A ORIGEM DO TEATRO E A MITOLOGIA CAMILA CARNEIRO MARTINS ORIENTADOR: ERIK ROBERTO CONTARINI COLÉGIO PIRACICABANO RESUMO: Este trabalho buscou responder o seguinte problema: Quais foram os principais autores dramáticos da Grécia Antiga influenciados pela mitologia e como se deu o início do teatro ocidental? Assim, teve como objetivo compreender a origem do teatro, conhecendo os principais dramaturgos da antiguidade grega e identificar em suas respectivas obras elementos mitológicos. Ainda, apreciar a peça Édipo Rei de Sófocles. Para seu desenvolvimento nós utilizamos de uma pesquisa bibliográfica através de livros da biblioteca do Colégio Piracicabano e da Unimep e também em sites relativos ao tema. No desenvolvimento do trabalho identificamos que Ésquilo, Eurípedes e Sófocles foram os principais autores influenciados pela mitologia e que os mesmos contribuíram efetivamente para o teatro na atualidade tanto pela qualidade como pela quantidade de trabalhos apresentados. Pudemos compreender também que o teatro ocidental se originou através das festas Dionisíacas. ABSTRATC: This research searched to answer about those questions: Who were the main dramatists from Old Greece influenced by mythology and how was the origin of occidental theater? However, it had as objective understand how occidental theater began, knowing the main dramatists from Old Greece and identify mythology in their’s plays. Still appreciate the book Édipo Rei by Sófocles. To this development we utilized a bibliography research in Colégio Piracicabano’s and Unimep’s library, even websites. At the development of this work we identified that Ésquilo, Eurípedes and Sófocles were the main dramatists from Old Greece and that they had contributed effectively for the current theater. We realized that theater begans from Dioniso’s festivals. PALAVRAS CHAVES: origem do teatro; autores dramáticos; mitologia KEYWORDS: origin of theater; dramatical authors; mythology INTRODUÇÃO: Já há algum tempo buscamos a formação em artes cênicas através das participações em grupos teatrais da nossa cidade. Nessas vivências verificamos a influência da mitologia no teatro da atualidade, o que instigou a buscar resposta ao seguinte problema: Quais foram os principais dramaturgos da Antiga Grécia a utilizar elementos mitológicos em suas obras e como se deu a origem do teatro ocidental? Para o desenvolvimento desta pesquisa, temos como objetivo compreender como começou o teatro ocidental, conhecendo os principais autores dramáticos que foram influenciados pela mitologia e apreciar a obra Édipo Rei de Sófocles. 1 METODOLOGIA: Este trabalho tem como proposta metodológica uma pesquisa bibliográfica sobre os temas: origem do teatro, principais autores dramáticos da Grécia Antiga, mitologia e a inter-relação entre os mesmos. Tal investigação foi desenvolvida na biblioteca do Colégio Piracicabano, da Universidade Metodista de Piracicaba e em sites relativos ao tema buscando identificar referenciais relevantes que permitissem a resolução do problema. DESENVOLVIMENTO: A história do teatro europeu começa em Atenas. As origens da arte dramática estão nas ações recíprocas, que independentemente do tempo e do lugar ligam os deuses aos homens e os homens aos deuses: elas estão em rituais de sacrifício, dança e culto. No tempo homérico, estes rituais apareciam em culto a Dioniso, o deus do vinho, da vegetação, da procriação e da vida exuberante. Os festivais rurais da prensagem do vinho e as festas das flores de Atenas eram dedicados a ele. Nessas festas ocorriam cantos denominados ditirambos, danças e orgias, que o louvavam. Quando os ritos dionisíacos se desenvolveram, transformando-se na tragédia e na comédia, Dioniso se tornou o deus do teatro. Berthold (2001, P. 103-104) ressalta a importância do teatro para a civilização grega: O teatro é uma obra de arte social e comunal; nunca isso foi mais verdadeiro do que na Grécia antiga. Em nenhum outro lugar, portanto, pôde alcançar tanta importância como na Grécia. A multidão reunida no theatron não era meramente espectadora, mas participante, no sentido literal. Os principais autores dramáticos na Antiguidade foram Ésquilo, Eurípedes e Sófocles. O primeiro morava em Elêusis, portanto tinha acesso à vida cultural de Atenas. Ganhou reconhecimento teatral somente após várias tentativas. Em 500 a.C. ele começou a competir na Grande Dionisíaca, festival que durava sete dias. Ésquilo escreveu noventa tragédias. Ganhou seu primeiro prêmio com a trilogia Os Persas, onde mostrava a glorificação de Atenas: Quando Atossa pergunta ao Corifeu: “Quem rege os gregos, quem os governa?”, a resposta expressa o orgulho do autor pela polis ateniense: “Eles não são escravos, não têm senhor”. (BERTHOLD, 2001, P. 107). Eurípedes nasceu em Salamina. Duvidava da existência da verdade absoluta e por isso se opunha a qualquer falso idealismo. As idéias divinas não eram verdades absolutas para ele e não lhe ofereciam solução. Sófocles, comentando sobre o dramaturgo, disse uma vez: “Eu represento os homens como devem ser, Eurípedes os representa como eles são”. (apud BERTHOLD, 2001, P.110) 2 Sófocles nasceu em Colono, burgo da Ática, por volta de 496 a.C. Teve a melhor educação que existia em Atenas. Representou suas primeiras peças aos vinte e oito anos. Ganhou o primeiro prêmio no mesmo concurso em que Ésquilo participava. Atuou em algumas de suas peças. Ganhou dezoito prêmios dramáticos. RESULTADOS: A tragédia grega, no sentido da formalidade e perfeição artística, deve-se a Ésquilo e tal aspecto é ainda hoje verificado na estruturação das tragédias da dramartugia atual. Escrevem os antigos cronistas que todas as suas obras foram perdidas, ou seja, Ésquilo escreveu noventa tragédias, destas, setenta e nove títulos chegaram até nós, mas apenas sete peças foram conservadas. Ganhou seu primeiro prêmio com a trilogia Os Persas, seguida pela peça satírica Prometeu, o Portador do Fogo. Coube então a Péricles, político grego, premiar o coro. Esta peça tratava de um tema local, que quatro anos antes havia sido tratado por Frínico, poeta trágico Ateniense, em sua famosa As Fenícias. Ésquilo seguiu os componentes da tragédia antiga: um prólogo que explicava previamente a história, a cantiga de entrada do coro, o relato do mensageiro na trágica virada do destino e a lamentação das vítimas. Em Prometeu Acorrentado, a impotência humana diante dos deuses fica clara. O filho dos titãs que rouba o fogo dos céus e o trás para os mortais diz: “Eu te invoco, ó venerável Mãe Terra, e invoco a ti, círculo de chamas onividente: vê que eu sofro, eu próprio um deus, nas mãos dos deuses!”. (BERTHOLD, 2001, P. 107). Dois mil e quinhentos anos depois, Carl Orff transforma Prometeu no herói principal de um drama musical diferente, chegando a ser quase arcaico, que trás o mesmo confronto da paixão divina contra a humana. Historiadores da religião relacionaram o sofrimento do Titã com a revolta de Lúcifer até a Redenção de Cristo, um exemplo de que os pressentimentos pagões muitas vezes penetram na história ulterior, e isso frequentemente se expressa no teatro. Já Eurípedes encantava-se com o debate de idéias o que lhe deu o nome de “filósofo do teatro”. Dentre os três dramaturgos, foi de Eurípedes que chegou até nós o maior números de tragédias, dezoito no total. Entre elas estão: Medeia, Hipólito, Hécuba, Andrômaca, Alceste, As Bacantes, Héracles, A Heracléade, As Suplicantes, As Mulheres de Tróia, Electra, Ifigêenia em Áulida, Helena, Íon, Orestes, Ifigênia em Táurida, As Fenícias e O Ciclope. Na mitologia, Medeia é filha de Eetes e da ninfa Asterodia; Hécuba é mulher de Príamo, que governou Tróia, durante a guerra; Andrômaca é mulher de Heitor, um dos maiores guerreiros na guerra de Tróia; Heracles é herói e filho de Zeus; Electra e Orestes são filhos de um herói grego, Agamêmnon; Helena, filha de Zeus e desencadeadora da guerra de Tróia. 3 Este autor apresenta os mitos enquanto perpetuação das concepções e crenças da época e, talvez, por este motivo não tenha conseguido construir peças harmônicas, no entanto, ainda assim conseguiu peças memoráveis e de profundas características psicológicas. Ésquilo e Sófocles eram amigos e tinham trinta anos de diferença. Entre os dramas de Sófocles estão: Ájax, Antígona, Electra, Édipo Rei, As Tarquínias e Filoctetes. Na mitologia Ájax é filho do rei da ilha de Salamina; Édipo é filho e esposo de Jocasta, rei de Tebas e pai de Antígona. Sófocles despiu seus personagens da arcaica vestimenta típica e representou a necessidade que o homem tem de sofrer. Colocou em cena personagens que se atrevem, como Antígona, que assume obrigações por vontade própria. Para Sófocles, o sofrimento é duro e ao mesmo tempo enobrecedor para o auto-conhecimento, como cita Berthold (2001, P. 109-110): “Ájax morre pela própria espada; o rei Édipo cega a si mesmo; Electra, Djanira, Jocasta, Eurídice e Antígona buscam a morte”. Em sua tragédia, Édipo Rei, conseguimos identificar elementos mitológicos, como: a Esfinge, que aterrorizava os moradores de Tebas e matava aqueles que não conseguiam responder o enigma "Que animal caminha com quatro pés pela manhã, dois ao meio-dia e três à tarde?”; o oráculo, local onde as pessoas obtinham respostas divinas sobre o futuro, e que no mito anuncia que Édipo mataria seu pai e se casaria com sua mãe; nomes de deuses como Zeus e suas filhas Pala, protetora de Atenas, e Artemísia. Verificamos deste modo que estes três dramaturgos da Antiga Grécia trazem significativas contribuições ao teatro. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Tendo apresentado os resultados podemos verificar a grande influência que Ésquilo, Eurípedes e Sófocles, enquanto dramaturgos da Antiga Grécia tiveram na origem do teatro ocidental, tornando-os os principais autores influenciados pela mitologia daquele tempo. E devido essa presença constante de elementos mitológicos a mitologia tornase parte essencial da construção do teatro atual. De Ésquilo herdamos a formalidade e perfeição artística, de Eurípedes o debate de idéias e de Sófocles o atrevimento. Chegando ao final de nosso trabalho pudemos apresentar respostas ao problema inicial, e afirmamos que a pesquisa não só serviu para aprender como realizá-la, mas também despertou o desejo de conhecer mais sobre o assunto. 4 AGRADECIMENTOS: Gostaria de agradecer ao meu orientador Erik Contarini por toda atenção e ajuda. Um obrigado também à Dona Tita, que sempre me dá uma ajudinha quando eu preciso, e à Mari. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BERTHOLD, Margot. História Mundial do Teatro. São Paulo: Perspectiva, 2001. DA SILVA, Agostinho. Édipo Rei: Sófocles. Chile: Sociedade Comercial y Editorial Santiago LDA. y Publicações Europa América, LDA, 1988. História do Teatro – A Origem e Evolução do Teatro. Disponível em: <http://liriah.teatro.vilabol.uol.com.br/historia/aorigemeevolucaodoteatro.htm>. Acesso em 14 abril 2008. História do Teatro – Teatro na Antiguidade. Disponível em: <http://liriah.teatro.vilabol.uol.com.br/historia/teatronaantiguidade.htm>. Acesso em 16 abril 2008. PIFFER, Rafael. Teatro Grego. Disponível em: <<http://rafaelpiffer.spaceblog.com.br/136000/Teatro-Grego-Parte-I/>. Acesso em 04 abril 2008. WALES, Jimmy. Eurípedes. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Eur%C3%ADpedes>. Acesso em 27 março 2008. 5