ENSINO DE ARTE NA EMEF DES. THEODOMIRO DIAS: RELATOS

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ENSINO DE ARTE NA EMEF DES. THEODOMIRO DIAS:
RELATOS DE EXPERIÊNCIA
Camila Neves Conti¹ - UNESP
Thais C. da Luz Frederico² - UNESP
Marcelo Farias Cardoso³ - UNESP
Grupo de Trabalho - PIBID: Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
Agência Financiadora: Capes
Resumo
Na introdução o PIBID é brevemente apresentado e explica-se como ele é trabalhado dentro
do Instituto de Artes da UNESP em conjunto com a EMEF Desembargador Theodomiro Dias
sob a supervisão da Professora Wania Malafaia e coordenação da Professora Doutora Eliane
Bambini Gorgueira Bruno. Apresentam-se também os alunos graduandos autores deste
trabalho. Posteriormente, abordam-se alguns dos focos principais do projeto, que é o trabalho
em busca da interdisciplinaridade entre as três áreas artísticas presentes na UNESP (artes
visuais, teatro e música). O relato de cada graduando é feito de forma individual e os tópicos
abordados são apresentados. A graduanda Thais reflete sobre a sua experiência de observação
e prática dentro da sala de aula durante as aulas de artes junto à professora Wania. A
graduanda Camila aborda o seu trabalho unindo jogos teatrais e artes visuais durante os
projetos de artes com a mesma professora. O graduando Marcelo traz a sua experiência
também dentro dos projetos de artes com a professora Wania, no qual trabalhou com jogos
musicais e teatrais. Por fim, há as considerações finais do grupo relativas ao trabalho como
um todo.
Palavras-chave: Ensino de artes. Interdisciplinaridade. Relatos de experiência.
Introdução
Este trabalho apresenta os relatos das atividades que os graduandos Marcelo Farias
Cardoso, Thais C. da Luz Frederico (ambos do curso de Licenciatura em Educação Musical) e
Camila Neves Conti (de Bacharelado e Licenciatura em Artes Visuais) desenvolveram
durante o primeiro semestre do 2015 no Ensino Fundamental 1 da EMEF Desembargador
Theodomiro Dias, como parte da proposta do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à Docência) do Instituto de Artes da UNESP, coordenado pela Professora Doutora
ISSN 2176-1396
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Eliane Bambini Gorgueira Bruno, da mesma instituição, e supervisionado pela Professora
Wania Malafaia do Desembargador Theodomiro Dias.
O principal foco do PIBID é trabalhar dentro da sala de aula de forma a interligar as
áreas das artes visuais, o teatro e a música, buscando sempre a interdisciplinaridade. As
atividades trabalhadas, portanto, mesclam jogos musicais, jogos teatrais e artes visuais,
buscando a interação entre essas áreas das artes. De maneira lúdica, as propostas são
trabalhadas de modo a estimular o desenvolvimento de aspectos característicos de cada uma.
Durante esse semestre a prática em sala de aula ocorreu em dias diferentes para cada
graduando aqui apresentado. Por isso, este trabalho tem como proposta trazer o relato da
experiência e visão pessoal de forma individual.
Este relato divide-se em três partes: a primeira parte aborda o tópico Aulas de arte:
observações, prática e recepção, que traz a experiência da graduanda Thais durante as aulas de
artes na EMEF Desembargador Theodomiro Dias; a segunda parte diz respeito ao Projeto de
Artes: Jogos Teatrais e Artes Visuais, trazendo o relato da graduanda Camila sobre a sua
atuação em dupla com a graduanda Natasha Sonna e subdividindo-se nos seguintes tópicos: A
expressão corporal, A narrativa, A escuta e a Atenção, A percepção espacial e as suas
Considerações; a terceira parte apresenta o relato do bolsista Marcelo e sua atuação em
conjunto com a graduanda Iara Coutinho sobre Projeto de Artes: Jogos e Brincadeiras Com
Música e Teatro e subdivide-se em Atividades Para Trabalhar o Pulso Musical, Sons
Corporais, Exploração Sonora de Instrumentos Musicais, Danças e Músicas da Cultura
Popular, Paisagem Sonora e Considerações. Por fim, trazemos as considerações finais do
grupo como um todo.
Aulas de Arte: Observações, Prática e Recepção
A experiência na escola Theodomiro Dias trouxe para a prática questões que até então só
estavam a nível de entendimento teórico no que diz respeito ao que é ser um arte-educador e
estar em sala de aula exercendo tal ofício.
Nas primeiras visitas feitas à escola, me detive a observar e fazer anotações sobre
aquilo que se passava dentro e fora da sala de aula. Questões como o conteúdo, didática
implantada, as respostas dos alunos a cada atividade proposta/realizada e indisciplina foram
os principais tópicos levantados. Esses, a cada semana, eram levados às reuniões de formação
para junto aos outros bolsistas, compartilharmos tais experiências.
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Ao longo das aulas e após algumas visitas à escola, senti a necessidade de contribuir
na prática para as aulas da professora Wania. Nas aulas do 5º ano, nas quais ela estava
trabalhando o tema "História da Arte", percebi que as crianças careciam de exemplos mais
'palpáveis' como ilustrações ou gravuras por exemplo; até então, as crianças estavam apenas
copiando textos da lousa que tratavam do assunto ou fazendo releituras de uma arte rupestre,
por exemplo. Trouxe então, catálogos com figuras e fotos diversas sobre a Arte Rupestre, e
foi notável a resposta dos alunos no que diz respeito ao interesse.
Na turma do 2º C, na qual estava sendo trabalhado "Arte Indígena", planejei junto com
a professora Wania a confecção de chocalhos, um dos principais instrumentos utilizados pelos
índios em seus rituais. Para isso utilizamos material reciclável (latinhas e papelão,
principalmente) que as próprias crianças decoraram (o que despertou a curiosidade delas
sobre como aquilo viraria um instrumento musical) e que utilizamos nas aulas seguintes para
fazer algumas brincadeiras cantadas de roda, por exemplo.
Nesse ponto, posso destacar que tais ideias levadas à sala de aula só foram possíveis
devido a estar em pleno contato com as aulas de educação musical na universidade e
participando de um projeto como o PIBID, que possibilita essa flexibilidade de ação e de
ideias, caso contrário seria um desafio ainda maior, considerando um cronograma a se
cumprir e a expectativa que há em “mostrar serviço” que se tem sobre uma aula de artes.
Projeto de Artes: Jogos Teatrais e Artes Visuais
A Expressão Corporal
Durante o semestre, em conjunto com a bolsista Natasha, o foco foi inicialmente o
desenvolvimento da expressão corporal. Para isso, trouxemos alguns jogos baseados
principalmente nos jogos teatrais da Viola Spolin. Trabalhamos o "jogo do espelho", no qual
os alunos trabalham em dupla, um aluno lidera a dupla fazendo movimentos aleatórios e o
outro deve copiar esses movimentos como se fosse o espelho do colega. O "jogo da bola
imaginária" é feito com o grupo todo em círculo. Os alunos brincam de jogar uma bola
imaginária uns para os outros enquanto nós atribuímos características diversas a essa bola,
como peso e tamanho, fazendo com que os alunos interajam com ela de acordo com as
características. O "jogo da estátua", além de trabalhar a expressão corporal, já começa a
trabalhar também a narrativa. Nele, dividimos os alunos em dois grupos, um grupo deve
montar uma cena interpretando-a corporalmente, ou seja, criando os objetos e ações dessa
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cena com o próprio corpo, enquanto o outro grupo concentra-se em interpretar o que está
acontecendo nessa cena por meio do desenho. Trocam-se os grupos e o grupo que estava
desenhando deve também criar uma cena para que agora o outro grupo a interprete. Através
desses jogos trabalhamos, além da expressão corporal, também a percepção corporal e
espacial, o trabalho em grupo, a noção espacial e, através da interpretação com os desenhos, a
sua expressividade e capacidade de trabalhar os mesmos temas com diferentes linguagens.
A Narrativa
Neste momento começamos a focar mais no trabalho da narrativa, muitos jogos
utilizados também tiveram como base as ideias da Viola Spolin. No “jogo do objeto
imaginário” modelamos um objeto imaginário com as mãos e fazemos alguma ação para
indicar de que objeto se trata. As crianças devem tentar adivinhar qual é o objeto. Todas as
crianças modelam o seu objeto, até chegar ao fim da roda. Posteriormente trabalhamos uma
atividade que propunha que os alunos escutem um som previamente escolhido por nós. No
caso, trabalhamos sons de passarinho e de chuva e, a partir dessa escuta, eles deveriam criar
um desenho imaginando a narrativa do momento. Foi uma atividade interessante pois, apesar
dos sons serem sons com pouca informação, cada criança fez desenhos bastante diversificados
e cada um com a sua narrativa particular. Pedimos, posteriormente, para que cada criança
contasse a história contida em cada um dos seus desenhos.
A Escuta e a Atenção
Aprofundando nessa linha do trabalho da escuta, trouxemos uma atividade que propõe
aos alunos a ouvir atentamente os sons ambientes. Propusemos que as crianças fizessem
silêncio a fim de escutar e identificar sons ambientes que eles geralmente não têm o hábito de
prestar atenção. Posteriormente, trouxemos uma atividade em conjunto com a leitura do texto
“O ratinho e a Lua”, cuja história se passa em uma fazenda. Após a leitura do texto, pedimos
para os alunos que, em roda, reproduzissem sons que eles consideram fazer parte de uma
fazenda. Esse texto nos servirá como base para várias outras propostas, construindo uma linha
de trabalho com a história.
Trouxemos também o jogo das três mudanças, no qual separamos a turma em duplas.
Cada dupla se posiciona frente a frente e, durante alguns segundos, deve prestar atenção nas
características do colega. Passado esse tempo, um aluno se vira de costas enquanto o outro faz
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três modificações em si mesmo como, tirar uma blusa, dobrar a barra da calça, etc. Quando o
colega se vira novamente, deve conseguir identificar quais foram essas mudanças. Ao fim,
reveza-se a dupla e o colega que teve de adivinhar as mudanças, agora, faz as mudanças em si
mesmo.
A Percepção Espacial
Desenvolvemos o jogo da exploração da sala de aula. Propusemos que os alunos se
espalhassem aleatoriamente pela sala de aula e explorassem os espaços que não costumam
ocupar durante as aulas. Ninguém poderia ficar parado em um só ponto, a movimentação era
contínua e, para estimulá-los, acrescentamos características ao terreno como chão enlameado,
neve, nuvens, etc. As crianças deveriam simular o andar sobre esses diferentes terrenos que
sugeríamos.
Considerações
A professora supervisora Wania traçou uma linha de trabalho para os projetos
inicialmente mais voltada para o teatro, a leitura e a música. Nenhum deles teve como
prioridade, inicialmente, o trabalho com artes visuais, portanto eu vejo aqui dois desafios para
mim: o primeiro, estudar e aprender a lidar com temas e linguagens com os quais eu não
possuo nenhum domínio; o segundo, por mais que não exista o foco nas artes visuais, não
significa que as artes visuais não estejam presentes, portanto meu desafio aqui é encontrá-la
dentro do projeto.
Mais do que pesquisar a área, eu senti muita dificuldade em trabalhar os jogos com as
crianças, era o meu primeiro contato com isso e devo admitir que minha desenvoltura não é
ainda das melhores nessa área. Senti que eu precisava de um planejamento mais pontual sobre
as atividades para conseguir me colocar melhor no projeto. Dessa forma, fizemos um
replanejamento das propostas e é aí que se inicia o que eu considero o segundo momento do
projeto no Theodomiro Dias. Nessa readequação do planejamento, continuamos a trabalhar
jogos teatrais e atividades corporais em geral, porém, começamos a inserir, aos poucos,
atividades das outras áreas, como percepção sonora, trabalho com textos e artes visuais.
Essa primeira etapa do planejamento com foco no teatro, texto e música foi muito
importante pois percebi que necessito expandir minha busca para muito além das artes
visuais. Se eu ainda tropeço no trabalho com conteúdos e temas da minha área, tropeço muito
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mais com conteúdos de áreas que ainda não me pertencem. Percebi que antes de pensar no
“como”, devo pensar no “o que”.
Percebo também que organizar as atividades e planejar é algo que está em constante
movimento durante o semestre à medida que sentimos a resposta das turmas. É importante,
portanto, que estejamos atentos às adaptações necessárias, pois é a partir das experiências que
sentimos o que funciona e o que não funciona, e ainda o que ainda pode vir a funcionar.
Considero o primeiro momento como esse momento de adaptação de tudo e de todos a tudo e
todos.
Projeto de Artes: Jogos e Brincadeiras Com Música e Teatro
Atividades Para Trabalhar o Pulso Musical
Desenvolvemos jogos musicais como o jogo da flecha, a brincadeira é feita em roda, se
define um pulso de andamento e cada um bate uma palma no tempo apontando para o colega.
A velocidade do andamento pode aumentar conforme o grupo adquire prática.
O jogo da “minha mão vai passando a pulsação” é feito em roda com as crianças
sentadas com as palmas das mãos encostadas no chão, cantando este refrão e batendo as
mãos no tempo da pulsação definida, aquele que erra vai tirando uma das mãos e saindo do
jogo.
Sons Corporais
Trabalhamos a exploração dos sons do corpo, em roda. Cada criança mostrava alguns sons
do corpo, com palmas, sons vocálicos. Em seguida, fizemos alguns ritmos em conjunto.
A outra etapa deste processo foi feita com a atriz e arte educadora Iara Coutinho.
Separamos as crianças em grupos de quatro e elegemos um regente. Cada grupo emite um
som e o regente controla as dinâmicas, pausas, pulso e andamentos dos grupos.
Exploração Sonora de Instrumentos Musicais
Com as crianças sentadas em roda, passamos alguns instrumentos de percussão, um de cada
vez, para que cada um do grupo pudesse explorar os sons. Primeiro um surdo, um tan tan, um
pandeiro e um cajon.
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Depois deste processo passamos alguns ritmos com algumas músicas de cultura
popular para serem acompanhadas com as crianças tocando os instrumentos.
Danças e Músicas da Cultura Popular
Trabalhamos a ritmo e danças como cirandas, baiões e côcos, com canções e instrumentos
servindo como acompanhamento.
Com a ciranda trabalhamos os passos da dança e o canto com as crianças. Depois
fizemos o mesmo jogo de regência que anteriormente trabalhamos com os sons corporais.
As cantigas de roda trabalhamos as músicas do “Capelen”, “Moreninha” e a cantiga
do “Vaso”. As três canções estão em ritmo de côco e trabalham passos de dança e
coreografias que cada uma das crianças faz quando entra na roda.
Paisagem Sonora
Trabalhando a escuta das crianças, soltamos algumas trilhas de ambientações diferentes,
como a chuva no rio, sons da cidade, sons da praia, sons da floresta e então pedimos para que
as crianças desenhassem o que elas tinham ouvido.
Cada criança teve uma percepção particular das impressões recolhidas, em cada traço,
cada ouvido, cada fala. Esta atividade visou despertar a percepção auditiva para sons
ambientes que na maior parte das vezes são ignorados no cotidiano. O despertar desta
percepção, será muito importante no desenvolvimento de outras atividades de jogos musicais,
assim como no desenvolvimento da concentração.
Considerações
Estas atividades foram feitas em conjunto com o bolsista Marcelo Farias Cardoso, a bolsista
Iara Coutinho e a professora de artes Wânia Malafaia.
Trabalhamos sempre buscando a integração das linguagens de música, teatro e artes
visuais, de forma ampla e interdisciplinar, visando o desenvolvimento da criatividade,
estimulando a curiosidade assim como percepções visuais, auditivas e corporais.
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Considerações Finais
O objetivo deste trabalho foi trazer de forma concisa o relato da experiência dos
graduandos Marcelo, Thais e Camila na EMEF Desembargador Theodomiro Dias, durante o
primeiro semestre de 2015 vinculado ao PIBID, com ênfase na experiência pessoal de cada
um dos indivíduos.
Ainda que o trabalho ocorra em dias separados, o principal objetivo do grupo é sempre
a união das áreas do Teatro, da Música e das Artes Visuais. O trabalho interdisciplinar
mostra-se um desafio a princípio e torna-se, portanto, uma busca constante em sala de aula e
durante as discussões nas reuniões de formação do PIBID. Além da questão interdisciplinar,
este relato também trouxe as expectativas e realizações relativas às propostas que foram
trabalhadas com os alunos em sala de aula.
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