o ensino da dança na educação especial sob a perspectiva

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Revista Eletrônica Aboré - Publicação da Escola Superior de Artes e Turismo Manaus - Edição 04 Dez/2010
ISSN 1980-6930
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O ENSINO DA DANÇA NA EDUCAÇÃO ESPECIAL SOB A
PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR.
Érika da Silva Ramos ¹
Resumo:
Este artigo tem o intuito de abordar a importância de atividades artísticas (especificamente a dança) no
percurso da educação especial, como estratégia interdisciplinar na construção positiva do aprendizado dos alunos,
fazendo alusão específica ao aluno com deficiência mental. Abarcando o progresso conquistado pelo aluno com
necessidades educativas especiais, quando alcançado por estratégias interdisciplinares e também aborda a conduta
coerente que deve ter o professor para a realização deste tipo de trabalho.
Palavras-Chave: Dança, Interdisciplinar, Educação Especial.
Abstract:
This article has the intention to address the importance of artistic activities (specifically the dance) in the
path of special education, and interdisciplinary strategy in building the positive learning of students with mental
disabilities. Spanning the progress achieved by students with special educational needs, when reached by
interdisciplinary strategies and also addresses the conduct must be consistent that the teacher to implement this
type of work.
Keywords: Dance, Interdisciplinary, Special Education.
Desenvolvimento:
1. Educação especial , processo interdisciplinar e a atuação do professor
O âmbito nacional de educação especializada para pessoas com necessidades educativas
especiais está cargo da Secretaria de Educação Especial (SEESP), que é o órgão integrante da
estrutura organizacional do Ministério da Educação e do Desporto.
A educação voltada às PNEE´s pode ser conceituada como processo de desenvolvimento
global das potencialidades de pessoas com deficiências, condutas típicas ou altas habilidades,
presente nos níveis e graus do sistema de ensino e fundamenta-se em referenciais teóricos e
práticos compatíveis com as necessidades específicas dos alunos (BRASIL, 1994).
Para a construção positiva do currículo que abrange a educação do aluno com necessidade
educativa especial têm surgido muitas alternativas de planejamento de ensino, dentre eles, os
que abrangem características do processo interdisciplinar.
_________
¹ Licenciada em Dança (UEA), Graduanda do Curso de Psicologia (UNINORTE), Especializanda em
Psicomotricidade (GAMA FILHO).
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O processo interdisciplinar consiste em entrelaçar as diversas áreas do conhecimento,
buscando alcançar complementos e suportes ao reconhecimento e apreensão de algum
conteúdo. O estudo sobre o que é interdisciplinaridade e sobre sua eficácia no âmbito educativo
tem persistido há alguns anos em encontros de profissionais da educação, sendo exposto em
publicações científicas e através destas, muitas evidências apontam positivamente o
crescimento do aluno, quando consolidado pela estratégia interdisciplinar.
Por ser uma área que envolve também a participação e consenso de vários profissionais,
pode-se dizer que nem sempre trabalhar de forma interdisciplinar é fácil, afinal, lida-se em
primeiro lugar com pessoas, sendo estas diferentes umas das outras, juntamente, com suas
crenças e opiniões, mas é exatamente neste momento de discordância em que deve haver
renúncia, paciência e despojamento de egoísmo por parte dos profissionais da educação, a fim
de que possam unir-se no propósito central de alcançar o crescimento do aluno.
Em ambientes com profissionais que atuam na educação de alunos com deficiência,
lamentavelmente, ainda pode-se encontrar “professores” despreparados ou insensíveis para o
trato com deficientes mentais, que não planejem meticulosamente seu plano de ensino para as
especificidades do aluno e lançam qualquer atividade para preencher o tempo de aula sem que
de fato estimulem ao aluno para o desenvolvimento de suas funções mentais.
Decerto que esta é uma crítica um tanto rigorosa, todavia, não pode-se fingir que esta
realidade já está superada e que dada situação não exista, pois desta forma o aluno estará
sempre ocupando uma cadeira de passividade tendo limitada sua capacitação (capacitação esta
tão esperada pelo mundo dos “não deficientes”); e não apenas para alcançar a capacitação, mas
sim direitos de cidadania e respeito como ser humano.
Se o profissional destinado a este público perceber que seu investimento não tem dado
retorno e que os alunos não estão chegando ao objetivo do plano de trabalho, ele deve buscar
outras possibilidades, na maneira e trato de ensinar, progredindo continuamente em sua
didática, recorrendo também ao caminho da interdisciplinaridade. Cabe, portanto ao professor
envolvido no foco interdisciplinar recorrer com humildade aos outros professores e
profissionais para que juntos possam oferecer tarefas, oficinas e atividades que envolvam
holisticamente o aluno com deficiência mental.
Para complementar o uso da interdisciplinaridade, observa-se seu contexto de acordo
com Severino:
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... Ser interdisciplinar, para o saber, é um exigência intrínseca, não
uma circunstância aleatória. Com efeito, pode-se constatar que a prática
interdisciplinar do saber é a face subjetiva da coletividade política dos
sujeitos. Em todas as esferas de sua prática, os homens atuam como sujeitos
coletivos, por isso mesmo, o saber, como expressão da prática simbolizadora
dos homens, só será autenticamente humano e autenticamente saber quando
se der interdisciplinarmente... (SEVERINO In FAZENDA, 1998, p.40).
Vale ainda expor que termo interdisciplinar não deve ser abordado pela educação
especial apenas para enfeitar o exercício escolar, acima de méritos e rótulos “interdisciplinares”
precisa sim ser feito com coerência a fim de que o aluno jamais seja desrespeitado quanto a sua
potencialidade, seu grau de deficiência, sua idade e seu histórico escolar e sua subjetividade.
2. Dança na educação especial e seu benefício ao aluno
Uma das possibilidades e caminhos para melhor trabalhar a educação de deficientes
mentais está em utilizar elementos da arte, como a dança, a qual é abordada nesta pesquisa,
para fomentar o crescimento intelectual, físico e estético do aluno com deficiência mental.
A dança propõe a abrangência de várias áreas do indivíduo propiciando então o
desenvolvimento global, quando ele participa freqüentemente de atividades com ela
relacionada.
Por ser de rico potencial à qualidade de vida dos sujeitos que a praticam, a dança está
citada nos parâmetros curriculares nacionais (PCN‟s), que apontam a educação em arte como
um desenvolvimento do pensamento artístico, da percepção estética, da sensibilidade, da
imaginação, tanto para realizar outras formas artísticas quanto para apreciar sua produção e a
dos colegas.
... o aluno poderá desenvolver sua competência estética e artística
nas diversas modalidades da área de Arte (Artes visuais, Dança, Teatro),
tanto para produzir trabalhos pessoais e grupais quanto para que possa,
progressivamente, apreciar, desfrutar, valorizar e julgar os bens artísticos de
distintos povos e culturas produzidos ao longo da história e na
contemporaneidade (BRASIL, 1997, p.53).
A dança é uma atividade interativa e interdisciplinar e pode estar presente no meio
educativo como uma disciplina de valor estético, portanto, as hierarquias educacionais como
em nível de educação básica, fundamental e superior podem progredir canalizando a dança
como um instrumento a mais na educação. Embora seja fundamental, a linguagem de trabalhos
teóricos, o aluno necessita extravasar seu conhecimento e absorver novos conteúdos de várias
formas, dentre elas a forma corporal.
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Sobre esta afirmação María Fux apresenta em seus estudos que o uso da dança não
consiste em adornar a educação, e sim deve consistir a um meio paralelo a outras disciplinas
que unidas formam a educação do ser humano. “Integrando-a nas escolas de ensino comum,
como mais uma matéria formativa, reencontraríamos um novo homem com menos medos e
com a percepção de seu corpo como meio expressivo em relação com a própria vida” (1983,
p.40).
Após considerados os valores da dança aplicada ao ensino, volta-se agora ao emprego
desta arte como meio interdisciplinar na educação especial, mediante a pesquisa nota-se que a
dança favorece ao aluno com deficiência mental relacionar-se criadoramente com as outras
disciplinas do currículo, de tal forma que quando bem ministrada, abre ao aluno campo para
através da arte ele estabelecer relações mais amplas com o conhecimento. “... Um aluno que
exercita continuamente sua imaginação estará mais habilitado a construir um texto, a
desenvolver estratégias pessoais para resolver um problema matemático” (BRASIL, 1997,
p.19).
Na prática, quando trabalha-se na educação do deficiente mental, percebe-se o quão
importante é para seu aprendizado e desenvolvimento estar incutido em um cotidiano
diversificado de atividades escolares; e se o mesmo conhecê-las certamente terá a oportunidade
de experimentar novas concepções na sua visão de mundo. Sendo assim, a dança, como uma
das atividades diversificadas, auxilia este aluno perceber seu ambiente, seu corpo e seu
próximo.
Envolvido com a dança o ritmo dos alunos com deficiência mental para relacionarem-se
entre si melhora, há ainda progressos cognitivos e físicos que são apresentados não apenas nas
aulas de dança, mas estão para o aprendizado de outras disciplinas do currículo deste. Por
exemplo, na dança, trabalha-se estimulações para percepção, memória, comunicação,
interpretação, raciocínio lógico, ritmo, tempo, espaço, agilidade e muitas outras características
que são necessárias para absorção de qualquer outro conteúdo, seja ele artístico ou não.
Dionísia Nanni comenta: “(...) Estas atividades perceptomotoras integradas a um círculo de
Dança podem ser valiosas para melhorar, enriquecer, incentivar, nortear a aprendizagem de um
modo geral” (2003, p.40).
A dança torna-se ainda um rico instrumento de pesquisa para o aluno com deficiência
mental, uma vez que a esta abrange também as inteligências múltiplas, com dimensões
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percorridas no âmbito lingüístico, lógico-matemático, espacial, musical, cinestésico-corporal,
naturalista, intrapessoal e interpessoal (ANTUNES, 2003).
A educação de deficientes mentais através de instrumentos interdisciplinares, como a
dança, deve visar a aprendizagem real do aluno, a autora Dina Campos (1987) afirma que a
aprendizagem do indivíduo ocorre nos níveis cognitivo, automatismo e afetivo, sendo da
interação com estas aprendizagens que o homem adquire adaptação ou ajustamento (fato de
suma importância para o desenvolvimento educativo de todos).
Ainda sobre os acréscimos da dança na educação e aprendizagem dos deficientes
mentais, Braghirolli (2002), expõe os seguintes tipos de aprendizagem: por condicionamento,
ensaio-erro, imitação, discernimento ou insight e raciocínio, sendo que tais aprendizagens
consistem na dança, uma vez que é uma prática de caráter abrangente que gera estímulos
diferenciados cruzando todas as aprendizagens citadas, facilitando assim a educação do aluno e
fornecendo fonte de associação para sua lógica dialética.
Refletindo sobre o ato de envolver o uso sensório-motor na educação do indivíduo
O trabalho corporal só terá validade se for o reflexo de um
trabalho que promova o correto desenvolvimento psicológico e físico do
praticante, que facilite a sua integração social, que salvaguarde os aspectos
recreativos, que desenvolva, assim, o verdadeiro sentido estético (ASSIS,
1994, p.144).
Mediante aos aspectos benéficos proporcionados pela dança ao meio interdisciplinar,
defende-se aqui desde o princípio que a ela é uma prática salutar ao rendimento educativo do
deficiente mental, todavia, vale pontuar que se a mesma não funcionar com objetivos além de
lúdicos, estará fugindo do foco a alcançar integralmente o aluno.
Espera-se que com uso da dança este aluno esteja mais ativo, mais sensível, mais
criativo, mais crítico, mais apto para comunicar-se, com seu desenvolvimento ligado as várias
partes de si e, por conseguinte, mais sedento pelo conhecimento e por estudos ministrados,
simultaneamente, por professores de disciplinas diferentes.
3. A conduta do professor para prática interdisciplinar
Visando um bom desenvolvimento do aluno com deficiência mental após inserido no
contexto da dança de modo interdisciplinar, é necessário que esse último depare-se com um
clima acolhedor nas aulas de dança e nas demais, afinal, normalmente se dá na escola o
primeiro local de novos convívios experimentados pelo aluno deficiente mental fora seu seio
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familiar, portanto, tal local deve estar inovado e estruturado para fornecer qualidade e ajuste
para o aprendizado do aluno.
Entende-se caber também à escola o investimento no ensino de educação especial,
estando aberta às novas propostas educativas, recebendo estagiários, oferecendo oficinas de
qualificação aos professores, averiguando a compreensão que estes podem ter das questões
burocráticas da educação especial, dentre outros pormenores.
É de suma importância, que o professor de dança envolvido pelo meio interdisciplinar
ao aluno com deficiência mental aborde planejadamente esta arte, afinal sua participação ou a
monitoração de atividades é essencial para o aluno, que em inúmeras vezes espelha-se no
mestre, sendo fundamental o compromisso do professor para com o avanço educativo e
construtivo do aluno.
Sobre a interação existente entre professor aluno, espera-se que seja recíproca, onde o
mestre o ajude inicialmente na tarefa de aprender para que em seguida, através desta ajuda, o
aluno possa pensar e agir com autonomia. Para aprender, o aluno precisa ter ao seu lado alguém
atento nos diferentes momentos da situação de aprendizagem e que o auxilie a evoluir no
processo, alcançando um nível mais elevado de conhecimento.
Somente o intercâmbio, a integração e troca entre membros da
equipe de educadores, pode gerar uma postura aberta a tudo e a todos,
essencial ao processo interdisciplinar. Com a desfragmentação dos
diferentes saberes, imaginamos que o aprendiz possa relacionar seus
múltiplos saberes, e desta forma, articular todas as suas competências
diante uma situação problema. Crendo que a resolução constante de
problemas pode gerar o desenvolvimento das Múltiplas Inteligências,
julgamos serem os Projetos e a Interdisciplinaridade dois mecanismos
eficientes ao „polimento‟ das múltiplas faces desse cristal, que é o aprendiz
(NOGUEIRA, 2000, p.91).
O professor deve estimular constantemente seus alunos com deficiência mental
superarem as limitações e sempre propor atividades motivadoras e desafiadoras, contudo, deve
haver também moderação sem pressão e sem desrespeito pessoal para com o aluno, isso deve
ocorrer de maneira natural através de estímulos e encorajamento às atividades prazerosas e
inteligíveis.
Pelos alunos é possível observar que a sensibilidade e a percepção devem estar nas
qualidades do professor como características paralelas em seu universo artístico e pedagógico.
Dadas características ajudam aos facilitadores partirem de dados incompletos, de sugestões, de
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observações, de leituras, de informações e experimentações, que o ajudem ampliar a visão sobre
o contexto real do aluno da educação especial para que possa ser melhor alcançado e que os
objetivos da aula sejam atingidos satisfatoriamente.
Sendo o professor como um termômetro na sala de aula, precisa ter sempre paciência,
autonomia e novas estratégias para lidar na sala, pois uma situação é ele estudar bastante e ter
vastos conhecimentos teóricos sobre o aluno deficiente mental, sobre a arte e docência da
dança, outra situação é colocá-los em campo e perceber que nem toda vez o resultado coincide
apenas com os seus referenciais teóricos. Portanto, deve estar preparado para tudo, pois,
ocasionalmente, este professor pode deparar-se com situações inusitadas na aula em que seus
alunos apresentam reações e comportamentos diversos (aceitações ou resistências), como
qualquer outra pessoa.
No começo, por ser o primeiro contato com uma atividade corporal, alguns alunos
sentem-se e demonstram-se meio deslocados ou constrangidos no início da aula, mas em pouco
tempo, ultrapassam a inibição e desconfiança e entregam-se ao trabalho.
Dependendo do nível de deficiência e da área do cérebro que apresenta seqüelas o aluno
com deficiência mental pode, em alguns momentos das atividades com dança, apresentar
pequenas ou grandes dificuldades motoras, ou ainda dificuldades na associação dos conteúdos
abordados e comandos oriundos do professor. Mas cada caso é um caso, por conseguinte, cada
sujeito comporta-se e recebe diferentemente a aula de dança, outros alunos por sua vez
participam com notável facilidade e estimulam os demais a esforçarem-se e incluírem-se na
atividade realizada.
Vale pontuar ainda que, muitas vezes antes de a aula obter êxito, o professor enfrenta
desafios e necessita de ousadia e força de vontade para continuar seu trabalho; a alusão à forma
interdisciplinar da dança e suas dificuldades é encontrada em textos de Satrazzacappa (2006), ela
enfoca que é possível aplicar e estudar a dança sob várias ópticas, podendo abranger as interfaces
com outras áreas do conhecimento, como psicologia, comunicação, educação, sociologia, saúde,
entre outras.
A autora supracitada comenta ainda que quem trabalha com a dança tem a impressão de
estar sempre iniciando. “O campo da educação e da arte é árido. Só trabalha com dança e com
educação aquele que acredita que o sonho é possível... (pois)... aprender a trabalhar com a
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educação, com o social e com a arte é aprender a lidar com a frustração e a paciência” (2006,
p.61).
O trabalho de dança na educação especial exige que as atividades específicas para os
deficientes mentais sejam planejadas para tais, não que os alunos com deficiência estejam sendo
excluídos da „normalidade‟ de planos de aula para classe comum (com alunos sem deficiência), e
sim para que se faça um trabalho isolado e específico para suas necessidades, alcançando as
debilidades impostas pela deficiência para superá-las, ou para melhor lidar com elas,
fortalecendo-os pessoalmente no convívio em harmonia na educação geral.
Funcionando da seguinte forma, há tipos de movimentos do cotidiano e da dança, que
precisam ser transmitidos aos alunos deficientes mentais de forma mais explicada ou ainda
simplificada para que o ele de fato compreenda-os (coisa que não se faria com tanta ênfase aos
alunos sem deficiência), entretanto, há momentos ímpares e marcantes, numa aula, em que o
aluno com deficiência mental trabalha com tanto envolvimento e particularidade na
expressividade e performance que até mesmo alguns alunos não deficientes não demonstram
sensibilidade ou desenvoltura aparente para realizá-los.
Logo, o aluno com deficiência mental pode sim apresentar-se com destaque numa aula
de dança, principalmente quando é tocado por meios interdisciplinares e por profissionais
qualificados e amantes do que fazem.
Considerações Finais
A educação de pessoas com necessidades educativas especiais hoje desenvolveu-se e
está consolidada em leis que valorizam a pessoa com deficiência. E a dança por sua vez
também evoluiu bastante inclusive como conhecimento científico, passando a ser considerada
como atividade educacional ao passo em que pode ser atrelada ao âmbito interdisciplinar e
proporcionar um notável acréscimo ao aluno.
A dança porta de envergaduras estimulantes do organismo como um todo da pessoa
com deficiência mental, além de atuar na estimulação da socialização e desenvolvimento global
do deficiente mental, contudo, para que este sujeito seja positivamente alcançado pela dança de
maneira interdisciplinar, é necessário que o profissional a estude.
A dança no setor da educação especial deve ser uma prática devidamente planejada para
que esteja alcançando não só o senso lúdico e emocional do aluno, e sim para que forme-se nele
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uma ponte ligada às áreas das ciências humanas, biológicas, exatas e até mesmo tecnológicas,
pois a dada arte passa perpendicularmente sobre todas supracitadas, oferecendo então ao aluno
uma prática salutar ao seu rendimento biopsicossocial.
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