Prof. Dr. Riad Younes comanda novo Centro de Oncologia

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JAN-FEV-MAR/2016
Prof. Dr. Riad Younes comanda
novo Centro de Oncologia
CAPA
Atendimento Integrado
é o grande diferencial da
Oncologia
ENTREVISTA
Cirurgias de hérnia com o
auxílio da robótica
ÍNDICE
GIRO PELO HOSPITAL
Hospital Alemão
Oswaldo Cruz está
entre os melhores
do mundo
06
GIRO PELO HOSPITAL 05
Entre os quatro melhores do Brasil, segundo ranking da revista América Economia
PERSONAGEM HAOC 09
Dr. Marcelo Oliveira dos Santos, a cancerologia a serviço do paciente
15
ENTREVISTA
10
Centro de Hérnia começa a oferecer cirurgias complexas com o uso do robô
EDUCAÇÃO E CIÊNCIA 12
‘Open day’ da FECS enfoca mercado de trabalho na área da saúde
EXAMES LABORATORIAIS 14
Hematologia - Análise de hipermutação do Gene IGHV
ajuda a definir plano terapêutico na LLC
COMO EU TRATO
Síncope na Unidade
de emergência
MATÉRIA DE CAPA 18
Atendimento integrado é o diferencial do novo Centro
de Oncologia
COMISSÃO DE BIOÉTICA Semana de bioética: “Doação de órgãos”
22
LIVRARIA Um Céu Mais Perfeito
23
QUALIDADE E ACREDITAÇÃO 24
Pontos de evolução indicados pela JCI representam impacto favorável para o paciente
ARTIGO INTERNACIONAL 26
Changing nomenclature for PBC: from ‘cirrhosis’ to
‘cholangitis”. Beuers u, et al. Gastroenterology 2015
nov;149(6):1627-9
AGENDA DE EVENTOS - JULHO DE 2016 Reuniões Científicas
28
RESPONSABILIDADE JURÍDICA31
Elaboração do testamento vital
RELATO DE CASO Monoartrite aguda em idoso: relato de caso
02
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
32
30
EVENTOS EM
DESTAQUE
A tireoide na lente dos
especialistas
EDITORIAL
EXPEDIENTE
A revista “Visão Médica” é
uma publicação direcionada
ao Corpo Clínico do Hospital
Alemão Oswaldo Cruz.
Comitê Editorial:
Dr. Jefferson Gomes
Fernandes (Editor-Chefe)
Dr. Andrea Bottoni
Dr. Claudio José C. Bresciani
Dr. Luis Fernando Alves Mileo
Dr. Marcelo Ferraz Sampaio
Dr. Mauro Medeiros Borges
Dr. Stefan Cunha Ujvari
Dra. Valéria Cardoso de Souza
Dr. Vladimir Bernik
Gerência de Comunicação
e Marketing:
Melina Beatriz Gubser
Coordenação Editorial:
Michelle Barreto
Jornalista responsável:
Inês Martins MTb/SP
024095
Projeto Gráfico e
Diagramação:
Azza.ag
Direção de Arte e Design:
Adriano Piccirillo e
Jéssica Valiukevicius
Fotos:
Mario Bock, Roberto Assem,
Lalo de Almeida, Eduardo
Tarran, R.O.S, Vinicius
Stasolla, Jô Mantovani, Banco
de Imagens do Hospital e
Thinkstock
Tiragem:
JUNTOS, CONSTRUÍMOS UM HOSPITAL MELHOR
O ano de 2015 encerrou com a recertificação da
Joint Commission International (JCI), o que além
de evidenciar a qualidade de nossa Instituição,
demonstra maturidade e evolução.
Nossos indicadores assistenciais vêm melhorando de
maneira consistente, nossos dados são comparáveis
às melhores instituições internacionais, confirmando
o trabalho integrado e comprometido do Corpo Clínico
e Assistencial.
Outro fato relevante é a conclusão do segundo
ciclo do Programa de Relacionamento Médico, com
1.400 colegas inscritos. Este programa, além de
apoiar o corpo clínico em atividades acadêmicas e
de desenvolvimento profissional, serve de apoio
à decisão na escolha das equipes de retaguarda e
participação nos centros de especialidades.
Estamos melhorando a nossa qualidade, segurança
e experiência do paciente. Temos um longo caminho
pela frente, mas com o apoio de todos, este time fará
um hospital cada vez melhor.
Dr. Mauro Medeiros Borges
Superintendente Médico
QUALIDADE E SEGURANÇA
Neste momento do meu mandato, quando completo
quase cinco anos de gestão, tenho plena convicção que
qualquer médico de nosso Hospital, até o mais crítico,
consegue reconhecer que nosso Hospital evoluiu e mudou significativamente para melhor neste período. Isto
deve-se ao crescente processo de organização, ao zelo
administrativo e a necessária valorização do elemento
humano da Instituição. Agora temos o fechamento de
um ciclo e o esperado começo de outro com a finalização do nosso planejamento estratégico que norteará os
caminhos do Hospital até 2020.
Para o Corpo Clínico, os próximos cinco anos serão de
intensa evolução com muitas oportunidades e melhorias na assistência ao paciente. Os chamados setores
estratégicos do Hospital como o Pronto Atendimento
e a Unidade de Terapia Intensiva passarão por uma
ampliação e readequação da sua infraestrutura com expansão dos serviços; o Centro de Diagnóstico e Imagem
receberá novos equipamentos que facilitarão o fluxo
dos exames e as reformas do Centro Cirúrgico tornará
a atuação dos nossos Cirurgiões muito mais facilitada
e otimizada.
A Oncologia e as Doenças Digestivas, novos pilares
deste planejamento receberão investimentos e ações
que as tornarão dentro em breve grandes referencias
no mercado Mundial da Saúde.
Bem vindo 2020, para nós do Hospital Alemão Oswaldo Cruz o futuro já começou!
Dr. Marcelo Ferraz Sampaio
Diretor Clínico
3.000 exemplares
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
03
GIRO PELO HOSPITAL
PESQUISAS ATRAEM MÉDICOS
Quem quiser desenvolver uma pesquisa em qualquer área de atuação do Hospital Alemão Oswaldo Cruz pode
ser apoiado por uma comissão científica do Instituto de Educação e Ciências em Saúde – IECS. Composta por
membros do Hospital, ela se reúne mensalmente para avaliar os projetos e dar o suporte necessário para que
eles saiam do papel. “São avaliados alguns critérios como, por exemplo, a exequibilidade dos projetos”, informa
o Dr. Uri Adrian Prync Flato, Coordenador Médico da Unidade de Pesquisa em Saúde do IECS.
Os outros critérios ou normas da comissão passam pela avaliação de metodologia, orçamento e considerações
jurídicas do projeto, que precisam estar em sintonia com a filosofia e com as áreas-foco do Hospital Alemão
Oswaldo Cruz. O Dr. Uri enfatiza, por exemplo, que pesquisas em pediatria não podem ser desenvolvidas, pois
não estão inseridas no escopo da Instituição. Por conta disso, o tema sempre é analisado pelo superintendente
do setor ao qual pertence o médico pesquisador.
EM CRESCIMENTO
Em 2014, foram aprovados 20 projetos. Em 2015 ela
científico, ou são líderes de alguns segmentos; outros
Os médicos interessados devem
amparou outros 26, mas a tendência é que o número
procuram reconhecimento institucional. “O perfil varia,
entrar em contato com a comissão
cresça nos próximos anos. “Os projetos costumam ser
de jovens pesquisadores aos médicos renomados da
científica
email
multidisciplinares, envolvendo diferentes profissionais,
instituição”, lembra o Dr. Uri, acrescentando que para se
[email protected],
como é o caso das pesquisas pela equipe de enfer-
tornar um pesquisador “é preciso que haja comprome-
em qualquer época do ano
magem. Ressalta-se que a pesquisa está inserida na
timento com a pesquisa, expertise na área de atuação
e preencher os formulários
missão e valores da instituição para o desenvolvimento
e disponibilidade”.
necessários.
haja
científico através do ensino e da pesquisa e é um dos
o
pilares do Programa de Relacionamento Médico capita-
através
necessidade
Caso
de
acelerar
O Coordenador da Unidade de Pesquisa do IECS lembra
que a questão orçamentária é de fundamental impor-
processo, a comissão científica
neados pela Superintendência”, diz o Dr. Uri .
pode convocar uma reunião
Os motivos que levam os médicos a explorarem essa
da pela indústria farmacêutica, mas alguns precisam
veia acadêmica são muitos, segundo ele. Alguns resol-
demonstrar a sua viabilidade econômica por meio de
vem utilizar a pesquisa como benchmark no universo
captação de recursos externos.
extraordinária.
04
do
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
tância. A maioria dos projetos costuma ser patrocina-
ENTRE OS QUATRO MELHORES
DO BRASIL, SEGUNDO RANKING DA
REVISTA AMÉRICA ECONOMIA
O cenário econômico de custos crescentes na área da saúde, em 2015, foi um estímulo à capacidade do
Hospital Alemão Oswaldo Cruz de se reinventar. A Instituição otimizou a sua vocação produtiva e a qualidade
dos seus serviços assistenciais, ficando em quarto lugar em âmbito nacional, segundo o ranking promovido
anualmente pela publicação América Economia. Nos últimos quatro anos, o Hospital recebeu um investimento
de R$ 420 milhões na sua área física, que foi direcionado ao aprimoramento dos centros de especialidades e
capacitação dos profissionais de saúde.
O ranking também considera a união de esforços entre o governo e a iniciativa privada. Certificado como um
dos seis hospitais de excelência, de acordo como Ministério da Saúde, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz vem
contribuindo principalmente com o incremento da segurança dos pacientes. Já são 14 hospitais de diferentes
regiões beneficiados pelo programa, além de unidades básicas de saúde nos âmbitos federal e municipal.
“Temos desempenhado um importante papel no desenvolvimento da rede de assistência do governo”, afirma
Paulo Vasconcellos Bastian, Superintendente Executivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
GUERRA À DENGUE
Para tentar conter a crescente incidência da dengue, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz participou de um
atendimento prestado pela prefeitura de São Paulo, por meio de uma tenda instalada na Zona Leste da cidade.
De acordo com o Dr. Ícaro Boszczowski, Coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital
Alemão Oswaldo Cruz, a intenção era ampliar o número de beneficiados, que no ano passado ficou em 1377
pacientes ou 2468 consultas (média de 1,79 atendimentos por paciente).
De 2013 para 2014, o número de casos de dengue em todo o país cresceu cinco vezes, enquanto de 2014 para
2015, este número foi 3 vezes superior. Somente na capital paulista foram registrados 875 casos por 100.000
habitantes. Segundo o Dr. Ícaro, a Instituição está preparada para atender os casos de Zika e Chikungunya,
doenças causadas pelo mesmo vetor, o mosquito Aedes aegypti.
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
05
GIRO PELO HOSPITAL
Entrega do certificado da JCI pela Superintendente de Acreditação do CBA, Dra. Manuela Pinto Carneiro Alves dos Santos
HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ ESTÁ
ENTRE OS MELHORES DO MUNDO
Instituição ocupa posição de destaque internacional e é uma das seis de excelência no Brasil
O que já era excelente ficou ainda melhor. Esse é o resultado do terceiro processo de acreditação pelo qual passou o Hospital Alemão Oswaldo Cruz no final
de 2015. O Hospital mudou de patamar, ficando acima da média registrada pelas instituições que alcançaram a melhor performance no mundo conforme os
critérios da Joint Commission International (JCI), uma das mais importantes certificadoras da qualidade assistencial hospitalar. A instituição foi reacreditada pela
terceira vez pela JCI.
“Estamos entre os primeiros do planeta”, comemora Daniella Romano, gerente de Desenvolvimento Institucional. Ela destaca que o Hospital alcançou uma
conformidade plena e que esse score, maior resultado obtido desde o início das avaliações, em 2009, é medido a partir de uma análise comparativa com outros
centros hospitalares que também passam pelo processo de acreditação. Na prática, o Hospital ficou entre os primeiros colocados dentro de um universo de
800 instituições já mensuradas em nível internacional. Além disso, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz faz parte da seleta lista dos Hospitais de Excelência do
Brasil, chancelados pelo Ministério da Saúde.
Os integrantes da JCI avaliaram 285 padrões, distribuídos em 14 capítulos que englobam práticas ou processos que devem obter, no mínimo, uma nota nove.
MATURIDADE INSTITUCIONAL
A equipe multidisciplinar foi essencial em cada uma das etapas da qualificação, por
conta das várias visitas da JCI que ocorreram ao longo de 2015. “A postura assertiva dos
colaboradores, que demonstraram segurança em receber os avaliadores, sentindo-se
prontos a responder aos questionamentos, mostrando as evidências e as capacitações
desenvolvidas, além do apoio do gestor”, complementa Daniella Romano.
Em sua opinião, isso representa um amadurecimento institucional para a equipe
multidisciplinar, que ganha em autoconfiança, além de ser um benefício para os
pacientes que podem ter mais tranquilidade e a certeza de estarem contando com
processos assistenciais de primeira linha.
EQUIPE MAIS MADURA, PACIENTES MAIS SATISFEITOS
Durante a visita da JCI ao Hospital, alguns pacientes deram suas impressões para os
avaliadores, com relação ao atendimento assistencial praticado. A conclusão foi a de
que eles se sentem acolhidos e seguros no hospital, confiam na equipe, fortalecendo
o posicionamento e valores do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, que são baseados
na vocação para o cuidar e num modelo assistencial focado nos pacientes e seus
familiares.
O Superintendente Executivo exibe o certificado de reacreditação da JCI
06
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
ANESTESIOLOGIA: A EVOLUÇÃO DA
AGULHA DA RAQUIDIANA
Durante quase uma década, a tão famosa anestesia
Raquidiana - muito utilizada para cirurgias na região
abdominal e extremidades inferiores, inclusive, na
cesariana - foi abandonada pelo fato de provocar
dor de cabeça nas pessoas que a recebiam. A sua
ponta biselada diminuía a pressão liquórica no espaço
raquidiano, causando cefaleia em seguida à perfuração
da dura-máter (membrana que envolve o cérebro e a
medula espinhal).
“Por conta da perda de líquido as pessoas sentiam a
Antes
cefaleia quando se levantavam”, explica o Dr. Milton
Dantonio, anestesista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Hoje, segundo ele, em função do moderno design do seu
orifício, a agulha em ponta de lápis resgatou o papel da
anestesia raquidiana, visto que não causa nenhum tipo
de lesão nas fibras da dura-máter. Atualmente, menos
de 0,5% das pessoas são acometidas de cefaleia depois
Agulha Ponta de Lápis
desse tipo de anestesia.
DICAS DO TASY
O Hospital Alemão Oswaldo Cruz tem se beneficiado
com o uso da Tecnologia da Informação e Comunicação
para atender pacientes com diversas enfermidades.
Dentre os softwares e hardwares disponíveis, destacamse, por sua importância na avaliação da condição clínica
dos pacientes, os equipamentos de monitoramento de
sinais vitais, tais como frequência cardíaca, temperatura,
dos sinais vitais no sistema;
• Maior disponibilidade de tempo aos cuidados do
paciente;
• Maior precisão dos registros referente aos dados vitais
do paciente;
• Melhor assistência do paciente baseado em históricos
dos registros dos sinais vitais.
pressão arterial e saturação de oxigênio.
Alguns padrões de interoperabilidade para área médica
Foi desenvolvido um projeto em parceria com a Philips
têm sido adotados com o objetivo de compatibilizar a
Tasy e Philips Monitores, cujo objetivo principal era
utilização desses aparelhos em sistemas integrados.
a integração dos sinais de monitorização às demais
Dentre estes, destaca-se o Health Level Seven (HL7)
informações do paciente, presentes no sistema de dados
que define um formato comum para transmissão,
hospitalar de forma que toda a equipe multidisciplinar
recepção e armazenamento de informações clínicas,
pudesse ter o registro automático da informação dos
padrão este utilizado na integração entre o sistema Tasy
dados vitais do paciente.
e equipamentos Philips.
Alguns benefícios alcançados com a “Integração
A UTI e a RPA foram áreas contempladas com esta
dos Sinais Vitais”:
melhoria notificando sucesso com este novo recurso.
• Auxílio no processo de registro dos dados manuais;
As próximas áreas a serem contempladas serão as salas
• Ganho de tempo referente aos registros automáticos
operatórias do Centro Cirúrgico.
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
07
GIRO PELO HOSPITAL
DIA A DIA DO MÉDICO
O ano mal começou e já traz grandes desafios para todos. O noticiário não para de revelar indicadores do que nos
espera pela frente. Quando se tem um propósito e os cenários não ajudam muito, um novo ciclo estimula a pensar
em fazer novas escolhas. Afinal, nunca é tarde para desenhar uma nova trajetória para se chegar ao mesmo ou a
um novo objetivo.
Para um exercício inicial, um pouco de retrospectiva não faz mal a ninguém. Quais foram os aprendizados do ano
passado que fizeram você ou alguém refletir e mudar algum hábito antigo? Em qual circunstância isso ocorreu?
Como você disseminou este conhecimento na sua área de atuação? Quais as leituras que você teve nos últimos
meses e quais discussões promoveu a respeito dos temas lidos?
A partir daí, ficará mais fácil relacionar o que se pretende aprender, os conhecimentos que precisa adquirir, o idioma
que deseja estudar ou aprimorar e, por conseguinte, que comportamento precisará mudar para que as coisas
comecem a acontecer.
Ampliar a rede de relacionamentos também contribui muito para novos aprendizados. Participar de grupos
de discussão presenciais ou não, de redes sociais que compartilham e disseminam informações de interesse,
estimulando a troca entre as pessoas, pode ampliar seus conhecimentos.
“O simples hábito de criar
repositório de ideias e
práticas para estimular
a integração e discussão
com outros, trará novos
pensamentos e novas
visões de mundo que
ajudarão a construir
novos caminhos com
ações diferenciadas e
invovadoras.”
Nestes tempos difíceis, planejar o autodesenvolvimento e compartilhar conhecimentos devem ser uma constante
para podermos enfrentar este período de crise e transformar a realidade o mais breve possível. O simples hábito de
criar repositório de ideias e práticas para estimular a integração e discussão com outros, trará novos pensamentos
e novas visões de mundo que ajudarão a construir novos caminhos com ações diferenciadas e invovadoras.
Ficou com dúvidas? Precisa de ajuda? Entre em contato comigo, terei o maior prazer em atendê-lo.
Celso Hideo Fujisawa
[email protected]
(11) 3469-8788 / (11) 9.9975-1186
08
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
PERSONAGEM HAOC
DR. MARCELO OLIVEIRA DOS
SANTOS, A CANCEROLOGIA A
SERVIÇO DO PACIENTE
Fazia quase dois meses que o oncologista clínico Marcelo Oliveira dos Santos havia vestido oficialmente o jaleco do Hospital Alemão Oswaldo Cruz quando foi eleito, em outubro do
ano passado, médico honorário do Corpo Clínico, por causa de
uma vida profissional dedicada à “cancerologia”, como costuma dizer. O pernambucano que chegou a São Paulo, há 38
anos, para fazer residência em Oncologia Clínica no Hospital
A C Camargo, é do tipo fiel. Desde o início da sua carreira frequenta a Instituição com a certeza de que ela conserva um
jeito diferenciado de olhar para o paciente. Ele é do tempo em
que ainda não haviam tecnologias sofisticadas a serviço do
diagnóstico e dos tratamentos de câncer, como a ultrassonografia e a tomografia computadorizada, que surgiram na
década de 80, e que os exames eram predominantemente
baseados no exame clínico e na boa conversa.
Por 17 anos dedicou seu tempo aos pacientes do Hospital
do Ipiranga- Inamps/SUS, onde montou um dos primeiros serviços completos de oncologia clínica com residência médica,
cujo atendimento oferecia um amplo leque de especialidades
e comodidade para os pacientes. Por outros 17 esteve à frente da Oncologia Clínica do Hospital Santa Catarina, onde fez
o setor, antes com 40 m² e quatro pontos de atendimento
de quimioterapia, crescer para uma unidade ambulatorial com
quase mil m2,, quase dois andares de mil m², com os mais diferenciados serviços, ambulatório e um andar exclusivo para
internação com 30 apartamentos. Durante todo esse período,
porém, nunca deixou de atender os pacientes no seu próprio
consultório, que funciona desde os primórdios da sua trajetória, sempre depois do expediente dos lugares onde trabalhou.
Foi por essa via, aliás, que estreitou sua ligação com o Hospital
Alemão Oswaldo Cruz, “um dos melhores de toda a América
Latina”, local onde sempre internou seus pacientes e onde diz
sentir-se “plenamente em casa”.
Além desse fato, outro motivo que o faz agora dedicar-se
praticamente 100% à Instituição, é o desafio de integrar um
time que tem por missão tornar o novo Centro de Oncologia
do Hospital Alemão Oswaldo Cruz uma referência nacional
e internacional para o paciente oncológico, agregando sua
bagagem desenvolvida, sobretudo, nos casos de tumores sólidos como os de mama, pulmão, gastrointestinais e ginecológicos. Ele pensa que dentro de uma instituição de excelência
que dispõe das melhores tecnologias, profissionais de renome
e também de uma filosofia própria de muito acolhimento, a
tarefa será, no mínimo, muito interessante.
É possível traçar um paralelo entre a Oncologia do
nosso tempo e de quando o Sr. começou?
R. Quando comecei éramos considerados quimioterapeutas
ou cirurgiões que prescreviam medicações. Os aparelhos de
radiologia e os exames eram convencionais. A cancerologia
era eminentemente cirúrgica e as operações eram complexas
e extensas. As cirurgias de mama, por exemplo, eram invariavelmente do tipo mastectomia radical. A Oncologia Clínica
ainda não havia sido definida como especialidade. Tudo começou a mudar com o surgimento da cisplatina, nos anos 80,
um quimioterápico que foi um marco no tratamento dos tumores sólidos e da introdução dos cateteres venosos centrais.
“Perde-se a veia, perde-se a vida”, era um dito muito comum
na época. Os braços ficavam inchados por causa das drogas
vesicantes, com feridas profundas.
E do ponto de vista do profissional? Quais são as
diferenças?
R. Vejo que o momento atual oferece mais recursos tecnológicos, mais conteúdo em termos formação acadêmico-científica intelectuais, mas o paciente se sente pouco tocado, no
sentido de ser examinado mesmo. Eu já cronometrei o tempo
de uma visita, entre a conversa e o exame clínico, da cabeça
aos pés, dando toda a atenção necessária e não deixando de
verificar nada, e não se passaram mais do que 15 minutos –
enquanto uma alta hospitalar, por exemplo, em função dos
procedimentos burocráticos, demanda cerca de 50 minutos.
O que as pessoas precisam perceber é que essa é uma especialidade bastante complexa. É importante o papel do médico
assistencialista. É preciso estar à disposição dos pacientes, de
fato. Eu costumo atender no segundo toque do meu celular,
independente do dia e horário. E gosto de uma primeira consulta mais duradoura. A minha costuma levar uma hora. Outra
grande diferença é que na medicina atual a informação é rápida e baseada em evidências científicas.
Dr. Marcelo Oliveira dos Santos
Como o Sr. vê a evolução da Oncologia daqui para frente?
R. Acho que estarei de um lado do monitor do computador,
no posto de enfermagem, e o doente no quarto. Eu direi para
ele, “coloque esse aparelho em formato de mão que está ao
lado da sua cama em cima da sua barriga. Agora, mude para
a altura do pulmão. Pelo que eu vi no meu monitor, o Sr. está
muito bem. Nos veremos na visita semanal, qualquer coisa, o
Sr. me avise que voltamos a nos conectar”. Paradoxalmente,
a medicina será cada vez mais personalizada, com emprego
de drogas alvo-específico, com alto nível de eficácia e seletividade em relação aos tumores, embora deva ser cada vez
menos necessário examinar o paciente, devido à crescente
sensibilidade dos métodos diagnósticos. Meu único receio é
esse, se haverá disponibilidade por parte dos médicos em tocar o paciente e ouvi-los, pois mesmo com todo esse panorama, o paciente vai preferir que eles se façam presentes dando
a devida atenção que nunca cairá em desuso.
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
09
Dr. Sergio Roll - Médico resonsável pelo Centro da Hérnia
CENTRO DE HÉRNIA COMEÇA A
OFERECER CIRURGIAS COMPLEXAS
COM O USO DO ROBÔ
Um dos maiores especialistas do mundo demonstrou
sua técnica em evento realizado no Hospital Alemão
Oswaldo Cruz
10
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
ENTREVISTA
Com uma casuística de mais de mil casos de cirurgias
a buscar um treinamento focado nos Estados Unidos,
complexas de hérnias, feitas com o uso do robô, o médi-
com o próprio Dr. Conrad Ballecer, no ano passado.
co norte-americano, Dr. Conrad Ballecer, atraiu um gru-
Com a vinda do especialista norte-americano para o
po de profissionais bastante focado no I Simpósio de
Brasil, ele terminou de consagrar o aprendizado que
Cirurgia Robótica da Hérnia, ocorrido em dezembro, no
veio de encontro ao que vislumbrou para o Centro de
Hospital Alemão Oswaldo Cruz. “Foi o primeiro evento
Hérnia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. “Com essa
do gênero em toda a América Latina”, informa o Dr. Ser-
técnica que faltava podemos tornar o centro uma im-
gio Roll, especialista responsável pelo Centro de Hérnia
portante referência nas cirurgias de alta complexida-
e agora também expert nesse tipo de procedimento
de da hérnia na América Latina”, diz ele.
que oferece enormes vantagens para os pacientes.
Durante o evento, organizado pelo Instituto de Edu-
EXPERTISE E GRUPO MULTIPROFISSIONAL
cação e Ciências da Saúde (IECS), o Dr. Conrad Balle-
Em 2016, a meta é investir no crescimento do Centro
cer, um dos mais renomados especialistas no assunto,
de Hérnia, potencializando também o atendimento a
mostrou e comentou, ao vivo, para os 50 participan-
esses casos mais complexos. O responsável pelo cen-
tes, uma das sete cirurgias realizadas ao lado do Dr.
tro diz que conta com um grupo multiprofissional ca-
Roll, durante os três dias em que esteve no Brasil. Se-
pacitado, composto por fisioterapeutas, fisiatras, en-
gundo o Dr. Roll, trata-se de uma técnica que mimeti-
fermeiros, além dos cirurgiões. “A ideia é oferecer uma
za a cirurgia aberta, realizada em casos que apresen-
solução cirúrgica eficaz para pacientes complexos
tam maior complexidade em hérnias do tipo incisional
num centro de excelência”, diz o Dr. Roll. Ele ressalta
e inguinal.
que um serviço especializado como esse não existia
“Os resultados são incomparavelmente superiores
nem no Brasil, nem no restante do Continente.
àqueles obtidos tanto na chamada cirurgia a céu
A robótica vem ganhando importância na Europa, ao
aberto, quanto na própria laparoscopia. Para os pa-
longo dos últimos três anos, sobretudo nos Estados
cientes é a garantia de uma recuperação mais rápida,
Unidos, país que a inventou. O Dr. Sergio Roll acredi-
com menos complicações e menos dor no pós-opera-
ta que a perspectiva é boa no Brasil, especialmente
tório. E para os médicos a técnica ainda é mais confor-
quando se consideram os benefícios que asseguram
tável, ergonomicamente falando”, assegura o Dr. Roll.
maior qualidade de vida aos pacientes. “Tenho a sen-
Na prática, as hérnias complexas, que representam
sação de que a satisfação dos pacientes operados
47% dos procedimentos, vão ganhar muito com esse
com a robótica é infinitamente maior”, diz ele.
tipo de cirurgia minimamente invasiva. A tecnologia
Com relação ao público candidato às cirurgias minima-
robótica é mais indicada pelo fato de alcançar os
mente invasivas, ele diz que não há uma estimativa,
locais de difícil acesso. As pinças do robô, que de-
embora 11% dos pacientes que se submetem a pro-
sempenham a função dos punhos, conseguem fazer
cedimentos na parede abdominal venham a desen-
manobras que o cirurgião não conseguiria e o profis-
volver algum tipo de hérnia, conforme estimativas
sional ainda conta com uma visão tridimensional, por
norte-americanas.
meio do seu recurso 3D.
Além disso, o robô atua com mais eficácia nas regiões
da parede abdominal que já sofreram outras cirurgias
ou tem hérnias grandes, de até 15 cm de diâmetro, telas prévias ou alças grudadas. Ele explica que a hérnia
normalmente é multirecidivada, ou seja, requer vários
procedimentos cirúrgicos, e que o robô executa movimentos delicados, oferecendo uma precisão ímpar,
por exemplo, na hora de soltar as estruturas coladas.
Foram essas vantagens que levaram o Dr. Sergio Roll
DEVOLVENDO O
APRENDIZADO
Com 30 anos de experiência em cirurgias
de hérnia, o Dr. Sergio Roll esteve na Universidadede de Washington em junho,
dando uma palestra sobre a colocação de
tela em cirurgias robóticas da hérnia incisional complexa.
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
11
EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS
‘OPEN DAY’ DA FECS ENFOCA
MERCADO DE TRABALHO NA
ÁREA DA SAÚDE
As competências exigidas pelo mercado de trabalho, que atualmente demandam um equilíbrio entre as
habilidades técnicas e as de relacionamento, foram um dos temas que atraíram cerca de 60 interessados ao
Open Day, evento realizado no último sábado de fevereiro pela Faculdade de Educação em Ciências da Saúde
(FECS) do Hospital Alemão Oswaldo Cruz para falar de seus novos cursos de pós-graduação e MBAs. Segundo
Andrea Fini, Supervisora de Desenvolvimento Humano da Instituição, as chamadas hard-skills, que representam
o saber técnico e conceitual são as que acabam decidindo as vagas para os candidatos. Mas são os atributos
individuais ou soft-skills, como a capacidade de trabalhar em equipe ou uma atitude positiva, por exemplo, que
garantem a permanência dos profissionais em seus cargos.
A relação entre as competências individuais e as empresariais constituem outro desafio para os profissionais
que devem estar alinhados com a filosofia corporativa e com as estratégias concebidas pelas instituições. O
tema foi abordado pelo Prof. Dr. Fernando Serra, palestrante convidado do MBA de Administração Hospitalar
e Gestão em Saúde. “É preciso que haja essa sinergia para que os indivíduos e as empresas tenham sucesso”,
afirma o Prof. Dr. Andrea Bottoni, Diretor Acadêmico da FECS.
Segundo ele, esse é o grande enfoque propiciado aos que frequentam a Faculdade de Educação em Ciências
da Saúde, cujos cursos têm essa preocupação em oferecer uma teoria em perfeita sintonia com a prática,
de forma a permitir que os alunos desenvolvam todas as facetas exigidas pelo mercado de trabalho atual.
“Os nossos cursos nasceram com esse enfoque. Podemos dizer que a FECS vem sendo reconhecida por esse
diferencial”, observa Bottoni.
Novas habilidades técnicas e comportamentais foram discutidas no evento
12
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
CURSOS DE PÓS E MBAS
Com enfoque interdisciplinar e visão
mercadológica, o curso de Nutrição
Hospitalar teve início no dia 29 de fevereiro.
O de Fisioterapia Hospitalar em 4 de março,
enquanto os de Psicologia Hospitalar
e Gerontologia com ênfase em Terapia
Cognitiva, começaram nos dias 4 e 5 de abril,
respectivamente. Já os cursos de Enfermagem
em Terapia Intensiva, Enfermagem em Centro
Cirúrgico e Centro de Material Esterilizado,
tiveram início no dia 8 de abril.
As aulas do MBA de Administração Hospitalar
e Gestão em Saúde tiveram início no dia 15
de abril e o de Qualidade em Saúde: Gestão
e Acreditação, em parceria com o Consórcio
Brasileiro de Acreditação (CBA), no dia 14 de
abril. Já o MBA de Economia e Avaliação de
Tecnologias em Saúde, em parceria com a FIPE,
ainda não tem data prevista para começar.
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
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EXAMES LABORATORIAIS
HEMATOLOGIA
ANÁLISE DE HIPERMUTAÇÃO DO
GENE IGHV AJUDA A DEFINIR
PLANO TERAPÊUTICO NA LLC
Doença linfoproliferativa das células B, caracte-
evolução, caracterizada tanto por menor sobrevida
rizada pelo acúmulo de linfócitos B maduros e
global quanto livre de eventos.
pequenos no sangue periférico, na medula óssea
O teste molecular é realizado por transcrição re-
e nos órgãos linfoides, a leucemia linfocítica crô-
versa e amplificação do RNA mensageiro corres-
nica (LLC) evolui de forma
pondente ao gene IGHV,
variável, de meses a anos,
seguidas por sequencia-
dependendo dos fatores
mento e comparação com
prognósticos associados.
banco de dados. Pode ser
Atualmente, a avaliação
feito tanto em amostras
precoce de tais fatores
de sangue periférico quan-
tem mostrado importância
to de medula óssea, com
cada vez maior, uma vez
resultado fornecido em
que auxilia a determinação
laudo interpretativo.
do plano terapêutico mais
Convém lembrar que ou-
adequado para o paciente.
tros aspectos clínicos e ge-
Nessa situação, a análise
néticos também se correla-
de hipermutação somática
cionam com o prognóstico
no gene da região variável
da LLC. A idade avançada,
da cadeia pesada de imu-
o sexo masculino e o grau
noglobulina (IGHV) vem ga-
de linfocitose, por exemplo,
nhando destaque. A deter-
estão entre características
minação da hipermutação
de evolução desfavoráveis.
(casos mutados) confere
Ademais, o padrão de infil-
prognóstico favorável e indica doença indolente,
tração da medula óssea e alterações cromossômi-
enquanto os casos de LLC com ausência da hiper-
cas como deleção 17p, deleção 11q, trissomia 12
mutação (casos não mutados) apresentam pior
e deleção 13q associam-se ao prognóstico.
Assessoria Médica
Dr. Alex Freire Sandes / [email protected]
Dra. Maria de Lourdes Chauffaille / [email protected]
Dr. Matheus Vescovi Gonçalves / [email protected]
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VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
COMO EU TRATO
SÍNCOPE NA UNIDADE
DE EMERGÊNCIA
Dr. Rodrigo Morel Vieira de Melo
Médico da Unidade de Terapia Intensiva - Hospital Alemão Oswaldo Cruz
INTRODUÇÃO
A síncope é caracterizada pela perda transitória da consciência e tônus
postural seguida por uma rápida e espontânea recuperação da atividade neurológica basal. O mecanismo fisiológico consiste na hipoperfusão global de ambos os córtex cerebrais ou na hipoperfusão focal do
sistema reticular ativador ascendente. É um problema médico comum
e incapacitante, podendo estar associado à causas benignas ou ser
um fator de risco para morbi-mortalidade cardiovascular.
EPIDEMIOLOGIA
O reconhecimento de síncope como um problema de saúde coletiva já está bem documentado. O estudo Framingham reportou uma incidência de 0,62% em 01 ano, com incidência cumulativa em 10 anos de 6%. Devido a sua
alta prevalência, constitui uma apresentação frequente em unidades de emergência, sendo responsável por até
3% dos atendimentos e 6% das internações hospitalares, com elevada taxa de recorrência (21%).
ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA
Está implícito na definição de síncope, a importância de diferenciá-la de outras condições não-síncope que causam perda da consciência, mas sem hipofluxo cerebral (hipoglicemia, crise convulsiva), além de patologias que podem apresentar perda da consciência mas sem recuperação plena e espontânea após (acidente vascular cerebral,
parada cardiorrespiratória). Esta diferenciação, muitas vezes, torna-se um desafio na unidade de emergência, e
apresenta implicações práticas no tratamento e prognóstico destes pacientes.
As causas de síncope são subdivididas conforme o mecanismo fisiopatológico:
• Síncope neuralmente mediada: Resposta reflexa que quando desencadeada gera bradicardia e vasodilatação
periférica com hipotensão sistêmica e hipofluxo cerebral secundário. É a causa mais comum, variando a prevalência nos estudos entre 25% até 80% dos episódios. O tipo de fator desencadeante que inicia o reflexo origina
alguns subtipos, o mais comum deles é a síncope vasovagal, sendo mais frequente em jovens. São fatores deflagradores conhecidos: o calor excessivo, ortostase prolongada, jejum, hipovolemia, uso de bebidas alcoólicas, visão
de sangue e cheiro forte.
• Síncope de origem cardiovascular: O seu reconhecimento imediato é de extrema importância tendo em vista
que estes pacientes estão sob risco aumentado de morte súbita. O hipofluxo cerebral ocorre devido à redução do
débito cardíaco através de dois mecanismos possíveis.
• Arritmias cardíacas (Síndrome de Stokes-Adams): Diminuição no débito cardíaco associado à bradarritmias
ou taquiarritmias. Bloqueios atrioventriculares representam (50-60%) dos casos, bloqueio sinoatrial (30-40%) e
taquiarritmias (5%).
• Doença estrutural cardíaca: Incapacidade do coração de elevar o débito cardíaco frente ao aumento da demanda circulatória, como ocorre no esforço físico. O débito cardíaco pode estar limitado cronicamente devido à
doença valvar estenosante e insuficiência cardíaca, ou agudamente como no tromboembolismo pulmonar.
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
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QUADRO CLÍNICO E AVALIAÇÃO INICIAL
Todos os pacientes que se apresentam na unidade de emergência com o quadro sugestivo de perda
transitória da consciência devem ser submetidos a uma avaliação inicial, que além da anamnese e
exame físico direcionado, com medida da pressão arterial em posição supina e após ortostase, deve
conter um eletrocardiograma de repouso. O objetivo principal do emergencista não é identificar de
forma precisa a causa da síncope, e sim reconhecer quais pacientes necessitam ser hospitalizados,
e os que podem ser encaminhados para avaliação ambulatorial com segurança. Deve-se, portanto, buscar, através da estratificação inicial, sinais e sintomas sugestivos de etiologia cardiovascular
como a ausência de pródromos (síncope desliga-liga) ou alterações nos exames cardiovasculares.
QUANDO É SEGURO NÃO HOSPITALIZAR?
Pacientes com isolados ou raros episódios de síncope, sem evidências de doença cardiovascular
após a avaliação inicial, e que apresentam eletrocardiograma normal provavelmente tem o diagnóstico de síncope neuralmente mediada. Esses pacientes cursam com um bom prognóstico e podem
completar a avaliação diagnóstica ambulatorialmente. Deve-se orientar os pacientes para evitar situações de risco, como direção automobilística, até concluir a investigação.
QUANDO HOSPITALIZAR?
A decisão de internar os pacientes baseia-se em dois objetivos: para diagnóstico ou tratamento.
Como regra geral, todos os pacientes com suspeita de síncope de origem cardíaca devem ser internados para investigação e condutas apropriadas. O OESIL score foi criado em 2002 como uma
CONCLUSÃO
ferramenta prática para auxiliar o médico emergencista nesta decisão. No trabalho original, foram
A síncope é um sintoma clínico comum
considerados como preditores de mortalidade em 12 meses os seguintes achados, cada item contabilizando um ponto: 1 – Idade > 65 anos. 2 - História de cardiopatia na anamnese. 3 – Síncope sem
pródromos. 4 – ECG alterado.
• 2 pontos: Mortalidade em 12 meses: 19,2%
• 3 pontos: Mortalidade em 12 meses: 34,7%
consciência em razão de redução do fluxo
sangüíneo cerebral, com perda do tônus
postural e rápida recuperação espontânea.
• 0 pontos: Mortalidade em 12 meses: 0%
• 1 ponto: Mortalidade em 12 meses: 0,8%
caracterizado pela perda temporária de
Assim, preconiza-se a
investigação de síncope em
ambiente hospitalar pacientes
com OESIL score ≥ 2 pontos.
• 4 pontos: Mortalidade em 12 meses: 57,1%
TRATAMENTO
Os principais objetivos no tratamento do paciente com síncope consistem na prevenção da recorrência dos episódios, em todos os casos, e na diminuição da mortalidade nos pacientes com doença
cardiovascular associada.
É de importância fundamental diferenciá-la
de outras causas de comprometimento do
nível de consciência (não-síncope) tendo
em vista as implicações prognósticas
e terapêuticas. O objetivo principal do
emergencista é tentar identificar os
pacientes com síncope de origem cardíaca.
Devido à sua maior morbi-mortalidade
esses casos se beneficiam de completar a
avaliação diagnóstica internados.
Síncope neuralmente mediada - Deve-se tranquilizar os pacientes reafirmando a benignidade
desta condição. O manejo no início é essencialmente educacional, visando à interrupção de situações potencialmente deflagradoras, e o reconhecimento dos sintomas prodrômicos. O tratamento
BIBLIOGRAFIA
não está indicado para pacientes com episódio isolado de síncope e não pertencentes a grupos de
1. Brignole M, Alboni P, Benditt D et al. Guidelines on
management (diagnosis and treatment) of syncope. Eur
Heart J 2001;22:1256–306.
risco (motoristas, operadores de máquinas, etc...).
Síncope de origem cardiovascular - Nos pacientes com síncope secundária à arritmia que apresentam-se hemodinamicamente instáveis ou mantendo alteração no nível de consciência devem
ser imediatamente tratados com cardioversão elétrica (taquiarritmias) ou com marcapasso transcutâneo (bradarritmias). Após a estabilização inicial um médico especialista deve ser consultado. Nos
casos de tromboembolismo pulmonar o tratamento específico consiste na anticoagulação plena e
fibribrinolíticos (se instabilidade hemodinâmica). Já para pacientes com doença cardíaca estrutural o
tratamento deve ser direcionado para a causa de base.
2. Kapoor W. Syncope. N Engl J Med 2000;343: 1856-62.
NA TRILHA
DA AVENTURA
Basta ele despontar no estacionamento do Hospital Alemão Oswaldo Cruz com a sua Toyota Bandeirante
enlameada para os funcionários concluírem que ele vivenciou alguma aventura em seu momento de folga.
Também não é para menos. Se não está cumprindo uma jornada profissional que, às vezes, tem mais de 12
horas diárias, é quase certo que o radio-oncologista Rodrigo de Morais Hanriot, 46 anos, esteja nas trilhas que
o divertem há cerca de uma década. “Quando não estou na estrada, aproveito as horas de lazer para planejar
a próxima aventura”, diz o médico que admite ter sido “contaminado pelo vírus” do rally, desde que adquiriu o
primeiro troller em 2006.
De lá para cá já viu chover no deserto do Atacama, no Chile, o que lhe permitiu apreciar as flores dos cactos,
super-raras, e os gêiseres - nascentes termais que lançam uma coluna de água quente e vapor para o ar -,
além de ter feito percursos inusitados e de natureza exuberante em rios, cachoeiras e estradas não usuais do
Tocantins, Mato Grosso e Ceará, dentro do circuito paralelo do Rally dos Sertões. Essas foram as duas maiores
expedições já realizadas, em 2011 e 2013, com duração em torno de quinze dias cada uma. Mas pelo menos
uma vez por mês ele abandona o asfalto para fazer a sua Toyota enfrentar algum desafio diferente, ao redor
de São Paulo.
No final do ano passado, por exemplo, o Dr. Rodrigo encarou uma das trilhas da Serra da Cantareira, na esperança
de poder dominar o famoso “Buraco do Camel”, ícone no off-road extremo, no Brasil, já que os seus 12 quilômetros
costumam levar até 48 horas para serem percorridos. “Faltou chuva para essa”, lamenta o Dr. Hanriot, contando
que a mulher e as duas filhas, de 15 e 10 anos, costumam compartilhar o hobby, normalmente praticado em
comboio para aumentar a segurança dos pilotos. “A pequena é mais entusiasmada”, revela.
A chuva, aliás, é o pretexto para convocar uma expedição de última hora. Ele diz que faz parte de alguns grupos
de jipeiros e que se cai uma água mais forte, eles se comunicam rapidamente para definir uma trilha que, em
geral, é alimentada pela adrenalina, mas também pela possibilidade de ajudar quem está atolado na estrada. “É
um dos momentos mais emocionantes do off-road”, confessa.
O Dr. Rodrigo Hanriot conta que o gosto pelo jeep começou a ser cultivado ainda na infância, no sul de Minas,
em Pouso Alegre, nas fazendas de café da família. O veículo era utilizado principalmente como instrumento de
trabalho. E, de vez em quando, também para “aprontar alguma” nas estradas de terra com os primos. “Ainda
tenho muito a explorar pela América Latina”, afirma, acrescentando que a Transamazônica e Ushuaia, na
Província da Terra do Fogo, na Argentina- entre muitos outros destinos tão inóspitos quanto esses-, estão
nos seus planos.
Dr. Rodrigo Hanriot
MATÉRIA DE CAPA
ATENDIMENTO
INTEGRADO É
O DIFERENCIAL
DO NOVO CENTRO
DE ONCOLOGIA
Inaugurado recentemente, o espaço conta com equipes multidisciplinares capazes de oferecer
cuidados personalizados aos pacientes
Um atendimento integrado de A a Z é a
proposta do novo Centro de Oncologia do
Hospital Alemão Oswaldo Cruz, inaugurado
recentemente e que passa a olhar para o
paciente de forma preventiva, durante o seu
tratamento e também no que diz respeito aos
cuidados personalizados para integrá-lo de
volta à vida normal, da melhor maneira.
“Vamos cuidar do paciente como um todo”,
informa o Diretor Geral do Centro de Oncologia,
Prof. Dr. Riad Younes, cujo cargo não existia
antes do novo espaço que foi ampliado e agora
presta um atendimento inteligente, por alocar,
num só local, profissionais de diferentes áreas
voltados para atender somente os pacientes
oncológicos. Uma das vantagens, por exemplo,
é o fato de que os horários de atendimento são
predeterminados de acordo com os diversos
tipos de câncer. Assim, uma paciente que busca
auxílio para o tratamento de câncer de mama
poderá contar com um oncologista clínico e um
radioterapeuta, especializados em mastologia, e
se for o caso, realizar no mesmo dia uma punção,
além de usufruir dos serviços adjacentes, como
o de infusão de quimioterapia, a psiconcologia,
entre outros.
“Estamos criando um centro que tende a ser
único em sua amplitude de serviços voltados
18
aos pacientes oncológicos, em uma Instituição que
atende várias especialidades”, afirma o Dr. Mauro
Medeiros Borges, Superintendente Médico do Hospital
Alemão Oswaldo Cruz. Segundo ele, o novo Centro
demonstra a intenção em concentrar investimentos nas
áreas-foco, de forma que elas se tornem referência em
todo o País.
Dr. Riad complementa, explicando que o tripé Oncologia
Clínica, Radioterapia e Cirurgia estará perfeitamente
sustentado pelas melhores equipes médicas e grupos
multiprofissionais que terão à sua disposição os melhores
recursos tecnológicos.
“Com essa infraestrutura e
especialmente com o diferencial do atendimento
integrado, vamos oferecer o melhor antes, durante e
depois do tratamento”, sintetiza ele.
O profissional que chegou do Líbano com 16 anos e
tornou-se um dos oncologistas mais respeitados da
América Latina, lembra que no Brasil os tratamentos
oncológicos costumam ser fragmentados e que a filosofia
de cuidar dos pacientes em todos os seus aspectos
nada mais é do que um dos princípios fundamentais da
medicina. “Não adianta ter os melhores recursos se não
houver esse enfoque”, pondera ele.
Novo espaço de espera do Centro de Oncologia
Com relação à prevenção, Dr. Riad lembra que a intenção
é minimizar os riscos das pessoas virem a desenvolver
um câncer, promovendo a saúde em todas as instâncias.
“Um fumante que quer parar de fumar é um bom
exemplo. Vamos descobrir o que o está impedindo de
parar de fumar considerando aspectos emocionais,
comportamentais e físicos”, diz ele. A questão genética
também será contemplada em um dos novos serviços
do Centro. “De ponta a ponta, vamos garantir que o
paciente encontre aqui tudo o que precisar, sem ter que
se preocupar com nada a não ser em se tratar”, diz ele.
VÁRIOS PROFISSIONAIS: UMA SÓ ESPECIALIDADE
Cerca de 60 médicos especialistas e 100 profissionais de
outras áreas vão atuar nos oito consultórios e 19 áreas
de aplicação de quimioterapia, que passa a oferecer maior
comodidade para os pacientes que precisam passar por
consultas com diversos profissionais. Multidisciplinar, o
Centro terá períodos de atendimento específicos para uma
Estamos criando um
centro que tende
a ser único em sua
amplitude de serviços
voltados aos pacientes
oncológicos, em uma
Instituição que atende
várias especialidades.
Dr. Mauro Medeiros Borges,
Superintendente Médico do
Hospital Alemão Oswaldo Cruz
mesma especialidade, em um único corredor da Torre A.
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
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MATÉRIA DE CAPA
“Vamos ganhar tempo nos tratamentos e assegurar
Responsável por grande parte das atividades do Hospital
um maior conforto aos nossos pacientes”, afirma o
Alemão Oswaldo Cruz, a especialidade que cuida de pacientes
Coordenador da Oncologia Clínica, o Dr. Jacques Tabacof.
com câncer movimenta importantes serviços da Instituição
Essa praticidade, na opinião do Dr. Tabacof, irá facilitar,
como a UTI, área de exames, banco de sangue, entre outras.
sobretudo, as primeiras consultas que embasam o
diagnóstico, permitindo que ele aconteça de forma
MÚLTIPLOS RECURSOS HUMANOS E
precoce, como deve ocorrer com os tumores malignos,
TECNOLÓGICOS
que, em sua maioria, podem ser eliminados quando
tratados logo no início.
Além do INTRABEAM®, equipamento exclusivo dirigido ao
tratamento dos cânceres de mama, que consiste em uma
20
A intenção é intensificar também a mensuração dos
única dose de radiação, durante a cirurgia, a Oncologia
desdobramentos clínicos dos pacientes e trabalhar
dispõe dos mais modernos equipamentos e técnicas de
com os indicadores que vão auxiliar as pesquisas e os
tratamento. Recentemente a quimioterapia intraoperatória
estudos da área. Nesse sentido, ele conta que a nova
passou a integrar os diversos procedimentos realizados
infraestrutura vai possibilitar a inclusão de pacientes em
pelo Centro de Oncologia, em caráter permanente. O
protocolos de pesquisas e que deverão ser realizados
método é utilizado para o tratamento da carcinomatose
cerca de seis estudos anuais. Com esse atendimento
peritoneal, um tipo de tumor habitualmente raro, e em
integrado e predominantemente ambulatorial, ele pensa
alguns tipos de tumor de cólon e ovário. A HIPEC – sigla
que a Oncologia estará mudando de patamar dentro da
em inglês para Quimioterapia Intraperitoneal Hipertérmica
Instituição e também no cenário nacional.
–, consiste em associar o uso de drogas quimioterápicas
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
à cirurgia para a ressecção da carcinomatose visível
(citorredução), e a um banho quente na máquina de
circulação extracorpórea, que pode atingir até 42°.
O Centro também está amparado pelas discussões de
casos individualizados que reúnem os especialistas de
primeira linha, na busca por explorar ao máximo essa
perspectiva do trabalho integrado. “Com isso, temos
crescido também em complexidade e resolução”,
ressalta o Dr. Tabacof.
“COMPETÊNCIA PARA TRATAR, SENSIBILIDADE
PARA CUIDAR”
O conceito que deu origem ao novo Centro de
Oncologia resume a competência, o acolhimento e a
abrangência pretendida pelo atendimento integrado.
“O conceito visou integrar essa harmonia existente
entre esses valores que nos definem”, observa o Prof.
Dr. Riad Younes.
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
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COMISSÃO DE BIOÉTICA
SEMANA DE BIOÉTICA:
“DOAÇÃO DE ÓRGÃOS”
Sabe-se que a fila de transplantes é enorme, devido a
falta de conhecimento da população leiga e de grande parte dos profissionais de saúde, razão pela qual
tratamos desse tema na Semana de Bioética, com
participação do palestrante Dr. Maurício Barros e dos
moderadores Rosilene Duarte, Regina Paredes e Luiz
Edmundo Fonseca:
Dra Janice Nazaré
Um único doador pode salvar
em torno de 20 vidas e
participar da recuperação de
outras 80, pelo uso dos tecidos,
como ósseo e cutâneo.
1- O doador não pode ter sífilis, hepatites, HIV (com
exceção a receptores com a mesma sorologia) ou neoplasia de sistema nervoso central. Os limites de idade
para doação são: coração e pulmões-55; válvulas cardíacas-65; pâncreas- 50 e fígado-70, embora existam
exceções.
2- A doação requer o diagnóstico inquestionável de
morte encefálica, cujo protocolo deve ser realizado de
maneira inequívoca por dois médicos diferentes, que
não sejam membros da equipe transplantadora.
3- Atualmente, não existe a possibilidade de se registrar por meio do RG ou Carteira Nacional de Habilitação
a intenção de doação. A autorização será feita pelo
familiar, que deverá ter mais de 18 anos, segundo grau
de parentesco ou ser cônjuge.
4- No Brasil, 64% das pessoas têm intenção de doar, o
que significa um alto índice de solidariedade, mas que
não se traduz em número efetivo de doações.
5- As notificações de possíveis doadores pelos médicos são realizadas tardiamente (menos da metade dos
casos de morte encefálica são notificados) e, muitas
vezes, os doadores não recebem os cuidados necessários para manter a viabilidade do órgão.
A Enfermeira Priscila Fukunaga, coordenadora de En-
22
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
fermagem da Organização de Procura de Órgãos da
Santa Casa de São Paulo, falou da abordagem dos familiares para a melhora da captação de órgãos, desde a
chegada do paciente no hospital.
Saber comunicar uma má noticia vai além da linguagem
que utilizamos: é a soma da expressão verbal com a
não verbal, do respeito à dor do outro, da autenticidade
do que dizemos e da empatia que se estabelece. Trata-se de praticar a escuta ativa de quem sofre a perda!
A comunicação deve ser clara e acarreta sentimentos
contraditórios, como raiva, tristeza, ansiedade e medo,
tanto na família como no profissional da saúde, que
precisa estar preparado para identificá-los e colaborar
na vivência do luto de quem recebe a má notícia.
O acolhimento tem por objetivo atender aos anseios
da família em momentos críticos e ajudá-la no que for
possível, desde a compreensão da situação clínica do
paciente até o diagnóstico da morte.
Com o diagnóstico da morte confirmado, profissionais
da saúde devem informar sobre a possibilidade da
doação de órgãos e tecidos, a qual se inicia quando a
família é consultada e assina o Termo de Doação de
Órgãos e Tecidos.
DÚVIDAS FREQUENTES DOS FAMILIARES
1. Quanto tempo leva para ocorrer o processo
de doação de órgãos e tecidos de um doador
falecido?
R: Em torno de 12 h, após o momento em que a família
assina o Termo de Doação de Órgãos e Tecidos.
2. O corpo do doador ficará deformado?
R: Não. A retirada dos órgãos e tecidos é realizada com
cuidado, técnica e respeito.
3. Os familiares do doador de órgãos e tecidos
podem conhecer os receptores?
R: Embora não exista nenhuma lei que proíba esse ato
é indicado que os familiares do doador não conheçam
os receptores. O anonimato deve ser preservado para a
segurança de todo o processo.
4. A doação de órgãos garante alguma ajuda
para o funeral?
R: Alguns municípios no Brasil disponibilizam Auxilio
Funeral ao doador de órgãos e tecidos. Neste sentido
o sepultamento deve ocorrer no mesmo local do óbito.
LIVRARIA
UM CÉU MAIS PERFEITO
Dr. Stefan Cunha Ujvari
Infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz
A escritora Dava Sobel é jornalista americana voltada
As páginas iniciais descrevem os primeiros estudos
Livro: Um Céu Mais Perfeito
à divulgação científica. Suas obras expõem leitura
de Copérnico para se formar médico, e quais locais
Autora: Dava Sobel
fluída e prazerosa. As páginas de Sobel passeiam
europeus forneceram o início de sua formação
Editora: Companhia das Letras
pelo contexto histórico da época, e, ao mesmo
médica. A obra segue para os anos seguintes
Ano: 2015
tempo, descrevem passo a passo as descobertas
em que Copérnico foi cônego. A rotina diária de
da ciência. Foi assim em dois livros anteriores
suas atividades católicas é entrelaçada com suas
sobre a descoberta de como calcular a longitude
pesquisas cientificas. O livro relata o contexto
(Longitude), e a descrição dos planetas do sistema
histórico de uma época conturbada da atual Polônia
solar (Planetas). Agora, a Companhia das Letras
com conflitos entre o clero, nobreza, e a violência da
lança seu último livro Um Céu Mais Perfeito.
Ordem dos Cavaleiros Teutônicos.
O papa Leão X, na primeira metade do século XVI,
As viagens de Copérnico para administrar as
convocou teólogos e astrônomos para solucionar
propriedades do clero são ricamente descritas
um grave problema. A Páscoa, ao longo dos
por Sobel, bem como os impostos cobrados aos
séculos, era antecipada em dias. A duração do ano,
camponeses que cultivavam as terras da Igreja, e
superestimada em minutos, adiantava a data da
seus frequentes desafios: fome e guerras. Sobel
Páscoa. Havia algo de errado no calendário utilizado
relata como Copérnico se envolveu em medidas
desde que Julio Cesar o estabeleceu em 45 a.C. O
estratégicas para solucionar as finanças da Igreja, as
bispo responsável pela reforma do novo calendário
adulterações das moedas e a fome dos camponeses
recebeu a contribuição do jovem Copérnico,
enquanto avançava nas suas pesquisas científicas.
protagonista de Um Céu Mais Perfeito.
Finalmente, como em um romance, a obra segue
Sobel narra a vida de Copérnico e sua revolução
pelos conflitos de Copérnico em publicar seu livro
astronômica ao posicionar o sol no centro rotatório
que revolucionaria a astronomia e afrontaria a ordem
dos planetas. O livro descreve, passo a passo, como
católica por rechaçar a Terra do centro do universo.
Copérnico chegou a essa descoberta, e como fontes
História e ciência justificam a boa leitura do Um Céu
literárias da Antiguidade o ajudaram.
Mais Perfeito.
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
23
QUALIDADE E ACREDITAÇÃO
PONTOS DE EVOLUÇÃO
INDICADOS PELA JCI
REPRESENTAM IMPACTO
FAVORÁVEL PARA O PACIENTE
24
Daniella Romano
Dra. Fabiane Cardia Salman
O capítulo que diz respeito aos processos de Anestesia
mações sobre o paciente e a cirurgia planejada, para
e Cuidados Cirúrgicos, dentro dos parâmetros de ava-
que haja tempo hábil, principalmente na seleção dos
liação da Joint Commission International (JCI), indicou
equipamentos e instrumentais cirúrgicos. “Se o médico
pontos de evolução com relação ao processo em tor-
resolve informar e mudar tudo isso dentro da sala ci-
no dos períodos pré e pós-operatório. “Trata-se de um
rúrgica, acaba dificultando o processo que foi definido
item que deve ser aperfeiçoado, no sentido de elucidar
previamente, salvo, claro, as intercorrências inerentes
esses dois momentos distintos, de forma que todos
ao procedimento”, observa Daniella Romano.
os envolvidos na cirurgia estejam cientes dos dados
Ela enfatiza que no agendamento cirúrgico as informa-
que irão não apenas assegurar um procedimento se-
ções passadas devem ser as mais completas e detalha-
guro, mas também o melhor resultado para o paciente
das possíveis, a fim de possibilitar que os profissionais
e a continuidade do seu cuidado de forma integrada e
que estarão à frente do procedimento sejam auxiliados
completa”, afirma Daniella Romano, Gerente de Desen-
da melhor maneira. “Quanto mais minuciosas forem as
volvimento Institucional.
informações no agendamento, melhor para o cirurgião
Na prática, deve ser preenchida pelo cirurgião a Ava-
e sua equipe, assim como para o paciente, pois pro-
liação Médica Pré-operatória ou a Avaliação Médica
porcionará mais segurança ao longo do procedimento.
Inicial antes do paciente ser encaminhado ao Centro
Todo preparo prévio terá sido estabelecido”.
Cirúrgico - preferencialmente Sistema Tasy, com infor-
A Gerente de Desenvolvimento Institucional faz ques-
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
tão de ressaltar que não está se referindo às mudanças naturais de percursos, que podem requerer procedimentos extras, mas sim do que é previsto, inclusive, com relação aos detalhes burocráticos, como a aprovação do
convênio médico. O respeito às normas internacionais de qualidade, que colocam como indispensável na situação,
por exemplo, o cumprimento do time-out (pausa cirúrgica) começa com a demarcação e definição de um alvo na
área a ser operada.
“Estes cuidados devem estar incorporados ao dia a dia do cirurgião e fazer parte dessa cultura de qualidade que
envolve todos os profissionais que atuam no hospital”, comenta a Dra. Fabiane Cardia Salman, Gerente de Relacionamento Médico, apontando que além da JCI, a norma está em sintonia com a Organização Mundial de Saúde.
PÓS-OPERATÓRIO NA PERSPECTIVA DO PACIENTE
Um formulário de pós-operatório muito bem detalhado também pode facilitar o trâmite do paciente dentro das
várias áreas pelas quais ele deve transitar, elevando ainda mais a qualidade do tratamento. Daniella Romano destaca que os profissionais que irão receber os pacientes operados nas unidades de internação ou na UTI precisam
saber se houve alguma intercorrência, se ele perdeu sangue, se precisou de hemocomponentes e até mesmo qual
foi a técnica utilizada no procedimento cirúrgico. “O pós serve para dar continuidade ao cuidado com o paciente”,
afirma ela, exemplificando que o fato de chegar com muita dor ou com pressão alta irá determinar qual o tipo de
tratamento que será ofertado nessa fase. “Por isso, o ideal é que o próprio cirurgião forneça esses dados”, pondera. Daniella acrescenta ainda que “o paciente é único, independente da unidade de cuidado em que ele está, e
cabe a nós profissionais da área da saúde garantir essa assistência completa”.
BLS DEVE SER FEITO POR TODOS OS MÉDICOS
A necessidade de manter em dia o Treinamento de Ressuscitação Cardiorrespiratória Básico ou BLS – Basic Life
Support, que é válido por dois anos, foi o outro alerta da JCI para o corpo clínico e equipe assistencial.
“A ideia desse treinamento é que todos os profissionais que atuam no hospital se capacitem a prestar esse
primeiro atendimento. Não é necessário que ele tenha o treinamento avançado nessa situação, mas que ofereça
nesse momento o atendimento inicial correto para o melhor desfecho possível do paciente”, observa a Dra. Fabiane Cardia Salman.
Ela diz que mais de 1670 médicos já passaram pelo treinamento que visa massagear o coração, bombeando mais
sangue para o cérebro e dessa forma evitar que lesões venham a prejudicar a recuperação dos pacientes que
sofreram alguma parada cardiorrespiratória. “Temos um plano de treinamento, com salas e vários horários para que
o médico tenha várias possibilidades de realizar o treinamento de BLS e não deixar de fazê-lo”, finaliza Daniella.
VOCÊ SABIA?
• 20% das paradas cardíacas acontecem no ambiente
hospitalar
• Menos de 30% delas recebem ressuscitação cardio
pulmonar
• 80% das paradas cardiorrespiratórias em adultos acontecem por fibrilação ventricular
Fonte: Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul - SOCERGS
25
ARTIGO INTERNACIONAL
COMENTÁRIOS SOBRE O ARTIGO: CHANGING
NOMENCLATURE FOR PBC: FROM ‘CIRRHOSIS’
TO ‘CHOLANGITIS”. BEUERS U, ET AL.
GASTROENTEROLOGY 2015 NOV;149(6):1627-9
(PUBLICAÇÃO SIMULTÂNEA EM 8 GRANDES JORNAIS).
Venancio Avancini Ferreira Alves, Professor Titular de Patologia, FMUSP, SócioDiretor Técnico do CICAP, Hospital Alemão Oswaldo Cruz
26
A abordagem didática ao estudo das doenças, sempre
de pacientes de muitos países quanto ao estigma oriundo
que possível, segue os rituais da Biologia, iniciando pelos
do termo “cirrose” mesmo nos casos diagnosticados em
fatores causais, mecanismos e sequência de achados
fase precoce, em que a arquitetura hepática está parcial
morfológicos macroscópicos, microscópicos e moleculares,
ou quase plenamente preservada.
culminando com a apresentação clínica e estratégias
A partir da reunião inicial, o grupo de especialistas e os
terapêuticas.
representantes de pacientes efetuaram pesquisas de
No outro polo, a prática médica e a própria história da
opinião e numerosas discussões via e-mail, chegando às
identificação de doenças têm por base a manifestação
seguintes decisões:
clínica, seguindo-se seus reflexos morfológicos e as
1. Mudar o nome da “cirrose biliar primária”
formas de tratamento, empíricas, baseadas em evidências
2. Manter o acrônimo “PBC”
ou, quando possível, tendo por alvo mecanismos
3. Introduzir um novo nome, simples e curto, mesmo
fisiopatológicos. Importa lembrar que, quase sempre, a
que acarrete imperfeições na descrição da doença,
doença é primeiro identificada a partir de casos-index mais
enquanto não são conhecidos aspectos mais exatos
graves e depois as formas mais leves são caracterizadas.
quanto à patogênese.
Estas diferentes visões das doenças refletem-se nos
Votações nas diversas associações continentais do es-
nomes que lhes atribuímos, sendo interessante constatar
tudo do fígado mostraram concordância de 88 a 100%
que nem sempre os conceitos mais precisos são os que se
quanto à mudança de nome e 78 a 100% quanto à ma-
consagram, como os numerosos epônimos que persistem
nutenção do acrônimo PBC. Já a escolha do novo nome foi
ou mesmo o anacrônico termo “micose fungóide”, hoje
motivo de maior divergência: Dentre os vários propostos,
reconhecida como uma das formas mais comuns de
o termo “PBC/Colangite Biliar Primária” foi o vencedor,
linfoma de células T cutâneo.
recebendo 60% de votos do comitê de especialistas da
A recomendação para a mudança do nome de “PBC/
EASL, 56% dos especialistas das demais associações
Cirrose Biliar Primária” para “PBC/Colangite Biliar Primária”,
(Norte-Americana/ASSLD, Asia-Pacífico/APASL) e 61%
publicada simultaneamente em oito grandes jornais
dos especialistas japoneses.
médicos ao final de 2015, exemplifica alguns dos principais
Beuers et al (ref.1) reconhecem estar cientes das
direcionadores da medicina atual. Um respeitável grupo
imperfeições do novo nome, explicitando tratar-se de
de especialistas reuniu-se inicialmente em maio de 2014
“tautologia” (repetição do mesmo significado em partes
sob a égide da European Association for the Study of the
diversas de um mesmo nome = colangiteé, por definição,
Liver (EASL) e, a seguir, de outras importantes associações
inflamação biliar !). Reconhecem também que o termo é
médico-científicas da hepatologia internacional, sendo
inespecífico quanto a aspectos definidores da PBC, mas
incumbido de propor alternativas de nomenclatura da PBC.
ressaltam que os grandes mestres da hepatopatologia
A missão atribuída ao grupo de especialistas foi atender
Rubin, Schaffner e Popper (ref.2) haviam proposto o nome
às relevantes objeções de organizações representativas
mais preciso “colangite crônica destrutiva não supurativa”,
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
o qual, devido à extensão e complexidade, não ganhou
outras poderão receber erroneamente este diagnóstico,
reconhecimento. Finalizam aqueles autores convocando
talvez até por não ter havido a participação de médicos
todos os médicos a adotar o novo nome: PBC/colangite
patologistas nesses comitês. De outra parte, verificamos
biliar primária, salientando que tal troca de nome
com satisfação a retirada do termo “cirrose” do nome
“oferece oportunidade única para novas campanhas de
da doença, até porque atualmente apenas uma fração
conscientização de profissionais da área médica e de
de casos de PBC chegam aos estágios mais avançados
associações de pacientes para direcionar maior atenção
(figuras 1 e 2). A proposta de evitar, sempre que possível,
a biliopatiasimuno-mediadas como PBC e PSC, tendo por
o termo genérico “cirrose” tem sido liderada pelo
meta principal seu diagnóstico precoce e tratamento
International Liver Pathology Study Group (Hytiroglou
correto.”
et al, 2012, ref.3), com o intuito de identificar cada
Nosso sentimento é ambíguo: lamentamos a imposição
hepatopatia crônica conforme sua causa, padrões clínicos,
do acrônimo PBC por sua popularidade e o descuido
morfológicos e fisiopatogenéticos, e assim propiciando
quanto à precisão, até porque casos de colangites como
abordagem individualizada para o diagnóstico, esta-
a PSC, a colangite associada a IgG4 ou a drogas e ainda
diamento e planejamento terapêutico.
REFERÊNCIAS:
1.Beuers U, Gershwin ME, Gish RG, Invernizzi
P, Jones DE, Lindor K, Ma X, MackayIR, Parés
A, Tanaka A, Vierling JM, Poupon R. Changing Nomenclature for PBC: From ’Cirrhosis’
to ‘Cholangitis’. Gastroenterology. 2015
Nov;149(6):1627-9.
2. Rubin E, Schaffner F, Popper H. Primary
biliary cirrhosis. Chronic non-suppurative
destructive cholangitis. Am J Pathol. 1965
Mar;46:387-407
3. Hytiroglou P, Snover DC, Alves V, Balabaud
C, Bhathal PS, Bioulac-Sage P, Crawford JM,
Dhillon AP, Ferrell L, Guido M, Nakanuma Y,
Paradis V, Quaglia A, Theise ND, Thung SN,
Tsui WM, van Leeuwen DJ. Beyond “cirrhosis”: a proposal from the International Liver
Pathology Study Group. Am J ClinPathol.
2012Jan;137(1):5-9.
CASO 1 = “PBC/COLANGITE BILIAR PRIMÁRIA” ESTÁDIO 1 (F1)
1B = A inflamação, rica
em plasmócitos e em
histiócitosepitelióides, forma
granuloma destruindo o ducto
biliar deste espaço porta (H&E)
1A = Reação com picro-sirius vermelho demonstra arquitetura
praticamente preservada, com expansão portal, principalmente
por infiltrado inflamatório
CASO 2 = “PBC/COLANGITE BILIAR PRIMÁRIA” ESTÁDIO 4 / FASE CIRRÓTICA (F4)
2B = Espaço porta
com folículo linfoide
ocupando área em
que o ducto biliar foi
destruído, acarretando
na manifestação clínica
de colestasecrônica
progressiva
2A = Transformação arquitetural avançada, com largos septos
fibro-vasculares envolvendo nódulos de hepatócitos com
variável regeneração (H&E)
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
27
REUNIÕES CIENTÍFICAS
EVENTOS
EM DESTAQUE
Reunião de Oncologia
Coordenação: Centro de Oncologia
Datas: 02 – Oncologia Gastrointestinal
09 – Oncologia Mamária
16 – Oncologia Torácica
Horário: 12h às 13h30
Local: Sala 5 - Torre D (Térreo Superior)
Coordenação:
Data:
Horário:
Local:
Reunião da Clínica Médica e do serviço de n efrologia do
Hospital Alemão o swaldo Cruz
Coordenação: Pedro Renato Chocair
Tema:
artrite reumatoide: relato e discussão de caso clínico.
Apresentação: Pedro Renato Chocair
Discussão do caso: Rui Toledo Barros
Data: 01
Horário: 13h às 14h
Local: Auditório - Torre E (1º Subsolo)
AGENDA - JULHO/2016
Discussão de Casos de Câncer Colorretal
Angelita Habr- Gama e Rodrigo Perez
04
7h30 às 09h30
Auditório – Torre E (1º Subsolo)
Data: 08
Tema: Cuidados paliativos
Palestrantes: Sara Mohrbacher e Juliana Monteiro de Barros
Reunião Científica
Melhores
em Terapia
Horário:
13h àsPráticas
14h
Intensiva
Local: Sala 5 - Torre D (Térreo Superior)
REUNIÕES CIENTÍFICAS
Coordenação: Cássio Campello de Menezes
Reuniões Multidisciplinares da Oncologia
Data: 14
Coordenação:
Coordenação: Centro de Oncologia
Horário: 12h às 13h
Local: Sala 5 - Torre D (Térreo Superior)
Reunião Mensal
- Fleury
12hdoàsCDI
13h
Coordenação: Equipe Fleury Diagnóstico
Segunda - Feira:
Câncer Urológico
13h às 14h
Câncer
Neurológico/SNC
Data: 14 - Ortopedia
21h30GastrointesHorário: 19h às
Câncer
Coloproctologia
Terça - Feira:
- Torre
D (Térreo
Superior)
Local: Sala 5tinal
e Vias
Biliares
Câncer Cabeça e
Data: 21 - CDI
Pescoço
Horário: 19h às 21h30
Auditório
Torre
E
(1º
Subsolo)
Local:
Câncer Tórax
Quarta - Feira:
Hematologia e
Transplante de
Coordenação: Marco Aurelio de Magalhães Medula Óssea
Oncologia Mamária Câncer Ginecológico
Quinta -Tema:
Feira:
diagnóstica e tratamento
SarC. Lário
Palestrante: FábioMelanoma,
Pesquisa Clínica
Sexta - Feira:
Data: 02 comas e Tumores
Raros
13h
Horário: 11h às
Coordenação: Fernando Colombari, Amilton Silva Jr e Fabio M.
Andrade
Tema: Uso racional
de fluído:
Coordenação:
Marcelo Risso e Paulo Cavali
• No centro cirúrgico
Datas:- Cássio
01, 08Campelo
e 15
• Na UTI - Ricardo
Cordioli
Horário:
17h30 às 18h30
• Perspectivas futuras
apresentação
Local: eSala
5 – Torre Dde
(Térreo Superior)
estudos - Fernando Zampieri
Data: 26
Horário: 19h30 às
21h30
Coordenação:
Luciano João Nesrrallah
Local: Auditório - Torre Data:
E (1º Subsolo)
16
Horário: 12h às 13h
Coordenação:
Datas:
Horário:
Local:
Local: Auditório – Torre E (1º Subsolo)
Local: Auditório - Torre B (14º Andar)
reunião de
Hemato-onco
será
realizada
Coordenação: *AFernando
Colombari,
Amilton
Silva
Jr e FabioàsM. Andrade
Tema: quartas-feiras, das 13h às 14h, na Sala de Reuniões
IECS – Cuvello
Torre D e(1ºPaula
Andar),
em paralelo com as
Palestrantes: A –Américo
Scorsi
Data: demais
01 que ocorrem no Auditório da Torre B.
Horário: 19h30 às 21h30
Local: Reunião
Auditório
- Torre Ede
(1ºMedicina
Subsolo) Perioperatória –
Científica
Coordenação:
Tema:
Palestrante:
Data:
Horário:
Local:
Anestesiologia
Cássio Campello de Menezes
Dor Neuropática
Claudia Panossian Cohen
04
11h às 13h
Auditório – Torre E (1º Subsolo)
JANEIRO
REUNIÕES CIENTÍFICAS
Reunião Científica da Radiologia
Reunião de
deCasos
Oncologia
Discussão
Clínicos e Revisão da Literatura
Coordenação:
Centro
de Oncologia
Coordenação:Carlos
Homsi
20 – Oncologia
Datas:Aplicações
Tema:
clínicasGastrointestinal
da Urotomografia na avaliação
27hematúrias
– Oncologia Mamária
das
12h
às 13h30Galves Junior
Horário:Ruy
Palestrante:
Rodrigues
Local:25Auditório – Torre E (1º Subsolo)
Data:
Horário: 19h às 22h
Local: Auditório - Torre E (1º Subsolo)
Reunião Científica de Cardiologia
Marco Aurelio
de Magalhães
Coordenação:Discussão
de Casos
de Câncer Colorretal
Tema:Angelita Habr - Gama e Rodrigo Perez
Coordenação:
diagnóstica
e
tratamento
Data: 08, 15 e 29
Fábio C. Lário
Palestrante:
Horário: 07h30
às 9h30
Data: 13
Local: Sala
- Torre
13h D (Térreo Superior)
Horário: 11h5 às
Local: Auditório – Torre E (1º Subsolo)
Reunião Científica da Clínica Médica
Coordenação: Pedro Renato Chocair
Tema: Osteoporose: O que o clínico precisa saber?
Palestrante: Fábio Freire
Data: 12
Informações:
Horário: 13h às 14h
Instituto
de Educação
e Ciências em Saúde:
Local:
Local: Sala 5 – Torre D (Piso Térreo)
(11) 3549 0585 / 0577 ou [email protected]
Coordenação:
Tema:
Data:
Horário:
Local:
Local:Patologias
Sala 1 – Torre
D (1º andar
- ETES)
Reunião Científica:
de coluna
- Ortopedia
o dontologia
Marcelo Risso e Paulo Cavali
Coordenação: Daniel Falbo Martins de Souza, Fernando Melhem Elias, Gabriel
05 – Oncologia
Pastore e Luciano Del Santo
12 – Doenças Degenerativas
Tema: Diagnóstico e Tratamento das Fraturas Complexas da Face
19 – Deformidades
Palestrante: Daniel Falbo Martins de Souza
26 – Trauma
Data: 03
17h30 às 18h30
Horário: 19h às 22h
Auditório - TorreLocal:
E (1º Subsolo)
Auditório -Torre E (1º Subsolo)
Reunião Científica de Urologia
Joint Medical Teleconference - HAo C/ stanford Hospital & Clinics
Carlo Camargo
PasserottiJefferson Gomes Fernandes
Coordenação:
Divisão dos grupos
e atividades
do Health
Instituto
da
Tema:
How Digital
Technologies
are Changing the Practice of Medicine
Próstata Palestrante: Homero Rivas - Assistant Professor of Surgery and Director of In11
novative Surgery at the Stanford University Medical Center
13h às 14h
Data: 02
Horário:
Auditório - Torre
E (1º Subsolo)
14h
Local: Sala A – Torre D (1º andar - IECS)
Reunião Científica de Neurologia
Videoconferência – Rede Universitária de Telemedicina
Coordenação: Jefferson Gomes Fernandes e Enf. Ingrid de Almeida
Barbosa
Tema: Reabilitação no AVC: experiência no tratamento da
espasticidade
Instituição
apresentadora: SARAH - RIO
Palestrante: Adriana Lopes Souza
Data: 05
Coordenação: Marcelo Risso e Paulo Cavali
Horário: 10h às 11h
Datas: 26
Local: Sala de reuniões
da UTI 17h30 às 18h30
Horário:
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
ortopedia
Local: Auditório – Torre E (1º Subsolo)
EVENTOS CIENTÍFICOS
Coordenação:
Datas:
Horário:
Local:
MASTERCLASS IN UNIPORTAL VATS
Prof. Dr. Riad Naim Younes e Rodrigo Sardenberg
11 e 12
08h às 17h
Local: Auditório - Torre E (1º Subsolo)
Coordenação:
Data:
Horário:
Local:
SIMPÓSIO TRANSDISCIPLINAR DE
OBESIDADE, DIABETES, CIRURGIA
BARIÁTRICA E METABÓLICA
Ricardo V. Cohen
16
08h30
Auditório - Torre E (1º Subsolo)
Informações:
Instituto de Educação e
Ciências em Saúde:
(11) 3549 0585 / 0577
ou [email protected] om.br
Programa de Desenvolvimento Médico do HAOC
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
E CIÊNCIAS EM SAÚDE
28
ortopedia
INTESTINO IRRITÁVEL: A BUSCA DO
EQUILÍBRIO ENTRE AS BACTÉRIAS INTESTINAIS
As bactérias intestinais podem definir se existe
diretamente no funcionamento e sensibilidade
propensão a engordar ou emagrecer, ter pressão
intestinais, graças a receptores específicos. São
alta ou boa saúde na pele. Cada vez mais os estudos
também essenciais para saúde global e intestinal, uma
apontam que um equilíbrio entre as boas e as más
vida sem estresse, adoção da prática de exercícios
bactérias é responsável pela manutenção da saúde e
físicos e é claro, abstenção de excessos como o álcool,
pela prevenção de diversas patologias. De acordo com
alimentos conservados, embutidos, uso de antibióticos
o gastroenterologista Ricardo Barbuti, do Hospital
e outros medicamentos sem necessidade.
Alemão Oswaldo Cruz, é grande a relação de vários
Para se ter uma ideia do que as bactérias representam,
sintomas, sinais e doenças com o desequilíbrio das
ele lembra que elas influenciam até mesmo o estado
bactérias intestinais.
psicoemocional. “Hoje sabemos haver diferença entre
“A partir do início do séc. XXI os estudos científicos
as bactérias intestinais de deprimidos, ansiosos e
se multiplicaram exponencialmente, comprovando a
esquizofrênicos, quando comparados com indivíduos
influência das bactérias intestinais de uma maneira
sem estas patologias. O cérebro e o intestino têm
global no organismo. Mais recentemente, tem sido
mesma origem embriológica”, observa ele, lembrando
confirmada esta relação com doenças funcionais do
que mais de 90% da produção de serotonina, está a
trato digestivo, destacando-se a síndrome do intestino
cargo do intestino.
irritável”, afirma o Dr. Barbuti, que coordenou evento
Dr. Barbuti ressalta que o intestino tem um largo
sobre o tema no final do ano passado.
espectro de receptores, para qualquer substância
As bactérias intestinais, segundo ele, vêm ganhando
ou alimento, o que torna a orientação dietética
nova perspectiva na medida em que se confirma
extremamente importante na condução dos pacientes
a participação dos microrganismos digestivos na
com intestino irritável. É provável que no futuro seja
sensibilidade, motilidade e secreções intestinais. O
possível determinar através de exames específicos,
gastroenterologista diz que embora o diagnóstico
quais os alimentos que devem ser evitados para cada
do intestino irritável seja ainda basicamente clínico,
paciente. Enquanto isto não acontece, a realização de
caminha-se para que marcadores sorológicos e
testes para intolerâncias e mesmo um diário alimentar
genéticos possam facilitar o diagnóstico e mesmo
são essenciais. O uso de probióticos também vem
orientar o tratamento desta afecção.
sendo amplamente explorado. “Eles entram como
Para a manutenção da saúde intestinal e de todo nosso
suplementos na nossa dieta, mas devem ter uma
organismo, a alimentação tem um papel preponderante,
orientação correta, já que para cada cepa probiótica se
mantendo a microbiota saudável e interferindo
espera um resultado diferente”, explica o Dr. Barbuti.
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
29
EVENTOS EM DESTAQUE
A TIREOIDE NA LENTE DOS
ESPECIALISTAS
Evento reúne profissionais de todo o Brasil
30
Ainda bastante desconhecidas em suas causas e des-
total, que é um padrão na grande maioria dos casos”,
dobramentos, as doenças da tireoide ganharam um
observa o cirurgião.
fórum de discussão no I Simpósio Internacional de Atu-
Além das novas possibilidades de tratamento, as nu-
alização das Doenças de Tireóide (SIADT), que ocorreu
ances do hipotiroidismo e hipertiroidismo foram discu-
recentemente no Hospital Alemão Oswaldo Cruz. De
tidas ao longo do Simpósio, como também a influên-
acordo com o organizador do evento, o cirurgião de
cia da gravidez nas doenças da tireoide e até mesmo
cabeça e pescoço da Instituição, Dr. Erivelto Volpi, o
novas evidências que têm demonstrado que o uso da
avanço no tratamento das doenças que tiveram diag-
metformina, medicamento utilizado para o cuidado de
nóstico precoce e o tratamento minimamente invasivo,
diabéticos, poderia melhorar a evolução dos nódulos da
por meio de ablação dos nódulos, foram alguns dos
tireoide, conforme apontam pesquisas em diversos cen-
principais temas abordados ao longo do encontro.
tros internacionais e no Brasil. “Foi uma troca de expe-
“O evento foi marcado pelo encontro das diversas es-
riências e de informações muito rica”, afirma o Dr. Volpi.
pecialidades que cuidam das doenças da tireoide”, in-
Uma das perguntas que ficou sem resposta, no entan-
forma o Dr. Volpi, destacando que estiveram presentes
to, é o porquê do aumento da incidência do câncer da
cerca de 150 profissionais de todo o Brasil, que traba-
tireoide, já que ele é um dos tumores malignos mais
lham com radiologia, patologia, cirurgias de cabeça e
frequentes no sexo feminino em praticamente todo o
pescoço e endocrinologia.
mundo. De acordo com dados recentes do INCA – Insti-
Segundo ele, os tratamentos minimamente invasi-
tuto Nacional do Câncer, o câncer de tireoide é o quin-
vos têm obtido destaque no combate às doenças da
to tumor maligno mais frequente no sexo feminino. Dr.
tireoide e podem ser feitos, por exemplo, por meio da
Volpi observa que ainda há muito a ser pesquisado,
ablação (por laser ou rádio frequência) que represen-
visto que ele tem um comportamento muito peculiar
ta uma nova opção terapêutica. “Hoje já começa a ser
e embora seja o câncer endócrino mais comum “a sua
questionada a necessidade ou não da tireoidectomia
etiologia é praticamente desconhecida”, resume.
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
RESPONSABILIDADE JURÍDICA
ELABORAÇÃO DO
TESTAMENTO VITAL
Sergio Pittelli
[email protected]
Em dezembro de 2012 publicamos neste espaço
considerações sobre o testamento vital ou diretivas
antecipadas da vontade, comentando as Res. 1805/06
e 1995/12 do CFM, bem como os elementos envolvidos
na questão. Em atenção à recente edição da Semana de
Bioética, faremos nesta oportunidade exposição sobre
a elaboração do documento. De início, entretanto, insta
registrar que não há obrigatoriedade de elaboração
de documento escrito; sua produção se faz oportuna
porque manifestações escritas são mais respeitadas
e fáceis de provar. O conteúdo, seja verbal, seja escrito,
deve respeitar as normas legais conforme apontado
no texto anterior: não é facultado à pessoa decidir
sobre a própria vida em situações que caracterizem
eutanásia ou suicídio e quem colaborar para esses
eventos terá praticado crime. Em geral, as situações
terminais definidas na Res. 1805/06 são perfeitamente
enquadráveis nos termos de uma diretiva antecipada, a
qual deverá ser expressa no sentido de vedar “formas
de tratamento obstinado” tais como ressuscitação
cardiorrespiratória, manutenção da PA por drogas, etc.
Mas as determinações podem ir além, por exemplo,
saúde ministrarem os cuidados necessários para
nos casos de pacientes que, prevendo a possibilidade
o alívio da dor e sofrimento (cuidados paliativos),
de instalação futura de quadros demenciais, deixem
complementada pela cláusula seguinte: Que os efeitos
documentos definindo sua vontade na hipótese de
da presente declaração antecipada de vontade se
aparecimento de doenças graves e mortais. Feitas as
operem quando eu perder minha capacidade de
considerações, sugerimos algumas medidas concretas
forma irreversível, devendo a minha vontade ser
referentes a um termo de diretivas antecipadas. Além
respeitada e cumprida pela minha família, amigos
de serem escritas, entendemos também que devem
e aos profissionais que me assistem; quaisquer
ser feitas sob forma de documento público, ou seja, em
determinações que excedam as acima listadas
cartório. As ações vedadas devem reproduzir o conteúdo
envolvendo decisões de não tratar moléstias graves
das Res. 1805/06 e 1995/12, valendo-se inclusive de
e incuráveis em fase inicial, por exemplo, devem ser,
seus termos; um modelo seria: Que, tendo o direito de
segundo nosso entendimento, consignadas a terceira
manifestar a sua vontade sobre seu tratamento
pessoa, nomeada no mesmo documento, a quem ficam
médico, podendo consentir ou recusar formas de
conferidos poderes para decidir em nome do declarante
tratamento e métodos diagnósticos, declara que não
se este não estiver em condições de o fazer. Registre-
consente no prolongamento artificial de sua vida,
se, entretanto, que a legislação não prevê essa figura,
bem como, de manobras ressuscitadoras quando
não sendo certo, no atual estágio de nossas leis,
se encontrar em fase terminal de doença grave e
se o procurador estaria completamente isento de
incurável, devendo para tanto os profissionais de
responsabilizações jurídicas.
VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ
31
RELATO DE CASO
MONOARTRITE AGUDA EM IDOSO:
RELATO DE CASO
Leonardo V. Barbosa Pereira; Américo Cuvello Neto; Érico Souza de Oliveira; Victor A H
Sato; Sara Mohrbacher; Pedro R. Chocair
Clínica Médica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz
32
Paciente do sexo masculino, 89 anos, admitido no
Imediatamente após a punção, o paciente foi subme-
Hospital Alemão Oswaldo Cruz em abril de 2015 com
tido a artrotomia e drenagem articular com biópsia
quadro de dor, edema e calor em joelho direito com 48
sinovial e iniciado tratamento com Ceftriaxona e Oxa-
h de evolução. Negou febre, traumatismo prévio, lesões
cilina. Não ocorreu melhora satisfatória da artrite após
cutâneas, alterações urinárias ou do hábito intestinal.
antibioticoterapia e mais duas artroscopias.
Antecedentes de refluxo gastroesofágico, colecistec-
Observou-se na análise do líquido articular colhido, na
tomia e apendicectomia.
3ª artroscopia, diminuição significativa da celularida-
Exame físico: PA 120x80 mmHg, FC: 80 bpm, fácies
de, mas as pesquisas de cristais e culturas permane-
de dor, afebril, com edema, calor e rubor em joelho e
ceram negativas.
perna direita.
O laudo anatomopatológico da biópsia sinovial foi de
Exames na admissão: Hb: 12,2g/dl; Ht 37,9%, Leu-
sinovite crônica inespecífica com hiperplasia, fibrose
cócitos: 9470/mm3; neutrófilos: 7470 mm3; linfóci-
e presença de calcificação distrófica em fibrocartila-
tos: 610 mm3; plaquetas 176000 mm3; PCR 9,5 mg/
gem sugerindo doença por depósito de pirofosfato
dl; TGO 12U/L; TGP 8U/l; creatinina 1,1 mg/dl; ácido
(Pseudogota) associado ao processo. Após o resul-
úrico 2,9mg/dl; cálcio iônico 1,2 meq/l; fósforo: 2,9
tado, iniciamos Colchicina sendo observada melhora
mg/dl; CK 50U/l; magnésio 1,6 mg/dl.
significativa da artrite, recebendo alta hospitalar, uma
Ultrassom doppler de membro inferior direito não
semana após início da medicação.
mostrou trombose venosa profunda. Radiografia de
Um mês após a alta, o paciente evoluiu com novo
joelho com sinais de artropatia degenerativa femoro-
episódio de artrite no mesmo joelho, sendo subme-
tibial e calcificações meniscais.
tido a infiltração com corticoide intra-articular, após
Submetido a punção articular que mostrou líquido
resultados de cultura negativos e evoluiu com desa-
turvo com a seguinte análise bioquímica: celularidade
parecimento completo da artrite. Até o momento, o
34683 celúlas/mm3 com 80% de neutrófilos, sem evi-
paciente não apresentou nova recidiva da artrite.
dências de bactérias pelo Gram, pesquisas de fungos,
O termo Pseudogota refere-se a uma das síndromes
microbactérias, cristais e culturas gerais negativas.
clínicas da Doença por deposição de Cristais de Piro-
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fosfato (CCPD) que também pode se manifestar como
comuns: traumas, infiltrações intra-articulares, uso de
Condrocalcinose, Pseudo Artrite Reumatóide, Pseudo
Granulokine, Pamidronato, Paratireoidectomia e distúr-
Osteoartrose e por calcificações articulares assinto-
bios metabólicos como hipomagnesemia, hipofosfa-
máticas. Cerca de 10% dos pacientes com CCPD ma-
temia, Hemossiderose, Hemocromatose, Síndrome de
nifestam a doença como crise de Pseudogota que
Gitelman e Raquitismo ligado ao cromossomo X.
caracteriza-se por quadros de monoartrite aguda, por
O diagnóstico é baseado nos sintomas clínicos da artri-
vezes recorrentes, sendo os joelhos e as articulações
te e na análise do líquido sinovial, obtido por artrocen-
mais acometidas (cerca de 50%). Incide especialmen-
tese que se apresenta geralmente turvo, com celulari-
te em idosos e, segundo relatos de literatura, cerca da
dade entre 15.000 a 30.000 células p/mm3 com pelo
metade dos idosos acima de 80 anos apresenta algum
menos 80% de neutrófilos. O diagnóstico é confirmado
sinal de Doença por Deposição de Cristais de Pirofos-
com culturas do líquido sinovial negativas e a presen-
fato. Existem fatores que predispõem os pacientes
ça de cristais com birrefringência fracamente positiva,
a apresentarem crise de Pseudogota, sendo os mais
conforme mostra a figura abaixo:
REFERÊNCIAS
Além dos cristais no líquido sinovial, podemos confir-
dros articulares mais graves que não melhoram com
mar o diagnóstico através do exame anatomopato-
esses medicamentos, podemos usar a Colchicina em
lógico da sinóvia, demonstrando a presença de calci-
doses anti-inflamatórias, corticoide por via oral ou in-
ficação distrófica como aconteceu no caso descrito.
tra-articular desde que artrites infecciosas sejam des-
Os principais diagnósticos diferenciais são a artrite
cartadas. Há relatos de casos na literatura de artrite
séptica e crise gotosa.
refratária tratados com Metotrexate, que obtiveram
O tratamento da Pseudogota visa o alívio dos sinto-
resultados animadores. Para pacientes com recidivas
mas e controle da crise aguda, preferencialmente com
de Pseudogota ou quadros articulares crônicos, po-
anti-inflamatórios não hormonais (AINE). Em pacien-
demos utilizar profilaticamente Colchicina, 0,5 a 1mg/
tes com contraindicação ao uso de AINEs ou com qua-
dia isoladamente ou associada a AINE.
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