Metodologia de Projeto para Conversor CC-CA ZVT PWM

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Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática
Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014
METODOLOGIA DE PROJETO PARA CONVERSOR CC-CA ZVT PWM
Tiago Dequigiovani∗, Carlos Marcelo de Oliveira Stein∗
∗
Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR
Via do Conhecimento, km 1, 85503-390 - Pato Branco, PR, Brasil
Emails: [email protected], [email protected]
Abstract— This paper presents a design methodology for a DC-AC converter using a ZVT cell. The used
auxiliary circuit provides soft-switching in both switches, main and auxiliary, and reduces the reverse recovery
losses in main diode. The project is based on six proposed restrictions that ensure soft-switching in switches in
keeping the losses at auxiliary circuit in low levels. Experimental results are presented with the application of
design methodology in a prototype 1 kW and 40 kHz. To evaluate the performance of this converter are also
implemented the auxiliary circuit, conventional ZVT and the Undeland snubber. Results show better efficiency
of proposed converter compared to other structures analyzed.
Keywords—
Active snubber cells, DC-AC converter, soft-switching, zero voltage transition.
Resumo— Este artigo apresenta uma metodologia de projeto para um conversor CC-CA utilizando uma
célula ZVT. O circuito auxiliar empregado proporciona comutação suave em ambos os interruptores, principal
e auxiliar, além de reduzir as perdas sob recuperação reversa no diodo principal. O projeto é baseado em seis
restrições propostas que asseguram a comutação suave nos interruptores mantendo as perdas no circuito auxiliar
em nı́veis reduzidos. São apresentados resultados experimentais com a aplicação da metodologia de projeto em
um protótipo de 1 kW e 40 kHz. Para avaliar o desempenho deste conversor são implementados também os
circuitos auxiliares ZVT convencional e o snubber de Undeland. Resultados mostram melhor rendimento do
conversor proposto em relação às outras estruturas analisadas.
Palavras-chave—
1
Snubber ativo, Conversor CC-CA, comutação suave, transição em zero de tensão.
ave (ZVS) para o interruptor principal e também
auxı́lio à comutação para a chave auxiliar (pseudoZVS), dessa forma minimizando o problema do
bloqueio dissipativo na chave auxiliar existente
na topologia ZVT convencional. Essa célula ZVT
inicialmente aplicada à conversores CC-CC é empregada neste trabalho em um conversor CC-CA
ponte completa.
Neste artigo é apresentada uma metodologia
para o projeto dos elementos do circuito auxiliar,
para atender as restrições de funcionamento e reduzir as perdas na comutação dos semicondutores. Para a validação do projeto um conversor
é implementado e analisadas as formas de onda
e a curva de rendimento. O desempenho deste
conversor é comparado com a implementação do
conversor ZVT convencional e outro dissipativo,
utilizando o snubber de Undeland.
Introdução
Diante da crescente necessidade pela melhoria da
eficiência no processamento de energia elétrica, os
conversores são projetados para operar com alta
frequência de chaveamento dos interruptores, isso
apresenta como vantagem o aumento na densidade
de potência do circuito, redução de volume, peso
e possivelmente de custo, além da simplicidade no
controle e rápida resposta dinâmica.
No entanto, com a elevação da frequência
de chaveamento, também aumentam as perdas
por comutação, as derivadas de tensão e corrente e a geração de interferência eletromagnética
(EMI). Esses problemas associados à elevação da
frequência podem ser minimizados com a utilização de técnicas de auxı́lio à comutação, proporcionando elevado rendimento do conversor e, adicionalmente, redução da di/dt e dv/dt nos semicondutores.
O circuito para auxı́lio à comutação empregado neste trabalho faz parte da famı́lia ZVT, proposto por Hua et al. (1992), no qual não contém
elementos em série com o circuito de potência do
conversor. A célula ZVT é ativada somente durante os intervalos de transição dos interruptores,
assim o conversor opera com comutação suave enquanto mantém as vantagens do conversor PWM.
Este circuito proposto por Hua et al. (1992), denominado neste trabalho como ZVT convencional,
realiza comutação suave ao interruptor principal,
porém o bloqueio da chave auxiliar é dissipativo.
Em Bodur and Faruk Bakan (2002) é proposta uma célula ZVT que realiza comutação su-
2
Etapas de Funcionamento
O circuito ZVT aplicado a um pólo PWM bidirecional é mostrado na Figura 1. A descrição das
etapas de operação são apresentadas considerando
o conversor operando no semiciclo positivo (corrente entrando no pólo PWM) e no instante de
pico da corrente de carga nominal (Iop ).
A Figura 2 mostra as principais formas de
onda teóricas e na Figura 3 são destacados os elementos ativos durante cada etapa de operação.
O funcionamento descrito é similar aquele apresentado em (Zhu and Ding, 1999; Bodur and Faruk Bakan, 2002; Russi et al., 2005), ambos para
um conversor boost.
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+E
Cb2
S3
D3
Sx1
Estágio 2 (t1 < t ≤ t2 ): A corrente em Lr2
continua aumentando devido à ressonância com o
capacitor Cr . Esta etapa termina em t2 onde a
corrente no indutor assume o seu valor máximo e
a tensão em Cr é igual a zero, isso ocorre em 1/4
do perı́odo de ressonância. O tempo de duração
do estágio (∆t2 ) e a corrente máxima no indutor
(ILr2(max) ) são definidas pelas expressões 2 e 3.
D22
+
Lr2
Iop
D12
Lr1
Cb1
S4
+
D11
Sx2
+
D4
Cr
0V
D21
Figura 1: Célula ZVT aplicada ao pólo PWM
Comando S4
t
iD3
Iop
t
Iop
(Iop-iCr)
iLr2
iD22
t
iS4
Iop
t
vCr
E
vCb2
(3)
Estágio 5 (t4 < t ≤ t5 ): Dependendo do valor projetado para o capacitor Cb2 , apenas uma
parcela da energia armazenada em Lr2 é necessária para carregar Cb2 até a tensão E, desta forma
o restante da energia é transferida para a entrada
através da condução do diodo D22 . Possuindo o
indutor, no instante t4 , corrente maior do que Iop ,
o diodo D4 torna a conduzir. Esta etapa termina
quando a corrente no indutor é igual a Iop e o
diodo D4 é bloqueado.
Estágio 6 (t5 < t ≤ t6 ): Durante esta etapa
continua a devolução da energia armazenada em
Lr2 para a entrada, através da chave principal.
O estágio termina quando a corrente no indutor
chega a zero.
Estágio 7 (t6 < t ≤ t7 ): Durante esta etapa o
interruptor S4 conduz a corrente de saı́da, o tempo
de duração é definido pelo PWM, o bloqueio de S4
ocorre no instante t7 .
Estágio 8 (t7 < t ≤ t8 ): Com o bloqueio de
S4 , é iniciada a descarga do capacitor Cb2 através
do diodo D22 , sendo parte desta energia regenerada para a entrada e o restante para a carga do
capacitor Cr . A tensão sobre a chave S4 cresce
linearmente devido à presença dos capacitores Cr
t
vSx2
E
t1 t2 t3 t4 t5
p
ILr2(max) = Iop + E/ Lr2 /Cr
t
E
t0
(2)
Estágio 3 (t2 < t ≤ t3 ): Durante esta etapa
o diodo D4 conduz a diferença entre a corrente
máxima em Lr2 e a corrente de saı́da, garantindo
a condição ZVS para o interruptor S4 . Este intervalo deve ser tão pequeno quanto possı́vel para
minimizar as perdas de condução no circuito auxiliar, no entanto, deve durar o tempo suficiente
para estabelecer a tensão de comando para o interruptor S4 .
Estágio 4 (t3 < t ≤ t4 ): Em t3 , a chave auxiliar Sx2 é bloqueada sob pseudo-ZVS devido à
presença do capacitor snubber Cb2 . O interruptor S4 assume a corrente de saı́da e a corrente
em Lr2 começa a descarregar através de D12 para
Cb2 , transferindo a energia armazenada no indutor para o capacitor. Esta etapa termina em t4
quando a tensão em Cb2 atinge +E, o tempo de
duração é definido pela Equação 4.
!
√
p
Cb
E
2
√
Lr2 · Cb2 (4)
∆t4 = sen−1
ILr2(max) Lr2
t
Comando Sx2
p
∆t2 = (π/2) Lr2 · Cr
t6
t7 t8
t
Figura 2: Formas de onda teóricas
Estágio 1 (t0 ≤ t ≤ t1 ): Anterior à primeira
etapa (t < t0 ), o diodo D3 conduz a corrente de
saı́da e ambas as chaves estão no estado de bloqueio. Em t0 a chave Sx2 é colocada em condução
sob pseudo-ZCS, devido à limitação da di/dt pelo
indutor Lr2 . As perdas de recuperação reversa
no diodo principal também são reduzidas devido
a presença do indutor. Esta etapa termina em t1 ,
quando a corrente em Lr2 é igual a Iop e o diodo D3 para de conduzir. O tempo de duração do
estágio 1 (∆t1 ) é dado por
∆t1 = (Lr2 /E)Iop
(1)
onde E é a tensão CC de entrada.
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+E
+E
S3
D3
Iop
S4
0
D4
+
Cb2
+
D22
Lr2
D12
Cr
+E
S3
Iop
S4
Sx2
0
[t0 – t1]
+E
D3
D4
+
Cb2
+
D22
Lr2
D12
D3
Iop
S4
0
D4
+
[t4 – t5]
Cb2
+
D22
Lr2
D12
Cr
S4
0
[t1 – t2]
+
D4
Cb2
+
D22
Lr2
D12
D3
Iop
S4
0
D4
+
Cb2
+
D22
Lr2
D12
S4
0
D4
+
Cb2
+
D22
Lr2
D12
Cr
Sx2
[t3 – t4]
+E
S3
D3
Iop
S4
0
[t5 – t6]
D3
Iop
[t2 – t3]
Sx2
Cr
S3
Sx2
Cr
+E
S3
Sx2
D3
Iop
Sx2
Cr
+E
S3
+E
S3
D4
+
Cb2
+
D22
Lr2
D12
Cr
S3
Iop
S4
Sx2
0
[t6 – t7]
D3
D4
+
Cb2
+
D22
Lr2
D12
Cr
Sx2
[t7 – t8]
Figura 3: Circuitos equivalentes aos estágios de operação
e Cb2 em paralelo, proporcionando uma comutação pseudo-ZVS. O término desta etapa ocorre no
instante t8 com a carga/descarga dos capacitores
completa, e o diodo D3 entra em condução.
∆t8 = (Cr + Cb2 )E/Iop
3.2
A amplitude máxima da corrente no indutor Lr
deve ser maior do que a corrente de saı́da, de forma
que o diodo antiparalelo à chave principal entre
em condução antes da transição de entrada do interruptor. Porém, este valor de corrente deve ser
limitado com o propósito de reduzir as perdas por
condução, e a capacidade de corrente necessária
do interruptor auxiliar. Assim
(5)
Estágio 9 (t8 < t ≤ t9 ): O diodo principal
D3 conduz a corrente de saı́da, a modulação PWM
define o tempo de duração desta etapa. O instante
de término deste estágio equivale ao inı́cio de um
novo ciclo, onde t9 = t0 .
3
ILr(max) = k2 · Iop
3.3
Restrição 3: Comando da chave auxiliar
Para que ocorra a comutação em zero de tensão
no interruptor principal, a chave auxiliar deve ser
mantida em condução até que seja estabelecido
o sinal de comando no mesmo. Este tempo de
condução (tSx ), consiste na soma da duração dos
estágios 1, 2 e 3, portanto
Restrição 1: Limitação da di/dt no diodo
tSx = ∆t1 + ∆t2 + ∆t3
Tem como objetivo reduzir as perdas de recuperação reversa no diodo antiparalelo ao interruptor
principal (D3 ou D4 ). Para que isso ocorra, o indutor Lr é dimensionado de forma que a derivada
de corrente (di/dt) no bloqueio seja limitada.
O intervalo ∆t1 (Equação 1) é o tempo para o
bloqueio do diodo, e deve ser maior que o tempo
de recuperação reversa (trr ) do mesmo. Assim,
o indutor ressonante é definido pela Equação 6,
onde k1 deve ser maior do que 1.
Lr = k1 · trr · E/Iop
(7)
onde a constante k2 deve ser maior do que 1.
A corrente ILr(max) é definida pela Equação
3, substituindo nessa a restrição da Equação 7 e
isolando o indutor auxiliar chega-se a
Lr = E 2 Cr / Io2p (k2 − 1)2
(8)
Restrições para o Projeto
Para obter sucesso no emprego da técnica de comutação suave apresentada é necessário considerar as não-idealidades dos dispositivos semicondutores utilizados e determinadas condições para o
correto funcionamento do circuito auxiliar.
O conversor é composto por duas células ZVT,
uma para cada sentido da corrente de saı́da e com
funcionamento análogo. Portanto os indutores
Lr1 e Lr2 têm o mesmo valor e serão definidos
como Lr , da mesma forma que Cb1 = Cb2 = Cb .
3.1
Restrição 2: Corrente máxima no indutor
(9)
A duração do primeiro e segundo estágios são
representados pelas Equações 1 e 2, respectivamente. Substituindo essas expressões na Equação
9 obtêm-se
πp
Lr
Lr Cr + ∆t3
(10)
tSx =
Iop +
E
2
onde o valor de ∆t3 deve ser definido com base no
atraso do circuito de acionamento e o tempo necessário para o processo de entrada em condução
do interruptor principal.
(6)
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3.4
Restrição 4: Limitação na razão cı́clica
3.6
Para reduzir as perdas na transição de bloqueio,
o tempo de subida da tensão sobre o dispositivo
deve ser maior que o tempo de descida (fall time)
da corrente. Conforme as etapas de operação, o
bloqueio do interruptor principal ocorre durante o
estágio 8, e o bloqueio da chave auxiliar ocorre no
estágio 4. Assim, podem ser escritas as restrições
Em inversores práticos a máxima razão cı́clica é
limitada devido ao tempo que o dispositivo semicondutor necessita para trocar entre os estados de
condução e bloqueio. Nos inversores com comutação suave existe também o tempo necessário para
o circuito auxiliar fornecer as condições nulas de
tensão e/ou corrente nos interruptores. Para o inversor em análise, o tempo de operação do circuito
auxiliar (tzvt ) é definido como
tzvt = tSx + ∆t8
Restrição 6: Intervalos para bloqueio
(11)
4
(12)
3.5
A taxa de variação da tensão sobre o semicondutor deve ser reduzida devido à limitações construtivas do dispositivo, limitações do circuito ou
para redução de EMI. Para que não ocorra uma
variação brusca de tensão no instante de boqueio
do interruptor principal, a tensão sobre o capacitor Cb deve alcançar o valor E durante o estágio
4. Dessa forma a tensão sobre o interruptor irá
crescer a partir de zero, reduzindo a dv/dt e consequentemente as perdas na comutação.
A energia necessária para o capacitor Cb atingir a tensão E é dada pela Equação 14.
WCb
1
Lr · IL2 r(max)
2
2
p
Lr I
+
E
C
/L
o
r
r
p
E2
Tensão de Entrada (E)
300 V
Tensão de pico na Saı́da (Vop )
180 V
Frequência de Saı́da (fo )
60 Hz
Potência de Saı́da (Po )
1000 W
Resistência de Carga (Ro )
16,2 Ω
Frequência de Chaveamento (fs )
40 kHz
Tabela 2: Caracterı́sticas dos semicondutores
Chave
Código
tf all , trr
Coes
S1 a S4
Sx1 , Sx2
IRGP50B60PD1
20 ns, 120 ns
322 pF
IRG4PC40UD
130 ns, 120 ns
140 pF
(14)
O capacitor Cr possui uma limitação mı́nima
correspondente à soma da capacitância intrı́nseca
(Coes ) dos interruptores principais do braço inversor. Com o intuito de reduzir as perdas por
condução no circuito auxiliar, o valor de Cr deve
ser projetado para o valor mı́nimo, ou seja, Cr =
2Coes . Essa definição não compromete a redução
das perdas no bloqueio dos interruptores, que é
garantida pelo capacitor Cb .
Para o indutor auxiliar Lr são obtidos 3 valores, em função do capacitor ressonante Cr , que
limitam a sua região de projeto. Da restrição 1,
definida pela Equação 6 determina-se Lra ; através da restrição 2 (Equação 8) é obtido Lrb ; outra
(15)
Igualando-se as expressões 14 e 15 define-se
um valor máximo do capacitor para a restrição
ser atendida, conforme Equação 16.
Cb ≤
Metodologia de Projeto
principais caracterı́sticas dos interruptores discretos utilizados.
A carga deste capacitor ocorre através da ressonância com o indutor Lr , no qual a máxima
energia armazenada é definida pela Equação 15.
WLr(max) =
(18)
Tabela 1: Especificações do Protótipo
(13)
Restrição 5: Limitação da dv/dt
1
= Cb E 2
2
∆t4 = k4 · tf l2
Este procedimento de projeto consiste em determinar os valores para Cr , Lr e Cb a fim de atender
às seis restrições apresentadas. A Tabela 1 contém
as especificações do conversor consideradas para o
projeto e implementação. A Tabela 2 mostra as
onde k3 é uma constante menor do que 1 e Ts é
o perı́odo de chaveamento. Substituindo a Equação 11 em 12 e admitindo que tSx >> ∆t8 , esta
restrição pode ser escrita como
tSx = k3 Ts
(17)
onde:
k4 - constante maior do que 1;
tf l1 - tempo de descida do interruptor principal;
tf l2 - tempo de descida do interruptor auxiliar.
Uma vez que o máximo intervalo de condução
do interruptor principal (ton(max) ) limita o ı́ndice
de modulação do conversor, o projeto deve assegurar que o tempo relacionado ao circuito auxiliar
seja limitado. Assim
tzvt = k3 Ts
∆t8 = k4 · tf l1
(16)
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limitação para o indutor é obtida através da combinação das restrições 3 e 4, no qual igualando-se
as Equações 10 e 13 obtêm-se Lrc .
√ !2
πE Cr
Eπ 2 Cr
Lrc =
+ k3 Ts − ∆t3 −
16Iop
4Iop
(19)
As constantes presentes nessas equações (k1 , k2 e
k3 ), devem ser projetadas para atender as restrições 1 a 4 e à partir disso determina-se o valor do
indutor correspondente. O valor das constantes
k2 e k3 é obtido através da análise do gráfico da
Figura 4, onde observa-se a influência do indutor
Lr nas principais grandezas envolvidas nas restrições: ILr(max) através de k2 , e tSx através de k3 .
s
E
Iop
1,4
Lra (R1)
0,15
Lrc (R3,R4)
k3
0,1
1,198
k3 - Adimensional
k2 - Adimensional
k2
arredondamento no valor correspondente do indutor. Assim, o indutor Lr = 12 µH em conjunto
com Cr = 644 pF atende às restrições 1 a 4, uma
vez que o valor correspondente de k1 = 3, 7 está
acima do mı́nimo definido, e k3 = 0, 031 equivale
à tSx de 3,1% do perı́odo de chaveamento, muito
inferior ao máximo definido anteriormente.
Com os valores de Lr e Cr projetados, são
obtidas as limitações para Cb de forma a atender
as restrições 5 e 6. Da restrição 5 definida pela
Equação 16 determina-se o valor de Cba ; para satisfazer a restrição 6, relativo ao bloqueio do interruptor principal, é obtido Cbb substituindo a
Equação 5 na Equação 17; e para o bloqueio da
chave auxiliar, também da restrição 6, determinase Cbc substituindo a Equação 4 na Equação 18.
O gráfico apresentado na Figura 5 mostra o comportamento dos tempos relativo aos estágios para
o bloqueio dos interruptores em função do capacitor Cb . O valor de Cba é calculado diretamente
7
6,4
0,05
Δt8 /tfall(S)
1
12
40
54,2
ConstanteSk4
0,031
70
Δt4 /tfall(Sx)
Cbb
Cbc
3
Cba
Indutor Lr [µH]
2,1
Figura 4: Gráfico para projeto de Lr
1
O gráfico mostra que a região de projeto do indutor está delimitada entre os valores de Lra (mı́nimo) e Lrc (máximo). O valor de Lra restringe a
constante k1 ≥ 3 (Bodur and Faruk Bakan, 2002),
o que corresponde à di/dt no diodo em aproximadamente 30 A/µs, obtendo Lra = 9,72 µH.
O limite superior de Lrc = 54,2 µH foi calculado para que o tempo máximo de condução
da chave auxiliar seja de 10% do Ts (Zhu and
Ding, 1999) e o ∆t3 igual a 200 ns, adotado com
base experimental devido às não-idealidades do interruptor e atrasos no circuito de acionamento.
Dentro da região de projeto deve-se definir
o valor da constante k2 , a qual é proporcional à
corrente máxima no indutor auxiliar. Essa constante é utilizada para assegurar que a amplitude
de ILr(max) tenha valor suficiente para garantir o
bloqueio do diodo principal e a entrada em condução do diodo antiparalelo, portanto deve ser maior
do que 1. Observa-se no gráfico que, com o incremento do indutor ocorre uma pequena diminuição
no valor da corrente máxima, porém o tempo de
condução da chave auxiliar aumenta proporcionalmente. Assim, para menores perdas em condução,
o valor mais adequado é próximo de Lra .
O valor projetado é igual a Lrb , adotando k2
para obter ILr(max) aproximadamente 20% acima
da corrente de saı́da, utilizou-se k2 = 1, 198 para
0
0,91
11
23,61
30
CapacitorSCbS[nF]
Figura 5: Gráfico para projeto de Cb
e equivale ao limite superior de projeto do capacitor. Para este valor toda a energia armazenada
no indutor é transferida para o capacitor alcançar
a tensão de entrada. Os valores Cbb e Cbc dependem da definição da constante k4 , no qual, para
reduzir as perdas no bloqueio dos semicondutores
recomenda-se um valor de 2 a 4 (da Silva Martins, 2008). Utilizou-se k4 = 2, 1 para arredondamento do capacitor correspondente.
Após determinar os valores, observa-se no gráfico que a região de projeto para Cb está entre os
valores de Cbc e Cba .
Com o intuito de reduzir a quantidade de
energia presente no circuito auxiliar e consequentemente as perdas por condução, o valor mais adequado para projeto é próximo do limite inferior,
portanto Cb = 11 nF.
Nas seções a seguir são apresentados os resultados experimentais para validação da metodologia de projeto, e a comparação de desempenho
com a implementação de um conversor com os circuitos auxiliares ZVT convencional e snubber de
Undeland.
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5
Resultados Experimentais
a tensão E, sendo o restante regenerado para a
entrada.
A Figura 8 mostra as comutações de entrada e
bloqueio no interruptor principal. Verifica-se que
o sinal de comando é aplicado ao interruptor após
a tensão sobre o mesmo ser nula, caracterizando
a entrada em condução sob ZVS. Também podese observar que o circuito auxiliar é ativo em um
pequeno intervalo em relação ao perı́odo de chaveamento.
O conversor CC-CA ponte completa, monofásico
e saı́da senoidal é mostrado na Figura 6, onde o
S1
vo
desconectar
para snubber
Ro
+
E
-
Cf
S2
A
D
S3
Dr1
io
Cb2
D22
Lr2
D12
Sx1
Lf
B
Lr1
S4
Cb1
C
Dr2
D11
S3
Sx2
D21
VS3
Figura 6: Conversor CC-CA ZVT PWM
braço inversor (S1 e S2 ) comuta em baixa frequência e S3 e S4 na frequência de chaveamento. As
especificações dos componentes do circuito auxiliar são mostrados na Tabela 3.
iLr1
iS3
S3 - 10 V/div; VS3 - 100 V/div; iLr1, iS3 - 10 A/div; Tempo: 2 µs/div
Tabela 3: Componentes ZVT
Figura 8: Comutações da chave principal - ZVT
Descrição
Especificação
Dr1 , Dr2 , D11 , D12
15ETH06
D21 , D22
O detalhe da transição de bloqueio é mostrado na Figura 9. Pode-se verificar a comutação
pseudo-ZVS através da limitação da dv/dt, dessa
forma reduz-se a sobreposição da tensão com a
corrente e consequentemente a potência dissipada
no semicondutor.
MUR460
Lr1 , Lr2
12 µH (EE 20/10/5-18 espiras)
Cb1 , Cb2
11 nF (2 x 22 nF em série)
Cr
644 pF (2Coes )
Através das formas de onda mostradas na Figura 7 pode-se verificar o funcionamento do circuito auxiliar. Ao comando para Sx2 a corrente
no indutor cresce com taxa de aproximadamente
25 A/µs e, após a ressonância com Cr a tensão
sobre o interruptor principal é nula, alcançando a
condição de ZVS. Verifica-se também a coerência
das grandezas com os parâmetros de projeto, onde
o valor teórico para a corrente máxima no indutor é 13,3 A e para o tempo da chave auxiliar em
condução é de 780 ns. Após o bloqueio de Sx2 , a
S3
iS3
VS3
S3 - 10 V/div; iS3 - 10 A/div; VS3 - 100 V/div; tempo: 400 ns/div
Figura 9: Bloqueio da chave principal - ZVT
As formas de onda na chave auxiliar são mostradas na Figura 10. Conforme análise teórica a
entrada em condução ocorre sob pseudo-ZCS e o
bloqueio sob pseudo-ZVS. Observa-se que o tempo
Sx2
iLr2
VS4
VCb2
Sx2
Sx2 - 10 V/div; iLr2 - 5 A/div; VS4, VCb2 - 100 V/div; Tempo: 400 ns/div
VSx2
Figura 7: Formas de onda no circuito ZVT
iSx2
energia armazenada no indutor passa a ser transferida para o capacitor snubber Cb2 . Conforme o
projeto do capacitor Cb , com o objetivo de redução nas perdas por condução, somente parte da
energia é necessária para carregar o mesmo até
Sx2 - 10 V/div; VSx2 - 100 V/div; iSx2 - 5 A/div; Tempo: 400 ns/div
Figura 10: Entrada e bloqueio chave auxiliar - ZVT
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de subida da tensão VSx2 é maior do que 273 ns
(k4 · tf l2 ), garantindo a redução das perdas.
Para a comparação de desempenho do circuito
proposto, o conversor CC-CA foi implementado
utilizando outros circuitos auxiliares à comutação,
mostrados na Figura 11. A implementação é feita
substituindo-se os circuitos auxiliares nos terminais A, B, C e D no conversor da Figura 6.
ZVT Convencional
A,D
Snubber de Undeland
A
Sx1
Ls
D
RS
Lr
B
Verifica-se que a condição ZVS na entrada é
alcançada pois o sinal de comando é aplicado somente após a tensão ser nula. O bloqueio do interruptor também é auxiliado através da limitação
da dv/dt pelo capacitor Cr .
As condições de comutação no interruptor auxiliar são mostradas na Figura 13. A entrada em
condução é sob pseudo-ZCS proporcionado pelo
indutor Lr , no entanto o bloqueio ocorre sem qualquer auxı́lio à comutação ou seja, sob forma dissipativa.
DS1
B
Sx2
CS
Cr
C
C
DS2
Sx1
COV
VSx1
Figura 11: Circuitos auxiliares implementados
iSx1
Sx1 - 10 V/div; VSx1 - 100 V/div; iSx1 - 10 A/div; Tempo: 400 ns/div
O projeto dos elementos auxilares da célula
ZVT convencional, Lr e Cr , é elaborado com o
objetivo de otimizar as condições de comutação
da chave principal, para estabelecer uma comparação equivalente com o ZVT proposto. Devido
este circuito utilizar o capacitor Cr para ambas
as funções, de elemento ressonante na entrada e
snubber no bloqueio, seu valor não pode ser muito
elevado pois aumenta a corrente máxima no circuito auxiliar e também não pode ser muito pequeno por comprometer a redução das perdas no
interruptor principal. A Tabela 4 contém os parâmetros de projeto e os componentes utilizados na
implementação.
Figura 13: Transições da chave auxiliar
O outro circuito auxiliar implementado, snubber de Undeland, tem a proposta de limitar a derivada de corrente na entrada do interruptor e durante o bloqueio controlar a dv/dt, além de grampear a tensão máxima sobre o semicondutor em
um nı́vel seguro. Para o projeto dos elementos
desse snubber foi utilizada a metodologia apresentada em Blaabjerg (1991), os valores obtidos para
os componentes são mostrados na Tabela 5.
Tabela 5: Componentes snubber de Undeland
Tabela 4: Projeto ZVT Convencional
Descrição
Especificação
Ls
Lr
20 µH (EE 25/10/6-26 espiras)
Cs
Cr
3,3 nF + 644 pF
Descrição
ILr(max)
tSx
Cov
Especificação
10 µH (EE 30/15/7-12 espiras)
10 nF
(470 nF + 33 nF)
Rs
1,38Iop
Ds1 , Ds2
4,7% de Ts
100 Ω - 35 W
MUR460
A corrente e tensão no interruptor principal
são mostradas na Figura 14.
A Figura 12 mostra as transições da chave
principal durante um perı́odo de comutação.
S3
VS3
iS3
iLr1
VS3
iS3
S3 - 10 V/div; VS3 - 100 V/div; iLr1, iS3 - 10 A/div; Tempo: 2 µs/div
iS3 - 5 A/div; VS3 - 100 V/div; Tempo: 4 µs/div
Figura 12: Transições da chave principal
Figura 14: Chave principal - snubber de Undeland
529
Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática
Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014
Nota-se que a corrente ressonante devido aos
elementos auxiliares circula através do interruptor, ocasionando um esforço adicional de corrente.
A comutação no instante de bloqueio tem limitação da dv/dt, porém também ocorre sobretensão
no interruptor.
Com o intuito de avaliar o desempenho dos
circuitos analisados, foram efetuadas medições de
potência de entrada e saı́da com um analisador
digital de energia, modelo Yokogawa WT1800.
A Figura 15 mostra a curva de rendimento
para cada estrutura implementada, obtida através
da variação da resistência de carga.
Com o conversor ZVT foi obtido rendimento
de 97% com potência nominal, valor este 1% maior
do que o obtido com o ZVT convencional e 2%
maior em relação ao snubber de Undeland. Em
toda a faixa de carga o conversor ZVT teve rendimento superior, com ênfase na operação com
pouca carga onde o valor foi de 3% acima do convencional.
Foi verificado através desta análise experimental que a metodologia de projeto é eficaz no
objetivo de atender às restrições propostas e contribuir para o aumento no rendimento do conversor.
Agradecimentos
98,0
Os autores agradecem à Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, FUNTEF, CNPq, CAPES,
Fundação Araucária, SETI e FINEP pela estrutura e apoio financeiro.
ZVT
97,0
Rendimento [%]
96,0
ZVT convencional
95,0
snubber de Undeland
94,0
93,0
Referências
92,0
91,0
200
300
400
500
600
700
800
900
Blaabjerg, F. (1991). Snubbers in pwm-vsiinverter, Power Electronics Specialists Conference, 1991. PESC ’91 Record., 22nd Annual IEEE, pp. 104–111.
1000
Potência de Saída [W]
Figura 15: Comparativo de rendimento
Bodur, F. and Faruk Bakan, A. (2002). A new
zvt-pwm dc-dc converter, Power Electronics,
IEEE Transactions on 17(1): 40–47.
Observa-se que o conversor ZVT, cuja metodologia de projeto foi aplicada, apresentou rendimento superior às demais estruturas em toda a
faixa de carga. Esta topologia tem a vantagem,
em relação ao convencional, de operar com menor valor de corrente no circuito auxiliar e prover
auxı́lio à comutação em ambos os interruptores,
principais e auxiliares.
A impedância do circuito ressonante no ZVT
convencional é aproximadamente duas vezes menor do que no ZVT, quando a potência de saı́da é
baixa a corrente no circuito auxiliar se torna significativa, o que explica o menor rendimento do
ZVT convencional para estas potências.
A solução dissipativa, através do snubber de
Undeland, fornece auxı́lio à comutação na entrada
e bloqueio dos interruptores, porém o fato de não
regenerar a energia utilizada compromete o rendimento global do conversor.
6
da Silva Martins, M. L. (2008). Inversores ZCZVT
com Acoplamento Magnético: Sı́ntese e Análise, PhD thesis, Pós-Graduação em Engenharia Elétrica - Universidade Federal de
Santa Maria, Santa Maria - RS.
Hua, G., Leu, C. S. and Lee, F. C. (1992). Novel zero-voltage-transition pwm converters,
IEEE Power Electronics Specialists Conference, Vol. 1, pp. 55–61.
Russi, J., Martins, M. L., Gründling, H. A., Pinheiro, H., Pinheiro, J. R. and Hey, H. L.
(2005). An improved design for zvt dc-dc
pwm converters with snubber assisted auxiliary switch, Revista Controle & Automação
16(1): 25–33.
Zhu, J. Y. and Ding, D. (1999). Zero-voltage- and
zero-current-switched pwm dc-dc converters
using active snubber, Industry Applications,
IEEE Transactions on 35(6): 1406–1412.
Conclusões
Este artigo abordou uma metodologia de projeto
para um conversor CC-CA ZVT PWM, desenvolvida com base nas equações referente às etapas
de operação e restrições para o correto funcionamento do circuito auxiliar. Um exemplo de projeto foi aplicado a um protótipo para análise das
formas de onda e curvas de rendimento, sendo este
comparado ao conversor com a célula ZVT convencional e com o snubber de Undeland.
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