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BRINCANDO COM AS LETRAS E AS PALAVRAS: PROJETO
INTERDISCIPLINAR ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA A PEDAGOGIA.
Leonardo Augusto d´Almeida Barros*
Bianca Medeiros de Toledo**
RESUMO
Auxiliar na educação motora dos alunos quanto alfabetizar são processos
complexos e inerentes ao desenvolvimento do aluno, fazê-los com prazer é o
objetivo da maioria dos professores, procurando sempre torná-lo mais concreto
e prazeroso aos alunos. De acordo com a Pedagogia de Projetos, a forma mais
eficaz para que cheguemos ao educar pleno é a união de forças entre as
disciplinas em um objetivo comum, “educar com qualidade”, propondo o
aprendizado significativo aos alunos. Os PCNs (1997) propõem que a criança
tenha possibilidade de desenvolver-se motoramente, ser capaz de participar e
criar brincadeiras, ocasionando também a leitura de mundo. Quando pensamos
na relação entre ler e escrever, existe a discussão em alfabetizar ou não na
educação infantil, com a inclusão do pré até então pertencente à educação
infantil como primeiro ano no ensino fundamental, essa discussão sustenta-se
ainda mais. Alguns professores dizem que as crianças têm o desejo de
aprender a ler e a escrever, e nós não devemos cerceá-lo, já outros
argumentam que as crianças pequenas não têm maturidade para essa ação e
que precisam sim brincar. Então porque não juntar as duas opiniões e aprender
a ler brincando? O presente projeto apresenta algumas experiências entre a
Educação Física e Pedagogia, com crianças do 1º ano do Ensino Fundamental,
com o intuito de atuar e facilitar o processo de alfabetização, demonstrando
que as disciplinas podem unir-se em pró de uma educação prazerosa, sem
fugir da gene de seus objetivos.
Palavras-chave: Educação Física, Pedagogia de Projetos, Alfabetização
1 Introdução
Com o surgimento da Escola Nova, os olhares voltaram-se para o aluno
como centro do aprendizado, atribuindo a ele todos os instrumentos disponíveis
para a absorção de conteúdos de uma forma significativa.
Quando pensamos em crianças certamente nos vem à cabeça
movimento, conhecimento, descoberta, interação, mas ao nos depararmos com
a educação atual vemos que o ato de aprender demonstra-se mecânico,
decorativo, passivo, com alunos recebendo uma grande quantidade de
informação sem grandes assimilações com o mundo ou sem sentimento, a
nosso ver a base do aprender.
O ato de ler é fundamental para o reconhecimento do mundo
principalmente nas grandes cidades, com outdoors, placas, canais de televisão
passando três tipos de informação simultaneamente.
Nos embasamos em autores como Freire (2004) que nos relata a
importância da relação corpo e mente, Fazenda (2001) valorizando a união
entre as diferentes disciplinas, levando o aprendizado para a vida e não apenas
para passar em uma determinada prova e Nogueira (2001) proporcionando à
criança participação efetiva nos projetos educativos .
Os PCNs (1997) propõe que a criança tenha possibilidade de
desenvolver-se motoramente, ser capaz de participar e criar brincadeiras, tudo
isso ocasiona a leitura de mundo. Quando pensamos na relação entre ler e
escrever, existe a discussão em alfabetizar ou não na educação infantil, com a
inclusão do pré até então pertencente à educação infantil como primeiro ano no
ensino
fundamental,
essa
discussão
sustenta-se
ainda
mais.
Alguns
professores dizem que as crianças têm o desejo de aprender a ler e a escrever,
e nós não devemos cerceá-lo, já outros argumentam que as crianças pequenas
não têm maturidade para essa ação e que precisam sim brincar. Então porque
não juntar as duas opiniões e aprender a ler brincando?
Pensando na necessidade de alfabetização dos alunos e a importância
do corpo e as emoções no processo de educação, pretendemos responder o
seguinte problema. Como a Educação Física, juntamente com a Pedagogia
podem unir-se na alfabetização dos alunos, sem perder suas características
próprias?
Na comunidade escolar, pretendemos auxiliar a absorção de atividades
que auxiliem na educação significativa dos alunos. A sociedade, esperamos
auxiliar na formação de pessoas que tenham prazer em aprender, fugindo do
termo “eu tive que decorar para aprender”, criando ligações estreitas pelo
saber, por fim valorizar a Educação Física como um instrumento pedagógico
com força na educação integral dos alunos e não apenas ensinando corpos.
Descrição do projeto
O presente projeto talvez relate atividades que corriqueiramente os
professores de Educação Física ou Polivalente realizam com os alunos,
relacionados ou não a um contexto especifico. Devemos ter bem claro é que as
atividades descritas abaixo, não são modelos a serem seguidos, são
instrumentos para que cheguemos ao nosso objetivo. Cada projeto deve levar
em consideração as características particulares de cada grupo.
Analisando em conjunto os alunos no início do ano letivo, verificando em
algumas atividades já propostas que provavelmente os alunos teriam
dificuldades na alfabetização, certamente dificuldades normais para a fase das
crianças.
Nós professores decidimos minimizar essas dificuldades criando um
projeto em que pudéssemos contemplar o aprendizado motor, o afetivo e o
cognitivo dos alunos, em atividades de sala/quadra, com abordagens
diferenciadas aos temas propostos, surgindo o projeto brincando com as letras
e com as palavras, enfatizando o “brincar”, pois é o que a criança melhor sabe
fazer.
Ao iniciarmos as atividades, realizamos avaliações para verificarmos as
características atuais motoras, cognitivas e afetivas dos alunos. A partir dos
dados coletados, iniciamos a segunda parte desta fase inicial, elaboração dos
objetivos e a pesquisa de atividades condizentes a faixa etária dos alunos.
Estipulamos como meta que ao final do projeto 6 meses, os alunos
tenham proximidade com as letras do alfabeto, façam relações das letras com
o mundo, tenham maturidade para participar de atividades coletivas,
amadurecimento motor em saltar, correr, velocidade, força e criação de
pequenas brincadeiras.
A primeira atividade proposta foi a estátua de letras, os professores
pediram que os alunos imitassem uma letra com o corpo, nesta etapa
utilizamos as vogais, aproveitando o enfoque dado em sala de aula. Com essa
atividade estimulamos a compreensão corporal das letras, além de equilíbrio,
planos alto, médio e baixo.
Trabalhando em sala de aula com as vogais fizemos atividades de
escrita, colagens nas letras, musicas e atividades de coordenação motora fina.
Como por exemplo, pintar as vogais maiúsculas, minúsculas de fôrma e cursiva
e descobrir qual o desenho aparece, relacionando a exploração corporal a
cognitiva.
Dando continuidade a atividade estátuas das letras, com placas nas
mãos, professores indicavam qual letra deveria ser feita com o corpo, pedindo
que os alunos levassem em consideração a forma correta da escrita da letra,
posição da letra, o lado para onde está virada e logo após, escreverem-na no
papel. Com essa atividade simples analisamos e estimulamos a correção de
letras espelhadas e com formas erradas.
Continuando com o estimulo a criação, fizemos diferentes amarelinhas,
mas ao invés de números colocamos vogais cursivas, de fôrma, minúsculas e
maiúsculas, proporcionando aos alunos estímulos ao equilíbrio, força,
compreensão de perto e longe e conhecimento sobre a seqüência das vogais.
Como percebemos que os alunos obtiveram êxito na atividade proposta,
pedimos que na aula seguinte trouxessem “a amarelinha dos sonhos” criadas
por eles, em formas variadas, com a seguinte regra, que tivessem vogais
escritas.
Além de servir como avaliação continua das atividades de escrita,
continuidade as letra e as habilidades motoras supra citadas, demos asas a
imaginação dos alunos, segue fotos para admiração das diferentes
amarelinhas criadas pelos alunos.
Com as vogais exploradas, optamos em prosseguir com o projeto
abordando as consoantes, com uma brincadeira intitulada por salada de letras,
com os tapetes pedagógicos. Dividimos os tapetes entre as crianças, como o
tapete se divide, deixamos os alunos com a parte de fora do tapete, do outro
lado da quadra, lançamos as partes internas, formando uma salada. Cada
aluno recebeu um tapete com uma consoante, inicialmente reconhecemo-nos e
estimulávamos a relação com palavras que começassem com ela.
Ao comando do professor os alunos em um tempo
estipulado deveriam correr até o outro lado da quadra,
encontrar a sua letra e encaixá-la
em seu tapete. Em cada rodada a
criança era dona de uma letra e a
movimentação para chegar até a outra metade do tapete
era formas variadas, estimulamos o reconhecimento das letras, já nos
apropriando da incorporação das letras K, W e Y, previstas para 2009. Nesta
atividade além de conhecimento das consoantes, estimulamos a velocidade
dos alunos, mudança de direção, diferentes planos e motricidade fina, pois foi
exigido dos alunos controle para encaixar rapidamente as consoantes.
Como o projeto educacional é feito no dia a dia, por termos uma
quantidade maior de letras em evidência, optamos por enfatizar tanto na sala
de aula quanto na quadra atividades deste estilo, para maior fixação das letras.
Simultaneamente a professora regente apresentava aos alunos jogos
relacionados às letras, como dominó de letras, jogo da memória e quebra
cabeça.
Após 4 aulas na atividade da salada de letras, a relação das letras com o
mundo tornou-se mais clara, foi então apresentada a brincadeira das mímicas.
Com os mesmos tapetes pedagógicos, espalhamo-nos pela quadra e dividimos
os alunos em 2 grupos, o grupo A deveria fazer uma mímica ao grupo B, se o
grupo B adivinhasse a mímica, teria um tempo estimulado para trazer a
primeira letra do que foi imitado, com essa atividade pudemos verificar o grau
de relação entre as letras e o mundo das crianças, além de estimular a
expressão corporal e a abstração dos alunos.
Já em sala de aula foi feito um ditado das consoantes no caderno como
forma de avaliação contínua, aparecendo bons resultados em relação ao
reconhecimento e escrita das consoantes apresentadas.
Em conversa entre os professores, analisamos que os trabalhos
estavam surtindo efeitos, logo no início do projeto estimulamos a montagem da
fila em ordem alfabética, nos dirigíamos aos alunos pela letra inicial do nome,
estilo de relacionamento que as crianças adotaram nas aulas. Muitos
professores poderiam encarar como uma forma de relação fria ou apenas um
apelido, por não tratar as pessoas pelo nome, mas pelo contrário estimulou o
diálogo. Os alunos que somente se preocuparam em conversar com seu amigo
da carteira do lado ou o amigo menor que ocupava o lugar da frente na fila,
começaram a perceber afinidades em outros alunos, sejam elas, por ter a
mesma letra do seu nome, pela nova disposição da fila tendo mais contato, ou
pelo simples interesse em chamar atenção de todas as crianças pela grande
quantidade de letras evidenciadas.
Dando continuidade a relação das letras ao mundo, começamos a
estimular a leitura de palavras relacionadas. Neste sentido fizemos um jogo de
bocha com o alfabeto e fichas contendo palavras e desenhos, objetivando o
controle da força, a capacidade visual de profundidade e concentração.
Com gizes, fizemos círculos no chão, partindo do grande
para o pequeno como uma espécie de espiral, entre os
círculos escrevemos o alfabeto, logo adiante espalhamos
diversas figuras com os nomes dos desenhos. O aluno
deveria rolar uma bola pesada em direção ao campo da bocha, ao parar da
bola em uma letra, o mesmo deveria correr até as fichas e encontrar as figuras
e palavras com a letra que ele acertou. No decorrer da atividade, colocamos
em jogo diferentes bolas, de diversos tamanhos e peso, para estimular
diferentes esquemas motores dos alunos.
Na sala de aula fizemos atividades de cruzadinhas relacionando as
letras e palavras com desenhos. Atividades que reforçaram a compreensão dos
alunos entre as letras e as palavras.
Até o determinado momento já havíamos estimulado o reconhecimento
das vogais sua forma de escrita e sua continuidade, da mesma maneira as
consoantes, relacionando-as com o próprio nome, com os animais nas mímicas
e com pequenas palavras no jogo de bocha. Em todas essas atividades as
letras possuíam modelos trazidos pelos professores, a partir deste momento a
relação letras, palavras e mundo ao aluno necessitaram de atitudes
espontâneas e não mais guiadas e direcionadas pelos professores.
Partindo desta premissa fizemos uma atividade cultural muito intensa em
nossa vida de criança, pular corda, atividade que pode contemplar o objetivo de
trabalhar o salto, tempo espaço e a absorção de atividades culturais, além de
nos aproximar do tema do projeto. Apropriamo-nos da canção “suco gelado”.
suco gelado
cabelo arrepiado
qual é a letra do seu namorado
a,b,c,d,e......
De acordo com a brincadeira, quando o aluno pisa na corda, a letra
corresponde é o nome do namorado ou namorada, no nosso caso, o aluno
deveria relacionar com algum objeto ou pessoa, do ambiente em que
estávamos.
Nas atividades em sala de aula, fizemos uma caça às palavras, alunos
deveriam circular e pintar as palavras escritas e numeradas, atividade de
grande apreciação dos alunos, pois além de serem divertidas, ajudaram muito
na compreensão das vogais e consoantes. No momento que fizeram no papel
já haviam internalizado as letras para fazer a escrita, tornando-se muito mais
fácil e prático, pois a forma correta já estava “na cabeça, no corpo e nas
emoções” de cada um deles.
Como avaliação final do projeto, fizemos novas atividades para obter
dados sobre os conteúdos apresentados. As avaliações permearam em
reconhecimento, leitura e escrita de vogais e consoantes, relação entre letra e
palavra (letras iniciais e contidas nas palavras), jogos que exigiram do aluno
poder de abstração, relacionando-as a figuras, por fim, nova avaliação motora
contemplando equilíbrio, velocidade, força e mudança de direção.
Considerações Finais
A partir do projeto brincando com as letras e com as palavras, pudemos
reafirmar a importância das relações interdisciplinares no processo de
educação de crianças.
Os professores envolvidos mantiveram a identidade de suas disciplinas,
ou melhor, reforçaram-na ao educar para a vida, respeitar o momento atual da
vida e criar possibilidades para que o aprender não seja apenas um conjunto
anacrônico de conteúdo, mas um ato ativo e interativo.
Com o projeto brincando com as letras e as palavras, quebramos o
“jogo do silêncio”, que infelizmente impera nas instituições de ensino, na qual
cada professor executa sua tarefa sem qualquer comunicação com os outros
profissionais empobrecendo o peocesso de ensino e aprendizagem amplo.
Conforme análise, os alunos permaneceram ativos por todo o processo
de aquisição de conhecimento, rompendo o paradigma de aluno passivo,
sentado, impaciente sem estimulo ao aprender a ler. Ao construir as atividades
os alunos não seguiram apenas ordens advindas dos professores seja de
Educação Física ou o professor regente (Pedagoga), mas materializaram suas
espectativas, seu conhecimento prévio e adquirido por outras atividades e
principalmente participou como protagonista do seu próprio desenvolvimento.
As atividades motoras obtiveram conotações importantes, não foram
tratadas apenas por atividades recreativas, ou ocupação do tempo livre dos
alunos, mas como fundamentais ao fazerem pontes sólidas entre o corpo e
mente, alegria e aprendizado.
Por fim, reafirmamos a importância de práticas fundamentadas e
conjuntas inclinadas ao desenvolvimento integral do aluno, fortalecendo o
vínculo entre a escola, construida não apenas por tijolos, mas principalmente
por pessoas; entre as disciplinas, ao analisarmos práticas que rompem a idéia
de separação entre as mesmas e rompo paradgmas principalmente
estabelecido à Educação Física que cuida apenas de corpos que correm; entre
os professores quando penso em profissionais atuando de maneira conjunta a
favor dos estudantes e entre o aprendizado significativo, que não permanece
apenas no papel escrito na sala ou em um período em quadra, mas incutido
nos sentimentos, na alma e no suor dos professores e alunos.
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HERNÁNDEZ, Fernando e VENTURA, Montserrat. A organização do
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Nilbo
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Pedagogia
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uma
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interdisciplinar rumo ao desenvolvimento das múltiplas inteligências .
São Paulo: Érica, 2001.
MOURA. Dácio G. Trabalhando com projetos. planejamento e gestão de
projetos educacionais.. Petrópolis, RJ:Vozes, 2006.
Trabalho foi financiado em parte pelo “Fundo Mackenzie de Pesquisa”.
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