ID: 67562270 30-12-2016 | Economia Tiragem: 92825 Pág: 15 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 28,20 x 44,50 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 3 ESTAD O Investimento público cai O Túnel do Marão foi dos últimos grandes investimentos públicos a ser realizado em Portugal FOTO LUCILIA MONTEIRO 24,8% Nos primeiros nove meses de 2016, o investimento público colapsou para novo mínimo histórico. Em 2015, crescia acima de 15% Nunca houve tão pouco investimento público em Portugal, nem mesmo durante o programa de resgate imposto pela troika, entre 2011 e 2014. Segundo as contas nacionais por sector institucional agora divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o investimento realizado pelas administrações públicas — seja a nível central, local ou regional — somou apenas €1884 milhões, nos primeiros nove meses de 2016. Este é o valor mais baixo da série estatística iniciada em 1999 (ver gráfico). De facto, nos primeiros três trimestres de 2016, o sector público investiu menos 13%, face aos primeiros três trimestres de 2014 (o anterior mínimo da série batido no tempo da troika) e investiu menos 65% face aos primeiros três trimestres de 2002 (o máximo da série). em cerca de €500 milhões. É o caso das vendas de material militar com os F16 à Roménia, além dos atrasos do investimento comparticipado por fundos europeus devido à transição entre quadros comunitários. A verdade é que o Orçamento do Estado para 2016 preparado por Mário Centeno pressupunha um aumento de 12% nas despesas de investimento. Mas, por atrasos ou cativações, estas estão a cair mais de 11%, segundo a Direção-Geral do Orçamento. Em contrapartida do aumento das despesas com pessoal ou pensões, esta “poupança” no investimento está a ser decisiva para o Governo cumprir, simultaneamente, os acordos à esquerda quanto à reposição dos rendimentos e os acordos com Bruxelas quanto à redução do défice orçamental. Vítima do défice Empresas resistem O ministro das Finanças, Mário Centeno, tem defendido que uma “discussão informada” sobre esta “queda muito significativa” do investimento público deve ter em conta um conjunto de fatores que afetam as estatísticas deste ano As contas nacionais por sector institucional agora divulgadas pelo INE confirmam que os serviços públicos são assim os principais culpados pelo facto de a economia portuguesa estar a perder investimento desde o início de 2016, acu- Dez medidas para a inovação Governo já definiu as medidas para acelerar a inovação industrial através dos centros de interface tecnológico É já no início de 2017 que o Governo vai anunciar um novo programa público para capacitar a indústria portuguesa através do apoio público aos centros de interface tecnológico (CIT). O dossiê está a ser ultimado entre os gabinetes do primeiro-ministro e do ministro da Economia, faltando fechar quantos milhões de euros virão dos fundos europeus do Portugal 2020 e quantos milhões de euros virão de outras fontes de financiamento para alimentar a criação de um novo Fundo de Inovação, Tecnologia e Economia Circular (FITEC). Para já, são conhecidas as mulando uma queda de 2% nos primeiros nove meses do ano. É que o investimento está a abrandar nas empresas, a cair nas famílias, mas a colapsar no sector público. De facto, o investimento público — que disparara 15,2% nos primeiros três trimestres de 2015 — caiu agora 24,8%, nos primeiros três trimestres de 2016. Por sua vez, o investimento das famílias sobretudo em habitação — que subira 5,8% nos primeiros três trimestres de 2015 — desceu agora 2,9% nos primeiros três trimestres deste ano. Já o investimento empresari- al (incluindo sociedades financeiras e não-financeiras) — que subira 5,6% nos primeiros três trimestres de 2015 — abrandou agora o crescimento para 1,5%, nos primeiros três trimestres de 2016. De certeza que foi a incerteza O boletim económico de dezembro do Banco de Portugal confirma que o contexto de maior incerteza, a nível interno e externo, está a refletir-se no adiamento de decisões de investimento. “No primeiro semestre de 2016, a queda INVESTIMENTO DO ESTADO BATE MÍNIMO HISTÓRICO Em milhões de euros nos primeiros três trimestres de cada ano 5000 4000 3000 2505 2000 1884 1000 0 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 FONTE: INE dez medidas que prometem revolucionar a atuação dos 3512 CIT existentes em Portugal. É que ao contrário do que acontece nos restantes países europeus, estas entidades de interface entre o ensino superior e as empresas não beneficiam em Portugal de qualquer apoio específico por parte do Estado apesar de serem protagonistas da inovação industrial, como é o caso do Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI), do Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto (CEiiA) ou dos centros tecno- da formação bruta de capital fixo em Portugal resultou em grande medida do aumento da incerteza”, lê-se na análise que dedica especificamente ao impacto de medidas de incerteza na economia portuguesa. Os indicadores de incerteza considerados foram o indicador compósito de stresse financeiro para Portugal (ICSF) do Banco de Portugal e o indicador de incerteza relativamente à política económica (EPU) para a Europa. O primeiro capta o stressWe sistémico na economia portuguesa, nomeadamente nos mercados monetário, obrigacionista, acionista e cambial e intermediários financeiros. O segundo baseia-se na contagem do número de artigos na imprensa que mencionam os termos “incerteza”, “economia” e um outro termo que seja relevante para a política económica das quatro maiores economias da área do euro e do Reino Unido. Já que uma economia aberta como Portugal também sofre com o aumento generalizado da incerteza a nível europeu desde o primeiro trimestre de 2016, devido aos problemas da banca ou ao ‘Brexit’. VARIAÇÃO HOMÓLOGA +1,5% é a subida do investimento das empresas até setembro de 2016. Em 2015, cresceu 5,6% -2,9% é a queda do investimento das famílias até setembro de 2016. Em 2015, cresceu 5,8% -24,8% é a queda do investimento público até setembro de 2016. Em 2015, estava a crescer 15,2% Joana Nunes Mateus [email protected] lógicos sectoriais como o da metalomecânica (CATIM), do têxtil e vestuário (CITEVE) ou do calçado (CTCP). Financiamento plurianual A primeira medida é a atribuição de um financiamento de natureza plurianual aos CIT, para incentivar a sua estabilidade a médio e longo prazo. A segunda é o financiamento de atividades específicas de inovação, sobretudo em pequenas e médias empresas. A terceira é o financiamento à criação, reforço ou reorientação estratégica dos CIT. E a quarta, o fi- nanciamento ao equipamento. A quinta medida é um mecanismo de incentivo aos docentes do ensino superior a desenvolverem atividades de investigação nos CIT. A sexta Há 3512 centros de interface tecnológico em Portugal que envolvem 5946 colaboradores e 1302 doutorados para apoiar a inovação em 17.522 empresas é a contratação de jovens doutorados. A sétima são estágios para jovens repartidos entre CIT e empresas. E a oitava, intercâmbios com congéneres internacionais. Competências em novas áreas A nona medida passa pela aposta dos CIT em projetos que melhorem a eficiência energética das empresas. E a décima passa pela participação ativa dos CIT em soluções nos domínios da economia circular e da digitalização da indústria. J.N.M. ID: 67562270 30-12-2016 | Economia Tiragem: 92825 Pág: 33 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 5,10 x 2,96 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 3 Investimento público cai 24,8% Nos primeiros nove meses de 2016, o investimento público colapsou para novo mínimo histórico. Em 2015, crescia acima de 15%. E15 ID: 67562270 Tiragem: 92825 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 12,13 x 15,99 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 3 de 3 -24,8% Novo mínimo 30-12-2016 | Economia histórico no investimento público Nem mesmo durante o programa de resgate imposto pela troika, entre 2011 e 2014, houve tão pouco investimento público em Portugal. O investimento realizado pelas administrações públicas — seja a nível central, local ou regional — somou apenas €1884 milhões, nos primeiros nove meses de 2016, segundo o Instituto Nacional de Estatística. É o valor mais baixo da série estatística iniciada em 1999: o sector público investiu menos 13% face aos primeiros três trimestres de 2014, período que era o mínimo da série. E15