – J
1- DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Nome (iniciais): S. P. O. S.
Número prontuário: 8453
Sexo: Feminino
Idade: 27
Estado Civil:Casada
Tipo de droga: Álcool, maconha e crack.
Tempo de permanência aos atendimentos: 10 dias
2- QUEIXA PRINCIPAL
Ciúme doentio pelo marido, tristeza e ansiedade. Sua vida social é de
isolamento, diz só conversar o suficiente com as vizinhas, não trabalha.
Trabalhou como prostituta durante um ano e meio e neste período iniciou o uso
de drogas. Atualmente só faz uso de maconha escondido de seu marido. Tentou
suicídio por duas vezes. Relatou ter tido um relacionamento extraconjugal onde
engravidou, com dois meses de gestação foi atropelada e perdeu o bebê. Possui
alteração de afeto, pensamento e vontade.
3- HIPÓTESE DIAGNÓSTICA E CO-MORBIDADE
Depressão
4- DEMANDA TERAPÊUTICA
Foco de conflitos conjugais com história de traição, ciúmes patológico,
histórico de alcoolismo familiar, trazendo secundariamente o histórico de
prostituição.
5- RECURSOS DE INTERVENÇÀO
Resgate da auto-estima
6- REDE DE APOIO
Não relatou possuir rede de apoio.
7- MOTIVO DO DESLIGAMENTO
Foi desligada por exceder o número de faltas permitidas.
8- RESULTADOS OBTIDOS
Não foram relatados resultados, pois a paciente não aderiu ao tratamento.
Quadro 6 – Síntese dos pacientes demonstrados nos quadros acima:
Idade
Sexo
Droga
Queixa
Hipótese
Diagnóstica
Demanda
Intervenção
Motivo
do
Desligamento
Resultado
não
Rede
de
apoio
não
A
49
M
48
F
Impotência
sexual
Humor
C
43
F
Álcool
Humor
D
25
F
Conjugada
Humor
E
59
M
Álcool
Relacionamento
F
16
M
Álcool+
cigarro
Álcool
G
21
M
Conjugada
Atos
Infracionários
H
I
38
25
F
F
Álcool
Álcool
Humor+ álcool
Álcool
D
27
F
Conjugada
Relacionamento
Transtorno
Erétil
Transtorno
Depressivo
Maior
Transtorno
Bipolar
Transtorno de
Personalidade
Boderline
Transtorno
Distímico
Transtorno de
conduta Antisocial
Transtorno de
conduta Antisocial
Etilismo Social
Abuso
de
álcool
Transtorno
Depressivo
sim
B
Álcool+
cigarro
Álcool+
cigarro
Falta
não
não
sim
não
Falta
não
não
não
não
Falta
não
não
não
sim
Falta
não
não
não
sim
Falta
não
sim
sim
Falta
não
não
não
sim
Falta
não
sim
sim
sim
sim
não
não
Falta
Falta
não
não
sim
não
não
Faltas
não
De acordo com os dados levantados nesta amostra podemos constatar os
seguintes achados:
•
Em relação à faixa etária existe uma prevalência de pacientes acima da
meia idade que procuram e permaneceram em atendimento. Este achado corresponde
a um estudo feito por Ebert (2002), onde os sintomas de dependência ao álcool
aparecem nesta ordem relativa: consumo intenso aos 25 anos de idade; interferência
do funcionamento em múltiplas áreas do paciente após os 30 anos; perda de controle,
seguida de intensificação de problemas sociais e conseqüências clínicas na metade e
ao final da quarta década; e conseqüências severas ao longo prazo após os quarenta
anos.
No entanto, apesar desta prevalência, não desconsideramos que as drogas
atualmente não têm mais preferência de faixa etária, então, como é indicado na
amostra passa a ser um problema social. Segundo Ballani e Oliveira (2007), o uso de
drogas de abuso é hoje considerado um problema de saúde pública no Brasil, ocasiona
intercorrências indesejáveis como crises familiares, atos violentos e internações
hospitalares, aumentando a taxa de ocupação de leitos hospitalares, assim contribuindo
para a sobrecarga do Sistema Único de Saúde (SUS), o que requer atenção
sistematizada.
•
Considerando a questão de gênero, os dados permanecem conforme
achados no estudo quantitativo, ou seja, prevalece o maior índice de mulheres que
procuram e permanecem em atendimento. Fato este já justificado, provavelmente,
porque historicamente são as mulheres que mais buscam atendimentos na Clínica
Escola.
46
•
Quanto ao tipo de droga utilizada, verificamos que estas se apresentam
de forma conjugada, como já foi mencionado nesta pesquisa, verifica-se hoje que o
aumento do uso de drogas conjugadas está ligado ao fato da curiosidade de
experimentar outras drogas e seus efeitos, pelo organismo já ter acostumado com a
droga de uso freqüente e o indivíduo busca drogas mais pesadas, pois o álcool e o
cigarro, em muitos casos tornam-se a porta de entrada para as drogas mais pesadas,
enfim qualquer um dos motivos citados significa um aumento alarmante do consumo
conjugado e uma maior dificuldade de abstinência total.
•
Em relação a suas Queixa Principal e Demanda Terapêutica, observou-
se de forma geral, dificuldades do paciente trazer para o setting terapêutico as suas
dificuldades relacionadas ao uso de drogas. Isto se deve ao processo de negação e
resistência tão esperado na dinâmica destes pacientes.
Segundo Jungerman e Laranjeira (1999), o drogadicto passa por alguns estágios
e conceitos psicológicos importantes antes de aceitar seu tratamento, o primeiro deles é
a “ambivalência”, que significa a experiência de um conflito psicológico para decidir
entre dois caminhos: o das drogas ou o da vida. O segundo é a “prontidão para a
mudança”, que significa a motivação ou vontade de mudar. No estágio de “précontemplação”, o drogadicto ainda não está considerando a mudança, neste estágio
muitos nem se quer tratam a drogadição como um problema, podendo ser chamado
“resistente” ou “em negação”.
Os autores afirmam que somente quando alguma consciência sobre o problema
aparece, é que a pessoa entra no estágio seguinte, o de “Contemplação”, nesta fase, o
drogadicto considera a mudança, mas ao mesmo tempo a rejeita e é nesta fase que a
47
ambivalência, estando em seu ápice, deve ser trabalhada precisamente rumo à decisão
de mudar. Trabalhada a ambivalência, vem o estágio de “Preparação”, no qual o
drogadicto encontra-se compromissado com a mudança. O estágio seguinte é o da
“Ação”, no qual o sujeito já muda e usa a terapia como um meio de assegurar-se em
suas condições externas para a mudança, sendo que o próximo estágio é a
“Manutenção” destas mudanças, uma vez que se deve ter em conta, que atingida
alguma mudança, não significa que a pessoa se manterá neste estágio: pois muitas
acabam recaindo e tendo que recomeçar o processo.
Uma reflexão sobre A Hipótese Diagnóstica e Comorbidade também se fazem
presente neste estudo. Observa-se que o diagnóstico de dependência química,
apresenta-se de forma conjugada a alguns transtornos, que segundo Serrat (2001),
estudos foram realizados e observaram que portadores de transtornos mentais como
ansiedade, anti-social, pânico, fobias, depressão, esquizofrenia entre outros, apresenta
maior prevalência de problemas relacionados ao uso de álcool do que a população em
geral.
Conforme o autor supra citado, o Centro Nacional para estudos de Abuso de
Drogas dos Estados Unidos publicou um estudo dos anos 1999 e 2000 que
investigaram o consumo de álcool, drogas e cigarros entre mulheres com mais de 60
anos de idade, foram reconhecidos apenas 1% de casos típicos de alcoolismo. É
notável que 80% dos médicos tiveram dificuldades em identificar os sintomas do
alcoolismo, mas o que ficou evidenciado foi o fato de 80% destas mulheres
apresentarem sintomas de depressão.
48
Portanto, ao levarmos em conta um levantamento feito nos EUA que relata que em
torno de dois milhões de mulheres acima dos 60 anos usam imoderadamente bebidas
alcoólicas, quase três milhões abusam de drogas e que 4,5 milhões são tabagistas,
ressaltamos o que foi citado acima sobre os transtornos. Muitos sintomas psiquiátricos
são causados por uso ou abstinência de drogas, os sintomas depressivos como
insônia, redução da libido, anedonia (falta de prazer) e ideação suicida são com
freqüência observados no alcoolismo crônico.
Quanto a sintomas maníacos como euforia e auto-estima exagerada, esses podem
ser reflexos da intoxicação pelo álcool. A abstinência das drogas também pode
provocar sintomas psiquiátricos, como idéias delirantes e alucinações associadas ao
delírium tremes ou a agitação psicomotora associada à abstinência de álcool ou de
tranqüilizantes.
Observamos no quadro acima que um dos pacientes analisados apresentam junto
ao seu diagnóstico de abuso de drogas o Transtorno Bipolar.
Pesquisas realizadas no “Epidemiological Catchment Área Study” (ECA), em 2001,
mostraram que 56,1% dos portadores de Transtorno Bipolar apresentam comorbidade
com abuso/dependência de álcool e drogas, sendo que o estudo revelou que as
complicações associadas ao abuso de álcool e drogas na doença Bipolar incluem taxas
mais altas de estados mistos (entre os quais a mania disfórica) e ciclagem rápida
(quatro ou mais episódios por ano), além de acarretar maior risco de suicídio.
Também foi observado nesta amostra, dois casos de pacientes com hipótese
diagnóstica de Transtorno de Personalidade Anti-Social e um com Transtorno de
Personalidade Boderline, segundo Chalub e Telles (2006), foi avaliada uma população
49
de mulheres que cumpriam pena em Raleigh, Carolina do Norte, e encontraram altas
taxas de dependência e abuso de substância concomitante com transtornos
psiquiátricos, com a prevalência destes: Transtorno de Personalidade Anti-Social e
Transtorno Boderline.
Segundo Zaleski (2006), comorbidade pode ser definida como a ocorrência de
duas entidades diagnósticas em um mesmo indivíduo. Ao estudarmos a dependência
de álcool e outras substâncias (AOS), observamos que a manifestação de transtornos
mentais e de comportamento decorrentes do uso de drogas e de outros transtornos
psiquiátricos vem sendo bastante estudada. De fato, o abuso de substâncias é o
transtorno coexistente mais freqüente entre portadores de transtornos mentais. Sendo
que os transtornos mais comuns incluem os transtornos de humor, como a depressão,
tanto uni como bipolar, transtornos de ansiedade, Distímico e Ciclotímico, déficit de
atenção e hiperatividade. Transtornos de Personalidade como Anti-Social também
apresentam estreita correlação com o abuso de substâncias.
Finalmente, foram encontradas na amostra acima citada, duas pessoas com
hipótese diagnóstica de depressão. Ainda de acordo com Zaleski (2006), foi verificado
em vários estudos, que em pacientes com transtorno de depressão ou ansiedade, de
20 a 45% deles relataram histórico de drogadição. E ainda, pesquisas revelam que
aproximadamente 33% dos adultos com TDAH apresentam antecedentes de abuso ou
dependência de álcool e 20% deles história de abuso ou dependência de outras
substâncias.
• Ao se tratar da Rede de Apoio, mais especificamente a rede familiar,
verificou-se que a maioria dos pacientes não apresenta em seus relatos apoio familiar,
50
a incidência de apoio aparece preferencialmente nos pacientes mais jovens que são
acompanhados pela sua mãe.
Esta carência de apoio provavelmente foi um dos fatores de interferência ao
tratamento, pois, de acordo com Cunha (2006) existe uma relação direta entre o
comportamento do dependente no convívio familiar e a responsabilidade da família
como reação a este comportamento. É imperativa a participação da família no processo
de recuperação do dependente, dificilmente esta recuperação se sustenta sem a efetiva
participação familiar e ainda de acordo com Zimermman (1997), para que possa auxiliar
no tratamento de forma efetiva, a família deve estar ciente da problemática que envolve
a todos e procurar ajuda, tanto externa quanto interna, procurar meios que favoreçam a
promoção de saúde.
No contexto social segundo os autores Figlie, Bordin e Laranjeira (2004), podese dizer que a apologia ao consumo das drogas lícitas feita pela família ou até mesmo
pela mídia (uso de álcool, nicotina etc) poderá induzir o indivíduo a iniciar o consumo.
Tem-se então uma sociedade que ao mesmo tempo critica, repudia e sofre com o uso
de drogas e suas conseqüências, ou seja, involuntariamente incentiva esse indivíduo a
buscar soluções imediatas para o alívio de situações desprazerosas da vida.
É nesta sociedade que a família se desenvolve, sendo que esta segundo Uchôa
(2002), é conceituada por aspectos biológicos, sociais e legais, e ressalva ser uma
matriz com responsabilidade particular de viver juntos, empregando divisões de papel
com o objetivo de sociabilização, aculturação, pelo modo de se relacionar, pelos seus
valores e por suas crenças inconscientes.
51
Pelo fato de ser co-responsável pela formação dos indivíduos, a família está
diretamente ligada no desenvolvimento saudável ou doentio de seus membros.
(SCHENKER; MINAYO, 2003 apud, OLIVEIRA, 2005). E ainda, segundo Eduardo
Kalina, (1986):
“Toda dependência tem sua fonte inspiradora na
família e/ou no meio social imediato e/ou mediato.
Nessa família em que um dos membros se desvia e
se volta às drogas, sempre há um ou vários modelos
de dependentes, mesmo quando nenhum deles tenha
incursionado nos termos ilegais”. (Serrat, 2001,
p.170).
• Em relação às Intervenções Terapêuticas pode-se observar dificuldade
por parte dos estagiários em estabelecer estratégias de ação em função da
complexidade dessa dinâmica e pelo nível de resistência apresentado.
Segundo Figlie, Bordin e Laranjeira (2004), o tratamento do drogadicto é muito
complexo, primeiramente a pessoa necessitará re-significar sua identidade, pois esse
foi um dos motivos que o levou ao uso de drogas e reaprender a encontrar prazer em
outras atividades sem o uso de drogas.
Segundo Andretta e Oliveira (2005), existem tipos de tratamento para drogadictos,
vários deles já apresentam eficácia cientificamente comprovada, como o tratamento
ambulatorial, que é indicado para aproximadamente 70% dos casos. Outro tratamento é
o modelo dos 12 passos, o tratamento farmacológico, tratamento psicológico, enfim
todos buscam a abstinência como meta e a reorganização global do sujeito.
A Clínica-Escola como já mencionado, é outro tipo de atendimento oferecido aos
dependentes químicos, este tem por objetivo, prestar atendimento psicoterápico
individual a uma parcela significativa da população e também orientar estudantes para
52
a prática, beneficiando aos estudantes e a população. (BARBOSA; SILVARES, 1994,
apud, ENÉAS, 2000).
Segundo Kalina (1999), uma diretriz importante a ser levada em conta é o fato de
que a recuperação do adicto encontra-se profundamente unida à transformação das
estruturas do sistema social no qual foi possível o surgimento da adicção. É a partir
deste ângulo interpretativo da saúde, que podemos definir a drogadição como uma
prática alienada, assim como resultam fatalmente alienadas a técnica e a teoria
terapêutica, que devido as suas limitações ideológicas, devolvem passivamente o exadicto a uma sociedade que fomenta a adicção em todas as suas formas.
• Finalmente, ao analisar esta amostra os dados indicaram que 90% dos
pacientes abandonaram o tratamento e que nenhum caso apresentou resultados
concretos no que diz respeito a recuperação dos dependentes. Como já foi discutido
nesta pesquisa, o tratamento só acontece mediante a participação ativa e
principalmente a necessidade consciente do paciente em se tratar. De acordo com
Andrade, Castel e Hochgraf, 1995 (apud OCCHINI e TEIXEIRA, 2006), ressaltam que,
independente dos tratamentos a serem aplicados, deve-se levar em conta que é
fundamental existir o desejo de se tratar por parte do drogadicto, pois isso constitui um
poderoso elemento para a adesão ao tratamento.
53
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ciente da problemática que o uso indevido de substância química vem
apresentando na sociedade atual e pelas suas conseqüências multifatoriais levantou-se
como questão norteadora, quais seriam as formas de tratamento para esta demanda e
qual o índice de resultados obtidos. Para responder esta questão, buscou-se fazer um
estudo documental com objetivo de compreender a trajetória de pacientes com história
de drogadição atendidos em uma Clínica Escola de Psicologia. Desta forma, os dados
apontaram para as seguintes considerações:
•
O nível de resistência desses pacientes ainda é grande e corresponde ao que já
é esperado e demarcado pela literatura. São pacientes que apresentam em sua
dinâmica grande dificuldade de adesão ao tratamento, pelo seu alto índice de
resistência e negação frente à problemática instalada.
•
Da mesma forma, foi encontrado com muita freqüência um alto índice de
diagnóstico conjugado com outros transtornos psiquiátricos. Estas patologias como
Transtorno de Personalidade, mais especificamente Boderlaine, Histriônico e Antisocial; os transtornos de Humor Bi-polar; Transtorno de ansiedade generalizada, TOC;
a hiperatividade em adulto e alguns Transtornos de Impulso, tem sido tratadas pela
literatura como causa importante que leva ao uso abusivo de substância. Confirmando
assim os dados investigados.
•
Apesar de estudos epidemiológicos demonstrarem que existe uma estimativa de
maior prevalência de homens usuários de droga, ainda são as mulheres que mais
procuram atendimentos para tratamento e como foi discutido ao longo do trabalho,
54
provavelmente esta estatística está condicionada ao fato de ser as mulheres, em geral
que procuram atendimento psicoterápico na Clínica Escola.
•
Ficou evidente a falta de estratégias de atendimento para este tipo de clientela.
Em função da dinâmica desses pacientes, considera-se importante uma reavaliação do
modelo de atendimento, e assim, criar um programa específico que de conta dessa
demanda.
•
As questões familiares também se fazem presentes nessas considerações. A
literatura vigente tem considerado de importância fundamental a rede de apoio no
auxílio da recuperação, participando e atuando intensamente nas estratégias
terapêuticas. Esta realidade, de forma geral, não foi encontrada nos relatos
investigados.
•
Por fim, o baixo número de procura de atendimento desses pacientes com
grande possibilidade está relacionado à resistência como já foi mencionado acima,
porém, o que nos leva a questionar é se também, não existe uma cota de
responsabilidade da falta de políticas públicas e dos encaminhamentos, verificar como
essas pessoas ficam sabendo sobre o tratamento oferecido, se ficam sabendo.
Considerando a complexidade desta temática sugere-se a continuidade desse
estudo por meio de novas pesquisas, que poderão ser desenvolvidas de forma
qualitativa com pacientes atendidos na clínica escola e com estagiários e supervisores
que atuam em Psicologia Clínica.
55
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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adolescencia. Rio de Janeiro: Psicologia Clínica. v.17 n.2, 2005.
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Contexto: v.16. n.3. Editora UFSC. Florianópolis, 2007.
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56
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ZIMERMAN, David E; OSORIO, Luiz Carlos. Como trabalhamos com grupos. Porto
Alegre: Artmed, 1997.
57
7. ANEXOS
7.1 Roteiro de Triagem e Anamnese
7.2 Relatório Mensal
7.3 Ficha de Desligamento
7.4 Termo de Ciência e Compromisso
58
7.1 Roteiro de Triagem e Anamnese
Roteiro de Triagem
Triagem nº:
( ) Encaminhamento pelo Sistema Único de Saúde
( ) Busca espontânea
DADOS PESSOAIS:
Data de nascimento:
Sexo:
Ocupação profissional:
DADOS ESCOLARES:
Escolaridade:
Nome da escola:
Idade:
Estado civil:
Local:
Telefone:
VIDA SOCIAL:
Como ocupa seu tempo livre:
Locais que costuma freqüentar:
Atividades esportivas:
Interesses:
DADOS FAMILIARES:
Nº de filhos:
Nº de irmãos:
Renda mensal familiar:
Escolaridade dos pais:
Pai:
Ocupação:
Local:
Sexo e idade:
Sexo e idade:
Estado civil dos pais:
Mãe:
Ocupação:
Local:
HISTÓRIA CLÍNICA:
(Internações; doenças)
Fez ou faz algum tratamento de saúde: ( )Sim ( )Não
Qual?............................................
Usa Medicamentos: ( )Sim ( )Não Quais:.........................Tempo:................................................
HIPÓTESE DIAGNÓSTICA E ENCAMINHAMENTO: (DSM-IV/CID-10):
HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DA QUEIXA:
DINÂMICA FAMILIAR:
EXAME PSÍQUICO:
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA (HIPÓTESE DIAGNÓSTICA):
Data da Triagem:
Estagiário:.........................................................
Professor:
59
I – IDENTIFICAÇÃO
ROTEIRO DE ANAMNESE ADULTO1
CLÍNICA DE PSICOLOGIA
Nº do prontuário:____________________
Encaminhamento: _________________________________________________
II – QUEIXA PRINCIPAL (QP)
________________________________________________________________
-Outras queixas:____________________________________________________
Observações:_______________________________________________________
III – HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL (HDA)
-Época de início do(s) sintoma(s):
__________________________________________________________________
-Como o(s) sintoma (s) vem se apresentando:
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
- Sob que condições o(s) sintoma(s) melhoram ou pioram:
__________________________________________________________________
-Instalação do(s) sintoma(s) : súbita ( ) progressiva ( )
-Fato(s) associado(s) ao desencadeamento do(s) sintoma(s):
__________________________________________________________________
- Alteração de interesses: sim ( ) não ( ) Quais:______________________
-Alteração de hábitos: sim ( ) não ( ) Quais:__________________________
__________________________________________________________________
-Alteração de comportamento ou personalidade: sim ( ) não ( ) Quais:_____
__________________________________________________________________
-Providências tomadas:_______________________________________________
__________________________________________________________________
-Realização de tratamentos anteriores e seus resultados:____________________
__________________________________________________________________
-Internações (psiquiátricas) anteriores e causas:___________________________
__________________________________________________________________
-Como o paciente sente-se (o mais claro e detalhado possível):
______________________________________________________________________
- Uso de medicação (dose, duração e uso): sim ( ) não ( ) Quais:_____________
______________________________________________________________________
Observações:
IV - HISTÓRIA PESSOAL (HP)
1) Condições de Nascimento e Desenvolvimento:
a) Gestação (quadros infecciosos, traumatismos emocionais ou físicos, prematuridade
ou nascimento a termo) parto (normal, fórceps, cesariana), condições ao
nascer:________________________________________________________________
b) Dentição, deambulação, desenvolvimento da linguagem, controle de
esfíncteres:_____________________________________________________________________
60
2) Sintomas Neuróticos da Infância:
a) Medos, terror noturno, sonambulismo, sonilóquio, tartamudez, enurese noturna,
condutas impulsivas (agressão ou fuga), chupar dedo ou chupeta (idade), crises de
nervosismo, tiques, roer unhas, ser uma criança modelo:
______________________________________________________________________
3) Escolaridade:
a) Início, evolução, rendimento escolar (desempenho),aptidões especiais, dificuldades
de aprendizagem, relacionamento com professores e colegas:
______________________________________________________________________
b) formação de grupos, amizades, popularidade, interesse por esportes, escolha
profissional:____________________________________________________________
4) Lembrança Significativa:
a) Lembrança antiga mais significativa:___________________________________
______________________________________________________________________
5) Puberdade:
a) Manifestação dos primeiros sinais:____________________________________
______________________________________________________________________
b) Mulheres: menarca, regularidade, duração e cólicas relacionadas ao ciclo menstrual,
cefaléias, alterações psíquicas (nervosismo, emotividade, depressão), menopausa, último
ciclo:________________________________________________________________________________
6) História Sexual:
a)
Primeiras
informações
que
o
paciente
obteve
e
quem
forneceu:______________________________________________________________
______________________________________________________________
b) Primeiras experiências masturbatórias, início da atividade sexual, jogos sexuais, atitude ante
o sexo oposto:
__________________________________________________________________
c) Namoro; intimidades; casamento; experiências sexuais extraconjugais; homossexualismo;
separações; recasamentos; outros:
______________________________________________________________________
7) Vida Social:
______________________________________________________________________
8) Trabalho:
a) Início:_______________________________________________________________
b) Diferentes empregos e funções desempenhadas:
______________________________________________________________________
c) Regularidade nos empregos, motivos de demissão ou afastamento:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________
d) Satisfação no trabalho, ambições, circunstâncias econômicas atuais,
aposentadoria:__________________________________________________________
______________________________________________________________________
9) Hábitos:
a) Uso de álcool, fumo ou outras substâncias:
______________________________________________________________________
61
Observações:___________________________________________________________
V – HISTÓRIA FAMILIAR (HF)
1) Relacionamento com Pais:
a) Idade, saúde, falecidos (causa e data do falecimento),ocupação profissional, personalidade,
recasamentos, ocorrência de doença mental:
______________________________________________________________________
2) Relacionamento com Irmãos:
a) Idade, condições maritais, ocupação profissional, personalidade, ocorrência de doença
mental:_________________________________________________________________
3) Relacionamento com Cônjuge:
a) Idade, ocupação profissional, personalidade, compatibilidade, vida sexual, frigidez ou
impotência, medidas anticoncepcionais:
______________________________________________________________________
4) Relacionamento com Filhos:
a) Número, idades, saúde, personalidade:
______________________________________________________________________
VI – HISTÓRIA PATOLÓGICA PREGRESSA (HPP)
1) Antecedentes mórbidos do paciente (doenças físicas):
a) Viroses comuns na infância, desmaios, convulsões (freqüência), doenças, cirurgias,
anestesias, acidentes, traumatismos (sintomas, datas, duração), internações e
tratamentos:_____________________________________________________________
VII – EXAME PSÍQUICO (EP)2
Aparência geral
______________________________________________________________________________
Consciência:
( ) lucidez ( ) obnubilação ( ) torpor ( ) coma ( ) estados confusionais
( ) outro: ______________________________________________________________________
Atenção:
( ) atento ( ) distraído ( ) hipervigil ( ) hipovigil ( ) hipertenaz ( ) hipotenaz
Orientação:
Autopsíquica:
( ) presente
( ) parcialmente
( ) ausente
Alopsíquica:
temporal
( ) presente
( ) parcialmente
( ) ausente
espacial
( ) presente
( ) parcialmente
( ) ausente
Sensopercepção:
( )normal ( ) ilusões ( ) alucinações
Obs:__________________________________________________________________________
Memória:
( ) normal ( ) alterada
Obs:__________________________________________________________________________
Linguagem:
articulação: ( ) normal
( ) alterada
Obs:_____________________________________________________________________
ritmo:
( ) normal, fluente ( ) lento ( ) rápido ( ) alto ( ) baixo ( ) ininterrupto
2
Quando no exame psíquico forem observadas alterações, o aluno deverá especificá-las.
62
( ) contínuo ( ) murmurado
( ) outro: ___________________________________
tonalidade: ___________________________________________________________________
conteúdo:_________________________________________________________________
Inteligência: ( ) boa compreensão e adequação, em relação às perguntas e respostas
( ) déficit de compreensão e adequação( ) não responsivo
Pensamento:
- curso:
( ) adequado ao conteúdo
( ) lentificado
( ) acelerado
( ) fuga de idéias
( ) bloqueio ( ) prolixidade ( ) descarrilamento ( ) perseveração
- conteúdo:
( ) sem alterações ( ) delírios ( ) obsessões ( ) medos ( ) idéias supervalorizadas ( ) idéias
suicidas ( ) idéias heteroagressivas
( ) outro: _____________________________________
- forma:
( ) coerente ( ) incoerente
Despersonalização:
( ) ausente ( ) presente
Desrealização (sentimentos de estranheza e irrealidade quanto ao ambiente):
( ) ausente ( ) presente
Humor:
( ) normotímico ( ) hipertímico ( ) hipotímico ( ) distímico
Afeto:
( ) congruente ( ) embotado ( ) ambivalente ( ) irritável ( ) deprimido
( ) angustiado ( ) triste
( )outro:_____________________________________
Vontade:
( ) normal ( ) rebaixada ( ) exaltada ( ) obediência automática ( ) compulsão
( ) dúvida ( ) negativismo ( )
outro:____________________________________________________
VIII – SÍNTESES GERAL (súmula psicopatológica)
IX – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA HIPÓTESE DIAGNÓSTICA
63
7.2 Relatório Mensal
RELATÓRIO MENSAL DE ATENDIMENTO – Prontuário nº _____
SESSÕES Nº:
____________________________________________________________________
DATAS: ____/____/____, ____/____/____, ____/____/____, ____/____/____.
FALTAS: nº ____________ Justificativas ( ) sim ( ) não. Motivo: _______________________
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS:
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
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_________________________________________________________________
OBSERVAÇÕES:__________________________________________________________
NOME DO ESTAGIÁRIO:
DATA: ____/____/____
ASSINATURA DO SUPERVISOR:
ASSINATURA DO ESTAGIÁRIO:
ATENDIMENTO:
( ) continuar
ou
( ) desligar
CLIENTE: (iniciais) ______________________
SEXO: ( ) masc. ( ) fem.
IDADE: ___________________________
INÍCIO DO ATENDIMENTO: ____/____/_____
TÉRMINO DO ATENDIMENTO: _____/_____/_____
MOTIVO:_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
____________________________________________________________________
64
7.3 Ficha de Desligamento
FICHA DE DESLIGAMENTO
I -Identificação
Triagem Número:
Nome:
Data de nascimento:
Idade:
Sexo:
II- Dados sobre o processo:
Número total de sessões realizadas:
Número de faltas do cliente:
Início do atendimento:
Término do atendimento:
Atendido por:
Supervisor:
II- Queixa do Cliente:
IV- Síntese do trabalho realizado:
V- Motivo do desligamento:
________________________
Nome do Aluno
_____________________
Visto do Supervisor
65
7.4 Termo de Ciência e Compromisso
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE PSICOLOGIA
CLÍNICA DE PSICOLOGIA
(TERMO DE CIÊNCIA E COMPROMISSO)
1 - Nome do(a) Cliente:
ou Nome do(a) pai ou responsável (caso o cliente seja menor de 18 anos ou incapacitado para assinar o
presente Termo):
2 - CPF:
3 - Carteira de Identidade no
4 - Endereço:
Rua:
CEP: ____________________ Cidade: ____________________ Estado: _______________
5 - Telefone: - Residencial:
- De trabalho:
- Celular:
6– Prontuário n.° ______________________
DECLARO para todos os fins que estou ciente e de acordo com as normas e exigências da Clínica de
Psicologia abaixo explicitadas, concordando livremente com a metodologia técnica e pedagógica por
ela adotada, de modo especial com a necessidade de serem registradas as sessões individuais e/ou
grupais realizadas, tanto em casa, quanto na Clínica e/ou na Escola.
DECLARO-ME ciente e concorde, ainda, sem objeções ou restrições, a que os registros terapêuticos,
feitos por meio magnético, eletrônico, ou com o uso de qualquer outro método, mídia ou tecnologia,
bem como por intermédio de observadores (nas salas de atendimento, nas salas de espelho e/ou
através de monitores de TV), sejam utilizados, tanto por acadêmicos Estagiários do curso de
Psicologia, quanto por Professores Supervisores do Curso, por Psicólogos legalmente habilitados,
como também pela Equipe Técnica da Clínica Escola do curso de Psicologia da UNIVALI, em suas
pesquisas científicas, desde que observado rigoroso sigilo e preservada a minha identidade, na
forma do que dispõe o Código de Ética Profissional dos Psicólogos, especialmente nos artigos 23, 30,
33 e 36 daquela norma.
DECLARO-ME também de acordo com as seguintes normas:
1. Inicialmente, o Cliente passará por uma fase de avaliação denominado Triagem. A Triagem
poderá ser feita durante até 04 (quatro) atendimentos.
2. A Triagem será realizada por acadêmicos Estagiários regularmente matriculados no 8.º, 9.º e/ou
10.º Períodos do Curso de Psicologia, supervisionados por Psicólogos legalmente habilitados.
Quando necessário, o Cliente será atendido por profissionais integrantes da Clínica de
Psicologia Professor(a) Supervisor(a) e/ou Psicólogo(a).
3. O atendimento psicoterápico poderá ser realizado de forma individual, com a duração de 50
(cinqüenta) minutos, ou grupal com a duração de, aproximadamente, 02 (duas) horas. O tempo
66
de tratamento será determinado, conjuntamente, com o Estagiário e o Cliente conforme
orientação do Supervisor.
4. A pontualidade aos horários de atendimento deve ser respeitada, tanto pelo Cliente, quanto pelo
Estagiário.
5. O Cliente poderá ser desligado da Clínica, dentre outras, nas seguintes hipóteses:
a) Caso tenha 01 (uma) falta aos atendimentos, durante a fase de Triagem;
b) Caso falte ao primeiro atendimento, logo após à Triagem;
c) Caso tenha 02 (duas) faltas durante o semestre.
6. As faltas poderão ser justificadas nos seguintes casos:
a) Por morte na família, comprovada mediante atestado de óbito;
b) Por doença na família, comprovada mediante atestado médico, odontológico, ou outro;
c) Por outros motivos, considerados casos fortuitos ou de força maior, a critério dos
Supervisores de Área, em decisão conjunta com o Coordenador da Clínica.
7. Os pais ou responsáveis devem, obrigatoriamente, comparecer à Clínica de Psicologia para
receber orientações e instruções, sempre que solicitados pelos Estagiários, pelos Profissionais
integrantes da Clínica ou pelo Coordenador, podendo a falta ser considerada motivo suficiente
para o desligamento do Cliente.
8. A suspensão dos atendimentos nas férias, nos dias feriados e em outras ocasiões (conforme
Calendário Acadêmico do Curso de Psicologia), será comunicada com a devida antecedência ao
Cliente, ou aos pais ou responsáveis, pela Secretaria da Clínica ou pelo Estagiário responsável
pelo atendimento.
9. A Clínica de Psicologia se compromete a manter a continuidade do tratamento dos Clientes
atendidos por acadêmicos Estagiários do 10.º Período, após o término do Estágio.
Itajaí, ______de________________de______.
___________________________________________
Assinatura do Cliente ou do Responsável
Nome do(a) Estagiário(a):______________________________________________________
_________________________________
Assinatura do(a) Estagiário(a)
_____________________________
______________________________
Testemunha
Testemunha
8. APENDICE
Tabela referente ao histórico dos 22 pacientes:
Quadro 6
Histórico do Paciente
Casos
Idade
Analisados
7922-A. C.
58
M
Cigarro +Álcool
8118-A.J.B.
52
F
Cigarro + álcool.
8439-A.V.
49
M
Cigarro +álcool
Sexo
Drogas Utilizadas
Resumo da Queixa Principal e Hipótese Diagnóstica
Queixa principal: sofreu um AVC, depois do ocorrido se emociona
facilmente chorando em qualquer lugar e sem motivo o que o deixa
constrangido. Já foi internado duas vezes em clínicas de reabilitação
para alcoólatras mas sempre voltou a beber. Atualmente bebe
moderadamente, só quando algo lhe incomoda, como brigas com a
esposa. Relação complicada com a esposa e a filha, pois as duas não
conseguem esquecer de quando ele bebia, sua esposa não confia
mais nele, sempre relembrando o passado durante as brigas. Perdeu
muitos momentos da vida de sua filha devido ao alcoolismo.
Apresentou alteração de pensamento, sendo este de forma lenta. Sua
hipótese diagnóstica é de Transtorno por uso de álcool: Abuso de
Álcool-305.00.
Queixa principal: Fibromialgia (desde 2005), agressividade e
irritabilidade. Relata ter começado a fumar e beber com sete anos e
parado com dez. Relata tristeza, não tem boa relação com os filhos, se
da bem com apenas um irmão. Hipótese Diagnóstica: Transtorno
Doloroso-307.89. Apresenta satisfação pela vida diminuída e laços
familiares enfraquecidos.
Procurou a clínica escola com o histórico de Impotência Sexual há 16
anos, foi internado três vezes em clínicas psiquiátricas para tratar seu
alcoolismo, diz ter boa vida social e que foi alcoólatra dos 14 aos 35
anos, e fumante dos 10 aos 46 anos. Relata que não tinha boa relação
com o pai, pois o mesmo era alcoolista e que hoje também não bebe
mais o que melhorou a relação dos dois. Apresenta alteração de
linguagem, (fala murmurada).
68
8403-C.A.B.
48
F
Cigarro + álcool
8360-C.A.C. F.
43
F
Álcool.
8128-C. J.C.
25
F
Cigarro, álcool, ácido, chá
de cogumelo, maconha e
cocaína.
8429-D. L.T.
59
M
Álcool.
Faz tratamento para depressão há (oito) anos, sendo esta também sua
queixa principal. Mora com o filho, não se relaciona bem com a filha,
seu ex-marido era alcoolista e atualmente iniciou um namoro com outro
alcoolista. Sua hipótese diagnóstica foi de Transtorno Depressivo
Maior Severo. Apresenta alteração de Sensopercepção com prováveis
alucinações auditivas, alteração do pensamento, psicomotricidade e
afetividade.
Trouxe a queixa principal de confusão mental, comportamento alterado
ora agressiva ora deprimida, relata que os sintomas começaram
quando soube que era filha adotiva, diz ter perdido a vontade de viver.
Relata que seu pai faleceu por problemas com bebida, e que ela
(paciente) diz ser alcoolista como o pai. Diz não beber freqüentemente
por conta dos remédios que toma, pois apresenta o diagnóstico de
Transtorno Bipolar.
Queixa principal: não consegue se concentrar, agressiva, insegura, diz
ora comer compulsivamente e ora não ingerir nenhum tipo de alimento.
Diz ter mágoas dos pais por eles sempre á terem tratado diferente dos
demais irmãos. Relata não ter bom relacionamento com os irmãos,
compareceu aos atendimentos acompanhada pela prima que mora
com ela. Sua hipótese diagnóstica foi de Transtorno de Personalidade
Boderline e Transtorno Ciclotímico. Apresenta alterações de memória
(fixação), pensamento (descarrilamento) com idéias delirantes de
ciúmes, consciência do eu alterada (com diminuição da valoração,
auto-estima), afetividade alterada, atenção hipotenas e vontade
(frangofilia e compulsão).
Trouxe como queixa principal o fato de não saber lidar com sua
homossexualidade, diz sentir atração pelo mesmo sexo desde sua
infância. Relata que é casado e que mantém relações extraconjugais
com outro homem. Afirma ser alcoolista e que já usou diversas drogas
mas não gostou, começou a beber com 16 anos e faz 20 anos que
parou, (este fato vem ao encontro de que à 20 anos assumiu para si
sua homossexualidade). Diz se relacionar bem com as filhas apesar
desta não aceitarem sua opção sexual. Sua hipótese diagnóstica foi de
69
7837-D. P.P.
16
M
Cigarro + Álcool
8268-J. P. C.
22
M
Cigarro, maconha, êxtase,
LSD, lança perfume,
cocaína e crack.
8204-J.C.G. A.J.
56
M
Cigarro, maconha e
álcool.
7848-J. N. G. T.
33
F
Álcool, cigarro, maconha,
cocaína, cocaína injetável
e crack.
Transtorno Distímico-300.4 e Problemas de Identidade-313.82.
Trouxe como queixa a vontade de parar de beber e de comportamento
agitado, nervoso e negativo. Relata que já foi expulso de três escolas,
já foi internado em clínica psiquiátrica por ser agressivo, começou a
fumar com 10 anos e a beber com nove. Não tem bom relacionamento
com o padrasto. Sua vida social no momento é de isolamento, pois
relata que quer continuar sem beber, (está 6 meses em
abstinência).Sua hipótese diagnóstica é de Transtorno de Conduta
Anti-Social – F91.
Trouxe como queixa brigas constantes com a mãe, não conseguir
parar de fumar e medo da recaída, pois esta à dois meses sem usar
drogas. Foi internado em três clínicas terapêuticas e recaiu. Filho de
pais separados, mora com a mãe e tem boa relação somente com o
pai e com seu filho de dois anos. Diz que no tempo em que usou
drogas roubava em casa para comprar drogas. Tem boas relações no
trabalho. No momento sua vida social é de isolamento, pois diz que
tem medo de reencontrar os amigos e voltar a usar drogas. Apresenta
alterações na afetividade. Sua hipótese diagnóstica é de Dependência
Química e Abstinência.
Queixa Principal: Transtorno Bipolar e Transtorno Obsessivo
Compulsivo desde 1990, (assim como sua hipótese diagnóstica). Foi
internado duas vezes em hospital psiquiátrico, sempre foi uma pessoa
retraída e de poucos amigos. A relação com seus pais sempre foi
tensa e sua educação muito rígida, diz que mora sozinho e que visita
regularmente suas filhas.
Apresenta como queixa principal o medo da recaída, pois está há seis
meses sem o uso de drogas. Apresenta vida familiar com muitos
conflitos, relata que com 14 anos começou a se prostituir por dinheiro
ou drogas, diz ter uma filha de 12 anos que mora com sua irmã, pois a
paciente foi afastada da menina por não ter condições psicológicas
para criá-la. Apresenta um histórico de 34 internações psiquiátricas por
overdose, prostituição, roubo, perda da guarda da filha e apresenta o
diagnóstico de Hepatite C há 10 anos. Relação conflituosa com o
70
8499-L.S.
39
F
Cigarro, maconha e
álcool.
7963-L. C. W.M.
43
M
Álcool, maconha e
cocaína.
8423-M. R.
25
F
Cigarro, álcool e maconha
cônjuge. No momento sua vida social é de isolamento por medo da
recaída. Apresenta alterações de afetividade: angústia, ansiedade e
agitação. Sua hipótese diagnóstica é de Dependência de Múltiplas
Substancias e Abstinência-304.8.
Queixa Principal: baixa auto-estima, sente-se despersonalizada. Diz ter
boa relação com os vizinhos, mas que não consegue falar sobre seus
sentimentos nem com sua filha. Apresenta comportamento compulsivo
para comida e limpeza, com 31 anos desenvolveu a Síndrome do
Pânico. Relata que fuma cigarro dês dos seus 16 anos e que faz uso
de álcool todo fim de semana, bebendo até dormir. Não possui bom
relacionamento com seus familiares, e relata ter medo de seguir os
passos de alcoolismo do pai. Apresentou alterações de: Orientação,
Sensopercepção, Memória, linguagem lenta, pensamento com idéias
suicidas, despersonalização, humor distímico e alterações de afeto e
vontade. Sua hipótese diagnostica é de Transtorno de Personalidade
Boderline-301.83.
Queixa principal: Ejaculação Precoce e diz se incomodar com o fato de
pensar muito em sexo. Relata ser uma pessoa reservada e de poucos
amigos. Relata uma relação sem diálogo com seu pai, diz ter dois
irmãos e só se relaciona bem com um deles. Mora com a esposa e a
filha de oito anos, diz se relacionar bem com elas, mas que os dois
dormem em camas separadas pois a filha só dorme com a mãe. Diz
que na sua adolescência se sentiu frustrado por não conseguir auxilio
na religião (católica e evangélica), e que então começou a usar drogas,
atualmente só bebe no fim de semana e fuma maconha uma vez por
mês. Apresenta alteração de pensamento, pois considera um tanto
excessivo o pensamento em sexo. Apresenta a hipótese diagnóstica
de Ejaculação Precoce-302.75.
Trouxe como queixa não conseguir controlar sua ansiedade, tem prébulimia, obesidade classe II e depressão. Diz que fuma maconha uma
vez por mês e que nos finais de semana usa álcool e cigarro. Tem boa
relação com todos de sua família. Sua hipótese diagnóstica é de
Transtorno de alimentação-307.51 e Bulimia Nervosa do tipo Purgativo.
71
8441-M. S. J.
49
F
Cigarro + álcool
7906-M.M.
21
M
Álcool, cigarro, maconha,
crack, cocaína
8472-R. B.C.
16
M
Cigarro, álcool e
maconha.
8334-R.M.R.
38
F
Álcool
8358-R.F.L.
25
F
Álcool.
Trouxe a queixa de que ninguém em sua casa gosta dela, desânimo e
tentativa de suicídio. Diz não conseguir parar de fumar, (fuma uma
carteira de cigarros por dia), começou a beber e fumar com 17 anos,
atualmente está sem beber. Diz não ter tido boa relação com o pai que
era alcoolista e que este não participava da vida familiar. Sua vida
social é de isolamento e hipótese diagnóstica de Transtorno Distímico
com características atípicas.
O paciente foi encaminhado à clínica escola por seu histórico de atos
infracionários e dependência química. Apresentou-se de maneira
defensiva nos atendimentos e negando seu histórico de uso abusivo de
drogas. Os demais dados não puderam ser coletados, pois o paciente
não colaborava nos atendimentos. Hipótese diagnóstica Transtorno de
Conduta Anti-Social – F91.
A mãe do paciente foi chamada nos primeiros atendimentos, esta por
sua vez trouxe as queixas de irresponsabilidade, baixo rendimento
escolar e envolvimento com drogas do filho. (a mãe relata que o filho
fuma maconha regularmente). O paciente por sua vez relata que
quando sai à noite faz uso de álcool em grande quantidade e fuma
cigarro, negando o fato de fumar maconha. Não se relaciona bem com
professores, com o pai e com o irmão mais novo. Possui poucos
amigos e não apresentava boas relações de trabalho. Somente tem
bom relacionamento com a mãe e com a irmã (13 anos). Hipótese
diagnóstica Transtorno de Conduta Anti-Social – F91.
Queixa Principal: tristeza, raiva e depressão. Relata que depois que
parou de beber sua vida ficou sem graça e escura. Não apresenta
boas relações sociais, faz tratamento para sua dependência química
com antidepressivos. Apresenta alterações de memória, consciência,
atenção e sensopercepção. Trouxe também o diagnóstico de Etilismo
Social. Sua hipótese diagnóstica é de Transtorno por uso de álcool,
Dependência de Álcool-303.90 e Abstinência de Álcool-291.81.
Queixa Principal: diz não conseguir controlar a ingestão de bebidas.
Sua vida social é somente com pessoas que bebem, não trabalha
72
8453-S.P. O.S.
27
F
Álcool, maconha e crack.
8488-S.F.S.
43
F
Cigarro, maconha e
cocaína.
8401-Z.T. V.
50
F
Álcool
somente estuda. Diz já ter sofrido um acidente de carro por dirigir
alcoolizada e relata uma relação conflituosa com o marido. Sua
hipótese diagnóstica é de Abuso de Álcool-F10. 1.
Sua queixa principal é de ciúmes doentio pelo marido, tristeza e
ansiedade. Sua vida social é de isolamento, diz só conversar o
suficiente com as vizinhas, não trabalha. Trabalhou como prostituta
durante um ano e meio e neste período iniciou o uso de drogas.
Atualmente só faz uso de maconha escondido de seu marido. Tentou
suicídio duas vezes. Relatou ter tido um relacionamento extraconjugal
onde engravidou, com dois meses de gestação foi atropelada e perdeu
o bebê. Possui alteração de afeto, pensamento e vontade. Sua
hipótese diagnóstica é de Depressão.
Queixa Principal: Transtorno Bipolar e que devido a mudança de
cidade quer continuar o tratamento. Relata não ter bom relacionamento
com a filha (12 anos).Diz que voltou a fumar maconha, foi adotada por
sua atual família quando tinha cinco anos, pois sua mãe biológica não
tinha condições de criá-la. Pediu demissão do banco onde trabalhava,
pois a gerente cobrou sua dívida, (gastava com cocaína). Boa relação
no trabalho. Não possui boa relação com sua mãe adotiva. Relata ter
boa relação com o marido, porem diz ficar irritada com sua calma.
Queixa principal: Problemas de relacionamento com o marido, ingestão
freqüente de bebidas alcoólicas e desconfiança de toda rede social.
Diz se sentir muito triste e sozinha, tem muito medo de perder o marido
e que tudo isso a deixa ansiosa e vai para o bar beber. Descobriu que
o marido fazia sexo virtual com uma ex-noiva e diz que a partir disso
ficou pior. Mora com o marido e os filhos e boa relação com os filhos.
Diz não ter tido boa relação com o pai, pois este era alcoólatra e batia
nela e em sua mãe. Apresenta alteração de afetividade, sentimento de
abandono, receio, desamparo e rejeição. Sua hipótese diagnóstica é
de: Problemas de relacionamento com parceiro-V61.10 e Transtorno
de Ansiedade sem outra especificação.
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