partição de assimilados em algodoeiro

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PARTIÇÃO DE ASSIMILADOS EM ALGODOEIRO SEMIPERENE BRS MARROM SOB
DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO E DOSES DE REGULADOR DE CRESCIMENTO.
Josefa Cícera Martins Alves (Centec / [email protected]), José Rodrigues Pereira
(Embrapa Algodão), José Renato Cortez Bezerra (Embrapa Algodão), Silvia Vitorino de Lima (Centec),
Rosilleide Neudes de Souza (Centec), Aldênia Mendes Mascena (Centec), Francisco de Assis Leite de
Pinho Filho (Centec), Silas Barros de Alencar (Centec).
RESUMO - Conduziu-se experimento na Embrapa Algodão, Barbalha, CE, objetivando avaliar a
partição de assimilados do algodoeiro semiperene BRS 200, submetido a diferentes lâminas de
irrigação e diferentes doses de regulador de crescimento. O delineamento utilizado foi o de blocos ao
acaso com parcelas subdivididas, dispostas em faixas, com quatro repetições, onde foram avaliadas
quatro doses de cloreto de mepiquat (0, 50, 75 e 100 g do i.a./ha) e cinco lâminas de água (742, 552,
354 298 e 125mm). Os resultados mais expressivos foram: houve pequena variação no percentual de
raiz, caule e folhas de algodão semiperene BRS Marrom em função das lâminas de irrigação e das
doses de regulador de crescimento estudadas; o percentual de folhas do algodoeiro semiperene BRS
200 foi muito maior que o de caule e de raiz nos diferentes níveis de lâminas de irrigação e de doses do
regulador de crescimento avaliadas; em menor disponibilidade de água o percentual de raiz e de caule
das plantas de algodão BRS 200 foi maior do que nas maiores lâminas de irrigação, comportando
diferentemente do percentual de folhas.
Palavras-chave: cloreto de mepiquat, biomassa.
PARTITION OF ASSIMILATED IN SEMIPERENNIAL COTTON BRS 200 UNDER DIFFERENT
LEVELS OF IRRIGATION AND DOSES OF GROWTH REGULATOR.
ABSTRACT - An experiment was carried out in Embrapa Algodão, Barbalha, CE, aiming at to evaluate
the partition of assimilated of semiperennial cotton BRS 200, submitted to different irrigation levels and
different doses of growth regulator. The design used was a Split Plot in random blocks, disposed in crop
strips, with four repetitions, where it was evaluated four doses of mepiquat chloride (0, 50, 75 and 100 g
of i.a. / ha) and five aplication levels of water (742, 552, 354 298 and 125mm). The most expressive
results were: there was small variation in the percentile of root, stem and leaves of semiperennial cotton
BRS 200 in function of the irrigation levels and of the doses of growth regulator studied; the percentile of
leaves of the semiperennial cotton BRS 200 was much larger than the one of stem and of root in the
different levels of irrigation and doses of the growth regulator evaluated; in smaller contents of water the
root and stem percentiles of the semiperennial cotton BRS 200 was larger than in the largest irrigation
levels, holding differently of the percentile of leaves.
Key words: mepiquat chloride, biomass.
INTRODUÇÃO
A irrigação permite a suplementação de água nos períodos de estiagem e a utilização continua
de área, permitindo de duas a três safras por ano, dependendo da espécie cultivada. O déficit de água
pode reduzir a produção e/ou a qualidade do produto, enquanto o excesso de irrigação, além das
perdas de água e energia, pode contribuir para a lixiviação dos nutrientes e agroquimicos para as
camadas inferiores do solo ou até mesmo atingindo o lençol freático. (RESENDE e ALBUQUERQUE,
2002).
Como o algodoeiro é uma planta muito complexa e possuidora de hábito de crescimento
indeterminado, em algumas situações de cultivo, há necessidade de limitar-se o crescimento dos
órgãos vegetativos, fazendo com que haja maior investimento de metabólitos para os drenos úteis, do
ponto de vista econômico. Com um melhor manejo cultural e com o uso de cultivares de algodão mais
produtivas a prática do estresse hídrico antecipado tem sido substituída pelo uso de substâncias
hormonais, a fim de reduzir o crescimento vegetativo e promover a maturação mais uniforme. Os
hormônios vegetais, também chamados de fitohormônios ou substâncias reguladoras do crescimento
são substâncias produzidas pela própria planta que em baixa concentração promovem modificações no
crescimento e no desenvolvimento e, geralmente, atuam em pontos diferentes da planta. Já os
reguladores dês crescimento são substâncias orgânicas e sintéticas não produzidas pelas plantas,
porém tem ação semelhante à dos hormônios no metabolismo vegetal, modulando e regulando o
crescimento de diversos órgãos da planta (NÓBREGA et al., 1999)
De acordo com Lamas (2001) a utilização de produtos químicos que modifiquem a arquitetura
da planta, vem sendo incrementada na cultura do algodoeiro, esperando-se, com isto, obter plantas
mais compactas, mais uniformes e mais precoces, havendo menor incidência de pragas e maior
eficiência da colheita.
A translocação dos fotossintatos é realizada através do floema das regiões de produção
(fontes) para as de consumo (drenos) como folhas jovens, ápices, raízes, frutos e sementes (SOUZA e
BELTRÃO, 1999). As necessidades hídricas do algodoeiro variam com os estádios fenológicos, em
função do desenvolvimento da sua fitomassa, apresentando um mínimo no estádio inicial, após a
emergência, e um máximo, no estádio de floração. A produção de uma cultura está relacionada com a
camada explorada pelo seu sistema radicular e com a quantidade de água armazenada neste ambiente
(BEZERRA et al., 1999).
Desde que a alta disponibilidade de água associada a adubação nitrogenada pode promover o
crescimento excessivo em detrimento da produção do algodoeiro e que o uso de tais insumos é comum
nos cultivos tecnificados sob condições de irrigação. Sabendo-se que esse problema pode ser
minorado pela utilização dos reguladores de crescimento, nada melhor do que estudar a ação da
combinação de diferentes níveis destes insumos sobre a partição de assimilados do algodoeiro.
Deste modo, o objetivo deste trabalho foi avaliar a partição de assimilados em raiz, caule e
folhas no algodoeiro semiperene BRS 200 Marrom, submetido a diferentes lâminas de irrigação e
doses de regulador de crescimento.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Campo Experimental da Embrapa Algodão, Barbalha, CE,
geograficamente localiza nas coordenadas 07º19’S e 39º18’W e 415,74m de altitude.(BRASIL, 1992).
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com parcelas subdivididas,
disposto em faixas, com quatro repetições. Nas parcelas foram estudadas quatro doses de Cloreto de
Mepiquat, assim distribuídas: D0 - Sem regulador de crescimento, D1 – 50 g i.a./ha, D2 – 75 g i. a./ha e
D3 – 100g i.a./ha de Cloreto de Mepiquat. Nas subparcelas foram distribuídas cinco lâminas de água
determinadas a partir da evapotranspiração de referência (ET0) calculada diariamente a partir do
método de Penmam-Monteith, aplicadas através sistema de irrigação por aspersão em linha, cujas
lâminas foram distribuídas daseguintes formas: L1 = 1,42ET0, L2 = ET0, L3 = 0,68ET0, L4 = 0,5ET0 e L5 =
0,4ET0, em função do alcance do jato no aspersor.
Antes do plantio foi efetuada uma irrigação capaz de levar o solo à capacidade de campo a
uma profundidade de 0,60m e após o plantio, nos primeiros 20 dias, a área foi irrigada a cada 4 dias,
para estabelecimento da cultura. Após este período, foi promovido um período de déficit que durou 28
dias, após o qual as irrigações passaram a ser efetuadas a cada 7 dias, com base na
evapotranspiração de referência(ET0).
A adubação da cultura foi efetuada de acordo com a análise de fertilidade de solo e os tratos
culturais foram realizados conforme a recomendação da Embrapa Algodão. A cultivar utilizada foi a
BRS 200 Marrom, plantada manualmente, com espaçamento duplo de 1,40 m X 0,40 m com 7 a 10
plantas/m após desbaste.
A partir dos 30 dias após a emergência, aproximadamente de 15 em 15 dias, foram coletadas
10 plantas por subparcela, das quais foram separadas e pesadas ainda frescos, as raízes, o caule e as
folhas (botões florais, flores e frutos, quando existentes, foram computados junto com o total de folhas).
As diferentes partes, identificadas conforme o tratamento, foram então levadas a uma estufa por 48
horas à temperatura de 65 °C e, assim, após secas, foram novamente pesadas (peso seco). De posse
do peso seco das diferentes partes das plantas, estes foram transformados em percentagem em
relação ao peso seco total da mesmas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1. Partição de assimilados (%) com base no peso seco de raízes, caules e folhas de algodoeiro
semiperene BRS 200 Marrom em diferentes lâminas de irrigação e doses de regulador de crescimento.
Barbalha, CE. 2004.
Partição de Assimilados (%)
Fatores
RAIZ
CAULE
FOLHA
Lâminas (mm)
742
552
354
298
125
6,43
7,14
7,61
9,37
10,01
12,62
13,29
16,88
18,60
20,50
80,95
79,57
75,51
72,03
69,49
8,08
7,48
8,08
7,87
17,21
17,63
17,05
17,50
74,70
74,89
74,86
74,63
Doses (g i. a. /ha)
00
50
75
100
Observa-se pequena variação no percentual de raiz, caule e folhas em função das lâminas de
irrigação, com o percentual de folhas aumentando e o de caule e de raízes diminuindo conforme o
aumento da lâmina de água aplicada. Em todos os níveis de lâminas aplicados, a percentagem de
folhas foi sempre maior (entre 70 e 81 %) que o de caule (entre 20 e 12 %) e o de raiz (entre 10 e 6 %)
(Tab. 1 e Fig. 1).
Possivelmente, com maiores lâminas aplicadas, houve maior disponibilidade de água próxima
da superfície, não exigindo da raiz alongar-se tanto para buscá-la, ao contrário dos níveis de menor
disponibilidade, seguindo o percentual de caule o mesmo comportamento). Onde houve menor
demanda para crescimento das raízes e do caule, as reservas foram investidas em aumento da área
foliar (folhas).
Segundo Correia e Nogueira (2004), esse tipo de resposta poderá estar associado a um
mecanismo de tolerância ao estresse hídrico, haja vista que em condições de baixa disponibilidade de
água no solo, as plantas investem mais biomassa no sistema radicular, objetivando aumentar a
capacidade de absorção de nutrientes.
90
Raiz
Caule
Folha
80
yFolha = -2E-05x2 + 0,0331x + 65,092
R2 = 0,9586
70
Partição (%)
60
50
40
30
yCaule = 1E-05x2 - 0,0223x + 23,519
R2 = 0,9618
20
10
yRaiz = 6E-06x2 - 0,0108x + 11,389
R2 = 0,8984
0
125
225
325
425
525
625
725
Lâminas (mm)
Figura 1. Regressão da partição de assimilados em algodoeiro semiperene BRS 200 marrom em
função de diferentes lâminas de irrigação.
Praticamente não houve variação no percentual de raiz, caule e folhas em função das doses de
regulador de crescimento estudadas. Em todos as doses do regulador aplicadas, a percentagem de
folhas foi sempre maior (na faixa de 75 %) que o de caule (17 %) e o de raiz (entre 7,5 e 8,0 %).
(Tab. 1 e Fig. 2), podendo-se dizer que não houve influência das doses do regulador cloreto de
mepiquat na partição dos assimilados de plantas de algodoeiro semiperene BRS 200 marrom.
90
Raiz
Caule
Folha
80
yFolha = -1E-04x2 + 0,009x + 74,701
R2 = 0,9718
70
Partição (%)
60
50
40
30
20
yCaule = 1E-05x3 - 0,002x2 + 0,0759x + 17,214
R2 = 1
y = -1E-05x3 + 0,0019x2 - 0,079x + 8,082
R2 = 1
10
0
0
25
50
75
100
Doses do fitorregulador (g i.a./ha)
Figura 2. Regressão da partição de assimilados em algodoeiro semiperene BRS 200 marrom em
função de diferentes doses do regulador de crescimento.
CONCLUSÕES
1. Houve pequena variação no percentual de raiz, caule e folhas de algodão semiperene BRS Marrom
em função das lâminas de irrigação e das doses de regulador de crescimento estudadas;
2. O percentual de folhas do algodoeiro semiperene BRS 200 foi muito maior que o de caule e de raiz
nos diferentes níveis de lâminas de irrigação e de doses do regulador de crescimento estudados;
3. Em menor disponibilidade de água o percentual de raiz e de caule das plantas de algodão BRS 200
foi maior do que nas maiores lâminas de irrigação, comportando diferentemente do percentual de
folhas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Brasil. Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia, v. 2, p. 617-674, 1999.
BRASIL. Departamento Nacional de Meteorologia. Normas climatológicas: 1961 – 1990. Brasília:
DNMET, 1992. 6 p.
CORREIA, K. G.; NOGUEIRA, R. M. C. Avaliação do crescimento do amendoim (Arachis hypogaea L.)
submetido a déficit hídrico. Biologia e Ciências da Terra, v. 4, n. 2, 2004.
LAMAS, F. M. Reguladores de Crescimento. In: EMBRAPA AGROPECUÁRIA OESTE. Algodão:
tecnologia de produção. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, 2001. p. 238-244.
NÓBREGA, L. B. de; VIEIRA, D.J.; BELTRÃO, N. E. de. M. ; AZEVEDO, D. M. P. de. Hormônios e
reguladores do crescimento e do desenvolvimento. In: BELTRÃO, N. E. de M. (E.). O agronegócio do
algodão no Brasil. Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia, v. 2, 1999. p.
587-602.
RESENDE, M. ; ALBUQUERQUE, P. E. P. de. Métodos e estratégias de manejo de irrigação. Sete
Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2002. 10 p. (Circular Técnica, 19).
SOUZA, J. G.; BELTRÃO, N. E. de M. ; Fisiologia. In: BELTRÃO, N. E. de M. (E.). O agronegócio do
algodão no Brasil. Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia, v. 1, 1999. p.
102-106.
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