Conhecendo os transtornos somatoformes Cristiane da Costa Santos1 Kely Huller1 Leidiane Avila Quintanilha1 Shaiane Dias Ferri1 Charles Francisco Ferreira2 O presente trabalho objetivou analisar os transtornos somatoformes, utilizando didaticamente como referência de pessoas acometidas pelos mesmos a personagem principal do filme Meu Primeiro Amor (My Girl, 1991), Vada (Anna Chlumsky), uma menina de onze anos que acredita ser a principal culpada pela morte da mãe, devido este fato ter ocorrido no seu nascimento. A jovem também convive em um ambiente incomum para qualquer criança, pois o pai é dono de uma agência funerária e ela, desde muito pequena, convive diariamente e diretamente com a morte e os mais variados tipos de doenças. Devido a este abalo na sua estrutura emocional, no decorrer do filme, podemos observar diversos sintomas que nos levam a crer que esta esteja passando por este tipo de transtorno, pois ela sofre com a presença de dores e manifestações físicas que não são explicadas pelos médicos ou em exames, fazendo com que isto possa estar relacionado com o transtorno de somatização ou até mesmo com o transtorno doloroso. O transtorno de somatização caracteriza-se pela presença de múltiplos sintomas físicos, que são recorrentes ou prolongados. No caso do transtorno doloroso, a dor representa uma informação sensorial extremamente útil, permitindo que a pessoa detecte a presença de estímulos relacionados a situações de ameaça à integridade física. No entanto, a ocorrência dessas informações sensoriais na ausência de qualquer estímulo dessa natureza caracteriza uma disfunção. Em ambos os casos, observa-se um conjunto de queixas inconsistentes de dor, que não podem ser explicadas por uma condição média geral. O diagnóstico envolve sofrimento clinicamente significativo, acompanhado de um prejuízo sócio-ocupacional, além de diversas alterações pseudoneurológicas, bem como fazendo com que ocorram mudanças no comportamento interpessoal, social ou familiar. Vada também apresenta características de pessoas com transtorno hipocondríaco, caracterizada por uma 1 2 Acadêmica do Curso de Psicologia – FACOS/CNEC. Professor orientador. Anais da IV Mostra Integrada de Iniciação Científica – CNEC Osório Ano 4 – N° 4 – Vol. 4 – JUN/2013 97 excessiva preocupação em relação à saúde e pelo medo de desenvolver uma doença grave. Ela monitora constantemente suas funções corporais à procura de alguma anormalidade. Além disso, faz repetidas consultas médicas, submete-se a inúmeros exames complementares desnecessários. Em uma cena na qual o médico diz que ela está saudável, fica inconformada e diz que vai procurar uma segunda opinião. Em determinado momento, mesmo sendo uma menina, acredita que tem um grave problema na próstata. Embora o quadro de Vada seja típico de um transtorno hipocondríaco, há uma cena em que ela simula um desmaio, o que seria mais característico do transtorno conversivo. No transtorno conversivo, alterações motoras e sensoriais são observadas, assim como as observações de uma doença neurológica. Contudo, assim como os transtornos de somatização e doloroso, não é possível detectar uma condição médica geral que justifique tais sintomas. Tendo como base para este estudo o livro Cinema e Loucura: conhecendo os transtornos mentais através dos filmes e um filme que é amplamente conhecido, temos como objetivo elucidar sobre este tipo de transtorno que, nos dias atuais, é bastante desconhecido pela população, fazendo com que muitos tenham que conviver com seus sintomas ao invés de buscar ou ser direcionado para um tratamento psicológico adequado. Anais da IV Mostra Integrada de Iniciação Científica – CNEC Osório Ano 4 – N° 4 – Vol. 4 – JUN/2013 98