P ág O ENSINO DA CARTOGRAFIA E O ENSINO PELO HQ Doutoranda, Leodete B. S. Miranda e Silva e-mail – [email protected] Mestranda, Regina Maria da Costa e-mail – [email protected] O artigo representa uma contribuição a Cartografia escolar, abrangendo a área de estudo da Geografia, Cartografia e a Educação. O objetivo é uma proposta metodológica de ensino-aprendizagem da Cartografia através da construção e aplicação de HQ em sala de aula, para que os escolares não aprendam somente mapas, mas também desenvolvam capacidades relativas a representação do espaço, sua importância e aplicabilidade em nosso cotidiano. A pesquisa divide-se em duas etapas: a primeira trabalha a construção do HQ, de temas básicos da Cartografia, fundamentados nas teorias de Piaget, que servirá como meio de produção do conhecimento cartográfico, e agente facilitador da aprendizagem. A segunda etapa, refere-se a aplicação do HQ em sala de aula, na busca de respostas significativas para o aprendizado. Para a Geografia, aprender Cartografia sempre foi aprender regras de construção de mapas, suas diferenças, o uso. A nossa proposta é além disso, aprender Cartografia através do HQ, com exemplos do nosso cotidiano, demonstrando aos escolares que a Geografia e a Cartografia estão cada vez mais presentes na nossa realidade. Assim pretende-se demonstrar que, como todos os demais meios de produção de conhecimento escolar, criam significados para a aprendizagem, e que o HQ pode-se tornar uma ferramenta poderosa, quando utilizado no contexto escolar. Palavras-chave: HQ, Cartografia, Geografia, Educação, Cartografia Escolar. 1 Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 1 P ág 1. INTRODUÇÃO Atualmente, a Geografia, e em particular a área da Cartografia Escolar, tem ampliado seu leque de discussões e temáticas, buscando novas metodologias em relação a práticas pedagógicas, procurando alternativas para aprimoramento da relação do ensino-aprendizagem. A proposição da pesquisa sobre metodologia de ensino de Geografia e em particular da Alfabetização Cartográfica, com a mediação de histórias em quadrinhos, com aprofundamento científico com o propósitos didático-pedagógicos. Esta escolha é fruto da experiência profissional, ao se observar que vários livros didáticos de Geografia utilizam charges, cartuns e tiras de quadrinhos para ilustrar conteúdos específicos dessa disciplina, pelo entendimento de que podem propiciar uma relação ensino-aprendizagem mediada pela análise questionadora e ainda, pelo interesse demonstrado por parte dos estudantes. Contudo, esse material ainda não existe, e esta proposta de pesquisa é uma tentativa de fornecer esse material de apoio pedagógico, possibilitando vários professores de 2 Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 2 P ág Geografia do Ensino Básico e até mesmo do Ensino Superior, a utilização em sala de aula, além de ser uma contribuição pessoal ao grupo de pesquisa da Cartografia Escolar. A sua produção busca romper os limites que existem entre a produção acadêmica e a produção popular de saberes que ocorre em diversos espaços da sociedade. Mais do que um dispositivo de aproximação, o ensino pelo HQs instala-se numa brecha de interseção existente entre as diversas atividades da produção de saber e dos processos de subjetivação nesta contemporaneidade. Os livros didáticos por muito tempo foram sendo trabalhados como a única ferramenta de ensino, provavelmente por deixar os conteúdos à mesa, prontos para serem explorados de um único ponto de vista. Atualmente, para um professor, um dos maiores desafios em sala de aula é fazer com que o aluno se interesse pelo conteúdo apresentado, a utilização de novas tecnologias para o aluno, aplicadas pelo professor, pode proporcionar uma melhor compreensão dos conteúdos, aumentar a concentração e motivar o interesse pelo conteúdo ministrado. Sabendo que o livro didático já não é a opção preferida pelos alunos, cabe ao professor encontrar outros métodos de ensino, que desenvolvam o interesse e a criatividade. Materiais alternativos como, jornais, revistas, televisão, cinema, histórias em quadrinhos e outros, são bem-vindos em sala de aula, e as HQs é o foco principal desta pesquisa. HQ representa um elemento novo de recurso didático, com a finalidade de facilitar o processo de aprendizagem e de habilidades essenciais, para que o aluno tenha acesso ao conhecimento socialmente elaborado. O professor é o motivador dos seus alunos, ele deve gerar a curiosidade e instigar os alunos a refletirem sobre os conteúdo ministrado, deve estar preparado sobre o assunto, para cumprir sua tarefa com segurança e confiança, desmistificando a abstração da Cartografia. 3 Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 3 P ág Segundo Weisz (2002, p. 42), “o que move as crianças é o esforço para acreditar que atrás das coisas que elas têm de aprender existe uma lógica”. A HQ pode ser definida de várias maneiras, de acordo com a idéia de cada autor, mas em alguns aspectos quase todos concordam: a HQ é a forma mais rápida que a literatura tem para chegar ao leitor. Um dos maiores exemplos do sucesso das HQs foi criado por Charles Schulz em 1950, os Peanuts, que invadiram os jornais norte americanos e posteriormente, foi traduzido em várias línguas. Até hoje seus personagens estampam produtos diversos. A origem das HQs, segundo Anselmo (1975), vem da pré-história, quando os homens das cavernas faziam as pinturas rupestres contando sua história através apenas de imagens,consideradas, por muitos, como precursoras das histórias em quadrinho. As HQs, como são conhecidos surgiram na metade do século XIX. Les Amours de Monsieur Vieux-Bois, publicada em 1837, escrita e desenhada por Rodolphe Topffer (1799-1846), professor da Universidade de Genebra e com com Little Bears and Tykes, desenhada por James Swinneston e editada em 1892 pelo jornal San Francisco Examiner. Na década de 1940 nos Estados Unidos, as histórias em quadrinhos foi utilizada como material pedagógico pelo exército norte-americano, onde desenvolveu manuais de treinamento em quadrinhos. Segundo pesquisas, a primeira história em quadrinhos brasileira foram “As aventuras de Nhô Quim, de Ângelo Agostini, publicada na revista Vida Fluminense, em janeiro de 1869, e Tico-Tico, em 1905, destinada especificamente ao público infantil, contendo contos, textos informativos e curiosidades sobre matérias para crianças. Séculos mais tarde surgiram os hieróglifos, desenhados pelos egípcios e que também eram uma maneira de se comunicar através de imagens. Segundo estudiosos antigos, o balão utilizado para caracterizar o diálogo, remete a 1370, quando uma frase dita por um romano 4 Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 4 P ág foi gravada em uma tábua. Desde então o texto e a ilustração apareceram juntos cada vez com mais freqüência. A ilustração em livros é utilizada desde o século XV, transitando entre a xilogravura e a litogravura, chegando até a gravura. Ao longo do século XIX foram publicadas várias ilustrações, principalmente na Europa, onde os autores se preocuparam tanto com a literatura adulta, quanto com a infantil. Após, apareceram outras formas de ilustração como a zincogravura e a fotografia, aumentando a popularidade das imagens. No Brasil, a HQ ganhou as ruas em 1905, quando as revistas Tico-Tico, de Buster Brown, foram traduzidas pra o português. Por muitos anos as editoras focavam as publicações em quadrinhos europeus e norte-americanos, sem abrir espaço para desenhistas brasileiros. Até a década de 40, surgiram algumas revistas que se dedicavam principalmente ao público infantil, mas somente com ilustrações estrangeiras (Luyten, 1984). Entre as décadas de 1940 e 1960 surgiram artistas brasileiros que ilustravam suas histórias inspiradas nas HQs norte-americanas, mas apenas em 1960 surge a primeira HQ originalmente brasileira: Pererê, de Ziraldo. Baseado na lenda do Saci, com cenário semelhante ao das florestas brasileiras, Pererê conquistou rapidamente o público brasileiro. Em 1970 Maurício de Souza cria a Turma da Mônica, que até hoje conquista crianças e adultos com suas histórias, geralmente publicadas em gibis e almanaques. No Brasil, o interesse no uso de HQs em sala de aula, já vem de muito tempo, porém ganhou força devido ao incentivo do Ministério da Educação, no Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE), que incluiu algumas histórias em quadrinho entre as obras distribuídas nas escolas públicas, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). A utilização das HQs populares, em sala de aula como recurso pedagógico é uma prática importante para a contribuição no desenvolvimento pessoal do aluno, mas apresenta 5 Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 5 P ág melhores resultados quando trabalhada em conjunto com outras práticas, pois, é apenas um recurso que pretende incrementar as aulas, tornando o ensino mais interessante aos olhos dos alunos. Porém, é de se salientar que existem histórias em quadrinhos (HQ) para distintas faixas etárias, de distintos gêneros literários, e também, as mais comerciais, ou estritamente autorais. O mesmo que ocorre no cinema e na literatura. As HQ que elaboro são mais raras ainda, estando classificadas como poéticas, Segundo Aragão (1980), “Usar as HQ como instrumento de aprendizado é altamente recomendável, pois auxilia na alfabetização e amplia a percepção narrativa, principalmente no que diz respeito à compreensão das diversas representações gráficas de passagens de tempo”. Ainda de acordo com Octavio Aragão, os HQs não servem apenas como introdução à leitura. “Os leitores de quadrinhos tendem a desenvolver uma percepção mais aguçada e uma associação de informações complementares com maior eficiência e rapidez, pelo fato de cruzarem referenciais e códigos de fontes diferentes em apenas um contexto. O leitor aprimora a acuidade visual e estabelece rápida associação de idéias”, explica o professor. Cabe esclarecer que os fenômenos que se manifestam diante dos olhos do aluno fazem parte da sua vida diária e pertencem ao seu espaço vivido. Nas palavras de ALEMIDA E PASSINI (1994), “o espaço vivido refere-se ao espaço físico, vivenciado através do movimento e do deslocamento”. Além de fatos corriqueiros ou daqueles que surgem espontaneamente, no ir e vir, dentro desse espaço vivido, as novas descobertas também são desencadeadas pela curiosidade. Mediante o conjunto de todas essas experiências que vão se acumulando na vida do indivíduo, ele vai tomando consciência do que é o meio físico e social. Enquanto criança, os próprios jogos e brincadeiras realizados já manifestam algo de cunho cartográfico. 6 Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 6 P ág Ao compreender o funcionamento e o uso desse espaço, sob a ótica da Cartografia, qualquer outro espaço de escala maior será mais facilmente assimilado pelo aluno. Qualquer indivíduo, de qualquer idade, teria dificuldades para compreender. Educadores afirmam que os alunos devem trabalhar como pesquisadores e não como repetidores do que lhes é imposto, tomamos a imagem como o primeiro material para a alfabetização cartográfica. Segundo SIMIELLI (1999), as crianças já têm um interesse natural pelas imagens, o que justifica gostarem tanto de desenhos animados da TV ou de revistas em quadrinhos. Dessa forma, principalmente no caso de crianças, mas também com adultos, o professor deve trazer para a sala de aula o maior número possível de imagens que possam conectar os conceitos cartográficos às experiências vividas pelos alunos. Recursos como: fotografias, maquetes, jogos, mapas, imagens de satélite ou os próprios desenhos dos alunos já os familiarizam com a linguagem visual. VERGUEIRO (2005) concorda. "A maior parte das informações hoje vem de forma gráfica, e as HQs trabalham essencialmente com leitura visual. Vivemos em uma sociedade visual", O objetivo desta pesquisa é uma proposta metodológica de ensino-aprendizagem da Cartografia através da construção e aplicação de HQ em sala de aula, para que os escolares não aprendam somente mapas, mas também desenvolvam capacidades relativas a representação do espaço, sua importância e aplicabilidade em nosso cotidiano em uma linguagem dinâmica e desenhos com cenário do quotidiano, demonstrando a presença da Cartografia em nosso dia a dia, no sentido do que é apontado na LDB, por exemplo, a valorização de situações do quotidiano das crianças e dos jovens e de sua vivência. 2. HISTORIAS EM QUADRINHOS 7 Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 7 P ág As histórias em quadrinhos são textos figurativos, portadores de estruturanarrativo-descritiva fundada na conjunção das imagens com o texto escrito. No entanto, mesmo um texto completamente figurativo traz em si um conjunto de idéias de que o leitor poderá se apropriar tematizando as figuras. As revistas em quadrinhos costumam ser as primeiras leituras das crianças e continuam existindo na vida de alguns adultos. Percebe-se que tem aumentado o uso de tiras de quadrinhos, charge, cartum no ensino escolar, como também, em muitas provas de processo seletivo e que este tipo de abordagem faz parte da rotina de quase todas as pessoas, pois é bastante divulgada pelos meios de comunicação. Como é uma leitura agradável, envolvente e a maioria dos alunos acha prazeroso esse tipo de atividade, pressuposto, que se torna um facilitador para empreender uma discussão com um certo rigor científico, a partir de elementos do cotidiano. Os quadrinhos têm personagens e elenco fixos, narrativa seqüencial em quadros numa ordem de tempo onde um fato se desenrola através de legendas e balões com texto pertinente à imagem de cada quadrinho. A história pode se desenvolver numa tira, numa página ou em duas ou em várias páginas (revista ou álbum). É óbvio que para uma história ser em quadrinhos ela precisa ter no mínimo dois quadrinhos (Moretti, 2006, p.20. Grifos do autor.) 3. A ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA Assim como acontece na escrita, a descoberta dos significados que existem no mapa iluminam e encantam a mente dos alunos. Cada vez que o estudante descobre algo novo, seja através de aulas formais, seja por iniciativa própria, novos horizontes surgem e geram curiosidade para que ele avance mais em suas pesquisas. O aprofundamento do 8 Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 8 P ág conhecimento vai mostrando que sempre há algo mais a descobrir e que cada nova descoberta vai ficando mais rica e interessante. Daí defendermos a expressão alfabetização cartográfica, que consiste no processo de ensino/aprendizagem para que a pessoa consiga compreender todas as informações contidas no mapa (SIMIELLI, 1999). Essa alfabetização supõe o desenvolvimento de noções de: - visão oblíqua e visão vertical; - imagem tridimensional, imagem bidimensional; - alfabeto cartográfico: ponto, linha e área; - construção da noção de legenda; - proporção e escala; - lateralidade / referências, orientação. Ao assimilar esses conceitos, o aluno se sentirá à vontade diante de um mapa, conseguindo extrair informações ou compôr, ele mesmo, outro mapa, baseado nestas e/ou outras informações. O estudante terá consciência do quanto a Cartografia faz parte da sua vida cotidiana e não a verá mais como algo abstrato e preso aos livros escolares. Ler mapas, como se fossem um texto escrito, ao contrário do que parece, não é uma atividade tão simples assim; para que isso ocorra, faz-se necessário aprender, o alfabeto cartográfico, a leitura propriamente dita, entendida aqui não apenas como mera decodificação de símbolos (PISSINATI,2007). As noções, as habilidades e os conceitos de orientação e localização geográficas fazem parte de um conjunto de conhecimentos necessários, juntamente com muitos outros conceitos e informações, para que a leitura de mapas ocorra de forma que o aluno possa construir um entendimento geográfico da realidade)e essa construção de conhecimento requer métodos e técnicas de ensino/aprendizagem que facilitem a compreensão do estudante (TUMA, 2004). 9 Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 9 P ág 4 . METODOLOGIA A pesquisa divide-se em duas etapas: a primeira trabalha a construção do HQ, de temas básicos da Cartografia, fundamentados nas teorias de Piaget, que servirá como meio de produção do conhecimento cartográfico, e agente facilitador da aprendizagem. A segunda etapa, refere-se a aplicação do HQ em sala de aula, na busca de respostas significativas para o aprendizado. 4.1- Construção das histórias em quadrinhos – HQs A produção das historias em quadrinhos com roteiros elaborados de forma narrativa especificando as ações dos personagens, as falas e legendas, e também a descrição dos cenários. Seguem as seguintes etapas: escolha dos temas que serão abordados, revisão bibliográfica dos temas, seleção das formas de conteúdo atuais que expressem o tema, desenvolvimento do enredo da história, definição do roteiro, seleção dos personagens, definição do contexto, definição do cenário, seleção de cenas, desenho das situações de cada quadro e escolha das cores para os desenhos. Também fazem parte das etapas de desenvolvimento das HQs: escrita das legendas e balões, localização das legendas e balões no quadro, arte finalização do cordel, impressão teste do cordel, revisão e avaliação da HQ impressão final, Serão desenhados os balões, escrevendo falas e legendas previamente produzidas relacionadas com cada tema da alfabetização cartográfica. Depois de prontas, as histórias serão editadas e encadernadas. 4.2- Aplicação em sala de aula 10 Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 10 P ág Com o objetivo de desenvolver as atividades propostas, será preciso um exemplar de cada tema, o qual será distribuído aos alunos para a leitura, por tempo previamente combinado, aproximadamente 30 minutos. Após a leitura o professor iniciará um trabalho com os elementos visuais das HQs, para análise através de aplicação de exercícios práticos em sala de aula, que poderá ser em grupo, facilitando a troca de idéias.Após esta etapa o professor perceberá o grau da habilidade e facilidade de aprendizagem dos alunos em descreverem os elementos cartográficos 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com este trabalho pretende-se mostrar que é preciso repensar o ensino buscando propostas que privilegiem a construção do conhecimento através de metodologias diferenciadas, através de práticas pedagógicas observa-se que os alunos se empolgam com práticas de ensino que vão além do livro didático. Das múltiplas linguagens possíveis para conceder força a esta proposta de trabalho, escolheu-se a linguagem dos quadrinhos, uma linguagem inventada em um espaço predominantemente científico, mas nem por isso, menos potente para produzir conhecimentos. Pensando em uma forma de utilizar esta linguagem artístico-literal no contexto educacional, surge um novo papel das histórias em quadrinhos, tardiamente oficializado como prática didática e de leitura pelo governo federal As historias em quadrinhos, podendo desenvolver atividades nas diversas áreas da Geografia, no entanto a Cartografia é o grande alvo do trabalho citado neste artigo. Os HQs 11 Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 11 P ág podem abordar alguns dos conceitos da Cartografia tais como representação do espaço geográfico, proporção e escala, visão oblíqua e visão vertical, imagem tridimensional, imagem bidimensional; alfabeto cartográfico: ponto, linha e área, construção da noção de legenda, referências, orientação. Considerando os objetivos desta pesquisa, A idéia é deixar de lado a metodologia tradicional aquela inserida nos currículos pedagógicos, e se aprofundar em uma nova metodologia, mais é claro não esquecendo da tradicional pois foi essa que proporcionou todos os saberes e conhecimentos contidos, acredito que a utilização das histórias em quadrinhos como prática pedagógica pode ser uma ferramenta auxiliar no ensino de Geografia, mas especificamente da alfabetização cartográfica, pois, hoje em dia nenhum professor consegue transmitir algum conteúdo aos seus alunos sem que haja encantamento por ele. Oferecer histórias em quadrinhos, saindo da linguagem verbal e escrita, pode transformar o ensino de leitura em algo espontâneo, divertido e motivador, sem que se perca de vista o caráter formal e organizado, próprio do ensino de saberes escolar. No desenvolvimento de método a partir da teoria de Jean Piaget, junto aos alunos da 5ª Série da Escola Chave do Saber, espera-se observar os resultados quanto à capacidade de interpretação textual e visual, o nível de interesse e sua eficácia. A eficiência desta metodologia ainda é passível de futuras pesquisas e experimentos, visto que tanto no que concerne aos estudos da linguagem representativa, e da textual, quanto à demanda por uma educação fundamental de boa qualidade. Críticas construtivas serão bem vindas para contribuir no desenvolvimento deste trabalho de pesquisa. 6. REFERENCIAS ALMEIDA, Rosângela Doin. Do desenho ao mapa: iniciação cartográfica na escola. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2003. – (Caminhos da Geografia) 12 Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 12 P ág ALMEIDA, Rosângela Doin; PASSINI, Elza Yasuko. O espaço geográfico: ensino e representação. 5. ed. São Paulo: Contexto, 1994. – (Repensando o ensino) PCN/LDB, Lei das Diretrizes Básicas dos Parâmetros Curriculares Nacionais, Governo Federal. MORETTI, F. Qual a diferença entre charge, Cartum e quadrinhos? Disponível em: <http:// ccghumor.com.br>. Acesso em 18 de set. de 2006. PISSINATI, M. C.; ARCHELA, R. S. Fundamentos da alfabetização cartográfica no ensino de geografia. Geografia - v. 16, n. 1, jan./jun. 2007 – Universidade Estadual de Londrina, Departamento de Geociências SIMIELLI, Maria Elena Ramos. Cartografia no ensino fundamental e médio. In: CARLOS, Ana Fani Alessandri (org.). AGeografia na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1999. – (Repensando o ensino). p. 92-108. TUMA, Magda Madalena Peruzin; SOARES, Maria Lúcia Amorim. Topologia e o ensino de mapas: avaliação da caminhada. In: ASARI, Alice Yatiyo; ANTONELLO, Ideni Terezinha; TSUKAMOTO, Ruth Youko (org.). Múltiplas Geografias: ensino – pesquisa – reflexão, São Paulo: Humanidades, 2004. p. 39-57. WEISZ, Telma. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo: Ática, 2002. – (Palavra de Professor)ssinati, M. C.; ARCHELA, R. S. Fundamentos da alfabetização cartográfica no ensino de geografia. VERGUEIRO, V. Uso das HQS no ensino. In: RAMA, Ân VERGUEIRO, Valdomiro (orgs.). Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2005. 13 Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 13