Treme-Treme

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TABULA RASA
The Idea of starting form scratch is now, in Europe, literally unthinkable; the
dream/nightmare of the tabula rasa is dead – completely abandoned. Yet the life
expectancy of the average contemporary buildings is paradoxically short. It is built of
materials unsuited for eternity.
in Kenchiku Bunka 579
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Partiremos do fim. O fim é que vai nos dar todo o suporte para compreender esse
importante personagem. O fim como início, como partida, finalidade. Mas também
o fim como término, encerramento. Do fim ao fim. Da finalidade ao encerramento.
De 1948-58 a 1998-08. Uma década de criação, aparecimento, ocupação. Outra
década de deteriorização, abandono e desaparecimento. Um fim com uma
finalidade clara, a documentação histórica de sua transformação em realidade. Do
remembramento de terrenos, passando pelo projeto aprovado, chegando ao
edifício construído. Uma documentação quase cartográfica. Estruturando uma
leitura das plantas e desenhos realizados pela construtora no processo de
formalização do edifício. Um fim com uma triste finalidade. Triste e redundante.
Formalizar o estado atual do edifício. A representação do estado do prédio em dois
formatos: fotográfico e jornalístico. Uma foto que não conseguimos calar e uma
manchete que permanece muda.
Entre idas e vindas, uma documentação da realidade. Realidade nua, crua,
quebrada e abandonada. A documentação é do edifício São Vito, mas a realidade
é da metrópole São Paulo. Metrópole repleta de São Vitos: São Vitos-Minhocões,
São Vitos-Glicérios, São Vitos-Largos da Batata, São Vitos-Marginais, São VitosCracolândias, etc...
A esquizofrenia da metrópole: São Paulo é cidade-genérica. Cidade com a periferia
encravada no seu centro.
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Treme-treme é o codinome / apelido carinhoso dado ao edifício São Vito pela
população da metrópole. Assim como tantos outros edifícios com características
semelhantes – principalmente seu estado de abandono e degradação – o São Vito
se estabelece na paisagem urbana como um ícone do movimento descontrolado
que a cidade desempenhou durante esse último século. A origem do apelido é
incerta, tendo três versões mais conhecidas pelos habitantes da metrópole. A
primeira é referente ao próprio nome do edifício: considera-se o santo Vito o
padroeiro e santo dos doentes epilépticos – doença que provoca convulsões e
tremedeira. A segunda hipótese é referência direta ao seu estado físico de
conservação. “Ele treme, treme, treme, mas não cai!” diz um morador vizinho. E a
terceira hipótese é um reflexo da necessidade do ser humano de satirizar situações
desagradáveis do próprio cotidiano. Uma piada de humor negro. Contada em todos
os cantos da cidade, a anedota faz referência a grande quantidade de prostitutas
que moravam ou utilizavam o São Vito como ponto de trabalho. Imaginava-se se
todas estas senhoras resolvessem entrar em ação simultaneamente, o edifício
chacoalharia tanto que começaria a tremer.
Mas independente da origem, o apelido pegou. E, mais do que isso, o próprio
edifício parece ter assimilado e assumido essa postura de degradação própria. O
São Vito é, hoje, uma grande ferida mal cicatrizada bem no coração fervilhante da
metrópole. Mas digo isso sem negativismos ou juízos de valores. O São Vito faz
parte da história da cidade, do seu contexto de desenvolvimento urbano. Ele é
peça chave para a leitura e o entendimento da cidade. Tanto do caos quanto da
ordem urbana.
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E por isso resolvi preencher essa letra T com questões exclusivamente
arquitetônicas e construtivas. Um apanhado de informações técnicas e espaciais –
desde o projeto até sua construção – e uma pequena amostra das plantas
produzidas pelo escritório Zarzur & Kogan em 1950-54, eu diria até que é uma
pequena coleção de figurinhas raras.
A decisão aqui é quase cirúrgica. A ação é de um legista realizando uma autopsia
em um corpo moribundo. Extrairemos as entranhas do edifício. Inverteremos a
visão espacial do prédio. Não mais aquela fachada tatuada de pichos e perfurada
pelas milhares de janelas abandonadas e, sim, seus corredores, elevadores,
pequenas moradias, espaços comuns, de lazer. Veremos o São Vito por dentro.
Vazio, é claro. Como toda análise arquitetônica realizada atualmente. A presença
humana parece desqualificar a correta análise espacial, o que me parece um tanto
irônico. Mas vamos ao que interessa: aos pavimentos do São Vito.
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Projetado pelo arquiteto / engenheiro Aaron Kogan e calculado e executado por
Waldomiro Zarzur, na época sócios da Zarzur & Kogan Construtora, o São Vito é
um filho de terceira geração do terreno da Avenida do Estado esquina com rua
Ceres (hoje praça São Vito) e esquina com rua Luís de Camões. O primeiro São
Vito foi projetado, na verdade, pelo engenheiro / arquiteto Francisco da Vera
Monteiro (CREA 544-D). O projeto foi comprado, juntamente com o terreno, pela
empresa de Waldomiro e Aaron das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo S.A.
em 1954. Este projeto, datado de 1946, registra um São Vito com roupagem
neoclássica, mais atarracado – 17 pavimentos e 57 metros de altura – com três
grandes pátios centrais de iluminação e ventilação, apartamentos com 1,2 ou 3
dormitórios distribuídos em 14 pavimentos. Estes pavimentos eram servidos por
quatro elevadores e duas caixas de escadas. O projeto totalizava 11.773,50 m² de
área construída.
Já a segunda geração / versão do edifício, já de autoria de Kogan, apresenta
feições mais modernas com fachada em grelha de caixilharia e linhas horizontais
reforçadas por brises de concreto – semelhante aos do contemporâneo COPAN –
e marcadas pelo volume prismático que acompanha a linha divisória do lote.
Destacando-se desse volume mais puro, uma marquise no topo da sobreloja é
desenhada com curvas livres e mantendo-se sinuosa até o encontro, em ambos os
lados, com o edifício vizinho, o Mercúrio.
Região do São Vito em 1958
fonte: www.geoportal.com.br/1958
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É interessante fazer esse pequeno desvio. O processo do edifício Mercúrio, o
irmão mais velho do São Vito.
O Edifício Mercúrio, também de autoria de Kogan e Zarzur, foi projetado e
construído em ter 150 e 1954. Originalmente projetado para ser um hotel e atender
a solicitação da prefeitura em fazer uma homenagem ao quarto centenário da
cidade, o Mercúrio nasceu anunciando a delicada relação que ele e seu irmão mais
novo teriam com a Metrópole. Uma indefinição eterna de seu lugar na história
urbana da cidade de São Paulo.
Mas voltando ao treme-treme. Essa segunda versão é, na verdade, um prenúncio,
uma prévia da terceira e definitiva versão do projeto. A diferença significativa entre
as duas é o anseio pela diversidade que a segunda apresenta. Explico melhor. Na
versão de 1954, aprovada na prefeitura, a idéia de pavimento tipo foi dissolvida e
tinha-se a intenção de criar diversos pavimentos diferentes entre si. O pavimento
referência gerava outros através de variações e junções de apartamentos, divisões
de corredores de circulação alternativos, alguns apartamentos com sacadas, entre
outros. E na versão de 1956, aprovada e executada, todos os 23 andares
apresentam as mesmas características, ou seja, um andar TIPO.
Não considerei essa mudança apenas uma variação, e sim uma versão, porque
antes existia a possibilidade de, em um mesmo pavimento, convivência de uma
família de 5 ou 6 pessoas – em grandes apartamentos de 3 dormitórios – e uma
pequena família de 2 ou três pessoas – em apartamentos de 1 dormitório ou
mesmo nas kitinetes.
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A mudança, talvez incentivada pela procura de apartamentos menores ou mesmo
lucros
maiores
da
construtora,
acarretou
em
uma
estandardização
e
empobrecimento espacial do edifício, mesmo que ele tenha sido planejado para
atender uma demanda de pessoas de classe mais popular, como trabalhadores do
mercado municipal e das fábricas do Brás, o São Vito se transformou em uma
grande torre de pequenos apartamentos, para não dizer minúsculas kitinetes.
Os números finais do São Vito:
- Térreo com 15 lojas;
- Sobreloja com 17 salas;
- 23 andares tipo com 24 apartamentos cada;
- Apartamentos de 1 dormitório tipo Kitinete, variando entre 23 e 28m²;
- Terraço com apartamento do zelador, salão de festas e maquinário de elevador e
caixa d’água.
- 1 caixa de escadas e 3 elevadores com paradas intermediárias, ou seja, cada
parada servia dois pavimentos.
Totalizando uma área construída de 19.949,85m², sendo cerca de 3.000m² de área
comum, e uma altura de 90 metros.
São Vito em obras, 1957.
fonte: WZarzur Engenharia
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É peculiar perceber, também, a transformação do projeto da cobertura do edifício.
Até o início de 1958 existia um projeto detalhado para a execução de um pequeno
teatro no último andar do São Vito, com camarins, palco e um barzinho com foyer e
varanda para o parque D. Pedro II. Mas infelizmente esse charmoso teatro se
transformou, no final da obra, em um singelo salão de festas sem varanda para o
parque, já que a grande caixa d’água prevista para ocupar parte do 13° andar foi
deslocada para a cobertura, estrangulando o salão no limite do edifício, encerrando
todo o potencial espacial na base do prédio. Mas esse espaço não foi suficiente
para agenciar as trocas urbanas que tanto se esperava. Por isso...
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Poucos proprietários...
Muitos inquilinos inadimplentes...
Apartamentos abandonados...
Famílias invasoras e ocupantes...
Preço de mercado do apartamento beirando os R$ 3.000,00 e baixando...
Sem a presença forte de um síndico oficial. Quem controlava o edifício era um
grupo de traficantes, que mantinham uma forte restrição à entrada e saída de
pessoas do prédio...
Dívidas com as empresas fornecedoras...
Apenas um elevador em funcionamento – precário...
Sem coleta de lixo...
Alto nível de insalubridade...
Forte ponto de venda e consumo de drogas – Principalmente no salão de festas...
Movimento constante de prostitutas...
E o título nefasto de maior favela vertical da América Latina
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Prefeitura desapropria edifício, mantém os moradores “deslocados” na base do
bolsa aluguel, e promete realizar uma grande requalificação em todo o São Vito.
Mas como nenhuma promessa de prefeitura é dívida, todas as entradas foram
emparedadas e os projetos engavetados. Sai prefeita, entra prefeito e inicia-se
uma longa discussão para a implosão ou demolição do São Vito. Os ventos
mudam e as propostas também. O mesmo prefeito que queria demolir agora quer
requalificar. E para piorar, sai prefeito (agora governador), entra vice e a ladainha
volta em peso, com o agravante da finalização e não renovação do bolsa aluguel
aos antigos moradores. Mas agora está se discutindo três opções de futuro ao São
Vito: 1. Requalificação; 2. Demolição e 3. Concessão ao investimento privado e
possível transformação do São Vito em hotel para os freqüentadores da rua 25 de
março, que fica a duas quadras dali.
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Uma grande sombra na cidade, um obstáculo instransponível aos infinitos fluxos e
percursos urbanos – aos rizomas – o São Vito permanece lá, silencioso. Qual seu
destino? Nem João Caixa-d’Água sabe a resposta!
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Publicado em 9 de fevereiro de 2008 no Jornal Estado de São Paulo
Edifícios São Vito e Mercúrio serão demolidos
Com dois anos de atraso, os Edifícios São Vito e Mercúrio e o Viaduto Diário
Popular, símbolos da degradação do centro velho de São Paulo, serão demolidos. O
anúncio foi feito ontem pelo secretário municipal das Subprefeituras, Andrea
Matarazzo, logo após a primeira reunião do ano entre o prefeito Gilberto Kassab
(DEM) e os seus secretários. Em janeiro de 2006, porém, Kassab afirmara que a
demolição dessas estruturas para o início da revitalização da região do Parque d.
Pedro II seria viabilizada até o final daquele ano.
A licitação para a contratação da empresa que será responsável pela demolição das
estruturas será finalizada nos próximos dois meses. Os valores da concorrência não
foram divulgados. Os proprietários dos 120 apartamentos do Mercúrio começaram a
receber indenizações que variam de R$ 22 mil a R$ 30 mil. “Temos de fazer a
licitação do São Vito e do Mercúrio juntos porque são um prédio só na verdade. O
viaduto também vai ser demolido até o final deste ano no mesmo processo”, disse
Matarazzo.
A área onde estão os prédios deve ganhar uma passarela que servirá de ligação
entre o Mercado Municipal e o Palácio das Indústrias - a antiga sede da Prefeitura
abrigará um museu do brinquedo, conforme prevê um projeto do governo do Estado
para o local em parceria com o Município. A prefeitura analisa a possibilidade de a
demolição do São Vito e do Mercúrio ser feita de forma manual para evitar abalos na
estrutura do prédio do Mercado.
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Publicado em 15 de Outubro de 2006 no jornal Estado de São Paulo
Homem se suicida saltando do 8º andar do Edifício São Vito em SP
Prédio, que já abrigou uma população de 1.200 pessoas, está vazio desde 2004.
Apesar de o Edifício São Vito, entre a Av. do Estado e a Rua Mercúrio, em frente ao
mercado Municipal, região central da cidade de São Paulo, estar lacrado pela
Prefeitura, um homem entrou no prédio, na noite deste sábado, subiu até o 8º andar
e saltou, suicidando-se. O corpo, ainda não identificado, caiu na parte de traz do
edifício, na Praça São Vito. Profissionais da Polícia Científica foram acionados para
fazer a perícia no local e, se possível, tentar identificar o morto. A polícia não sabe
informar como aquele homem, que aparenta ter 30 anos, entrou no prédio que já
abrigou uma população de cerca de 1.200 pessoas. Vazio desde 2004, o São Vito,
um edifício construído há 45 anos, de 21 mil metros quadrados, 25 andares, com 600
quitinetes, é hoje alvo de uma grande polêmica. Há quem defenda que deve ser
reformado e abrigar famílias de baixa renda, proposta que consumiria alguns milhões
de reais. Em contraponto, a proposta mais simpática à atual administração é a de
que seja demolido, o que resultaria numa pilha de entulho da altura de oito andares.
A princípio, implosão já foi descartada, pois há outro edifício residencial justaposto a
ele, que não resistiria ao impacto. Por isso, a proposta é de que seja demolido
através de trabalho braçal, que demoraria muito mais tempo do que pode esperar o
urgente projeto urbanístico para a região.
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Publicado em 22 de Junho de 2004 no jornal Folha de São Paulo
Edifício São Vito deve ser esvaziado nesta semana
As últimas 15 famílias que ainda ocupam o São Vito (centro de São Paulo) devem
deixar o prédio nesta semana. O edifício, símbolo da degradação da região, passará
por uma reforma cujo valor estimado é de R$ 8 milhões. A Secretaria Municipal da
Habitação (Sehab) informou que só 3 das 510 famílias cadastradas em agosto do
ano passado permanecem no prédio. As demais são invasoras. Mas a obra não tem
data de início. Com a desapropriação, a prefeitura espera da Justiça a emissão de
posse dos imóveis. Só então terá início a reforma, parceria da prefeitura com a Caixa
Econômica Federal, que deve durar no mínimo 12 meses, segundo a Sehab.
Enquanto isso, famílias cadastradas recebem a chamada bolsa-aluguel (até R$ 300
por 30 meses). Quem for proprietário de apartamento no São Vito terá prioridade
para a recompra. Segundo a síndica do São Vito, Tânia Maria Torrico, dona de 2 das
600 unidades (são 25 pavimentos de moradia), as famílias só poderão usar o
elevador de serviço para agilizar as mudanças até hoje, já que ele será retirado.
O São Vito, de 45 anos, está com a estrutura comprometida. O prédio passou nos
últimos anos por um processo de deterioração que comprometeu além dos três
elevadores a fachada e os sistemas elétrico e hidráulico.
A implosão do edifício chegou a ser estudada. Nos seus 21 mil m2, viviam 1.200
pessoas em 24 quitinetes por andar. O futuro prédio terá 15 apartamentos por andar,
creche, capela, mirante e um restaurante-escola.
Maria Amélia do Nascimento Oliveira, 26, que mora com o marido, Sérgio, e os filhos
Denilson, 6, e Paulo Sérgio, 1, no 1º andar, já ocupou outros três apartamentos em
dez anos. Não saiu do prédio pois o marido está com o nome na lista de
inadimplentes e não consegue alugar um imóvel. A solução, segundo ela, será
transferir o apartamento no São Vito para seu nome e pedir a bolsa-aluguel.
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Publicado em 13 de Agosto de 2003 no jornal Folha de São Paulo
São Vito é perto de tudo, diz morador
O caso da moradora mais antiga do Edifício São Vito, Nadir Machado, 66, há 38 anos
no prédio, ilustra à perfeição as razões pelas quais os moradores não querem nem
ouvir falar de implosão: quase todos ganham a vida nas redondezas do prédio,
localizado na avenida do Estado.
A implosão do prédio, conhecido como "treme-treme", chegou a ser defendida pela
prefeitura. Machado, por exemplo, vende café de madrugada para os que
descarregam caminhão. "Não tenho condições de sair daqui. Vou fazer o que para
viver?", pergunta. Ela comprou o apartamento onde mora, de 30 m2 por R$ 12 mil há
sete anos; hoje vale R$ 5 mil. Segundo ela, o estigma de "perigoso" que persegue o
prédio é baseado em preconceito. "Ando de madrugada aqui e nunca me aconteceu
nada."
O vigilante Reinaldo Pereira, 36, funcionário terceirizado da Telefônica, também
destaca as facilidades oferecidas pela região central. "Aqui é ótimo porque tudo é
perto", diz. Ele pagou R$ 4 mil pelo apartamento em que vive com a mulher, Lúcia
Regina, e os filhos Kaike, Allef e Jenifer.
Francisca Muniz, 30, também diz que a localização do edifício é estratégica na
sustento de sua família. Seu marido é camelô no Largo do Café e, se tivesse que ir
trabalhar de ônibus, não sobraria dinheiro para pagar os R$ 200 de aluguel e
condomínio.
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Publicado em 22 de Março de 2003 no jornal Folha de São Paulo
Menino de 5 anos morre ao cair do décimo andar de prédio
Uma criança de cinco anos morreu nesta tarde na cidade de São Paulo ao cair do
décimo andar do edifício São Vito, conhecido como treme-treme.
Segundo a Polícia Militar, o menino, identificado apenas como Manuel, estava
sozinho no apartamento localizado na avenida do Estado (região central da cidade)
quando ocorreu o acidente. A queda provocou morte instantânea. A ocorrência foi
encaminhada ao 1º DP, que disse não poder fornecer mais informações porque o
registro ainda estava em andamento.
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