O SOLO NO ENSINO DE GEOGRAFIA DO 6º ANO DO ENSINO

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O SOLO NO ENSINO DE GEOGRAFIA DO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL NO
LYCEU DE GOYAZ.
Eduardo Bonfim de Oliveira
Universidade Estadual de Goiás/UnU-Goiás
[email protected]
Karla Annyelly Teixeira de Oliveira
Universidade Estadual de Goiás/UnU-Goiás
[email protected]
INTRODUÇÃO
A cultura escolar perpassa sobre a superfície terrestre, na qual o solo é um elemento que
interage na vida dos alunos e da escola. A ocupação e apropriação do solo, em conjunto com as
atividades econômicas e sociais geram impactos que, por sua vez, agem na transformação das
paisagens.
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O ensino de Geografia no 6º Ano do Ensino Fundamental abarca conteúdos cujas
informações permeiam a vida e o aprendizado do discente que, num mundo cada vez mais globalizado,
realiza sua própria leitura da paisagem que o cerca, e sem métodos científicos. O solo segundo a
Pedologia é concebido como a massa natural que compõe a superfície terrestre e que suporta ou é
capaz de suportar as plantas, ou também a coleção de corpos naturais que contam matéria viva e é
resultante da ação do clima e da biosfera sobre a rocha (LEPSCH, 2012).
Com esses referenciais, desenvolveu-se um projeto de intervenção pedagógica com o
objetivo de ensinar os conceitos de solo e sua interação com o meio ambiente bem como da relação
das atividades humanas no uso do solo. A temática foi abordada a partir de uma leitura da geografia
socioambiental sobre a relação dialética da interação entre a natureza e a sociedade (MENDONÇA,
2002).
Este trabalho apresenta os resultados desse projeto que foi desenvolvido no formato de
regência no colégio Lyceu de Goyaz no âmbito do Estágio Supervisionado do curso de Licenciatura em
Geografia da Universidade Estadual de Goiás/UnU-Goiás. Os conteúdos e atividades abordaram
conceitos referentes ao solo com auxílio de diferentes procedimentos de ensino: aulas dialogadas;
atividade prática sobre morfologia de diferentes tipos de solo; e ainda textos como subsídio para as
atividades de interpretação, reflexão e fixação de conteúdo.
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RESULTADOS/DISCUSSÃO
O tema solo não é abordado como conteúdo na disciplina de Geografia do 6º Ano do
Ensino Fundamental. Costa e Borges (2010 p.140) constatam que esse saber é ministrado pelas
ciências Biológicas. No livro didático de Geografia, utilizado pelo 6º Ano do Lyceu de Goyaz, o solo se
apresenta em alguns textos com menções que perpassam em alguns capítulos.
Costa e Borges (2010, p.138) ressaltam que, como os outros elementos naturais, o solo
exige cuidados e apresenta limite na sua exploração, e que o uso intenso e contínuo deste recurso,
sem a adoção de técnicas de manejo e conservação, pode gerar vários impactos ambientais como
degradação, aceleração nos processos erosivos, compactação, arenização, entre outros
diagnosticados freqüentemente nas paisagens brasileiras e mundiais.
Ao considerar sua importância para o ambiente e para as atividades humanas, Costa e
Mesquita (2010) colocam o estudo do solo na Geografia como relevante, e que interessa à ciência
geográfica conhecer a gênese, a distribuição espacial e as características do solo com vistas ao uso e
ocupação racional do espaço, com adoção de metodologias e materiais pedagógicos que despertem o
interesse dos alunos quanto a dinâmica do solo na paisagem e os levem a um posicionamento crítico
frente ao processo de apropriação do espaço pelo homem.
A aplicação do projeto de ensino levou em consideração a compreensão dos alunos sobre
o solo e ao longo de oito aulas no 6º Ano do Ensino Fundamental. Quando queriam, os alunos
realizavam as tarefas satisfatoriamente, com compreensão dos enunciados e atribuição de respostas
pertinentes ao solicitado.
Na primeira aula, foi solicitado aos alunos um desenho sobre o que entendiam sobre solo,
e que, segundo a concepção artística, foram apresentadas algumas obras de arte. Em outro momento,
quando solicitados para responderem questões escritas sobre o solo, os alunos apresentaram
respostas com diversas compreensões. Tais respostas mostraram o solo como terra, chão e recurso
natural. As respostas apresentaram ainda sobre o solo os tipos e características e os usos diversos:
construção, plantação, pastagens, prática de futebol, sustentação das plantas e para fazer panela e
telhas. De um total de vinte e sete alunos, para vinte o solo tem dono enquanto para sete não. Sobre a
identificação do dono do solo surgiram respostas variadas como ninguém, a natureza, os seres
humanos, todos, os donos das casas e fazendas, pecuaristas e quem quiser. Apenas para quatro
alunos não há problemas no solo, enquanto que para vinte e um sim e apenas um não soube
responder. Entre os problemas apontados estão o desmatamento, poluição e erosão do solo, lixo,
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agrotóxicos, queimadas e exploração do solo. Sobre quem é afetado pelos problemas colocados estão
todos, os pobres, a natureza, os seres humanos, animais, o solo, ninguém e o lençol freático.
Na seqüência das aulas foram exibidos dois vídeos. Um mostra a percepção de alunos do
Ensino Fundamental sobre o que entendem sobre o solo e outro é uma aula do Telecurso 2000 sobre a
formação dos solos. A aula sobre morfologia do solo, que compreendia uma atividade prática, em
grupo, com amostras do solo, mostrou-se satisfatoriamente exitosa até surgir a possibilidade de
algazarra com as amostras de solos que se encontrava em mãos. Foram utilizados além das amostras
garrafas pet para simular a infiltração de água.
A avaliação das atividades propostas foi sobre a compreensão do que foi proposto, de
maneira a ressaltar o aprendizado dos conteúdos. Aqueles que se propuseram a fazer as atividades,
sem obrigar alguns a isto, mostraram compreensão daquilo que foi colocado. Porém, muitos alunos só
faziam as tarefas quando era atribuída pontuação à atividade, o que mostra que fazem somente pelo
valor material, a nota. Se for somente a aprendizagem por si só, o interesse pela atividade e pela aula
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é muito pequena, para não dizer nula.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa, aplicada como regência para o Estagio Supervisionado II, buscou ensinar
os conceitos concernentes ao solo em interação com o meio ambiente. Foram apresentados conceitos
sobre os elementos físico-naturais do solo como composição, morfologia, fatores de formação e tipos
de solo, sobre uso do solo no campo e na cidade, bem como as práticas de conservação dos solos.
Neste contexto, aulas com enfoque no ensino a partir de conceitos relativos ao solo
podem contribuir para a compreensão e leitura do espaço geográfico como resultado da dinâmica
existente entre a ocupação e apropriação do solo, as atividades humanas e o meio ambiente.
A construção desta pesquisa indicou a importância de inserção deste tema seja na escola
ou na sua casa, já que a vida do aluno é permeada pelas condições que o solo oferece na dinâmica da
paisagem. Morais (2011, p. 200) acrescenta que:
O ensino sobre relevo, rochas e solos deve ajudá-los a refletir sobre os
motivos pelos quais há processos erosivos ou áreas freqüentemente inundadas em
determinado lugar, quem são os sujeitos que sofrem ou não com essas situações ou por que
as áreas de cerrado estão sendo ocupadas intensivamente desde a década de 1970.
Esta autora afirma que apresentar, discutir, e problematizar com os alunos as questões
em torno dos temas físico-naturais englobando as relações sociedade-natureza são ações que
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contribuem para ampliar as discussões sobre cidadania, incorporando, além das questões de cunho
econômico e legal, aquelas relativas à justiça social.
O ensino sobre solo para os alunos do Ensino Fundamental mostrou a necessidade de
incluir conceitos que até agora se restringiam apenas a Pedologia, pois os conteúdos voltam-se muito
para a área cientifica. Diante disso, cabe a Geografia Escolar buscar incluir o conteúdo sobre solo na
sua matriz curricular, ou apenas oficinas sobre o tema em momentos extracurriculares apresentariam
melhor aproveitamento das atividades propostas?
REFERÊNCIAS
COSTA, A. A.; BORGES, V. C. Brincar, criar e aprender: a Geografia e o ensino de solos em cores,
textura e arte. In: MORAIS, E. M. B.; MORAES, L. B. Formação de professores: conteúdos e
metodologias no ensino de Geografia. Goiânia: NEPEG Ed Vieira, 2010.
COSTA, A. A.; MESQUITA, N. L. Solos e Ensino: a proposta dos livros didáticos de Geografia e
dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Porto Alegre: ENG-AGB, 2010.
LEPSCH, I. F. Solos: formação e conservação. São Paulo: Oficina de textos, 2002.
MENDONÇA, F. Geografia Socioambiental. In: MENDONÇA, F; KOZEL, S. (Org´s). Elementos de
Epistemologia da Geografia Contemporânea. Curitiba: Ed. UFPR, 2002.
MORAIS, E. M. B. As temáticas físico-naturais no Ensino de Geografia e a formação para a cidadania.
Revista Anekumene, 2011.
PROJETO ARARIBÁ. Geografia 6°Ano. São Paulo: Moderna, 2007.
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