Sociologia e Educação

Propaganda
Unidade I
Sociologia e Educação
Profª. Renata Viana de Barros Thomé
Revisão do pensamento sociológico,
matrizes básicas da Sociologia
aplicadas às questões educacionais
Para estudar Sociologia da Educação é
preciso lembrar dos autores clássicos da
sociologia. São eles: Émile Durkheim, Max
Weber e Karl Marx.
Vale a pena lembrar que toda a discussão
contemporânea da Sociologia da Educação
e as idéias defendidas pelos autores, sejam
eles brasileiros ou estrangeiros dialoga
com essa herança teórica.
Principais idéias e conceitos de:
Émile Durkheim (1858-1917)
Os fatos sociais devem ser tratados como
coisa!
Para ele o pesquisador deve manter uma
relação de distanciamento jamais julgando
se o fato estudado é certo ou errado.
errado
Preocupação constante com a ordem social
e a criação de conceitos importantes como
fato social, coerção social, normalidade e
anomia social.
Principais idéias e conceitos de:
Émile Durkheim (1858-1917)
Coerção social: todo indivíduo ao viver em
sociedade sofre pressão do grupo, todas as
ações que praticamos são julgadas pelos
outros.
Normalidade e anomalia social: para
Durkheim todo fato social é considerado
normal, ele passa a ser considerado
patológico ou uma anomalia se ameaça a
sobrevivência da sociedade.
Principais idéias e conceitos de:
Max Weber (1864-1920)
A função do sociólogo é compreender o
sentido da ação dos sujeitos!
Para Weber mais do que rotular os
comportamentos humanos, o importante é
tentar entender as motivações que levam
os indivíduos a agir.
Seu principal conceito é o de ação social.
Para ele os indivíduos agem com base em
sua classe social, cultura e tradições.
Principais idéias e conceitos de:
Max Weber (1864-1920)
Identificou três distinções de classe, de
acordo com três dimensões de
desigualdade:
ƒ Classe: baseada na dimensão
econômica;
ƒ Poder: baseada na dimensão política;
ƒ Prestígio: baseada na ordem social,
status.
Principais idéias e conceitos de:
Max Weber (1864-1920)
Embora poder, prestígio e riqueza
freqüentemente apareçam juntos, eles, até
certo ponto, variam de forma independente.
Um líder, por exemplo, pode classificar-se
alto em matéria de poder e prestígio, mas
relativamente baixo em riqueza,
riqueza da mesma
maneira que riqueza não traz
automaticamente prestígio.
Principais idéias e conceitos de:
Karl Marx (1818-1883)
Trabalhadores do mundo todo, uni-vos!
ƒ seus principais conceitos são: luta de
classes, mais-valia, alienação, ideologia
e classes sociais.
ƒ segundo Marx a sociedade se compõe de
duas classes: Burguesia (indivíduos
detentores dos meios de produção) e
Proletariado (aqueles que não possuem
bens e capital), que mantém uma relação
de oposição e complementaridade.
Principais idéias e conceitos de:
Karl Marx (1818-1883)
Aos trabalhadores resta tentar suprir as
suas necessidades através da venda da sua
força de trabalho em troca de salários, que,
do ponto de vista marxista, representam
apenas uma parte do valor da riqueza que
eles produzem (extração da mais
mais-valia).
valia)
A extração da mais-valia só é possível pela
concorrência gerada pelo desemprego e
pelas inovações tecnológicas que
substituem o trabalho humano pelo das
máquinas.
Interatividade
Inspirado no pensamento marxista
responda: Quais foram às classes sociais
formadas no capitalismo?
a) Senhores feudais e servos;
b) Senhores de engenho e escravos;
c) Reis e súditos;
d) Burgueses e proletários;
e) Proprietários e excluídos.
A visão de Marx sobre a educação
“a sala de aula tinha 15 pés de
comprimento por 10 pés de largura e
continha 75 crianças que grunhiam algo
ininteligível. (...) Além disso, o mobiliário
escolar é pobre, há falta de livros e de
material de ensino e uma atmosfera viciada
e fétida exerce efeito deprimente sobre as
infelizes crianças. Estive em muitas escolas
e nelas vi filas inteiras de crianças que não
faziam absolutamente nada, e a isso se dá o
atestado de freqüência escolar; e esses
meninos figuram na categoria de instruídos
de nossas estatísticas oficiais”
A visão de Marx sobre a educação
Relato de um inspetor do trabalho da
época, citado por Marx que aparece na obra
O capital , de 1867, cap. XIII, item 9.
A legislação inglesa de 1844 mudou as
regras A partir de então só poderiam ser
regras.
contratadas para as fábricas crianças que
já tivessem pelo menos a instrução
primária.
Segue passagem de um texto intitulado
Instrução aos delegados do Conselho Geral
da Internacional Comunista (de 1866), no
qual Marx defende:
A visão de Marx sobre a educação
“Consideramos que é progressista, sã e
legítima a tendência da indústria moderna
de incorporar as crianças e os jovens para
que cooperem no grande trabalho da
produção social, embora sob o regime
capitalista ela tenha sido deformada até
chegar a uma abominação. Em todo regime
social razoável, qualquer criança de 9 anos
de idade deve ser um trabalhador
produtivo, do mesmo modo que todo adulto
apto para o trabalho deve obedecer à lei
geral da natureza, a saber: trabalhar para
poder comer, e trabalhar não só com a
cabeça, mas com as mãos.”
A visão de Marx sobre a educação
Marx defende que se estabeleça tratamento
diferenciado conforme a faixa etária,
prevendo jornadas de trabalho diferenciadas
para crianças e jovens:
ƒ De 9 a 12 anos, eles deveriam trabalhar 2
horas por dia;
ƒ De 13 a 15 anos, 4 horas;
ƒ De 16 a 17 anos, 6 horas.
E diz: “não se deve p
permitir em nenhum
caso, que o trabalho de crianças e jovens
não esteja conjugado com a educação.”
O princípio de educação
politécnica de Marx
Para ele, os conteúdos educacionais
deveriam contemplar 3 dimensões:
ƒ educação mental (educação elementar
para o trabalho intelectual;
ƒ fí
física
i (oferecida
( f
id nos ginásios
i á i esportivos
ti
e no treinamento militar);
ƒ tecnológica (manejo de instrumentos e
máquinas dos diferentes ramos da
indústria conjugada com o trabalho nas
fábricas).
Análises mais adotadas da relação
entre escola e classes sociais:
Marilena Chauí em seu livro “O que é
ideologia?” Discute a relação entre os
modelos de família, classes sociais e
educação que foram se configurando na
sociedade moderna:
ƒ Para ela, no capitalismo existem 3 tipos de
família relacionadas as classes: a
burguesa, a pequeno-burguesa e a
proletária.
Análises mais adotadas da relação
entre escola e classes sociais:
Família burguesa: na maioria das vezes,
não passa de um contrato econômico entre
famílias para conservar o patrimônio
familiar e assegurar a transmissão da
herança. Por isso o adultério feminino é
uma falta grave
grave.
Família proletária: existe quase que
exclusivamente para reproduzir a força de
trabalho através da procriação de filhos.
Análises mais adotadas da relação
entre escola e classes sociais:
Família pequeno-burguesa: tem a função
fundamental de reproduzir os ideais e os
valores burgueses para toda a sociedade. O
pai tem a autoridade reforçada para
compensar a falta de poder que ele tem na
sociedade A mãe tem o lugar honroso da
sociedade.
domesticidade, para que fique fora do
mercado de trabalho e não vá competir com
o pai e lhe roubar a autoridade ilusória. Os
filhos desse casamento tem retardada a
entrada no mercado de trabalho e o
casamento.
Interatividade
A teoria sociológica criada por Karl Marx foi
considerada pelos especialistas,
pesquisadores, filósofos e cientistas sociais
como:
a) Um método limitado, por seu caráter
fantasioso que substitui a ideologia religiosa.
b) Um método limitado, por seu caráter
conservador.
c) O método que dá conta de maneira mais
satisfatória da complexidade e das
contradições
ç
do real.
d) Um método que não dá conta de maneira
satisfatória da complexidade e das
contradições do real.
e) O método de caráter mais fantasioso e
conservador de análise do real.
Análises da relação entre escola e
sociedade: os “pessimistas”
Uma visão muito prestigiada na segunda
metade do século XX foi a chamada
interpretação reprodutivista da escola, criada
pelos pensadores franceses Bourdieu e
Passeron (que se declaram marxistas), no
livro A reprodução que destaca a violência
simbólica na transmissão do saber nas
escolas.
Análises da relação entre escola e
sociedade: os “pessimistas”
A essa visão se juntam outros teóricos
como:
ƒ Louis Althusser, no livro Ideologia e
aparelhos ideológicos do Estado
defende que as escolas nas sociedades
capitalistas são instâncias reprodutoras
da ideologia da classe dominante .
ƒ C. Baudelot e R. Establet , no livro A
escola capitalista na França utilizam o
instrumental teórico de Althusser
Althusser, a fim
de analisar o sistema escolar francês e
concluíram que a escola é o principal
lugar da reprodução.
Análises da relação entre escola e
sociedade: os “pessimistas”
Nos Estados Unidos, Bowles e H. Gintis no
livro Schooling in capitalist America
aplicam a teoria reprodutivista, partindo da
mesma idéia de que a escola reproduz a
divisão social do trabalho.
Análises da relação entre escola e
sociedade: os “otimistas”
O pensador italiano Antonio Gramsci (18311937), assim como Marx, acreditava no
potencial transformador da educação.
Para ele a única maneira de romper o ciclo
de dominação na escola é a produção de
um discurso contra-hegemônico, que
apenas o intelectual orgânico (professor)
pode fazer.
Análises da relação entre escola e
sociedade: os “otimistas”
Para Mannheim (1893-1947), sociólogo
judeu nascido na Hungria (que mescla
Marx, Durkheim e Weber):
ƒ para ele a educação escolarizada é uma
técnica social e pode ser uma arma nas
mãos de quem domina, podendo ser
usada tanto para a manutenção quanto
para a transformação de uma sociedade.
Análises da relação entre escola e
sociedade: os “otimistas”
Na década de 70 do século XX, na Inglaterra
surge a chamada “Nova sociologia da
Educação” que se contrapõe aos
reprodutivistas ao se preocupar com o
funcionamento interno da escola e com o
currículo.
currículo
Principal autor Michael Yong – (livro)
Conhecimento e controle.
Análises da relação entre escola e
sociedade: os “otimistas”
Georges Snyders (1916- ), sociólogo
francês, escreve em 1976 um livro
criticando os reprodutivistas Escola, classe
e luta de classes, ressaltando que o
professor encontra resistência dos alunos e
que a realidade de cada escola e de cada
professor interfere no processo
educacional.
Visão nem “pessimista” nem
“otimista”, simplesmente contrária
à educação
O pensador e polímata (quem se destaca
em vários campos, principalmente artes e
ciências) Ivan Illich foi um grande crítico da
educação tendo escrito o livro A sociedade
sem escolas para defender a auto-educação
e denunciar a natureza ineficaz da
educação institucionalizada.
Interatividade
Os dois maiores expoentes do grupo denominado
“reprodutivista” são Pierre Bourdieu e JeanClaude Passeron. A visão destes dois autores com
relação a educação foi:
a) Uma visão otimista, acreditavam que a escola
seria um dos locais privilegiados para a
superação dos conflitos sociais
sociais.
b) Uma visão otimista, confirmada pelos
movimentos estudantis, ocorridos nos anos
1970, no mundo todo.
c) Uma visão pessimista, acreditavam que a
escola não seria capaz de promover a
superação
ã d
dos conflitos
flit sociais.
i i
d) Uma visão pessimista, segundo eles a escola é
um aparelho ideológico de estado.
e) Uma visão pessimista, segundo eles a escola é
um espaço de reprodução do sistema
capitalista.
Análises da relação entre escola e
sociedade: os teóricos brasileiros
Fernando Azevedo (1894-1974) se dedicou
especialmente a pensar a educação tendo
como influência direta o livro de Durkheim,
Educação e Sociedade que é publicado no
Brasil em 1939. Azevedo vai além do teórico
francês quando defende que o aluno não
recebe passivamente as informações e
comportamentos dados pelos professores
mas reage a eles dependendo de sua
história de vida e contexto cultural.
Análises da relação entre escola e
sociedade: os teóricos brasileiros
Anísio Teixeira (1900-1971) foi um pioneiro
do movimento da Escola Nova que rompeu
com o método tradicional de ensino
baseado na memorização. Participou da
elaboração do Manifesto da Escola Nova
em defesa do ensino básico público,
público
gratuito, laico e obrigatório divulgado em
1932. Promoveu a reforma do sistema
educacional na Bahia e no Rio de Janeiro
que viria a influenciar toda a educação
nacional.
Análises da relação entre escola e
sociedade: os teóricos brasileiros
Florestan Fernandes (1920-1995) fez parte da
primeira turma de sociólogos formados pela
Universidade de São Paulo, passa a
desenvolver pesquisa e docência,
produzindo uma obra que viria a firmar o seu
nome como um dos principais da sociologia
brasileira. Foi um defensor ferrenho do
direito à educação, participou ativamente
como deputado federal da redação do novo
texto constitucional de 1988, sobretudo nos
artigos relativos a esse tema.
Reflexão teórica
Apesar das análises em Sociologia da
Educação no Brasil serem muito
dependentes de teorias estrangeiras,
podemos notar que nossos teóricos fizeram
um uso mais pragmático de tais teorias,
sem propostas radicais ou utópicas
utópicas.
As análises sociológicas sempre devem ser
contextualizadas, portanto nem sempre o
que é realidade na escola européia ou
norte-americana
norte
americana torna
torna-se
se automaticamente
realidade na sociedade brasileira.
Interatividade
Podemos dizer que o(a) teórico(a) brasileiro
(a) que introduziu as análises de Durkheim
sobre a escola, no Brasil foi:
a) Fernando Azevedo.
b) Anísio Teixeira.
c) Florestan Fernandes.
d) Paulo Freire.
e) Marilena Chauí.
ATÉ
É A PRÓXIMA!
Ó
Download