LEVANTAMENTO E SISTEMATIZAÇÃO DAS

Propaganda
LEVANTAMENTO E SISTEMATIZAÇÃO DAS FORRAÇÕES DISPONÍVEIS EM
VIVEIROS DO MUNICÍPIO DE ANÁPOLIS - GO
Patrícia Corrêa de França1; Marcus Vinícius Vieitas Ramos2
1
Mestranda em Engenharia de Sistemas Agroindustriais, UnUCET Anápolis – UEG.
2
Orientador, docente do Curso de Engenharia Agrícola, UnUCET Anápolis – UEG.
RESUMO
No desenvolvimento dos projetos paisagísticos a incorporação de áreas verdes exerce um
papel fundamental. Dentre os vegetais de uso comum destacam-se o grupo das forrações. O
objetivo deste trabalho foi realizar um diagnóstico da disponibilidade de forrações em
viveiros de Anápolis – GO caracterizá-las morfologicamente e organizá-las em um guia
ilustrado.
Após visitas em 10 viveiros as espécies encontradas foram identificadas e
sistematizadas em diferentes grupos de acordo com suas características morfológicas a partir
de consultas a manuais ilustrados de plantas ornamentais do herbário da Universidade
Estadual de Goiás. O número de floríferas encontradas foi maior que o de folhagem. A maior
parte das forrações (58%) foi de médio porte, 64% são de hábito ereto e 36% rastejante. A
textura mais comum foi a lisa, observada em 36% do total das espécies, as texturas rugosa e
áspera obtivaram a mesma porcentagem (25%), e as suculentas foram as menos
representativas (14%).
Palavra-chave: jardinagem, caracterísiticas morfológicas, guia ilustrado
Introdução
A atividade de paisagismo, também denominada de planejamento paisagístico
corresponde a uma especialidade multidisciplinar que tem por finalidade ordenar todo o
espaço exterior em relação ao homem e demais seres vivos. Envolve conhecimentos de
diversas áreas como Biologia, Agronomia, Arquitetura, e Engenharia. Nos conceitos mais
antigos, o paisagismo sempre esteve ligado às artes, especialmente a pintura. Atualmente, os
conceitos científicos possuem maior importância, preocupando-se em adequar o ambiente às
necessidades humanas, através de uma administração eficiente dos recursos ambientais
(PAIVA, 2004).
1
No planejamento paisagístico, a incorporação de áreas verdes, tem como papel
fundamental proporcionar bem-estar. A disposição de plantas, em ambientes de trabalho, vai
além da questão estética e traz benefícios como o aumento do conforto físico, produtividade e
criatividade (PAISAGISMO & JARDINAGEM, 2005).
No desenvolvimento de projetos paisagísticos é fundamental o conhecimento das
plantas.
É importante saber tipo, porte, folhagem, época de floração, local de melhor
adaptação, entre outras características para selecionar plantas adequadas ao projeto que está
sendo planejado.
Diante da diversidade de características morfológicas, as plantas com
finalidade ornamental podem ser distintas em diferentes grupos. PAIVA & GAVILANES
(2004) diferenciam as plantas, quanto ao porte e estrutura do caule, em arbustos, árvores,
palmeiras, trepadeiras, plantas entouceiradas e forrações.
O termo forração designa um grupo de plantas com crescimento horizontal
sensivelmente maior do que o vertical, que são usadas para revestir o solo. Esse conceito
abarca também os gramados, mas pode ser empregado num sentido mais restrito se referindo
às plantas que, ao contrário dos gramados, não toleram ser pisoteadas. Neste trabalho serão
consideradas as forrações sensíveis a pisoteio e, algumas, com crescimento vertical mais
acentuado que o horizontal.
As forrações variam muito quanto à morfologia externa, principalmente quanto ao
tipo, forma e cor da folhagem. Sua folhagem ganha colorações diferenciadas, bicolores e
muitas vezes variegadas. Existem espécies adaptadas às diversas condições de ambiente.
Algumas só crescem em lugares com sombra permanente, outras são de pleno sol. Há
espécies de solo excessivamente úmido e as de solo mais seco.
Apesar da grande diversidade de forrações quanto ao número de espécies e
principalmente quanto aos aspectos morfológicos tem-se percebido alguns problemas como: o
aspecto monótono causado pelo uso de uma única espécie para forração dos jardins; e, a
dificuldade de crescimento de algumas forrações implantadas em ambientes que não estão
adaptadas. Uma forte razão para ocorrência dos problemas mencionados está na falta de
conhecimento e na dificuldade de acesso, por parte do técnico, às informações a respeito deste
grupo de plantas. A forma dispersa com que as espécies de forração estão descritas e
organizadas nos livros e revistas de plantas ornamentais limita muitas vezes a escolha da
forração.
O presente trabalho teve como objetivo realizar um diagnóstico da disponibilidade de
forrações em viveiros de Anápolis – GO, caracterizar e agrupar, as espécies encontradas,
2
quanto às suas características morfológicas, facilitando a seleção de espécies desejáveis na
elaboração de projetos paisagísticos.
Material e Métodos
Foi realizado um levantamento em viveiros da cidade de Anápolis-GO, no período de
20 à 27 de Outubro de 2007, com o intuito de recolher informações a respeito das forrações
que são produzidas e comercializadas no município. Para este trabalho foram consideradas
como forrações as plantas com finalidade de forração do solo e que são sensíveis ao pisoteio.
Foram tomados, como amostra, dez viveiros. Em cada viveiro foi realizada uma
pesquisa estruturada, conforme ALBUQUERQUE e LUCENA (2004), este método consiste
em averiguar junto ao informante questões previamente estabelecidas a partir de um
questionário. Todas as espécies encontradas nos viveiros foram registradas e fotografadas.
As espécies registradas, com nomes comuns, foram identificadas através de
comparações de estruturas morfológicas e/ou reprodutivas, observadas nas fotos retiradas em
campo, e consultas à manuais ilustrados de plantas ornamentais constantes no herbário da
Universidade Estadual de Goiás – Anápolis (Enciclopédia 1001 Plantas & Flores; 300 Plantas
e Flores e Plantas Ornamentais no Brasil – arbustivas, herbácias e trepadeiras).
As forrações foram diferenciadas quanto à parte atrativa, ou seja, se são plantas
floríferas ou folhagem. Dentro destes dois grandes grupos as forrações foram estratificadas
quanto suas características morfológicas externas, sendo estas, a cor, textura, o hábito e o
porte.
ESTRATIFICAÇÃO DAS FORRAÇÕES
Quanto à parte atrativa
A parte atrativa é o componente da planta que mais atrai a atenção do observador,
podendo ser a flor ou a folhagem.
Em muitos casos a flor é um atrativo secundário,
destacando-se mais a folhagem do vegetal, que pode apresentar cor variada.
Quanto ao porte
Tabela1: Classificação das forrações quanto ao porte.
Classificação do Porte
Pequeno
Médio
Grande
Porte (cm)
Até 15
De 15 a 40
Maior que 40
3
Quanto ao hábito
Na estratificação deste trabalho as plantas foram classificadas como eretas ou
rastejantes. As eretas consideradas com resistência suficiente para sustentar a planta em uma
posição perpendicular, ou quase que perpendicular ao solo ou substrato onde se encontram.
As rastejantes, também conhecidas como prostradas, são frágeis, desenvolvem-se apoiadas à
superfície do solo, geralmente se ramificam.
Quanto às cores
TABELA 3 - Classificação das cores.
Cores Primárias
Cores Secundárias
Vermelho
Amarelo +Vermelho = Laranja
Amarelo
Amarelo + Azul = Verde
Azul
Vermelho + Azul = Violeta
Cores Terciárias
Vermelho + Laranja = Abóbora
Amarelo + Laranja = Amarelo-ouro
Amarelo + Verde = Amarelo-limão
Azul + Violeta = Turquesa
Azul + Verde = Anil
Vermelho + Violeta = Púrpura
Quanto à textura
Neste trabalho foi adotado a classificação quanto à textura para as plantas, como
sendo lisa as plantas com uma camada serosa, rugosa as folhas que possuiam ondulações,
áspera para as folhas com tricomas e suculenta para as folhas carnosas.
Resultados e Discussão
No levantamento realizado foram registradas 36 espécies distribuídas em 20 famílias,
sendo que a Shimânia (Indeterminada) não foi possível determinar a família a que pertence
por meio de pesquisa bibliográfica. A família com o maior número de espécies de forrações
encontradas no presente trabalho foi Liliaceae, com sete espécies, seguida pela
Balsaminaceae, Asteraceae e Verbenaceae com três espécies cada.
As espécies mais
freqüentes nos viveiros foram a Gazania nívea e a Petunia x hybrida, encontradas em seis
viveiros diferentes, e as espécies mais raras foram a Ruellia squarrosa, Beloperene guttata,
Iresine herbstii, Impatiens hawkeri, Begônia semperfloren híbridos, Acalypha reptans,
Sansevieria trifasciata “Golden Hahnii”, Plumbago capensis, Pentas lanceolata, Petunia
integrifólia, Tropaeolum majus, Verbena hybrida (Verbena peruviana), e shimânia
(Indeterminada), encontradas apenas em um viveiro. Nos viveiros A, B e J foram encontradas
mais de 40% das espécies registradas e nos viveiros C e G foram registrados menos de 3% e
8,5% das espécies levantadas, respectivamente.
4
As espécies mais comuns de serem encontradas, no final do período da estação seca,
foram a Petunia x hybrida e a gazania nivea. Conforme explicações dadas pelos viveiristas,
a gazania nivea possui melhor propagação no período da seca.
A distribuição de forrações nos viveiros da cidade de Anápolis, quanto a parte
atrativa é representada na Figura 1A. Dos dez viveiros levantados, quatro (A, D, G e H)
possuiam, no período da pesquisa, maior quantidade de folhagem e seis (B, C, E, F, I e J)
maior número de floríferas.
As forrações comercializadas com mais freqüência são as
floríferas, conforme mostra a Figura 1B, porém as folhagens, quando comercializadas, são em
maior quantidade. Estas são mais procuradas por paisagistas, para implantação de jardins,
pois são mais duradouras, ficando bonitas por um período permanente, desde que recebam
manutenção adequada. As floríferas são mais procuradas pelas donas de casa e jardineiros,
para fazer a reposição de espécies, pois as floríferas, no decorrer do ano, perdem suas flores,
então estas são repostas, normalmente por flores respectiva a época do ano em que está sendo
feita a reposição.
14
Floríferas
Folhagem
12
10
Número de espécies de
forração
Folhagem
30%
8
6
4
2
0
A
B
C
D
E
F
G
H
I
Floríferas
70%
J
Viveiros
(A)
(B)
Figura 1: (A) Distribuição das espécies quanto a parte atrativa nos viveiros de Anápolis GO. (B) Freqüência de comercialização das espécies de forrações levantadas no viveiros, em
Anápolis – GO
Segundo as entrevistas, 60% dos viveiristas produzem as próprias mudas que
comercializam, como mostra a Figura 2. Todos afirmaram ter maior dificuldade, na obtenção
de mudas, durante o período de estiagem devido a necessidade de irrigação, dificultando a
manutenção destas, muitas vezes ocasionando a perda de muitas delas. Outro fator é a
dificuldade de propagação neste período, já que a fase de estiagem coincide com o inverno, e
este período não favorece a germinação da maioria das forrações.
5
Produzem e
Adquirem
10%
Adquirem de
Outros
Viveiristas
Produção
Própria
30%
60%
Figura 2: Forma para obtenção de mudas de espécies de forrações nos viveiros de Anápolis –
GO.
A Tabela 1 apresenta a classificação das forrações quanto às cores e suas respectivas
quantidades. Algumas forrações foram classificadas dentro de dois ou três grupos, devido a
variação de cores.
Tabela 1: Classificação das forrações quanto às cores e suas respectivas quantidades.
Quantidade (%)
Classificação das plantas quanto às cores Quantidade
Primária
10
27,77
Secundária
6
16,66
Terciária
8
22,22
Primária e secundária
2
5,55
Primária e terciária
1
2,77
Primária, secundária e terciária
2
5,55
Mesclado
1
2,77
Acromática
1
2,77
Variegado
3
8,33
Bicolor
2
5,55
A Figura 3A apresenta a porção de forrações existentes, classificadas quanto ao
hábito.
Pode-se observar que 64% das forrações são de hábito ereto e 36% de hábito
rastejante, sendo que as forrações de hábito rastejante, quando usadas em vasos, são
classificadas como pendentes.
Na Figura 3B observa-se que 58% é representada pelo grupo de forrações de porte
médio, seguido do grupo de plantas de porte grande, com 39%. Para classificação de pequeno
porte foi encontrado apenas a grama preta, representando 3% do total de forrações.
Rastejante
36%
Grand e
39 %
Ereto
64%
Pequeno
3%
Médio
58%
(A)
(B)
Figura 3: Percentual de freqüência das forrações nos viveiros de Anápolis – GO, (A) quanto
ao hábito e (B) quanto ao porte.
6
Na classificação quanto a textura as forrações foram divididas em quatro grupos, as
que possuem textura lisa foram as mais freqüentes, representarando 36%, seguida pelas
forrações de textura rugosa e áspera, com 25% cada. E para as plantas de textura suculenta,
foram encontradas 14% do total de plantas (Figura 4).
Suculenta
14%
Lisa
36%
Áspera
25%
Rugosa
25%
FIGURA 4: Percentual de freqüência das forrações, nos viveiros de Anápolis – GO, quanto à
textura.
Conclusões
•
Número de floríferas encontradas foi maior que o de folhagem.
•
Ophiopogon sp definida como forração de pequeno porte, as demais classificadas em médio e
grande porte, 58% e 39%, respectivamente.
•
Algumas espécies se enquadraram em mais de um grupo de cores.
•
Pôde-se observar que 64% das forrações são de hábito ereto e 36% de hábito rastejante.
•
As forrações de textura lisa foram as mais freqüentes (36%), seguida pelas forrações de
textura rugosa e áspera, com 25% cada e textura suculenta (14%).
Referências Bibliográficas
ALBUQUERQUE, U. P.; LUCENA, R. F. P. Métodos e técnicas na pesquisa etnobotânica.
Recife - PE, Livro Rápido NUPEA, 2004.
NATUREZA EDIÇÃO ESPECIAL. Enciclopédia 1001 Plantas & Flores. São Paulo,
Editora Europa, 1998.
______. 300 Plantas & Flores. Guia de consulta rápida. São Paulo, Editora Europa, 1998.
PAISAGISMO E JARDINAGEM. Além da Estética. 53 ed. São Paulo – SP, Editora Casa
Dois, 2005. p. 18-21.
PAIVA, P. D. O.. Paisagismo II: macro e micropaisagismo. Curso de Pós-graduação, “LATO
SENSU” (Especialização) a distância Plantas Ornamentais e Paisagismo; Textos Acadêmicos.
2ª Edição. Universidade Federal de Lavras – UFLA / Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa
e Extensão – FAEPE, Centro de Editoração FAEPE, 2004.
PAIVA, P. D. O.; GAVILANES, M. L.. Plantas ornamentais: Classificação e usos em
paisagismo; Curso de Pós-graduação, “LATO SENSU” (Especialização) a distância Plantas
Ornamentais e Paisagismo; Textos Acadêmicos. 2ª Edição. Universidade Federal de Lavras –
UFLA / Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão – FAEPE, Centro de Editoração
FAEPE, 2004.
7
8
Download