Capitalismo e socialismo

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GEOGRAFIA POLÍTICA/2012
PROFESSOR: TIAGO DALESSI
CAPÍTULO 1: REGIONALIZAÇÃO DO ESPAÇO
1- O MUNDO DIVIDIDO: PAÍSES CAPITALISTAS E SOCIALISTAS
1.1 – FASES DO CAPITALISMO
O Capitalismo Comercial
Essa etapa do capitalismo estendeu-se desde fins do século XV até o século XVIII. Foi marcada pela
expansão marítima das potências da Europa Ocidental na época (Portugal e Espanha).
O grande acúmulo de capitais se dava na esfera da circulação, ou seja, por meio do comércio, daí o
termo capitalismo comercial para designar o período. A economia funcionava segundo a doutrina mercantilista,
que, em sentido amplo, pregava a intervenção governamental na economia, a fim de promover a prosperidade
nacional e aumentar o poder do Estado. Nesse sentido, defendia a necessidade de riquezas no interior dos
Estados, e a riqueza e o poder de um país eram medidos pela quantidade de metais preciosos (ouro e prata)
que possuíam. Esse princípio ficou conhecido como metalismo.
Outro meio de acumular riquezas era manter uma balança comercial sempre favorável, daí o esforço
para exportar mais do que importar, garantindo saldos comerciais positivos.
O mercantilismo foi fundamental para o desenvolvimento do capitalismo, pois permitiu, como resultado
de um comércio altamente lucrativo, das explorações das colônias e da pirataria, grande acúmulo de capitais
nas mãos da burguesia européia. Karl Marx designou essa fase como a da acumulação primitiva do capital.
O Capitalismo Industrial
O capitalismo industrial foi marcado por grandes transformações econômicas, sociais, políticas e
culturais. As maiores mudanças resultam do que se convencionou chamar Revolução Industrial (estamos nos
referindo aqui à Primeira Revolução Industrial, ocorrida no Reino Unido na segunda metade do século XVIII).
Um de seus aspectos mais importantes foi a enorme potencialização da capacidade de transformação da
natureza, por meio da utilização cada vez mais disseminada de máquinas movidas a vapor, tornando acessível
aos consumidores uma quantidade cada vez maior de produtos, o que multiplicava os lucros dos produtores.
O comércio não era mais a essência do sistema. O lucro – objetivo dessa nova fase do capitalismo –
advinha fundamentalmente da produção de mercadorias.
A toda jornada de trabalho corresponde uma remuneração, que permitirá a subsistência do trabalhador.
No entanto, o trabalhador produz um valor maior do que aquele que recebe na forma de salário, e essa fatia de
trabalho não-pago é apropriada pelos donos das fábricas, das fazendas, das minas, etc. Dessa forma, todo
produto ou serviço vendido traz embutido esse valor não transferido ao trabalhador, permitindo o acúmulo de
lucro pelos capitalistas.
Se no mercantilismo (fase comercial), o Estado absolutista era favorável aos interesses da burguesia
comercial, no tocante a atuação da nova burguesia industrial, ou capitalista, era um empecilho. Ele não deveria
intervir na economia, que funcionaria segundo a lógica do mercado, guiada pela livre concorrência.
Consolidava-se, assim, uma nova doutrina econômica: o liberalismo.
Dentro das fábricas, mudanças importantes estavam acontecendo: a produtividade e a capacidade de
produção aumentavam velozmente; aprofundava-se a divisão de trabalho e crescia a produção em série. Nessa
época, segunda metade do século XIX, estava ocorrendo o que se convencionou chamar de Segunda
Revolução Industrial. Uma das características mais importantes desse período foi a introdução de novas
tecnologias e novas fontes de energia no processo produtivo.
Com o brutal aumento da produção, pois a industrialização expandia-se para outros países, acirrou-se
cada vez mais a concorrência. Era cada vez maior a necessidade de garantirem novos mercados
consumidores, novas fontes de matérias-primas e novas áreas para investimentos lucrativos. Foi dentro desse
quadro que ocorreu a expansão imperialista na Ásia e na África.
A partilha imperialista das potências industriais consolidou a divisão internacional do trabalho, pela
qual as colônias se especializavam em fornecer matérias-primas baratas para os países que então se
industrializavam. Tal divisão, delineada no capitalismo comercial, consolidou-se na fase do capitalismo
industrial. Assim, estruturou-se nas colônias uma economia complementar e subordinada à das potências
imperialistas.
A Alemanha, por ter se unificado tardiamente (1871), perdeu a fase mais importante da corrida
imperialista e sentiu-se lesada, especialmente frente ao Reino Unido e à França. Além disso, como a sua
indústria crescia em ritmo mais rápido que a dos demais países, também se ressentia mais da falta de
mercados consumidores. O choque de interesses internos e externos entre as potências imperialistas européias
acabou levando o mundo à Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
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O Capitalismo Financeiro
Uma das conseqüências mais importantes do crescimento acelerado da economia capitalista foi o brutal
processo de concentração e centralização de capitais. Várias empresas surgiram e cresceram rapidamente:
indústrias, bancos, corretoras de valores, casas comerciais, etc. A acirrada concorrência favoreceu as grandes
empresas, levando a fusões e incorporações que resultaram, a partir de fins do século XIX, na monopolização
ou oligopolização de muitos setores da economia.
O liberalismo restringe-se cada vez mais ao plano da ideologia, pois o mercado passa a ser
oligopolizado, dominado por grandes corporações, substituindo a livre concorrência e o livre mercado. O
Estado, por sua vez, passa a intervir na economia, seja como agente produtor ou empresário. Essa atuação do
Estado na economia intensificou-se após a crise de 1929, que viria a sepultar definitivamente o liberalismo
clássico.
A crise de 1929 deveu-se ao excesso de produção industrial e agrícola, pois os baixos salários pagos
na época impediam a expansão do mercado de consumo interno; à recuperação da indústria européia, que
passou a importar menos dos Estados Unidos; e à exagerada especulação com ações na bolsa de valores.
Colocando em prática em 1933, pelo então presidente Franklin Roosevelt, o New Deal (“novo acordo”)
foi um clássico exemplo de intervenção do Estado na economia. Baseado em um audacioso plano de obras
públicas, com o objetivo principal de acabar com o desemprego, o New Deal foi fundamental para a
recuperação da economia norte-americana.
Essa política de intervenção estatal numa economia oligopolizada, que acaba favorecendo o grande
capital, ficou conhecida como Keynesianismo, por ter sido o economista inglês John Maynard Keynes seu
principal teórico e defensor.
1.2 - CARACTERISTICAS DO CAPITALISMO
x Propriedade Privada dos meios de produção – Os meios de produção (bancos, supermercados,
lojas,...) pertencem predominantemente a uma pessoa ou a um grupo de pessoas.
x Economia de Mercado – São as empresas que decidem como e quanto produzir e estabelecem o
preço e as condições de circulação das mercadorias.
x Lei da Oferta e da Procura – Os preços das mercadorias variam de acordo com a procura por parte do
consumidor e a quantidade do produto em oferta, isto é, colocada à venda.
x Trabalho Assalariado – O trabalhador recebe um salário por seu trabalho, havendo concentração de
renda, principalmente nos países mais pobres.
x Neoliberalismo – Doutrina econômica que, especialmente nas duas últimas décadas, retomou vários
preceitos do liberalismo clássico. Um dos pontos principais do neoliberalismo é a idéia do Estado
mínimo, isto é, o governo deveria ter sua atuação restrita ao campo social (destinando o mínimo de
recursos à saúde, educação e previdência, por exemplo), além de não interferir no processo
econômico, que seria regulado exclusivamente pelas leis de mercado.
1.3 – ORGANIZAÇÃO DAS EMPRESAS NO SISTEMA CAPITALISTA
x Monopólio – Situação em que há uma única empresa fornecedora de determinado produto, que
controla sua oferta e seu preço.
x Oligopólio – Grupo constituído por um pequeno número de empresas que controlam os preços de um
produto.
x Cartel – Associação ou combinação entre empresas, geralmente de um mesmo segmento, para
garantir o controle da produção e dos preços.
x Truste – fusões e incorporações entre empresas que realizam uma mesma atividade com o intuito de
garantir o domínio do mercado.
x Holding – Uma empresa que detém o controle de diversas outras empresas, que atuam em diferentes
ramos de atividades. As holding são grandes corporações que podem produzir desde canetas a
aparelhos eletrônicos, carros e aviões.
1.4 – SISTEMA SOCIALISTA
x Estatização – As terras e os meios de produção devem pertencer ao Estado, que também passa a
controlar e a definir o salário dos trabalhadores.
x Economia Planificada – As atividades econômicas devem seguir uma planificação idealizada e
executada pelo Estado, que decide o que e como produzir.
x Pleno emprego – Para executar suas várias funções e diminuir as desigualdades sociais, o Estado cria
um imenso quadro de funcionários, garantindo emprego a todos.
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x
Relação Social – O objetivo é eliminar as diferenças sociais, gerando uma melhor distribuição da
renda.
1.5 – GUERRA FRIA
x Ordem Bipolar – Por serem superpotências econômicas e militares, EUA e URSS influenciavam outras
nações, que a eles se aliaram na formação dos dois grandes blocos que polarizaram a economia e a
sociedade do pós - segunda guerra. Essa situação perdurou até a década de 1990.
x Muro de Berlim – Em 1949, como conseqüência da bipolarização, os países da Europa alinharam-se
em dois blocos: a Europa Ocidental capitalista, sob a influencia dos EUA, e a Europa Oriental socialista,
sob a influência da URSS e em 1961 foi construído o muro de Berlim.
A partir de 1990, praticamente todos os países do bloco socialista passaram a adotar o capitalismo.
Atualmente, praticamente somente China, Cuba e Coréia do Norte continuam socialistas, embora incluam em
sua economia algumas características do capitalismo.
Com o fim da União Soviética em 1991 e a conseqüente dissolução do socialismo, os Estados Unidos
viram-se transformados em “vencedores” da Guerra Fria, assumindo o papel de grande potência mundial.
Porém, apesar do grande poderio norte-americano, Japão e Alemanha (reunificada) também apareciam como
pólos da economia mundial, formando uma nova era multipolar, em detrimento da bipolaridade outrora
existente. Desta forma, temos o mundo sob a influência de três grandes pólos, os EUA, o Japão e a Europa,
representada pela União Européia, tendo Alemanha, França e Reino Unido como sustentáculos econômicos.
O FIM DA GUERRA FRIA
Muito se discute sobre uma possível data que marque o fim da Guerra Fria, o fato é que uma série de
acontecimentos desencadearam a dissolução do conflito Leste x Oeste. A falta de democracia, o atraso
econômico e a crise nas repúblicas soviéticas acabaram por acelerar a crise do socialismo no final da década
de 1980. Em 1989 cai o Muro de Berlim e as duas Alemanhas são reunificadas. No começo da década de 1990,
o então presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev começou a acelerar o fim do socialismo naquele país
e nos aliados. Com reformas econômicas, acordos com os EUA e mudanças políticas, o sistema foi se
enfraquecendo. Era o fim de um período de embates políticos, ideológicos e militares. O capitalismo vitorioso,
aos poucos, iria sendo implantado nos países socialistas. Os Estados Unidos assumiram o papel de única
superpotência, os conflitos étnicos e nacionais ressurgiram com força total, e o poder não é mais de quem tem
armas mais poderosas, mas de quem tem a economia mais forte. Veremos a seguir alguns fatores
responsáveis pelo fim da bipolaridade mundial.
A crise da URSS
A economia soviética teve um considerável sucesso no período em que o mundo guiava-se pelos
padrões tecnológicos estabelecidos pela II Revolução Industrial (industrias de siderurgia, química, petrolífera,
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aeronáutica, naval, etc). Isto colocou a URSS em igualdade com as economias capitalistas e em alguns
momentos à frente, como o lançamento do primeiro satélite Sputnik I, em 1957, e o primeiro homem em órbita
ao redor da Terra, Iúri Gagárin, em 1961.
Guiados pelo padrão tecnológico da II Revolução Industrial, a URSS priorizou indústrias de bens de
produção e de capital, com grande prioridade para a indústria bélica. Isto porém virou um problema na medida
em que as indústrias de bens de produção não possuíam os devidos investimentos, gerando um grande
descompasso econômico, com produções excessivas de ferro e aço de um lado, e a carência de
eletrodomésticos e automóveis de outro. O quadro crítico acentua-se a partir da década de 1970, com a
chamada Terceira Revolução Industrial, que demanda altos investimentos em pesquisa e tecnologia
favorecendo o crescimento de setores como a informática e a robótica (estes exigem uma economia mais
dinâmica, baseada numa economia de mercado). ( ver texto “A Terceira Revolução industrial” no capítulo 8)
A URSS começa a se defasar econômica e tecnologicamente em meados de 1970, sendo reconhecida
apenas por seu poderio militar, seu arsenal nuclear e sua capacidade de destruição em massa. Graças a seu
baixo dinamismo econômico, sua produtividade industrial não acompanhava nem de longe os avanços dos
países capitalistas desenvolvidos mais competitivos. Seu parque industrial, sucateado, era incapaz de produzir
bens de consumo em quantidade e qualidade suficientes para abastecer a própria população. As filas
intermináveis eram parte do cotidiano dos soviéticos e o descontentamento se generalizava. A situação
agravasse nos anos 80, com o governo norte-americano de Ronald Reagan, que aumentou os orçamentos com
defesa. Como a União Soviética não tinha mais condições de continuar com a corrida armamentista, os acordos
de paz entre as duas superpotências tornaram-se necessários. Foi com essa missão que Gorbachev chegou,
em 1985, à liderança da URSS.
A era Gorbachev (1985-1991) e o fim da União Soviética
Sua plataforma política defendia a necessidade de reformar a União Soviética, para que ela se
adequasse à realidade mundial. Em seu governo, uma nova geração de políticos se firmou, e impulsionou a
dinâmica de reformas na URSS e a aproximação diplomática com o mundo ocidental.
Dentre as reformas propostas por Gorbachev, temos a Perestroika e a Glasnost:
- Perestroika (reestruturação): série de medidas de reforma econômicas. Para Gorbatchov, não seria
necessário erradicar o sistema socialista, mas uma reformulação deste seria inevitável. Para tanto, ele passou a
diminuir o orçamento militar da União Soviética, o que implicou em diminuição de armamentos. Além disso, era
preciso acabar com a ditadura, desmontando o aparelho repressor erigido na era Stálin.
- Glasnost (transparência) : visava a "liberdade de expressão" à imprensa soviética e a transparência do
governo para a população, permitindo o pluripartidarismo e retirando a forte censura que o governo comunista
impunha. Esta abertura política desencadeou uma série de movimentos separatistas na URSS, levando à sua
completa fragmentação política.
Gorbachev sofreu um golpe de Estado, liderado pelos comunistas conservadores, porém, o golpe
fracassou e Mikhail foi reconduzido ao poder com o apoio de Boris Yeltsin. No entanto, o poder central se
enfraqueceu, visto que as repúblicas – uma a uma – proclamavam sua independência política. A cartada final
ocorreu em dezembro de 1991, quando a própria Rússia, sustentáculo da União Soviética, proclamou a sua
independência. Com o fim da União Soviética um novo acordo foi firmado (acordo de Minsk), originando a
CEI (Comunidade dos Estados Independentes), composto pelas antigas repúblicas soviéticas, exceto Estônia,
Letônia e Lituânia. Boris Yeltsin foi eleito o novo presidente, renunciando em dezembro de 1999. Em seu lugar,
Vladimir Putin foi eleito em março de 2000.
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Hoje a Rússia sofre graves problemas com desemprego e baixo crescimento econômico, resultados da
tumultuada transição do socialismo para o capitalismo. O PIB só veio a crescer significativamente a partir de
1999. Um dos grandes problemas enfrentados hoje é o grande número de movimentos separatistas dentro
de seu território.
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O LESTE EUROPEU
Durante toda a Guerra Fria, a região do Leste europeu fez parte do chamado 2° mundo, sendo controlada
pela URSS através do Pacto de Varsóvia. Com as políticas reformistas de Gorbachev e o fim da URSS, as
frentes de independência se tornaram mais fortes nessa região, fazendo com que os países aderissem ao
capitalismo e reorganizassem a sua economia e política. Os países integrantes* do Leste Europeu eram/são:
- Pôlonia
- Alemanha Oriental (hoje reunificada)
- Tchecoslováquia (hoje dividida em repúblicas Tcheca e Eslováquia)
- Hungria
- Romênia
- Bulgária
- Albânia**
- Iugoslávia** (hoje dividida em Sérvia, Montenegro, Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegovina e
Macedônia)
* Estes países formavam um bloco fechado na Europa, limitado pela “Cortina de Ferro”.
** Apesar da Albânia e Iugoslávia não estabelecerem relações diretas com Moscou, o regime socialista ditatorial
era presente em ambos.
Polônia e Hungria
Na Polônia, a abertura política começou com a legalização do Solidariedade (sindicato político fundado
em 1980 que defendia a liberdade de expressão dos trabalhadores) em 1989. No mesmo ano, a URSS
começava a retirar do Leste europeu suas tropas do pacto de Varsóvia. Sem a pressão militar dos soviéticos, as
medidas liberais ganharam força, não só na Polônia como em outros países da região. Além disso,
restabeleceram a ligação religiosa com o Vaticano e a liberdade religiosa.
A Hungria também iniciou suas reformas em janeiro de 1989, quando o parlamento aprovou a lei que
permite o pluripartidarismo. O país tornou-se uma democracia e passou a se chamar República da Hungria.
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Alemanha Oriental
Em 9 de novembro de 1989, a conselho de Gorbachev, o governo anunciou a livre passagem dos
alemães da parte oriental para a ocidental., levando a própria população à iniciativa de derrubar o muro de
Berlim. Em 1990, Lothar de Maiziere, primeiro-ministro da Alemanha oriental, negociou a unificação das duas
Alemanhas com Helmut Kohl, que governava a Alemanha ocidental. A República Democrática Alemã não
existia mais. Em 3 de outubro de 1990, a Alemanha estava reunificada.
Tchecoslováquia e Bulgária
Em 1° de janeiro de 1993, a Tchecoslováquia se dividiu, de forma pacífica, dando origem a dois
países diferentes: na sua porção menos desenvolvida, formou-se a Eslováquia; e na sua parte mais
desenvolvida e industrializada, a República Tcheca, destaque na produção de automóveis e cerveja.
Na Bulgária a transição também aconteceu de forma pacífica. O pluripartidarismo foi admitido em 1988
e as reformas passaram a acontecer com o fim do Partido Comunista. Em 1990, passou a ser denominado
República da Bulgária.
Romênia
Na Romênia, as reformas aconteceram lentamente. Com uma economia superada, a Romênia tem
aproveitado a entrada do capital estrangeiro, nos últimos anos, para melhorar sua situação econômica e tentar
se reerguer.
ex-Iugoslávia
O desmembramento da Iugoslávia deu origem a novos países: União da Sérvia e Montenegro,
Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegovina e Macedônia. A separação do país foi marcada por sangrentos
conflitos. Atualmente ocorreu a separação da Sérvia e Montenegro, em maio de 2006
Albânia
Foi o último Estado do Leste Europeu a implementar reformas. Encerrou sua fase socialista com altos
níveis de pobreza. Foi aliado da URSS até 1961, para posteriormente aliar-se à China até 1978. Depois das
relações cortadas com a China, o país fechou-se num regime altamente autoritário e isolado, fiel à doutrina
stalinista. Esta situação de instabilidade deixou o país extremamente despreparado para a transição
econômica. Sem rumo, o governo albanês procura administrar os mecanismos do novo regime, ao mesmo
tempo em que tenta encontrar soluções para os eternos problemas de miséria e desemprego.
O presidente George Bush (1989-1992) chamou de Nova Ordem Mundial. O que deixava de existir era
a velha ordem bipolar e a rivalidade entre sistemas econômicos opostos que buscavam competir usando a
capacidade militar. O mundo passava a funcionar sob a égide do capitalismo. A multipolaridade econômica não
mudou significativamente a distribuição da riqueza no mundo. Os países ricos continuam ricos. E os pobres (exterceiro mundo) continuam pobres. A corrida armamentista perdeu força e a prioridade passou a ser a busca
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por novos mercados e crescimento do capitalismo. Esta nova fase passou a ser chamada de Globalização, com
um crescente fluxo de informações, mercadorias, capital, serviços e pessoas em escala global. As redes que
ordenam este fluxo podem ser materiais e virtuais, transformando o mundo em uma espécie de aldeia global.
2- OS TRÊS MUNDOS
Durante o período da Guerra Fria também era comum regionalizar o espaço mundial em “três mundos”.
x Primeiro Mundo – Constituído pelos países capitalistas desenvolvidos, como EUA, Reino Unido,
França, etc.
x Segundo Mundo – Formado pelos países socialistas, como China, URSS, Polônia, Hungria, etc.
x Terceiro Mundo – Constituído por um conjunto muito heterogêneo de países subdesenvolvidos
(pobres), como Brasil, Marrocos, Egito, etc.
3- REGIONALIZAÇÃO PELO NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO
PRINCIPAIS CARACTERISTICAS DOS PAÍSES DESENVOLVIDOS
x Elevado padrão de vida da maior parcela da população.
x Dominação econômica, tecnológica e política sobre países subdesenvolvidos.
x Desenvolvimento industrial e tecnológico.
x Os setores secundários e terciários abrigam a maior parte da PEA.
x Elevados investimentos em educação e em ciência.
x Baixo índice de mortalidade infantil e de analfabetismo.
x Ingestão de calorias diárias muito acima do mínimo recomendado.
x Predomínio de população urbana.
x Expectativa de vida além dos setenta anos.
x Acesso aos benefícios sociais à maioria da população.
x Emprego predominante de técnicas modernas, de máquinas e mão-de-obra qualificada no campo.
x Modernos e eficientes meios de comunicação e de transportes.
x A maior parte da população pertence à classe média e tem elevado padrão de vida e de consumo.
PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS
Quando, a partir da Segunda guerra Mundial, se começou a falar correntemente do
‘subdesenvolvimento’ (era, soube-se muito mais tarde, a tradução do termo under-development que os políticos
americanos tinham fabricado), através disso foi possível saber que três quartos da humanidade sofriam de fome
e atrair a atenção sobre o fato de que a população dos países pobres seria mais que o dobro nos trinta anos
seguintes...
(LACOSTE, Yves. Geografia do Subdesenvolvimento: geopolítica de uma crise. 1985:31)
Apesar de só começar a ser discutido após a segunda guerra mundial e de ser um termo originado por
políticos norte-americanos, podemos dizer que as origens do subdesenvolvimento estão no longo período de
dominação política e econômica e no tipo de relação estabelecida entre colônia e metrópole, durante a
existência dos grandes impérios coloniais. Esses grandes impérios surgidos nos períodos denominados
colonialismo (séc. XV a XVIII) e imperialismo (séc. XIX) refletiam o poder de antigas potências mercantilistas
(Portugal e Espanha) e de potências da Revolução Industrial (França, Inglaterra e Holanda).
O fato de se tornarem independentes não garante às ex-colônias o desenvolvimento. Junto à sua
independência somam-se os problemas decorrentes de sua antiga relação com as metrópoles além da sua
própria incapacidade de administrar o próprio destino. Governos ditatoriais, submissão aos interesses de
empresas transnacionais, corrupção, conflitos étnicos e dívida externa são outros agravantes da situação de
pobreza já existente nesses países.
Apesar das diferenças entre os próprios países subdesenvolvidos, algumas características se fazem
comuns:
x Má distribuição de renda.
x Dependência econômica, política, tecnológica e até mesmo cultural em relação aos países
desenvolvidos.
x Economia primário-exportadora (países pouco industrializados).
x Os setores primário e terciário da economia e o mercado informal abrigam a maior parte da população
empregada.
x Altos índices de analfabetismo, de mortalidade e de natalidade e elevado crescimento populacional.
x Ingestão de calorias diárias abaixo do mínimo recomendado.
x Alto índice de pessoas vivendo em submoradias.
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x Dividas externas impagáveis.
x Proliferação de grandes centros urbanos sem infra-estrutura.
x Concentração de renda.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS PAÍSES EMERGENTES
Não existe homogeneidade na classificação dos países subdesenvolvidos. Enquanto alguns ainda
permanecem com as relações econômicas existentes na época colonial, outros se industrializaram e cresceram
economicamente. Estes últimos pertencem ao grupo dos Novos Países Industrializados (NICs – New
Idustrialized Countries), também chamados de economias emergentes e países capitalistas semiperiféricos. A
este grupo pertencem países como Brasil, Argentina, México, Índia, África do Sul e Tigres Asiáticos (Hong
Kong, Cingapura, Taiwan e Coréia do Sul).
São paises pobres, industrializados ou em fase de industrialização. Apesar de industrializados, são
dependentes de tecnologia.
4 – CONFRONTO: NORTE / SUL
Na lógica bipolar, era comum classificarmos os países em Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo, além
do constante uso da expressão “conflito Leste x Oeste”. Com a Nova Ordem Mundial, essa classificação já não
tem mais sentido. Como o Segundo Mundo, que era formado pelas nações socialistas, não existe mais, os
países são classificados em ricos e pobres, ou desenvolvidos e subdesenvolvidos. E o mundo ficou dividido em
países do Norte (desenvolvidos) e países do Sul (subdesenvolvidos). Na Nova Ordem, o conflito Leste-Oeste da
guerra fria foi substituído pelo conflito Norte-Sul, que opõe entre si as grandes diferenças que separam a
riqueza, a tecnologia e o alto nível de vida da pobreza, da exclusão dos novos meios técnico-científicos e dos
baixos níveis de vida.
Algumas características desta nova divisão:
-
-
-
-
O grande contingente de ex-colônias asiáticas, africanas e americanas (com exceção de Estados
Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia) forma o bloco dos países do Sul. Apesar de terem
características comuns, esses países apresentam profundas diferenças entre si.
Alguns países se destacam na oferta de oportunidades para investimentos das empresas
transnacionais. São países subdesenvolvidos industrializados ou em fase de industrialização. São os
chamados países emergentes, e o Brasil está entre eles.
Os antigos países socialistas são chamados hoje de países de economia “em transição”, porque
passam por uma fase de adaptação à economia de mercado. Apenas China*, Cuba, Coréia do Norte,
Vietnã, Líbia e Laos ainda resistem como socialistas.
A África Subsaariana está à margem da economia global. Seus países sofrem com conflitos tribais,
fome, seca e aids. Além disso, encontram-se na total dependência do FMI e do Banco Mundial. Diante
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desse estado de miséria, a África não desperta interesse, nem como consumidora nem como opção de
investimento de capital especulativo.
* O caso chinês é especial, visto que possui um “socialismo de mercado”, ou seja, uma economia capitalista
regida por uma política socialista.
Nota: A oposição ‘Norte’ rico ou desenvolvido e ‘Sul’ pobre ou subdesenvolvido é bastante esquemática. Como
classificar os países do Leste Europeu, por exemplo? Eles pertencem ao ‘Norte’ ou ao ‘Sul’? Já a China, pelos
aspectos demográfico, econômico e geopolítico e por suas contradições, é inclassificável. Além disso, cada vez
mais o ‘Sul’ aparece dentro do ‘Norte’, em conseqüência do aprofundamento das desigualdades sociais e do
aumento da imigração.
MOREIRA e SENE. Geografia Geral e do Brasil, espaço geográfico e globalização. 2005
5- O SISTEMA-MUNDO: CENTRO E PERIFERIA
Uma outra forma de classificação dos países seria a de países centrais e países periféricos. Esta forma
de classificação também surgiu com o fim da Guerra Fria, sendo extremamente conveniente ao sistema
capitalista. Ela designa os países como centrais (que se encontram no “centro” do sistema capitalista) e
periféricos (o restante, na “periferia” do sistema capitalista). Observe o mapa abaixo:
“Países centrais” é uma expressão usada para designar uma tríade: Estados Unidos, Japão e união Européia,
que comandam o sistema capitalista. O restante do mundo é formado por países de periferia com maior ou
menor grau de integração a um dos pólos que compõem o centro do sistema capitalista. Os Estados unidos é o
único que influencia o mundo inteiro; os outros países do centro têm uma influência mais regional. Mesmo na
periferia há nações com certa influência regional, como é o caso da China, da Índia e do Brasil. A China, aliás,
ora é classificada como potência, quando se considera o aspecto geopolítico (Potência militar e membro do
conselho de segurança da ONU), ora como país emergente, quando se considera que se trata de um país da
periferia, como mostra o mapa, embora muito importante economicamente. Em resumo, nem sempre há
consenso na classificação dos países.
MOREIRA e SENE. Geografia Geral e do Brasil, espaço geográfico e globalização. 2005
6- REGIONALIZAÇÃO SEGUNDO IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)
O IDH é um eficiente método para analisar a qualidade de vida de um país, pois não levam em
consideração apenas indicadores econômicos, mas também variáveis como expectativa de vida e educação. As
variáveis utilizadas são:
- Expectativa de vida: a esperança de vida ao nascer
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Educação: o conhecimento, medido pela taxa de alfabetização de adultos e pela taxa bruta de
matrículas no ensino fundamental, médio e superior.
- PPC (PIB per capita): a renda distribuída para a população, permitindo um padrão de vida mais
decente.
Estas três variáveis combinadas oscilam entre valores de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, melhor é o
padrão de vida da população, quanto mais próximo de 0, pior.
-
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO:
01) Assinale a alternativa que caracteriza país subdesenvolvido:
a) Hegemonia econômica e comercial; indústria incipiente está relacionada à agroindústria e beneficiamento de
recursos minerais.
b) Baixo ou médio IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), considerando-se as dimensões renda, educação
e expectativa de vida.
c) Distribuição de renda igualitária; a pobreza generalizada da população leva à necessidade de recorrer à
ajuda internacional.
d) Grande crescimento populacional; altas taxas de natalidade e mortalidade infantil refletem no aumento da
expectativa de vida.
e) Exportador de recursos energéticos; a independência do mercado mundial de petróleo e urânio fragiliza a
economia.
02)(UFJF/2009 - VESTIBULAR A DISTÂNCIA) Em Geografia, o que representa o espaço concreto dominado e
apropriado por uma sociedade ou por um Estado e identificado pela posse é:
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a) a natureza.
b) a paisagem.
c) a região.
d) o lugar.
e) o território.
03)(PASES I/2009) Leia o trecho do romance abaixo, que revela a visão do escritor ao observar o espaço:
Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e
janela alinhadas. [...] Entretanto, das portas surgiam cabeças congestionadas de sono; ouviam-se amplos
bochechos, fortes como o marulhar das ondas; pigarreava-se por toda a parte; começavam as xícaras a tilintar;
o cheiro quente do café aquecia, suplantando todos os outros; trocavam-se de janelas para janelas as primeiras
palavras, os bons dias; reatavam-se conversas interrompidas à noite; a pequenada cá fora traquinava já, e lá
dentro das casas vinham choros abafados de crianças que ainda não andam.
(AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000003.pdf.
Acesso em: 07 nov. 2008.)
Considerando os conceitos de Geografia, é CORRETO afirmar que, neste trecho do romance, aparece presente
o conceito de:
a) território, pois revela uma forma de contemplação do espaço.
b) paisagem, já que indica uma forma de observar e descrever um espaço.
c) região, uma vez que revela uma forma de representar o espaço.
d) meio ambiente, pois assinala a relação entre o poeta e o local descrito.
e) Nenhuma das anteriores.
04)(UERJ/2008)
O príncipe Michael Bates anunciou que quer vender seu país, Sealand. Trata-se de uma antiga plataforma
militar, construída pela Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial e abandonada após o conflito. Em 1967, o
ex-major inglês Roy Bates, sua mulher e seu filho Michael desembarcaram no local, proclamaram a
independência, instauraram um reinado, criaram uma constituição, um hino e uma bandeira. Eles são
sustentados por pessoas que compram títulos para virar cidadãos de Sealand, mas preferem continuar vivendo
em seu país de origem. Sealand emite selos, passaportes e cunha moedas, entre outras características de um
Estado independente. Adaptado de Época, 15/01/2007
Até o momento nenhum país reconhece a existência de Sealand. A famíla Bates, no entanto, argumenta que
Sealand possui os três principais elementos constitutivos do Estado-Nação Moderno. Estes três elementos são:
(A) povo – governo – território
(B) moeda – hino – fronteira
(C) constituição – etnia – história
(D) cidadão – legislação – bandeira
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GEOGRAFIA POLÍTICA/2012
PROFESSOR: TIAGO DALESSI
05)(PISM III/2008) Observe a figura abaixo que apresenta uma afirmativa feita por Lênin.
A afirmativa de Lênin é representada por um período em que as duas potências, Estados Unidos e União
Soviética, a fim de garantir suas áreas de influência, colocaram seus arsenais bélicos, inclusive os nucleares,
em permanente exposição e assinaram tratados militares com seus aliados, criando a Organização do Tratado
do Atlântico Norte (OTAN), liderada pelos Estados Unidos, e o Pacto de Varsóvia, liderado pela União Soviética.
A rivalidade entre as duas potências levou o mundo a um período de tensão conhecido como:
a) Guerra Fria.
b) Guerra Ideológica.
c) Guerra do Golfo.
d) Guerra Mundial.
e) Guerra do Vietnã.
Gabarito:
01-B
02-E
03-B
04-A
05-A
160
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