Feira livre de São Bento em Cascavel-ce

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Feira livre de São Bento em Cascavel-ce: meio de educar
Maria Regiane da Costa
Especializada em Ensino de Geografia pela UFC
[email protected]
Introdução
Estudar o local onde se habita é um importante exercício para entender o mundo.
Nesta perspectiva, a feira livre de São Bento foi o lugar selecionado, no município de
Cascavel/CE, para fazer um “Estudo do Meio” com os alunos do 3º ano do Ensino Médio da
Escola de Ensino Fundamental e Médio Padre Arimatéia Diniz. A escolha desta área para
realizar esta pratica pedagógica resultou de inúmeros depoimentos de alunos que
exemplificava a feira como lugar de convívio e sobrevivência. Deste modo um dos maiores
desafios do Ensino de Geografia na atualidade é aplicar uma prática pedagógica em que a
realidade vivenciada pelo aluno seja uma forma de reflexão para ampliar o processo de
aprendizagem. Não é objetivo nosso fazer da Geografia uma matéria única e predileta no
universo do aluno de ensino básico, mas transformá-la numa disciplina interessante e
importante na formação dos estudantes no intuito de que a geografia ajude-os a entender o
espaço em que vivem possibilitando-os interferirem na sua vivência. Ao estudar situações
concretas, problemas que os vários povos enfrentam e a estruturação dos seus territórios (...)
o aluno adquire os instrumentos para pensar o mundo de sua vida, da vida de todos os
homens (CALLAI, 2001, p. 144). Então o Estudo do Meio (EM) é uma das propostas de
construção do conhecimento a partir da realidade, seja ela em escala local ou escala global.
Segundo Pontuschka (2004) o Estudo do Meio busca explicar o espaço geográfico não mais
pela relação do homem com o meio físico, mas como resultantes das relações sociais. O meio
é por definição indefinível. Pode-se estudar o próprio meio de vida, a classe, a escola, a rua
da escola, uma rua da cidade, um quarteirão, um bairro, uma cidade. Autores como Nidelcoff
(1990, p.10) conceitua meio como toda aquela realidade física, biológica, humana que rodeia
os alunos, estando ligados a ele de uma maneira direta, através da experiência e com a qual
estavam em intercâmbio permanente. E acrescenta Não se pode, portanto, precisar os limites
do meio, porque, à medida que a criança cresce seus relacionamentos com a realidade que a
rodeia se tornam imperiosos. A idéia central de nosso argumento é que a técnica do Estudo
do Meio, como uma metodologia de ensino, possibilita aos alunos, através da investigação da
Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3
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feira-livre, participar ativamente do processo de aprendizagem, como agentes construtores,
investigativos e co-responsáveis pelo seu desenvolvimento intelectual.
O Estudo do meio e o Ensino de Geografia
De nada adianta alguém atravessar um rio e enfrentar todos os obstáculos sem saber
o porquê de tanto esforço. Tampouco o educador pode ensinar sem saber as metas que quer
alcançar, razão pela qual é importante o professor ter claros seus objetivos pedagógicos.
Dentre as várias metas que o professor precisa alcançar uma delas e a de formar cidadãos
críticos, tarefa difícil diante das manipuláveis estratégias das mídias. Como, porém, estimular a
criticidade nos alunos? Não é preciso ser grande mestre, mas apenas um professor que toma
consciência das mudanças que deve operar em sua prática pedagógica, em atenção a uma
pedagogia crítica de aprendizagem. Dentre muitas respostas que poderão surgir, devemos
levar em conta o papel do aluno como participante do meio em que vive. Por isso, a
realidade deve ser investigável, mutável e indagável.
O ensino deve ser organizado de forma a proporcionar oportunidades
para que os alunos possam utilizar o conhecimento [...] para
compreender sua realidade e atuar nela, por meio do exercício da
participação em diferentes instâncias: nas atividades dentro da própria
escola e nos movimentos da comunidade. (PONTUSCHKA, 2004, p.
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Nidelcoff (1990) propõe que o professor faça que alunos VEJAM e
COMPREENDAM a realidade; depois tente fazê-los expressar o que viram e
compreenderam. Assim DESCUBRAM e ASSUMAM a responsabilidade de mudar esta
realidade. Para ver e compreender os fatos concretos da vida do homem, deve-se:
“Conhecer e analisar a maneira pela qual vivem os homens com os quais estamos em contato:
é isto o que na escola, se chama ”Estudo do Meio”. (NIDELCOFF, 1990, p.9)
O Estudo do Meio não é novidade, pois passa por inovações pedagógicas. Este pode
ser realizado tanto em escolas que tenham nos planos pedagógicos trabalhos interdisciplinares
como naquelas que adotem programas preestabelecidos pela própria instituição, embora sua
técnica esteja voltada para incentivar as atividades interdisciplinares.
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Esta metodologia pode contribuir com parte dos alunos não vê sentido em alguns
conteúdos e estudos, se mostram desinteressantes e sem perspectivas, fazendo com que
muitos professores se achem desestimulados.
Quanto ao Ensino de Geografia, o desinteresse dos alunos é um fato confirmado por
Kaercher (1999), ao elaborar um projeto de investigação para saber como estava o ensino
de Geografia nas escolas públicas. As linhas pedagógicas e tipos de conteúdos aplicados nas
escolas, fê-lo concluir que esse ensino ainda era muito tradicional e fragmentador da
realidade, parecendo pouco interessante e pouco útil aos seus alunos.
Ante tal constatação, Callai propõe que "o educador deve se perguntar a quem se
destina a educação e se existe algo que seja proposto pela escola como exigência e
expectativa da sociedade".(2001, p.143). Muitos são os questionamentos e propostas para
mudar tal situação. Também não é preocupação somente da Ciência Geográfica, mas também
de todas que estão envolvidas no ensino em geral. O interesse aqui, porém, é abordar de que
forma a Geografia pode contribuir para superar tais obstáculos.
Com base nestas expectativas, é importante fazer a ligação do conteúdo programático
com a realidade, pois, o estudante pode ser estimulado a refletir sobre sua ação. Dessa
forma, ele poderá pensar e agir, podendo discordar ou não. Freire faz reflexões sobre a
atuação do homem no mundo, afirmando que “Não há homem sem mundo nem mundo sem
homem, não pode haver reflexão e ação fora da relação homem – realidade”. (1983, p.17).
Esta ação pode se manifestar na participação mais direta do aluno na organização da
comunidade em que este vive. Se feito um trabalho planejado, é possível extrair do Ensino do
Meio a percepção de que o ensino ultrapassa os limites do muro da escola.
O Estudo do Meio na disciplina Geografia pode ser realizado com o desenvolvimento
de atividades que leve o aluno a fazer observações e análises de um espaço, a fim de que este
perceba seu papel como sujeito produtor do meio onde vive. O Estudo do Meio possibilita
conhecer e aprender outros modos de vida, entrar em contato com diferentes leituras do
mundo, ter a experiência prática dos conhecimentos aprendidos em sala de aula, desenvolver
a linguagem escrita e a linguagem visual, rever atitudes e valores individuais e do grupo.
A Geografia é a ciência que estuda a construção do espaço pelos homens, desde da
forma como estão organizados em sociedade e das condições naturais daquele espaço.
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Mediado pelo Estudo do Meio o aluno compreende o espaço onde está inserido, e
constrói ou reconstrói. Ele é levado a entender que o espaço geográfico não é transformado
somente pelos megaprojetos de empresários, mas também pela dinâmica local, em sua
própria rua, seu bairro ou sua pequena cidade.
O Estudo do Meio é uma forma de como ensinar o aluno a compreender o lugar onde
habita. Por intermédio de atividades, podemos instigá-los a criar curiosidades que o levem a
entender a dinâmica do espaço geográfico. “Estudar o local é muito importante para o aluno,
pois ali ele “conhece tudo”, ele sabe o que existe, o que falta como são as pessoas, como
estão organizadas as atividades, como é o espaço”. (CALLAI, 1997, p.17). O contato com a
população local cria um contexto diferenciado, que propicia também a valorização da
aprendizagem.
A disciplina de Geografia é, no ensino, a responsável pelo estudo da interação da
sociedade com a natureza e fornece os fundamentos das noções de lugar. Para Kaercher, “o
lugar é entendido como o espaço da vida de cada um, onde estão as referências pessoais e
onde estão os sistemas de valores, elementos básicos para a construção da identidade
pessoal”. (1999, p.169).
Nas leituras dos autores citados neste capítulo como Kaercher, Callai e Pontuschka,
concluímos que o lugar, entre os conceitos geográficos, é a principal referência para os
alunos. Conforme Cavalcante (1998), a discussão teórica – metodológica sobre lugar na
Geografia é feita em três perspectivas: 1) na Geografia humanística, o lugar “é o espaço que
se torna familiar ao indivíduo, é o espaço vivido, do experimentado” (P.89); 2) na concepção
histórico – dialética, o lugar é considerado no contexto da globalização “Só é possível o
entendimento do mundo moderno a partir do lugar, na medida em que este for analisado num
processo mais amplo”. (CARLOS, 1996, p.90). Na ótica do pensamento pós-moderno, o
"lugar coloca-se em questão a noção de totalidade para a explicação do lugar”
(CAVALCANTE, 1998, p.90)
A autora argumenta que os elementos levantados pela perspectiva humanística são
importantes para o tratamento do ensino, porém os fenômenos da atualidade não são
compreendidos na sua familiaridade. É preciso considerá-lo na relação dialética entre o local
e o global, pois ao se familiarizar, as pessoas são levadas a entrar em contato com estruturas,
hábitos, eventos objetos ‘ globalizados”. (CAVALCANTE, 1998).
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É neste sentido que Callai propõe o estudo do município como uma escala ideal para
estudar a complexidade dos lugares com respaldo na vivência concreta dos alunos. Estudar o
município “é uma escala de análise que permite que tenhamos próximos de nós todos aqueles
elementos que expressam as condições sociais, econômicas, políticas de nosso mundo”.
(1997, p. 11).
Apesar de esta ser uma escala adequada não pode perder de vista a relação do local
com o global. Para Kaercher (1999), deve-se estudar o espaço vivido (casa, escola, bairro,
cidade) sem esquecer do contexto maior: país/mundo. Neste trabalho, recorremos ao estudo
da feira, como menor escala, tentando, no assunto entender a cidade de Cascavel, o Ceará, o
Brasil, o mundo. Aqui não é possível dar conta de todas as complexidades, mas podemos
fazer os alunos entenderem que os fatos não são isolados, pois estão em perene interligação.
Pontuscha chama atenção para a grandeza da escala que o professor deve trabalhar
ao abordar os assuntos:
A consciência da importância da escala em que se trabalha em
Geografia é fundamental. Se ele estiver trabalhando na escala mundial,
sem correlação com os problemas espaciais que dizem respeito ao
cotidiano do aluno, o estudo da Geografia pode permanecer no
abstrato e o estudante não ter condições de compreender o seu próprio
espaço. Se, ao contrário, estudar o espaço geográfico da cidade ou do
bairro em que mora e sua relação com espaços de dimensões maiores
pode chegar a explicações restritas não suficientes para a
compreensão da totalidade daquele espaço. (2003, p. 260 ).
O estudo do meio e a feira livre de São Bento
Como o estudo do meio foi aplicado em uma feira livre, precisamos instigar com o
imaginário dos alunos. A feira é espaço de vivência do grupo ao qual direcionamos as
atividades e a intenção era de mostrar que a feira revela imagens além do que conhecemos.
Para Trindade, "a imagem que temos de um objeto não é o próprio objeto, mas uma faceta
que sabemos sobre esses objetos externos". (1997, p.10). E a existência das coisas e dos
homens faz com que a realidade seja algo dado a ser percebido e interpretado.
A idéia central de nosso argumento é que o Estudo do Meio possibilita aos alunos,
mediante da investigação da feira livre, participar ativamente da aprendizagem, como agentes
construtores, investigativos e co-responsáveis pelo desenvolvimento intelectual.
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Durante o levantamento preliminar do local, percebemos que a Feira de São Bento é
um espaço rico de informação sobre a Cidade. A análise das observações e entrevistas
constitui um acervo documental para ser transformado em conhecimento no espaço escolar.
Aqui não é possível dar conta de todas as complexidades, mas podemos fazer uma estreita
relação conteúdo e local/global, para os alunos entenderem que os fatos não são isolados,
mas constantemente interligados.
De acordo com o plano temático anual da escola, a partir do segundo bimestre os
alunos estudariam o processo de industrialização no Brasil. Este período coincidiu com a
realização deste projeto.
A feira, de forma geral, no entanto, oferece dados que podem ser usados para
analisar os temas abordados na disciplina de Geografia e em outras. Para entender a
industrialização via feira livre, algumas indagações foram feitas sobre este mercado periódico.
Quais os produtos comercializados na feira? Qual tipo de mercadoria predominante e desde
quando passaram comercializá-las?
Qual a origem destas mercadorias? Que tipos de
matéria-prima são utilizadas e de onde retiram? Quem os produze, onde são produzidos e
quem os consome? Quem são os mercadores?
Com estas respostas, é possível entender a industrialização brasileira, a inserção do
Brasil na nova divisão internacional do trabalho, a relação entre o nacional e global, a
influência da descentralização da indústria no Brasil, que se reflete no Ceará, em Cascavel e
na feira de São Bento.
Mediante os dos tipos de mercadoria foi possível constatar a presença de produtos
industrializados, mas também que os tradicionais ainda estão presentes, fato revelador de
resistência da cultura local diante da globalização da economia.
Por meio das conversas informais e levantamentos de dados estatísticos da
quantidade de feirantes e outros trabalhadores da feira, nos é dado a observar que o
desemprego estrutural nos centros urbanos favorece a informalidade.
Em resumo os objetivos estabelecidos aos alunos, nesta pesquisa-ação sobre o
Estudo do Meio na feira–livre, foram os seguintes:
- conhecer a história de formação da feira de São Bento, correlacionando-a com
processo de formação da cidade de Cascavel e dos contornos atuais do Município,
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resultantes das transformações dos setores econômicos, como agropecuária, indústria e
serviços aí desenvolvidos;
- observar os objetos, ícones que revelam o tradicional da Cidade e sua fase
modernizadora;
- realizar entrevistas com feirantes para averiguar a proveniência dos produtos e da
matéria-prima; e
- levantar, nos órgãos responsáveis, dados estatísticos sobre o número de feirantes,
origem, e que outras atividades desempenham para discutir a informalidade.
Considerações finais
A construção do conhecimento representa muito mais do que repassar as informações
que os livros didáticos determinam. Explicar o espaço geográfico como resultante das
relações sociais faz com que a disciplina de Geografia tenha as ferramentas básicas para
transformar os alunos ouvintes em estudantes participativos, pesquisadores e críticos.
Com o desenvolvimento desta pesquisa, identificou-se a potencialidade do Estudo do
Meio, como método de ensino, para instigar os estudantes a participar do processo de
aprendizagem, de forma consciente. Uma metodologia ligada à realidade do aluno mexe com
a auto-estima deste e o faz se sentir sujeito direto da aprendizagem.
A feira livre de São Bento, presente no espaço urbano de Cascavel, foi o elemento
selecionado para despertar nos alunos o interesse em assimilar a industrialização no Brasil. A
feira livre não é somente um espaço urbano capaz de revelar o tradicional, ainda existente, da
cultura local, mas também o moderno. Novos produtos industrializados sejam originais ou
falsificados, legais ou ilegais, de boa ou má qualidade, são comercializados neste mercado
periódico. Vivendo em um mundo cada vez mais globalizado, a feira livre, prática antiga,
sobrevive driblando os hipermercados e shopping-centers e firma-se como forma importante
de circulação de mercadorias. Nas pequenas cidades, entretanto, elas se mantêm vivas e com
funções importantes para a população que busca seus produtos, seja industrializados ou
artesanais, a preços mais acessíveis.
As entrevistas informais realizadas durante o trabalho de campo mostraram que o
avanço tecnológico contribuiu para o dinamismo da feira e ampliou o número de feirantes. A
máquina, ao substituir a mão-de-obra humana, acarretando o desemprego estrutural, levou
muitos operários e trabalhadores rurais, ao perderem seus empregos estáveis, a ingressar na
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informalidade. O feirante, este trabalhador informal, sem proteção dos benefícios trabalhistas,
pratica uma atividade árdua e fatigante em um ambiente inseguro.
A feira-livre de São Bento, objeto tão presente e rico de informação para os alunos
de qualquer escola de Cascavel, deixou de ser o exemplo de aulas teóricas, funcionou como
espaço de vivência de um trabalho prático de análise.
No momento em que levamos o tema feira-livre, associado à industrialização para a sala
de aula acreditamos ter conseguido alguns avanços como:
- uma recuperação da história de Cascavel e da feira de São Bento, pois pouco se tem de
informações nos acervos da Cidade;
- a identificação de novas estratégias utilizadas nas feiras-livres, que driblam o setor
formal e se mantêm como atividade comercial importante na Cidade;
- o estudo do global relacionado ao local. Temas como a industrialização no Brasil,
podem ser estudados com espelho na realidade local, a partir da análise dos tipos de
produtos existentes na feira e no comércio de Cascavel. Os avanços no meio
técnico-cientifico-informacional têm impactos em lugares os mais longínquos, refletindo-se
na sociedade e na organização dos espaços regionais e intra-urbanos;
-o método do Estudo do Meio levou os alunos a compreenderem a relação entre o
tradicional e o moderno na sociedade, mostrando a resistência da feira livre e sua
adaptação ao mundo atual;
- esta forma de estudar a Geografia torna a disciplina mais prazerosa em sala de aula.
Melhorar a qualidade da educação e contribuir para a formação de cidadãos críticos é
uma missão que deve ser abraçada por todos os que tencionam ver, no futuro, a
transformação da sociedade brasileira.
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