JAN-FEV-MAR/2016 Prof. Dr. Riad Younes comanda novo Centro de Oncologia CAPA Atendimento Integrado é o grande diferencial da Oncologia ENTREVISTA Cirurgias de hérnia com o auxílio da robótica ÍNDICE GIRO PELO HOSPITAL Hospital Alemão Oswaldo Cruz está entre os melhores do mundo 06 GIRO PELO HOSPITAL 05 Entre os quatro melhores do Brasil, segundo ranking da revista América Economia PERSONAGEM HAOC 09 Dr. Marcelo Oliveira dos Santos, a cancerologia a serviço do paciente 15 ENTREVISTA 10 Centro de Hérnia começa a oferecer cirurgias complexas com o uso do robô EDUCAÇÃO E CIÊNCIA 12 ‘Open day’ da FECS enfoca mercado de trabalho na área da saúde EXAMES LABORATORIAIS 14 Hematologia - Análise de hipermutação do Gene IGHV ajuda a definir plano terapêutico na LLC COMO EU TRATO Síncope na Unidade de emergência MATÉRIA DE CAPA 18 Atendimento integrado é o diferencial do novo Centro de Oncologia COMISSÃO DE BIOÉTICA Semana de bioética: “Doação de órgãos” 22 LIVRARIA Um Céu Mais Perfeito 23 QUALIDADE E ACREDITAÇÃO 24 Pontos de evolução indicados pela JCI representam impacto favorável para o paciente ARTIGO INTERNACIONAL 26 Changing nomenclature for PBC: from ‘cirrhosis’ to ‘cholangitis”. Beuers u, et al. Gastroenterology 2015 nov;149(6):1627-9 AGENDA DE EVENTOS - JULHO DE 2016 Reuniões Científicas 28 RESPONSABILIDADE JURÍDICA31 Elaboração do testamento vital RELATO DE CASO Monoartrite aguda em idoso: relato de caso 02 VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 32 30 EVENTOS EM DESTAQUE A tireoide na lente dos especialistas EDITORIAL EXPEDIENTE A revista “Visão Médica” é uma publicação direcionada ao Corpo Clínico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Comitê Editorial: Dr. Jefferson Gomes Fernandes (Editor-Chefe) Dr. Andrea Bottoni Dr. Claudio José C. Bresciani Dr. Luis Fernando Alves Mileo Dr. Marcelo Ferraz Sampaio Dr. Mauro Medeiros Borges Dr. Stefan Cunha Ujvari Dra. Valéria Cardoso de Souza Dr. Vladimir Bernik Gerência de Comunicação e Marketing: Melina Beatriz Gubser Coordenação Editorial: Michelle Barreto Jornalista responsável: Inês Martins MTb/SP 024095 Projeto Gráfico e Diagramação: Azza.ag Direção de Arte e Design: Adriano Piccirillo e Jéssica Valiukevicius Fotos: Mario Bock, Roberto Assem, Lalo de Almeida, Eduardo Tarran, R.O.S, Vinicius Stasolla, Jô Mantovani, Banco de Imagens do Hospital e Thinkstock Tiragem: JUNTOS, CONSTRUÍMOS UM HOSPITAL MELHOR O ano de 2015 encerrou com a recertificação da Joint Commission International (JCI), o que além de evidenciar a qualidade de nossa Instituição, demonstra maturidade e evolução. Nossos indicadores assistenciais vêm melhorando de maneira consistente, nossos dados são comparáveis às melhores instituições internacionais, confirmando o trabalho integrado e comprometido do Corpo Clínico e Assistencial. Outro fato relevante é a conclusão do segundo ciclo do Programa de Relacionamento Médico, com 1.400 colegas inscritos. Este programa, além de apoiar o corpo clínico em atividades acadêmicas e de desenvolvimento profissional, serve de apoio à decisão na escolha das equipes de retaguarda e participação nos centros de especialidades. Estamos melhorando a nossa qualidade, segurança e experiência do paciente. Temos um longo caminho pela frente, mas com o apoio de todos, este time fará um hospital cada vez melhor. Dr. Mauro Medeiros Borges Superintendente Médico QUALIDADE E SEGURANÇA Neste momento do meu mandato, quando completo quase cinco anos de gestão, tenho plena convicção que qualquer médico de nosso Hospital, até o mais crítico, consegue reconhecer que nosso Hospital evoluiu e mudou significativamente para melhor neste período. Isto deve-se ao crescente processo de organização, ao zelo administrativo e a necessária valorização do elemento humano da Instituição. Agora temos o fechamento de um ciclo e o esperado começo de outro com a finalização do nosso planejamento estratégico que norteará os caminhos do Hospital até 2020. Para o Corpo Clínico, os próximos cinco anos serão de intensa evolução com muitas oportunidades e melhorias na assistência ao paciente. Os chamados setores estratégicos do Hospital como o Pronto Atendimento e a Unidade de Terapia Intensiva passarão por uma ampliação e readequação da sua infraestrutura com expansão dos serviços; o Centro de Diagnóstico e Imagem receberá novos equipamentos que facilitarão o fluxo dos exames e as reformas do Centro Cirúrgico tornará a atuação dos nossos Cirurgiões muito mais facilitada e otimizada. A Oncologia e as Doenças Digestivas, novos pilares deste planejamento receberão investimentos e ações que as tornarão dentro em breve grandes referencias no mercado Mundial da Saúde. Bem vindo 2020, para nós do Hospital Alemão Oswaldo Cruz o futuro já começou! Dr. Marcelo Ferraz Sampaio Diretor Clínico 3.000 exemplares VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 03 GIRO PELO HOSPITAL PESQUISAS ATRAEM MÉDICOS Quem quiser desenvolver uma pesquisa em qualquer área de atuação do Hospital Alemão Oswaldo Cruz pode ser apoiado por uma comissão científica do Instituto de Educação e Ciências em Saúde – IECS. Composta por membros do Hospital, ela se reúne mensalmente para avaliar os projetos e dar o suporte necessário para que eles saiam do papel. “São avaliados alguns critérios como, por exemplo, a exequibilidade dos projetos”, informa o Dr. Uri Adrian Prync Flato, Coordenador Médico da Unidade de Pesquisa em Saúde do IECS. Os outros critérios ou normas da comissão passam pela avaliação de metodologia, orçamento e considerações jurídicas do projeto, que precisam estar em sintonia com a filosofia e com as áreas-foco do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. O Dr. Uri enfatiza, por exemplo, que pesquisas em pediatria não podem ser desenvolvidas, pois não estão inseridas no escopo da Instituição. Por conta disso, o tema sempre é analisado pelo superintendente do setor ao qual pertence o médico pesquisador. EM CRESCIMENTO Em 2014, foram aprovados 20 projetos. Em 2015 ela científico, ou são líderes de alguns segmentos; outros Os médicos interessados devem amparou outros 26, mas a tendência é que o número procuram reconhecimento institucional. “O perfil varia, entrar em contato com a comissão cresça nos próximos anos. “Os projetos costumam ser de jovens pesquisadores aos médicos renomados da científica email multidisciplinares, envolvendo diferentes profissionais, instituição”, lembra o Dr. Uri, acrescentando que para se [email protected], como é o caso das pesquisas pela equipe de enfer- tornar um pesquisador “é preciso que haja comprome- em qualquer época do ano magem. Ressalta-se que a pesquisa está inserida na timento com a pesquisa, expertise na área de atuação e preencher os formulários missão e valores da instituição para o desenvolvimento e disponibilidade”. necessários. haja científico através do ensino e da pesquisa e é um dos o pilares do Programa de Relacionamento Médico capita- através necessidade Caso de acelerar O Coordenador da Unidade de Pesquisa do IECS lembra que a questão orçamentária é de fundamental impor- processo, a comissão científica neados pela Superintendência”, diz o Dr. Uri . pode convocar uma reunião Os motivos que levam os médicos a explorarem essa da pela indústria farmacêutica, mas alguns precisam veia acadêmica são muitos, segundo ele. Alguns resol- demonstrar a sua viabilidade econômica por meio de vem utilizar a pesquisa como benchmark no universo captação de recursos externos. extraordinária. 04 do VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ tância. A maioria dos projetos costuma ser patrocina- ENTRE OS QUATRO MELHORES DO BRASIL, SEGUNDO RANKING DA REVISTA AMÉRICA ECONOMIA O cenário econômico de custos crescentes na área da saúde, em 2015, foi um estímulo à capacidade do Hospital Alemão Oswaldo Cruz de se reinventar. A Instituição otimizou a sua vocação produtiva e a qualidade dos seus serviços assistenciais, ficando em quarto lugar em âmbito nacional, segundo o ranking promovido anualmente pela publicação América Economia. Nos últimos quatro anos, o Hospital recebeu um investimento de R$ 420 milhões na sua área física, que foi direcionado ao aprimoramento dos centros de especialidades e capacitação dos profissionais de saúde. O ranking também considera a união de esforços entre o governo e a iniciativa privada. Certificado como um dos seis hospitais de excelência, de acordo como Ministério da Saúde, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz vem contribuindo principalmente com o incremento da segurança dos pacientes. Já são 14 hospitais de diferentes regiões beneficiados pelo programa, além de unidades básicas de saúde nos âmbitos federal e municipal. “Temos desempenhado um importante papel no desenvolvimento da rede de assistência do governo”, afirma Paulo Vasconcellos Bastian, Superintendente Executivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. GUERRA À DENGUE Para tentar conter a crescente incidência da dengue, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz participou de um atendimento prestado pela prefeitura de São Paulo, por meio de uma tenda instalada na Zona Leste da cidade. De acordo com o Dr. Ícaro Boszczowski, Coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a intenção era ampliar o número de beneficiados, que no ano passado ficou em 1377 pacientes ou 2468 consultas (média de 1,79 atendimentos por paciente). De 2013 para 2014, o número de casos de dengue em todo o país cresceu cinco vezes, enquanto de 2014 para 2015, este número foi 3 vezes superior. Somente na capital paulista foram registrados 875 casos por 100.000 habitantes. Segundo o Dr. Ícaro, a Instituição está preparada para atender os casos de Zika e Chikungunya, doenças causadas pelo mesmo vetor, o mosquito Aedes aegypti. VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 05 GIRO PELO HOSPITAL Entrega do certificado da JCI pela Superintendente de Acreditação do CBA, Dra. Manuela Pinto Carneiro Alves dos Santos HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ ESTÁ ENTRE OS MELHORES DO MUNDO Instituição ocupa posição de destaque internacional e é uma das seis de excelência no Brasil O que já era excelente ficou ainda melhor. Esse é o resultado do terceiro processo de acreditação pelo qual passou o Hospital Alemão Oswaldo Cruz no final de 2015. O Hospital mudou de patamar, ficando acima da média registrada pelas instituições que alcançaram a melhor performance no mundo conforme os critérios da Joint Commission International (JCI), uma das mais importantes certificadoras da qualidade assistencial hospitalar. A instituição foi reacreditada pela terceira vez pela JCI. “Estamos entre os primeiros do planeta”, comemora Daniella Romano, gerente de Desenvolvimento Institucional. Ela destaca que o Hospital alcançou uma conformidade plena e que esse score, maior resultado obtido desde o início das avaliações, em 2009, é medido a partir de uma análise comparativa com outros centros hospitalares que também passam pelo processo de acreditação. Na prática, o Hospital ficou entre os primeiros colocados dentro de um universo de 800 instituições já mensuradas em nível internacional. Além disso, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz faz parte da seleta lista dos Hospitais de Excelência do Brasil, chancelados pelo Ministério da Saúde. Os integrantes da JCI avaliaram 285 padrões, distribuídos em 14 capítulos que englobam práticas ou processos que devem obter, no mínimo, uma nota nove. MATURIDADE INSTITUCIONAL A equipe multidisciplinar foi essencial em cada uma das etapas da qualificação, por conta das várias visitas da JCI que ocorreram ao longo de 2015. “A postura assertiva dos colaboradores, que demonstraram segurança em receber os avaliadores, sentindo-se prontos a responder aos questionamentos, mostrando as evidências e as capacitações desenvolvidas, além do apoio do gestor”, complementa Daniella Romano. Em sua opinião, isso representa um amadurecimento institucional para a equipe multidisciplinar, que ganha em autoconfiança, além de ser um benefício para os pacientes que podem ter mais tranquilidade e a certeza de estarem contando com processos assistenciais de primeira linha. EQUIPE MAIS MADURA, PACIENTES MAIS SATISFEITOS Durante a visita da JCI ao Hospital, alguns pacientes deram suas impressões para os avaliadores, com relação ao atendimento assistencial praticado. A conclusão foi a de que eles se sentem acolhidos e seguros no hospital, confiam na equipe, fortalecendo o posicionamento e valores do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, que são baseados na vocação para o cuidar e num modelo assistencial focado nos pacientes e seus familiares. O Superintendente Executivo exibe o certificado de reacreditação da JCI 06 VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ ANESTESIOLOGIA: A EVOLUÇÃO DA AGULHA DA RAQUIDIANA Durante quase uma década, a tão famosa anestesia Raquidiana - muito utilizada para cirurgias na região abdominal e extremidades inferiores, inclusive, na cesariana - foi abandonada pelo fato de provocar dor de cabeça nas pessoas que a recebiam. A sua ponta biselada diminuía a pressão liquórica no espaço raquidiano, causando cefaleia em seguida à perfuração da dura-máter (membrana que envolve o cérebro e a medula espinhal). “Por conta da perda de líquido as pessoas sentiam a Antes cefaleia quando se levantavam”, explica o Dr. Milton Dantonio, anestesista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Hoje, segundo ele, em função do moderno design do seu orifício, a agulha em ponta de lápis resgatou o papel da anestesia raquidiana, visto que não causa nenhum tipo de lesão nas fibras da dura-máter. Atualmente, menos de 0,5% das pessoas são acometidas de cefaleia depois Agulha Ponta de Lápis desse tipo de anestesia. DICAS DO TASY O Hospital Alemão Oswaldo Cruz tem se beneficiado com o uso da Tecnologia da Informação e Comunicação para atender pacientes com diversas enfermidades. Dentre os softwares e hardwares disponíveis, destacamse, por sua importância na avaliação da condição clínica dos pacientes, os equipamentos de monitoramento de sinais vitais, tais como frequência cardíaca, temperatura, dos sinais vitais no sistema; • Maior disponibilidade de tempo aos cuidados do paciente; • Maior precisão dos registros referente aos dados vitais do paciente; • Melhor assistência do paciente baseado em históricos dos registros dos sinais vitais. pressão arterial e saturação de oxigênio. Alguns padrões de interoperabilidade para área médica Foi desenvolvido um projeto em parceria com a Philips têm sido adotados com o objetivo de compatibilizar a Tasy e Philips Monitores, cujo objetivo principal era utilização desses aparelhos em sistemas integrados. a integração dos sinais de monitorização às demais Dentre estes, destaca-se o Health Level Seven (HL7) informações do paciente, presentes no sistema de dados que define um formato comum para transmissão, hospitalar de forma que toda a equipe multidisciplinar recepção e armazenamento de informações clínicas, pudesse ter o registro automático da informação dos padrão este utilizado na integração entre o sistema Tasy dados vitais do paciente. e equipamentos Philips. Alguns benefícios alcançados com a “Integração A UTI e a RPA foram áreas contempladas com esta dos Sinais Vitais”: melhoria notificando sucesso com este novo recurso. • Auxílio no processo de registro dos dados manuais; As próximas áreas a serem contempladas serão as salas • Ganho de tempo referente aos registros automáticos operatórias do Centro Cirúrgico. VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 07 GIRO PELO HOSPITAL DIA A DIA DO MÉDICO O ano mal começou e já traz grandes desafios para todos. O noticiário não para de revelar indicadores do que nos espera pela frente. Quando se tem um propósito e os cenários não ajudam muito, um novo ciclo estimula a pensar em fazer novas escolhas. Afinal, nunca é tarde para desenhar uma nova trajetória para se chegar ao mesmo ou a um novo objetivo. Para um exercício inicial, um pouco de retrospectiva não faz mal a ninguém. Quais foram os aprendizados do ano passado que fizeram você ou alguém refletir e mudar algum hábito antigo? Em qual circunstância isso ocorreu? Como você disseminou este conhecimento na sua área de atuação? Quais as leituras que você teve nos últimos meses e quais discussões promoveu a respeito dos temas lidos? A partir daí, ficará mais fácil relacionar o que se pretende aprender, os conhecimentos que precisa adquirir, o idioma que deseja estudar ou aprimorar e, por conseguinte, que comportamento precisará mudar para que as coisas comecem a acontecer. Ampliar a rede de relacionamentos também contribui muito para novos aprendizados. Participar de grupos de discussão presenciais ou não, de redes sociais que compartilham e disseminam informações de interesse, estimulando a troca entre as pessoas, pode ampliar seus conhecimentos. “O simples hábito de criar repositório de ideias e práticas para estimular a integração e discussão com outros, trará novos pensamentos e novas visões de mundo que ajudarão a construir novos caminhos com ações diferenciadas e invovadoras.” Nestes tempos difíceis, planejar o autodesenvolvimento e compartilhar conhecimentos devem ser uma constante para podermos enfrentar este período de crise e transformar a realidade o mais breve possível. O simples hábito de criar repositório de ideias e práticas para estimular a integração e discussão com outros, trará novos pensamentos e novas visões de mundo que ajudarão a construir novos caminhos com ações diferenciadas e invovadoras. Ficou com dúvidas? Precisa de ajuda? Entre em contato comigo, terei o maior prazer em atendê-lo. Celso Hideo Fujisawa [email protected] (11) 3469-8788 / (11) 9.9975-1186 08 VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ PERSONAGEM HAOC DR. MARCELO OLIVEIRA DOS SANTOS, A CANCEROLOGIA A SERVIÇO DO PACIENTE Fazia quase dois meses que o oncologista clínico Marcelo Oliveira dos Santos havia vestido oficialmente o jaleco do Hospital Alemão Oswaldo Cruz quando foi eleito, em outubro do ano passado, médico honorário do Corpo Clínico, por causa de uma vida profissional dedicada à “cancerologia”, como costuma dizer. O pernambucano que chegou a São Paulo, há 38 anos, para fazer residência em Oncologia Clínica no Hospital A C Camargo, é do tipo fiel. Desde o início da sua carreira frequenta a Instituição com a certeza de que ela conserva um jeito diferenciado de olhar para o paciente. Ele é do tempo em que ainda não haviam tecnologias sofisticadas a serviço do diagnóstico e dos tratamentos de câncer, como a ultrassonografia e a tomografia computadorizada, que surgiram na década de 80, e que os exames eram predominantemente baseados no exame clínico e na boa conversa. Por 17 anos dedicou seu tempo aos pacientes do Hospital do Ipiranga- Inamps/SUS, onde montou um dos primeiros serviços completos de oncologia clínica com residência médica, cujo atendimento oferecia um amplo leque de especialidades e comodidade para os pacientes. Por outros 17 esteve à frente da Oncologia Clínica do Hospital Santa Catarina, onde fez o setor, antes com 40 m² e quatro pontos de atendimento de quimioterapia, crescer para uma unidade ambulatorial com quase mil m2,, quase dois andares de mil m², com os mais diferenciados serviços, ambulatório e um andar exclusivo para internação com 30 apartamentos. Durante todo esse período, porém, nunca deixou de atender os pacientes no seu próprio consultório, que funciona desde os primórdios da sua trajetória, sempre depois do expediente dos lugares onde trabalhou. Foi por essa via, aliás, que estreitou sua ligação com o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, “um dos melhores de toda a América Latina”, local onde sempre internou seus pacientes e onde diz sentir-se “plenamente em casa”. Além desse fato, outro motivo que o faz agora dedicar-se praticamente 100% à Instituição, é o desafio de integrar um time que tem por missão tornar o novo Centro de Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz uma referência nacional e internacional para o paciente oncológico, agregando sua bagagem desenvolvida, sobretudo, nos casos de tumores sólidos como os de mama, pulmão, gastrointestinais e ginecológicos. Ele pensa que dentro de uma instituição de excelência que dispõe das melhores tecnologias, profissionais de renome e também de uma filosofia própria de muito acolhimento, a tarefa será, no mínimo, muito interessante. É possível traçar um paralelo entre a Oncologia do nosso tempo e de quando o Sr. começou? R. Quando comecei éramos considerados quimioterapeutas ou cirurgiões que prescreviam medicações. Os aparelhos de radiologia e os exames eram convencionais. A cancerologia era eminentemente cirúrgica e as operações eram complexas e extensas. As cirurgias de mama, por exemplo, eram invariavelmente do tipo mastectomia radical. A Oncologia Clínica ainda não havia sido definida como especialidade. Tudo começou a mudar com o surgimento da cisplatina, nos anos 80, um quimioterápico que foi um marco no tratamento dos tumores sólidos e da introdução dos cateteres venosos centrais. “Perde-se a veia, perde-se a vida”, era um dito muito comum na época. Os braços ficavam inchados por causa das drogas vesicantes, com feridas profundas. E do ponto de vista do profissional? Quais são as diferenças? R. Vejo que o momento atual oferece mais recursos tecnológicos, mais conteúdo em termos formação acadêmico-científica intelectuais, mas o paciente se sente pouco tocado, no sentido de ser examinado mesmo. Eu já cronometrei o tempo de uma visita, entre a conversa e o exame clínico, da cabeça aos pés, dando toda a atenção necessária e não deixando de verificar nada, e não se passaram mais do que 15 minutos – enquanto uma alta hospitalar, por exemplo, em função dos procedimentos burocráticos, demanda cerca de 50 minutos. O que as pessoas precisam perceber é que essa é uma especialidade bastante complexa. É importante o papel do médico assistencialista. É preciso estar à disposição dos pacientes, de fato. Eu costumo atender no segundo toque do meu celular, independente do dia e horário. E gosto de uma primeira consulta mais duradoura. A minha costuma levar uma hora. Outra grande diferença é que na medicina atual a informação é rápida e baseada em evidências científicas. Dr. Marcelo Oliveira dos Santos Como o Sr. vê a evolução da Oncologia daqui para frente? R. Acho que estarei de um lado do monitor do computador, no posto de enfermagem, e o doente no quarto. Eu direi para ele, “coloque esse aparelho em formato de mão que está ao lado da sua cama em cima da sua barriga. Agora, mude para a altura do pulmão. Pelo que eu vi no meu monitor, o Sr. está muito bem. Nos veremos na visita semanal, qualquer coisa, o Sr. me avise que voltamos a nos conectar”. Paradoxalmente, a medicina será cada vez mais personalizada, com emprego de drogas alvo-específico, com alto nível de eficácia e seletividade em relação aos tumores, embora deva ser cada vez menos necessário examinar o paciente, devido à crescente sensibilidade dos métodos diagnósticos. Meu único receio é esse, se haverá disponibilidade por parte dos médicos em tocar o paciente e ouvi-los, pois mesmo com todo esse panorama, o paciente vai preferir que eles se façam presentes dando a devida atenção que nunca cairá em desuso. VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 09 Dr. Sergio Roll - Médico resonsável pelo Centro da Hérnia CENTRO DE HÉRNIA COMEÇA A OFERECER CIRURGIAS COMPLEXAS COM O USO DO ROBÔ Um dos maiores especialistas do mundo demonstrou sua técnica em evento realizado no Hospital Alemão Oswaldo Cruz 10 VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ ENTREVISTA Com uma casuística de mais de mil casos de cirurgias a buscar um treinamento focado nos Estados Unidos, complexas de hérnias, feitas com o uso do robô, o médi- com o próprio Dr. Conrad Ballecer, no ano passado. co norte-americano, Dr. Conrad Ballecer, atraiu um gru- Com a vinda do especialista norte-americano para o po de profissionais bastante focado no I Simpósio de Brasil, ele terminou de consagrar o aprendizado que Cirurgia Robótica da Hérnia, ocorrido em dezembro, no veio de encontro ao que vislumbrou para o Centro de Hospital Alemão Oswaldo Cruz. “Foi o primeiro evento Hérnia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. “Com essa do gênero em toda a América Latina”, informa o Dr. Ser- técnica que faltava podemos tornar o centro uma im- gio Roll, especialista responsável pelo Centro de Hérnia portante referência nas cirurgias de alta complexida- e agora também expert nesse tipo de procedimento de da hérnia na América Latina”, diz ele. que oferece enormes vantagens para os pacientes. Durante o evento, organizado pelo Instituto de Edu- EXPERTISE E GRUPO MULTIPROFISSIONAL cação e Ciências da Saúde (IECS), o Dr. Conrad Balle- Em 2016, a meta é investir no crescimento do Centro cer, um dos mais renomados especialistas no assunto, de Hérnia, potencializando também o atendimento a mostrou e comentou, ao vivo, para os 50 participan- esses casos mais complexos. O responsável pelo cen- tes, uma das sete cirurgias realizadas ao lado do Dr. tro diz que conta com um grupo multiprofissional ca- Roll, durante os três dias em que esteve no Brasil. Se- pacitado, composto por fisioterapeutas, fisiatras, en- gundo o Dr. Roll, trata-se de uma técnica que mimeti- fermeiros, além dos cirurgiões. “A ideia é oferecer uma za a cirurgia aberta, realizada em casos que apresen- solução cirúrgica eficaz para pacientes complexos tam maior complexidade em hérnias do tipo incisional num centro de excelência”, diz o Dr. Roll. Ele ressalta e inguinal. que um serviço especializado como esse não existia “Os resultados são incomparavelmente superiores nem no Brasil, nem no restante do Continente. àqueles obtidos tanto na chamada cirurgia a céu A robótica vem ganhando importância na Europa, ao aberto, quanto na própria laparoscopia. Para os pa- longo dos últimos três anos, sobretudo nos Estados cientes é a garantia de uma recuperação mais rápida, Unidos, país que a inventou. O Dr. Sergio Roll acredi- com menos complicações e menos dor no pós-opera- ta que a perspectiva é boa no Brasil, especialmente tório. E para os médicos a técnica ainda é mais confor- quando se consideram os benefícios que asseguram tável, ergonomicamente falando”, assegura o Dr. Roll. maior qualidade de vida aos pacientes. “Tenho a sen- Na prática, as hérnias complexas, que representam sação de que a satisfação dos pacientes operados 47% dos procedimentos, vão ganhar muito com esse com a robótica é infinitamente maior”, diz ele. tipo de cirurgia minimamente invasiva. A tecnologia Com relação ao público candidato às cirurgias minima- robótica é mais indicada pelo fato de alcançar os mente invasivas, ele diz que não há uma estimativa, locais de difícil acesso. As pinças do robô, que de- embora 11% dos pacientes que se submetem a pro- sempenham a função dos punhos, conseguem fazer cedimentos na parede abdominal venham a desen- manobras que o cirurgião não conseguiria e o profis- volver algum tipo de hérnia, conforme estimativas sional ainda conta com uma visão tridimensional, por norte-americanas. meio do seu recurso 3D. Além disso, o robô atua com mais eficácia nas regiões da parede abdominal que já sofreram outras cirurgias ou tem hérnias grandes, de até 15 cm de diâmetro, telas prévias ou alças grudadas. Ele explica que a hérnia normalmente é multirecidivada, ou seja, requer vários procedimentos cirúrgicos, e que o robô executa movimentos delicados, oferecendo uma precisão ímpar, por exemplo, na hora de soltar as estruturas coladas. Foram essas vantagens que levaram o Dr. Sergio Roll DEVOLVENDO O APRENDIZADO Com 30 anos de experiência em cirurgias de hérnia, o Dr. Sergio Roll esteve na Universidadede de Washington em junho, dando uma palestra sobre a colocação de tela em cirurgias robóticas da hérnia incisional complexa. VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 11 EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS ‘OPEN DAY’ DA FECS ENFOCA MERCADO DE TRABALHO NA ÁREA DA SAÚDE As competências exigidas pelo mercado de trabalho, que atualmente demandam um equilíbrio entre as habilidades técnicas e as de relacionamento, foram um dos temas que atraíram cerca de 60 interessados ao Open Day, evento realizado no último sábado de fevereiro pela Faculdade de Educação em Ciências da Saúde (FECS) do Hospital Alemão Oswaldo Cruz para falar de seus novos cursos de pós-graduação e MBAs. Segundo Andrea Fini, Supervisora de Desenvolvimento Humano da Instituição, as chamadas hard-skills, que representam o saber técnico e conceitual são as que acabam decidindo as vagas para os candidatos. Mas são os atributos individuais ou soft-skills, como a capacidade de trabalhar em equipe ou uma atitude positiva, por exemplo, que garantem a permanência dos profissionais em seus cargos. A relação entre as competências individuais e as empresariais constituem outro desafio para os profissionais que devem estar alinhados com a filosofia corporativa e com as estratégias concebidas pelas instituições. O tema foi abordado pelo Prof. Dr. Fernando Serra, palestrante convidado do MBA de Administração Hospitalar e Gestão em Saúde. “É preciso que haja essa sinergia para que os indivíduos e as empresas tenham sucesso”, afirma o Prof. Dr. Andrea Bottoni, Diretor Acadêmico da FECS. Segundo ele, esse é o grande enfoque propiciado aos que frequentam a Faculdade de Educação em Ciências da Saúde, cujos cursos têm essa preocupação em oferecer uma teoria em perfeita sintonia com a prática, de forma a permitir que os alunos desenvolvam todas as facetas exigidas pelo mercado de trabalho atual. “Os nossos cursos nasceram com esse enfoque. Podemos dizer que a FECS vem sendo reconhecida por esse diferencial”, observa Bottoni. Novas habilidades técnicas e comportamentais foram discutidas no evento 12 VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ CURSOS DE PÓS E MBAS Com enfoque interdisciplinar e visão mercadológica, o curso de Nutrição Hospitalar teve início no dia 29 de fevereiro. O de Fisioterapia Hospitalar em 4 de março, enquanto os de Psicologia Hospitalar e Gerontologia com ênfase em Terapia Cognitiva, começaram nos dias 4 e 5 de abril, respectivamente. Já os cursos de Enfermagem em Terapia Intensiva, Enfermagem em Centro Cirúrgico e Centro de Material Esterilizado, tiveram início no dia 8 de abril. As aulas do MBA de Administração Hospitalar e Gestão em Saúde tiveram início no dia 15 de abril e o de Qualidade em Saúde: Gestão e Acreditação, em parceria com o Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA), no dia 14 de abril. Já o MBA de Economia e Avaliação de Tecnologias em Saúde, em parceria com a FIPE, ainda não tem data prevista para começar. VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 13 EXAMES LABORATORIAIS HEMATOLOGIA ANÁLISE DE HIPERMUTAÇÃO DO GENE IGHV AJUDA A DEFINIR PLANO TERAPÊUTICO NA LLC Doença linfoproliferativa das células B, caracte- evolução, caracterizada tanto por menor sobrevida rizada pelo acúmulo de linfócitos B maduros e global quanto livre de eventos. pequenos no sangue periférico, na medula óssea O teste molecular é realizado por transcrição re- e nos órgãos linfoides, a leucemia linfocítica crô- versa e amplificação do RNA mensageiro corres- nica (LLC) evolui de forma pondente ao gene IGHV, variável, de meses a anos, seguidas por sequencia- dependendo dos fatores mento e comparação com prognósticos associados. banco de dados. Pode ser Atualmente, a avaliação feito tanto em amostras precoce de tais fatores de sangue periférico quan- tem mostrado importância to de medula óssea, com cada vez maior, uma vez resultado fornecido em que auxilia a determinação laudo interpretativo. do plano terapêutico mais Convém lembrar que ou- adequado para o paciente. tros aspectos clínicos e ge- Nessa situação, a análise néticos também se correla- de hipermutação somática cionam com o prognóstico no gene da região variável da LLC. A idade avançada, da cadeia pesada de imu- o sexo masculino e o grau noglobulina (IGHV) vem ga- de linfocitose, por exemplo, nhando destaque. A deter- estão entre características minação da hipermutação de evolução desfavoráveis. (casos mutados) confere Ademais, o padrão de infil- prognóstico favorável e indica doença indolente, tração da medula óssea e alterações cromossômi- enquanto os casos de LLC com ausência da hiper- cas como deleção 17p, deleção 11q, trissomia 12 mutação (casos não mutados) apresentam pior e deleção 13q associam-se ao prognóstico. Assessoria Médica Dr. Alex Freire Sandes / [email protected] Dra. Maria de Lourdes Chauffaille / [email protected] Dr. Matheus Vescovi Gonçalves / [email protected] 14 VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ COMO EU TRATO SÍNCOPE NA UNIDADE DE EMERGÊNCIA Dr. Rodrigo Morel Vieira de Melo Médico da Unidade de Terapia Intensiva - Hospital Alemão Oswaldo Cruz INTRODUÇÃO A síncope é caracterizada pela perda transitória da consciência e tônus postural seguida por uma rápida e espontânea recuperação da atividade neurológica basal. O mecanismo fisiológico consiste na hipoperfusão global de ambos os córtex cerebrais ou na hipoperfusão focal do sistema reticular ativador ascendente. É um problema médico comum e incapacitante, podendo estar associado à causas benignas ou ser um fator de risco para morbi-mortalidade cardiovascular. EPIDEMIOLOGIA O reconhecimento de síncope como um problema de saúde coletiva já está bem documentado. O estudo Framingham reportou uma incidência de 0,62% em 01 ano, com incidência cumulativa em 10 anos de 6%. Devido a sua alta prevalência, constitui uma apresentação frequente em unidades de emergência, sendo responsável por até 3% dos atendimentos e 6% das internações hospitalares, com elevada taxa de recorrência (21%). ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA Está implícito na definição de síncope, a importância de diferenciá-la de outras condições não-síncope que causam perda da consciência, mas sem hipofluxo cerebral (hipoglicemia, crise convulsiva), além de patologias que podem apresentar perda da consciência mas sem recuperação plena e espontânea após (acidente vascular cerebral, parada cardiorrespiratória). Esta diferenciação, muitas vezes, torna-se um desafio na unidade de emergência, e apresenta implicações práticas no tratamento e prognóstico destes pacientes. As causas de síncope são subdivididas conforme o mecanismo fisiopatológico: • Síncope neuralmente mediada: Resposta reflexa que quando desencadeada gera bradicardia e vasodilatação periférica com hipotensão sistêmica e hipofluxo cerebral secundário. É a causa mais comum, variando a prevalência nos estudos entre 25% até 80% dos episódios. O tipo de fator desencadeante que inicia o reflexo origina alguns subtipos, o mais comum deles é a síncope vasovagal, sendo mais frequente em jovens. São fatores deflagradores conhecidos: o calor excessivo, ortostase prolongada, jejum, hipovolemia, uso de bebidas alcoólicas, visão de sangue e cheiro forte. • Síncope de origem cardiovascular: O seu reconhecimento imediato é de extrema importância tendo em vista que estes pacientes estão sob risco aumentado de morte súbita. O hipofluxo cerebral ocorre devido à redução do débito cardíaco através de dois mecanismos possíveis. • Arritmias cardíacas (Síndrome de Stokes-Adams): Diminuição no débito cardíaco associado à bradarritmias ou taquiarritmias. Bloqueios atrioventriculares representam (50-60%) dos casos, bloqueio sinoatrial (30-40%) e taquiarritmias (5%). • Doença estrutural cardíaca: Incapacidade do coração de elevar o débito cardíaco frente ao aumento da demanda circulatória, como ocorre no esforço físico. O débito cardíaco pode estar limitado cronicamente devido à doença valvar estenosante e insuficiência cardíaca, ou agudamente como no tromboembolismo pulmonar. VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 15 QUADRO CLÍNICO E AVALIAÇÃO INICIAL Todos os pacientes que se apresentam na unidade de emergência com o quadro sugestivo de perda transitória da consciência devem ser submetidos a uma avaliação inicial, que além da anamnese e exame físico direcionado, com medida da pressão arterial em posição supina e após ortostase, deve conter um eletrocardiograma de repouso. O objetivo principal do emergencista não é identificar de forma precisa a causa da síncope, e sim reconhecer quais pacientes necessitam ser hospitalizados, e os que podem ser encaminhados para avaliação ambulatorial com segurança. Deve-se, portanto, buscar, através da estratificação inicial, sinais e sintomas sugestivos de etiologia cardiovascular como a ausência de pródromos (síncope desliga-liga) ou alterações nos exames cardiovasculares. QUANDO É SEGURO NÃO HOSPITALIZAR? Pacientes com isolados ou raros episódios de síncope, sem evidências de doença cardiovascular após a avaliação inicial, e que apresentam eletrocardiograma normal provavelmente tem o diagnóstico de síncope neuralmente mediada. Esses pacientes cursam com um bom prognóstico e podem completar a avaliação diagnóstica ambulatorialmente. Deve-se orientar os pacientes para evitar situações de risco, como direção automobilística, até concluir a investigação. QUANDO HOSPITALIZAR? A decisão de internar os pacientes baseia-se em dois objetivos: para diagnóstico ou tratamento. Como regra geral, todos os pacientes com suspeita de síncope de origem cardíaca devem ser internados para investigação e condutas apropriadas. O OESIL score foi criado em 2002 como uma CONCLUSÃO ferramenta prática para auxiliar o médico emergencista nesta decisão. No trabalho original, foram A síncope é um sintoma clínico comum considerados como preditores de mortalidade em 12 meses os seguintes achados, cada item contabilizando um ponto: 1 – Idade > 65 anos. 2 - História de cardiopatia na anamnese. 3 – Síncope sem pródromos. 4 – ECG alterado. • 2 pontos: Mortalidade em 12 meses: 19,2% • 3 pontos: Mortalidade em 12 meses: 34,7% consciência em razão de redução do fluxo sangüíneo cerebral, com perda do tônus postural e rápida recuperação espontânea. • 0 pontos: Mortalidade em 12 meses: 0% • 1 ponto: Mortalidade em 12 meses: 0,8% caracterizado pela perda temporária de Assim, preconiza-se a investigação de síncope em ambiente hospitalar pacientes com OESIL score ≥ 2 pontos. • 4 pontos: Mortalidade em 12 meses: 57,1% TRATAMENTO Os principais objetivos no tratamento do paciente com síncope consistem na prevenção da recorrência dos episódios, em todos os casos, e na diminuição da mortalidade nos pacientes com doença cardiovascular associada. É de importância fundamental diferenciá-la de outras causas de comprometimento do nível de consciência (não-síncope) tendo em vista as implicações prognósticas e terapêuticas. O objetivo principal do emergencista é tentar identificar os pacientes com síncope de origem cardíaca. Devido à sua maior morbi-mortalidade esses casos se beneficiam de completar a avaliação diagnóstica internados. Síncope neuralmente mediada - Deve-se tranquilizar os pacientes reafirmando a benignidade desta condição. O manejo no início é essencialmente educacional, visando à interrupção de situações potencialmente deflagradoras, e o reconhecimento dos sintomas prodrômicos. O tratamento BIBLIOGRAFIA não está indicado para pacientes com episódio isolado de síncope e não pertencentes a grupos de 1. Brignole M, Alboni P, Benditt D et al. Guidelines on management (diagnosis and treatment) of syncope. Eur Heart J 2001;22:1256–306. risco (motoristas, operadores de máquinas, etc...). Síncope de origem cardiovascular - Nos pacientes com síncope secundária à arritmia que apresentam-se hemodinamicamente instáveis ou mantendo alteração no nível de consciência devem ser imediatamente tratados com cardioversão elétrica (taquiarritmias) ou com marcapasso transcutâneo (bradarritmias). Após a estabilização inicial um médico especialista deve ser consultado. Nos casos de tromboembolismo pulmonar o tratamento específico consiste na anticoagulação plena e fibribrinolíticos (se instabilidade hemodinâmica). Já para pacientes com doença cardíaca estrutural o tratamento deve ser direcionado para a causa de base. 2. Kapoor W. Syncope. N Engl J Med 2000;343: 1856-62. NA TRILHA DA AVENTURA Basta ele despontar no estacionamento do Hospital Alemão Oswaldo Cruz com a sua Toyota Bandeirante enlameada para os funcionários concluírem que ele vivenciou alguma aventura em seu momento de folga. Também não é para menos. Se não está cumprindo uma jornada profissional que, às vezes, tem mais de 12 horas diárias, é quase certo que o radio-oncologista Rodrigo de Morais Hanriot, 46 anos, esteja nas trilhas que o divertem há cerca de uma década. “Quando não estou na estrada, aproveito as horas de lazer para planejar a próxima aventura”, diz o médico que admite ter sido “contaminado pelo vírus” do rally, desde que adquiriu o primeiro troller em 2006. De lá para cá já viu chover no deserto do Atacama, no Chile, o que lhe permitiu apreciar as flores dos cactos, super-raras, e os gêiseres - nascentes termais que lançam uma coluna de água quente e vapor para o ar -, além de ter feito percursos inusitados e de natureza exuberante em rios, cachoeiras e estradas não usuais do Tocantins, Mato Grosso e Ceará, dentro do circuito paralelo do Rally dos Sertões. Essas foram as duas maiores expedições já realizadas, em 2011 e 2013, com duração em torno de quinze dias cada uma. Mas pelo menos uma vez por mês ele abandona o asfalto para fazer a sua Toyota enfrentar algum desafio diferente, ao redor de São Paulo. No final do ano passado, por exemplo, o Dr. Rodrigo encarou uma das trilhas da Serra da Cantareira, na esperança de poder dominar o famoso “Buraco do Camel”, ícone no off-road extremo, no Brasil, já que os seus 12 quilômetros costumam levar até 48 horas para serem percorridos. “Faltou chuva para essa”, lamenta o Dr. Hanriot, contando que a mulher e as duas filhas, de 15 e 10 anos, costumam compartilhar o hobby, normalmente praticado em comboio para aumentar a segurança dos pilotos. “A pequena é mais entusiasmada”, revela. A chuva, aliás, é o pretexto para convocar uma expedição de última hora. Ele diz que faz parte de alguns grupos de jipeiros e que se cai uma água mais forte, eles se comunicam rapidamente para definir uma trilha que, em geral, é alimentada pela adrenalina, mas também pela possibilidade de ajudar quem está atolado na estrada. “É um dos momentos mais emocionantes do off-road”, confessa. O Dr. Rodrigo Hanriot conta que o gosto pelo jeep começou a ser cultivado ainda na infância, no sul de Minas, em Pouso Alegre, nas fazendas de café da família. O veículo era utilizado principalmente como instrumento de trabalho. E, de vez em quando, também para “aprontar alguma” nas estradas de terra com os primos. “Ainda tenho muito a explorar pela América Latina”, afirma, acrescentando que a Transamazônica e Ushuaia, na Província da Terra do Fogo, na Argentina- entre muitos outros destinos tão inóspitos quanto esses-, estão nos seus planos. Dr. Rodrigo Hanriot MATÉRIA DE CAPA ATENDIMENTO INTEGRADO É O DIFERENCIAL DO NOVO CENTRO DE ONCOLOGIA Inaugurado recentemente, o espaço conta com equipes multidisciplinares capazes de oferecer cuidados personalizados aos pacientes Um atendimento integrado de A a Z é a proposta do novo Centro de Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, inaugurado recentemente e que passa a olhar para o paciente de forma preventiva, durante o seu tratamento e também no que diz respeito aos cuidados personalizados para integrá-lo de volta à vida normal, da melhor maneira. “Vamos cuidar do paciente como um todo”, informa o Diretor Geral do Centro de Oncologia, Prof. Dr. Riad Younes, cujo cargo não existia antes do novo espaço que foi ampliado e agora presta um atendimento inteligente, por alocar, num só local, profissionais de diferentes áreas voltados para atender somente os pacientes oncológicos. Uma das vantagens, por exemplo, é o fato de que os horários de atendimento são predeterminados de acordo com os diversos tipos de câncer. Assim, uma paciente que busca auxílio para o tratamento de câncer de mama poderá contar com um oncologista clínico e um radioterapeuta, especializados em mastologia, e se for o caso, realizar no mesmo dia uma punção, além de usufruir dos serviços adjacentes, como o de infusão de quimioterapia, a psiconcologia, entre outros. “Estamos criando um centro que tende a ser único em sua amplitude de serviços voltados 18 aos pacientes oncológicos, em uma Instituição que atende várias especialidades”, afirma o Dr. Mauro Medeiros Borges, Superintendente Médico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Segundo ele, o novo Centro demonstra a intenção em concentrar investimentos nas áreas-foco, de forma que elas se tornem referência em todo o País. Dr. Riad complementa, explicando que o tripé Oncologia Clínica, Radioterapia e Cirurgia estará perfeitamente sustentado pelas melhores equipes médicas e grupos multiprofissionais que terão à sua disposição os melhores recursos tecnológicos. “Com essa infraestrutura e especialmente com o diferencial do atendimento integrado, vamos oferecer o melhor antes, durante e depois do tratamento”, sintetiza ele. O profissional que chegou do Líbano com 16 anos e tornou-se um dos oncologistas mais respeitados da América Latina, lembra que no Brasil os tratamentos oncológicos costumam ser fragmentados e que a filosofia de cuidar dos pacientes em todos os seus aspectos nada mais é do que um dos princípios fundamentais da medicina. “Não adianta ter os melhores recursos se não houver esse enfoque”, pondera ele. Novo espaço de espera do Centro de Oncologia Com relação à prevenção, Dr. Riad lembra que a intenção é minimizar os riscos das pessoas virem a desenvolver um câncer, promovendo a saúde em todas as instâncias. “Um fumante que quer parar de fumar é um bom exemplo. Vamos descobrir o que o está impedindo de parar de fumar considerando aspectos emocionais, comportamentais e físicos”, diz ele. A questão genética também será contemplada em um dos novos serviços do Centro. “De ponta a ponta, vamos garantir que o paciente encontre aqui tudo o que precisar, sem ter que se preocupar com nada a não ser em se tratar”, diz ele. VÁRIOS PROFISSIONAIS: UMA SÓ ESPECIALIDADE Cerca de 60 médicos especialistas e 100 profissionais de outras áreas vão atuar nos oito consultórios e 19 áreas de aplicação de quimioterapia, que passa a oferecer maior comodidade para os pacientes que precisam passar por consultas com diversos profissionais. Multidisciplinar, o Centro terá períodos de atendimento específicos para uma Estamos criando um centro que tende a ser único em sua amplitude de serviços voltados aos pacientes oncológicos, em uma Instituição que atende várias especialidades. Dr. Mauro Medeiros Borges, Superintendente Médico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz mesma especialidade, em um único corredor da Torre A. VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 19 MATÉRIA DE CAPA “Vamos ganhar tempo nos tratamentos e assegurar Responsável por grande parte das atividades do Hospital um maior conforto aos nossos pacientes”, afirma o Alemão Oswaldo Cruz, a especialidade que cuida de pacientes Coordenador da Oncologia Clínica, o Dr. Jacques Tabacof. com câncer movimenta importantes serviços da Instituição Essa praticidade, na opinião do Dr. Tabacof, irá facilitar, como a UTI, área de exames, banco de sangue, entre outras. sobretudo, as primeiras consultas que embasam o diagnóstico, permitindo que ele aconteça de forma MÚLTIPLOS RECURSOS HUMANOS E precoce, como deve ocorrer com os tumores malignos, TECNOLÓGICOS que, em sua maioria, podem ser eliminados quando tratados logo no início. Além do INTRABEAM®, equipamento exclusivo dirigido ao tratamento dos cânceres de mama, que consiste em uma 20 A intenção é intensificar também a mensuração dos única dose de radiação, durante a cirurgia, a Oncologia desdobramentos clínicos dos pacientes e trabalhar dispõe dos mais modernos equipamentos e técnicas de com os indicadores que vão auxiliar as pesquisas e os tratamento. Recentemente a quimioterapia intraoperatória estudos da área. Nesse sentido, ele conta que a nova passou a integrar os diversos procedimentos realizados infraestrutura vai possibilitar a inclusão de pacientes em pelo Centro de Oncologia, em caráter permanente. O protocolos de pesquisas e que deverão ser realizados método é utilizado para o tratamento da carcinomatose cerca de seis estudos anuais. Com esse atendimento peritoneal, um tipo de tumor habitualmente raro, e em integrado e predominantemente ambulatorial, ele pensa alguns tipos de tumor de cólon e ovário. A HIPEC – sigla que a Oncologia estará mudando de patamar dentro da em inglês para Quimioterapia Intraperitoneal Hipertérmica Instituição e também no cenário nacional. –, consiste em associar o uso de drogas quimioterápicas VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ à cirurgia para a ressecção da carcinomatose visível (citorredução), e a um banho quente na máquina de circulação extracorpórea, que pode atingir até 42°. O Centro também está amparado pelas discussões de casos individualizados que reúnem os especialistas de primeira linha, na busca por explorar ao máximo essa perspectiva do trabalho integrado. “Com isso, temos crescido também em complexidade e resolução”, ressalta o Dr. Tabacof. “COMPETÊNCIA PARA TRATAR, SENSIBILIDADE PARA CUIDAR” O conceito que deu origem ao novo Centro de Oncologia resume a competência, o acolhimento e a abrangência pretendida pelo atendimento integrado. “O conceito visou integrar essa harmonia existente entre esses valores que nos definem”, observa o Prof. Dr. Riad Younes. VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 21 COMISSÃO DE BIOÉTICA SEMANA DE BIOÉTICA: “DOAÇÃO DE ÓRGÃOS” Sabe-se que a fila de transplantes é enorme, devido a falta de conhecimento da população leiga e de grande parte dos profissionais de saúde, razão pela qual tratamos desse tema na Semana de Bioética, com participação do palestrante Dr. Maurício Barros e dos moderadores Rosilene Duarte, Regina Paredes e Luiz Edmundo Fonseca: Dra Janice Nazaré Um único doador pode salvar em torno de 20 vidas e participar da recuperação de outras 80, pelo uso dos tecidos, como ósseo e cutâneo. 1- O doador não pode ter sífilis, hepatites, HIV (com exceção a receptores com a mesma sorologia) ou neoplasia de sistema nervoso central. Os limites de idade para doação são: coração e pulmões-55; válvulas cardíacas-65; pâncreas- 50 e fígado-70, embora existam exceções. 2- A doação requer o diagnóstico inquestionável de morte encefálica, cujo protocolo deve ser realizado de maneira inequívoca por dois médicos diferentes, que não sejam membros da equipe transplantadora. 3- Atualmente, não existe a possibilidade de se registrar por meio do RG ou Carteira Nacional de Habilitação a intenção de doação. A autorização será feita pelo familiar, que deverá ter mais de 18 anos, segundo grau de parentesco ou ser cônjuge. 4- No Brasil, 64% das pessoas têm intenção de doar, o que significa um alto índice de solidariedade, mas que não se traduz em número efetivo de doações. 5- As notificações de possíveis doadores pelos médicos são realizadas tardiamente (menos da metade dos casos de morte encefálica são notificados) e, muitas vezes, os doadores não recebem os cuidados necessários para manter a viabilidade do órgão. A Enfermeira Priscila Fukunaga, coordenadora de En- 22 VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ fermagem da Organização de Procura de Órgãos da Santa Casa de São Paulo, falou da abordagem dos familiares para a melhora da captação de órgãos, desde a chegada do paciente no hospital. Saber comunicar uma má noticia vai além da linguagem que utilizamos: é a soma da expressão verbal com a não verbal, do respeito à dor do outro, da autenticidade do que dizemos e da empatia que se estabelece. Trata-se de praticar a escuta ativa de quem sofre a perda! A comunicação deve ser clara e acarreta sentimentos contraditórios, como raiva, tristeza, ansiedade e medo, tanto na família como no profissional da saúde, que precisa estar preparado para identificá-los e colaborar na vivência do luto de quem recebe a má notícia. O acolhimento tem por objetivo atender aos anseios da família em momentos críticos e ajudá-la no que for possível, desde a compreensão da situação clínica do paciente até o diagnóstico da morte. Com o diagnóstico da morte confirmado, profissionais da saúde devem informar sobre a possibilidade da doação de órgãos e tecidos, a qual se inicia quando a família é consultada e assina o Termo de Doação de Órgãos e Tecidos. DÚVIDAS FREQUENTES DOS FAMILIARES 1. Quanto tempo leva para ocorrer o processo de doação de órgãos e tecidos de um doador falecido? R: Em torno de 12 h, após o momento em que a família assina o Termo de Doação de Órgãos e Tecidos. 2. O corpo do doador ficará deformado? R: Não. A retirada dos órgãos e tecidos é realizada com cuidado, técnica e respeito. 3. Os familiares do doador de órgãos e tecidos podem conhecer os receptores? R: Embora não exista nenhuma lei que proíba esse ato é indicado que os familiares do doador não conheçam os receptores. O anonimato deve ser preservado para a segurança de todo o processo. 4. A doação de órgãos garante alguma ajuda para o funeral? R: Alguns municípios no Brasil disponibilizam Auxilio Funeral ao doador de órgãos e tecidos. Neste sentido o sepultamento deve ocorrer no mesmo local do óbito. LIVRARIA UM CÉU MAIS PERFEITO Dr. Stefan Cunha Ujvari Infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz A escritora Dava Sobel é jornalista americana voltada As páginas iniciais descrevem os primeiros estudos Livro: Um Céu Mais Perfeito à divulgação científica. Suas obras expõem leitura de Copérnico para se formar médico, e quais locais Autora: Dava Sobel fluída e prazerosa. As páginas de Sobel passeiam europeus forneceram o início de sua formação Editora: Companhia das Letras pelo contexto histórico da época, e, ao mesmo médica. A obra segue para os anos seguintes Ano: 2015 tempo, descrevem passo a passo as descobertas em que Copérnico foi cônego. A rotina diária de da ciência. Foi assim em dois livros anteriores suas atividades católicas é entrelaçada com suas sobre a descoberta de como calcular a longitude pesquisas cientificas. O livro relata o contexto (Longitude), e a descrição dos planetas do sistema histórico de uma época conturbada da atual Polônia solar (Planetas). Agora, a Companhia das Letras com conflitos entre o clero, nobreza, e a violência da lança seu último livro Um Céu Mais Perfeito. Ordem dos Cavaleiros Teutônicos. O papa Leão X, na primeira metade do século XVI, As viagens de Copérnico para administrar as convocou teólogos e astrônomos para solucionar propriedades do clero são ricamente descritas um grave problema. A Páscoa, ao longo dos por Sobel, bem como os impostos cobrados aos séculos, era antecipada em dias. A duração do ano, camponeses que cultivavam as terras da Igreja, e superestimada em minutos, adiantava a data da seus frequentes desafios: fome e guerras. Sobel Páscoa. Havia algo de errado no calendário utilizado relata como Copérnico se envolveu em medidas desde que Julio Cesar o estabeleceu em 45 a.C. O estratégicas para solucionar as finanças da Igreja, as bispo responsável pela reforma do novo calendário adulterações das moedas e a fome dos camponeses recebeu a contribuição do jovem Copérnico, enquanto avançava nas suas pesquisas científicas. protagonista de Um Céu Mais Perfeito. Finalmente, como em um romance, a obra segue Sobel narra a vida de Copérnico e sua revolução pelos conflitos de Copérnico em publicar seu livro astronômica ao posicionar o sol no centro rotatório que revolucionaria a astronomia e afrontaria a ordem dos planetas. O livro descreve, passo a passo, como católica por rechaçar a Terra do centro do universo. Copérnico chegou a essa descoberta, e como fontes História e ciência justificam a boa leitura do Um Céu literárias da Antiguidade o ajudaram. Mais Perfeito. VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 23 QUALIDADE E ACREDITAÇÃO PONTOS DE EVOLUÇÃO INDICADOS PELA JCI REPRESENTAM IMPACTO FAVORÁVEL PARA O PACIENTE 24 Daniella Romano Dra. Fabiane Cardia Salman O capítulo que diz respeito aos processos de Anestesia mações sobre o paciente e a cirurgia planejada, para e Cuidados Cirúrgicos, dentro dos parâmetros de ava- que haja tempo hábil, principalmente na seleção dos liação da Joint Commission International (JCI), indicou equipamentos e instrumentais cirúrgicos. “Se o médico pontos de evolução com relação ao processo em tor- resolve informar e mudar tudo isso dentro da sala ci- no dos períodos pré e pós-operatório. “Trata-se de um rúrgica, acaba dificultando o processo que foi definido item que deve ser aperfeiçoado, no sentido de elucidar previamente, salvo, claro, as intercorrências inerentes esses dois momentos distintos, de forma que todos ao procedimento”, observa Daniella Romano. os envolvidos na cirurgia estejam cientes dos dados Ela enfatiza que no agendamento cirúrgico as informa- que irão não apenas assegurar um procedimento se- ções passadas devem ser as mais completas e detalha- guro, mas também o melhor resultado para o paciente das possíveis, a fim de possibilitar que os profissionais e a continuidade do seu cuidado de forma integrada e que estarão à frente do procedimento sejam auxiliados completa”, afirma Daniella Romano, Gerente de Desen- da melhor maneira. “Quanto mais minuciosas forem as volvimento Institucional. informações no agendamento, melhor para o cirurgião Na prática, deve ser preenchida pelo cirurgião a Ava- e sua equipe, assim como para o paciente, pois pro- liação Médica Pré-operatória ou a Avaliação Médica porcionará mais segurança ao longo do procedimento. Inicial antes do paciente ser encaminhado ao Centro Todo preparo prévio terá sido estabelecido”. Cirúrgico - preferencialmente Sistema Tasy, com infor- A Gerente de Desenvolvimento Institucional faz ques- VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ tão de ressaltar que não está se referindo às mudanças naturais de percursos, que podem requerer procedimentos extras, mas sim do que é previsto, inclusive, com relação aos detalhes burocráticos, como a aprovação do convênio médico. O respeito às normas internacionais de qualidade, que colocam como indispensável na situação, por exemplo, o cumprimento do time-out (pausa cirúrgica) começa com a demarcação e definição de um alvo na área a ser operada. “Estes cuidados devem estar incorporados ao dia a dia do cirurgião e fazer parte dessa cultura de qualidade que envolve todos os profissionais que atuam no hospital”, comenta a Dra. Fabiane Cardia Salman, Gerente de Relacionamento Médico, apontando que além da JCI, a norma está em sintonia com a Organização Mundial de Saúde. PÓS-OPERATÓRIO NA PERSPECTIVA DO PACIENTE Um formulário de pós-operatório muito bem detalhado também pode facilitar o trâmite do paciente dentro das várias áreas pelas quais ele deve transitar, elevando ainda mais a qualidade do tratamento. Daniella Romano destaca que os profissionais que irão receber os pacientes operados nas unidades de internação ou na UTI precisam saber se houve alguma intercorrência, se ele perdeu sangue, se precisou de hemocomponentes e até mesmo qual foi a técnica utilizada no procedimento cirúrgico. “O pós serve para dar continuidade ao cuidado com o paciente”, afirma ela, exemplificando que o fato de chegar com muita dor ou com pressão alta irá determinar qual o tipo de tratamento que será ofertado nessa fase. “Por isso, o ideal é que o próprio cirurgião forneça esses dados”, pondera. Daniella acrescenta ainda que “o paciente é único, independente da unidade de cuidado em que ele está, e cabe a nós profissionais da área da saúde garantir essa assistência completa”. BLS DEVE SER FEITO POR TODOS OS MÉDICOS A necessidade de manter em dia o Treinamento de Ressuscitação Cardiorrespiratória Básico ou BLS – Basic Life Support, que é válido por dois anos, foi o outro alerta da JCI para o corpo clínico e equipe assistencial. “A ideia desse treinamento é que todos os profissionais que atuam no hospital se capacitem a prestar esse primeiro atendimento. Não é necessário que ele tenha o treinamento avançado nessa situação, mas que ofereça nesse momento o atendimento inicial correto para o melhor desfecho possível do paciente”, observa a Dra. Fabiane Cardia Salman. Ela diz que mais de 1670 médicos já passaram pelo treinamento que visa massagear o coração, bombeando mais sangue para o cérebro e dessa forma evitar que lesões venham a prejudicar a recuperação dos pacientes que sofreram alguma parada cardiorrespiratória. “Temos um plano de treinamento, com salas e vários horários para que o médico tenha várias possibilidades de realizar o treinamento de BLS e não deixar de fazê-lo”, finaliza Daniella. VOCÊ SABIA? • 20% das paradas cardíacas acontecem no ambiente hospitalar • Menos de 30% delas recebem ressuscitação cardio pulmonar • 80% das paradas cardiorrespiratórias em adultos acontecem por fibrilação ventricular Fonte: Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul - SOCERGS 25 ARTIGO INTERNACIONAL COMENTÁRIOS SOBRE O ARTIGO: CHANGING NOMENCLATURE FOR PBC: FROM ‘CIRRHOSIS’ TO ‘CHOLANGITIS”. BEUERS U, ET AL. GASTROENTEROLOGY 2015 NOV;149(6):1627-9 (PUBLICAÇÃO SIMULTÂNEA EM 8 GRANDES JORNAIS). Venancio Avancini Ferreira Alves, Professor Titular de Patologia, FMUSP, SócioDiretor Técnico do CICAP, Hospital Alemão Oswaldo Cruz 26 A abordagem didática ao estudo das doenças, sempre de pacientes de muitos países quanto ao estigma oriundo que possível, segue os rituais da Biologia, iniciando pelos do termo “cirrose” mesmo nos casos diagnosticados em fatores causais, mecanismos e sequência de achados fase precoce, em que a arquitetura hepática está parcial morfológicos macroscópicos, microscópicos e moleculares, ou quase plenamente preservada. culminando com a apresentação clínica e estratégias A partir da reunião inicial, o grupo de especialistas e os terapêuticas. representantes de pacientes efetuaram pesquisas de No outro polo, a prática médica e a própria história da opinião e numerosas discussões via e-mail, chegando às identificação de doenças têm por base a manifestação seguintes decisões: clínica, seguindo-se seus reflexos morfológicos e as 1. Mudar o nome da “cirrose biliar primária” formas de tratamento, empíricas, baseadas em evidências 2. Manter o acrônimo “PBC” ou, quando possível, tendo por alvo mecanismos 3. Introduzir um novo nome, simples e curto, mesmo fisiopatológicos. Importa lembrar que, quase sempre, a que acarrete imperfeições na descrição da doença, doença é primeiro identificada a partir de casos-index mais enquanto não são conhecidos aspectos mais exatos graves e depois as formas mais leves são caracterizadas. quanto à patogênese. Estas diferentes visões das doenças refletem-se nos Votações nas diversas associações continentais do es- nomes que lhes atribuímos, sendo interessante constatar tudo do fígado mostraram concordância de 88 a 100% que nem sempre os conceitos mais precisos são os que se quanto à mudança de nome e 78 a 100% quanto à ma- consagram, como os numerosos epônimos que persistem nutenção do acrônimo PBC. Já a escolha do novo nome foi ou mesmo o anacrônico termo “micose fungóide”, hoje motivo de maior divergência: Dentre os vários propostos, reconhecida como uma das formas mais comuns de o termo “PBC/Colangite Biliar Primária” foi o vencedor, linfoma de células T cutâneo. recebendo 60% de votos do comitê de especialistas da A recomendação para a mudança do nome de “PBC/ EASL, 56% dos especialistas das demais associações Cirrose Biliar Primária” para “PBC/Colangite Biliar Primária”, (Norte-Americana/ASSLD, Asia-Pacífico/APASL) e 61% publicada simultaneamente em oito grandes jornais dos especialistas japoneses. médicos ao final de 2015, exemplifica alguns dos principais Beuers et al (ref.1) reconhecem estar cientes das direcionadores da medicina atual. Um respeitável grupo imperfeições do novo nome, explicitando tratar-se de de especialistas reuniu-se inicialmente em maio de 2014 “tautologia” (repetição do mesmo significado em partes sob a égide da European Association for the Study of the diversas de um mesmo nome = colangiteé, por definição, Liver (EASL) e, a seguir, de outras importantes associações inflamação biliar !). Reconhecem também que o termo é médico-científicas da hepatologia internacional, sendo inespecífico quanto a aspectos definidores da PBC, mas incumbido de propor alternativas de nomenclatura da PBC. ressaltam que os grandes mestres da hepatopatologia A missão atribuída ao grupo de especialistas foi atender Rubin, Schaffner e Popper (ref.2) haviam proposto o nome às relevantes objeções de organizações representativas mais preciso “colangite crônica destrutiva não supurativa”, VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ o qual, devido à extensão e complexidade, não ganhou outras poderão receber erroneamente este diagnóstico, reconhecimento. Finalizam aqueles autores convocando talvez até por não ter havido a participação de médicos todos os médicos a adotar o novo nome: PBC/colangite patologistas nesses comitês. De outra parte, verificamos biliar primária, salientando que tal troca de nome com satisfação a retirada do termo “cirrose” do nome “oferece oportunidade única para novas campanhas de da doença, até porque atualmente apenas uma fração conscientização de profissionais da área médica e de de casos de PBC chegam aos estágios mais avançados associações de pacientes para direcionar maior atenção (figuras 1 e 2). A proposta de evitar, sempre que possível, a biliopatiasimuno-mediadas como PBC e PSC, tendo por o termo genérico “cirrose” tem sido liderada pelo meta principal seu diagnóstico precoce e tratamento International Liver Pathology Study Group (Hytiroglou correto.” et al, 2012, ref.3), com o intuito de identificar cada Nosso sentimento é ambíguo: lamentamos a imposição hepatopatia crônica conforme sua causa, padrões clínicos, do acrônimo PBC por sua popularidade e o descuido morfológicos e fisiopatogenéticos, e assim propiciando quanto à precisão, até porque casos de colangites como abordagem individualizada para o diagnóstico, esta- a PSC, a colangite associada a IgG4 ou a drogas e ainda diamento e planejamento terapêutico. REFERÊNCIAS: 1.Beuers U, Gershwin ME, Gish RG, Invernizzi P, Jones DE, Lindor K, Ma X, MackayIR, Parés A, Tanaka A, Vierling JM, Poupon R. Changing Nomenclature for PBC: From ’Cirrhosis’ to ‘Cholangitis’. Gastroenterology. 2015 Nov;149(6):1627-9. 2. Rubin E, Schaffner F, Popper H. Primary biliary cirrhosis. Chronic non-suppurative destructive cholangitis. Am J Pathol. 1965 Mar;46:387-407 3. Hytiroglou P, Snover DC, Alves V, Balabaud C, Bhathal PS, Bioulac-Sage P, Crawford JM, Dhillon AP, Ferrell L, Guido M, Nakanuma Y, Paradis V, Quaglia A, Theise ND, Thung SN, Tsui WM, van Leeuwen DJ. Beyond “cirrhosis”: a proposal from the International Liver Pathology Study Group. Am J ClinPathol. 2012Jan;137(1):5-9. CASO 1 = “PBC/COLANGITE BILIAR PRIMÁRIA” ESTÁDIO 1 (F1) 1B = A inflamação, rica em plasmócitos e em histiócitosepitelióides, forma granuloma destruindo o ducto biliar deste espaço porta (H&E) 1A = Reação com picro-sirius vermelho demonstra arquitetura praticamente preservada, com expansão portal, principalmente por infiltrado inflamatório CASO 2 = “PBC/COLANGITE BILIAR PRIMÁRIA” ESTÁDIO 4 / FASE CIRRÓTICA (F4) 2B = Espaço porta com folículo linfoide ocupando área em que o ducto biliar foi destruído, acarretando na manifestação clínica de colestasecrônica progressiva 2A = Transformação arquitetural avançada, com largos septos fibro-vasculares envolvendo nódulos de hepatócitos com variável regeneração (H&E) VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 27 REUNIÕES CIENTÍFICAS EVENTOS EM DESTAQUE Reunião de Oncologia Coordenação: Centro de Oncologia Datas: 02 – Oncologia Gastrointestinal 09 – Oncologia Mamária 16 – Oncologia Torácica Horário: 12h às 13h30 Local: Sala 5 - Torre D (Térreo Superior) Coordenação: Data: Horário: Local: Reunião da Clínica Médica e do serviço de n efrologia do Hospital Alemão o swaldo Cruz Coordenação: Pedro Renato Chocair Tema: artrite reumatoide: relato e discussão de caso clínico. Apresentação: Pedro Renato Chocair Discussão do caso: Rui Toledo Barros Data: 01 Horário: 13h às 14h Local: Auditório - Torre E (1º Subsolo) AGENDA - JULHO/2016 Discussão de Casos de Câncer Colorretal Angelita Habr- Gama e Rodrigo Perez 04 7h30 às 09h30 Auditório – Torre E (1º Subsolo) Data: 08 Tema: Cuidados paliativos Palestrantes: Sara Mohrbacher e Juliana Monteiro de Barros Reunião Científica Melhores em Terapia Horário: 13h àsPráticas 14h Intensiva Local: Sala 5 - Torre D (Térreo Superior) REUNIÕES CIENTÍFICAS Coordenação: Cássio Campello de Menezes Reuniões Multidisciplinares da Oncologia Data: 14 Coordenação: Coordenação: Centro de Oncologia Horário: 12h às 13h Local: Sala 5 - Torre D (Térreo Superior) Reunião Mensal - Fleury 12hdoàsCDI 13h Coordenação: Equipe Fleury Diagnóstico Segunda - Feira: Câncer Urológico 13h às 14h Câncer Neurológico/SNC Data: 14 - Ortopedia 21h30GastrointesHorário: 19h às Câncer Coloproctologia Terça - Feira: - Torre D (Térreo Superior) Local: Sala 5tinal e Vias Biliares Câncer Cabeça e Data: 21 - CDI Pescoço Horário: 19h às 21h30 Auditório Torre E (1º Subsolo) Local: Câncer Tórax Quarta - Feira: Hematologia e Transplante de Coordenação: Marco Aurelio de Magalhães Medula Óssea Oncologia Mamária Câncer Ginecológico Quinta -Tema: Feira: diagnóstica e tratamento SarC. Lário Palestrante: FábioMelanoma, Pesquisa Clínica Sexta - Feira: Data: 02 comas e Tumores Raros 13h Horário: 11h às Coordenação: Fernando Colombari, Amilton Silva Jr e Fabio M. Andrade Tema: Uso racional de fluído: Coordenação: Marcelo Risso e Paulo Cavali • No centro cirúrgico Datas:- Cássio 01, 08Campelo e 15 • Na UTI - Ricardo Cordioli Horário: 17h30 às 18h30 • Perspectivas futuras apresentação Local: eSala 5 – Torre Dde (Térreo Superior) estudos - Fernando Zampieri Data: 26 Horário: 19h30 às 21h30 Coordenação: Luciano João Nesrrallah Local: Auditório - Torre Data: E (1º Subsolo) 16 Horário: 12h às 13h Coordenação: Datas: Horário: Local: Local: Auditório – Torre E (1º Subsolo) Local: Auditório - Torre B (14º Andar) reunião de Hemato-onco será realizada Coordenação: *AFernando Colombari, Amilton Silva Jr e FabioàsM. Andrade Tema: quartas-feiras, das 13h às 14h, na Sala de Reuniões IECS – Cuvello Torre D e(1ºPaula Andar), em paralelo com as Palestrantes: A –Américo Scorsi Data: demais 01 que ocorrem no Auditório da Torre B. Horário: 19h30 às 21h30 Local: Reunião Auditório - Torre Ede (1ºMedicina Subsolo) Perioperatória – Científica Coordenação: Tema: Palestrante: Data: Horário: Local: Anestesiologia Cássio Campello de Menezes Dor Neuropática Claudia Panossian Cohen 04 11h às 13h Auditório – Torre E (1º Subsolo) JANEIRO REUNIÕES CIENTÍFICAS Reunião Científica da Radiologia Reunião de deCasos Oncologia Discussão Clínicos e Revisão da Literatura Coordenação: Centro de Oncologia Coordenação:Carlos Homsi 20 – Oncologia Datas:Aplicações Tema: clínicasGastrointestinal da Urotomografia na avaliação 27hematúrias – Oncologia Mamária das 12h às 13h30Galves Junior Horário:Ruy Palestrante: Rodrigues Local:25Auditório – Torre E (1º Subsolo) Data: Horário: 19h às 22h Local: Auditório - Torre E (1º Subsolo) Reunião Científica de Cardiologia Marco Aurelio de Magalhães Coordenação:Discussão de Casos de Câncer Colorretal Tema:Angelita Habr - Gama e Rodrigo Perez Coordenação: diagnóstica e tratamento Data: 08, 15 e 29 Fábio C. Lário Palestrante: Horário: 07h30 às 9h30 Data: 13 Local: Sala - Torre 13h D (Térreo Superior) Horário: 11h5 às Local: Auditório – Torre E (1º Subsolo) Reunião Científica da Clínica Médica Coordenação: Pedro Renato Chocair Tema: Osteoporose: O que o clínico precisa saber? Palestrante: Fábio Freire Data: 12 Informações: Horário: 13h às 14h Instituto de Educação e Ciências em Saúde: Local: Local: Sala 5 – Torre D (Piso Térreo) (11) 3549 0585 / 0577 ou [email protected] Coordenação: Tema: Data: Horário: Local: Local:Patologias Sala 1 – Torre D (1º andar - ETES) Reunião Científica: de coluna - Ortopedia o dontologia Marcelo Risso e Paulo Cavali Coordenação: Daniel Falbo Martins de Souza, Fernando Melhem Elias, Gabriel 05 – Oncologia Pastore e Luciano Del Santo 12 – Doenças Degenerativas Tema: Diagnóstico e Tratamento das Fraturas Complexas da Face 19 – Deformidades Palestrante: Daniel Falbo Martins de Souza 26 – Trauma Data: 03 17h30 às 18h30 Horário: 19h às 22h Auditório - TorreLocal: E (1º Subsolo) Auditório -Torre E (1º Subsolo) Reunião Científica de Urologia Joint Medical Teleconference - HAo C/ stanford Hospital & Clinics Carlo Camargo PasserottiJefferson Gomes Fernandes Coordenação: Divisão dos grupos e atividades do Health Instituto da Tema: How Digital Technologies are Changing the Practice of Medicine Próstata Palestrante: Homero Rivas - Assistant Professor of Surgery and Director of In11 novative Surgery at the Stanford University Medical Center 13h às 14h Data: 02 Horário: Auditório - Torre E (1º Subsolo) 14h Local: Sala A – Torre D (1º andar - IECS) Reunião Científica de Neurologia Videoconferência – Rede Universitária de Telemedicina Coordenação: Jefferson Gomes Fernandes e Enf. Ingrid de Almeida Barbosa Tema: Reabilitação no AVC: experiência no tratamento da espasticidade Instituição apresentadora: SARAH - RIO Palestrante: Adriana Lopes Souza Data: 05 Coordenação: Marcelo Risso e Paulo Cavali Horário: 10h às 11h Datas: 26 Local: Sala de reuniões da UTI 17h30 às 18h30 Horário: VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ ortopedia Local: Auditório – Torre E (1º Subsolo) EVENTOS CIENTÍFICOS Coordenação: Datas: Horário: Local: MASTERCLASS IN UNIPORTAL VATS Prof. Dr. Riad Naim Younes e Rodrigo Sardenberg 11 e 12 08h às 17h Local: Auditório - Torre E (1º Subsolo) Coordenação: Data: Horário: Local: SIMPÓSIO TRANSDISCIPLINAR DE OBESIDADE, DIABETES, CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA Ricardo V. Cohen 16 08h30 Auditório - Torre E (1º Subsolo) Informações: Instituto de Educação e Ciências em Saúde: (11) 3549 0585 / 0577 ou [email protected] om.br Programa de Desenvolvimento Médico do HAOC INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS EM SAÚDE 28 ortopedia INTESTINO IRRITÁVEL: A BUSCA DO EQUILÍBRIO ENTRE AS BACTÉRIAS INTESTINAIS As bactérias intestinais podem definir se existe diretamente no funcionamento e sensibilidade propensão a engordar ou emagrecer, ter pressão intestinais, graças a receptores específicos. São alta ou boa saúde na pele. Cada vez mais os estudos também essenciais para saúde global e intestinal, uma apontam que um equilíbrio entre as boas e as más vida sem estresse, adoção da prática de exercícios bactérias é responsável pela manutenção da saúde e físicos e é claro, abstenção de excessos como o álcool, pela prevenção de diversas patologias. De acordo com alimentos conservados, embutidos, uso de antibióticos o gastroenterologista Ricardo Barbuti, do Hospital e outros medicamentos sem necessidade. Alemão Oswaldo Cruz, é grande a relação de vários Para se ter uma ideia do que as bactérias representam, sintomas, sinais e doenças com o desequilíbrio das ele lembra que elas influenciam até mesmo o estado bactérias intestinais. psicoemocional. “Hoje sabemos haver diferença entre “A partir do início do séc. XXI os estudos científicos as bactérias intestinais de deprimidos, ansiosos e se multiplicaram exponencialmente, comprovando a esquizofrênicos, quando comparados com indivíduos influência das bactérias intestinais de uma maneira sem estas patologias. O cérebro e o intestino têm global no organismo. Mais recentemente, tem sido mesma origem embriológica”, observa ele, lembrando confirmada esta relação com doenças funcionais do que mais de 90% da produção de serotonina, está a trato digestivo, destacando-se a síndrome do intestino cargo do intestino. irritável”, afirma o Dr. Barbuti, que coordenou evento Dr. Barbuti ressalta que o intestino tem um largo sobre o tema no final do ano passado. espectro de receptores, para qualquer substância As bactérias intestinais, segundo ele, vêm ganhando ou alimento, o que torna a orientação dietética nova perspectiva na medida em que se confirma extremamente importante na condução dos pacientes a participação dos microrganismos digestivos na com intestino irritável. É provável que no futuro seja sensibilidade, motilidade e secreções intestinais. O possível determinar através de exames específicos, gastroenterologista diz que embora o diagnóstico quais os alimentos que devem ser evitados para cada do intestino irritável seja ainda basicamente clínico, paciente. Enquanto isto não acontece, a realização de caminha-se para que marcadores sorológicos e testes para intolerâncias e mesmo um diário alimentar genéticos possam facilitar o diagnóstico e mesmo são essenciais. O uso de probióticos também vem orientar o tratamento desta afecção. sendo amplamente explorado. “Eles entram como Para a manutenção da saúde intestinal e de todo nosso suplementos na nossa dieta, mas devem ter uma organismo, a alimentação tem um papel preponderante, orientação correta, já que para cada cepa probiótica se mantendo a microbiota saudável e interferindo espera um resultado diferente”, explica o Dr. Barbuti. VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 29 EVENTOS EM DESTAQUE A TIREOIDE NA LENTE DOS ESPECIALISTAS Evento reúne profissionais de todo o Brasil 30 Ainda bastante desconhecidas em suas causas e des- total, que é um padrão na grande maioria dos casos”, dobramentos, as doenças da tireoide ganharam um observa o cirurgião. fórum de discussão no I Simpósio Internacional de Atu- Além das novas possibilidades de tratamento, as nu- alização das Doenças de Tireóide (SIADT), que ocorreu ances do hipotiroidismo e hipertiroidismo foram discu- recentemente no Hospital Alemão Oswaldo Cruz. De tidas ao longo do Simpósio, como também a influên- acordo com o organizador do evento, o cirurgião de cia da gravidez nas doenças da tireoide e até mesmo cabeça e pescoço da Instituição, Dr. Erivelto Volpi, o novas evidências que têm demonstrado que o uso da avanço no tratamento das doenças que tiveram diag- metformina, medicamento utilizado para o cuidado de nóstico precoce e o tratamento minimamente invasivo, diabéticos, poderia melhorar a evolução dos nódulos da por meio de ablação dos nódulos, foram alguns dos tireoide, conforme apontam pesquisas em diversos cen- principais temas abordados ao longo do encontro. tros internacionais e no Brasil. “Foi uma troca de expe- “O evento foi marcado pelo encontro das diversas es- riências e de informações muito rica”, afirma o Dr. Volpi. pecialidades que cuidam das doenças da tireoide”, in- Uma das perguntas que ficou sem resposta, no entan- forma o Dr. Volpi, destacando que estiveram presentes to, é o porquê do aumento da incidência do câncer da cerca de 150 profissionais de todo o Brasil, que traba- tireoide, já que ele é um dos tumores malignos mais lham com radiologia, patologia, cirurgias de cabeça e frequentes no sexo feminino em praticamente todo o pescoço e endocrinologia. mundo. De acordo com dados recentes do INCA – Insti- Segundo ele, os tratamentos minimamente invasi- tuto Nacional do Câncer, o câncer de tireoide é o quin- vos têm obtido destaque no combate às doenças da to tumor maligno mais frequente no sexo feminino. Dr. tireoide e podem ser feitos, por exemplo, por meio da Volpi observa que ainda há muito a ser pesquisado, ablação (por laser ou rádio frequência) que represen- visto que ele tem um comportamento muito peculiar ta uma nova opção terapêutica. “Hoje já começa a ser e embora seja o câncer endócrino mais comum “a sua questionada a necessidade ou não da tireoidectomia etiologia é praticamente desconhecida”, resume. VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ RESPONSABILIDADE JURÍDICA ELABORAÇÃO DO TESTAMENTO VITAL Sergio Pittelli [email protected] Em dezembro de 2012 publicamos neste espaço considerações sobre o testamento vital ou diretivas antecipadas da vontade, comentando as Res. 1805/06 e 1995/12 do CFM, bem como os elementos envolvidos na questão. Em atenção à recente edição da Semana de Bioética, faremos nesta oportunidade exposição sobre a elaboração do documento. De início, entretanto, insta registrar que não há obrigatoriedade de elaboração de documento escrito; sua produção se faz oportuna porque manifestações escritas são mais respeitadas e fáceis de provar. O conteúdo, seja verbal, seja escrito, deve respeitar as normas legais conforme apontado no texto anterior: não é facultado à pessoa decidir sobre a própria vida em situações que caracterizem eutanásia ou suicídio e quem colaborar para esses eventos terá praticado crime. Em geral, as situações terminais definidas na Res. 1805/06 são perfeitamente enquadráveis nos termos de uma diretiva antecipada, a qual deverá ser expressa no sentido de vedar “formas de tratamento obstinado” tais como ressuscitação cardiorrespiratória, manutenção da PA por drogas, etc. Mas as determinações podem ir além, por exemplo, saúde ministrarem os cuidados necessários para nos casos de pacientes que, prevendo a possibilidade o alívio da dor e sofrimento (cuidados paliativos), de instalação futura de quadros demenciais, deixem complementada pela cláusula seguinte: Que os efeitos documentos definindo sua vontade na hipótese de da presente declaração antecipada de vontade se aparecimento de doenças graves e mortais. Feitas as operem quando eu perder minha capacidade de considerações, sugerimos algumas medidas concretas forma irreversível, devendo a minha vontade ser referentes a um termo de diretivas antecipadas. Além respeitada e cumprida pela minha família, amigos de serem escritas, entendemos também que devem e aos profissionais que me assistem; quaisquer ser feitas sob forma de documento público, ou seja, em determinações que excedam as acima listadas cartório. As ações vedadas devem reproduzir o conteúdo envolvendo decisões de não tratar moléstias graves das Res. 1805/06 e 1995/12, valendo-se inclusive de e incuráveis em fase inicial, por exemplo, devem ser, seus termos; um modelo seria: Que, tendo o direito de segundo nosso entendimento, consignadas a terceira manifestar a sua vontade sobre seu tratamento pessoa, nomeada no mesmo documento, a quem ficam médico, podendo consentir ou recusar formas de conferidos poderes para decidir em nome do declarante tratamento e métodos diagnósticos, declara que não se este não estiver em condições de o fazer. Registre- consente no prolongamento artificial de sua vida, se, entretanto, que a legislação não prevê essa figura, bem como, de manobras ressuscitadoras quando não sendo certo, no atual estágio de nossas leis, se encontrar em fase terminal de doença grave e se o procurador estaria completamente isento de incurável, devendo para tanto os profissionais de responsabilizações jurídicas. VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 31 RELATO DE CASO MONOARTRITE AGUDA EM IDOSO: RELATO DE CASO Leonardo V. Barbosa Pereira; Américo Cuvello Neto; Érico Souza de Oliveira; Victor A H Sato; Sara Mohrbacher; Pedro R. Chocair Clínica Médica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz 32 Paciente do sexo masculino, 89 anos, admitido no Imediatamente após a punção, o paciente foi subme- Hospital Alemão Oswaldo Cruz em abril de 2015 com tido a artrotomia e drenagem articular com biópsia quadro de dor, edema e calor em joelho direito com 48 sinovial e iniciado tratamento com Ceftriaxona e Oxa- h de evolução. Negou febre, traumatismo prévio, lesões cilina. Não ocorreu melhora satisfatória da artrite após cutâneas, alterações urinárias ou do hábito intestinal. antibioticoterapia e mais duas artroscopias. Antecedentes de refluxo gastroesofágico, colecistec- Observou-se na análise do líquido articular colhido, na tomia e apendicectomia. 3ª artroscopia, diminuição significativa da celularida- Exame físico: PA 120x80 mmHg, FC: 80 bpm, fácies de, mas as pesquisas de cristais e culturas permane- de dor, afebril, com edema, calor e rubor em joelho e ceram negativas. perna direita. O laudo anatomopatológico da biópsia sinovial foi de Exames na admissão: Hb: 12,2g/dl; Ht 37,9%, Leu- sinovite crônica inespecífica com hiperplasia, fibrose cócitos: 9470/mm3; neutrófilos: 7470 mm3; linfóci- e presença de calcificação distrófica em fibrocartila- tos: 610 mm3; plaquetas 176000 mm3; PCR 9,5 mg/ gem sugerindo doença por depósito de pirofosfato dl; TGO 12U/L; TGP 8U/l; creatinina 1,1 mg/dl; ácido (Pseudogota) associado ao processo. Após o resul- úrico 2,9mg/dl; cálcio iônico 1,2 meq/l; fósforo: 2,9 tado, iniciamos Colchicina sendo observada melhora mg/dl; CK 50U/l; magnésio 1,6 mg/dl. significativa da artrite, recebendo alta hospitalar, uma Ultrassom doppler de membro inferior direito não semana após início da medicação. mostrou trombose venosa profunda. Radiografia de Um mês após a alta, o paciente evoluiu com novo joelho com sinais de artropatia degenerativa femoro- episódio de artrite no mesmo joelho, sendo subme- tibial e calcificações meniscais. tido a infiltração com corticoide intra-articular, após Submetido a punção articular que mostrou líquido resultados de cultura negativos e evoluiu com desa- turvo com a seguinte análise bioquímica: celularidade parecimento completo da artrite. Até o momento, o 34683 celúlas/mm3 com 80% de neutrófilos, sem evi- paciente não apresentou nova recidiva da artrite. dências de bactérias pelo Gram, pesquisas de fungos, O termo Pseudogota refere-se a uma das síndromes microbactérias, cristais e culturas gerais negativas. clínicas da Doença por deposição de Cristais de Piro- VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ fosfato (CCPD) que também pode se manifestar como comuns: traumas, infiltrações intra-articulares, uso de Condrocalcinose, Pseudo Artrite Reumatóide, Pseudo Granulokine, Pamidronato, Paratireoidectomia e distúr- Osteoartrose e por calcificações articulares assinto- bios metabólicos como hipomagnesemia, hipofosfa- máticas. Cerca de 10% dos pacientes com CCPD ma- temia, Hemossiderose, Hemocromatose, Síndrome de nifestam a doença como crise de Pseudogota que Gitelman e Raquitismo ligado ao cromossomo X. caracteriza-se por quadros de monoartrite aguda, por O diagnóstico é baseado nos sintomas clínicos da artri- vezes recorrentes, sendo os joelhos e as articulações te e na análise do líquido sinovial, obtido por artrocen- mais acometidas (cerca de 50%). Incide especialmen- tese que se apresenta geralmente turvo, com celulari- te em idosos e, segundo relatos de literatura, cerca da dade entre 15.000 a 30.000 células p/mm3 com pelo metade dos idosos acima de 80 anos apresenta algum menos 80% de neutrófilos. O diagnóstico é confirmado sinal de Doença por Deposição de Cristais de Pirofos- com culturas do líquido sinovial negativas e a presen- fato. Existem fatores que predispõem os pacientes ça de cristais com birrefringência fracamente positiva, a apresentarem crise de Pseudogota, sendo os mais conforme mostra a figura abaixo: REFERÊNCIAS Além dos cristais no líquido sinovial, podemos confir- dros articulares mais graves que não melhoram com mar o diagnóstico através do exame anatomopato- esses medicamentos, podemos usar a Colchicina em lógico da sinóvia, demonstrando a presença de calci- doses anti-inflamatórias, corticoide por via oral ou in- ficação distrófica como aconteceu no caso descrito. tra-articular desde que artrites infecciosas sejam des- Os principais diagnósticos diferenciais são a artrite cartadas. Há relatos de casos na literatura de artrite séptica e crise gotosa. refratária tratados com Metotrexate, que obtiveram O tratamento da Pseudogota visa o alívio dos sinto- resultados animadores. Para pacientes com recidivas mas e controle da crise aguda, preferencialmente com de Pseudogota ou quadros articulares crônicos, po- anti-inflamatórios não hormonais (AINE). Em pacien- demos utilizar profilaticamente Colchicina, 0,5 a 1mg/ tes com contraindicação ao uso de AINEs ou com qua- dia isoladamente ou associada a AINE. 1. Johnson K, Terkeltaub R. Inorganic pyrophosphate (PPI) in pathologic calcification of articular cartilage [review]. Front Biosci 2005; 10: 988–97. 2. Zhang W, Doherty M, Bardin T, et al. European League Against Rheumatism recommendations for calcium pyrophosphate deposition. Part I: terminology and diagnosis. Ann Rheum Dis 2011;70:563–70. doi:10.1136/ ard.2010.139105. 3. Ryan LM, McCarty DJ. Calcium pyrophosphate crystal deposition disease, pseudogout, and articular chondrocalcinosis. In: Koopman W. ed. Arthritis and Allied Conditions: A textbook of Rheumatology. Baltimore, MD: Williams and Wilkins 1997:2103–26. 4. Amélie Chollet-Janin, Axel Finckh, Jean Dudle, Pierre-André Guerne. Methotrexate as an alternative therapy for chronic calcium pyrophosphate deposition disease: An exploratory analysis. Arthritis & Rheumatism, Volume 56, Issue 2, pages 688–692, February 2007. 5. Arveux I, Strutynsky C, Camus A, et al. Acute articular chondrocalcinosis episodes in the elderly subject. On a prospective evaluation in short-stay geriatric care and a literature review. Revue Geriatr 1999;24:63–8. VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 33