Guião Caminhada Quaresma´17

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Com Maria... a contemplar
A alegria de sermos discípulos missionários
entusiasma-nos a viver de forma renovada este Ano
Pastoral. Fazemo-lo, em ambiente de celebração do
Centenário das Aparições em Fátima (1917-2017), na
perspetiva da fé contemplada. Propomo-nos continuar
a redescobrir a nossa identidade cristã e o dom da fé,
numa adesão e conversão a Jesus Cristo, contemplando
as maravilhas que Deus operou em Maria e na nossa
própria vida pessoal, familiar, paroquial e social.
Como Maria, felizes, porque acreditamos, queremos
percorrer um caminho de conversão até Jesus Cristo.
Pela fidelidade da presença de Maria junto à Cruz,
vamos tecendo, compondo e recordando no coração os
acontecimentos e palavras da vida.
Com Maria… junto à Cruz
“Ao pé da cruz, na hora suprema da nova criação,
Cristo conduz-nos a Maria; conduz-nos a Ela, porque
não quer que caminhemos sem uma mãe; e, nesta
imagem materna, o povo lê todos os mistérios do
Evangelho. Não é do agrado do Senhor que falte à sua
Igreja o ícone feminino. Ela, que O gerou com tanta
fé, também acompanha «o resto da sua descendência,
isto é, os que observam os mandamentos de Deus
e guardam o testemunho de Jesus» (Ap 12, 17)”
(Evangelii Gaudium, 285).
Maria recebe a missão de acolher o discípulo
amado e todos quantos ele representa como filhos e
filhas. O discípulo amado é, na verdade, o símbolo
da comunidade cristã, de cada um de nós enquanto
discípulos amados do Senhor. “Eis o teu filho”, “eis
a tua mãe” – é dito para cada um, pessoalmente.
Aqui “está plenamente indicado o motivo da dimensão
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mariana da vida dos discípulos de Cristo... A maternidade de Maria
que se torna herança do homem é um dom: dom que o próprio Cristo
faz a cada homem pessoalmente” (Redemptoris Mater, 45).
Maria faz parte da Igreja e da vida de fé do discípulo como um bem
precioso e um valor vital; a Igreja e cada fiel podem reconhecer nela a
mãe que lhes foi confiada e a quem eles foram confiados. Isto suscita
em nós o amor a Maria e convida a deixarmos que este amor alimente
o nosso amor a Cristo e à Igreja.
Com Maria… na Igreja
O nosso amor a Maria é muito mais do que uma mera devoção
sentimental; é, antes, a contemplação da beleza do amor misericordioso
de Deus por nós, pela humanidade dispersa que Ele quer reunir; é a
contemplação da beleza da Igreja como Povo do Senhor, de que ela é
membro eminente e mãe amorosa; e da beleza da vida com Cristo, de
quem ela foi mãe, primeira e perfeita discípula. Naturalmente, tudo
tem em vista uma renovação da vida cristã e da Igreja. Como afirma
perspicazmente o cardeal Walter Kasper, “uma verdadeira renovação
da Igreja não é possível sem uma renovada mariologia e sem uma
renovada devoção a Maria. Por isso, Maria pode ser também hoje um
modelo para uma renovação da vida da Igreja e ajudar a realizá-la”.
A Igreja, em toda a sua história, cultivou intensamente a relação
com Maria pois não se pode perceber a si mesma sem contemplar
a fé de Maria, a sua eleição gratuita, a sua disponibilidade, o seu
compromisso. Neste sentido, a disponibilidade e o compromisso de
Maria tornam-se a disponibilidade e o compromisso da Igreja, isto é,
daqueles e daquelas que aceitam ser habitados por Deus. “Ir até Maria
é ir à escola do Cristianismo; compreendê-la é possuir a gramática
para compreender a humanidade e para falar a língua da vida. [...] Nela
está o alfabeto da vida. [...] Maria é como o ADN da Igreja e de cada
discípulo, nela já está presente o património original e fundamental
que faz crescer a Igreja” (Ermes Ronchi).
Com Maria… nas dores e alegrias
A existência da Virgem Maria não foi uma caminhada tranquila, sem
encruzilhadas, sem esquinas, sem tensões, sem dúvidas ou sem dores.
Maria passa por tudo isso, mas pondera, acolhe, compõe e tece no seu
coração com linhas de sofrimento. Ao longo de toda a sua vida, soube
manter sempre claro e firme o seu “sim” à vontade de Deus. Porque
guardava tudo no coração, Maria torna-se a “Virgem Fiel”. Maria de
Nazaré “recordava”, aprendia “de cor”, guardava no seu coração tudo
o que tinha ouvido e visto acerca de Jesus. A sua fidelidade nutria-se
diariamente da memória sempre refrescada das maravilhas do Senhor.
Esta alegria gerada pela contemplação das maravilhas do Senhor
aparece bem sublinhada pelo Papa Bento XVI quando diz: “com fé,
Maria saboreou os frutos da ressurreição de Jesus e, conservando no
coração a memória de tudo, transmitiu-a aos Doze reunidos com Ela
no Cenáculo para receberem o Espírito Santo. [...] Pela fé, no decurso
dos séculos, homens e mulheres de todas as idades, cujo nome está
escrito no Livro da vida, confessaram a beleza de seguir o Senhor Jesus
nos lugares onde eram chamados a dar testemunho do seu ser cristão:
na família, na profissão, na vida pública, no exercício dos carismas
e ministérios a que foram chamados. Pela fé, vivemos também nós,
reconhecendo o Senhor Jesus vivo e presente na nossa vida e na
história” (Porta Fidei, 13).
Com Maria… na Quaresma
No contexto da caminhada do Ano Litúrgico, temos vindo a assumir
as atitudes de Maria como modelo da nossa experiência de Deus e de
vida em Igreja, conforme podemos ver no quadro que se segue:
Tempo Litúrgico
Atitude de Maria
Advento
Tempo Comum I
Quaresma
Páscoa
Tempo Comum II
Silêncio
Louvor
Penitência
Oração
Ação de Graças
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A Quaresma é um tempo que convida à reflexão e à conversão
interior, no fundo, a “voltarmo-nos para Deus de todo o coração” e
ponderar, recordar e contemplar a Palavra de Deus, preparando-nos
para reconhecer toda a alegria Pascal que vem da Ressurreição de
Jesus, que nos salva e nos compromete com Ele e com os irmãos.
Neste espírito, queremos celebrar e viver as atitudes de Maria acima
enunciadas para estes Tempos Litúrgicos.
Segue-se uma proposta de caminhada Quaresmal, a partir das dores
de Maria, que posteriormente terá continuidade na caminhada para o
Tempo Pascal, que se apresentará em ligação com as alegrias de Maria.
Será na escuta atenta e no acolhimento da Palavra, ao ritmo da
Liturgia de cada Domingo, que esta conversão se poderá operar, através
de uma predisposição e de uma atitude que passará pela vivência na
Família, na Catequese e na Liturgia.
Quaresma: tecidos de Misericórdia
O Tempo da Quaresma abre para cada cristão a porta da conversão
que conduz à alegria da reconciliação. Efetivamente, sendo um tempo
de uma vivência profunda dos mistérios da paixão-morte-ressurreição
de Jesus Cristo, pretende-se desenvolver uma atitude de penitência e
conversão para um encontro fundamental e alegre com Jesus Cristo.
Para exprimir todo este dinamismo de conversão e de
revestimento de Cristo, numa imagem que fosse a base de
trabalho e de desenvolvimento desta caminhada, recorremos a três
elementos: a Cruz, a figura de Maria e tecidos/faixas. Estes devem
estar unidos entre si: uma cruz visível, com Cristo ou sem a figura de
Cristo, revestida de panos/faixas/tecidos manchados, escuros, com a
figura de Maria a seus pés.
Assim, abeiramo-nos de Maria, Mãe de Misericórdia, para que com
ela possamos lavar, tecer e recriar o tecido da nossa vida, marcado pela
fragilidade e pelo pecado. Com Maria, acreditamos que será possível
revestir os cantos mais íntimos da nossa vida com mais esperança e
misericórdia, fazendo essa experiência em vários ambientes: a nível
pessoal, na família, na liturgia e na catequese.
LITURGIA
O caminho da Quaresma será percorrido ao ritmo da Palavra de
Deus que ilumina a nossa vida e nos faz reconhecer os aspetos do
tecido do nosso viver que necessitam de purificação (conversão), tal
como se apresenta no quadro da página seguinte.
A partir dos elementos simbólicos e do itinerário propostos,
vamos procurar cultivar a penitência, como atitude a aprender de
Maria, valorizando em cada celebração o momento da Preparação
Penitencial:
a) o presidente introduz o momento, em conformidade com um texto
que se preparará para cada celebração semanal, evocando a atitude
que será necessário purificar no tecido da nossa vida e convidando a
assembleia a um tempo de silêncio;
b) convida depois à oração da Confissão;
c) da Cruz retira-se a faixa onde está escrita a palavra que identifica
a atitude que queremos purificar;
d) o tecido é colocado num cesto, junto de Maria;
e) para concluir o momento penitencial reza-se a oração: «À Vossa
Proteção…».
À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus.
Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades,
mas livrai-nos sempre de todos os perigos,
ó virgem gloriosa e bendita. Amém
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Esquema da Caminhada Quaresmal
Itinerário Simbólico
Celebração
Data
Contemplar a Alegria do Evangelho
Quarta feira de Cinzas
1 de março
“Arrependei-vos e acreditai no Evangelho”
Indiferença
I Domingo
5 de março
“Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra
que sai da boca de Deus”
Esquecimento de Deus
II Domingo
12 de março
“Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a
minha complacência. Escutai-O”
Egoísmo
III Domingo
19 de março
“Se conhecesses o dom de Deus…”
IV Domingo
26 de março
“Eu sou a Luz do Mundo”
Pessimismo
V Domingo
2 de abril
“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em
Mim, ainda que tenha morrido, viverá”
Desconfiança
Domingo de Ramos
9 de abril
“Jesus fez-se obediente até à morte”
Desobediência
Atitude
mariana
Penitência
Expressão na faixa
que pende da Cruz
Orgulho
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Celebração penitencial e Via
Sacra
O perdão – como diz o Papa Francisco – é uma
carícia de Deus, que nos traz a liberdade interior, a
paz espiritual e a alegria. É necessário redescobrir este
sacramento. Neste sentido e tendo por base o texto
bíblico de Jo 19, 26-27 (Maria e João junto à Cruz),
a Comissão de Liturgia apresentará uma Celebração
Penitencial, que poderá ser preparada em família, onde
será possível recuperar a oração mariana e o exame de
consciência, e celebrada em cada comunidade cristã,
em ordem a valorizar a vivência pessoal e comunitária
da maravilha do perdão que Deus opera na vida de cada
cristão.
Quanto à Via Sacra, também será apresentada uma
proposta que conduzirá à meditação do percurso dos
passos de Jesus com Maria. Sugere-se também, como
opção, tendo em conta a celebração do Centenário
das Aparições em Fátima, a Via Sacra Orai Assim,
elaborada pelo Padre Marcelino Paulo Machado
Ferreira (Edições Salesianas, 2017).
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CATEQUESE
Dinâmica da sessão de catequese
Em cada sala de catequese haverá três elementos
centrais para a vivência da caminhada proposta:
Cruz, Maria e tecidos/faixas. As faixas/tecidos
estarão já colocadas na Cruz à semelhança do que
se fez na igreja paroquial. A imagem de Maria
estará também junto à Cruz.
Assumindo a atitude de Maria junto à cruz,
poderemos tentar ajudar as crianças e adolescentes
a aprender a fazer e a cultivar o hábito do exame de
consciência diário, a partir de uma experiência feita na
sessão de catequese. Para isso, ao preparar a sessão,
deve ter-se em conta o melhor momento para fazer o
exame de consciência a partir dos seguintes pontos:
- Agradecer o dia vivido;
- Pedir a Luz do Espírito Santo;
- Examinar o que terá sido menos bom, iniciando
com a confissão (as perguntas abaixo apresentadas
podem ajudar neste momento);
- Pedir perdão (ato de contrição);
- Propor (propósito de melhoria para o dia seguinte).
Este momento pode ser enriquecido com o gesto
vivido na celebração da Liturgia da comunidade. No
final desta dinâmica, cada catequizando é levado a
fazer um compromisso que há de ser escrito, levado
para casa e colocado no Cantinho Mariano de Oração,
ou andar com ele no dia a dia, num lugar onde a criança
ou adolescente o possa facilmente ver e recordar. Na
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sessão seguinte, ao fazer memória da semana, deve fazer-se sempre
referência ao compromisso.
A celebração do Sacramento da Reconciliação surgirá, neste
itinerário, como momento luz em toda esta dinâmica. Por isso, sugerese que cada grupo de catequese participe na Celebração Penitencial.
Proposta de Exame de Consciência
1. Oração
- Vou sempre à Missa aos domingos ou às vezes arranjo desculpas
para não ir? Costumo comungar? Procuro dialogar com Jesus que veio
a mim na comunhão? Ao longo do dia vou pensando na presença de
Deus e falo com Ele?
- Tenho agradecido a Deus os dons e as graças que recebo? Faço o
meu exame de consciência diário, peço perdão e procuro melhorar e
não voltar a pecar?
- Aproveito a catequese para conhecer melhor Jesus?
- Falo de Jesus aos amigos ou, pelo contrário, tenho vergonha?
- Estou zangado(a) com alguém? Falo mal de alguém nas suas
costas? Sou mandão (mandona)?
- Desobedeço aos pais, aos professores e aos catequistas? Na escola
e na catequese faço barulho, perturbando os outros?
2. Esmola
- Decerto recebo dos meus pais uma “semanada” ou uma “mesada”:
por que não destinar alguma quantia para um pobre?
- Com os amigos na catequese ou com a família, posso até apoiar
uma instituição que ajude os mais necessitados; tenho aderido a essas
iniciativas com alegria?
3. Jejum
- Sou guloso(a)? Sou demasiado dependente da TV, do telemóvel,
do computador e do tablet?
- Minto? Sou egoísta, invejoso(a) e materialista? Convencido(a)?
Vaidoso(a)? Preguiçoso(a)?
- Fui violento(a) nas atitudes ou palavras ou chamei nomes feios a
alguém? Roubei ou estraguei de propósito alguma coisa dos outros?
- Utilizo bem o tempo, tentando não o desperdiçar?
- Procuro respeitar a natureza, não poluindo o ambiente nem
deitando lixo para o chão?
Confesso a Deus todo-poderoso e a vós irmãos,
que eu pequei muitas vezes por pensamentos,
palavras, actos e omissões
por minha culpa, minha tão grande culpa.
Peço à Virgem Maria aos Anjos e Santos e a vós, irmãos,
que rogueis por mim a Deus Nosso Senhor.
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FAMÍLIA
A dinâmica em casa consiste em criar um tempo de
oração e conversão em família. Assim, cada família
da comunidade é convidada a criar um Cantinho
Mariano de Oração. Aí a família poderá reunir-se
em oração, tal como Maria fez com os discípulos no
Cenáculo.
A oração poderá começar com o acender de uma
vela, invocar o dom da presença do Espírito Santo, e
rezar/meditar a partir da proposta do livro Rezar na
Quaresma (Edições Salesianas, 2017).
Posto isto, criar um breve tempo de silêncio, para
acolher com a docilidade e calma de Maria a Palavra
escutada e meditada, e aí cada um poder realizar um
exame de consciência, ora pessoal, ora familiar, com a
ajuda do esquema anteriormente proposto. Como seria
bom que esta oração fosse feita em família!
Depois deste momento, o compromisso trazido da
catequese é colocado debaixo da imagem de Maria. A
ela confiamos as nossas dores e esperanças. Com ela e
por ela nós queremos chegar à paz de coração que vem
de seu Filho Jesus.
Este tempo de oração termina com a oração a Maria
“À Vossa Proteção…”.
À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus.
Não desprezeis as nossas súplicas
em nossas necessidades,
mas livrai-nos sempre de todos os perigos,
ó virgem gloriosa e bendita. Amém
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COM MARIA…
DOMINGO A DOMINGO
Segue-se uma proposta de reflexão para cada
Domingo da Quaresma. Em ano dedicado à Virgem
Maria, Mãe de Deus e da Igreja. Este itinerário
pretende auxiliar os ambientes nos quais a conversão
deve acontecer.
Maria guarda no coração a Palavra de Deus. Será
na escuta atenta e no acolhimento da Palavra, ao
ritmo da Liturgia de cada Domingo, que a conversão
se pode operar, através de uma predisposição e de
uma atitude que passará pela vivência na Catequese,
na Família e na Liturgia.
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Quarta-feira de cinzas
“Arrependei-vos e acreditai
no Evangelho”
* Tomar consciência de que somos cinza e de que, em Tempo
Quaresmal, há necessidade de cada um “voltar-se mais para Deus
de todo o coração”, recordar com fidelidade a sua vida e tecê-la
com a misericórdia de Deus.
* Seguindo os passos de Maria, estabelecer uma profunda
relação com Deus. “Maria conservava todas estas palavras,
ponderando-as (compondo-as/tecendo-as) no seu coração”. Maria
guarda no coração a Palavra de Deus.
* O Tempo Quaresmal que inicia na Quarta-feira de Cinzas
deve ser um caminho de autêntica conversão, um tempo propício
para cada um/família se “voltar para Deus” e “recordar”,
“guardar” palavras e acontecimentos, abrindo espaço à conversão
e à verdadeira penitência.
* As cinzas são expressão da atitude necessária durante esta
caminhada, sinal desta consciência humana e atitude humilde
que permitirá percorrer este caminho de verdadeira conversão do
coração em direção à Páscoa.
* Em Ano Mariano, lembramos ainda todas as mães, mulheres e
famílias, que também fazem este caminho de conversão, tornandose cinza, no encontro pessoal com Cristo e com os irmãos, na
Evangelização/Testemunho/Anúncio de Cristo a todas as pessoas.
* A partir do Evangelho, sublinhar quatro atitudes fundamentais:
oração, jejum, esmola e penitência.
* Fazer referência ao destino do Contributo Penitencial.
* Elementos: Cruz, Maria, faixa/tecido.
* No Momento da preparação penitencial: confissão, retirar
a faixa/tecido com a expressão “Indiferença” e concluir com a
oração “À Vossa Proteção”.
* Depois da homilia, segue-se a imposição das cinzas sobre
as pessoas.
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“Nem só de Pão vive o homem, mas de
toda a palvara que sai da boca de Deus”
1º Domingo da Quaresma
* Tomar consciência de que voltar-se para Deus passará por fazer
deste Tempo Quaresmal um tempo de deserto, um espaço de paragem,
reflexão e oração para não cedermos às diversas tentações do mundo.
* “Antes de dar início à Sua pregação, Jesus entrega-se à oração,
uma atitude quaresmal; antes de se apresentar em público, vai para
o deserto; antes de Se misturar com o povo, retira-se para a solidão.
Antes de ir ao encontro dos homens, busca a intimidade do Seu Pai,
que está no Céu” (Karl Rahner).
* O deserto é espaço de paragem obrigatória, de reflexão, oração,
introspeção para quem quer fazer um caminho sério em direção à
Páscoa, isto é, em direção a uma vida nova, livre das tentações, ou
melhor, com força para se ir libertando das várias tentações com que
se é confrontado diariamente.
* Depois de 40 dias de desânimo, vagueando pelo deserto, o
profeta Elias encontra Deus. Jonas, em nome de Deus, concede aos
pecadores 40 dias para se converterem e mudarem de vida. Jesus
está 40 dias no deserto e o jejum ajuda-O a sintonizar plenamente
com o projeto de Deus.
* Só orando, refletindo, entrando no deserto do meu íntimo,
é que me transformo ao ponto de me poder “voltar para Deus
de todo o coração”, acolhendo-O na Sua Palavra, pois só assim
perceberei que “nem só de pão vive o homem” (Evangelho).
* S. Paulo refere na segunda leitura: “A Palavra está perto de
ti, na tua boca e no teu coração”. Então, aproveitemos este Tempo
Quaresmal para acolher e amar essa Palavra que está tão perto,
dentro de nós.
* Por outro lado, a tentação de Jesus no Deserto não foi um
acontecimento isolado, foi o começo de uma luta que se prolongará
por toda a vida, atingindo o auge com a morte em Jerusalém.
* O Batismo não nos introduz num estado de segurança. É
antes o começo de uma exigente caminhada, no decorrer da qual a
nossa fidelidade a Deus é, muitas vezes, posta à prova.
* Em Ano Mariano, somos precisamente convidados a refletir
sobre a nossa fidelidade a Deus, sobre o “sim” à nossa vocação
batismal, que implica acolher Deus de todo o coração, na Sua
Palavra.
* Elementos: Cruz, Maria, faixa/tecido.
* No Momento da preparação penitencial: confissão, retirar
a faixa/tecido com a expressão “Esquecimento de Deus” e
concluir com a oração “À Vossa Proteção”.
Entrelinhas
Obrigado por estes 40 dias que me concedes, Senhor.
Fica comigo e ajuda-me a fazer escolhas sérias.
Se Tu estiveres comigo, vou conseguir encontrar um estilo
novo para a minha vida.
Obrigado por estes 40 dias que quero passar com Jesus.
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“Este é o meu Filho muito
amado, no qual qual pus toda a
minha complacência. Escutai-O”
2º Domingo da Quaresma
* Tomar consciência de que voltar-se para Deus passará por querer
estar mais com Ele (“Mestre, como é bom estarmos aqui!”), escutar
mais a Sua Palavra, acolher mais as propostas que Deus me vai
fazendo no silêncio e ser mais presença d’Ele no mundo e na Igreja
(Viver as 24 horas para o Senhor como oportunidade de conhecer o
rosto transfigurado de Jesus).
* A Quaresma convida a parar interiormente, a construir tendas do
encontro e do acolhimento a Jesus na minha vida, mas simultaneamente
a agir, a descer do monte e a anunciar a Boa Nova de Jesus Cristo
transfigurado.
* A experiência, breve mas maravilhosa, que foi dada viver aos
apóstolos na transfiguração, constitui uma “antevisão” de Jesus
ressuscitado. “O seu rosto ficou resplandecente como o Sol e as suas
vestes tornaram-se brancas como a luz”. Este acontecimento quer
iluminar o nosso caminho, quer que descubramos a verdadeira
missão do Messias e a coragem necessária para seguirmos os
Seus ensinamentos e a Sua vida de ressuscitado. Mostra que
é na Cruz que descobriremos o verdadeiro sentido da vida, a
verdadeira luz. A transfiguração é o prenúncio de que o triunfo
da vida e da dignidade do homem nasce da Cruz, no dar a vida,
concretizando-se no homem transfigurado, no homem que deixa
branquear as vestes do seu Batismo pela luz da ressurreição.
* Tal como Cristo, cada um é chamado a dar-se, a assumir a
sua cruz, transfigurando-se e dignificando-se. Mas este dar-se tem
de ser permanente e sem barreiras, como acontece com Maria que
assume a missão, a graça que Deus derrama na sua vida.
* Chega de caricaturas e de verdades a meias. Quem é
mesmo Jesus? Para lá das imagens “fofinhas” do menino Jesus
do presépio… para lá da tentativa de reduzir Jesus a um profeta
contestatário… para lá do Jesus homem bondoso…queres saber
quem é realmente Jesus? Escuta a voz do Pai.
* Como Maria aos pés da Cruz, vivemos um tempo favorável
da fé, um tempo do acolhimento da Palavra no nosso coração, um
tempo de contemplação do rosto misericordioso de Deus.
* Elementos: Cruz, Maria, faixa/tecido.
* No Momento da preparação penitencial: confissão, retirar
a faixa/tecido com a expressão “Egoísmo” e concluir com a
oração “À Vossa Proteção”.
Entrelinhas
Tu és filho. Tu és amado. Daqui nasce a tua força, a tua
coragem, a tua alegria.
Quero estar mais contigo. E como Tu, sentir-me filho amado
pelo Deus da beleza e da ternura.
25
“ Se conhecesses o dom
de Deus...”
3º Domingo da Quaresma
** Tomar consciência de que voltar-se para Deus, que é Pai
Misericordioso, passará por estar atentos aos seus apelos e, como
Maria o fez, acolher a Sua Palavra e vontade, com mais fé e alegria na
nossa vida e no nosso coração.
* Contrariando uma opinião corrente entre os seus contemporâneos,
Jesus afirma que, na vida presente, não existe relação direta entre
pecado e desgraça, calamidades e erros.
* Já tentamos tantas coisas, tantas soluções para uma vida feliz. A
maioria nem sequer funciona. Limitam-se a ficar com o dinheiro que
pagamos e a deixar o coração ainda mais insatisfeito. Outras parecem
funcionar, mas ao fim de alguns dias vemos que não resistem ao teste
do tempo, ao embate com os altos e baixos da vida. E começamos a
duvidar de tudo. E a vida parece uma longa travessia pelo deserto,
cheio de sede e desilusão.
* Não deixa de haver, no entanto, sinais ou apelos da parte
de Deus à mudança de vida, à conversão permanente, apelos que
todos temos de acolher, pois não somos melhores do que os que
sofrem.
* A Quaresma ensina-nos que todos somos pecadores, todos
precisamos de recordar das nossas faltas e pecados, as nódoas
que mancham a relação pessoal, com os outros e com Deus, mas,
acima de tudo, acolher com coragem a Misericórdia de Deus,
através do Sacramento da Reconciliação, vivido numa Celebração
Penitencial.
* É urgente arrependermo-nos e convertermo-nos ao Sagrado
Coração de Jesus, que tanto nos ama e que só n’Ele está a salvação.
* Elementos: Cruz, Maria, faixa/tecido.
* No Momento da preparação penitencial: confissão, retirar
a faixa/tecido com a expressão “Orgulho” e concluir com a
oração “À Vossa Proteção”.
Entrelinhas
Tu és água fresca, Senhor da vida abundante.
Tu és a resposta aos desejos mais profundos que trago dentro
de mim.
Em Ti, só em Ti, encontro paz, perdão, sentido, esperança.
Em Ti, só em Ti, recupero forças para me levantar e continuar
a viver com entusiasmo.
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“Eu sou a Luz do Mundo”
4º Domingo da Quaresma
* Tomar consciência de que é importante recordar o caminho
que nos aproxima ainda mais de Deus e que poderá passar por nos
reconciliarmos com Deus, com os irmãos e com o próprio. Durante
esta semana, pode viver-se o Sacramento da Reconciliação ou pode
optar-se por fazer a Via Sacra.
* Jesus propõe-nos um caminho novo, um caminho de reconciliação,
um caminho de regresso à casa do Pai, um encontro com a Sua Palavra,
no fundo, um “voltar-se para Ele”.
* Recordar que a “Penitência” é a atitude mariana que se pretende
viver neste itinerário.
* A Cruz e o perdão são um caminho novo de conversão, em
oposição às tantas “costas voltadas”, que tantas vezes nos limitam,
prendem e não nos deixam olhar de frente.
* Na comunidade e na catequese, deve incentivar-se à prática
do sacramento da Reconciliação, como sinal de encontro com a
misericórdia e o perdão que Deus sempre oferece.
* A reconciliação obriga cada um a olhar para dentro de si
mesmo, reiniciando um processo de renovação e de reconciliação
com o Pai.
* “Por Cristo, Deus reconciliou-nos consigo”, diz-nos S. Paulo
na segunda leitura.
* Acreditar em Jesus é acreditar no dom da vida e da
reconciliação do homem consigo, com os outros, com Deus e com
a natureza, como acolhimento de uma proposta nova, de caminho
alternativo àquele que nos conduz às trevas e nos faz sair da casa
do Pai, como o filho mais novo de que fala o Evangelho.
* No entanto, o pai acolheu-o novamente em seus braços, em
suas mãos, fazendo festa por aquele filho ter “voltado para o Pai”.
* Elementos: Cruz, Maria, faixa/tecido.
* No Momento da preparação penitencial: confissão, retirar
a faixa/tecido com a expressão “Pessimismo” e concluir com a
oração “À Vossa Proteção”.
Entrelinhas
Quero ver quem és Jesus!
Quero sentir a tua presença e a tua consolação.
Quero olhar para Ti e ver o rosto do Pai.
Quero deixar-me abraçar por ti.
Quero acreditar em Ti e deixar que a fé
se torne em mim vida nova!
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* Este Domingo convida à prática do jejum, uma atitude que
me propõe renunciar e jejuar àquilo que me satisfaz apenas a mim,
sugerindo-me uma entrega mais radical aos outros.
* Acreditas? Achas que Jesus te pode curar da cegueira? Que
Ele pode dar uma qualidade nova ímpar à tua vida? Acreditas ao
ponto de arriscar tudo com Ele?
* Elementos: Cruz, Maria, faixa/tecido.
* No Momento da preparação penitencial: confissão, retirar
a faixa/tecido com a expressão “Desconfiança” e concluir com a
oração “À Vossa Proteção”.
Entrelinhas
“Eu sou a ressurreição e a vida.
Quem acredita em Mim, ainda que
tenha morrido, viverá”
5º Domingo da Quaresma
* Tomar consciência de que voltar-se para Deus passará por não
condenar ninguém, sendo capazes de oferecer o dom do perdão,
podendo, porventura, recordar algum irmão a quem tenhamos
condenado ou levantado algum boato ou falso testemunho.
* Jesus condena sempre o pecado, mas, perante o pecador, a Sua
atitude não é de condenação, mas de salvação e misericórdia.
* Jesus veio para libertar o homem do pecado, para lhe dar a alegria
do perdão.
* “Voltar-se para Deus”, ou seja, acolher Deus passará também por
sermos mais acolhedores uns dos outros, por nos perdoarmos uns aos
outros, tal como refere a oração do “Pai Nosso”.
Não sei muito bem como dizer em palavras a minha fé.
Mas sei que em Ti consigo perdoar.
Sei que contigo na minha vida resisto ao sofrimento, à doença
e ao desânimo. Sei que ao Teu lado é possível construir um amor
fiel, que supera todos os solavancos.
Por tudo o que fizeste na minha vida, é fácil acreditar em Ti.
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“Jesus fez-se obediente
até à morte”
Domingo de Ramos
* Tomar consciência de que voltar-se para Deus passará por
vivermos em profundidade o mistério desta Semana Santa, isto é, o
mistério da paixão, morte e ressurreição.
* Recordar, em Dia Mundial da Juventude, os jovens de todo o
mundo e de cada paróquia, particularmente os que vivem sem rumo
e desorientados pelas drogas, álcool ou outros vícios, pela falta de
emprego e de projetos, pela falta de amor e de afetos, no fundo, um
apelo a que os acolhamos e ajudemos.
* Celebramos, neste Domingo, dois acontecimentos da vida de
Cristo, lembrados no nome litúrgico deste dia (Ramos): a entrada
triunfal de Jesus em Jerusalém e a Sua Paixão e Morte. Aqueles que
O aclamaram na Sua entrada em Jerusalém foram os mesmos que,
pouco tempo depois, O mataram e suspenderam na Cruz, na Sexta-
feira Santa, três dias antes de ressuscitar.
* A Cruz é o sinal por excelência deste Tempo Quaresmal, é
fonte e geração de uma vida nova. Maria, junto à Cruz de Seu
Filho, manifesta a fidelidade e a esperança para toda a Igreja.
* Iniciar a celebração com a Bênção dos Ramos fora da Igreja.
* Neste dia deve apelar-se, mesmo aos jovens e na catequese,
uma vez que é Dia Mundial da Juventude, à vivência e participação
nas celebrações da Semana Santa e na celebração da Vigília Pascal
e do Dia de Páscoa, como forma e condição para haver uma forte
vivência do espírito pascal em cada um/família, ou seja, como
forma de cada um se permanecer junto da Cruz de Jesus, tal como
Maria nos testemunha.
* Elementos: Cruz, Maria, faixa/tecido.
* No Momento da preparação penitencial: confissão, retirar
a faixa/tecido com a expressão “Desobediência” e concluir com
a oração “À Vossa Proteção”.
Entrelinhas
Quero gritar-Te a minha alegria. Tu conheces os meus
desejos mais sinceros e profundos. E quiseste entrar na minha
cidade. Vieste à minha vida e trouxeste o dom de Deus.
Para Ti, o meu aplauso, o meu louvor, a minha adoração.
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Comissão para a Liturgia
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