Formanda: Ana Carina Martins Gonçalves Curso: TSHT – Técnico de Segurança e Higiene no Trabalho Módulo: CLC_6 Cultura Língua e Comunicação Formadora: Carla Carreto Data: 9 de Novembro de 2010 Introdução pág. 3 Receita da avó pág. 4, 5 História de Alcantarilha pág.5, 6, 7 Lenda da Costureirinha pág.7,8,9 Conclusão pág.10 Referências pág.11 2 Formanda: Ana Carina Martins Gonçalves Curso: TSHT – Técnico de Segurança e Higiene no Trabalho Módulo: CLC_6 Cultura Língua e Comunicação Formadora: Carla Carreto Data: 9 de Novembro de 2010 No âmbito do módulo CLC_6 – Culturas de Urbanismo e Mobilidades com a formadora Carla Carreto, elaborei um trabalho onde descrevo um pouco da vila onde eu nasci, Alcantarilha. Alcantarilha é uma vila muito antiga e várias gerações têm vivido alguns dos costumes relevantes aos tempos passados. Aqui estão algumas recordações e memórias vividas, jamais esquecidas do passado da minha história e da minha família. Descrevo uma pequena receita da minha avó Elisa, uma história relatada pelo meu pai e uma lenda que me fascinou, relatada pela minha avó Maria. 3 Formanda: Ana Carina Martins Gonçalves Curso: TSHT – Técnico de Segurança e Higiene no Trabalho Módulo: CLC_6 Cultura Língua e Comunicação Formadora: Carla Carreto Data: 9 de Novembro de 2010 Receita da avó Papas de Milho Ingredientes: - 350 g de farinha de milho - 0,5 dl de azeite - Salsa - Uma cebola - sal - vinagre Preparação: Coloca-se o azeite num tacho e deixa-se aquecer. Junta-se a cebola picada e deixa-se refogar. Retira-se o pedúnculo aos tomates e escaldam-se em água a ferver para lhes retirar a pele e as grainhas. Cortam-se em pequenos cubos e juntam-se ao refogado, assim como parte da salsa, deixando cozer mais um pouco. Junta-se o caldo, rectificam-se os temperos e deixa-se ferver. Retira-se do lume e dissolve-se a farinha de milho, tendo o cuidado de não deixar gratinar. O milho deve mexer-se com a ajuda de umas varas. Levase novamente ao lume e deixa-se cozer durante trinta minutos, mexendo de vez em quando. Depois de pronto, rega-se com uma colher de vinagre. Servem-se as papas bem quentes. Para acompanhar uma boa refeição, saboreie os vinhos maduros da região. Justificação Esta receita faz-me lembrar a minha avó Elisa, mãe do meu pai nos anos 90. Lembro-me de ir à sua casa ao fim-de-semana, e ao jantar ela preparava as papas de milho com um carinho, que ainda hoje me lembro do sabor e por vezes faz-me crescer água na boca. 4 Formanda: Ana Carina Martins Gonçalves Curso: TSHT – Técnico de Segurança e Higiene no Trabalho Módulo: CLC_6 Cultura Língua e Comunicação Formadora: Carla Carreto Data: 9 de Novembro de 2010 A verdade é que nos dias de hoje a confecção dos pratos não é feita da mesma maneira, a razão é que naquela altura as refeições eram feitas em fogo de lenha e isso faz a diferença no sabor. Ainda hoje os meus pais contam que naquela altura não havia muito para comer e as refeições muitas vezes eram sempre as mesmas durante dias seguidos. História de Alcantarilha Numa noite, enquanto jantávamos em família cada um de nós contava como foi o dia. Os meus irmãos mais novos contavam os acontecimentos mais importantes na escola. Os meus pais contavam histórias hilariantes dos seus colegas de trabalho. Por instantes senti-me no conforto familiar e pensei, o quanto aquele momento era especial. Pouco tempo depois de todos acabarem de jantar, fui buscar um pequeno livro da (Monografia) de Alcantarilha. O livro visualiza um pouco da história de Alcantarilha bem como os monumentos e a sua localização geográfica. Tem várias imagens e o mais interessante é que descreve os tempos mais antigos como, a ocupação dos muçulmanos no Algarve a partir do século VIII, baptizaram o povoado de Alcantarilha em referência à pequena ponte de origem romana que existia sobre a ribeira epónima, dando-lhe o nome de al-qantarâ, palavra árabe que no seu diminutivo românico, terá evoluído para Alcantarilha, que significa ponte pequena ou lugar da ponte pequena. Quero partilhar uma das muitas cartas existentes no livro, esta carta é muito interessante e mostra como era a ortografia dos anos antigos. Alcantarilha – Esta grande e rica aldeia, melhor do que muitas villas do reino, tambem contribui com o seu caracteristico prehistorico. Já havia noticia de terem sido achados alguns instrumentos de pedra no sitio das Fontes, ao sul da estrada para Silves, no Valle das Loisas, e até mui perto da ponte. Tenho lembrança do sr. Judice dos Santos me communicar a existencia de tres 5 Formanda: Ana Carina Martins Gonçalves Curso: TSHT – Técnico de Segurança e Higiene no Trabalho Módulo: CLC_6 Cultura Língua e Comunicação Formadora: Carla Carreto Data: 9 de Novembro de 2010 excellentes machados de pedra, da sua colecção, achados no sitio do Morgado das Fontes; mas não os tenho á vista para poder descrevel-os. Eu apenas obtive um, que me foi mostrado na propria aldeia, onde consegui compral-o. Machado de diorite, muito curto, polido e assaz perfeito, tendo o gume arqueado e produzido por duas facetas convergentes. Parece ter sido cortado e haver perdido a metade inferior, onde comtudo se observa bem rematado. Comprimento 0m,060, largura 0m,030. Estácio da Veiga («Antiguidades Monumentaes do Algarve», II) 1887 No livro aparece uma imagem da feira em Alcantarilha com a data de 15 de Novembro de 1995. Depois de a ter visualizado lembrei-me de ser pequena e de passar por algumas dessas tendas e ver imensas coisas à venda e o que mais me chamava a atenção eram os brinquedos. O meu pai contou-me, de quando era pequeno a minha avó dizer-lhe: “ – Quando a feira vier à nossa aldeia podemos comprar alguns bens de necessidade, como mantas e roupa”. Ele disse-me que assim que se realizava a feira as pessoas aproveitavam para comprar tudo de que necessitavam. A feira espalhava-se pelas ruas de Alcantarilha, numa rua apareciam tendas que vendiam tecidos, noutra rua, frutos secos, como figos, alfarroba, amêndoas, nozes entre outros, noutra rua roupa. Nesse momento o meu pai confessou que era a maior feira de que até à data se lembrava. 6 Formanda: Ana Carina Martins Gonçalves Curso: TSHT – Técnico de Segurança e Higiene no Trabalho Módulo: CLC_6 Cultura Língua e Comunicação Formadora: Carla Carreto Data: 9 de Novembro de 2010 Justificação Esta história foi contada pelo meu pai, relembrando os acontecimentos com o apoio do livro. Para mim é bastante importante até porque foi nessa pequena vila que eu nasci há 24 anos. São estes momentos de convívio com os meus pais do relato das suas vivências que jamais esquecerei. Lenda da Costureirinha Na aldeia existia uma rapariga, que era costureira trabalhava bastante e tinha imensos clientes. Todas as pessoas gostavam do seu trabalho, pois dedicava-se aquilo que mais gostava de fazer, costurar. Algumas pessoas chamavam aquela rapariga, a costureirinha. Muitas senhoras encomendavam vestidos para as suas filhas, pois não havia ninguém da aldeia que os fizesse tão lindos e maravilhosos. 7 Formanda: Ana Carina Martins Gonçalves Curso: TSHT – Técnico de Segurança e Higiene no Trabalho Módulo: CLC_6 Cultura Língua e Comunicação Formadora: Carla Carreto Data: 9 de Novembro de 2010 Numa determinada altura a costureirinha começa a ficar doente, devido ao esforço e trabalho duro de costurar roupa e mais roupa. Nessa altura as encomendas começavam acumular cada vez mais e a pobre rapariga ficou doente sem poder movimentar-se. Diziam que a sua doença era de facto fatal. A rapariga queria viver e achava que era muita nova para partir. Ela infeliz e cheia de medo prometeu oferecer à Nossa Senhora da igreja lá da aldeia um lindo manto do melhor tecido que ela pudesse comprar e da melhor maneira que ela soubesse fazer. O tempo passou e a costureirinha melhorou, porém voltou a trabalhar cada vez mais. Ela sabia da promessa que tinha feito a nossa senhora, mas achava-se muito nova e sabia que tinha muito tempo para fazer o magnifico manto. Há medida que o tempo passava, e ela adiava cada vez mais, a sua promessa, até que um dia morre num acidente trágico. A partir desse dia as pessoas ouviam a máquina da costura a trabalhar, a tesoura a cortar tecido e a pousar na mesa. No inicio todos se assustaram, até comentavam com os vizinhos dos estranhos sons. Um dia chegaram à conclusão, que era a pobre costureirinha. Acreditavam, que ela trabalhava com a máquina da costura, mesmo depois de morrer. Diziam que a razão era do manto que ela prometera a Nossa Senhora, e que nunca o acabou e agora não partia enquanto não o acabar. Os anos foram passando e os sons desapareceram. Dizem que provavelmente a costureirinha acabara o manto e que oferecera a Nossa Senhora. Assim a pobre costureirinha pôde descansar. 8 Formanda: Ana Carina Martins Gonçalves Curso: TSHT – Técnico de Segurança e Higiene no Trabalho Módulo: CLC_6 Cultura Língua e Comunicação Formadora: Carla Carreto Data: 9 de Novembro de 2010 Justificação Esta história foi retirada da internet e no inicio achava que era uma lenda como muitas outras, mas a minha avó confirma e diz que quando era mais nova ouvia os sons de uma máquina de costura, bem como a tesoura. Ela contou que todas as pessoas falavam nos mesmos sons que ouviam durante a noite e ainda conta que muitos acreditavam que era uma assombração vinda de outro mundo. Mas a verdade é que a maioria acreditava na história da rapariga, a costureirinha. 9 Formanda: Ana Carina Martins Gonçalves Curso: TSHT – Técnico de Segurança e Higiene no Trabalho Módulo: CLC_6 Cultura Língua e Comunicação Formadora: Carla Carreto Data: 9 de Novembro de 2010 De algum modo, o relacionamento entre famílias hoje em dia, apresenta pouca comunicação. Isto quer dizer que as famílias já não comunicam e a razão muitas vezes é a tecnologia que os influência como a televisão. Conheço muitas famílias que nas horas das refeições nem sequer conversam sobre os acontecimentos do dia-a-dia. No entanto sei que por vezes, entre a minha família acontece o mesmo. Apercebi-me, que com este trabalho, naquela noite à hora de jantar, nós em família comunicávamos e isso é bastante significativo. Durante aquele precioso momento ninguém ligou à televisão todos nós, eu e os meus irmãos estávamos atentos à história que o meu pai nos contava. Este trabalho deu-me imenso prazer em elabora-lo. A vida nem sempre é vivida da mesma maneira e os passos que dou, nunca iram ser iguais aos passos do meu pai e da minha mãe. 10 Formanda: Ana Carina Martins Gonçalves Curso: TSHT – Técnico de Segurança e Higiene no Trabalho Módulo: CLC_6 Cultura Língua e Comunicação Formadora: Carla Carreto Data: 9 de Novembro de 2010 Bibliografia Reis, João Vasco, 2003, Alcantarilha Percursos no Tempo (Monografia, Junta de Freguesia de Alcantarilha). Neto grafia http://www.jfalcantarilha.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=14&Itemid=112 http://algarvivo.com/arqueo/romano/algarve-romano.html http://www.lendarium.org/narrative/a-costureirinha-4/?category=19 11