Sociologia Prof. DANILO ARNALDO BRISKIEVICZ http://static.recantodasletras.com.br/arqu ivos/1370794.pdf?1374927886 Cultura: antropologia Antropologia e cultura: relação Cultural: toda realidade produzida individual e coletivamente pela inteligência humana Métodos de investigação da antropologia: variedade Século XIX No século XIX, pretendia-se que a Antropologia fosse uma espécie de Antropologia Geral, de modo a englobar realidades humanas biológicas, históricas e socioculturais. O problema é que fazer relações entre essas realidades em um tempo em que o desenvolvimento industrial era tomado como medida da qualidade dos povos, levou aquela Antropologia a ser tomada como fundamento científico de algo que há muito tempo era realidade na Europa: o racismo. Antropologia: sucesso A Antropologia alcançou o seu relativo sucesso ao explicar a superioridade material europeia, ao justificar o colonialismo e o imperialismo, e também ao ligar a criminalidade a propensões biológicas dos indivíduos. http://religioesafroentrevistas.wordpress. com/2013/03/29/o-holocausto-negro-nocongo-por-israel-junior-silva/ Quando se fala em atrocidade, um nome, inevitavelmente, vem à cabeça: Hitler! Mas agora, outro nome se juntará à galeria dos monstros da história da humanidade: o do rei Leopoldo II, da Bélgica. E isso graças ao escritor polonês, naturalizado britânico, Adam Hochschild, que no livro “O Fantasma do Rei Leopoldo”, relata uma das maiores chacinas já cometidas em nome do poder, a mando do rei belga, quando colonizou o Congo (atual Zaire), no continente africano. As piores atrocidades aconteceram entre 1890 e 1910, tudo isso sem que o rei colocasse os pés na África e com o aval dos líderes mundiais, que fizeram “vista grossa”, enquanto milhares de congoleses sucumbiam ante a tirania do “filantrópico e humanitário” rei, que aos olhos do mundo “apenas libertava aquele povo medieval de uma ignorância crônica, levando até eles as benesses da civilização”. Etnocentrismo Quando se fala de etnocentrismo as pessoas pensam geralmente na atitude dos europeus que, durante séculos, ao contatarem com outros povos desprezavam muitas vezes os seus costumes e lhes impunham os costumes europeus. Contudo, como mostra a antropóloga Ruth Benedict, o etnocentrismo é uma atitude muito generalizada, talvez mesmo universal. Por exemplo: diversos povos dão a si mesmos um nome que, na sua língua, significa “seres humanos”; o que sugere que não consideram os outros povos realmente humanos e que, por conseguinte, não têm para com eles os deveres e obrigações que têm para com os membros do seu próprio povo. A «diferença qualitativa entre ‘o meu próprio’ grupo fechado, e o que a ele é estranho» existe nas sociedades modernas mas não só: «a avaliar pela sua existência universal entre povos primitivos, parece ser uma das mais primitivas distinções humanas. (…) Todas as tribos primitivas concordam em reconhecer esta categoria dos estranhos ao seu grupo, aqueles que não só estão fora das disposições do código moral que é observado dentro dos limites do grupo de cada uma, mas a quem sumariamente se nega um lugar no esquema humano. Um grande número de nomes de tribos comumente usados – Zuñi, Déné, Kiowa, e outros – são nomes (…) que designam ‘seres humanos’ (…). Fora do grupo fechado não há seres humanos. E isto a despeito do facto de (…) cada tribo estar rodeada por povos que partilham das suas artes e invenções materiais, de práticas complicadas que se desenvolveram através de trocas mútuas de comportamento entre um povo e outro. O homem primitivo nunca considerou o mundo nem viu a Humanidade como se fosse um grupo, nem fez causa comum com a sua espécie. Desde o início foi um habitante de uma província que se isolou por altas barreiras. Quer se tratasse de escolher mulher ou de cortar uma cabeça, a primeira distinção que fazia, e a mais importante, era entre o seu próprio grupo e os fora do grémio.» Fonte: Ruth Benedict, Padrões de Cultura, Edição Livros do Brasil, Lisboa, s/d, pp. 19-20. http://www.cafecomsociologia.com/2010 /11/etnocentrismo.html Antropologia: etimologia quer dizer “estudo do homem”. trabalha para conhecer os homens não só pelas suas criações, mas pelas relações que aqueles têm com estas, com a parte do mundo a que se referem e ao próprio mundo como o concebem. trabalha para conhecê-los em um universo de inesgotáveis relações com a própria consciência do que pensam e do que fazem no mais amplo sentido. Antropologia: biologia Biologia Teoria da Evolução das Espécies Etnocentrismo Evolucionismo cultural Riscos da Antropologia física ou biológica A Antropologia Física ou Biológica não é mais somente uma prática de medições de estaturas, crânios, de faces ou de troncos e membros voltada para classificar definitivamente as raças do planeta, com todo o perigo de fundamentar teses racistas. As considerações de ordem cultural foram acrescentadas e o seu resultado mais expressivo foi o aparecimento dos estudos arqueológicos. Riscos da Antropologia social devido aos seus métodos e técnicas de investigação e pesquisa voltadas para romper com os julgamentos racistas e preconceituosos, buscou o caminho da neutralidade investigativa e da imersão nas realidades culturais para ser mais justa e fiel aos grupos ou povos estudados. trabalhos de campo, nos quais destacou a observação participante como um de seus principais métodos. Solução Propõe-se que a Antropologia proceda no estudo dos fenômenos culturais. As descobertas ou confirmações da realidade cultural seja um modo de pescar, uma técnica de construção de barcos, relações de parentesco, cantos, pinturas, escrita ou outros indicativos de presença e intervenção humanas, não são mais limitadas pela ideia de que o homem criou, porque assim reagiu ao meio e porque tem alguma utilidade, embora isso continue sendo considerável e veja a sua própria história relativizando. Escola evolucionista Possui uma clássica concepção da evolução humana em sociedades, que fala numa sequência que passa por selvajaria, barbárie e civilização. Escola evolucionista Edward B. Tylor (1832-1917), Lewis H. Morgan (1818-1881) e James Frazer (1854-1941). Escola evolucionista Por volta de 1830, alguns postulados e comentários sobre o evolucionismo antropológico: surgiram na Europa. Eram algumas teorias, desvinculadas de condicionamentos míticos ou religiosos, que tentavam explicar semelhanças e diferenças entre fenômenos socioculturais. O fio condutor foi o conceito de evolução cuja ideia central era de que seria possível ordenar em série as formas de vida natural de tal modo que se infere intuitivamente ou passar de uma forma de vida a outra. Podemos dizer que foi a partir deste ponto que a antropologia científica deu seus passos iniciais, começando com o evolucionismo, portanto, a primeira das escolas antropológicas. Escola evolucionista 1. Naturalismo anticriacionista 2. Progresso indefinido 3. Seleção natural 4. A linha de evolução parte do simples e chega ao complexo; do homogêneo ao heterogêneo 5. Utiliza o método comparativo. Escola evolucionista Morgan centrou seu interesse na evolução social da família, desde os casais circunstanciais até a monogamia, considerada própria da civilização. Morgan estabelecia três etapas sucessivas e graduais: 1. Selvagismo: que por sua vez se dividia em inferiormédio (identificado pela pesca e o domínio do fogo) e superior (com domínio de armas como o arco e a flecha). 2. Barbárie: no nível inferior somente com o domínio da cerâmica e a domesticação; no nível médio com a conquista da agricultura e o ferro no nível superior. 3. Civilização: etapa correspondente aos povos que desenvolveram o alfabeto fonético e que possuíam registros literários. Escola evolucionista Tylor defendia que existiam diferentes tipos de famílias que evoluíam até chegar à família patriarcal em suas formas poligâmica e monogâmica. Evolucionismo: conceito É um conjunto de teorias que acreditam que o progresso é o princípio básico que governa a realidade. São derivadas das teorias evolucionistas elaboradas no campo biológico, principalmente das teses de Charles Darwin (1809-1882) para explicar a evolução das espécies. Foi aplicado às ciências sociais para justificar a diferença existente entre culturas e sociedades. Escola funcionalista Contraria o evolucionismo e as suas tendências a hierarquizar os povos e consolidar preconceitos Escola funcionalista Bronislaw Malinowski (1884-1943): as instituições desempenham funções específicas e, assim, contribuem para sustentar a ordem social. Radcliffe-Brown (1881-1955): as sociedades são totalidades integradas de instituições que têm por função satisfazer necessidades básicas de alimentação, segurança, abrigo e manutenção da vida social Malinoswski realizou a maior parte de seu trabalho nas ilhas Trobriand. Dentre suas obras as mais famosas são "Os Argonautas do Pacifico Ocidental" e "A Vida Sexual dos Selvagens" http://antropologoefuncionalista.blogspot .com.br/2012/05/vida-e-obra-demalinowski.html Escola funcionalista enfatizava a interconexão orgânica de todas as partes de uma cultura pondo em primeiro plano a ideia de totalidade. Análise funcional é uma explicação de fatos antropológicos em todos os níveis de desenvolvimento de acordo com o papel que jogam dentro do sistema total da cultura, de modo que estão inter-relacionados com o interior do sistema e pela forma que o sistema se vincula ao meio físico. Escola funcionalista O conceito de função, de acordo com Malinowski se refere ao papel que joga um aspecto em relação ao resto da cultura e em última instância, orientado sempre a satisfação das necessidades humanas, isto é, a sobrevivência. Escola funcionalista Será um passo adiante na linha de trabalho de RadcliffeBrown, que encampou o conceito de estrutura social. Com efeito, para este autor não há função sem estrutura. Por estrutura se entende uma série de relações unificadas, na qual a continuidade se conservaria através de um processo vital composto pelas atividades das unidades constitutivas. Sabe-se que existem requisitos prévios ou uma série de condições necessárias para a sobrevivência de uma sociedade ou a manutenção de uma estrutura. Assim, de acordo com a teoria funcionalista, certas formas culturais ou sociais são indispensáveis para que algumas funções possam desempenhar-se. Escola funcionalista Consequências a prioridade outorgada na análise sincrônica e ahistórica a noção integrada da sociedade com certa tendência a concebê-la como um complexo sistema fechado o abandono àquilo que as correntes teóricas anteriores consideravam como a origem da cultura. Escola estruturalista: relativismo cultural Relativismo cultural: pressuposto ideológico e político-social que se baseia na ideia de que as diversas culturas não podem ser comparadas entre si, segundo critérios de superioridade étnica, racial e tecnológica. Escola estruturalista Século XX: a Europa entre em contato com sociedades diferentes (imperialismo) Baseia-se na noção de estrutura social, proposta por Lévi-Strauss, para significar não a realidade empírica e sim os modelos construídos e para representar a realidade das relações sociais, que são a matériaprima dessa construção. Para termos as noções básicas da Antropologia e suas divisões, precisamos considerar a Antropologia Física ou Biológica, a Antropologia Social ou Cultural e a Arqueologia. Escola estruturalista Claude Lévi-Strauss (1908-2009): de origem belga, desenvolveu sua carreira acadêmica na França, país com o qual se identificou plenamente. https://www.youtube.com/watch?v=DHXc4kFy10A Entre 1934 e 1937, lecionou na Universidade de São Paulo. No Brasil, publicou seu primeiro trabalho de caráter antropológico, a respeitos dos índios bororo. De sua vasta produção intelectual, destacam-se Tristes trópicos (1955), As estruturas elementares do parentesco( 1949 e 1968), Antropologia estrutural (1958), O pensamento selvagem (1962) e Mitológicas (1944 e 1973) Escola estruturalista Como explicar a estrutura da cultura? A estrutura pode ser a língua, o tabu, o mito, o parentesco. Há uma inter-relação entre as diversas ciências (holística, global, universalizante). Escola estruturalista o estruturalismo é uma metodologia que utiliza as estruturas sociais, políticas e linguística para interpretar um conjunto, um sistema, sem considerar as experiências individuais. Strauss dividiu a sociedade em duas: Sociedade fria e quente. A sociedade fria seria a primitiva, fora da história, orientada pelo pensamento mítico. A sociedade quente seriam as sociedades civilizadas, que se movem na história, progridem e transformam o ambiente e a tecnologia. Escola estruturalista Nessa linha de estudo, o ser humano é considerado como componentes de um conjunto de relações, e não individualmente. Visa entender a realidade social através das relações e inter-relações estruturadas. Bibliografia COSTA, Cristina. Introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 2013. BRISKIEVICZ, Danilo A. Rostos 1998. Disponível em http://static.recantodasletras.com.br/arquivos/1370 794.pdf?1374927886 Sites indicados no texto.