Os metais no campo da eletricidade Na última parte do

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Os metais no campo da 'eletricidade'
Prof. Luiz Ferraz Netto
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Introdução
Na última parte do século dezoito havia considerável interesse pelos peixes geradores de
diferenças de potenciais elétricos (ou geradores de ''eletricidade'', como é mau costume
citar nos textos de divulgação científica; sobre isso, recomendo a leitura "Corrigindo velhos
chavões". Assim, quando eu colocar a palavra ''eletricidade'', entre aspas, estarei sempre
salientando minha oposição ao seu mau uso.), tais como a enguia elétrica ou Gymnotus.
Foram feitos relatórios sobre eles por John Hunter (1773), Cavendish (1776) e outros.
Acreditava-se geralmente que seus choques eram de natureza elétrica. Isto levou Luigi
Galvani (1737-1798) de Bolonha a investigar o efeito da 'eletricidade' sobre os nervos.
Descobriu subseqüentemente que a 'eletricidade' podia produzir contrações musculares e,
inversamente, que as contrações musculares podiam produzir 'eletricidade'.
Continuando o trabalho de Galvani, Alessandro Volta (1745-1827), de Pávia, fez uma
importante descoberta. Descobriu em 1800 que um par de moedas feitas de metais
diferentes podem produzir, quando em contato, uma corrente elétrica. Imediatamente
construiu sua famosa pilha voltaica, a primeira bateria elétrica. A ilustração mostra sua
construção. A 'pilha' é uma série de discos de prata e de zinco alternados, embora outros
metais possam ser utilizados.
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Material oriundo do site www.feiradeciencias.com.br. Reprodução autorizada pelo autor.
O Copyright do “Feira de Ciências” está reservado para “Luiz Ferraz Netto” e seu conteúdo está protegido pela Lei de Direitos Autorais.
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Pilha elétrica de Volta (a) e “couronne de tasses” (b)
Cada par é comprimido entre tiras de papel embebido em água salgada. A tomada da
corrente é feita nos discos superior e inferior, com fios metálicos. Estes são ligados a
qualquer corpo externo, através do qual se deseja passar a corrente. Os mesmos
resultados foram obtidos com a famosa couronne de tasses (1800) de Volta, conforme se
ilustra acima, em (b). Os pares de placas de prata e zinco são colocados em tinas de água
salgada ou ácido diluído, e ligadas por fios, conforme se vê.
Novos metais descobertos pela 'eletricidade'
Logo que Volta publicou sua surpreendente descoberta, os químicos apressaram-se em
usar essa poderosa ferramenta nova. Na Inglaterra, por exemplo, a água foi decomposta
pela corrente elétrica em hidrogênio e oxigênio, no mesmo ano da publicação feita por
Volta.
Supunha-se geralmente que a corrente elétrica estava de certa maneira relacionada com as
transformações químicas dos materiais da pilha. Assim, a atração entre os átomos de uma
substância adquiriu o aspecto de uma espécie de atração elétrica. A atração que mantém
juntas as moléculas tinha sido anteriormente considerada como gravitacional.
A nova pilha voltaica excitou a imaginação de Berzelius. Talvez aquela poderosa arma
pudesse ser utilizada para analisar os muitos compostos renitentes que tinham resistido a
esforços despendidos durante séculos para decompô-los em seus elementos. Ele publicou
um documento sobre o assunto, de parceria com seu amigo von Hisinger — com quem há
muito partilhava o indispensável cadinho de platina. O documento discutia a divisão dos
compostos em seus elementos, por meio da pilha voltaica. Os dois fios terminais da pilha
seriam colocados em um composto, de maneira a fazer passar uma corrente por ele.
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Sugeriu a teoria de que os metais sempre se deslocariam para o terminal negativo,
enquanto que os não-metais iriam para o positivo.
Alguns anos depois, um jovem químico inglês, Humphry Davy (1778-1829), fez passar a
nova corrente elétrica através de vários compostos, e 'eletrificou' a imaginação do mundo
científico. Usando a pesquisa de Berzelius e a nova pilha elétrica de Volta, ele isolou muitos
novos e estranhos elementos, que tinham propriedades jamais sonhadas. A potassa e a
soda tinham sido usadas por incontáveis séculos, e no entanto nenhum cientista tinha a
menor idéia dos elementos metálicos escondidos nelas. Davy construiu uma poderosa
bateria voltaica de cento e cinqüenta células e fez sua corrente passar por uma certa
quantidade de potassa fundida. Logo observou a magnificente decomposição que tinha
antecipado. Exatamente como havia predito Berzelius, glóbulos de um metal prateado
formaram-se no pólo negativo, incandescendo-se imediatamente, produzindo luz intensa.
Sendo um excelente experimentador, ele logo conseguiu realizar a decomposição de tal
maneira que o metal não se inflamasse quando entrasse em contato com o oxigênio.
Quando colocou na água os glóbulos de metal, eles deslizaram como insetos aquáticos,
queimando-se com uma chama cor azul arroxeado. Como o novo metal era proveniente da
potassa, foi chamado de “potássio”. O processo elétrico para sua obtenção é chamado de
eletrólise.
Entre os anos de 1807 e 1808, Davy fez passar correntes elétricas por seis substâncias que
jamais tinham sido analisadas, decompondo-se em seus elementos. Esses elementos eram
o oxigênio, de um lado, e seis metais novos. As substâncias compostas eram os álcalis,
potassa e soda, e as chamadas terras alcalinas, barita, estrôncia, cal e magnésia. Ele
chamou aos elementos metálicos correspondentes de potássio, sódio, bário, estrôncio,
cálcio e magnésio. Um novo método de análise, a eletrólise, tinha entrado na prática da
Química. Era uma ferramenta magnífica, que iria dar à Humanidade um maravilhoso metal
novo — o alumínio.
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