R. Periodontia - Junho 2009 - Volume 19 - Número 02 A ALIANÇA NA TERAPIA PERIODONTAL DE SUPORTE: AVALIANDO A MOTIVAÇÃO E O AUTOCUIDADO NA PERIODONTITE CRÔNICA The therapeutic alliance in the supportive periodontal treatment: evaluating the motivation for self care in chronic periodontitis Paola Gondim Calvasina1, Sharmênia de Araújo Soares Nuto2 RESUMO A terapia periodontal de suporte (TPS) é definido como a base de procedimentos terapêuticos, garantido por meio de visitas regulares ao cirurgião-dentista, o qual deve estabelecer uma aliança terapêutica que possibilite o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos próprios nos pacientes motivando-os na manutenção da saúde periodontal. O presente estudo tem como objetivo investigar o autocuidado e a motivação dos pacientes das clínicas de Periodontia do curso de Odontologia da Universidade de Fortaleza durante a TPS. A abordagem metodologica qualitativa foi usada numa relaçao de complementariedade com os aspectos quantificáveis, dezoito pacientes portadores de periodontite crônica que estavam em manutenção foram entrevistados e examinados. O índice de sangramento gengival de Ainamo, Bay (1975) foi usado para avaliar a situação gengival dos entrevistados. A coleta de informações deu-se no período de outubro de 2005 a Março de 2006. As categorias empiricas emergentes das entrevistas foram agrupadas e analizadas, assim como os resultados individuais dos indices de sangramento gengival. Os resultados apontaram que apesar dos sujeitos da pesquisa se sentirem motivados para o autocuidado em saúde bucal, o quadro clínico inflamatório persiste. Portanto, a subjetividade individual dos participantes diverge dos achados biologicos. Este estudo sugere que pacientes em manutenção encontram vários problemas para desenvolver o autocuidado dentre eles a falta de consciência do carater cronico da doença periodontal. Portanto, se faz necessário que os profissionais de saúde desenvolvam uma aliança terapêutica com os paciente com periodontite. UNITERMOS: Terapia periodontal de suporte, motivação, autocuidado, adesão diretiva. R Periodontia 2009; 19:54-63. 1 Mestre em Saúde Pública, Especialista em periodontia 2 Professora Doutora em Saúde Pública, Professora do curso de odontologia da universidade de Universidade de Fortaleza Recebimento: 01/07/08 - Correção: 20/01/09 - Aceite: 07/05/09 INTRODUÇÃO Diversas experiências clínicas sobre o efeito a longo prazo do tratamento da periodontite demonstram claramente que uma cuidadosa manutenção profissional pós-terapêutica, é parte integrante do tratamento, capaz de garantir que os pacientes mantenham sua dentição por um longo período (Lindhe & Nyman, 1975; Lindhe & Nyman 1984, Becker et al 1984, Wilson Jr, 1987; Wilson Jr,1996; Rosling B, et al 2001, Lang 2005). No entanto, uma prática de higiene bucal apropriada parece ser o fator relativo ao paciente mais importante para garantir uma estabilidade, a longo prazo, dos resultados do tratamento (Lindhe & Nyman, 1984). Isso por sua vez requer uma otimização da habilidade do paciente e uma motivação contínua e reforçada para a realização mecânica desta prática. A autoconsciência do problema também é um aspecto importante para que os pacientes possam efetivamente participar do tratamento. Neste intuito, é importante que seja estabelecida uma aliança terapêutica entre o profissional de saúde e seu paciente crônico. Neste processo, o paciente assume as várias tarefas necessárias na manutenção da terapia, diante da negociação e 54 periojun2009 08-06-10.pmd 54 6/8/2010, 10:38 AM R. Periodontia - 19(2):54-63 mobilização de sua motivação, permitindo sua participação ativa na busca do cuidar de si (Barofsky, 1978; Petry & Pretto, 2003; Bissel et al.; 2004). A essência do autocuidado é o desenvolvimento da capacidade do cliente tornar-se agente do seu viver diário, tendo como objetivo final a independência no desempenho das atividades. Quando ocorre um déficit no autocuidado, decorrente de uma falta de aptidão, informação ou motivação inerente a fatores intrínsecos ou extrínsecos ao paciente, fazse necessário o desenvolvimento de sistemas de apoio educativo ou terapêutico. Neste momento, é imprescindível o engajamento do profissional de saúde, a fim de selecionar, planejar e executar em conjunto com o paciente ações para o restabelecimento de sua qualidade de vida (Hoga, 1993). Vários estudos sobre a motivação para o autocuidado revelaram que, em geral, durante a terapia periodontal de suporte, os pacientes sentem dificuldades em manter uma performance adequada e atitudes positivas ante a higiene oral, desistindo das consultas de manutenção logo no início (Johansson et al, 1984; Ojima et al, 2001), não implicando por isso um desinteresse na manutenção da saúde oral (Ojima et al, 2005). Por outro lado, naqueles pacientes que comparecem às consultas de manutenção, os procedimentos de higiene oral são bem executados e os sinais clínicos de inflamação drasticamente reduzidos (Glavind, 1983), confirmando assim que os pacientes durante a terapêutica clínica sentem-se mais motivados para o autocuidado reforçando ser necessário estabelecer uma relação comunicativa entre profissional e paciente, para despertar a motivação e autocuidado nos pacientes (Nuto et al, 2006; Nuto et al 2007). Este estudo tem como objetivo investigar o autocuidado e a motivação dos pacientes das clínicas de Periodontia do curso de Odontologia da Universidade de Fortaleza durante a TPS, sob a ótica da subjetividade humana. METODOLOGIA Neste estudo foi utilizada a abordagem metodológica qualitativa, numa relação de inseparabilidade e interdependência dos aspectos quantificáveis e o dimensionamento dos significados, interagindo dinamicamente na busca da complementaridade na construção da realidade (Minayo, 2000). O presente trabalho foi realizado no período de outubro de 2005 a Março de 2006 nas dependencias da clínica do Curso de Especialização em Periodontia, da Universidade de Fortaleza. Os participantes da pesquisa foram selecionados a partir dos seguintes critérios: ser portador de periodontite crônica, ter concluído tratamento periodontal há três meses no mínimo e após o ano de 2003 e estar inserido no sistema de informação do curso de Odontologia da UNIFOR. No primeiro momento, a seleção ocorreu de forma aleatória a partir da listagem de pacientes portadores de periodontite crônica das clínicas de Periodontia, classificados no sistema de informação da Instituição como em manutenção, a partir do ano de 2003. Desta lista, quatorze pacientes se adequavam, sendo que treze efetivamente aceitaram participar da pesquisa. Os pacientes em manutenção constituíam um número reduzido, devido à inexistência de um banco de dados de pacientes em manutenção no curso de odontologia da Universidade de Fortaleza. Além disso, os pacientes geralmente possuem outras necessidades terapêuticas sendo encaminhados a outras clínicas para finalização do tratamento. Neste momento, os alunos passam a ter dificuldades de contactar os pacientes para as consultas de manutenção. Na busca da definição do grupo social mais relevante, do não-esgotamento da amostragem até o completo delineamento do quadro empírico (saturação) como recomenda Minayo (2000), iniciou-se uma busca intencional dos possíveis informantes junto aos alunos da graduação e pós-graduação. Neste segundo momento, foram tomados mais cinco participantes, totalizando dezoito. Os pacientes da amostra foram chamados para consultas de manutenção. Durante a consulta, foi realizado o exame do índice de sangramento gengival de Ainamo & Bay (1975), para avaliação da progressão da doença periodontal por meio da prevalência de sangramento. Este indíce foi usado também como um avaliador indireto da higiene bucal dos pacientes. Embora não tenha sido estabelecido um nível aceitável de prevalência de sangramento à citada sondagem, do qual exista um risco maior para a recorrência e progressão da doença, estudos evidenciam que a faixa de freqüência de 20-30% de sangramento à sondagem representa um valor significativo para a progressão da enfermidade (Claffey et al 1990; Badersten et al 1990; Joss et al, 1994). Como referência padrão para avaliar os pacientes, foi adotado o critério segundo o qual pacientes com média de porcentagem de sangramento à sondagem maior que 20% apresentavam alto risco para a reinfecção. Todos os exames foram realizados por um único examinador. Em seguida, os informantes foram entrevistados, sendo questionados sobre a motivação para o autocuidado em saúde bucal. O objetivo das entrevistas foi avaliar o grau de motivação, que permanece no paciente, durante a TPS, buscando analisar se há diferença na motivação entre os partici55 periojun2009 08-06-10.pmd 55 6/8/2010, 10:38 AM R. Periodontia - 19(2):54-63 Tabela 1 PERFIL CLÍNICO DOS ENTREVISTADOS, FORTALEZA-CE, 2006 Entrevistado ISG Risco de recorrência Alice 70,8% Alto Clara 35,7% Alto Kátia 70% Alto Cleide 75% Alto Raquel 33,3% Alto Adriana 50% Alto Aluísio 63,5% Alto Joana 50% Alto Tereza 70,83% Alto Getúlio 52,7% Alto Alfredo 67,86% Alto Talita 51,6% Alto Carmen 44,6% Alto Luiza 72,9% Alto Raimunda 30,95% Alto Sônia 56,03% Alto Marlene 29,4% Alto Roberta 60% Alto pantes do grupo. Foi utilizado um roteiro-guia de entrevistas semi-estruturadas. Os aspectos principais do roteiro consistiam em: identificação pessoal, narrativas sobre a doença periodontal, consultas de manutenção, motivação e sentimentos posteriores ao tratamento periodontal. As narrativas sobre a doença periodontal foram exploradas no roteiro com o objetivo de apreender as concepções dos pacientes sobre a etiologia, sintomatologia e prognóstico da doença periodontal. As narrativas das enfermidades e as concepções populares sobre a doença foram descritas e exploradas pela antropologia médica (Kleinman, 1980; Kleinman 1995) como um rico artefato para compreender o comportamento dos pacientes acerca de sua doença. Esta compreensão mais tarde foi traduzida na odontologia nos estudos sobre cárie (Nations & Nuto, 2001); doença periodontal (Nuto et al 2006; Nuto et al 2007 ) e cárie precoce (Nations & Calvasina, 2008). Para a triangulação dos dados, foram usadas também anotações em diário de campo, a partir das vivências da pesquisadora como aluna de especialização em Periodontia da Universidade de Fortaleza. As entrevistas foram gravadas, transcritas, relidas e organizadas em editor de texto. Após a leitura interrogativa foram constituídas as categorias empíricas e procedido ao refinamento das classificações, por temas (Gomes, 1999). A identificação das categorias de análise foi estabelecida por meio do diálogo entre as entrevistas e a literatura nos quais se procurou reconhecer tópicos, temas e padrões relevantes para a compreensão do objeto de investigação. Neste processo exaustivo de leitura, interpretação das entrevistas e diálogo com a literatura as seguintes categorias foram identificadas para análise: itinerários dos pacientes com Periodontite crônica, a explicação popular da Periodontite Crônica, a fatalidade da piorréia, orientações do serviço, motivação para o autocuidado durante terapia periodontal de suporte, manutenção: a consulta da esperança. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Fortaleza registrado no parecer 285/ 2006. RESULTADOS Os resultados individuais dos índices de sangramento gengival por Ainamo & Bay (1975) foram utilizados para ilustrar os casos identificados. Nomes fictícios foram adotados para preser var a identidade dos informantes-chaves (Tabela 1). Os relatos dos informantes evidenciam a procura constante por tratamento, bem como as várias iniciativas tomadas (compra de soluções de bochecho, antibióticos) na tentativa de solucionar os problemas periodontais. Dona Alice, 46 anos, casada, com dois filhos, com cinco anos de estudo, relata o seu itinerário: Eu fui pro sindicato, passei foi tempo tratando, toda semana eu ia. Ela passava pra mim pasta pra eu passar em casa, meu esposo comprava remédio, passava até antibiótico pra mim tomar. Toda vida que eu voltava lá ela dizia que tava do mesmo jeito, foi quando ela encaminhou, pra cá. Eu vim. Chegou o professor e disse que eu tava com um problema muito sério de gengivite. Fiquei aqui, passei mais de sete meses fazendo o tratamento de gengivite... Eu acho que esse meu problema aqui não é falta de eu me cuidar não porque eu procurava só vivia nos postos. Outra entrevistada, D. Clara, 52 anos, revela um itinerário semelhante, admitindo que sentia desde pequena problema nos dentes, sempre problema de periodontia, sempre esse problema de limpeza, sempre ficava indo ao dentista. Tal conotação reforça a idéia de que os pacientes portadores de periodontite crônica estão ativos na procura para o tratamento de seu problema periodontal. As representações populares elaborada sobre a 56 periojun2009 08-06-10.pmd 56 6/8/2010, 10:38 AM R. Periodontia - 19(2):54-63 periodontite crônica reforçam a afirmação de que os pacientes estão preocupados com sua saúde bucal. Tais construções culturais são criadas a partir das vivências e experiências de adoecimento dos pacientes, denominados modelos explicativos populares. Os informantes desvelaram as principais causas da periodontite crônica, tais como: a falta de escovação, o não-cuidar, o uso do cigarro, o tártaro, a sujeira e a hereditariedade. Também caracterizaram os principais sinais e sintomas da piorréia (nome popularmente utilizado para periodontite), tais como: sangramento, pus, mobilidade dentária, dor. Apesar de se demonstrarem ativos na procura por atendimento e de delinearem um modelo explicativo popular para a doença periodontal, os entrevistados apresentavam um conhecimento limitado sobre a cronicidade da patologia, compreendida apenas como uma batalha em vão na prevenção da perda dentária. Raquel, 41 anos, casada, aponta que batalha, batalha e termina perdendo o dente. Esta narrativa revela a compreensão que alguns pacientes possuem sobre o que se denomina fatalismo da piorréia, pois, apesar de todos os esforços realizados de escovação, uso de bochecho, uso de fio dental e sacrifícios, não haveria nada que impedisse a morte dentária. Adriana, 35 anos, resume esta observação Eu acho que a tendência ele vai ficar mole vai cair, eu não vou passar muito tempo com esses dentes, eu penso assim não vai durar muito, porque assim já ta muito grande aí depois vai ficar mole, mole e cair. Eu acho que quando eu tiver meus, sei lá, eu acho que se eu cuidar, pode ser que nem caia, mas são muito ruim, meus dentes eu acho..... choro. Os pacientes geralmente chegam às clínicas de Periodontia porque têm uma certa consciência de seu problema específico, ou pelo fato de terem sido encaminhados por outras clínicas. Neste espaço de aprendizagem, os alunos da especialização e graduação realizam exames de Índice de Sangramento Gengival (Ainamo & Bay, 1975), Registro Periodontal Simplificado (PSR), e o periograma, caso o paciente atinja o perfil 3 do PSR ou apresente perfil de asterisco (*). A partir desses exames, é dado o diagnóstico e traçado o plano de tratamento. Os alunos são orientados para realizar, logo após o diagnóstico e como parte do plano de tratamento, sessões educativas, os quais se resumem à estímulos motores de orientação de higiene oral. O desconhecimento popular mais aprofundado dos estágios iniciais, evolução e cronicidade da doença parecem estar relacionados à uma prática odontológica baseada no tratamento (o fazer) cirúrgico-restaurador, em detrimento do diagnóstico clínico e do cuidado do ser humano. A valorização, durante os momentos de Educação em Saúde, apenas do aspecto motor em detrimento do nível afetivo e cognitivo, reduz o potencial de autocuidado do paciente, uma vez que este não consegue tomar consciência sobre sua doença. O sr. Aluísio, 36 anos, separado, com Ensino Fundamental incompleto, revela seu restrito conhecimento sobre sua doença; não me passaram informação sobre a doença, falaram que tinha que ter mais higiene, cuidar mais, escovar os dentes diariamente, pelo menos três vezes e se possível usar um anti-séptico bucal. Joana, 33 anos, casada, com Ensino Médio incompleto, reforça a concepção de que as sessões educativas durante a terapia periodontal se resumem à estímulos motores ...Aí até que ela falou que ia me ensinar corretamente aí deu somente umas instruçõeszinhas, mas ensinar mesmo ela não ensinou não.” As explicações parecem não garantir o empoderamento do paciente sobre seu problema. A educação em saúde não pode ser pensada como uma atividade pontual, a exemplo do que se efetiva nas palestras, mas consiste num processo e que deve ser repensado a cada nova sessão, tentando motivar o paciente para tomar consciência de sua doença. A motivação punitiva para o autocuidado é muitas vezes trabalhada pelos profissionais na tentativa de efetivar o tratamento clínico. O não controle de placa bacteriana leva à frustração do dentista, como se seu trabalho não estivesse sendo efetivo. Tal frustração tende a vitimar os pacientes que assumem o discurso de que estão sempre se esforçando, escovando, escovando. Dona Tereza, 70 anos, e Sr. Getúlio, 73 anos, reforçam o enunciado anterior: Briga é muito comigo. Porque nasce tártaro. Muito cálcio na saliva. Eu não sei fazer direito. Ela dizia que eu não aprendia. Eu escovo do jeito que ensinou...e fez e me ensinou, mas não tem jeito eu não sei fazer. Sinto que fica muito limpo. Mas depois ela diz que não sei escovar. Não sempre eu tive cuidado, mas quando eu cheguei aqui elas são muito, dura né, ta mais do que certa você não escovou direito, eu digo mas não, escovo direito. A ...era a pior que tinha. Seu Getúlio escova direito, eu escovei, faça assim! A educação repressora em alguns momentos, realizadas pelos profissionais não garantem a efetivação do tratamento, pelo contrário, desmotiva, desestimula e produz baixa auto-estima nos pacientes, reforçando sua incapacidade para o cuidar de si. Mas, em relação à motivação do paciente para o tratamento, como ele se motiva para o autocuidado? Durante o tratamento, os informantes revelaram que se sentem motivados e bem melhor, vê limpo e toma mais gos57 periojun2009 08-06-10.pmd 57 6/8/2010, 10:38 AM R. Periodontia - 19(2):54-63 Quadro 1 CARACTERIZAÇÃO POPULAR DAS FORMAS DE MOTIVAÇÃO PÓS-TERAPIA PERIODONTAL, FORTALEZA-CE, 2006 O medo das perdas dentárias. Morro de medo de usar chapa, fazer implante com o problema dos meus dentes... (Raquel, 41 anos). A melhora gerada pelo tratamento. Escovo, depois que eu fiz o tratamento eu escovo mais. Escovo todos os dentes, escova, às vezes tem dia que eu só escovo três vezes, mas quando eu tô em casa tem vezes que eu escovo até quatro vezes (Aluísio, 46 anos). Os reforços positivos durante consultas de manutenção. Acho que ultimamente não tava escovando não né, que a moça falou que eu já tava com um pouco de cálculo, mas ela disse que apesar de tá com um ano, que eu não venho, tava fazendo melhor do que antes (Joana, 33 anos). O espelhamento do outro. É vê o exemplo né, olhar para si mesmo e vê o exemplo dos outros, olhar para o sorriso, ver o estrago no dente de alguém que vai ter bastante coragem viu, escovar, usar fio dental que eu não usava, escovava ligeiramente os dentes, na intenção de fumar (Cleide, 34 anos). O amor por si, por seus dentes, sua boca, pela vida. Depois do tratamento, aqui eu parei. Porque me disseram que isso aconteceu nos meus dentes pelo cigarro, aí foi que eu vim ver que era mesmo, abalou mesmo. Aí botei na minha cabeça mesmo que tinha que parar porque é horrível né, você não sorria (Cleide, 34 anos). A questão da estética e da boa imagem. Ter feito, porque questão da minha imagem né eu me comunico muito com as pessoas na minha profissão, é preciso melhorar a minha imagem principalmente nos meus dentes (Aluisio, 46 anos). to quando está sendo atendido como cita Sr Alfredo, 48 anos. A melhora clínica reforça o sentimento de bem-estar. Ele expressa que depois do tratamento, escova mais. Dona Talita, 35 anos, narra que, com certeza, se sente bem melhor. Só não ter mau hálito, é ótimo; fiquei feliz, quando fiz o tratamento. A história de Cleide, 34 anos, demonstra uma motivação pessoal para o cuidar de si, revelando a potencialidade de se trabalhar a Periodontia na perspectiva de promoção de saúde. Durante o tratamento, ela parou de fumar, mas, até que ela conseguisse transformar a discriminação social, ocorrida por conta do sorriso marcado pela peridontite, em ação, passou por momentos de muito sofrimento. Uma luta pessoal para ser aceita socialmente por seus pares. Tal motivação marcou profundamente sua maneira de viver, perpetuando, mesmo após o tratamento periodontal, a vontade de cuidar de si. Logo o pessoal acha muito graça, porque os dentes ficam desigual, tão ficando mole. Eu chegava até chorar, como ainda hoje, eu já peguei gente falando mal de mim foi no mês passado ... eu ri aí tava na brincadeira, só que quando eu olhei atrás tavam, dizendo que eu tinha uns dentes que era para fora. Me magoei muito, fui foi chorar,... pra desabafar eu creio que se fosse na época do cigarro eu não tinha só chorado não ...eu tinha partido logo pra ação... É hoje eu noto que eu melhorei muito mesmo. No estudo, foram caracterizados as diversas formas que tornam os pacientes motivados pós-tratamento periodontal (Quadro 1). Após a conclusão do tratamento, os alunos são orientados para realizar a terapia periodontal de suporte, devendo chamar seus pacientes cerca de 45 dias após a conclusão do tratamento para consulta de reavaliação. Neste momento, é avaliado se o tratamento estabelecido resultou em melhora na condição periodontal. A depender de uma criteriosa avaliação de riscos (sangramento, presença de bolsas residuais, perda de dentes, estimativa de perda de suporte periodontal em relação à idade do paciente, avaliação das condições sistêmicas do paciente e avaliação dos fatores ambientais e de comportamento, tais como fumo e estresse) é determinada a freqüência das consultas de manutenção podendo ser a cada três meses, seis meses ou um ano (Fernandes, 2001). A partir daí, os alunos são responsáveis pela chamada de seus pacientes (Tabela 2). Para os pacientes, o retorno à clínica se configura como a consulta da esperança, como se nestes momentos fossem retomados e reforçados os cuidados necessários para preservar a saúde bucal. Esta esperança é reforçada por Da.Talita, 35 anos; fiquei muito feliz, vai lha me Deus toda vida que eles ligam eu nunca falto um dia, venho toda vida. Joana, 33 anos, revela a importância da motivação neste momento para a consulta de manutenção Uns dias que eu passei muito doente mesmo, eu ficava sem coragem de escovar passava a escovar só uma vez ao dia, mas essa semana passou a minha 58 periojun2009 08-06-10.pmd 58 6/8/2010, 10:38 AM R. Periodontia - 19(2):54-63 cunhada veio para cá, eu fiquei com vontade até de mandar ela procurar saber se tinha alguma data pra mim, porque eu tava até falando pra minha sogra, tava cuidando tão direito dos meus dentes, agora já tô querendo relaxar de novo, e se eu for fazer isso quando eu for chamada de volta, aí o pessoal vai ver que tudo que foi feito foi perdido...Foi sim eu fiquei muito feliz quando ligaram para mim vim. A motivação para o autocuidado na terapia periodontal de suporte perpassa os fatores pessoais e psicológicos; ser uma pessoa positiva, de bem com vida, com auto-estima. Além dos discursos dos informantes, os resultados dos índices clínicos individuais realizados retratam que, apesar de 100% (n=18) dos pacientes estarem necessitando de acompanhamento clínico, 44,46% dos pacientes (n=8) foram chamados para a última consulta de manutenção há mais de um ano. Isto demonstra que apesar de motivados 1) os pacientes estavam apresentando dificuldades de manterem a saúde periodontal e que 2) os critérios para avaliação de risco individual, necessários para que profissionais de saúde identifiquem a freqüência das chamadas de manutenção deixaram de ser respeitados (Tabelas 1 e 2). DISCUSSÃO A opção metodológica qualitativa selecionada é coerente com o objetivo do estudo de avaliar a motivação e o autocuidado dos portadores de periodontite crônica, a partir da subjetividade humana. Tal abordagem metodológica segue rigorosos critérios científicos como evidenciado por. Minayo (2000). A avaliação clínica e a utilização dos índices é uma forma de caracterização da população estudada. Os resultados do indice de sangramento gengival não foram inseridos na análise para triangulação dos dados nem tão pouco foram analisados quantitativamente haja vista que o objetivo deste estudo é analisar sobretudo o discurso dos par ticipantes do estudo. Mantendo a coerência metodológica, para um estudo qualitativo não é necessária a aleatoriedade da amostra para sua generalização na população estudada, desta forma a seleção da amostra foi pequena e intencional. Além disso, não é objetivo deste estudo a generalização da amostra na população, mas a reconstrução da subjetividade contida nos discursos. Diante disso, os pacientes portadores de periodontite crônica participantes deste estudo demonstraram-se motivados para o autocuidado em saúde bucal. Eles relataram vários percursos na busca pelo tratamento adequado. Apesar de motivados, entretanto, alguns pacientes, durante a fase de TPS, apresentaram uma compreensão fatalista Tabela 2 FREQUÊNCIA TEMPORAL DA ÚLTIMA CONSULTA DE MANUTENÇÃO X PACIENTES CHAMADOS, FORTALEZA-CE, 2006 Frequência temporal N % 1-3 meses 3 16,67 4-6 meses 3 16,67 7- 12 meses 4 22,2 13-24 meses 8 44,46 maior do seu adoecimento. Achados similares foram encontrados no estudo de Nuto et al (2006) realizado na fase terapêutica com 20 portadores de periodontite crônica, no qual revelou que apenas 15% (n=3) dos entrevistados acreditavam no caráter crônico da doença, mostrando-se desta forma, mais motivados durante a fase terapêutica, pois seriam curados. O fatalismo é a crença da incapacidade humana de alterar o curso dos eventos, sendo determinado por uma vontade de Deus ou destino. O fatalismo odontológico é a crença de que a população é incapaz de alterar o curso de doenças bucais, como a cárie Nuto (1999). Tal concepção é firmente criticada por alguns autores da antropologia médica (Nations, Rebhun, 1988) e odontológica (Nations, Nuto 2001; Nations & Calvasina, 2008) ao considerarem que esta concepção tem servido para culpabilizar os pacientes por sua doença e pela não adesão a tratamentos prescritos, quando de fato existem determinates estruturais sociais maiores que justificam o adoecimento bucal. No entanto, a categoria analítica fatalismo da piorréia descrita neste estudo acrescenta a dimensão da cronicidade da doença periodontal às barreiras estruturais para obtenção de acesso ao tratamento periodontal e aos conflitos na relação entre periodontistas e seus pacientes. A dimensão da cronicidade revista no fatalismo da piorréia caracteriza a dificuldade dos pacientes de compreender o caráter crônico da periodontite crônica, evidenciada também em estudos de Nuto et al (2006) Nuto et al (2007). As explicações populares sobre a periodontite crônica revelam que população tem um conhecimento que não deve ser desprezado, numa prática clínica humanizada, preocupada com o cuidado e bem-estar do ser humano. Segundo, Kleinman (1980) pessoas leigas elaboram as próprias concepções e racionalidades acerca das doenças, com base nas suas experiências vividas e no contexto cultural. Tais interpretações subjetivas, os modelos explicativos populares da enfermidade (illness), são diferentes dos modelos explicativos profissionais da doença (disease). 59 periojun2009 08-06-10.pmd 59 6/8/2010, 10:38 AM R. Periodontia - 19(2):54-63 O modelo explicativo da enfermidade periodontal, revelado por Nuto et al (2007) e identificado também neste estudo, diferencia o saber popular da Odontologia científica. Mostra uma pluralidade de explicações do saber empírico, vivências relacionadas com problema de gengiva, ou piorréia, causados por descuido, má escovação, falta de condições socioeconômicas para acesso aos serviços de qualidade e alimentação em geral e a presença de germes durante a mobilidade dentária. No presente estudo foi evidenciado o fato de que, dos 18 pacientes entrevistados, apenas três (18,75%) relataram haver recebido orientação sobre sua doença e quatro (22,2%) receberam orientações de cuidado pós-tratamento. Em Nuto et al (2006), o desconhecimento sobre a enfermidade produziu um sentimento de impotência e culpa em 30% dos entrevistados, reproduzindo o discurso culpabilizador biomédico. A atitude culpabilizadora exercida pelos profissionais de saúde reflete o despreparo e o desconhecimento de práticas educacionais, motivadoras e promotoras de saúde. A explicação em linguagem clara sobre a doença, as formas de tratamento, e os modos de prevenção nem sempre são concretizadas. As orientações sobre a doença periodontal, salvo algumas exceções, parecem se restringir em reforços na capacidade mecânica e motivação para executar a remoção da placa bacteriana. A essência da prática odontológica sempre esteve centrada no fazer mecânico, no tratamento cirúrgico restaurador, na remoção da placa bacteriana. Desta forma, o cuidado do ser humano, o qual deveria ser o centro da atenção na busca da saúde bucal assume um papel coadjuvante. Em Nuto et al (2007), o descuido e a falta de escovação foram os elementos que primeiro apareceram no discurso popular, quando os sujeitos foram questionados sobre a causa da periodontite crônica, sempre associada pela desqualificação dos hábitos bucais realizados antes da procura pelo serviço. Essa desqualificação reproduzida nos discursos dos pacientes é uma repetição das atitudes e falas do cirurgião-dentista durante o atendimento odontológico, em que os esforços dos pacientes eram desconsiderados. Ao reaver a autonomia de cada sujeito sobre o próprio corpo e permitir a posse do conhecimento das causas reais do adoecimento, trabalhando a causação biológica e social, buscou-se remover o caráter fatalista das doenças, bem como a individualidade da culpa e a noção “medicalizada” do processo, que implica consumir a saúde como mercadoria (Petry & Pretto, 2003). Para promover o autocuidado em saúde bucal, é neces- sário, portanto, restabelecer o elo de cuidado rompido pelo modelo biomédico, agindo ou fazendo para o outro, guiando o outro, apoiando o outro (física ou psicologicamente), proporcionando um ambiente que promova o desenvolvimento pessoal quanto a tornar-se capaz de satisfazer demandas futuras ou atuais de ação e, por último, ensinar o outro (Orem apud Santos & Silva, 2002). Com efeito é importante que o profissional esteja preparado para trabalhar em conjunto com o paciente, despertando sua motivação para cuidar de si, pois a aprendizagem só se realiza a partir do desencadeamento de forças motivadoras. Para buscar as transformações, o profissional poderá atuar em diferentes níveis de atuação: cognitivo, conhecimento da doença, afetivo, reforçando as relações entre pacientes e cuidadores, e psicomotor, motivando a desempenhar a técnica (Petry & Pretto, 2003). O momento da alta, que na Peridontia é parcial, consiste, pois, numa decisão compartilhada entre o dentista e seu paciente, num movimento de troca em que o processo clínico, de empoderamento e motivação, estiver concluído. A categoria empoderamento surge como núcleo filosófico central da promoção de saúde, na medida que, é definida como um processo que permite os indivíduos e coletivos aumentem o controle sobre os determinantes da saúde, através da aprendizagem durante as diversas fases da vida, incluindo o melhor enfrentamento diante das doenças crônicas e causas externas, para possibilitar a conquista de uma melhor saúde (Carvalho, 2004). Com relação ao nível de motivação para o autocuidado durante as consultas de manutenção, este estudo identificou o fato de que os pacientes aguardam ansiosos pelo momento do retorno à clinica. Este período foi qualificado pelos entrevistados como momento de esperança, de reaver a motivação para o autocuidado. Apesar de se revelarem interessados e motivados em cuidar de si, os pacientes deste estudo tiveram dificuldades de executar uma adequada higiene oral, capaz de livrar-los do quadro de inflamação gengival. Na tabela 1, evidencia-se que todos os entrevistados se encontravam com 20% ou mais dos sítios inflamados, o que sugere, segundo estudos realizados por Claffey et al (1990), Badersten et al (1990), Joss et al (1994), progressão da doença. Este quadro sugere que os pacientes, quando em tratamento ou TPS, sentem-se mais motivados para o autocuidado, haja vista que a procura do tratamento periodontal e a melhoria clínica observada, ajudam na manutenção do elevado nível de motivação, como evidenciado por Nuto et al (2006). Desta forma, em face dos resultados apresentados, pro- 60 periojun2009 08-06-10.pmd 60 6/8/2010, 10:38 AM R. Periodontia - 19(2):54-63 pomos as seguintes contribuições técnicas na melhoria da qualidade dos serviços odontológicos aos portadores de periodontia crônica em cursos de especialização : • incentivar e capacitar os alunos para desenvolverem sessões educativas sobre a periodontite. Tais momentos devem possibilitar a participação consciente dos pacientes no seu processo de cuidado; • incorporar os saberes da população e utilizar linguagem clara durante a Educação em Saúde; • esclarecer sobre a importância das consultas de manutenção (TPS), reforçando e divulgando o caráter crônico da doença; • identificar as dificuldades dos pacientes em não aderir à terapia, cuidando de maneira diferente a partir da necessidade de cada indivíduo; • conscientizar a instituição e os alunos no que diz respeito ao acompanhamento clínico dos pacientes em TPS, compartilhando as responsabilidades quanto ao cuidado destes pacientes; • agendar, marcar e confirmar as consultas de manutenção dos pacientes após a alta parcial; e • ofertar o telefone de contato da instituição e dos alunos para os pacientes. CONCLUSÃO Assim, pode-se concluir que os portadores de periodontite crônica deste estudo, encontravam-se motivados para cuidar de sua saúde oral, principalmente quando chamados para as consultas de manutenção, apesar de persistirem quadros inflamatórios, ou seja, as narrativas subjetivas dos pacientes divergiam dos aspectos biológicos identificados nos exames. Sob o ponto de vista da relação terapêutica, ocorre ainda despreparo dos profissionais de saúde bucal, para despertar o autocuidado e motivação em seus pacientes crônicos, os quais passam a utilizar estratégias culturais para resgatar a motivação e promover a própria saúde. As instituições formadoras devem capacitar os futuros profissionais de Odontologia para cuidar de seus pacientes, não apenas do ponto de vista técnico, mas também de forma a garantir a compreensão da diversidade e da heterogeneidade da realidade social e da singularidade da subjetividade humana, possibilitando o desenvolvimento da autonomia e da capacidade de superação individual e coletiva no enfrentamento das situações de saúde-doença (Vasconcelos, 2001). Os portadores de periodontite crônica necessitam conhecer sua doença e aprender a conviver com ela, minimizando os efeitos causados, por meio de uma adesão consciente ao tratamento. ABSTRACT Supportive periodontal treatment (SPT) represents the basic support of therapeutic procedures, guaranteed by means of regular visits to the dentist, which must establish a therapeutic alliance that enables the development of abilities and proper knowledge for the patients, motivating them in the maintenance of periodontal health. The present study aims to investigate the subjective narratives of self care and motivation of patients from the periodontics clinics of dentistry’s course of the University of Fortaleza (UNIFOR) during the supportive periodontal treatment. We interviewed and examined 18 patients who had chronic periodontitis and were in clinical maintenance and assessed patient ‘gingival status using Ainamo & Bay (1975) gingival index. Data were gathered between October 2005 and March 2006. The qualitative methodological approach was used, complementarily to quantified measures. Theme analysis of speech was used from the constitution of empirical categories emergent within the study, as well as the individual results of Greene & Vermillion (1964) index to illustrate the identified cases. In conclusion, despite the carriers of chronic periodontite of this study felt motivated to take care of their oral health, especially when called for the maintenance consultations; inflammatory clinical markers remained among patients with chronic periodontitis. Therefore, individual’ subjectivity were divergent from the biological findings. UNITERMS: Supportive periodontal Motivation, Self Care, Compliance treatment; 61 periojun2009 08-06-10.pmd 61 6/8/2010, 10:38 AM R. Periodontia - 19(2):54-63 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1- Ainamo, J; Bay, I. Problems and proposals for recording gingivitis and plaque. International Dental Journal 1975, 25:229-35. 2- Bardersten A; Nilvéus, R Egelberg, J.Scores of plaque, bleeding suppuration and probing depth to predict probing attachment loss. J. Of Clinical Periodontology 1990 17(2): 102-107. 3- Barofsky, I. Compiance, adherence ad the therapeutic alliance: steps in the development of self-care. 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