R evi s ta R e v i s t a B r a s i l e i r a Bra si l ei ra Fisiologia d e exercício do IS S N 16778510 Fisiolog do exercí Fisiologia do exercício Fi si ologi a Brazilian Journal of Exercise Physiology Fisiologia Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício do exercício d o Fisiologia do exercício Fisiol ex er c í c i o do exer F i s i o l o g exercício Fisiologia do exercíc F i s i o l o g i a do do e x e rcício NUTRIÇÃO Fisiologia Fisiologia do Fisiolog do e x e r c í c i o • Perfil nutricional de praticantes do de badminton exercí F i s i o l o g i a Fisiologia e x e r c í c i o CARDIOLOGIA do e x e r c í c i o do exercício • Qualidade de vida após revascularização de miocárdio Fisiologia F i s i o l o g i a exercício do e x e r c í c i o volu me 0 7 - nú mero 0 2 • M ai/ Ag o 2 0 0 8 Fisiologia do d e Fisiologia do exercício • Freqüência cardíaca máxima e consumo de oxigênio em mulheres saudáveis do Fisiologia do exercício para isio l ofibromiálgicos gia F i s i o l F i s i o •l Treinamento o g i a deFforça do e r c í muscular c i o do e x e r e x e • r Fatores c í c geradores i o do edex fadiga físico após lesão ia F i s i o l o g i a F i s i o l o•gRecondicionamento Fisiolo F i s i o l o g i a exercício exerc do e x e r c í c i o MUSCULAÇÃO do Fisiologia do e x e r cESPORTE ício exercício do e x e ergogênicos rcíci • Consumo de recursos Fisiologia do exercício www.atlanticaeditora.com.br o do Fisiologia do exercício v o l u m e 0 7 - nú m e r o 02 • M a i/A g o 2008 R e v i s t a B r a s i l e i r a d e FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO Brazilian Journal of Exercise Physiology Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício Índice volume 7 número 2 - maio/agosto 2008 EDITORIAL Novos desafios, Walace D. Monteiro .......................................................................................................................... 55 ARTIGOS ORIGINAIS Perfil nutricional de praticantes de badminton, Heloá Urban Papadopoli, Luiza Antoniazzi Gomes de Gouveia, Nathalia Caldeira, Marcia Nacif ........................................................................ 56 Avaliação da qualidade de vida em pacientes submetidos à revascularização do miocárdio que realizaram reabilitação cardíaca fase I, Jaime Luiz Nunes de Aguiar, Fabiano Souza Barbosa, André Luis dos Santos Silva, Hélio Ricardo dos Santos, Lamara Laguardia V. Rocha, Natália Cardoso Lima, Daniel Almeida da Costa, Marcus Vinícius de Mello Pinto .................................................................................................................................. 60 Análise comparativa de testes laboratoriais de esteira e de campo para determinar a freqüência cardíaca máxima e o consumo máximo de oxigênio em mulheres saudáveis, Lawrens Fabrício Cardozo Makkai, Daniela Fantoni de Lima Alexandrino, Janaína Lubiana Altoé, Cintia Lúcia de Lima, João Carlos Bouzas Marins ................................................................... 67 Consumo de recursos ergogênicos farmacológicos por praticantes de musculação das academias de Santa Maria, RS, Cati Reckelberg Azambuja, Daniela Lopes dos Santos ........................................ 74 REVISÕES Treinamento de força muscular em portadores da síndrome da fibromialgia, Sérgio Siqueira Teotônio, José Sílvio de Oliveira Barbosa ............................................................................................. 81 Estudo sobre os fatores geradores de fadiga muscular, Daniela Silva Scalon, Vanessa Rodrigues Figueiredo, Dernival Bertoncello ................................................................................................... 93 OPINIÃO Protocolo de recondicionamento físico após lesão nas categorias de base de futebol no São Paulo Futebol Clube, Marco Aurélio Buchaim Regos, Marcus Vinicius Grecco ............................................................................................................................................ 100 NORMAS DE PUBLICAÇÃO ............................................................................................................................. 106 EVENTOS ............................................................................................................................................................... 108 54 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 R e v i s t a B r a s i l e i r a d e FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO Brazilian Journal of Exercise Physiology Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício Editor Chefe Paulo de Tarso Veras Farinatti Editor Associado Pedro Paulo da Silva Soares Conselho Editorial Antonio Carlos Gomes (PR) Patrícia Chakour Brum (SP) Antonio Cláudio Lucas da Nóbrega (RJ) Paulo Sérgio Gomes (RJ) Rolando Baccis Ceddia (CAN) Dartagnan Pinto Guedes (PR) Robert Robergs (USA) Douglas S. Brooks (EUA) Rosane Rosendo (RJ) Emerson Silami Garcia (MG) Sebastião Gobbi (SP) Fernando Pompeu (RJ) Steven Fleck (USA) Francisco Martins (PB) Yagesh N. Bhambhani (CAN) Jacques Vanfraechem (BEL) Vilmar Baldissera (SP) Luiz Fernando Kruel (RS) Martim Bottaro (DF) Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício Corpo Diretivo: Paulo Sérgio C. Gomes (Presidente), Vilmar Baldissera, Patrícia Brum, Pedro Paulo da Silva Soares, Paulo Farinatti, Marta Pereira, Fernando Augusto Pompeu Atlântica Editora Rua Teodoro Sampaio, 2550/cj15 05406-200 – São Paulo – SP Atendimento e distribuição Shalon / Antonio Carlos Mello Praça Ramos Azevedo, 206/1910 01037-010 – São Paulo – SP (11) 3361 5595/ 3361 9932 Assinaturas 1 ano (6 edições ao ano): R$ 180,00 São Paulo: (11) 3361-5595 Editora Assistente Guillermina Arias Editoração e arte Cristiana Ribas Editor executivo Dr. Jean-Louis Peytavin [email protected] Atendimento ao assinante [email protected] Publicidade e marketing Rio de Janeiro: René C. Delpy Jr [email protected] (21) 2221-4164 Redação e administração Todo o material a ser publicado deve ser enviado para o email: [email protected] Atlântica Editora edita as revistas Fisioterapia Brasil, Enfermagem Brasil, Neurociências, Nutrição Brasil e MN-Metabólica. I.P. (Informação publicitária): As informações são de responsabilidade dos anunciantes. © ATMC - Atlântica Multimídia e Comunicações Ltda - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética da saúde, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 55 Editorial Novos desafios Walace D. Monteiro Editor Associado da RBFEx Este volume da Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício (RBFEx) concretiza a retomada da proposta original de publicação trimestral do periódico. A partir de 2008 a revista retoma sua periodicidade, graças ao empenho de algumas pessoas que insistiram em não abandonar o projeto de criação da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício, da qual a RBFEx é órgão oficial. Além de manter a periodicidade da revista, o próximo desafio recai na indexação da mesma em algumas bases de dados para o seu crescimento. Esse trabalho já está sendo realizado, para que no próximo ano possamos aumentar o impacto das publicações, o que despertará maior interesse dos pesquisadores da área. Visando aumentar a demanda de artigos encaminhados à revista a partir de 2009, estamos criando áreas específicas relacionadas à fisiologia do exercício. Desta forma, a revista passará a conter sessões direcionadas aos seguintes aspectos: a) fisiologia do exercício aplicada ao treinamento de alto rendimento; b) fisiologia do exercício aplicada ao condicionamento físico de não-atletas; c) fisiologia do exercício aplicada à prescrição de exercícios para populações com necessidades especiais (criança, idosos, indivíduos com problemas de saúde); d) fisiologia do exercício e nutrição; e) fisiologia do exercício e morfologia corporal; f ) fisiologia básica. Também serão aceitos artigos de revisão sobre temas aplicados as diferentes áreas que compõem a revista. Por fim, é importante destacar que estamos reformulando o sistema de envio de manuscritos através de submissão on-line, facilitando o envio dos trabalhos para a RBFEx. Novos revisores serão adicionados ao grupo existente para agilizar os pareceres dos trabalhos encaminhados, o que é fundamental para a manutenção da periodicidade e qualidade da revista. Todas essas inovações estão sendo possíveis devido à estrutura da Atlântica Editora, que sempre nos apoiou e incentivou. Além de melhorar a consistência do periódico, as inovações implementadas na RBFEx têm um desafio maior, que é fomentar a retomada das atividades da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício. Reconhecemos que esse é um passo mais ambicioso, contudo, viável de ser atingido e esperamos que a RBFEx possa contribuir. É claro, as mudanças implementadas de nada adiantarão sem a colaboração dos pesquisadores, enviando trabalhos para serem publicados. Acreditamos que a maior diversificação de áreas relacionadas à fisiologia do exercício, bem como a retomada da periodicidade da revista sejam passos nessa direção. Mais uma vez agradecemos aos que ajudaram e conclamamos os interessados para enviar estudos e sugestões para o aprimoramento da revista. 56 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 Artigo original Perfil nutricional de praticantes de badminton Nutricional profile of badminton players Heloá Urban Papadopoli*, Luiza Antoniazzi Gomes de Gouveia*, Nathalia Caldeira*, Marcia Nacif, D.Sc. ** *Graduandas em nutrição pelo Centro Universitário São Camilo, **Nutricionista, especialista em Nutrição Hospitalar pelo HC – FMUSP, Professora do Centro Universitário São Camilo e da Universidade Paulista Resumo Abstract Introdução: O badminton é um esporte individual ou de duplas, semelhante ao tênis, praticado com raquete e uma peteca. Esta atividade física é do tipo intermitente, e exige força, velocidade, agilidade, bons reflexos e resistência. O presente estudo teve como objetivo realizar a avaliação dos parâmetros antropométricos e nutricionais de atletas integrantes de uma equipe competitiva de badminton, filiados a um clube da zona sul de São Paulo. Métodos: A amostra foi composta por 6 atletas adolescentes, sendo verificados peso, altura, circunferências, dobras cutâneas e dados referentes ao consumo alimentar. Resultados: Segundo o índice de massa corpórea, 16,7% dos jogadores apresentaram sobrepeso, enquanto 83,3% estavam eutróficos. Em relação ao percentual de gordura corporal, 66,7% estavam acima dos padrões recomendados, e 33,33% apresentavam percentual de gordura adequado. O consumo médio de carboidratos, lipídios, ferro e cálcio estavam inadequados, enquanto ao consumo de proteínas, vitaminas A e C se mostraram adequados. Conclusão: São necessárias intervenções nutricionais, a fim de otimizar o desempenho atlético dos jogadores de badminton estudados. Background: The badminton is a sport of individual or double, similar to tennis, practiced with racket and a shuttle. This physical activity is intermittent, and requires strength, speed, agility, good reflexes and endurance. This study aimed to carry out the evaluation of anthropometric and nutrition parameters of athletes members of a competitive team of badminton, affiliated to a club of the south area of São Paulo. Methods: The sample was composed of 6 athletes adolescents, and checked weight, height, circumferences, skinfold thickness and data on food consumption. Results: According to the body mass index, 16.7% of the players showed overweight, while 83.3% were normal. Regarding the percentage of body fat, 66.7% were above the recommended standards, and 33.33% had adequate percentage of fat. The average consumption of carbohydrates, lipids, iron and calcium were inadequate, while the consumption of protein, vitamins A and C were adequate. Conclusion: Nutritional interventions are needed, in order to optimize the performance of badminton players. Palavras-chave: badminton, consumo alimentar, adolescente, antropometria. Key-words: badminton, food consumption, teenager, anthropometry. Recebido 12 de abril de 2008; aceito em 18 de agosto de 2008. Endereço para correspondência: Luiza Antoniazzi Gomes de Gouveia, Rua Doutor Roberto Zwicker, 78, 02835-010 São Paulo SP, E-mail: [email protected] Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 Introdução O badminton é um esporte individual ou de duplas, semelhante ao tênis, praticado com raquete e uma peteca ou volante. O objetivo do jogo é, usando a raquete, rebater a peteca sobre a rede para a quadra do adversário, sem deixar a peteca tocar no chão. Aquele que deixar a peteca cair dentro do seu lado da quadra, ou rebater a peteca para fora da quadra, perde a jogada. O jogo tem duração máxima de três “games”, o famoso melhor de três, sendo o vencedor do game aquele jogador que atingir antes 21 pontos [1]. Esta atividade física é do tipo intermitente e exige força, velocidade, agilidade, bons reflexos e resistência. Esse esporte que teve sua origem na Índia, atualmente é praticado por equipes de todos os continentes, sendo mais de 130 membros da Federação Intermacional de Badminton (IBF) [2]. Sua popularidade aumentou em decorrência de sua inclusão como esporte oficial nos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992, nos Jogos Pan-Americanos de Mar del Plata, Argentina, em 1995, e principalmente no Brasil pelos Jogos Pan-Americanos Rio 2007 [3]. Praticantes de atividade física tem uma demanda energética aumentada pelo organismo, pois a energia correponde diretamente à capacidade do indivíduo realizar o trabalho. A avaliação nutricional e o cálculo das necessidades nutricionais, levando em consideração a modalidade praticada, a fase de treinamento e os objetivos da equipe são essenciais para uma boa performance do atleta [4]. A alimentação adequada de praticantes de atividade física e de atletas é essencial para a manutenção da saúde, controle do peso e da composição corporal, melhora do rendimento em treinamentos e competições. Os nutrientes fornecem a energia necessária para o trabalho realizado durante a atividade física, além de otimizar a obtenção e utilização dessa energia [5]. O excesso de peso e, mais especificamente, o excesso de gordura corporal podem ser vistos como um fator de limitação da performance dos atletas. As características da composição corporal dos atletas podem guiar os treinadores, preparadores físicos e fisiologistas do exercício com informações relevantes no decorrer de um processo de treinamento seja num determinado momento, seja durante toda uma temporada ou mesmo em toda sua vida atlética [6]. Tendo em vista a necessidade de se conhecer melhor as particularidades de um esporte cada vez mais em ascensão como o badminton e as características de seus atletas, o presente estudo teve como objetivo realizar a avaliação dos parâmetros antropométricos e nutricionais de atletas integrantes de uma equipe competitiva de badminton, filiados a um clube da zona sul de São Paulo – SP. Material e métodos Estudo transversal realizado em um clube localizado na zona sul da cidade de São Paulo, com 6 adolescentes, 2 do 57 sexo feminino e 4 do sexo masculino, com idades entre 14 a 19 anos, praticantes de badminton. Para a avaliação antropométrica, verificou-se o peso corporal a partir de balança digital (marca Gradiente®, com capacidade de 150 kg e intervalo 100 g) com a pessoa descalça, usando roupas leves e sem nenhum acessório. O adolescente foi orientado a ficar de costas para a balança, ereto, com os pés juntos e braços estendidos ao longo do corpo. A altura foi verificada utilizando-se uma fita métrica inelástica (milimetrada, da marca Fiber-glass Japan Butterfly) fixada na parede, sem relevos, onde o adolescente também permaneceu com os pés descalços, ereto, com os braços estendidos, cabeça livre de adereços e erguida. Os calcanhares, nádegas e ombros foram encostados na parede e a medição foi feita com auxílio de um esquadro (da marca AD Designer). Foram medidas as circunferências de braço, cintura, quadril e abdômen, com o auxílio de uma fita métrica inelástica (a mesma utilizada para verificar a estatura). As dobras cutâneas foram verificadas com o auxílio de adipômetro (da marca Cescorf – Equipamentos Ltda.). O IMC foi calculado através da fórmula P/h² (na qual, P = peso e h = altura). Os pontos de corte utilizados foram àqueles propostos pela curva de IMC/IDADE da Organização Mundial da Saúde [7]. O risco para desenvolvimento de doenças cardiovasculares foi estimado a partir dos valores de perímetro abdominal, segundo a IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia [8] e os pontos de corte para análise do abdômen isolado são: mulheres com valores de CA acima de 80 cm e homens com valores de CA maiores a 94 cm foram classificados como apresentando um acúmulo de gordura abdominal considerado como risco associado ao desenvolvimento de doenças ligadas à obesidade. A porcentagem de gordura foi calculada segundo as equações de Slaughter [9] e classificada de acordo com os pontos de corte de Deurenberg [10]. Para a avaliação do consumo alimentar foi aplicado um recordatório de 24 horas aos atletas, a fim de avaliar a adequação nutricional, em relação ao valor calórico, macro e micronutrientes. Estes dados foram calculados por meio do software Avanutri. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário São Camilo, por meio do documento 047/05. Resultados Foram avaliados 6 atletas com idade média de 16 anos. Todos treinavam badminton com freqüência de 6 vezes na semana, tendo os treinos duração de 2 horas. Na tabela I podem ser observados os valores médios, mínimos e máximos e desvios-padrão obtidos na avaliação antropométrica dos atletas. 58 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 Tabela I - Valores médios, mínimos, máximos e desvios-padrão dos parâmetros antropométricos dos jogadores adolescentes de badminton. São Paulo, 2008. Parâmetros antropométricos Peso (kg) Estatura (cm) IMC (kg/m²) Circunferência do braço (cm) Circunferência abdominal (cm) Circunferência do quadril (cm) Circunferência da cintura (cm) Dobra cutânea triciptal (mm) Dobra cutânea biciptal (mm) Dobra cutânea suprailiaca (mm) Dobra cutânea abdominal (mm) Dobra cutânea subescapular (mm) % de gordura ferro e cálcio está abaixo do recomendado pela Diretriz da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte [4]. Média 60,5 165 22,2 Desviopadrão 5,43 7,38 1,08 MáxiMínimo mo 53,5 68 156 177 20,86 24,09 27,78 1,86 26 31,5 80,6 4,4 75,5 86,5 95,58 3,12 91,5 99,5 73,86 4,97 71 80,5 15,5 3,69 10 20 10,5 2,87 6 14 Discussão 15 4 9 21 20 6,83 11 31 10,8 21,38 1,46 4,28 9 14,6 13 25,7 A composição corporal e a força muscular podem tanto refletir no estado de saúde como predizer o desempenho em determinadas modalidades esportivas [12]. Tendo em vista a falta de estudos realizados com atletas e praticantes de badminton, é muito difícil precisar quais são as exigências fisiológicas ocasionadas pela prática deste esporte e os reflexos que essas exigências acarretarão na composição corporal dos jogadores. Os jogadores adolescentes de badminton, participantes do presente estudo, mostraram-se eutróficos em sua maioria em relação ao IMC, dado também observado por Nunes e Pazin [13], em estudo com jogadores adolescentes de tênis de campo. Em estudo com jogadores de basquete com idade média de 15,1 anos foi observado que 57,1% dos adolescentes apresentavam percentual de gordura corporal acima dos padrões recomendados, e nenhum atleta apresentava percentual de gordura baixo ou muito baixo [14]. No presente estudo foram observados 66,7% dos atletas com percentual de gordura acima dos padrões recomendados por Deurenberg et al. [10] e nenhum atleta apresentou percentual de gordura baixo ou muito baixo. A adequação do consumo energético e nutricional é essencial para a manutenção da performance, da composição corporal e da saúde desses indivíduos. A baixa ingestão de energia pode resultar em fornecimento insuficiente de importantes nutrientes relacionados ao metabolismo energético, à reparação tecidual, ao sistema antioxidante e à resposta imunológica [15]. O consumo energético médio encontrado foi de 2349,72 Kcal. Apesar de se considerar uma grande variação individual do gasto energético, estes valores merecem uma análise cuidadosa, pois desvios no consumo de energia trazem consigo alterações metabólicas e fisiológicas. A avaliação do estado nutricional dos atletas, por meio do indicador IMC, mostrou que 16,7% (n = 1) dos jogadores apresentaram sobrepeso (classificados entre os percentis 85 e 97), enquanto 83,3% (n = 5) estavam eutróficos. Com relação aos valores de percentual de gordura corporal, verificou-se que 66,7 % (n = 4), estavam acima dos padrões recomendados por Deurenberg et al. [10], e 33,33% (n = 2) apresentavam percentual de gordura adequado. De acordo com a IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia [8], nenhum atleta apresentou risco para doenças cardiovasculares. Na Tabela II podem ser observados valores médios e desvio-padrão de calorias, macronutrientes e micronutrientes do recordatório de 24h dos atletas de badminton. Em relação ao consumo alimentar pôde-se observar que o consumo médio de carboidratos dos atletas está abaixo do recomendado, que é de 60-70% do aporte calórico segundo a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, enquanto que a média do consumo de lipídios está acima dos 30% do VET recomendados por esta Instituição. Quanto à ingestão média de proteínas verificou-se que os valores consumidos pelos atletas estão de acordo com a recomendação de 1,2 a 1,6 g/kg/peso [4]. A média de ingestão das vitaminas A e C está adequada, segundo as DRIs [11]. De forma contrária, a ingestão de Tabela II - Valores médios e desvios-padrão de calorias, macro e micronutrientes do recordatório de 24h dos jogadores adolescentes de badminton. São Paulo, 2008. Calorias, macro e micronutrientes Carboidrato (% VET*) Lipídio (% VET) Proteína (% VET) Caloria Vitamina A (μg) Vitamina C (mg) Ferro (mg) Cálcio (mg) Média 49,79 34,3 15,92 2349,72 665,48 123,87 12,65 576,22 Desvio padrão 7,93 5,59 3,89 201,34 266,13 97,9 5,73 292,33 *VET = Valor Energético Total Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 As recomendações de carboidratos para atletas são de 6-10 g/kg de peso corporal por dia ou 60-70% da ingestão energética diária; entretanto, a necessidade individual dependerá do gasto energético, da modalidade esportiva, do sexo e das condições ambientais. A média de consumo de carboidratos foi de 49,79% do VET neste estudo, estando abaixo do recomendado. O consumo adequado de carboidratos é fundamental para a otimização dos estoques iniciais de glicogênio muscular, a manutenção dos níveis de glicose sangüínea durante o exercício e a adequada reposição das reservas de glicogênio na fase de recuperação [4,15]. Em geral, a ingestão dietética de lipídios de atletas deve seguir as recomendações para a população geral, ou seja, não deve ultrapassar 30% do VET. No presente estudo observouse um consumo médio de 34,3% do VET, sendo este um valor acima da recomendação e que exige atenção, pois o elevado consumo de lipídios pode significar um déficit na ingestão de carboidratos, dado observado no presente estudo, representando menores quantidades de glicogênio e perda de performance [4,5]. As proteínas contribuem para o fornecimento de energia em exercício de endurance, sendo ainda necessária na síntese protéica muscular no pós-exercício. Atualmente, recomendase que os atletas de endurance tenham uma ingestão diária de proteínas entre 1,2 a 1,6 g/kg/peso corporal [4]. O consumo médio de proteínas encontrado foi de 15,92% do VET, estando adequado. As vitaminas e minerais participam de processos celulares relacionados ao metabolismo energético; contração, reparação e crescimento muscular; defesa antioxidante e resposta imune. Contudo, tanto o exercício agudo como o treinamento podem levar a alterações no metabolismo, na distribuição e na excreção de vitaminas e minerais. Em vista disso, as necessidades de micronutrientes específicos podem ser afetadas conforme as demandas fisiológicas, em resposta ao esforço [16]. A média de ingestão das vitaminas A e C estava adequada segundo as DRIs. A ingestão média de ferro e cálcio se mostrou insuficiente em todos os atletas. O consumo insuficiente de ferro causa fadiga e anemia, diminuindo o desempenho e interferindo no treinamento. Recomenda-se atenção especial ao consumo de alimentos com ferro, de elevada biodisponibilidade [4,16]. O consumo adequado de cálcio é particularmente importante para a mineralização adequada e manutenção do osso em crescimento, prevenindo a ocorrência de fraturas e também a osteoporose. Esta substância é perdida no suor e o exercício pode aumentar sua necessidade em atletas [16,17]. Conclusão Embora a maioria dos atletas tenha se apresentado eutrófico em relação ao IMC, houve elevada prevalência de indivíduos com porcentagem de gordura acima dos padrões recomendados. 59 Analisando os dados de ingestão de macronutrientes e micronutrientes, acredita-se que sejam necessárias intervenções nutricionais, a fim de otimizar o desempenho atlético dos jogadores de badminton. Assim, são necessários mais estudos sobre avaliação do estado nutricional e de hábitos alimentares, e que visem a determinação do gasto energético e do perfil ideal de jogadores e praticantes desta modalidade esportiva. Referências 1. Federação Portuguesa de Badminton. Badminton e a história. [citado 2008 Fev 17]. Disponível em: URL: http://www.fpbadminton.pt/BadmintoneaHistoria.pdf 2. Confederação Brasileira de Badminton. História do badminton. [citado 2008 Fev 13]. Disponível em: http://www.badminton. org.br/badminton.asp. 3. Manrique DC, Badillo JJG. Analysis of the characteristics of competitive badminton. Br J Sports Med 2003;37:62-66. 4. Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte. Modificações dietéticas, reposição hídrica, suplementos alimentares e drogas: comprovação de ação ergogênica e potenciais riscos para a saúde. Rev Bras Med Esporte 2003;9:1-13. 5. Viebig RF, Nacif M. Recomendações nutricionais para a atividade física e o esporte. Rev Bras Educ Fís Esp 2006;1:2-14. 6. Neto AP, César MC. Avaliação da composição corporal de atletas de basquetebol do sexo masculino participantes da liga nacional 2003. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum 2005;7:35-44. 7. World Health Organization (WHO). WHO Reference 2007. [citado 2007 Fev 25]. Disponível em: http://www.who.int/ growthref/en/ 8. Sposito AC. IV Diretriz Brasileira Sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardiol 2007;2-19. 9. Slaughter MH. Skinfolds equations for estimation of body fatness in children and youth. Am J Hum Biol 1988;60:709-723. 10. Deurenberg GP, Pieters JJ, Hautvast JG. The assessment of the body fat percentage by skin fold thickness measurements in childhood and young adolescence. Br J Nutr 1990;63:293-303. 11. Dietary Reference Intakes (DRIs). [citado 2007 Mar 13]. Disponível em: URL: http://www.nap.edu. 12. Schneider P, Meyer F. Avaliação antropométrica e da força muscular em nadadores pré-púberes e púberes. Rev Bras Med Esporte 2005;11:209-213. 13. Nunes JC, Pazin J. Utilização de técnica alométrica na análise de variáveis aplicadas ao tênis de campo infanto-juvenil. 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Rev Nutr 2002;15:181-191. 60 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 Artigo original Avaliação da qualidade de vida em pacientes submetidos à revascularização do miocárdio que realizaram reabilitação cardíaca fase I Evaluation of quality of life in patients submitted to myocardial revascularization that participated in a phase I cardiac rehabilitation program Jaime Luiz Nunes de Aguiar, Esp*, Fabiano Souza Barbosa, Esp*, André Luis dos Santos Silva, D.Sc.*, Hélio Ricardo dos Santos, D.Sc.*, Lamara Laguardia V. Rocha, M.Sc.*, Natália Cardoso Lima**, Daniel Almeida da Costa, Esp ***, Marcus Vinícius de Mello Pinto, D.Sc.**** *Fisioterapeutas, Professores da Faculdade de Minas (FAMINAS – MG), **Graduanda em Fisioterapia da Faculdade de Minas (FAMINAS – MG), ***Médico, Professor da Faculdade de Minas. FAMINAS – MG e Mestrando em Ciências da Reabilitação do Centro Universitário de Caratinga – MG, ****Professor e Pesquisador do Laboratório de Inflamação, Dor e Laser – LABIINFLA do Programa de Mestrado em Ciências da Reabilitação do Centro Universitário de Caratinga – MG Resumo Abstract O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade de vida de pacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdio que participaram de um programa de reabilitação cardíaca fase I. Foram incluídos neste estudo 11 indivíduos de ambos os sexos (63,63% do sexo masculino e 36,36% do feminino) com faixa etária variando entre 33 e 73 anos e submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdio, com quadro clínico estável, participantes do programa de reabilitação cardíaca fase I. Os dados foram obtidos após realização da cirurgia utilizando como instrumento o questionário WHOQOL-Bref. A análise dos resultados aponta um nível de satisfação elevada em várias modalidades avaliadas; 63,60% dos pacientes classificam sua qualidade de vida como boa e têm capacidade de locomoção funcional. Apesar de revelarem que a dor é um fator limitante de algumas atividades (45,40%) e que houve prejuízo em relação ao sono (45,40%); consideram-se satisfeitos na capacidade de realizar atividades diárias (63,60%). Este estudo sugere os benefícios da reabilitação cardíaca fase I, a qual proporcionou autoconfiança e retorno às atividades diárias. The objective of this study was to evaluate quality of life of patients who underwent myocardial revascularization surgery and participated in a phase I cardiac rehabilitation program. 11 individuals of both genders (63.63% male and 36.36% female), aged 33-73 years old, were submitted to myocardial revascularization surgery, with stable clinical course, and carried out a phase I cardiac rehabilitation program. Data were obtained after a surgery’s procedure, by using a questionnaire WHOQOL-Bref. The results suggested a high level of treatments satisfaction; 63.60% of the patients classified their life quality as good and have locomotor capacity. Although they confirm that the most common activity limitation was pain (45.40%) and had some problems to sleep (45.40%) they were satisfied to perform daily activities (63.60%). This study suggests the benefits of phase I cardiac rehabilitation, which have provided self-confidence and return to daily activities. Key-words: myocardial revascularization, quality of life, cardiac rehabilitation. Palavras-chave: revascularização do miocárdio, qualidade de vida, reabilitação cardíaca. Recebido em 12 de março de 2008; aceito em 19 de agosto de 2008. Endereço para correspondência: Marcus Vinícius de Mello Pinto, E-mail: [email protected] Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 Introdução A reabilitação cardíaca (RC) é o processo de desenvolvimento e manutenção do nível desejável de atividade física, social e psicológica após o início da doença coronária sintomática. Os maiores objetivos são: melhora da capacidade funcional e da qualidade de vida, mudança de hábitos após evento coronário, modificação dos fatores de risco e redução dos índices de mortalidade. Os benefícios ocorrem a partir de oito semanas, destacando-se os aumentos entre 30% e 40% do consumo máximo de oxigênio e entre 30% e 35% na capacidade de exercício. Melhora da qualidade de vida e estabilidade psicológica também são relatadas após período de 3 a 6 meses [1]. A avaliação da qualidade de vida (QV) é de suma importância, uma vez que permite perceber o impacto que a doença e as terapêuticas têm nas diferentes áreas de funcionamento do doente, estendendo-se desde o nível somático, com a avaliação dos sintomas físicos, a capacidade funcional e o sono, até à avaliação das respostas emocionais, da capacidade de recreação e sensação de bem-estar. A fase I da RC aplica-se ao paciente internado. É o passo inicial em direção a uma vida ativa e produtiva. Devem predominar a combinação de exercício físico de baixa intensidade, técnicas para o controle do estresse e programas de educação em relação aos fatores de risco. O programa, nesta fase, objetiva que o paciente tenha alta hospitalar com as melhores condições físicas e psicológicas possíveis, munido de informações referentes ao estilo saudável de vida. O presente estudo teve como objetivo avaliar a qualidade de vida em pacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdio que participaram do programa de reabilitação cardíaca fase I, através do questionário WHOQOL-Bref. Fatores de risco para doença cardiovascular A doença cardiovascular (DC) é multifatorial e sistêmica, ligada a fatores hereditários, ambientais e de comportamento [2]. É nesse conjunto de fatores de risco que a RC atua, em nível primário tentando diminuir a incidência da doença arterial coronariana (DAC), e em nível secundário pela redução da morbidade e mortalidade. A prática de exercícios físicos, isoladamente, parece trazer benefício pequeno em relação à morbidade e mortalidade na DAC. Ocorre diminuição mais significativa destas taxas com a associação do exercício à correção dos vários fatores de risco cardiovasculares e mudanças dos hábitos de vida [3]. Um dos principais fatores de risco para complicações cardiovasculares é a hipertensão arterial sistêmica (HAS), pois atua diretamente na parede das artérias, podendo produzir lesões. Daí a importância do tratamento anti-hipertensivo na redução da morbidade e mortalidade cardiovasculares [4]. A HAS é o fator mais importante: 80% das mortes por acidente vascular cerebral estão associadas à hipertensão arte- 61 rial, enquanto que 40% das mortes por doenças coronarianas se acompanham de hipertensão. Além disso, a doença hipertensiva causa diretamente a morte de 5% dos que morrem por doenças cardiovasculares [5]. Infarto agudo do miocárdio Entre as doenças cardiovasculares, a de maior incidência é a DAC cujas principais manifestações clínicas são a angina pectoris, o infarto agudo do miocárdio (IAM) e a morte súbita [3]. Aspectos como utilização de novas tecnologias de reconhecida eficácia, admissão em uma unidade de terapia intensiva, tempo decorrido entre o início dos sintomas e o primeiro atendimento têm mostrado importante impacto na redução da letalidade por IAM [6]. A indicação de cirurgia de revascularização do miocárdio (CRVM) precoce, realizada logo após o IAM, tem sido amplamente discutida com base em observações clínicas, sem que haja consenso sobre os riscos e benefícios deste procedimento, bem como, sobre o intervalo de tempo ideal entre o procedimento e o IAM. Durante muito tempo a revascularização precoce foi considerada de risco. Entretanto, mais recentemente, têm sido registrados baixos índices de morbi-mortalidade em pacientes operados nos primeiros dias ou semanas após o IAM [7]. Cirurgia de revascularização do miocárdio A introdução a CRVM, há mais de duas décadas, possibilitou uma nova e eficaz terapêutica a pacientes com doença arterosclerótica avançada, com alívio sintomático em grande número de pacientes e aumento da sobrevida em alguns subgrupos [8]. Na CRVM um vaso sangüíneo (geralmente a veia safena e/ou a artéria mamária interna) é anastomosado com a artéria coronária; distal ao ponto ocluído, e a aorta ascendente, de forma a isolar o local do vaso obstruído e restabelecer a perfusão da artéria coronária. O objetivo da revascularização do miocárdio é aliviar a angina e preservar a função do miocárdio [9]. A cirurgia é uma das opções no tratamento cirúrgico destes indivíduos e tem como objetivos: prolongar a vida, promover alívio da dor de angina e melhorar a qualidade de vida dos pacientes [10]. Reabilitação cardíaca Apesar de ser considerada modalidade terapêutica segura, no Brasil os benefícios dos programas estruturados de reabilitação são ainda pouco mobilizados em prol dos pacientes. [11] Os estudos atuais permitem afirmar que a RC tem resultados significativos tanto no prolongamento da sobrevida com qualidade, no controle das alterações patológicas, como na 62 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 regressão da placa arterosclerótica do indivíduo com DAC. Isso permite o retorno mais rápido às atividades laborativas, redução no número de re-internações hospitalares e redução nos custos a longo prazo [12] Idealizada inicialmente para portadores de DAC, a RC abrange também os pacientes com HAS, doença arterial periférica, valvopatia, cardiopatia congênita, particularmente na sua fase pós-operatória e, mais recentemente, insuficiência cardíaca e transplante cardíaco [13]. Os programas de reabilitação cardiovascular normalmente compreendem três ou quatro fases distintas de atuação[14]. Inicialmente a fase I compreende o período de convalescença ou fase hospitalar. Esta deve ter sua duração em torno de 7 a 14 dias e tem seu início em até 24 horas após o desaparecimento dos sintomas ou de eventuais complicações. Sua finalidade é inspirar confiança ao paciente, reduzir a tensão e o medo, evitar a ocorrência de tromboses venosas, atelectasias pulmonares e reduzir os malefícios do repouso sobre a capacidade física [15]. Inicia-se após o paciente ter sido considerado compensado clinicamente. A fase II se inicia quando o paciente tem alta hospitalar e volta para casa. Nesta fase, o paciente deve ser submetido a trabalho de equipe multidisciplinar que objetive, além da prática orientada e supervisionada de exercícios, fornecer orientação nutricional e esclarecimentos [16]. Em relação à fase III da reabilitação cardiovascular, sugere-se também o emprego de atividades para o ganho de flexibilidade, elasticidade muscular, força e resistência muscular, capacidade cardiorespiratória, bem como da melhora da composição corporal. Tais atividades têm como finalidade gerar incrementos nos componentes da aptidão física, facilitando a realização das atividades físicas diárias [17]. A fase IV é considerada como sendo de manutenção a longo prazo. Nesta fase devem ser enfatizados tipos diferentes de exercícios de força e resistência muscular, bem como a independência do paciente [18]. Qualidade de vida A qualidade de vida (QV) está diretamente relacionada com a recuperação depois da cirurgia cardíaca, em especial à dimensão física. O indicador de uma baixa qualidade de vida após a cirurgia cardíaca é uma deficiente recuperação do estado funcional, ainda no período hospitalar [19]. A QV foi definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como “a percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, no contexto da cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”[20]. Assim, inicialmente, foi desenvolvido um instrumento de avaliação de QV com 100 questões (o WHOQOL-100). O desenvolvimento do WHOQOL-100 seguiu a metodologia envolvendo a participação de vários países, representando diferentes culturas, tendo sido desenvolvida uma versão brasileira [21]. A necessidade de instrumentos curtos que demandem pouco tempo para seu preenchimento, mas com características psicométricas satisfatórias, fez com que o Grupo de Qualidade de Vida da OMS desenvolvesse uma versão abreviada do WHOQOL-100, o WHOQOL-Bref [20]. Dados demonstram que o impacto do treinamento físico associado à mudança de estilo de vida diminuiu a mortalidade cardíaca de 20 a 35%. A redução na mortalidade aumenta a longevidade, aumentando a expectativa de vida; com isto a preocupação em estudar a qualidade de vida das pessoas [12]. Materiais e métodos Onze indivíduos de ambos os sexos com faixa etária compreendida entre 33 e 73 anos que foram submetidos à cirurgia de revascularização Miocárdica participaram do programa de reabilitação cardíaca fase I do Hospital Prontocor, Muriaé – MG. Foi entregue a todos os participantes o questionário autopreenchível, WHOQOL-Bref, composto de 26 questões, após a realização da CRVM. O questionário utilizado consta de 26 questões, sendo duas questões gerais de qualidade de vida e as demais 24 representam cada uma das 24 facetas que compõe o instrumento original [20]. Estas 24 questões são agrupadas em quatro domínios: físico (7 itens), psicológico (6 itens), relações sociais (3 itens) e meio ambiente (8 itens). O instrumento não admite um escore total de QV, portanto cada domínio é pontuado de forma independente, entretanto o questionário permite a obtenção de um escore bruto para cada domínio. Assim, após o cálculo do escore bruto é possível obter uma média geral de cada domínio e dessa forma, o escore pode variar de zero a cem, sendo que quanto maior o valor, melhor é o domínio de qualidade de vida avaliado. A pesquisa foi aprovada pelos Comitês de Ética em Pesquisa do Hospital Prontocor e da Faculdade de Minas – FAMINAS. Resultados A média de idade da população de estudo foi de 57.72 anos, sendo 63,64% do sexo masculino com média de idade de 61,85 anos e o restante 36,36% pertencentes ao sexo feminino com média de idade de 50,5 anos. Em relação ao preenchimento correto do questionário WHOQOL-Bref, 36,40% dos participantes foram capazes de realizar o preenchimento sem auxílio. Já 63,60% necessitaram do auxílio do entrevistador. Nas tabelas abaixo, pode-se observar a análise das perguntas presentes no questionário de acordo com as opções de resposta. Ao serem questionados sobre como avaliavam sua qualidade de vida, 63,6% dos pacientes classificam sua qualidade de vida como boa (Tabela I). Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 63 Tabela I - Distribuição percentual frente à primeira questão do WHOQOL- Bref. Situação Muito ruim Como você avaliaria sua qualidade 0% de vida Ruim 0% Nem ruim nem boa 27,3% Boa 63,6% Muito Boa 9,1% Tabela II - Distribuição percentual frente à segunda questão do WHOQOL-Bref. Situação Muito insatisfeito 0% Satisfação com a sua saúde Insatisfeito 0% Nem satisfeito nem insatisfeito 9,1% Satisfeito Muito satisfeito 63,6% 27,3% Tabela III - Distribuição percentual frente às questões de 3 a 9 do WHOQOL-Bref. Situação Nada Muito pouco Dor como fator limitante Necessidade tratamento médico O quanto você aproveita a vida Sua vida tem sentido Capacidade de concentração Segurança com vida diária Quão saudável é o seu ambiente físico 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 27,30% 18,20% 27,30% 9,10% 9,10% 36,30% 0% Mais ou menos 27,30% 18,20% 36,30% 9,10% 54,50% 27,30% 18,20% Bastante Extremamente 45,40% 54,50% 27,30% 36,40% 27,30% 27,30% 36,40% 0% 9,10% 9,10% 45,40% 9,10% 9,10% 45,40% Tabela IV - Distribuição percentual frente às questões de 10 a 14 do WHOQOL-Bref. Situação Energia suficiente para seu dia-a-dia Você é capaz de aceitar sua aparência física Dinheiro suficiente para suas necessidades Informações disponíveis para seu dia-a-dia Oportunidades de atividade de lazer Nada 0% 9,10% 0% 0% 9,10% Muito pouco 0% 0% 27,30% 0% 27,30% Médio 63,60% 27,30% 45,40% 9,10% 9,10% Muito 36,40% 36,30% 18,20% 63,30% 54,40% Completamente 0% 27,30% 9,10% 27,30% 10,00% Tabela V - Distribuição percentual frente à décima quinta questão do WHOQOL-Bref. Situação Capacidade de locomoção Muito ruim 0% Ruim 0% Nem ruim nem bom 18,20% Bom 18,20% Muito bom 63,30% Tabela VI - Distribuição percentual frente às questões 16 a 25 do WHOQOL-Bref. Situação Muito insatisfeito Satisfação com sono 0% Satisfação no desempenho atividades vida diária 0% Capacidade para trabalho 18,20% Quão satisfeito (a) você está consigo mesmo 0% Satisfação com suas relações pessoais 0% Quão satisfeito (a) você está com sua vida 0% sexual Satisfação com apoio dos amigos 0% Satisfação com moradia 0% Satisfação com acessoao serviço de saúde 0% Satisfação com meio deTransporte 0% Insatisfeito 27,30% 18,20% 27,30% 0% 0% 18,20% Nem satisfeito nem insatisfeito 45,40% 63,60% 36,30% 0% 9,10% 18,20% Satisfeito 18,20% 18,20% 18,20% 90,90% 54,40% 9,10% Muito satisfeito 9,10% 0% 0% 9,10% 36,40% 0% 0% 0% 0% 0% 9,10% 0% 27,30% 27,40% 54,40% 63,60% 45,40% 36,30% 36,40% 36,40% 27,30% 36,30% Tabela VII - Distribuição percentual frente a vigésima sexta do WHOQOL-Bref. Situação Freqüência de sentimentos negativos Nunca 45,40% Algumas vezes Freqüentemente 45,40% 9,20% Muito freqüentemente 0% Sempre 0% 64 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 Em relação à satisfação com sua saúde, os pacientes revelam satisfação, já que 63,3% assinalaram essa alternativa e 27,3% se consideram muito satisfeitos (Tabela II). As questões de 3 a 9 apresentam como opção de resposta nada-muito-mais ou menos-bastante e extremamente. O percentual geral obtido em cada questão se apresenta na Tabela III. As questões de 10 a 14 têm como opção de resposta: nada-muito pouco-médio-muito e completamente, assim, na Tabela IV, apresentamos os percentuais gerais obtidos nessas questões. Em relação à capacidade de locomoção, esse não foi um fator que obteve prejuízo após a CRVM, já que 63,60% dos pacientes revelaram que sua capacidade para locomoção está muito boa (Tabela V). As questões de 16 a 25 têm como opção de resposta muito insatisfeito-insatisfeito-nem satisfeito, nem insatisfeitosatisfeito-muito satisfeito. As respostas obtidas se mostram na forma de percentuais gerais, conforme Tabela VI. Quando questionados em relação à freqüência com que sentem sentimentos negativos, tais como ansiedade e depressão, observa-se que apenas 9,20% dos pacientes têm esses sentimentos frequentemente e 45,40% nunca ou algumas vezes. (Tabela VII) Em relação à pontuação frente aos domínios do questionário utilizado, realizou-se a distribuição da pontuação obtida por cada indivíduo (Tabela VIII). Tabela IX - Média (desvio padrão) do escore bruto de cada domínio, segundo sexo. Domínios Físico Psicológico Relações sociais Meio ambiente Sexo Masculino 20 (2.08) 23.4 (1.90) 10.4 (2.93) 31.1 (4.52) Feminino 23.2 (3.09) 22 (0.81) 9.7 (2.62) 29. (5.74) Ao estratificar por gênero percebe-se que os indivíduos do sexo masculino mostraram índices maiores de qualidade de vida com relação ao sexo oposto, entretanto esses valores permaneceram muito próximos demonstrando qualidade de vida adequada para ambos os sexos (Gráfico 1). Gráfico 1 - Média geral do somatório dos domínios, estratificado por sexo. Tabela VIII - Distribuição absoluta dos escores brutos frente a cada domínio. Físico Psicológico Relações sociais Meio ambiente Indivíduo 1 21 26 8 40 Indivíduo 2 25 23 12 37 Indivíduo 3 18 24 8 27 Indivíduo 4 18 24 8 27 Indivíduo 5 26 22 11 25 Indivíduo 6 19 21 6 25 Indivíduo 7 23 25 12 33 Indivíduo 8 18 23 11 29 Indivíduo 9 20 21 10 30 Indivíduo 10 23 22 10 31 Indivíduo 11 22 21 16 32 Ao dicotomizar por faixa etária percebe-se que os indivíduos acima de 60 anos relataram melhor qualidade de vida em relação aos menores que 60 anos (Gráfico 2). Gráfico 2 - Média geral do somatório dos domínios após dicotomização por idade. A Tabela IX mostra a média do escore bruto obtido em cada domínio de acordo com o sexo. Ao examinar cada dimensão, observa-se que o maior escore dentre os domínios foi alcançado pelo escore meio ambiente, com média de 30,5%. Logo após, o domínio relações pessoais com média 22,5%. O domínio psicológico e o domínio Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 físico se mostram posteriormente com médias de 20,18% e 10,18%, respectivamente. Gráfico 3 - Média do escore bruto para cada domínio. A média e a mediana do escore geral foram 84,81 (dp = 8,37) e 84 pontos, respectivamente, demonstrando boa qualidade de vida entre os participantes. A faixa de pontuação obtida nos escores brutos do WHOQOL variou de 71 a 97. Discussão Apesar dos receios provenientes da cirurgia e de todo o processo pós-operatório, observou-se, após a realização da cirurgia, que os pacientes sentiam-se satisfeitos de forma geral. Estes resultados suportam os achados, que estudaram 862 pacientes provenientes de CRVM e submetidos à fase I da RC [22]. Em relação à satisfação com sua saúde, este estudo identifica a mesma porcentagem em relação à satisfação com a qualidade de vida. O autor ainda revela que tais pacientes haviam retornado às atividades diárias mais rapidamente por sentirem-se preparados fisicamente para este retorno e emocionalmente estáveis, semelhantes aos nossos resultados. É relatado que os pacientes que passaram pela reabilitação cardíaca não perceberam benefícios além daqueles decorrentes do procedimento cirúrgico [23]. Tais pacientes foram entrevistados 6 meses e 1 ano após a cirurgia e tiveram suas respostas equiparadas aos pacientes que não passaram pela reabilitação. Em nosso estudo, observa-se que a dor física ainda é um limitante das atividades. A dor do paciente reduz a movimentação, evita respiração profunda, e interrompe o sono, provocando desgaste físico e menor motivação para o tratamento [24]. Observou-se que os pacientes que passaram pela reabilitação cardíaca no período hospitalar, relataram ganhos no campo emocional mesmo tendo sido entrevistados 6 meses após a cirurgia [25]. De acordo com um determinado estudo, os pacientes relataram (12%) comprometimento de funções intelectuais, 65 como a memória [14]. Em nosso estudo, esta não foi uma variável que mostra insatisfação por parte dos pacientes. Com relação à alteração no padrão de humor, relatada no grupo estudado como tristeza, depressão e desânimo, alguns autores referem que no período pós-operatório do paciente revascularizado são comuns crises de choro e momentos de tristeza por se tratar de um tempo de reflexão para o doente que costuma analisar sua vida anterior [26]. Em nosso estudo a grande maioria revela nunca ter sentimentos negativos. Este é um resultado que leva em consideração o bom nível de satisfação revelado em outros aspectos, tais como: segurança no dia-a-dia, condições favoráveis de moradia e transporte, acesso aos serviços de saúde e apoio de amigos e familiares. Na categoria locomoção, os pacientes revelam que estão satisfeitos. Por isso, a importância da reabilitação cardíaca em todos os aspectos, incluindo realização de um plano educacional e orientação para alta hospitalar, além disso, o paciente ao receber alta hospitalar, deve estar confiante em sua capacidade de enfrentar a situação doméstica [13]. No presente estudo os pacientes revelam insatisfação moderada em relação à capacidade de trabalho por não estarem aptos ao retorno de suas atividades. Quanto às atividades sexuais, revela-se que após cirurgia de RVM, há tendência ao não retorno à vida sexual na população estudada [18]. Esta situação pode ser evidenciada em nosso estudo, já que entre aqueles que responderam esse quesito, apenas uma pequena parcela mostra-se satisfeito com sua vida sexual. Conclusão Após um mês da realização da cirurgia de revascularização miocárdica, a avaliação de qualidade de vida dos participantes deste estudo revela que a autoconfiança foi devolvida, trazendo melhor perspectiva de vida e segurança para a retomada das atividades da vida diária. Os participantes encontravam-se física e emocionalmente melhores, referindo benefícios trazidos pela reabilitação cardíaca. Isto leva a concluir a importância de estudos qualitativos e quantitativos para orientar a elaboração de demais estratégias que maximizem os efeitos da reabilitação cardíaca em todos os grupos de pacientes. Referências 1 . Carvalho T. Diretriz de reabilitação cardiopulmonar e metabólica: aspectos práticos e responsabilidades. Arq Bras Cardiol 2006;86(1):313-18. 2. Silva MAD, Souza AGMR, Schargodsky H. 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Pós-operatório em cirurgia cardíaca de adultos. Rev Soc Cardiol 1998;8(3):446-54. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 67 Artigo original Análise comparativa de testes laboratoriais de esteira e de campo para determinar a freqüência cardíaca máxima e o consumo máximo de oxigênio em mulheres saudáveis Comparative analysis between treadmill laboratory tests and field tests to determine the maximum heart rate and maximal oxygen uptake in healthy women Lawrens Fabrício Cardozo Makkai*, Daniela Fantoni de Lima Alexandrino**, Janaína Lubiana Altoé***, Cintia Lúcia de Lima****, João Carlos Bouzas Marins, D.Sc.***** *Especialista em avaliação e prescrição de atividades motoras para portadores de necessidades especiais e grupos especiais (em andamento) pela UNIFOA e participante do Grupo de Pesquisa - Aspectos Biodinâmicos do Movimento Humano (UFJF), **Especialista em musculação e personal trainer (UCB), Especialista em organização e administração da recreação e do lazer (em andamento) pela UFJF e participante do grupo de pesquisa Corpo e Diversidade cadastrado no CNPq pela FAEFID (UFJF), ***Educação Física, Universidade Federal de Viçosa (UFV), ****Educação Física, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Especialista em Educação pela UNIPAC e participante do Grupo de Pesquisa Corpo e Diversidade cadastrado no CNPq pela FAEFID (UFJF),*****Professor Adjunto e coordenador do Laboratório de Performance Humana (LAPEH) do departamento de Educação Física da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Resumo Abstract Os objetivos deste estudo foram comparar e analisar as respostas da FCmáx e do VO2máx de dois protocolos máximos de esteira (Bruce e Balke) e dois de campo (Cureton 1600 m e Cooper 2400 m), além de comparar os dados da FCmáx obtida com a predita pelas equações de estimação da FCmáx de Tanaka e Marins. Foram avaliadas mulheres (n = 30) com idade média 22,4 ± 1,44 anos. Para determinar as diferenças entre VO2máx e FCmáx (obtida e estimada) optou-se pelo teste de análise da variância Anova One Way, múltiplas comparações – Tukey. Os resultados do VO2máx indicam haver diferença significativa entre os protocolos, exceto entre Balke e Cureton. Concluímos que o protocolo de Balke proporciona o registro do maior VO2máx e Cooper a maior FCMáx. A equação de Tanaka é mais indicada para predizer a FCmáx na população estudada, nos quatro protocolos avaliados. The present study aims at comparing and analyzing the responses of the HRmax and VO2max from two treadmill maximum protocols performed in laboratory (Bruce and Balke) and two of field (Cureton 1600 m and Cooper 2400 m), as well as comparing the HRmax data obtained from these tests to the prediction equations suggested by Tanaka and Marins. The sample comprised women (n = 30) aged 22.4 ± 1.44 years. The One Way Analysis of Variance, multiple comparisons - Tukey was chosen in order to determine the differences between HRmax and VO2max (obtained and estimated ones). The results regarding the VO2max show a significant difference between Balke and Cureton protocols. Therefore, we can conclude that Balke protocol provides the register of the highest VO2max and Cooper as well as the highest HRmax. Tanaka equation showed to be the most adequate one to predict the HRmax in the studied sample, in all of the four protocols analyzed. Palavras-chave: freqüência cardíaca, consumo de oxigênio, equação de predição. Key-words: heart rate, oxygen consumption, prediction equations. Recebido em 15 de maio de 2008; aceito em 20 de agosto de 2008. Endereço para correspondência: Lawrens Fabrício Cardozo Makkai, Av. Independência 2320/1301, 36025-290 Juiz de Fora MG, Tel: (32) 3241 3792, E-mail: [email protected] 68 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 Introdução Para a avaliação do componente cardiorrespiratório tem-se o teste de esforço máximo, como sendo um dos exames não invasivos mais utilizados para avaliar atletas, pessoas aparentemente saudáveis e pessoas com doença cardiovascular suspeita ou conhecida [1]. Essa avaliação física determina entre outros dados a freqüência cardíaca máxima (FCmáx) e o consumo máximo de oxigênio (VO2máx), parâmetros esses importantes para a prescrição de exercícios aeróbicos de forma precisa. Esses parâmetros podem ser identificados avaliando a capacidade cardiorrespiratória em testes de esteira ergométrica, sendo importante devido a sua homogeneização das condições de avaliação e reprodutibilidade em laboratório. Contudo, esse tipo de procedimento apresenta limitações, como o custo elevado, utilização de aparelhagem sofisticada e inviável para avaliar grandes grupos [2-4]. Como alternativa, têm sido proposto protocolos de campo, devido à redução de custos e a aplicação em vários indivíduos em um período curto de tempo. Esses testes foram difundidos no mundo inteiro por sua praticidade, sendo utilizados para avaliar escolares, atletas e a população em geral, fornecendo dados para a prescrição de exercícios, seleção esportiva, avaliação da progressão do treinamento e testes físicos para exércitos em diversos países do mundo [5]. Os objetivos de um teste de esforço variam conforme a interpretação do avaliador. Em um diagnóstico médico, o enfoque principal é identificar possíveis disfunções miocárdicas, distúrbios hemodinâmicos esforço-induzidos e prognosticar doenças cardiovasculares que venham a limitar ou mesmo impedir determinados níveis de atividades físicas [6]. Especificamente no campo da Educação Física um teste de esforço terá como principais pontos, avaliar a progressão da preparação física, estabelecer a FCmáx e as zonas metabólicas de treinamento, identificar o limiar anaeróbico, auxiliando assim, a correta prescrição do exercício [7]. O profissional de educação física utiliza-se deste tipo de teste para direcionar e periodizar o seu trabalho atendendo os objetivos do indivíduo com segurança e eficiência. A forma de aplicação de um teste de esforço inclui ergômetro de braço, cicloergômetro de membros inferiores e esteira rolante, usualmente empregados em laboratório [8]. Contudo, testes de campo são alternativas usuais para determinar o VO2máx e a FCmáx, além de possuir a vantagem de reproduzir as condições em exercício mais próximas do ambiente real, como a temperatura externa e correntes de ar. Cabe ainda destacar que o valor máximo da FC seja determinado individualmente [9], sendo que os testes de campo são uma excelente forma de monitoramento constante da FCMax [10,11]. Quando não se torna possível a realização do teste de esforço máximo por um professor de Educação Física, devido a fatores estruturais, idade elevada, problemas ortopédicos, coronarianos, obesidade mórbida entre outros, torna-se necessário o emprego de equações que predizem a FCmáx, sendo uma alternativa interessante para prescrição de exercício [2], visto que, atualmente existem equações que predizem a FCmáx com margens de erros mínimas de 1,6 a 1,8 bpm para uma prova máxima [11]. Em contrapartida, a seleção de uma equação inadequada pode gerar interpretações errôneas sobre o desenvolvimento do teste. Contudo, é necessário observar que existem várias equações propostas, sendo validadas em populações de perfil totalmente diferente, além de fatores como tipo de ergômetro, estado de saúde, gênero e idade [10]. Estabelecer a equação mais fidedigna para cada perfil populacional significa prescrever exercícios com mais segurança e qualidade nos resultados. Comparando mulheres e homens fisicamente saudáveis no que tange a FCmáx, parece não existir diferenças significativas dos seus valores na literatura [11-14]. As mulheres geralmente apresentam em cada nível de esforço submáximo uma FC mais alta do que os homens, este fato se associa a um menor volume sistólico [15]. Considerando o VO2máx, foi demonstrado que as diferenças dos valores encontrados entre homens e mulheres, podem, em parte, ser explicado pela maior porcentagem de gordura corporal nas mulheres e menores taxas de hemoglobina no sangue, acarretando assim, em uma redução da capacidade de transporte de oxigênio em relação aos homens agindo de forma negativa no resultado final do VO2máx [16]. Assim, os objetivos deste estudo foram comparar as respostas da FCmáx e do VO2máx obtidos em testes de esteira segundo protocolos de Balke [7] e Bruce et al. [17] e os testes de campo de 1600 m de Cureton et al.[18] e 2.400 m de Cooper [5], além de validar as equações de Tanaka et al.[19] [FCmáx = 208,75 – 0,73 (idade)] e Marins [20] [FCmáx = 222,2 – 1,155 (idade)] para estimar a freqüência cardíaca máxima em exercício máximo na esteira e teste de campo. Por último, pretendeu-se verificar se as equações de Bruce et al. [17] [VO2máx = 42,9 – 0,312 (idade)] e Neto et al. [21] [VO2máx = 58,684 – 0,3124 (idade)] ambas para mulheres ativas estimam o VO2máx de maneira adequada em jovens aparentemente saudáveis. Material e métodos Sujeitos A amostra foi composta por um total de 30 indivíduos do gênero feminino, estudantes universitárias, com idade entre 19 e 27 anos (média de 22,4 ± 1,44 anos), saudáveis e fisicamente ativas, que se apresentaram como voluntárias para a realização deste estudo. Todas tinham plena consciência dos riscos envolvidos na realização dos testes e eram livres para abandonar a pesquisa em qualquer momento. Ao longo de todo o estudo, foram adotadas as normativas brasileiras para estudos com seres humanos. Para melhor visualização da amostra, a Tabela I traz referências do grupo em questão. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 69 Tabela I - Características dos indivíduos estudados. Média Desvio-padrão Máximo Mínimo Idade (anos) 22,4 1,44 27 19 %G* 21,60 4,68 32,2 14,5 MCM ( kg) 44,87 3,55 55,16 37,23 GT (kg) 12,57 3,7 21,28 1,59 * Cálculo estimado do percentual de gordura (%G) pela técnica de Jackson e Pollock [32]. MCM = massa corporal magra; GT = gordura total. Procedimentos O estudo foi desenvolvido a partir da coleta de dados no Laboratório de Performance Humana (LAPEH - UFV), além de uma pista oficial de 400 m de atletismo. Cada um dos indivíduos foi submetido à realização de quatro testes distintos de esforço máximo. Não houve uma ordem predeterminada para aplicação dos testes, sendo feita de forma totalmente aleatória. Na fase que antecedeu os testes, os indivíduos foram instruídos a abster-se de comida pelo menos entre duas ou três horas antes dos testes, a manter a hidratação de forma a não se super-hidratarem, a evitar o álcool, a ter pelo menos 8 horas de sono na noite anterior ao teste e estarem com vestimentas confortáveis e tênis. As avaliadas responderam ao PAR-Q proposto por Thomas et al. [22] e receberam um termo de consentimento, revelando todos os riscos possíveis de ocorrer durante a realização dos testes, devendo ser assinado pela voluntária caso estivesse de acordo. Foram fornecidas informações prévias a respeito de cada protocolo a ser aplicado, sendo as avaliadas instruídas a evitar segurar-se no corrimão da esteira e a manter o ritmo de corrida no caso do teste de campo. Foi apresentada a cada uma a escala do índice de percepção de esforço (IPE) que compreende valores entre 6 e 20, proposta por Borg [23]. Quatro diferentes protocolos de teste de esforço máximo foram aplicados. Nos testes realizados em laboratório foi utilizada uma esteira rolante (Ecafix EG 700X®). O teste de campo foi aplicado na pista de atletismo de 400 metros do Departamento de Educação Física da UFV. A FC foi registrada por meio de monitores cardíacos da marca Polar® S 610i, e a pressão arterial (PA) monitorada com um esfigmomanômetro de coluna de mercúrio da marca Tycos® e um estetoscópio da marca Wan Méd®. A FCmáx prevista foi calculada por meio da equação de Tanaka et al. Fatores ambientais como temperatura e umidade relativa do ar, no laboratório, foram controlados, sendo mantidos valores entre 21 e 23 °C e aproximadamente 60 a 80% de umidade. Foram empregados protocolos máximos em esteira rolante de Bruce et al. e Balke, e no campo através dos protocolos de 1600 m de Cureton et al. e 2.400 m de Cooper. Os quatro testes foram realizados exclusivamente na parte da manhã, caso o primeiro tenha sido feito nesse período, ou exclusiva- mente na parte da tarde, caso o primeiro tenha sido realizado no período da tarde. Antes de iniciar os testes, o indivíduo permanecia um tempo assentado em repouso (entre 5 e 15 minutos), para serem coletados o menor valor de FC e pressão arterial (PA) inicial. Para desenvolvimento do protocolo, valores de segurança para essas variáveis foram preestabelecidos, como FC < 100 bpm, PA diastólica < 90 mmHg e PA sitólica < 140 mmHg, representando uma ação mais conservadora que a indicada pela SBC [6]. As avaliações foram realizadas com intervalos de pelo menos 48 horas. Para os testes de esteira rolante foi feito um aquecimento de três minutos, com velocidade de 3,0 milhas por hora (mph), sem inclinação. No caso dos testes de campo, o aquecimento foi feito por meio da realização de três voltas na pista de atletismo, sendo uma caminhada rápida na primeira e um trote nas duas últimas, mantendo em todas as situações a FC abaixo de 140 bpm. Na esteira, a FC foi registrada a cada minuto, a PA e o IPE no final de cada estágio, desde o aquecimento até o final dos testes. Na pista, a FC foi monitorada no final de cada volta. O tratamento estatístico deste estudo empregou uma estatística descritiva, com a média, desvio-padrão, valor máximo e valor mínimo para cada um dos parâmetros obtidos durante os quatro testes. Para determinar a existência de diferenças significativas do VO2máx ml(kg.min)-1 e FCmáx calculado e obtido, optou-se pelo teste de análise de variância Anova One Way, múltiplas comparações – Tukey, sendo considerado um nível de significância de p < 0,05 para considerar válida a hipótese estatística. Utilizou-se o programa estatístico Software Sigma Start®, versão 2.0. As equações utilizadas para estimar a FC foram de Tanaka et al., que corresponde a [208,75 - (0,73 x idade)], e Marins [222,2 - (1,155 x idade)]. Já para estimar o VO2máx adotou-se as equações de Bruce et al. [VO2máx = 42,9 – 0,312 x idade] e Neto et al. [VO2máx = 58,684 – 0,3124 x idade]. Resultados e discussão Na Tabela II são apresentados os resultados encontrados para a FCmáx. Já a Tabela III mostra o resultado do teste estatístico, indicando a existência ou não de diferenças significativas entre as FCmáx obtidas e estimadas. 70 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 Tabela II - FCmáx obtida nos quatro protocolos de esforço máximo de Balke, Bruce, Cureton e Cooper e estimada por Tanaka et al. [19] e Marins [7]. Média DP Máximo Mínimo Balke Bruce 192,2 7,31 204 178 189,5 6,35 205 179 Cureton 1600 m 192,6 6,42 206 179 Cooper 2400 m 194,1 6,08 204 180 Tanaka et al. [19] 208,75 - (0,73 x id) 192,4 1,54 195 189 Marins [7] 222,2 - (1,155 x id) 196,3 2,29 200 191 id = idade; m = metros; DP = desvio-padrão. Tabela III - Níveis de significância das médias de FCmáx (bpm) obtidas e estimadas. Diferença Grupos FCmáx (bpm) Marins vs. Balke Marins Bruce Marins vs. Tanaka Marins vs. Cureton 1600 m Marins vs. Cooper 2400 m Cooper 2400 m vs. Balke Cooper 2400 m vs. Bruce Cooper 2400 m vs. Tanaka Cooper 2400 m vs. Cureton 1600 m Cureton 1600 m vs. Balke Cureton 1600 m vs. Bruce Cureton 1600 m vs. Tanaka Tanaka vs. Balke Tanaka vs. Bruce Bruce vs Balke 196,3 196,3 196,3 196,3 196,3 194,1 194,1 194,1 192,2 189,5 192,4 192,6 194,1 192,2 189,5 192,4 entre médias 4,0* 6,7* 3,9* 3,7 2,2 1,8 4,5* 1,7 194,1 192,6 1,5 192,6 192,6 192,6 192,4 192,4 189,5 192,2 189,5 192,4 192,2 189,5 192,2 0,3 3,0 0,2 0,1 2,8 2,7 * Diferença significativa p < 0,05; bpm = batimento por minuto. Os dados estatísticos mostram que a equação de Marins pode ser empregada para estimar a FCmáx somente nos testes de campo de 1600 m e 2.400 m. Já a equação de Tanaka et al. mostrou ser adequada tanto para os testes de campo deste estudo como para os de esteira de Balke e Bruce et al., concordando com os estudos de Marins e Fernandez [10,11] em estudantes universitários de que a fórmula proposta por Tanaka et al. é a mais adequada. Cabe destacar que a equação de Marins não foi testada nos referidos estudos. Ao comparar as médias da FCmáx obtidas em cada protocolo, observa-se que o valor mais alto registrado (194,1 ± 6,08 bpm) para essa variável foi encontrado no protocolo de 2.400 m de Cooper apontando não existir diferença significativa entre os protocolos, exceto entre Bruce et al. vs. Cooper onde ocorreu essa diferença. Esses resultados estão de acordo com os encontrados por Froelicher et al. [24], que ao compara- rem a FCmáx em dois protocolos máximos em esteira (Bruce vs. Balke), não observaram diferenças significativas entre os valores da mesma. Entre os protocolos realizados em esteira rolante, o grupo apresentou valor médio mais elevado em Balke (192,2 ± 7,31 bpm). Assim como nesse estudo, já se observou em outras pesquisas que os testes de campo tendem a provocar maior FCmáx em relação aos de laboratório [8,9]. É possível especular que o valor mais alto obtido em pista foi decorrente das condições ambientais, incontroláveis no teste de campo, levando o sistema cardiovascular a um maior estresse físico [25]. Já nos testes realizados em laboratório, as condições ambientais controladas minimizaram a influência da temperatura e da umidade nas respostas cronotrópicas dos avaliados. Todos os protocolos apresentaram característica de um teste máximo segundo as considerações feitas por Lazzoli [26], de que testes que levassem o avaliado a atingir patamares superiores a 85% da FCmáx calculada seriam considerados máximos. Outro critério para validação é a verificação dos valores apresentados no último registro da FC com variação de 10 bpm em relação a FCmáx calculada [27]. Portanto, todas as voluntárias envolvidas neste trabalho apresentaram respostas condizentes com as considerações dos referidos autores. Para indicar o emprego de uma equação estimativa da FCmáx, Robergs e Landwehr [28] estabeleceram limites de ± 3 bpm para testes máximos e ± 8 bpm para prescrição de exercícios. Neste estudo a equação de Tanaka et al. registrou intervalo de + 0,1 bpm a + 2,8 bpm e Marins com intervalo de + 2,2 bpm a + 6,7 bpm em relação aos quatro protocolos. Quando comparados os resultados da FCmáx estimada, em relação à idade, pelas equações de Tanaka et al. e Marins, encontrou-se diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) entre elas, percebeu-se que os valores estimados por Tanaka et al. se encontravam em maior porcentagem dentro da faixa de flutuação de ± 8 bpm (tabela IV), corroborando com os valores encontrados no estudo de Marins e Fernandez [11] obtendo 81% da amostra dentro da faixa, em comparação a Marins visto na Tabela V. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 Tabela IV - Comparação da faixa de flutuação de ± 8 bpm da FCmáx obtida nos quatro protocolos com a predita pela equação de Tanaka et al. [19]. Teste Balke Bruce Cureton 1600 m Cooper 2400 m Abaixo da faixa de ± 8 bpm 15% 5% 10% 6,66% Dentro da faixa de ± 8 bpm 75% 90% 83,33% 76,66% Acima da faixa de ± 8 bpm 10% 5% 6,66% 16,66% Tabela V - Comparação da faixa de flutuação de ± 8 bpm da FCmáx obtida nos quatro protocolos com a predita pela equação de Marins [7]. Teste Balke Bruce Cureton 1600 m Cooper 2400 m Abaixo da faixa de ± 8 bpm 30% 30% 23,33% 13,33% Dentro da faixa de ± 8 bpm 70% 70% 73,33% 86,66% Acima da faixa de ± 8 bpm 0% 0% 3,33% 0% Assim, fisiologicamente, a equação de Tanaka et al. é mais recomendada para sujeitos com características semelhantes às deste grupo estudado. Quanto à equação estimativa desenvolvida por Marins, foi encontrada diferença significativa ao ser comparada com os protocolos de Balke e Bruce et al., sendo adequada aos protocolos de Cureton et al. 1600 metros e Cooper 2400 metros, retomando, assim, sua proposta inicial tendo em vista que foi desenvolvida tomando como base resultados de FCmáx obtida no teste de Cooper 2400 m. Os resultados obtidos ratificam as indicações de Marins [20] para o uso da sua equação para o teste de Cooper de 2.400 m. Contudo, o uso da equação de Tanaka et al. aponta ser superior para uso deste grupo. Para o grupo avaliado, ambas as equações são ferramentas importantes, Tanaka et al. tanto para a interpretação dos testes ergométricos como para prescrição de exercícios e Marins utilizada para prescrição de exercícios e para os protocolos de pista. Sendo assim, deve existir por parte do avaliador uma análise para selecionar uma fórmula adequada para determinado teste, evitando assim, mascarar a real intensidade da faixa de treinamento 71 do indivíduo podendo gerar resultados desfavoráveis quanto aos seus objetivos. Consumo máximo de oxigênio Na Tabela VI são apresentados os valores de média, desviopadrão, máximo e mínimo, assim como a classificação do VO2máx ml(kg.min)-1, obtidos nos quatro protocolos empregados, indicando haver diferença estatisticamente significativa na predição do VO2máx entre eles, com exceção apenas entre os protocolos de Balke vs. Cureton et al. Os resultados obtidos de VO2máx nos quatro protocolos também foram comparados aos resultados do VO2máx estimados pelas equações de Bruce et al. e Neto et al. para mulheres ativas. Os dados indicam que a equação de Bruce et al. tem uma tendência a subestimar os valores da capacidade aeróbica quando comparados com os obtidos nos protocolos, exceto para o teste de Cooper onde houve uma proximidade nos resultados, 36,29 ml(kg.min)-1 representado por Cooper contra 36,05 ml(kg.min)-1 da equação. Já a equação de Neto et al. que foi criada para a população brasileira, apresentou valores superestimados em todos os protocolos do VO2máx 51,69 ml(kg.min)-1 contra o maior valor entre os protocolos 44,88 ml(kg.min)-1 obtido em Balke. Robergs & Landwehr [28] destacam que o erro de estimativa para propósitos de prescrição de exercícios aceitáveis na determinação do VO2máx deve ser abaixo de 3 ml(kg.min)-1. Em relação às equações preditivas do VO2máx deste estudo, deve-se ter precaução ao afirmar que as fórmulas subestimaram ou superestimaram o VO2máx final, devido ao fato de não ter sido utilizado a espirometria direta ou ergoespirometria para análise de gases espirados. O protocolo de Bruce et al., entretanto, parece ser o mais indicado para pessoas bem condicionadas, com o intuito de conhecer as respostas fisiológicas, determinar a capacidade funcional e obter parâmetros para prescrição de exercício físico. Na literatura, este protocolo e o de Ellestad são os mais indicados para indivíduos fisicamente ativos e/ou jovens aparentemente saudáveis [6]. Entretanto, o protocolo de Bruce et al. que obteve VO2máx 39,48 ± 4,71 ml(kg.min)-1 para a população deste estudo não seria indicado, tendo em vista os relatos da maioria das avaliadas, ao apresentarem fadiga periférica antes que ocorre-se fadiga central, fator este Tabela VI - Resultados do VO2máx ml(kg.min)-1 obtido e estimado pelas equações de Bruce et al. [17] e Neto et al. [21] e a classificação segundo o AHA [33]. VO2máx Classificação DP Máximo Mínimo Balke Bruce Cureton 1600 m Cooper 2400 m 44,88 Boa 4,53 52,45 36,56 39,48 Boa 4,71 48,1 31,3 43,59 Boa 3,0 50,11 37,12 36,29 Regular 3,15 43,91 30,94 Bruce et al. [17] VO2máx = 42,9 – 0,312 x idade 35,91 X 0,83 39,4 35,1 Neto et al. [21] VO2máx = 58,684 – 0,3124 x idade 51,69 X 0,60 52,74 50,24 72 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 responsável pela interrupção do teste reduzindo possivelmente os valores reais do VO2máx do grupo. No trabalho de Kang et al.[29] verificou-se valores próximos a deste estudo 40,84 ml(kg.min)-1. Testes mais curtos acarretam em valores menores de VO2máx, possivelmente por causa de limitações musculares causadas por elevada intensidade de esforço [21]. Os resultados deste estudo sinalizam que uma anamnese prévia auxilia a estabelecer qual tipo de teste poderá ser mais indicado. Em mulheres corredoras com hábito de corrida o teste de esteira de Bruce et al. poderá ser o mais indicado. Por outro lado, o teste de esteira de Balke será recomendado em mulheres ativas, porém, não corredoras minimizando o risco de interrupção do teste por fadiga periférica. Quanto aos protocolos de Cureton et al. e Cooper, observaram-se valores médios para a capacidade aeróbica de 43,59 ± 3,0 ml(kg.min)-1 e 36,29 ± 3,15 ml(kg.min)-1 respectivamente, confirmando os resultados encontrados por Makkai [25], para esses protocolos, possivelmente esta diferença entre os testes se deva ao fato do protocolo de Cureton et al. ter um tempo de duração menor, sendo assim, o resultado pode ter sido influenciado pelo componente anaeróbico. Outro propósito está relacionado com a temperatura ambiente e a umidade do ar, que no caso, poderia afetar o desempenho negativamente no teste de Cooper por este ser mais longo, expondo a avaliada a um maior desgaste físico durante a avaliação. É imprescindível que sejam padronizadas as aplicações no que diz respeito principalmente ao horário do dia. Pollock e Wilmore [30] sugerem então, que para a realização de um teste de campo seja feito um período de adaptação para que o avaliado experimente o percurso e ritmo do teste, sabendo, dessa forma, o seu tempo médio por volta, apresentando assim, um melhor desempenho aeróbico, mais próximo do real. No presente estudo, a maior parte das avaliadas já possuía este conhecimento, contudo em poucos casos foi possível observar avaliadas com dificuldade em administrar um ritmo de corrida constante. Um ponto importante a ser ressaltado é em relação ao tempo de duração do protocolo que segundo a literatura, a faixa recomendável concentra-se entre 8 a 15 minutos [7,30,31]. Contrariando esses autores Astorino et al. [12] investigou sobre tempo ideal para duração de protocolos máximos para homens e mulheres em idade universitária, verificou que protocolos com tempo acima de 13 minutos causavam menores resultados de VO2máx 3,45 ± 0,79 L.min-1 versus 3.58 ± 0,83 L.min-1 do protocolo com 10 minutos de duração, concluiu seus achados determinando um tempo entre 10 ± 2 minutos como sendo ideal para aquisição do VO2máx e que tempos acima de 13 minutos causariam redução de 4 a 5 % do mesmo. Para este estudo o protocolo de Balke obteve o valor médio mais elevado para o consumo máximo de oxigênio 44,88 ± 4,53 ml(kg.min)-1, porém, a duração da avaliação na esteira para este teste oscilou de 19 a 22 minutos, ultrapassando excessivamente o limite recomendado. Para solucionar este problema quanto à aplicação deste protocolo, sugere-se iniciar o teste desconsiderando os estágios iniciais visando manter a avaliação dentro da faixa de tempo predita como ideal, para a amostra deste estudo recomenda-se partir entre o sétimo e décimo estágio do protocolo de Balke. Conclusão Ao comparar as médias da FCmáx obtidas em cada protocolo, observa-se que os valores foram próximos, sendo o protocolo de 2.400 m de Cooper tendendo apresentar a maior FCmáx. Dos quatro protocolos de esforço máximo aplicados, os resultados indicam haver diferença estatisticamente significativa na predição do VO2máx entre os protocolos, com exceção apenas entre os protocolos de Balke vs. Cureton et al., onde não existiu essa diferença. Conclui-se que a equação de Tanaka et al. tem aplicabilidade aceitável para ser usada nos quatro protocolos, já a desenvolvida por Marins teve resultados consideráveis para o seu emprego nos testes de campo deste estudo. A equação de predição do VO2máx de Bruce et al. apresentou resultados que tendem a subestimar o VO2máx obtido, exceto em Cooper, já a equação de Neto et al. revelou valores que superestimam o VO2máx em todos os protocolos para a população analisada neste trabalho, porém, para concretização destes resultados deve ser aplicado o teste máximo com analisador de gases. Agradecimentos Estudo parcialmente financiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). Referências 1. Chalela WA, Moffa PJ. Teste ergométrico. In: Negrão CE, Barretto ACP. Cardiologia do exercício, do atleta ao cardiopata. São Paulo: Manole; 2005:92-127. 2. Filardo RD. Validação das equações metabólicas do colégio americano de medicina do esporte [dissertação]. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina; 2005. 3. Silva LGM, Pacheco ME, Campbell CSG, Baldissera V, Simões HG. 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American Heart Association (AHA). Guidelines for clinical exercise testing laboratories. Circulation 1995;91:912-21. 74 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 Artigo original Consumo de recursos ergogênicos farmacológicos por praticantes de musculação das academias de Santa Maria RS Pharmacological ergogenic resources consumption among gymnastic academy performers in Santa Maria RS Cati Reckelberg Azambuja*, Daniela Lopes dos Santos* *Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS Resumo Abstract O objetivo deste trabalho foi verificar como ocorre o uso de recursos ergogênicos farmacológicos por praticantes de musculação das academias da cidade de Santa Maria, RS. A amostra estratificada proporcional constituiu-se de 236 indivíduos, escolhidos aleatoriamente, de ambos os sexos, das academias de Santa Maria, RS. O instrumento de coleta de dados foi um questionário, previamente validado, composto por 22 questões sobre o uso de recursos ergogênicos farmacológicos, tipos mais utilizados, faixa etária, nível de escolaridade, renda, metodologia adotada para o treino, orientação, finalidade de uso, efeitos adversos e controle bioquímico. Os dados foram analisados através de percentuais, médias e desvios padrão. A média de idade da amostra foi de 24,4 ± 7,04 anos, sendo que a maioria dos pesquisados foi do sexo masculino (77,12%), com nível de escolaridade superior incompleto (36,44%) e sem renda própria (56,36%). Os resultados indicaram médio consumo de recursos ergogênicos (n = 10; 4,24%). Deca-Durabolin (60%), Durateston (50%) e Hemogenim (40%) foram as substâncias mais citadas, motivados pelo aumento no desempenho (60%) e de peso (50%), sendo que, 50% por vontade própria e 30% por indicação do professor da academia. A aquisição destes ocorreu em farmácias (50%) e através de professores (20%). A maioria dos usuários administrou a substância na forma injetável (50%) e oral (50%), com freqüência de uso diário (40%). Apesar de 80% dos entrevistados que utilizaram ergogênicos terem conhecimento dos possíveis efeitos adversos, somente 10% realizaram exames bioquímicos de controle das alterações hormonais. Os efeitos colaterais relatados foram irritação (50%), euforia e agressividade (40%); e a média do valor gasto mensalmente na aquisição de REF foi de R$ 236,50 ± 168,05. The aim of this work was to verify how the use of pharmacological ergogenic resources occurs when bodybuilder performers adopt them in the gymnastic academies of Santa Maria, RS, Brazil. The ratio of the stratified sample is constituted of 236 individuals, randomly chosen, both sexes, from Santa Maria, in RS – Brazil, gymnastic academies. The means through which data was collected was a previously validated questionnaire, containing 22 questions about the use of the pharmacological ergogenic resources, much adopted types of those resources, age range, education level, income, training methodology used, orientation, usage target, adverse effects and biochemical control. Data was examined using percentage, averages and pattern deflections. Sample average age was from 24.4 ± 7.04 years, mostly men (77.12%), incomplete third grade education level (36.44%), who did not have their own income (56.36%). The results indicated medium consumption of ergogenic resources (n = 10; 4.24%). Most mentioned substances were Deca-Durabolin (60%), Durateston (50%) and Hemogenim (40%), mainly because of their effect in the performance increase (60%) and in weight (50%), and considering that 50% were choosing themselves those products while 30% were using those products after their being indicated by the coach. The purchasing of those products occurred through shopping them in the drugstores (50%) and through coaches (20%). Most users took the substance in the form of shots (50%) and orally (50%), of daily usage (40%). Among the sample group, 80% of the interviewed who were using ergogenics had known of the possible adverse effects and even so, only 10% took biochemical control testing on hormonal alterations. The side effects reported were irritation (50%), euphoria and aggressiveness (40%); and the monthly average expenditure in the acquisition of pharmacological ergogenic resource was of R$ 236.50 ± 168.05 (R$ = Reais, Brazilian currency). Palavras-chave: recursos ergogênicos, dopagem, musculação. Key-words: ergogenic resources, doping, bodybuilder. Recebido em 12 de novembro de 2007; aceito em 17 agosto de 2008. Endereço para correspondência: Cati Reckelberg Azambuja, Rua Araújo Viana, 111/303, Centro, 97.015-040 Santa Maria RS, Tel: (55) 30280078, E-mail: [email protected] Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 Introdução A busca pelo corpo perfeito, tão evidenciado pela mídia, a falta de organização em relação às atividades diárias e conseqüentemente a ilusão de resultados rápidos e facilitados e a necessidade de melhor desempenho em competições são apenas alguns dos motivos que tem levado as pessoas a utilizarem meios ilícitos para alcançar seus objetivos físicos [1]. A crescente comercialização observada no meio esportivo aumentou a pressão sobre o atleta para alcançar o seu rendimento máximo a curto prazo [2]. No caso de atletas de alto nível, o uso de drogas transcende a questão da saúde individual. As drogas que favorecem o desempenho nas diversas modalidades são consideradas, eticamente, indesejáveis e, portanto, ilícitas, independentemente de produzirem danos para a saúde [3]. O American College of Sports Medicine ACSM apóia princípios éticos e deplora o uso de esteróides anabólicos androgênicos pelos atletas. Mais preocupante do que este fato, é o de que os freqüentadores de academias têm dividido com os atletas os percentuais de uso destas drogas que, em sua maioria, são substâncias de procedência duvidosa, muitas vezes, manipuladas sem cuidados adequados de higiene, proporcionando, inclusive, doenças infecto-contagiosas [4,5]. Os recursos ergogênicos farmacológicos, condenados pelo Comitê Olímpico Internacional - COI são drogas destinadas a funcionar como hormônios ou neurotransmissores encontrados naturalmente no corpo humano. Eles podem intensificar a potência física, afetar a força mental e o limite mecânico, o que tem despertado preocupação, visto que o consumo vem persistindo e seu uso é considerado como doping [6]. A utilização de substâncias químicas com o propósito da dopagem traz conseqüências nocivas para quem faz uso destas. O exercício e o estresse físico e emocional causam alterações bioquímicas e funcionais importantes que podem modificar o efeito da substância [7]. Portanto, este estudo buscou averiguar como ocorre o uso de recursos ergogênicos farmacológicos - REF nos praticantes de musculação das academias de Santa Maria, RS. Recursos ergogênicos farmacológicos Ergogênicos são aquelas substâncias ou fenômenos que melhoram o desempenho de um atleta [8]. Os recursos ergogênicos farmacológicos fazem parte da Toxicologia Social que, segundo Oga [9], é a área da Toxicologia que estuda os efeitos nocivos decorrentes do uso não médico de fármacos ou drogas, causando danos não somente ao indivíduo mas também a sociedade. Por fármaco entende-se uma substância de estrutura química definida que, quando em contato ou introduzida em um sistema biológico, modifica uma ou mais de suas funções. Droga é a matéria prima de origem mineral, vegetal ou animal que contém um ou mais fármacos [10]. 75 Poucas são as substâncias disponíveis no mercado que realmente possuem propriedades ergogênicas ou capazes de produzir fenômenos supostamente ergogênicos [11]. Para que uma substância seja legitimamente classificada como ergogênica, é necessário a comprovação da melhora no desempenho pela mesma [8]. Segundo Silva [2], as substâncias consideradas de uso proibido são agrupadas de acordo com suas propriedades farmacológicas. A lista do COI contém os seguintes grupos: 1) estimulantes; 2) analgésicos narcóticos; 3) hormônios peptídicos e análogos; 4) bloqueadores beta-adrenérgicos; 5) diuréticos e 6) esteróides anabólicos. Estimulantes são todas as substâncias utilizadas voluntariamente com a finalidade de obtenção de estados alterados de consciência, caracterizados por euforia decorrente da estimulação do Sistema Nervoso Central – SNC [12] e podem causar aumento da pressão arterial e da freqüência cardíaca, propensão a arritmias cardíacas, espasmos coronarianos e isquemia miocárdica em pessoas suscetíveis, distúrbios do sono, tremores, agitação e falta de coordenação motora. Os analgésicos narcóticos são indicados, terapeuticamente, para analgesia profunda, o que pode auxiliar os praticantes anônimos de atividades físicas e atletas que utilizam a morfina e a heroína como recurso ergogênico. Porém, entre os vários potenciais riscos para a saúde dos usuários se encontra a inibição perigosa da dor em atletas, o que pode agravar muito uma lesão instalada; risco de dependência física e síndrome de abstinência ocasionada pela cessão do uso da substância [13]. Hormônios peptídicos e análogos têm como função principal alterar as velocidades de reações celulares específicas de ‘células alvo’ também específicas [3]. Essa modificação pode ser conseguida através da alteração da velocidade da síntese protéica intracelular, da mudança do ritmo da atividade enzimática, da modificação do transporte através da membrana plasmática e pela indução da atividade secretória. Os bloqueadores beta-adrenérgicos, como agente de dopagem, são utilizados para reduzir o tremor muscular e o estresse, principalmente, nas modalidades esportivas de pouca atividade física e que exigem precisão e exatidão para a sua prática [2]. A ação destes fármacos pode depreciar os sistemas nervoso central, cardiovascular, endócrino, respiratório e digestivo [14]. Diuréticos são substâncias sintéticas, com estruturas químicas bastante variadas e que, na sua maioria, atuam diretamente nos rins sobre a função tubolar, aumentando a formação da urina. Considerando que os rins desempenham uma função fundamental para a manutenção da homeostase, torna-se evidente a grande importância dos diuréticos como possíveis agentes tóxicos [7]. Contudo, dentre os recursos ergogênicos farmacológicos, os esteróides anabólicos ocupam o lugar principal. Seu potente efeito anabolizante associado à prática de exercícios com pesos, acena com a promessa do record para o atleta e do “corpo 76 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 perfeito” para o praticante de musculação que possui objetivos estéticos. Infelizmente, cada vez mais o efeito terapêutico dos anabolizantes é desvirtuado a ponto da própria concepção leiga do seu nome ser associada a um perigo iminente, o que de fato se justifica em decorrência dos abusos cometidos e dos episódios trágicos freqüentemente relatados [15]. Materiais e métodos A coleta de dados ocorreu entre os meses de setembro e novembro de 2004, sendo que a amostra estratificada proporcional constituiu-se de 236 indivíduos, escolhidos aleatoriamente, de ambos os sexos, das academias inscritas no Departamento de Estágios de Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal de Santa Maria. O instrumento utilizado para avaliar o objetivo proposto foi um questionário, previamente validado, composto por 22 questões sobre o uso de recursos ergogênicos farmacológicos, tipos mais utilizados, faixa etária, nível de escolaridade, renda, metodologia adotada para o treino, orientação, finalidade de uso, efeitos adversos e controle bioquímico, acompanhado de termo de consentimento livre e esclarecido. A análise dos dados foi realizada através de estatística descritiva [16] para determinação da média aritmética, desvio padrão e percentuais e de forma qualitativa, conforme os objetivos da pesquisa. Resultados e discussão Os resultados obtidos por meio do instrumento de pesquisa indicaram que os praticantes de musculação das academias de Santa Maria (RS), que participaram desta pesquisa, tinham idade entre 15 e 53 anos, com média de 24,4 ± 7,04. Constatou-se que 70,34% tinham entre 15 e 24 anos. No estudo realizado com freqüentadores de academias no RS, verificou-se que 77,5% encontravam-se na faixa etária entre 16 e 25 anos [17]. Já, a pesquisa nas academias de Vitória (ES) encontrou a média de 27,5 anos entre os alunos pesquisados [18]. O perfil da amostra aponta, ainda, que a maioria dos pesquisados era do sexo masculino. A característica de freqüentadores de academias de ginástica do Rio Grande do Sul é essencialmente do sexo feminino (62,11%) [17]. Entretanto, é importante ressaltar que este estudo restringiu-se aos alunos das salas de musculação da cidade de Santa Maria (RS). Apesar de ter aumentado o número de mulheres adeptas, a especulação de que a musculação pode masculinizá-las ainda persiste. A maioria dos pesquisados não possuía renda própria (56,36%), o que é condizente com o grau de escolaridade assinalado por 36,44% dos entrevistados - Ensino Superior Incompleto, o que permite inferir que a maioria dos pesquisados eram estudantes universitários. Em segundo e terceiro lugar, respectivamente, ficaram os Ensinos Médio Completo e Superior Completo. Este dado encontra-se em conformidade com a média da idade verificada e com a informação de que a maioria não possuía renda própria. Outro dado interessante, é que 66 indivíduos (27,96%) possuíam Ensino Superior Completo, dos quais, 24 (10,16%) possuíam algum nível de Pós-Graduação. Verificou-se que a maioria dos entrevistados praticava musculação há menos de um ano. Porém, identificou-se um grupo com maior adesão, dos quais 35,08% o faziam há mais de dois anos. No estudo de Rufino et al. [17], encontrou-se um grupo flutuante, com até 6 meses de tempo de prática, de 70,63%. A adesão aos programas de musculação pode sofrer influência direta de vários fatores, como, por exemplo, o desejo de alcançar os objetivos propostos a curto prazo. A amostra optou pela musculação, como exercício físico, com a intenção de promover a saúde e em função da estética. Isso indica que a amostra preocupava-se com a aparência física, mas não ignorava as questões relacionadas à saúde e qualidade de vida. A mesma relação entre estética e qualidade de vida foi observada no estudo de Rufino et al. [17]. Pesquisas têm demonstrado que tanto homens como mulheres tem grande interesse em modificar o corpo e, assim, a musculação contribui significativamente [19]. Outra questão importante se refere à visão de promoção da saúde e melhor qualidade de vida, veiculada pela mídia, muitas vezes, de forma equivocada, confundida com parâmetros puramente estéticos, o que pode deformar estes conceitos. Destaca-se que entre os outros motivos relacionados, os que se referem ao alívio do estresse diário e de tensões profissionais, bem como preparação específica para esportes. O exercício físico se constitui em importante agente repressor do estresse. Pesquisadores sugerem que o efeito positivo do exercício físico na diminuição do estresse pode estar relacionado ao aumento da concentração de endorfina no sangue devido à secreção desta substância pela glândula pituitária durante o exercício físico [20]. O principal objetivo mencionado pelos alunos, praticantes de musculação, foi a hipertrofia muscular (50%), seguido pela definição muscular (48,73%). Como esta amostra foi composta 77,12% por pessoas do sexo masculino, justifica-se um percentual tão alto para os dois objetivos mais citados, visto que, a preferência masculina está relacionada à visão de corpos fortes e musculosos [21]. Cabe ressaltar que das 60 marcações atribuídas ao emagrecimento, 75% foram feitas por mulheres. Os treinos de musculação aconteciam 5 ou mais dias por semana (61,47%), com prevalência de 5 vezes na semana (27,97%), provavelmente porque a amostra pesquisada, na maioria, estudantes, possuía maior disponibilidade de tempo para praticar exercícios físicos. Dantas [22] recomenda, para programas de treinamento de sedentários e para a manutenção das condições de saúde, a freqüência de três a cinco vezes por semana, pois considera esta, uma faixa suficiente de treinabilidade das qualidades físicas, ao mesmo tempo em que o risco de lesões se mantém em níveis aceitáveis. Verificou-se que os treinos de musculação eram divididos em rotinas diferentes (68,64%), preferencialmente em A e B, Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 em dias alternados de prática. Sobre este aspecto, dois pontos devem ser analisados: rotinas diferentes, em dias alternados permitem não sobrecarregar o número de horas destinadas ao treino e, também, a permitir intervalos de recuperação de 48 horas para os grupos musculares trabalhados [22]. O alongamento é uma parte da sessão de treinamento na musculação, assim como em qualquer outra modalidade e a amostra tinha o hábito de realizá-los. Segundo Dantas [22], a hipertrofia muscular e a hipertonicidade resultantes do treinamento de musculação, se não forem trabalhadas complementamente, por meio de alongamento e flexionamento, poderão provocar uma diminuição do arco articular de alguns movimentos. Entretanto, Tubino [23] declara que “deve-se evitar a aplicação, logo após as sessões de musculação, de exercícios de flexibilidade que impliquem em estiramentos musculares fortes, pois haverá um grande risco de tensões nas fibras musculares”. Portanto, é oportuna a diferenciação entre flexionamento, em que pode haver um razoável risco de distensão e, alongamento, o qual atua com níveis de segurança mais confiáveis. Os resultados deste trabalho também indicaram que 4,24% (n = 10) dos alunos do grupo estudado utilizavam recursos ergogênicos farmacológicos. Segundo pesquisa realizada nas academias de Goiânia (GO), 9% de desportistas consumiam REF, com predominância dos esteróides anabolizantes androgênicos - EAA, sendo considerado, pelos autores, um percentual elevado de usuários [24]. Em Porto Alegre (RS), Conceição et al. [25] constataram em seu estudo que 24,3% dos praticantes de musculação das academias desta capital faziam uso de EAA. Em outro estudo aplicado nas academias americanas encontrou-se de 4 a 11% de usuários de algum tipo de anabolizante, o que demonstrou, segundo Yesalis et al. [26], um alto consumo destas substâncias. Importante ressaltar que o percentual de usuários de REF encontrado nesta pesquisa localiza-se no limite inferior do que pode ser considerado alto. Portanto, baseado nos percentuais de outros estudos, concluí-se que o consumo destas substâncias, pelos praticantes de musculação das academias de Santa Maria (RS), encontra-se num padrão que pode ser considerado de médio para alto. Ressalta-se, ainda, que em apenas 5 academias (41,67%) foram detectados sujeitos que utilizavam REF. Tal achado permite inferir que há academias que estão mais predispostas a esta prática. Outro detalhe a ser destacado, refere-se aos percentuais individuais de cada estrato onde foram achados questionários positivos para o uso de REF, representando de 0,5 a 20% da amostra individual, o que pode ser considerado um alto percentual em algumas delas. O pequeno número de usuários de REF impossibilitou o emprego de teste estatístico para avaliar significativamente a faixa etária na qual se concentrou o maior consumo do produto. Entretanto, contatou-se que este grupo possuía idade entre 23 e 44 anos, com média de 29 ± 7,47, sendo, todos, do sexo masculino. No Brasil, o consumidor preferencial de 77 EAA encontra-se entre 18 e 34 anos de idade e, em geral, é do sexo masculino [21]. O nível de escolaridade entre os usuários concentrou-se no Ensino Superior Completo (50%), diferentemente do percentual encontrado na amostra total deste estudo e da pesquisa de Araújo et al. [24] relatando que os usuários de EAA, entre os praticantes de musculação das academias de Goiânia (GO) possuíam, na maioria, Ensino Fundamental ou Médio. Analisando-se a renda individual, constatou-se que 80% (n = 8) dos usuários recebiam entre 3 e 6 salários mínimos. Diante destes dados, infere-se que os usuários de REF possuíam independência financeira, o que lhes permitiu comprometer, mensalmente, entre R$ 24,00 a 580,00, com média de R$ 236,50 ± 168,05 dos seus salários na aquisição dos produtos. O tempo de prática de musculação dos usuários de REF acompanha a tendência da amostra total, porém, é mais homogênea. Há de se destacar que 90% encontram-se na faixa que compreende até 3 anos de prática, dos quais 30% no grupo com menos de 1 ano de prática, que pode ser considerado como flutuante, enfatizando que muitos usuários utilizam-se de REF para alcançar os objetivos a curto prazo. A maioria dos usuários mencionou ter optado pela musculação, como exercício físico, com fins estéticos (50%). Verificou-se que o objetivo principal dos usuários de recursos ergogênicos era hipertrofia muscular (70%). Estes dados, analisados de forma simultânea, reforçam a idéia de que cada dia mais as pessoas acreditam que ergogênicos nutricionais e farmacológicos podem ser usados, de forma indiscriminada, como parte do treinamento físico. Conforme Courtine [1], as últimas décadas ascenderam a valorização do corpo e ditaram o modelo “ideal” de físico, desprezando o aspecto saúde, na obtenção do mesmo. O registro crescente de consumo de substâncias ergogênicas, principalmente entre jovens, demonstra que não há limites para a aquisição de padrões estéticos. Quanto a freqüência de treino, 90% dos usuários de recursos realizavam as rotinas de musculação, mais do que 4 dias na semana. Segundo Dantas [22], levando-se em consideração que o objetivo principal da maioria dos usuários era a hipertrofia, verifica-se que a freqüência semanal de treinos encontrava-se em conformidade com os princípios científicos do treinamento desportivo. Santos & Santos [18] encontraram em seu estudo 56% de praticantes com freqüência semanal de 5 vezes. Também pode-se perceber que 90% dos usuários de recursos ergogênicos dividiam as sessões em rotinas diferentes (A e B ou A, B e C) em dias alternados de prática, caracterizando, desta forma, estrutura de treinos mais avançados e intensos, condizentes com o objetivo de hipertrofia e a freqüência de mais de 4 dias na semana, verificados anteriormente [27]. Os usuários de REF, às vezes, realizavam alongamentos (70%) quando praticavam a musculação. Como argumentado anteriormente, a problemática conceitual, metodológica e 78 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 fisiológica entre alongamento e flexionamento repercute de forma negativa entre aqueles que realizam exercícios físicos com a intenção hipertrófica, ressaltando-se que, segundo Guiselini [27], músculos muito encurtados podem exercer uma pressão muito grande em partes do corpo mais suscetíveis a tensões. Os REF mais citados, entre os usuários, foram os classificados no grupo de EAA – Hemogenim, Deca-Durabolin e Durateston, seguidos por Winstrol e Testosterona, (Tabela I). O estudo realizado por Iriart & Andrade [21], em Salvador (BA), verificou a predominância do uso de Testosterona e Nandrolona, além da combinação de Testosterona e Estradiol. Segundo Araújo et al. [24], dos 17 usuários de EAA das academias de Goiânia (GO), 66% utilizavam Hemogenim e Testosteron. dologia “mista”. Foi identificado entre os pesquisados um que adotava o “ciclo” (cycling), que usava o EAA por 8 semanas consecutivas e, após um intervalo não definido, retomava a administração. Tabela I - Distribuição da freqüência e percentagem de usuários, segundo o tipo de REF usado pelos praticantes de musculação das academias de Santa Maria (RS), 2004. Observou-se que a grande maioria das pessoas que relataram o uso de recursos ergogênicos, especificamente os EAA, afirmaram que a motivação se deu pelo aumento no desempenho (60%) e do peso corporal (50%). A utilização de anabolizantes está associada àqueles que possuem neurose pelo corpo e são, freqüentemente, compulsivos pelo exercício e desejam resultados a curto prazo [19]. Possivelmente, o aumento de peso corporal, associado ao uso de esteróides anabolizantes, está relacionado às sínteses de proteínas no músculo esquelético, principalmente devido à regulação da transcrição do RNA ribossômico, quando aplicado por períodos curtos; porém, estes efeitos, provavelmente, perdem-se ou diminuem após algumas semanas, ou mesmo pelo uso continuado da droga [28]. Entre as respostas para o resultado que os usuários observaram, pode-se citar: “Estou mais forte!”; “ganhei peso e aumentei a massa muscular”; “a recuperação é mais rápida”; “estou mais definido”. Diante dessas afirmações é cabível a citação de Iriart & Andrade [21]: “O anabolizante é visto então, como uma droga poderosa que permite ao organismo trabalhar mais rapidamente, proporcionando resultados quase mágicos, e recompensando imediatamente o suor despendido na malhação”. Quando questionados sobre quem orientou o uso dos produtos - REF, as informações concentraram-se em por vontade própria (50%) e por orientação médica (30%). Oportuno esclarecer, que o percentual verificado na indicação de REF por médicos não representam significativamente a realidade dos profissionais desta área, que desempenham suas atividades na cidade de Santa Maria (RS). No estudo realizado por Araújo et al. [24], a fonte mais utilizada para indicação de anabolizantes foram o professor (11%) e por intermédio de amigos (11%). Segundo o trabalho realizado por Rocha & Pereira [29], 63% receberam orientação para o consumo, dos quais 41% por profissionais da saúde e 59% através de professores, amigos e leitura sobre o assunto. A aquisição destas substâncias ocorreu, preferencialmente, em farmácias (50%) e através do professor da academia Recurso ergogênico farmacológico Deca-Durabolin Durateston Hemogenim Winstrol Testosterona Cocaína Ecstasy f 6 5 4 3 3 2 3 %* 60.00 50.00 40.00 30.00 30.00 20.00 30.00 *A soma dos percentuais não totaliza 100% por ter sido permitido a marcação de mais de uma opção. A Tabela II demonstra que as formas de administração mais utilizadas foram oral e injetável. Iriart & Andrade [21] relataram no seu estudo que a via de administração injetável é preferida por ser mais barata e produzir efeito imediato. Foi verificado, também, que 70% dos usuários da amostra fazem uso combinado de REF, na tentativa de potencializar os efeitos anabólicos e, muitas vezes, minimizar os efeitos androgênicos e adversos [4]. Tabela II - Distribuição da freqüência e percentagem de usuários, segundo a forma de administração de REF usado entre os praticantes de musculação das academias de Santa Maria (RS), 2004. Formas de Administração REF Oral Injetável Supositório Adesivo f 5 5 2 1 %* 50.00 50.00 20.00 10.00 A soma dos percentuais não totaliza 100% por ter sido permitido a marcação de mais de uma opção Quanto a freqüência de uso dos ergogênicos, na Tabela III, verifica-se que houve predominância da aplicação diária e semanal que, reforçada pela combinação de uso oral e injetável que, segundo Lise et al. [4], caracterizaram a meto- Tabela III - Distribuição do número e percentagem de usuários, segundo a freqüência de uso de REF pelos praticantes de musculação das academias de Santa Maria (RS), 2004. Freqüência de uso REF Somente em dias de treino Diário Semanal Quinzenal Não definido Total n 1 4 3 1 1 10 % 10.00 40.00 30.00 10.00 10.00 100.00 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 (20%). Outra importante ressalva faz-se necessária, visto que se verificou que nem todos os instrutores de musculação das academias de Santa Maria (RS) são profissionais formados em Educação Física. Pesquisas têm demonstrado que, além dos farmacológicos, recursos ergogênicos nutricionais têm sido indicados por instrutores e professores das academias [24,18,30]. Segundo o Código de Ética do Conselho Federal de Educação Física - CONFEF [31], esta prática caracteriza exercício irregular da profissão e demonstra uma atitude antiética destes profissionais. Os usuários de REF também foram questionados quanto aos problemas relacionados à ingestão dos produtos avaliados. Foram relatados, principalmente, irritação, euforia e agressividade (Tabela IV). Lise et al. [4] considera a euforia e a irritação como efeitos adversos comuns. Segundo o estudo de Araújo et al. [24], os usuários de anabolizantes referiram-se à euforia (81%) e aumento de cravos e espinhas (94%). Tabela IV - Distribuição da freqüência e percentagem dos efeitos adversos causados pelo uso de REF por praticantes de musculação das academias de Santa Maria (RS), 2004. Efeito adverso Irritação Euforia Agressividade Hálito forte Cãimbras Tremores f 5 4 4 4 2 2 %* 50.00 40.00 40.00 40.00 20.00 20.00 A soma dos percentuais não totaliza 100% por ter sido permitido a marcação de mais de uma opção. A maioria dos usuários (80%) afirmou ter conhecimento sobre os possíveis efeitos colaterais que costumam ocorrer. Apesar de alarmante, este dado confirma os achados discutidos anteriormente: usuários com maior grau de escolaridade e independência financeira deixaram-se iludir pelos benefícios ergogênicos imediatos, para alcançar objetivos puramente estéticos, menosprezando os potenciais riscos para a saúde, a qualquer tempo. Entretanto, segundo Iriart & Andrade [21], no estudo realizado entre jovens de um bairro popular de Salvador (BA), foi observado que “de maneira geral, os fisiculturistas entrevistados não demonstraram bom nível de informação sobre os danos causados à saúde pelos anabolizantes que utilizam”. Ressalta-se a falta de informação em relação às propriedades farmacológicas dos EAA, o conhecimento informal através de experiências próprias ou de amigos e a tolerância aos sintomas mais comuns que não refletem os efeitos a longo prazo. Confirmando o exposto anteriormente e, apesar dos usuários terem afirmado possuir conhecimento sobre os efeitos adversos causados pelo uso de REF, 90% destes não realizam exames bioquímicos para controlar as possíveis alterações metabólicas, demonstrando que talvez este conhecimento restrinja-se aos efeitos mais comuns e menos preocupantes. 79 Apesar de não ser objeto de estudo desta pesquisa, é importante registrar que 3,39% (n = 8) informaram o uso de suplementos nutricionais, demonstrando o desconhecimento, por parte dos usuários, do tipo de recurso ergogênico que utilizavam. Os recursos ergogênicos nutricionais - REN citados foram Creatina, L-Carnitina, Albumina, Proteína de Soja Texturizada e Levedura de Cerveja, motivados por melhora de desempenho e pela vontade de emagrecer. Foi verificado que a indicação ocorreu por vontade própria, através de amigos e familiares e por informações obtidas por meio de publicações especializadas. A grande maioria relatou que adquiriu os produtos em lojas do ramo e em farmácias. A administração acontecia na forma oral, líquidos, cápsulas e em pó, diariamente ou somente em dias de treino. Os resultados obtidos com o uso de REN foram diversos, desde emagrecimento, maior disposição para treinar e aumento de massa muscular, até o não reconhecimento de nenhum efeito. Os usuários de REN afirmaram possuir conhecimento sobre os efeitos adversos, porém, o único relatado foi cefaléia esporádica e não realizam exames bioquímicos de controle. Em relação ao gasto mensal na aquisição dos suplementos, verificou-se que estes se encontram numa faixa de valores bem inferior a dos REF, concentrando-se em aproximadamente R$ 20,00. Conclusão Os dados produzidos neste estudo permitem concluir que o uso de recursos ergogênicos farmacológicos por praticantes de musculação nas academias de Santa Maria, RS é considerado de médio para alto quando comparado às pesquisas consultadas, representando 4,24% da amostra estudada. Entre os recursos ergogênicos farmacológicos mais utilizados, os esteróides anabolizantes androgênicos ganharam destaque, sendo, o Deca-Durabolin, Hemogenin e Durateston, os mais citados. Todos os usuários eram do sexo masculino e, a maioria deles, tinha idade entre 23 e 28 anos, nível de escolaridade superior, renda até 6 salários mínimos e comprometiam entre R$ 136,00 e R$ 248,00 mensais na aquisição dos REF. A estética foi a maior motivação entre os usuários para praticar a musculação. O tempo de treino variou até três anos, sendo a hipertrofia, o principal objetivo. A maior parte dos usuários treinava de quatro a seis dias por semana, em rotinas subdivididas e às vezes incluíam alongamentos à sessão. Melhor desempenho físico foi o motivo que levou os usuários a utilizarem os REF, por vontade própria, adquiridos, principalmente, em farmácias. A administração ocorria nas formas oral e injetável, diariamente, e verificou-se alguns relatos positivos de resultados. Contudo, os usuários de REF admitiram ter conhecimento sobre os efeitos colaterais e não realizarem exames bioquímicos de controle. Euforia, irritação e agressividade foram os efeitos adversos mais assinalados. 80 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 Diante da pouca literatura encontrada sobre o consumo de REF entre os praticantes de exercícios físicos brasileiros, faz-se necessário a realização de outros trabalhos para identificar com maior precisão o consumo destas substâncias pelos freqüentadores de academias de ginástica. Considera-se de suma importância a divulgação das conseqüências do uso de REF e orientação das pessoas diretamente envolvidas na prática esportiva, visto que o consumo deste tipo de substância apresenta-se significativa. Referências 1. Courtine JJ. Os Stakhanovistas do narcisismo: Body-building e puritanismo ostentatório na cultura americana. In: Políticas do corpo. São Paulo: Estação Liberdade; 1995. p. 39-48. 2. Silva OA. Dopagem no esporte. In: Oga S, eds. Fundamentos de toxicologia. São Paulo: Atheneu; 1996. 3. Mcardle WD, Katch FI, Katch VL. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 4a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1998. 4. Lise ML, Silva TSS, Ferigolo M, Barros HM. O abuso de esteróides anabólicos androgênicos em atletismo. Rev Assoc Med Bras 1999; 45:364-70. 5. Silva PRP, Czepielewki MA, Danielski R. Esteróides anabolizantes no esporte. Rev Bras Med Esporte 2002; 8(6):235-243. 6. Williams MH. 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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 81 Revisão Treinamento de força muscular em portadores da síndrome da fibromialgia Muscle strength training in patients with fibromyalgia syndrome Sérgio Siqueira Teotônio*, José Sílvio de Oliveira Barbosa** *Licenciatura Plena em Educação Física e Desportos na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, **Orientador, UERJ Resumo Abstract A Síndrome da Fibromialgia (SFM) é uma condição dolorosa generalizada, crônica, não-inflamatória. É considerada síndrome pela razão de englobar uma série de manifestações clínicas, como dor, fadiga, indisposição, distúrbios do sono, entre outras. Apesar de a SFM poder apresentar-se de forma extremamente dolorosa e incapacitante, ela não ocasiona comprometimento articular inflamatório ou restritivo. A dor muscular é uma manifestação muito freqüente na fibromialgia, podendo ser difusa ou acometer preferencialmente algumas regiões, como o pescoço e os ombros. Os exercícios físicos geralmente são incluídos no programa de reabilitação de pacientes com SFM. Apesar de haver muitos estudos examinando o efeito do treinamento aeróbio, relaxamento muscular e alongamentos, o treinamento de força (TF) como meio de tratamento foi pouco estudado. Apenas recentemente, os pesquisadores têm avaliado e incluído o TF em programas de exercício físico para indivíduos com fibromialgia. Assim, o TF vem surgindo como mais uma estratégia de intervenção ou opção de tratamento, no sentido de intervir positivamente no tratamento da SFM, minimizando o quadro miálgico, bem como melhorando a qualidade de vida dos indivíduos por ela afetados. The Fibromyalgia Syndrome (FMS) is a non-inflammatory chronic pain condition. It is considered a syndrome due to clinical symptoms: musculoskeletal pain, fatigue, tiredness, sleep disturbances and headache. Although FMS maybe extremely painful, there is no inflammatory or restrictive findings. Pain may be diffuse or focused in determined points on the body as neck and shoulders. Physical exercises are included in rehabilitation program for FMS. There are several studies analyzing effects of aerobic training, muscular relaxation, stretching on FMS, but few researches focused on resistance training (RT) as treatment tool for FMS. There are recent studies including RT in physical exercises programs for FMS, so that RT appears as an auxiliary tool for FMS treatment. Exercises are commonly included. Treatment plans must be individualized to respond to the patient’s needs and lifestyle. Several studies show the effect of aerobic treatment, muscular relaxing and extension. Exercise has proven to be beneficial and essential as a natural treatment for fibromyalgia. Strength training as a treatment for fibromyalgia has not been much studied. Nowadays it has been included as another way of treatment and can produce great improvements in overall health. Palavras-chave: treinamento, força, fibromialgia. Key-words: training, strength, fibromyalgia. Recebido em 26 de maio de 2008; aceito em 22 de agosto de 2008. Endereço para correspondência: Sérgio Siqueira Teotônio, Rua Júlio de Castilho, Lt 06, Qd 12, Parque São Judas Tadeu, 25540-330 São João de Meriti RJ 82 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 Introdução A Educação Física vem ampliando seu campo de ação e se especializando em diferentes áreas em função da crescente demanda por atividades preventivas e terapêuticas. A prescrição de exercícios está buscando cada vez mais atender às peculiaridades de cada indivíduo. Para pessoas portadoras de doenças crônicas isso não é diferente. Como veremos mais adiante, diversos estudos vêm sinalizando para a importância da inclusão de exercícios físicos, em suas rotinas de vida, auxiliando a prevenção e ao tratamento. Há uma crescente demanda por estas atividades, ainda mais por possuírem efeitos terapêuticos sobre a dor [1]. Dentre as patologias que apresentam dor crônica, a Síndrome da Fibromialgia (SFM) – ou, simplesmente, fibromialgia – vem despertando cada vez mais interesse de pesquisadores pela necessidade de respostas a diversas questões que continuam parcialmente respondidas e pelo grande número de pessoas que procuram clínicas, ambulatórios, centros esportivos, clubes e academias em busca de exercícios físicos adaptados a suas necessidades. Vale ressaltar o aumento da pesquisa e melhoria da qualidade científica de estudos sobre SFM e exercícios físicos nos últimos 20 anos [2]. Para que possa ser oferecida mais uma variedade de atividade física ao portador de fibromialgia, possibilitando mais um auxílio ao controle de seu quadro clínico e ainda melhorando sua qualidade de vida, buscou-se através desta revisão de literatura, identificar os prováveis benefícios proporcionados pelo treinamento de força, ainda hoje carente de um número maior de publicações sobre sua efetividade, benefícios e mecanismos. Sabendo que a fibromialgia é uma patologia que acomete o músculo esquelético, torna-se necessário saber sobre sua estrutura e funcionamento, como ele se compõe, assim como sobre a síndrome e da possível contribuição do treinamento de força no controle do quadro clínico e melhora da qualidade de vida de seus portadores. Este trabalho divide-se, portanto, em quatro partes: a primeira faz uma descrição da síndrome da fibromialgia; em seguida, uma breve abordagem sobre os aspectos musculares do corpo humano; depois, as possíveis contribuições do treinamento de força para os portadores da síndrome; e por fim, são apresentadas algumas sugestões para prescrição de um programa de treinamento de força. Para o desenvolvimento deste estudo, optou-se pela pesquisa bibliográfica, em função desta demonstrar diferentes metodologias empregadas no treinamento da força muscular em portadores da SFM e seus respectivos resultados, auxiliando para uma futura prescrição de exercícios mais segura e com alguma perspectiva. A síndrome da fibromialgia Dor difusa não é um sintoma novo. A partir dos anos 70, do século passado, ela passou a ser estudada com maior interesse. Um grupo específico de pacientes com quadro de dor difusa foi melhor caracterizado clinicamente recebendo então a denominação de Síndrome da Fibromialgia (SFM). Desde então houve grande divulgação desta enfermidade e suas particularidades, assim como das crenças que não apresentavam o menor fundamento. Durante um determinado período houve um questionamento por parte de alguns membros da comunidade médica reumatológica acerca do diagnóstico da SFM, isso, antes do estabelecimento dos critérios de diagnóstico; principalmente pela crença de que tal enfermidade apresentava etiologia psicogênica [3]. Felizmente, essa visão vem decrescendo aceleradamente à medida que clinicamente a fibromialgia tem sido melhor caracterizada e o conhecimento dos possíveis mecanismos envolvidos na sua sintomatologia tem avançado. O reconhecimento das vias aferentes, das vias inibitórias de dor e da ação de neurotransmissores permitiu compreender melhor os mecanismos que controlam o processamento central da dor. Alterações do fluxo sangüíneo cerebral bem como sua atividade metabólica em pacientes com dor crônica corroboram a hipótese da presença de alterações no processamento central da dor e que justificam a alodínea e hiperalgesia observadas nestes pacientes [1]. A musculatura esquelética representa um importante alvo na SFM, pois muitos pacientes relatam ser o local onde sentem maior dor e rigidez [4]. Isso ocorre devido ao fato da dor muscular ser o sintoma principal da síndrome. Por esse motivo, os estudos sobre a musculatura esquelética recebem a atenção de muitos investigadores. Atualmente sabe-se que a fibromialgia é uma forma de reumatismo associada à sensibilidade do indivíduo frente a um estímulo doloroso. O termo reumatismo pode ser justificado pelo fato de a fibromialgia envolver músculos, tendões e ligamentos. O que não quer dizer que acarrete deformidade física ou outros tipos de seqüela [3]. A fibromialgia tem despertado crescente interesse da classe médica em diferentes especialidades, pois suas manifestações vêm associadas geralmente a outras doenças. Portanto, se uma pessoa apresentar queixas de dor muscular por um período maior que três meses consecutivos, aconselha-se que ela procure o seu médico para que o diagnóstico correto seja estabelecido [5]. Uma patologia crônica como a SFM, necessita de uma abordagem multidisciplinar [1]. Portanto, a abordagem atual do indivíduo com SFM baseia-se na associação de terapêuticas medicamentosa, psicológica e de reabilitação física, dependendo da gravidade dos sintomas, das caracterísicas físicas e psicológicas do paciente, da presença ou não de doenças concomitantes e de fatores agravantes. O tratamento da SFM deve objetivar o controle e até mesmo uma possível redução dos sintomas no quadro fibromiálgico. Dentre os resultados identificadores de sucesso no tratamento, pode-se citar a redução da dor, principal característica da síndrome; e a melhoria do sono, sendo que distúrbios do sono são rela- Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 tados na maioria dos casos [6]. Assim, o tratamento da SFM ajuda o fibromiálgico a lidar com as tarefas da vida diária de maneira mais eficiente. Após o diagnóstico e a avaliação do médico, bem como a identificação de qualquer doença associada, o próximo passo é estabelecer os objetivos em curto, médio e longo prazo. Segundo Norm e Hanson [7], o objetivo imediato é educar e informar o paciente sobre sua doença, assegurando-lhe que seus sintomas são reais e podem ser controlados. Em seguida a isso, a terapêutica pode ser dividida em nãomedicamentosa e medicamentosa. Na realidade, as duas são aplicadas concomitantemente e se complementam [1]. Apenas 25 a 45% dos pacientes respondem, contudo, ao tratamento com drogas [8]. Após cinco anos, mais de 80% continuam sintomáticos [9]. Sendo assim, a terapia medicamentosa sozinha é insuficiente no tratamento de pacientes fibromiálgicos. As formas de tratamento não medicamentoso atualmente utilizadas são: acupuntura, tratamento cognitivo comportamental, biofeedback (técnica de relaxamento e reeducação corporal na qual o indivíduo monitora sua contração e relaxamento por meio de eletroneuromiografia – EMG) e exercícios físicos [1]. Definição e breve histórico No início do século XX, pessoas que apresentavam dor generalizada e uma série de queixas mal definidas não tinham sua condição tratada como sendo sua patologia a fibromialgia. Por vezes, diagnósticos envolvendo problemas emocionais consideravam tais problemas como fator determinante desse quadro ou então um diagnóstico errôneo estabelecia como “fibrosite”, inflamação das fibras musculares. Isso ocorria, pois se acreditava que houvesse o envolvimento de um processo inflamatório muscular, daí a terminação “ite” [10]. Atualmente sabe-se que as dores difusas – com recorrência durante determinado tempo – não estão somente relacionadas com problemas emocionais ou estresse da vida diária, como é o caso da Síndrome da Fibromialgia [11]. Epidemiologia Com base em pesquisas internacionais, a freqüência da fibromialgia é de 1 a 5% na população em geral [11]. Nos serviços de clínica médica, essa freqüência é em torno de 5%, e nos indivíduos hospitalizados, 7.5%. Em clínicas de reumatologia, por sua vez, essa síndrome é detectada entre 14% dos atendimentos. No Brasil, uma pesquisa feita com as populações de Porto Alegre, Fortaleza e Rio de Janeiro, em 1982, observou que 10% da população total destes estados era portadora de fibromialgia, além de ressaltar a influência de fatores sócio-econômicos [1]. A fibromialgia é mais freqüente no sexo feminino, que corresponde a 80% dos casos [11]. As estimativas de prevalência variam de acordo com os estudos, a população avaliada e a 83 metodologia aplicada, mas, de maneira geral, a fibromialgia afeta indivíduos do sexo feminino, entre 80 e 90% dos casos detectados. Cerca de 10 % das mulheres adultas jovens entre 20 e 49 anos são afetadas, sendo que a prevalência tende a se elevar com a idade, alcançando cerca de 23% das mulheres na sétima década de vida [12-14]. Em média, a idade do seu início varia entre 29 e 37 anos, sendo a idade de seu diagnóstico entre 34 e 57 anos, pois em geral tardiamente o paciente consegue encontrar um profissional que lhe dê um diagnóstico preciso. Os sintomas de dor, fadiga e distúrbios do sono tendem a instalar-se lentamente na vida adulta. No entanto, 25% dos casos referem apresentar estes sintomas desde a infância [11]. Manifestações clínicas comumente encontradas A principal queixa dos pacientes com fibromialgia é a dor difusa e crônica, muitas vezes difícil de ser localizada ou caracterizada com precisão [15]. Os distúrbios do sono e a fadiga são relatados por 75% dos casos, fadiga esta que tem início logo ao despertar e duração maior do que uma hora, reaparecendo no meio da tarde. Os pacientes referem, ainda, rigidez matinal e sensação de sono não restaurador, apesar de terem dormido de 8 a 10 horas. O sono é superficial, tendo os pacientes, facilidade de acordar frente a qualquer estímulo, além de apresentar um despertar precoce [6]. Embora os distúrbios do humor estejam presentes em grande parte dos indivíduos com fibromialgia, em pelo menos 25% não se encontra indício algum de distúrbio emocional. Tal dado contraria a origem psíquica da fibromialgia. Sabese hoje que a sensibilidade dolorosa apresenta dois componentes, o discriminativo e o comportamental. Este último sofre influência constante de nosso estado do humor. Esta interação entre o componente comportamental da dor e o estado emotivo nos possibilita entender como os distúrbios do humor influenciam a sensibilidade dolorosa. Cerca de 50% dos pacientes possuem depressão. Ansiedade, alteração do humor e do comportamento, irritabilidade ou outros distúrbios psicológicos acompanham aproximadamente 1/3 destes pacientes, embora o modelo psicopatológico não justifique a presença da fibromialgia [16]. Apesar de a fibromialgia poder apresentar-se de forma extremamente dolorosa e incapacitante, ela não ocasiona comprometimento articular inflamatório ou restritivo [17]. A presença dos pontos dolorosos é um achado importante do exame físico, não se observando edema ou sinovite, a não ser na concomitância de patologias como a osteoartrite ou artrite reumatóide [18]. A fraqueza muscular, o adormecimento e tremor em extremidades, embora referidos por 75% dos pacientes, não são comprovados ao exame neurológico [19]. Outros achados do exame físico incluem o espasmo muscular localizado, referidos como nódulos, a sensibilidade cutânea ao pregueamento (alodinia) ou dermografismo, após compressão local. A sensibilidade ao frio também pode estar 84 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 presente e manifestar-se como “cutis marmorata” em especial nos membros inferiores [20]. A dor muscular, apesar de difusa, pode acometer preferencialmente algumas regiões, como o pescoço e os ombros e então propagar-se para outras áreas do corpo. O indivíduo descreve sua sensação de dor das mais diferentes formas, desde um leve incômodo até uma condição incapacitante. Por vezes relata ardência, dor em pontadas, rigidez, câimbras [21]. bios do sono) poderiam ativar nociceptores e meconoceptores, que ocasionariam excitação na neurotransmissão da dor por meio do Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema Nervoso Simpático (SNS); a dor e a inatividade conduziriam ao descondicionamento do músculo e à fadiga, ficando o músculo mais exposto ao microtrauma. Os distúrbios do sono e outras condições orgânicas ou psicológicas poderiam agravar o microtrauma muscular. Possíveis fatores desencadeantes Diagnóstico A fibromialgia está relacionada à interação de fatores genéticos, neuroendócrinos, psicológicos e distúrbios do sono [22]. Frente a processos dolorosos, a esforços repetitivos, à artrite crônica, a situações estressantes como cirurgias ou traumas, processos infecciosos, condições psicológicas e até retirada de medicações, como corticosteróides, pode haver alterações nos mecanismos de percepção da dor, predispondo o indivíduo à fibromialgia [24,25]. Assim sendo, uma infecção, um episódio de gripe ou um acidente de carro pode estimular o aparecimento dessa síndrome. Por outro lado, os sintomas de fibromialgia podem provocar alterações no humor e diminuição da atividade física, o que agrava a condição de dor. Pode-se observar, portanto, uma “via de mão dupla” nesta doença [11]. Não se pode afirmar que a fibromialgia seja uma condição psiquiátrica primária, porém fatores psicológicos apresentam atuação importante em alguns pacientes [26,27]. Parece que os distúrbios psicológicos como a ansiedade, depressão e estresse atuam como fatores de retro-alimentação positiva à condição dolorosa crônica em portadores da SFM [24]. Doenças crônicas, como as artropatias inflamatórias, devem, muitas vezes, ser encaradas dentro de um contexto biopsicossocial, uma vez que não existe um processo biológico único envolvido em sua origem, no entanto, evidências de lesão tecidual estão presentes. O termo “síndromes disfuncionais” foi proposto por Yunus [24] para melhor compreender os mecanismos biofisiológicos envolvidos em síndromes crônicas nas quais não se detecta lesão tecidual. Pela denominação “mecanismos biofisiológicos”, entende-se a natureza de uma determinada entidade clínica, suas causas, processos e conseqüências. Este modelo integrado é o que melhor se aplica ao estudo da fibromialgia. Uma idéia bastante razoável sugerida por Feldman [28], para explicar como o músculo esquelético é afetado pela SFM, engloba, entre outros fatores, a microcirculação muscular e o microtrauma repetitivo do músculo. Fatores preexistentes (alterações nos receptores de serotonina, endorfina) e fatores precipitantes (trauma repetitivo, descondicionamento, distúr- Estudos demonstram que a definição do diagnóstico bem como a melhor compreensão por parte do paciente sobre a natureza da sua doença contribuem para aliviar seu “comportamento doentio”, aliviar sua sintomatologia complexa e conseqüentemente reduzir sua procura por serviços médicos diminuindo os gastos com a saúde. Estes pacientes adquirem melhores condições de enfrentamento de situações adversas apresentando uma evolução mais favorável [29]. Como não existem exames complementares que por si só confirmem o diagnóstico, a experiência clínica do profissional que avalia o indivíduo com fibromialgia é fundamental para o sucesso do diagnóstico e do tratamento. Porém, é importante ressaltar que a boa descrição dos sintomas – em detalhes – e da duração dos mesmos são fatores também determinantes para um diagnóstico efetivo [30]. Há pesquisas que indicam, ainda, que o portador da SFM pode apresentar problemas cardiorrespiratórios [31]. Em 1990 foram elaborados critérios diagnósticos que, embora sejam atualmente criticados, ainda são muito utilizados, sobretudo em estudos de pesquisa clínica. Esses critérios auxiliam no diagnóstico dessa síndrome, diferenciando-a de outras condições que acarretem dor muscular ou óssea. Eles valorizam a questão da dor difusa por um período maior que três meses e a presença de pontos dolorosos padronizados [3235]. Esses pontos são considerados presentes quando, ao serem pressionados pelo médico a uma certa intensidade (4 kgf de pressão máxima), o indivíduo refere dor [36]. A presença de sensibilidade dolorosa em determinados sítios anatômicos, é um achado clínico importante e são chamados de “tender points” [37] ou “pontos dolorosos”. Faz-se importante ressaltar que os “pontos dolorosos” não são geralmente conhecidos pelos pacientes, e normalmente não se situam na zona central de dor por eles referida. Os critérios de resposta dolorosa em pelo menos 11 desses 18 pontos é recomendado como proposta de classificação, mas não deve ser considerado como essencial para o diagnóstico. Alguns pacientes com menos de 11 sítios dolorosos podem ser classificados como portadores de fibromialgia [38]. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 Figura 1 - “Tender Points” ou “Pontos Dolorosos”. Desde 1990 esses critérios estabelecidos pelo Colégio Americano de Reumatologia (ACR) são adotados internacionalmente para o diagnóstico da fibromialgia [39]. Fatores moduladores As manifestações de dor podem variar de acordo com o horário do dia, intensidade dos esforços físicos realizados, condições climáticas, aspectos emocionais e ligados ao padrão do sono [40]. Os principais fatores geradores e também moduladores são: estresse emocional, processos infecciosos (principalmente virais) e traumas físicos (DORT, cervicalgia pós-acidente, cirurgias de grande porte). As situações de estresse, falta de condicionamento físico e a reação psicológica às doenças poderiam atuar como amplificadores nociceptivos e perpetuadores dos sintomas dessa síndrome [1]. A dor Devido ao fato de a dor muscular ser o sintoma principal desta condição, os estudos do músculo tem recebido atenção de muitos investigadores. Durante os últimos anos, os estudos controlados, comparando a estrutura e a função muscular desses pacientes, apresentaram resultados controversos. Os achados histológicos nesses pacientes, tanto por microscopia ótica como por microscopia eletrônica, têm se mostrado normais ou com alterações estruturais não-específicas, que também são encontradas nos pacientes-controle [41-44]. A isquemia ou o distúrbio metabólico parece exercer influência, pelo menos nos sítios denominados “tender points”, pois os estudos do metabolismo muscular concluíram que existem anormalidades de oxigenação nesses pontos musculares [45,46]. Contudo, não foi provado ainda se tal anormalidade seria uma alteração primária do músculo, ou 85 seria secundário ao descondicionamento físico aeróbio desses indivíduos, uma vez que cerca de 80% dos fibromiálgicos apresentam níveis abaixo da média nos estudos de condicionamento aeróbio [47]. Uma antiga hipótese sobre a possibilidade de que “a hipóxia produziria espasmo muscular e isquemia, que conseqüentemente aumentaria a dor causando mais espasmos, e assim formaria um ciclo vicioso”, não se sustentou pela falta de evidência eletrofisiológica de espasmo muscular nestes pacientes [43]. A força e o desempenho muscular de pacientes portadores de SFM são comparáveis aos das pessoas normais [48,49]. Porém, existe uma diminuição da contração voluntária máxima (provavelmente pela falta de esforço voluntário) e, em alguns casos, uma diminuição na capacidade de relaxamento durante os intervalos de contração muscular dinâmica [43,50,51]. Trabalhos recentes aplicando a técnica de espectroscopia por ressonância magnética nuclear utilizando fósforo (P31), no intuito de estudar o metabolismo muscular na fibromialgia, não conseguiram demonstrar anormalidades, tanto nos “tender points” como em sítios não-dolorosos [52,53]. Os estudos de fluxo sangüíneo muscular demonstram alterações que podem ser justificadas apenas pelo descondicionamento físico [47]. Outra hipótese sugere que a origem da dor nesta síndrome seria por tensão muscular excessiva, que conduziria a uma excitabilidade elevada de seus nociceptores, ocasionando um aumento no tônus muscular, juntamente com uma disfunção simpática que levaria a um distúrbio na microcirculação e, novamente, a uma excitação de nociceptores [54]. Entretanto, estudos de eletroneuromiografia não demonstraram tensão muscular excessiva ou qualquer disfunção nervosa simpática [55-59]. Há também hipótese bastante razoável, em que são consideradas alterações centrais (sistema nervoso central) e periféricas (musculatura) na fibromialgia, que engloba, dentre outros fatores, a microcirculação muscular e o microtrauma repetitivo no músculo. Fatores genéticos (alterações nos receptores de serotonina, endorfina) e fatores precipitantes (trauma repetitivo, descondicionamento, distúrbios do sono) poderiam levar os nociceptores e mecanoceptores, que ocasionariam excitação na neurotransmissão da dor através SNC e do sistema nervoso simpático, a dor e a inatividade, que conduziriam ao descondicionamento do músculo e a fadiga, ficando o músculo mais exposto ao microtrauma. Os distúrbios do sono e outras condições orgânicas ou psicológicas poderiam agravar o microtrauma muscular [47]. Como se percebe, então, essa hipótese envolve também fatores centrais, como o estado psicológico ou as alterações nos neurotransmissores. Yunus [60] propõe um modelo de fisiopatologia que integram muitas das idéias publicadas e que sugere que o distúrbio primário na fibromialgia seria uma alteração em algum mecanismo central de controle da dor, o qual poderia resultar de uma disfunção de neurotransmissores. 86 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 Tal disfunção neuro-hormonal incluiria uma deficiência de neurotransmissores inibitórios em níveis espinhais ou supraespinhas (serotonina, encefalina, norepinefrina e outros), ou uma hiperatividade de neurotransmissores excitatórios (substâncias P, glutamato, bradimicina e outros peptídeos), ou ainda ambas as condições poderiam ser geneticamente predeterminadas e talvez desencadeadas por algum estresse não-específico como, por exemplo, uma infecção viral, estresse mental ou trauma físico. Uma excelente revisão foi publicada discutindo as anormalidades do eixo hipófise-hipotálamo-adrenal e o sistema nervoso simpático, que são os principais sistemas de resposta ao estresse, e suas interações com outras disfunções neuro-hormonais, e que podem todas contribuir para essa síndrome dolorosa crônica. Neste trabalho, sugere-se que a vulnerabilidade ao desenvolvimento de fibromialgia possa ser influenciada por fatores genéticos, ambientais e hormonais, causando alterações nos receptores neuro-hormonais; algum fator estressante agudo poderia desencadear o desenvolvimento de perturbação do eixo hipófise-hipotálamo-adrenal por mecanismos ainda não esclarecidos, mas que poderia envolver o sistema nervoso simpático e o sistema serotoninérgico. Talvez, então, o eixo hipófise-hipotálamo-adrenal possa desempenhar um papel na mediação e na perpetuação dos sintomas da síndrome da fibromialgia [61]. Evidências de anormalidades centrais e neuro-hormonais têm sido declaradas desde os primeiros estudos de polisonografia em fibromialgia que reportaram um padrão anormal de instrução de ondas alfa durante os estágios 2, 3 e 4 do sono não-REM, conhecido como traçado “alfa no delta” [6,62]. Esse achado corresponde a um aumento da tonicidade muscular global, a um aumento na freqüência respiratória e ao aparecimento de mioclonias. Convém lembrar que esses achados não são exclusivos da fibromialgia, podendo ocorrer na síndrome da fadiga crônica, na artrite reumatóide, na depressão e em outras condições ou, até mesmo, em pessoas saudáveis. Apesar da incerteza quanto à causa dos distúrbios do sono na fibromialgia, sabe-se que alterações nos neuro-hormônios modulares da dor exercem influência na fisiologia do sono e nos sintomas desta síndrome. A deficiência de serotonina, um neuro-hormônio inibitório da dor, pode contribuir para as anomalias do sono, depressão e amplificação da dor [63]. A liberação de sustância-P, um neuro-hormônio excitatório, é influenciada pela deficiência de serotonina, seja no sistema nervoso central, seja no sistema nervoso periférico e pode causar um aumento na percepção da dor [63]. Alguns acreditam que o triptofano, um precursor da serotonina e também um neuromodulador, e outros nove aminoácidos teriam sua concentração plasmática diminuída na fibromialgia e ainda, que existiria uma maior afinidade na ligação de imipramina aos receptores serotonérgicos plaquetários nesses pacientes [34]. Pesquisas também evidenciaram uma diminuição dos níveis de triptofano e de outros aminoácidos, e um aumento da concentração de substância-P, endorfinas e ácido 5-hidroxi-indolacético no sangue e no líquor de portadores de fibromialgia [33,34,60,63]. Em contraste com os estudos dos neuropeptídios moduladores da dor, pouca atenção foi dada a investigação das estruturas do SNC que estão envolvidas na percepção da dor. Os primeiros estudos neste sentido empregaram a tomografia computadorizada por emissão de fóton único (SPECT), no sentido de estudar fluxo sanguíneo cerebral. Em um deles constatou-se uma diminuição significativa do fluxo sanguíneo nas regiões bilaterais do tálamo e do núcleo caudado cerebral dos portadores da fibromialgia quando comparados com indivíduos saudáveis [64]. Esses achados trazem implicações importantes, uma vez que o tálamo exerce papel essencial na integração dos sinais da dor e nas gerações de sinais que regulam o eixo hipófise-hipotálamo-adrenal e, por sua vez, o núcleo caudado também está envolvido na percepção da dor, pois se demonstrou que uma quantidade expressiva de neurônios nociceptores específicos estão sitiados no núcleo caudado [65]. Em outro estudo, os resultados mostraram uma média normal de fluxo sangüíneo local e demonstrou reduções principalmente em áreas frontais, e também em regiões temporais, centrais e/ou parietais do córtex cerebral, sendo algumas de envolvimento bilateral [66]. Este trabalho pode ser interpretado como uma possibilidade da fibromialgia estar correlacionada com os distúrbios discretos, primários e/ou secundários, da função cerebral e com uma acentuação da disfunção em regiões corticais frontais. Ambos os estudos sustentam a hipótese de que a anormalidade de percepção da dor, que ocorre na fibromilagia, possa ser o resultado de um distúrbio funcional em estruturas cerebrais. As mais diversas anormalidades têm sido observadas nos portadores dessa síndrome músculo-esquelética crônica. Dentre elas as mais importantes são a substância-P elevada no líquor, a serotonina reduzida nas plaquetas; um nível baixo de triptofano e de adenosina e um metabolismo anormal de carboidratos nas hemácias; regulação da produção de cortisol; e diminuição de fluxo a sangüíneo em determinadas estruturas cerebrais [66]. Nenhumas dessas disfunções são específicas, portanto não devem ser empregadas para fins diagnósticos. Contudo, elas vêm possibilitando um melhor discernimento desta moléstia e conduzindo as diferentes atitudes terapêuticas em relação a seus portadores. A figura a seguir é proposta como um esquema resumido da hipótese neuro-hormonal da fisiopatologia da fibromialgia adaptada por Crofford e Demitrack. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 Figura 2 - Esquema resumido da hipótese neuro-hormonal da fisiopatologia da fibromialgia – adaptado de Crofford e Demitrack [1]. 87 venções não-farmacológicas [2]; apenas 5 foram encontrados analisando treino de força isoladamente. Apesar das evidências relatadas em estudos científicos demonstrarem um efeito benéfico do trabalho de força, ainda são necessários estudos que aprofundem os conhecimentos sobre os verdadeiros mecanismos que podem estar gerando esses efeitos positivos, assim como o estabelecimento de dose-resposta (freqüência, intensidade e volume) adequada e os efeitos crônicos. Com isso, são necessárias pesquisas com uma amostra maior, que possa comprovar a efetividade do treinamento de força. Tudo isso dará um maior embasamento teórico à prática dessa atividade. Treinamento da força muscular na síndrome da fibromialgia Exercícios e a fibromialgia Um dos primeiros investigadores a observar a relação entre dor e exercício foi Moldofsky [6]. Este estudo demonstrou que a privação do sono diminui o limiar de dor em sedentários, mas o mesmo não acontece em indivíduos treinados. Apenas uma década mais tarde, ensaios clínicos foram publicados demonstrando que exercícios aeróbios e o treinamento de força contribuem na diminuição da dor na fibromialgia [3,35,67]. Tendo referência no quadro apresentado, obtemos um somatório de resultados que ajudam a perceber o quanto pode o treinamento de força vir a contribuir na melhoria do quadro da SFM, pois foram encontradas melhora na força muscular; no quadro de depressão; uma melhora significativa da força muscular, sem aumento do quadro de dor proporcionado pela síndrome; e ainda, possivelmente ser responsável por melhoria do quadro clínico. De acordo com o levantamento bibliográfico, consultando artigos de periódicos nacionais, internacionais e eletrônicos no sistema Medline e Scielo e livros recentemente publicados, foram publicados nos últimos 20 anos: 30 ensaios clínicos sobre exercício físico no tratamento da fibromialgia, incluindo aproximadamente 1500 indivíduos: 12 avaliaram o condicionamento aeróbio; 10 estudaram programas combinados ou associados ao tratamento medicamentoso ou outras inter- Poucos estudos, com amostras pequenas, têm sido publicados sobre o fortalecimento muscular na fibromialgia. Estes demonstraram que o treino de força promove um conjunto maior de benefícios comparado com o treino de flexibilidade [69,71]. Além disso, estudos comprovam que o treinamento de força é seguro, não aumentando os sintomas de dor e nem provocando lesão, quando bem dirigido [71,72]. Mais estudos com relação ao treinamento de força são necessários, para haver maior garantia de sua seguridade e de seus benefícios à qualidade de vida [35,55]. Pacientes com SFM parecem necessitar de um período maior e mais esforço pessoal para adaptação a um programa de exercício. Por isso a progressão da carga deve ser mais lenta que o habitual. Além disso, alguns autores notaram que alguns pacientes podem até piorar nas primeiras 8 semanas de atividade física [76]. Este fato pode explicar porque ensaios de curta duração não demonstraram nenhuma melhora na qualidade de vida, enquanto, programas mais longos, com mais de 15 semanas, conseguiram observar melhora em vários aspectos, inclusive qualidade de vida. Um estudo piloto feito por Rooks et al. [72], em que se treinaram exercícios de força e aeróbios em portadores da SFM, observou melhoria geral de força e dos sintomas da SFM, sem ocorrência de lesões, e o que é destacado como mais importante: integração social, companheirismo, diversão também são alcançados durante o treinamento de força, além de todos os benefícios físicos adquiridos. Também foi observado que, com estímulo apropriado, a força pode ser desenvolvida, trabalhando-se com intensidades baixas inicialmente. Posteriormente, poderá ocorrer aumento gradual da carga (intensidade) de trabalho, com a garantia de poderem retornar a valores mais baixos caso não se adaptassem. Enfim, tal opção ficou por conta das próprias participantes. Esta estratégia deu segurança aos participantes e acredita-se que foi responsável pelos resultados obtidos. Acredita-se ainda que o excesso de cautela na determinação das intensidades em estudos anteriores, como a utilização de pesos inferiores àqueles que poderiam ser trabalhados para prevenir lesão 88 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 Tabela I - Principais estudos encontrados envolvendo treinamento de força e portadores da SFM Autor Martin et al. [68] Häkkinen et al. [69] Jones et al. [70] Geel et al. [71] Rooks et al. [72] Häkkinen et al. [73] Valkeinen et al. [74] Kingsley et al [75] Exercício Freqüência Intensidade A = 3x semana A = exercício aeróbico, força 6 semanas e flexibilidade B = 1x semana 60-80% FCmáx. B = relaxamento 6 semanas A = Treinamento de força B = Controle (sem treinamento) C = Indivíduos Saudáveis (com treinamento) A = fortalecimento progressivo B = flexibilidade estática A = musculação B = controle (sem treinamento) Treinamento de força e exercício aeróbio A = treinamento de força B = controle (sem treinamento) C = Indivíduos saudáveis (com treinamento) A = musculação B = controle (sem treinamento) A = Treinamento de força B = Controle (sem treinamento) Sujeitos Resultados A = 18 B = 20 Melhora significativa nos pontos de dor, escore de mialgia e condicionamento aeróbio do grupo A. A = 11 B = 10 C = 12 Melhora da força muscular e do quadro de depressão em A comparado a B. 2x semana 21 semanas Cargas crescentes 12 semanas 0,5 a 1,5 kg A = 28 B = 28 Melhora significativa da força 2x mais em A comparado a B, sem aumento da dor. 2x semana 8 semanas 60-70% de 1RM A = 10 B=6 Redução dos sintomas clínicos e melhoria da força muscular. Cargas progressivas N = 15 Treinamento de força é seguro. 21 semanas Cargas crescentes A = 11 B = 10 C = 12 Magnitude e o tempo de curso de adaptação neromuscular compatíveis entre os grupos A e C. 2x semana 21 semanas Cargas progressivas A = 13 B = 11 Aumento de 33% na força de extensão de perna e de 13% na flexão no grupo A em relação a B. 2x semana 12 semanas 40-80% 1 RM A =15 B =14 Melhoria da força e do quadro clínico. 20 semanas durante o estudo, foi responsável pela não ocorrência de alterações fisiológicas. Chegou-se a conclusão que o treinamento de força pode ser seguro, viável e benéfico para portadores de SFM e que mulheres com esta síndrome podem executar exercícios submáximos a uma intensidade suficiente para estimular adaptações fisiológicas na força muscular, sendo a aderência e a progressão do exercício fatores fundamentais para este processo. Os resultados obtidos sugerem a inclusão do treinamento de força nos programas de exercícios voltados aos portadores de SFM. Outro estudo realizado por King et al. [77] foi de grande importância para a constatação de como pode ser benéfico o treinamento de força para melhoria do quadro da SFM. Em um estudo randomizado, com treinamento de força isolado e uma baixa evasão (9%), concluiu-se que mulheres com SFM podem participar de um programa de treinamento de força especialmente delineado e obterem uma melhoria geral em seu quadro clínico, sem exacerbação dos sintomas por conta dos exercícios e sem aumento na utilização de medicamentos. Existem pesquisas que compararam a força de mulheres com fibromialgia e mulheres saudáveis e verificou-se que, em ambas, o sistema neuromuscular possui a mesma capacidade para se exercitar, mostrando também que este treino trouxe resultados positivos no tratamento dos sintomas da síndrome [28]. Programa de treinamento para portadores de fibromialgia Antes de iniciar um programa de exercícios é importante realizar uma avaliação funcional e cardiovascular para identificar condições que possam interferir no desempenho e na resposta ao exercício ou oferecer risco como doença coronariana e hipotensão postural. As co-morbidades musculoesqueléticas podem limitar o treinamento e devem ser tratadas previamente [32]. A anamnese também deve conter informações da história pregressa de hábito de atividade física – freqüência, modalidade, preferência, tolerância e comportamento familiar em relação ao exercício. Estas informações ajudam a individualizar a prescrição e aumentar a adesão [2]. A prescrição do exercício deve detalhar orientações sobre a intensidade inicial do treino e como aumentar progressiva- Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 mente a carga. Para adequada prescrição individual é importante considerar as preferências do indivíduo, co-morbidades, uso de medicamentos e capacidade funcional [79]. Estudos que buscam identificar os benefícios trazidos pelo treinamento de força no controle da fibromialgia, utilizando o alongamento como intervenção-controle, deveriam procurar um método menos questionável, pois foi observada alguma melhora na utilização de alongamento para o controle do quadro fibromiálgico [24]. A sugestão aqui oferecida sobre o programa de treinamento levou em consideração alguns aspectos do posicionamento oficial do American College of Sports Medicine [37] sobre o treinamento de força, para adultos saudáveis. Foram feitas algumas adaptações para a população com fibromialgia [1]: Freqüência das sessões de musculação: duas a três vezes por semana para alunos iniciantes, ou seja, para aqueles que nunca tiveram contato com exercícios físicos ou há muito tempo não os pratica; e de quatro a cinco vezes por semana para alunos que já tenham completado a fase de adaptação ou já vêm vindo de uma prática de atividade física recente, isto é, não iniciantes. Intensidade: evitar cargas excessivas. Iniciar com um trabalho muscular em torno de 40 a 60% da carga máxima (1 RM) ou da carga que possibilite o aluno a executar o número limite de repetições prescritas, ou seja, um treinamento de resistência muscular localizada. Volume: evitar grande número de repetições e séries extensas. Usar entre 10 a 15 repetições, com uma a três séries por exercício. O número de exercícios deve ser reduzido e devem ser usados exercícios, principalmente, para os grandes grupos musculares no princípio (cinco). A quantidade de exercícios deverá aumentar conforme a resposta fisiológica de cada aluno, com o desenvolvimento da força muscular e melhoria de seu quadro clínico. Seqüência dos exercícios: colocar primeiro os grupos musculares maiores e depois os menores, e priorizar os exercícios multiarticulares e depois os mono articulares. Velocidade de contração moderada: 1-2 segundos na fase concêntrica e 1-2 segundos na fase excêntrica (lembre-se: não enfatize a fase excêntrica). Intervalo: usar intervalos de descanso entre 60 a 120 segundos. Tipos de exercícios contra-indicados: Microlesões em fibras musculares foram observados após treinamento excêntrico e com pré-estiramento. Cabe ressaltar que a recuperação do dano causado nas fibras musculares durante o treinamento não segue o mesmo padrão temporal da dor pós-exercício - “dor tardia” - sentida por quem praticou a atividade: as fibras se recuperam, mas a dor ainda se encontra presente. Provavelmente, o dano da fibra muscular em si pode não ser a única causa da dor pós-exercício; outros fatores, tais como edema, inchaço ou inflamação, causados conjuntamente, poderão também estar relacionados [78]. Assim, exercícios com componente excêntrico elevado e exercícios com pré- 89 estiramento devem ser evitados para se evitar que, somado ao quadro de dor da SFM, acabe também por acarretar a “dor tardia” devido a estes tipos de exercícios, como descrito anteriormente. Progressão: aumentar o peso, gradativamente, entre 2 a 10% quando o aluno conseguir executar uma ou duas repetições a mais do que o número de repetições prescrito. Respiração: usar a respiração de forma natural ou passiva eletiva (expira na fase concêntrica e inspira na fase excêntrica). Material: elástico ou garrote (reduz o efeito da fase excêntrica), pesos livres, máquinas de musculação de resistência variável. O profissional que for ministrar o treinamento de força para portadores da SFM deve providenciar sua integração em uma equipe multidisciplinar: mantendo contato com médicos (reumatologista, endocrinologista), psicólogo, fisioterapeuta, massagista, acupunturista etc. É importante a troca de informações entre especialistas da área da saúde ou áreas afins, pois a SFM é uma patologia muito complexa e única em cada indivíduo, o que torna muito difícil o estabelecimento de uma única forma de tratamento. Monte, se possível, uma aula específica para um grupo com indivíduos portadores de SFM: a participação em grupo ajuda a encorajar, pois o sucesso de um contagia e motiva os demais. Lembre-se de que estes indivíduos sentem dor mesmo quando estão parados, então, a tendência é que, cada vez mais, eles diminuam seu nível de atividade física. Isso ocorre porque imaginam que a dor pode aumentar se fizerem esforço físico, quando na realidade, acontece o contrário; o baixo condicionamento físico pode agravar ainda mais os sintomas da SFM. Portanto, seu papel é estimulá-los. O programa deve incluir educação sobre a SFM: esclarecimentos sobre a doença irão ajudar seu aluno a compreender melhor suas limitações e possibilidades. O indivíduo precisa se sentir seguro e confiante. Monte um ciclo de palestras em sua academia com especialistas no assunto a fim de enriquecer seu trabalho e para que os alunos possam esclarecer as dúvidas. Isso ajudará e estimulará os bons resultados. Avaliação: primeiramente, seu aluno deve ser avaliado e diagnosticado pelo médico. O médico irá verificar, também, se o indivíduo não tem nenhuma outra patologia associada, que geralmente irá influenciar a gravidade dos sintomas da SFM. Após a liberação médica para a prática de exercícios físicos, o profissional de Educação Física, atento às avaliações e diagnósticos médico, deverá fazer uma anamnese de seu aluno portador da SFM, a fim de obter informações sobre seu nível de atividade física, sua experiência motora anterior e suas expectativas. O educador físico poderá pedir auxílio aos médicos ou psicólogos quanto à aplicação de questionários específicos para SFM, que possam complementar sua avaliação dos resultados com os indivíduos. Exemplos são Arthritis Impact Measurement (AIMS) e o Fibromyalgia Impact Questionnaire (FIQ), que é o mais usado no Brasil, avaliados 90 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 como válidos em uma população com SFM, ou mesmo o Short-Form Health Survey (SF-36), instrumento genérico que avalia a incapacidade física e para o trabalho. Estabelecer os objetivos de seu programa: informar aos portadores da SFM que o tratamento que irá propor é mais paliativo, ou seja, tem como objetivo maior o de amenizar seu quadro clínico, e não de provocar um desaparecimento por completo dos sintomas, pois ainda não há cura para a SFM. É importante estabelecer objetivos em curto, médio e longo prazos. Dentre os principais objetivos do programa de treinamento estão a redução do quadro miálgico, a melhora do sono e da capacidade funcional, o reforço muscular, o aumento da resistência aeróbia e o alívio do estresse. Conclusão O treinamento de força (TF) foi pouco pesquisado em portadores da Síndrome da Fibromialgia (SFM). Apenas recentemente o TF tem sido reconhecido como um recurso para promover saúde e melhoria da qualidade de vida em pessoas acometidas por doenças crônicas, porém ainda são poucos os estudos que buscaram obter seus efeitos em portadores da SFM, além disso, as amostras estudadas foram pequenas e o tempo de intervenção curto. Portanto, há necessidade de um número maior de estudos sobre a eficácia e efetividade, os benefícios e mecanismos do treinamento de força para portadores de fibromialgia, assim como estudos com maiores amostras, maior tempo de intervenção, e entre outras, questões metodológicas que possam interferir nas evidências produzidas. Pesquisas com relação à aplicação dos princípios do treinamento tornam-se necessárias, para maior seguridade no ato da prescrição dos exercícios. Tendo em vista que é uma síndrome que acomete grande porcentagem da população nacional, precisa ser mais divulgada nos meios acadêmicos, para que haja maior número de profissionais preparados para atender a demanda. Todavia, a literatura existente informa que o treinamento de força pode ser recomendado e utilizado, pois é eficaz e parece não acarretar lesão para os portadores da Síndrome da Fibromialgia (SFM), quando bem direcionado. Referências 1. Balsamo S, Simão R. Treinamento da força: para osteoporose, fibromialgia, diabetes tipo 2, artrite reumatóide e envelhecimento. São Paulo: Phorte; 2005. 2. Valim V. Benefícios dos exercícios físicos na fibromialgia. Rev Bras Reumatol 2006; 46:49-55. 3. Paula AP. Análise do comportamento do eixo hipotálamohipófise-gonodal em mulheres com fibromialgia durante o sono [tese]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 1999. 4. Norman HR. Muscle pain syndromes. Am J Phys Med Rehabil 2007;86(1Suppl):47-58. 5. Branco J, Atalaia A, Paiva T. 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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 93 Revisão Estudo sobre os fatores geradores de fadiga muscular A study about the factors involved in muscle fatigue Daniela Silva Scalon*, Vanessa Rodrigues Figueiredo*, Dernival Bertoncello, Ft., D.Sc.** *Acadêmicas do curso de Fisioterapia da Universidade de Uberaba, **Docente responsável pelo Laboratório de Bioengenharia e disciplina de Ciências Fisiológicas da Universidade de Uberaba, Uberaba – MG Resumo Abstract A fadiga é um processo fisiológico em que ocorre depleção das reservas energéticas associada ao acúmulo de catabólitos no organismo ou a outros fatores. Isto dificulta a continuação da atividade física, podendo provocar até incapacidade temporária para o exercício e/ou para o desempenho psicológico do indivíduo. Pode ser encarada como um elemento importante ou até mesmo essencial do estímulo global para os músculos aprimorarem sua força ou fazerem outras adaptações estruturais e metabólicas. A fadiga parece preceder uma lesão funcionando como mecanismo de proteção para evitar o esgotamento total das reservas físicas. Este estudo teve o objetivo de avaliar os fatores geradores de fadiga muscular, procurando identificar aqueles que envolvem aspectos clínicos. Para isso, foram realizadas buscas em bases de dados que contemplam periódicos científicos, como Medline, Pubmed e Lilacs. O período tomado como base para coleta de artigos científicos foi dos últimos 10 anos. A pesquisa também tomou como base livros e textos de caráter didático relacionados ao tema. Conclui-se com esta pesquisa quais os principais agentes metabólicos que levam à fadiga, seja ela de origem central ou periférica. Procurou-se elucidar a função deste processo não como falha do organismo, mas sim como agente protetor de lesões. Fatigue is a physiological process in which there is a depletion of energy reserves related to the accumulation of catabolites in the organism or to other factors. It makes it hard to continue the physical activity and it can even cause temporary incapacity to physical exercise and/or psychological performance. It can be considered as an important or even an essential factor to global stimulus in order to make muscles gain strength and make structural and metabolic adaptations. Fatigue seems to be a lesion working as a mechanism of protection to avoid the total debility of physical reserves. This study aims at evaluating the factors responsible for muscular fatigue, trying to identify those which involve clinical aspects. To accomplish it, our research database included data from scientific publications, such as Medline, Pubmed and Lilacs. The articles consulted were published within ten years. The research was also based on textbooks related to the subject. This research points the main metabolic agents that lead to central or peripheral fatigue. We tried to elucidate the function of this process not as a failure of the organism, but as a protecting agent against muscular damage. Key-words: muscle fatigue, muscle damage, central fatigue, peripheral fatigue. Palavras-chave: fadiga muscular, lesões musculares, fadiga central, fadiga periférica. Recebido em 12 de janeiro de 2008; aceito em 20 de agosto de 2008. Endereço para correspondência: Daniela Silva Scalon, Rua Silva Jardim, 358, 38190-000 Sacramento MG, E-mail: daniscalon@ yahoo.com.br 94 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 Introdução Na fisiologia do exercício a fadiga muscular tem se destacado como um dos temas mais estudados [1]. Durante este processo, ocorre esgotamento das reservas energéticas e redução da atividade enzimática, os quais provocam o acúmulo de catabólitos e leva a distúrbios hídricos, alterações nas trocas eletrolíticas, na coordenação (inter e intramuscular), na percepção sensorial, além de diminuição na produção do neurotransmissor presente no neurônio motor somático [2]. Dentre os fatores geradores desse processo, estão a movimentação de íons potássio (K+), sódio (Na+), cloro (Cl-), magnésio (Mg++) em suas atividades intra e extracelulares; modificações de pH, temperatura e do fluxo sangüíneo, além de resultados metabólicos da hidrólise, como a adenosina monofostato (AMP), adenosina difosfato (ADP), inosina monofosfato (IMP), fosfato inorgânico (Pi) e amônia; lesão muscular, destacando aquela ocorrida por exercício predominantemente em contrações excêntricas; também, o stress oxidativo ou a perda da homeostasia do íons cálcio (Ca++) [1,3]. Da mesma forma, ocorre queda na produção hormonal, em especial de corticóides e adrenalina e acúmulo ou falta de acetilcolina nas sinapses, essenciais para realização da atividade física [4]. Essas modificações fisiológicas fazem com que haja queda da capacidade de desempenho físico e/ou psicológico; ainda assim sendo possível a manutenção da carga mesmo que isto custe maior gasto energético. Podem surgir distúrbios na atenção, na concentração e no pensamento em conjunto com atenuação de vontade e aumento do tempo de reação [3-8]. Até 1977, Guyton [9] definia a fadiga como um processo com origem apenas sobre a depleção de ATP nas fibras musculares, de modo que o trabalho nervoso continuaria a funcionar – os impulsos nervosos seriam transmitidos, normalmente, da junção neuromuscular para a fibra muscular e os potenciais de ação naturalmente se propagariam pelo músculo. Em conceito mais atual, Pires e Grosso [10] conceituaram a fadiga como falência da propagação do potencial de ação e do acoplamento do sistema de contração-relaxamento. Pode-se encontrar esse resultado através da eletroestimulação neuromuscular de baixa e média freqüência. É mais apropriado conceituar a fadiga como um mecanismo protetor da vida por prevenir o início de aumento de força muscular irresponsável e suas conseqüentes e numerosas lesões desportivas, além de proteger os processos de recuperações subseqüentes [8,11]. Os dois principais processos implicados no surgimento do fenômeno da fadiga, que são constituídos da transmissão do sinal nervoso e da cadeia energética metabólica, interagem fortemente e se sobrepõem constantemente, constituindo em tal modo, seja singular ou sinergicamente, a causa desencadeante deste fenômeno [12]. Outro fator relacionado à fadiga é a emoção intensa que acompanha competições importantes, pois são capazes de desencadear os fatores psicológicos e emocionais que devem ser considerados tanto na análise da estrutura quanto na metodologia do desenvolvimento da resistência à fadiga [13]. A fadiga muscular pode acontecer em quase todos os exercícios físicos, sejam eles realizados por indivíduos sadios ou por indivíduos debilitados. O presente estudo procurou oferecer embasamento teórico sobre os fatores desencadeadores de fadiga, os quais poderão contribuir para outros trabalhos e para melhores avaliações de pacientes e atletas. Assim, este estudo teve o objetivo de identificar os fatores geradores de fadiga muscular procurando relacionar aqueles que envolvem aspectos práticos. Material e métodos Foram utilizados neste estudo buscas em bases de dados, que contemplam periódicos científicos, como Medline e Bireme, usando as combinações de palavras: fadiga muscular (muscle fatigue), fadiga física (physical fatigue), exercícios e fadiga (fatigue and exercise) Os artigos selecionados foram os compreendidos no período de 1994-2006, com destaque aos nacionais. A partir dessas informações, foi elaborado um texto de revisão no qual foram discutidos os aspectos da fadiga muscular periférica, fadiga central e os instrumentos de avaliação da fadiga. Fatores determinantes do processo de fadiga Ascensão et al. [1] citam que a ocorrência de fadiga pode ser influenciada pela idade, sexo e pela prevalência dos padrões de ativação e coativação de alguns grupos musculares. O sistema neuromuscular possui características importantes como a capacidade de adaptação crônica de acordo com os diferentes estímulos recebidos. A fadiga muscular é um exemplo comum de adaptação às alterações agudas que ocorrem em exercícios intensos e suas manifestações podem ocorrer durante e após o exercício, seja ele máximo ou submáximo [1,3]. Adicionalmente, os mecanismos responsáveis pela fadiga dependem de fatores como intensidade, tipo (aeróbico ou anaeróbico) e duração do exercício, atividade contrátil, composição fibrosa do músculo em contração – as fibras do tipo II se fadigam mais facilmente que as fibras tipo I – e nível de condicionamento individual [5,8,14,15]. Em exercício físico intenso e prolongado, a fadiga está relacionada à hipoglicemia –diminuição da glicose e conseqüente diminuição da oxidação de carboidratos. Já em exercícios com intensidade alta (90% de VO2máx) e de curta duração, uma parte da energia, que seria destinada para a atividade física, é utilizada na produção de metabólitos como o lactato, íons hidrogênio (H+), Pi e ADP que acabam por acumular-se levando à diminuição do rendimento, mesmo tendo sido utilizados os fosfatos de alta energia e preservado o glicogênio [5]. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 Pinto et al. [16] afirmam que o aumento da temperatura corporal, gerado pelo metabolismo na atividade física e/ou influência ambiental, como também o estado de hidratação do indivíduo, poderiam acelerar o início da fadiga. Os mecanismos capazes de diminuir a elevação da temperatura corporal em ambientes quentes podem ser: a umidificação da pele; resfriamento facial; o uso de roupas especiais; a exposição prévia a ambientes frios e a imersão em água fria poderiam provocar mais tolerância ao esforço [17,18]. A fadiga possui causas multifatoriais e pode ser dividida em dois componentes principais: a fadiga periférica, ou local, e a fadiga central. Na fadiga periférica ocorrem as modificações fisiológicas já descritas e que resultam em disfunção no processo de contração. Esta alteração é levada ao sistema nervoso central através de nervos sensoriais (fadiga central) que, por sua vez, transmite sinais inibitórios provocando um declínio ou queda total do desempenho físico cujo objetivo é preservar a integridade estrutural da fibra muscular, prevenindo possíveis danos irreversíveis à mesma [6,18]. Porém, também pode resultar de decréscimo progressivo da velocidade e freqüência de condução em impulso voluntário na atividade física (fadiga predominantemente central) [1]. Segundo Santos, Dezan e Sarraf [8], a fadiga central acontece quando é afetada a parte nervosa da contração muscular, e a periférica, quando se verifica deterioração dos processos bioquímicos e contráteis. Fadiga periférica Um erro, ou uma limitação em um ou mais processos na unidade motora – neurônios motores, nervos periféricos, nas ligações neuromusculares ou fibras musculares – leva à fadiga periférica [8]. A fadiga sináptica ocorre quando o período de excitação é progressivamente prolongado e intensificado, reduzindo gradualmente a transmissão sináptica, tornando deprimida a sensibilidade dos circuitos neuronais [19]. A acetilcolina é um neurotransmissor que possui como principal precursor a colina, cujo consumo reduzido parece provocar a diminuição da capacidade dos impulsos nos músculos esqueléticos [8]. O início desse modo de fadiga depende do tipo de fibra muscular utilizada no exercício, pois as fibras de contração rápida (tipo II) têm melhor desempenho anaeróbico favorecendo maior capacidade de formar ácido lático. Contudo, o acúmulo de ácido lático poderia dificultar a função muscular através de dois mecanismos fisiológicos. Por um lado, o aumento de H+ reduz o pH intracelular deteriorando o processo de excitação-contração por reduzir a quantidade de Ca++ liberada pelo retículo sarcoplasmático (RS) de modo que interfere na capacidade de fixação cálcio-troponina. Por outro lado, uma maior concentração de H+ torna a glicólise mais lenta, reduzindo, por conseguinte, a disponibilidade de ATP na produção de energia [8]. 95 Já as fibras de contração lenta (tipo I), têm o sistema oxidativo mais desenvolvido na produção energética e, em estudos com animais, verificou-se que a redução da força deste tipo de fibra seria devido a alterações miofibrilares e no RS [6]. Uma das hipóteses para a causa da fadiga periférica é a da “depleção de glicogênio”, uma das principais formas de armazenamento energético. O glicogênio normalmente é quebrado para formar moléculas de ATP, a qual representa a energia potencial para a realização dos diversos trabalhos biológicos que necessitam energia, por exemplo, a contração muscular [5]. A quebra da creatina fosfato e a degradação do glicogênio muscular a ácido lático ocorrem durante o exercício de alta intensidade sendo as maiores vias de fornecimento de ATP. Com a diminuição do glicogênio e da creatina, a energia anaeróbica e o desempenho do exercício podem diminuir [3]. Durante a contração muscular, ocorre hidrólise do ATP em ADP e o seu retorno à ATP (refosforilação) acontece durante processos aeróbicos ou oxidativos, como também em exercícios anaeróbicos de alta intensidade. Cada dois ADPs geram um ATP e um AMP. Quando há déficit nessa refosforilação, aumenta o número de ADP e AMP. Este último é quebrado a IMP em atividade moderada, liberando amônia durante a reação, que é vinculada tanto à fadiga central como à periférica. O aumento da sua concentração na atividade física tem relação com a composição das fibras musculares, com a intensidade e o tempo de exercício [5]. Durante a realização de séries repetidas, o nível de fosfocreatina (CP) e sua ressíntese sofrem redução em vista de sua utilização na formação de ATP durante as séries acarretando em queda na ressíntese de ATP e levando à fadiga [17]. Quando ocorre a ressíntese de ATP e de CP há incorporação de H+ às reações. Com aumento dessas ressínteses, então, aumenta-se o consumo de H+ evitando a queda de pH e prevenindo a instalação da fadiga [17]. A formação de IMP e amônia no exercício intenso e prolongado é inversamente proporcional à degradação do glicogênio intramuscular, o qual leva à deficiência de energia no nucleotídeo de adenina [5]. Neste mesmo tipo de atividade, ocorre acúmulo de lactato acarretando queda do pH. Esta condição de acidose inibe a enzima PFK (fosfofrutoquinase) e reduz o processo de glicólise prevenindo, desta forma, a acidez para que não aconteça morte celular ou a fadiga precoce [5,8]. Pode ainda ocorrer diminuição na geração máxima de força devido ao acúmulo de ácido láctico. Isso constitui um dos principais fatores causadores da fadiga. A acidose por aumento do H+ interfere na contração muscular ou no processo de excitação-contração. O declínio na geração de força contrátil no músculo via efeito metabólico nas proteínas contráteis e a redução da liberação de Ca++ do retículo sarcoplasmático são fatores que geram fadiga. Este processo pode ter início pelas altas con- 96 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 centrações de lactato por aumentar a concentração de íons H+ diminuindo o pH [3]. Essas alterações no retículo sarcoplasmático podem ser críticas, pois ele atua como local de armazenamento de Ca++ e ainda controla as concentrações citoplasmáticas deste íon, a qual regula a força das contrações. A redução de Ca++ pode causar dificuldade no relaxamento e a redução da força perante a fadiga [3]. A análise do lactato plasmático permite verificar as fases aeróbica e anaeróbica durante o esforço físico e definir o momento em que o indivíduo estará mais predisposto à fadiga [5]. É possível ainda, predizer o treinamento ideal e, assim, permitir que a pessoa tenha melhora da performance sem prejudicar suas funções corporais. Fadiga central A importância do metabolismo de proteínas e aminoácidos para o desempenho em atividades prolongadas permaneceu relegada a segundo plano por muitos anos [5]. Pode-se dizer que a fadiga central ocorre por queda da condução do impulso nervoso de forma voluntária ou involuntária, causando redução relativa de unidades motoras e da freqüência de ativação dos motoneurônios. Para estudar o papel do sistema nervoso central na produção da fadiga, utilizam-se exercícios em contrações interpoladas nos quais se promove, através da eletroestimulação, uma contração maior que a máxima e, assim, compara-se com a máxima gerada pelo indivíduo. Nesta situação ocorre feedback reflexo advindo de mecanoceptores – fusos neuromusculares, e/ou órgãos tendinosos de Golgi, ou terminações nervosas do tipo III e IV – sensíveis ao acúmulo de alguns metabólitos que, por isso, inibem a taxa de descarga dos motoneurônios durante a fadiga. Além disso, ocorre déficit na condução do impulso nervoso a partir das regiões superiores do cérebro [1]. Quando ocorre em nível supra-espinhal é através da inibição aferente desde os fusos neuromusculares, sendo que pode acontecer redução de sensibilidade causada pela excessiva utilização da maior parte dos circuitos neurais [8]. O neurotransmissor dopamina foi o primeiro a ser estudado em sua relação com a fadiga central. Possivelmente ela inibe parte das sínteses de metabolismo da serotonina (5-HT) retardando a fadiga central. Baixas concentrações de dopamina possivelmente diminuem a coordenação e leva à perda de motivação. O aumento da dopamina em relação a 5-HT, em algumas regiões do cérebro, pode levar ao desenvolvimento de motivação, estimulação e coordenação muscular. Entretanto, quando a serotonina está em maior concentração em relação à dopamina, é possível a ocorrência de fadiga [5,8]. Alguns esportistas passaram a ingerir drogas dopaminérgicas a fim de aumentar o desempenho por melhorar a função motora. Além disso, utilizou-se para a perda de peso por ser um agente também anorético e supressor de apetite [5]. Tem sido estudada a comparação do tempo de exercício até a exaustão com a variação da síntese e liberação, no cérebro, de alguns neurotransmissores, os mesmos, associados à motivação, à atenção, ao humor, à depressão, e à coordenação neuromuscular. Por exemplo, a razão serotonina/dopamina, o papel da cafeína – bloqueia receptores da adenosina, a qual é um potente inibidor excitatório do SNC – em exercícios de longa duração [1,5]. Conforme Kreider apud Rogero, Mendes e Tirapegui [20], quando há diminuição dos estoques de energia como conseqüência da redução do glicogênio muscular, pode ocorrer estimulação da oxidação intramuscular de aminoácidos de cadeia ramificada (AACR), como a leucina, isoleucina e valina, os quais competem com o triptofano livre pela ligação a um mesmo transportador de aminoácidos neutros na barreira hemato-encefálica fazendo com que haja sua diminuição plasmática. Isto facilitaria a captação hipotalâmica de triptofano e, a partir deste, ocorreria maior produção de serotonina estabelecendo-se a fadiga central caracterizada, principalmente, pela desmotivação [8,17,20,21]. Portanto, a fadiga que ocorre por aumento da atividade serotonérgica no cérebro é chamada fadiga central [5], visto que a modulação da serotonina relaciona-se diretamente com a regulação da dor, comportamento alimentar, humor, fadiga e sono [17,20,21]. A amônia (NH3) em acúmulo no cérebro pode prejudicar a coordenação, o controle motor e o sistema oxidativo local. Pode ser resultado do catabolismo dos AACR associado à fadiga central [8]. O triptofano (TPF) é encontrado no plasma de forma livre ou ligado à albumina. No exercício prolongado, há aumento da forma livre, pois os ácidos graxos, que estão em maiores concentrações, competem com o TPF para ligaremse à albumina. O TPF é transportado através da barreira hemato-encefálica em sua forma livre, ou seja, quando não está ligado à albumina, gerando um acréscimo na síntese cerebral de serotonina [1,17,20,21]. Alguns estudos, por isso, sugerem a suplementação ergogênica com AACR já que concorrem com o TPF pela entrada no cérebro podendo retardar a fadiga em exercícios de longa duração [1]. A acetilcolina é um neurotransmissor produzido de acordo com a disponibilidade de seu precursor, a colina, sendo normalmente relacionada com a produção de força muscular. Portanto, há relação entre a queda plasmática de colina e o início da fadiga em exercícios de longa duração, mesmo que ainda não esteja determinado se esta é um tipo de fadiga central ou de fadiga periférica. Contudo, não houve sucesso em estudo conduzido por Spector et al. , citado por Ascensão [1], com suplementação oral de bitartrato de colina, pois não houve como resultado aumento do tempo de exercício até a exaustão ou aumento plasmático de colina. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 Métodos de avaliação da fadiga Muitos modelos experimentais são utilizados visando o entendimento das causas da incapacidade de manutenção de um nível de performance. Dentre esses modelos, pode-se citar os estudos in vitro na busca da verificação da função das estruturas celulares, por exemplo, o sarcolema, o retículo sarcoplasmático (RS), as mitocôndrias ou o aparelho miofibrilar. Neste tipo de estudo, também, pode-se verificar alterações metabólicas de adenosina trifosfato (ATP), ADP, Pi, potencial de hidrogênio iônico (pH) e íons cálcio, relacionados à fadiga [1]. Da mesma forma, o tecido muscular pode ser estudado in vitro. Neste caso, são estudadas fibras individuais (com sarcolema intacto ou removido), onde são impostas a diferentes protocolos de estimulação elétrica para se obter a relação entre as mudanças nas condições do meio e a tensão gerada pelas fibras. Outro tipo de estudo possível é o in situ, de unidades motoras isoladas estimulando-se o nervo motor de animais anestesiados. Este tipo de estudo, assim como os do tipo in vitro não permitem recrutar de forma relativa as fibras musculares de acordo com seu nível de fadiga. Os trabalhos in vivo são os que se destacam no estudo da fadiga, visto que há uma análise das ações orgânicas e sistêmicas na atividade e na recuperação. Para isso, podem ser realizadas biópsias musculares rapidamente, durante e imediatamente após a finalização do exercício [1]. A eletromiografia (EMG) é uma técnica que possibilita o registro dos sinais elétricos que são gerados pela despolarização das células musculares possibilitando estudo in vivo. Assim, a EMG possibilita o registro da atividade muscular durante o movimento. No entanto, essa técnica não fornece informação a respeito do torque e é preciso ter entendimento quanto à utilização e limitações do equipamento e é realizada freqüentemente em condições isométricas, mesmo que a fadiga possa ser induzida por qualquer outro tipo de exercício. Portanto, a EMG é uma técnica para avaliação da fadiga muscular e representa o instrumento eletrodiagnóstico mais utilizado em procedimento clínico [1,16,22]. O limiar de fadiga pode ser observado através da relação limiar entre intensidade e a taxa de aumento da atividade eletromiográfica. O limiar de fadiga seria a intensidade do exercício, a qual poderia ser mantida indefinidamente sem alterações na ativação neuromuscular, ou seja, sem aumento dos sinais eletromiográficos ao longo do tempo [23]. Através do sinal mioeletétrico, pode ser observado o comportamento temporal da amplitude e da freqüência. Pela velocidade de propagação dos potenciais de ação das fibras musculares, pode-se também observar as mudanças na permeabilidade do sarcolema em função do acúmulo de metabólitos e, conseqüentemente, nas suas propriedades em relação à propagação dos potenciais de ação das fibras musculares [22]. A redução da freqüência na fadiga muscular, segundo Ascensão et al. [1], parece ser influenciada, predominantemente, 97 pela diminuição da velocidade de condução do potencial de ação por conseqüência, pelo menos em parte, do aumento da concentração de ácido lático no exercício levando à diminuição do pH. O aumento da amplitude do sinal do EMG na situação de fadiga muscular parece ocorrer devido ao aumento da amplitude do potencial de ação, mudança na ordem de recrutamento das unidades motoras, aumento do recrutamento de unidades motoras ou pela elevação das taxas de disparo do neurônio motor. Isto ocorre com o objetivo de compensar a redução da função motora [24,25]. Outro método para análise é através da lactacidemia. A partir de uma determinada intensidade de trabalho, a concentração sanguínea de lactato aumenta devido à intensificação da via glicolítica resultando na conversão do piruvato em lactado [26]. Como existe relação entre fadiga e depleção das reservas de gliocogênio, a diminuição da velocidade em que ocorre o limiar de lactacidemia sugere maior possibilidade de fadiga. Assim sendo, a medida do lactato pode ser usada como instrumento de avaliação da fadiga. No entanto, não deve ser o único parâmetro utilizado para analisar a aproximação da fadiga periférica [5]. Um dos métodos utilizados na quantificação da lactacidemia é a espectroscopia de Raman, que consiste em uma técnica de espectroscopia vibracional usada para determinação da estrutura molecular e para a identificação e quantificação de materiais. É utilizada como uma possível ferramenta para identificação de metabólitos como o ácido láctico no sangue ou em músculo esquelético, in vivo, e de uma forma não-invasiva, baseados no fato de que cada componente bioquímico apresenta um espectro vibracional característico, com bandas estreitas e bem resolvidas. Em trabalho realizado por Souza et al. [27], com ratos Wistar machos, utilizando a técnica de forma in vivo e in vitro, houve confirmação de que este método apresenta informações da presença de ácido láctico quando há aumento de sua concentração na musculatura. Porém, trata-se ainda de uma tecnologia em desenvolvimento. O dinamômetro isocinético também tem se apresentando como um equipamento de grande importância para se identificar o momento em que o indivíduo tem queda da performance do movimento e, assim, identificar índice de fadiga [28,29]. No entanto, o custo ainda elevado do equipamento dificulta sua aplicabilidade em situações de avaliação e/ou tratamento. Também, utiliza-se de procedimentos de ressonância nuclear magnética para uma análise mais precisa da situação metabólica no músculo induzida pelo exercício. A eletromiografia constitui outra técnica que busca analisar a fadiga através de alguns dos seus indicadores [1]. Cada parâmetro avaliado, a fim de se considerar o índice ou grau de fadiga, pode ser complementado por análise subjetiva, como a proposta pela escala de Borg, em que o indivíduo sinaliza sua percepção do esforço em determina- 98 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 do momento [23,30]. A escala analógica de dor também é apresentada como uma ferramenta útil na prática clínica, a fim de considerar o fator dor como sinal da presença de fadiga [31,32]. Implicações da fadiga para a clínica Através da eletroestimulação (EE) pode-se promover fortalecimento e hipertrofia muscular, ajudando como um complemento no processo e facilitando a conduta fisioterapêutica. É realizada através de corrente elétrica fazendo com que ocorra contração muscular. Porém, devido à fadiga, a maior limitação da EE é a queda precoce da força muscular. Binder Mac Leond e Mc Dermond apud Pires e Grosso [10] afirmam que os fatores determinantes da força muscular são a intensidade e a freqüência, propondo que quanto maior a freqüência, maior a fadiga muscular. Os segundos autores indicam a corrente de média freqüência para produzir maior força e menor fadiga musculares. A fadiga muscular induzida pela EE pode ser avaliada pela análise da atividade do sinal eletromiográfico e também pela escala visual analógica [10]. A mensuração da eletromiografia, dos metabólitos e da força durante um exercício cansativo, possibilita a identificação dos possíveis fatores causadores da fadiga [6]. Em relação aos atletas de alta performance, as lesões provenientes do processo de supertreinamento comumente ocorre após sucessivas manifestações de fadiga. Os métodos para avaliação e identificação do overtraining são pouco utilizados. No entanto, se o treinador conhecer os mecanismos geradores de fadiga, pode identificar o momento de parar ou diminuir a carga de treinamento, através dos sinais e sintomas apresentados pelo atleta [33-36]. Na clínica geral ou de especialidades, os fatores geradores de fadiga podem ser indicativos da presença de doença, já instalada ou em vias de desenvolvimento. Um exemplo é das manifestações clínicas da fibromialgia, cujos sinais e sintomas são muitas vezes decorrentes do processo de fadiga física [37,38]. Visto que os fatores desencadeantes da fadiga muscular sofrem a influência do estado emocional do indivíduo, há que se sugerir a estimulação verbal, na qual parece ser necessário certo apelo psicológico no intuito de elevar o limiar de fadiga por tornar forte a vontade de realizar e vencer a atividade imposta. Isso pode ser conseguido com frases imperativas de incentivo cuidando para que não haja aumento, por essa influência, da “auto-cobrança”, pois esta poderia, de forma equívoca, atrapalhar o desempenho. Também, estímulos táteis na atividade ativo-assistida poderiam incentivar positivamente, pois assim é demonstrado que com um pouco mais de vontade, pode-se chegar ao movimento máximo sem que ocorra a fadiga. Outra condição seria evitar o excesso de treinamento que, portanto, deverá ser quantificado e qualificado indivi- dualmente de modo que o terapeuta deverá estar atento às características e aos objetivos do tratamento ou treinamento. Um indivíduo melhor condicionado parece ter um limiar de fadiga mais elevado comparando-se àquele descondicionado considerando a melhor capacidade anaeróbica ou metabólica em geral. Conclusão A redução, principalmente, de fosfocreatina e glicogênio além de alterações em outros compostos desempenham papel-chave no desencadeamento da fadiga. Não obstante, é influente o aspecto psicológico ou de motivação individual, os quais imperam no desempenho físico de forma voluntária ou involuntariamente. Novas pesquisas devem ser realizadas no intuito de desvendar como alguns outros componentes, não citados neste trabalho, estão relacionados a esse processo, por exemplo, o monóxido de azoto, os radicais livres e magnésio. Ao finalizar essa revisão pode-se concluir que a fadiga é representada por fenômenos sucessivos e interdependentes e, mesmo sem saber qual o fator desencadeante inicial, este processo acontece na cadeia fisiológica da contração muscular visando à proteção. Desta forma, funciona como mecanismo protetor da atividade celular por prevenir o início de aumento de força muscular excessivo e suas conseqüentes e numerosas lesões desportivas. Além disso, protege os processos de recuperações subseqüentes. Referências 1. Ascensão A, Magalhaes J, Oliveira J, Duarte J, Soares J. Fisiologia da fadiga muscular: delimitação conceptual, modelos de estudo e mecanismo de fadiga de origem central e periférica. Rev Port Ciênc Desporto 2003;3:108-123. 2. Weineck J. Treinamento ideal. 9ª ed. São Paulo: Manole; 1999. 3. Sales RP, Miné CEC, Franco AD, Rodrigues EL, Silva RS, Cogo JC et al . 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O objetivo de qualquer programa de recondicionamento físico é levar o atleta ao estado ideal anterior à lesão e elaborar um programa de manutenção preventiva capaz de minimizar a possibilidade de o atleta ter nova lesão. Os protocolos mostrados neste trabalho ajudam o preparador físico a ter constância e continuidade durante todo o processo de recondicionamento físico, lembrando que se trata apenas de diretrizes, pois sabemos que cada atleta tem suas necessidades específicas quando se trata de futebol. Portanto, são essenciais as avaliações iniciais e as reavaliações subseqüentes ao programa de recondicionamento físico para o controle da sobrecarga. One of the most challenging areas of sports rehabilitation is the athlete reconditioning after athletic injury. The objective of any program of physical reconditioning is to take the athlete to previous ideal state of the injury and to elaborate a program of preventive maintenance capable to minimize the possibility to have new injury. The protocols shown in this work, help the physical instructor to have constancy and continuity during all the process of physical reconditioning, remembering that these are only some procedures, because we know that each athlete has its specific needs when we are talking about soccer. Therefore, it is essential the initial evaluations and the subsequent reevaluation to the physical reconditioning program for the overload control. Palavras-chave: recondicionamento físico, lesão, futebol. Key-words: physical reconditioning, injury, soccer. Recebido em 12 de fevereiro de 2008; aceito em 12 de agosto de 2008. Endereço para correspondência: Marcus Vinicius Grecco, Rua Ribeiro de Barros 81/31, Vila 05027-020 Pompéia SP, E-mail: [email protected] Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 Introdução O atleta, após a reabilitação fisioterápica, estará clinicamente recuperado, mas, dependendo do grau da lesão e do tempo que o atleta esteve em recuperação, ele não estará apto a suportar as cargas de treinamento e competição. De um modo geral, na Fisioterapia, o foco principal é restabelecer clinicamente o membro lesionado, fazendo com que haja um déficit de coordenação intra e intermuscular nos demais grupos musculares não lesionados. Para que este déficit seja minimizado, torna-se necessário um período de recondicionamento físico para que o atleta tenha condições físicas e psicológicas de voltar a trabalhar em grupo. Antes de o atleta entrar em um programa de recondicionamento físico, será preciso seguir os critérios provenientes de uma avaliação detalhada da equipe de medicina esportiva, composta por médicos e fisioterapeutas: • ter amplitude normal do movimento da coluna e extremidades; • força muscular até 20% de diferença com o lado não cometido, sendo o ideal situar-se entre 0 e 10%; • exame neurológico sem anormalidades; • edema não persistente; • estabilidade articular adequada; • sem dor ao movimento; • sem uso de medicamento. O condicionamento físico (CF) pode ser entendido como exercícios orientados, que visam aumentar qualitativa e ou quantitativamente o desempenho físico. A função do CF não se embasa exclusivamente no aumento de rendimento físico do atleta, mas também na prevenção de lesões, manutenção da saúde do atleta e da capacidade funcional do movimento. Em geral, o CF indica modificação do rendimento físico, refletido na performance geral dos atletas. O objetivo principal do CF é o desenvolvimento das capacidades motoras (condicionais e coordenativas) do atleta, necessárias para obter um melhor rendimento motor, que se faz por meio de exercícios corporais. Na prática, traduz-se pela execução variada de exercícios apropriados para fins de performance educacional no movimento esportivo. O CF é pautado por uma visão de totalidade que reconhece, na dinâmica da organização dos diversos sistemas corporais envolvidos na prática de exercícios, a capacidade de interação com o meio ambiente, possibilitando uma via de desenvolvimento do potencial atlético. A plasticidade humana, funcional ou estrutural, caracteriza-se como um grande diferencial no processo de adaptação ao treinamento, demonstrando a capacidade de interação de organismo humano e meio ambiente, resultando, dessa maneira, na organização e obtenção de novos patamares de estabilidade atingidos [1-3]. O grande mérito do CF, com intuito reabilitativo, é fazer com que o atleta retorne às suas atividades nas mesmas condições prévias a uma lesão, promovendo também a prevenção de lesões e estabelecendo a manutenção e progressão para um CF ideal de alto rendimento. No entanto, a estrutura 101 deve estar baseada em uma equipe interdisciplinar (médico, fisioterapeuta, educador físico, nutricionista etc.) e recursos materiais (espaço físico, material esportivo e de avaliação etc.) que proporcionarão condições para que a prescrição do recondicionamento físico possa ser realizada e cumprida com êxito frente a todos os aspectos envolvidos no retorno ao esporte competitivo. O São Paulo Futebol Clube é um centro de excelência no que diz respeito à reabilitação e preparação física de atletas de futebol. Seu departamento médico realiza, além do diagnóstico e tratamento, avaliações e orientações de condicionamento físico e aptidão física, que servirão como parâmetros mensuráveis e objetivos da evolução, estado clínico e resultados esportivos. Por se tratar de categorias de base no futebol competitivo, o condicionamento físico (CF) tem que ser respaldado, além de avaliações fisiológicas e de aptidão física, de uma boa avaliação maturacional para controle adequado de sobrecarga de treino, que se resume na averiguação dos seguintes itens: • idade de espemarca, desenvolvimento dos genitais e pêlos pubianos; • análise percentual de maturação das cartilagens de crescimento nas imagens radiológicas de punho e mão; • análise laboratorial de dosagens plasmáticas dos hormônios adrenal desidroepiandrosterona que indicado para avaliar a maturidade dos meninos; • idade dental. Os protocolos, que serão apresentados, foram elaborados pelo preparador físico responsável pelo recondicionamento físico destes atletas das categorias de base de futebol do São Paulo Futebol Clube. O objetivo dos protocolos é reintegrar o atleta ao grupo em condições de suportar as cargas de treino e competição sem ter que trabalhar separado do grupo e não dividir o foco do preparador físico de cada categoria com trabalhos paralelos ao trabalho do grupo. Sendo assim, o trabalho de recondicionamento físico que se inicia após a alta da fisioterapia irá abordar capacidades físicas latentes ao bom desempenho do atleta dentro de campo [1,4,3]. Força Quando o treinamento de força é diminuído ou cessado, ocorre uma perturbação no estado biológico das células musculares e órgãos do corpo. Isso resulta em uma diminuição acentuada no bem estar fisiológico e na produção física do atleta [5]. A falta do treinamento de força diminui progressivamente a força de contração muscular e, toda vez isso ocorre, o mesmo acontece com velocidade, potência e rapidez nas mudanças de direção. Para atletas inativos, a taxa de perda de força por dia pode ser, grosso modo, de 3 a 4% na primeira semana. Para alguns atletas, especialmente no futebol onde a força e velocidade dominam, esta pode ser uma perda substancial [2]. Quando esta interrupção chega a 2 ou 3 semanas, podem causar um aumento de perturbações psicológicas, como ce- 102 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 faléias, insônia, sensação de exaustão, maior tensão, maiores oscilações de humor, falta de apetite e depressão psicológica, podendo qualquer atleta sofrer um desses sintomas ou uma combinação deles. Todos os sintomas estão relacionados à queda nos níveis de testosterona e à beta-endorfina, um composto neuroendócrino que é o principal precursor das sensações de euforia após os exercícios [6,5,7]. Esses sintomas não são patológicos e podem ser revertidos com um reinício rápido do treinamento. O trabalho de força será orientado apenas para sua manifestação de resistência de força, utilizando os exercícios e métodos aplicados na sua própria categoria. da corrida, precisando de estímulos proprioceptivos para recuperar seu padrão normal de movimento. O estímulo de velocidade sem sobrecargas adicionais e recuperação completa é muito importante para a coordenação intramuscular (sincronização das unidades motoras) e intermuscular, pois exige maiores amplitudes articulares e alta freqüência de execução, atuando seletivamente sobre as fibras musculares IIb [2,11]. Coordenação A Coordenação está presente em todas as capacidades citadas acima, pois todas elas estão intimamente ligadas entre si (Figura 1). Resistência A resistência cardiovascular (VO2) é visivelmente afetada por médias e longas fases de inatividade. Estudos têm mostrado uma queda de 6% no VO2, após 2-4 semanas de inatividade, e declínios de 15% após uma interrupção de 3 meses [2]. A manutenção da resistência cardiovascular é mais difícil quando o treinamento regular é interrompido, em comparação com a força, velocidade e agilidade. Estudos mostram que o treinamento de resistência cardiovascular deve ser realizado 3 vezes por semana, para que não haja declínio nos valores de VO2máx [8,9]. O trabalho de resistência poderá ser orientado para a capacidade aeróbia, potência aeróbia e resistência mista aeróbiaanaeróbia, de acordo com a necessidade do atleta e do tempo em que esteve parado. Propõe-se a corrida contínua com o objetivo exclusivamente regenerativo nos dias seguintes aos treinos de força e coordenação. Os métodos de treinamento intervalado e as corridas com variação de velocidade serão utilizados de acordo com a evolução individual de cada atleta. Velocidade A velocidade tende a ser a primeira capacidade a ser afetada pela inatividade, já que o rompimento da proteína e a degeneração das unidades motoras diminuem as capacidades de potência da contração muscular. A velocidade requer um alto nível de adaptação das células nervosas. Sua perda pode, em princípio, estar relacionada à sensibilidade do Sistema Nervoso à inatividade [10]. Uma melhora da velocidade está, igualmente, ligada à da força. O trabalho de velocidade será orientado para o aspecto coordenativo da corrida de velocidade e salto, com prioridade para a primeira. Os estímulos de velocidade são os exercícios educativos e coordenativos de corrida, exercícios de agilidade e mudanças de direção em espaços pequenos, multisaltos, pliometria com os dois pés ou um pé só. São empregados tempos de recuperação completa entre os exercícios e séries, enfatizando sempre a qualidade do movimento. Os atletas que ficam afastados muito tempo têm uma alteração no padrão da marcha ou Figura 1 - Interrelação da coordenação com outras qualidades físicas. A coordenação é a capacidade de um atleta acionar diferentes grupos musculares para produzir um determinado movimento específico. Os atletas com capacidades coordenativas bem desenvolvidas otimizam suas capacidades físicas e obtêm uma melhor performance na sua modalidade esportiva [12]. São utilizados exercícios de propriocepção e equilíbrio, exercícios cognitivos e exercícios combinados. Os exercícios e métodos aplicados serão adotados de acordo com o protocolo utilizado em cada categoria. Tempo de recondicionamento físico Sugere-se para os atletas que disputam competições: a) 1 semana na Fisioterapia = volta direto para a equipe; b) passando de 1 semana: recondicionamento físico = tempo de Fisioterapia ÷ 2. A liberação do atleta pode ocorrer antes ou depois deste prazo, dependendo da resposta individual de cada um. As tabelas 1 a 3 apresentam exemplos de atletas que ficaram 8 semanas apenas sendo tratados na fisioterapia. Nota-se que o prazo máximo que se deveria submeter um atleta ao recondicionamento físico é de 8 semanas, ou seja, se o atleta ficar inativo por 20 semanas, ele será submetido a ‘apenas’ 8 semanas de recondicionamento físico. Contudo, frisamos que nos referimos apenas a diretrizes mais gerais. A sensibilidade Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 do preparador físico é fundamental no acompanhamento e na prescrição dos exercícios. Nas Tabelas, o soccer test refere-se a uma medida de resistência aeróbica contendo 4 níveis de intensidade, cada um deles com 60 metros. Entre um nível e outro aumentase a velocidade da corrida por estimulo auditivo. Ao final de cada nível há um intervalo de 10 segundos para se passar para o próximo nivel. Ao final do 4º nível, caso o atleta consiga 103 alcançá-lo, afere-se a freqüência cardíaca. O treino contínuo refere-se ao treinamento de resistencia aeróbia, mantendose uma intensidade estável determinada pelo treinador. A potência aeróbia-treino intervalado (4x2, significa 4 minutos em velocidade baixa e 2 minutos em velocidade alta) determinando-se a intensidade do treino através do soccer test e aplicada para aumentar o limiar anaeróbio. Tabela I - Protocolo de recondicionamento físico (Categoria Sub 15). 2a. Feira 3a. Feira * Avaliação matura1o. Microciclo cional Força (peso corporal / Resistência contínuo Treinamento funcional Esteira (20 minutos) 70% / musculação). 70% FC Soccer Test* da carga utilizada pelo Atleta na Categoria 2a. Feira 3a. Feira * Avaliação matura2o. Microciclo cional Força (peso corporal / Treinamento funcional / Resistência contínuo musculação) + coorCampo ** (30 minutos) denação 80% da carga 80% FC Soccer Test utilizada pelo Atleta na Categoria 2a. Feira 3a. Feira * Avaliação matura3o. Microciclo cional Força (peso corporal / treinamento funcional / Potência aeróbia 4x musculação) + coor(5x2)*** (28 minutos) denação 90% da carga 90% FC Soccer Test utilizada pelo atleta na categoria 2a. Feira 3a. Feira * Avaliação Matura4o. Microciclo cional Força (peso corporal / Potência aeróbia 3x (8x2) Treinamento funcional / musculação) + coorde(30 minutos) 90% FC Soccer test + flexibilinação 100% da carga utilizada pelo atleta na dade categoria 4a. Feira 5a. Feira 6a. Feira Resistência contínuo Campo (30 minutos) 70% FC Soccer Test Coordenação + flexibilidade Resistência intervalado - Esteira FartLek 3x1 (20 minutos) 70% x 85% FC Soccer Test 4a. Feira 5a. Feira Resistência intervalado - Esteira FartLek 3x1 (20 minutos) 75% x 85% FC Soccer Test Velocidade (sem bola) 4a. Feira 5a. Feira 6a. Feira * Avaliação maturacional Força (Peso Corporal / Treinamento Funcional / Musculação) + Coordenação 80% da carga utilizada pelo Atleta naCategoria 6a. Feira Coordenação + agilidaResistência contínuocampo (30 minutos) 80% de + velocidade (com Trabalho técnico FC Soccer Test bola) 4a. Feira 5a. Feira 6a. Feira Resistência contínuocampo (30 minutos) 80% FC Soccer Test + flexibilidade Agilidade + coordenação + velocidade com mudanças de direção Trabalho técnico 104 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 Tabela II - Protocolo de recondicionamento físico (Categoria Sub 17). 2a. Feira 1o. Microciclo 3a. Feira Força (treinamento Resistência contínuo funcional / musculação). esteira (20 minutos) 70% 70% da carga utilizada FC Soccer Test pelo atleta na categoria 2a. Feira 3a. Feira 2o. Microciclo Força (treinamento Resistência contínuo funcional / musculação) campo (30 minutos) 80% + coordenação 80% FC Soccer Test da carga utilizada pelo Atleta na Categoria 2a. Feira 3a. Feira 3o. Microciclo Força (Treinamento Potência aeróbia 4x (5x2) funcional / musculação) (28 minutos) 85% FC + coordenação 90% da carga utilizada pelo Soccer Test atleta na categoria 2a. Feira 3a. Feira 4o. Microciclo Força (treinamento Potência aeróbia 3x (8x2) funcional / musculação) (30 minutos) 90% FC + coordenação 100% Soccer Test + flexibilida carga utilizada pelo dade atleta na categoria 4ª. Feira 5a. Feira Resistência contínuo Campo (30 minutos) . 70% FC Soccer Test Coordenação + flexibilidade 4ª. Feira 5a. Feira Resistência intervalado - esteira FartLek 3x1 (20 minutos) 70% x 85% FC Soccer Test Velocidade (sem bola) 4ª. Feira 5a. Feira 6a. Feira Resistência intervalado - esteira FartLek 3x1 (20 minutos) 70% x 85% FC Soccer Test 6a. Feira Força (treinamento funcional / musculação) + coordenação 80% da carga utilizada pelo atleta na categoria 6a. Feira Força (treinamento Resistência contínuoCoordenação + agilida- funcional / musculação) + coordenação 100% campo (30 minutos) 70% de + velocidade (com da carga utilizada pelo FC Soccer Test bola) atleta na categoria 4ª. Feira 5a. Feira 6a. Feira Resistência contínuocampo (30 minutos) 80% FC Soccer Test + flexibilidade Agilidade + coordenação + velocidade com mudanças de direção Trabalho técnico 5a. Feira 6a. Feira Tabela III - Protocolo de recondicionamento físico (Categoria Sub 20). 2a. Feira 1o. Microciclo 3a. Feira Força (treinamento Resistência contínuo funcional / musculação) esteira (30 minutos) 70% 70% da carga utilizada FC Soccer Test pelo atleta na categoria 2a. Feira 3a. Feira 2o. Microciclo Força (treinamento Resistência intervalado funcional / musculação) - Esteira FartLek 2x3 (30 + coordenação 80% minutos) 70% x 85% FC da carga utilizada pelo Soccer Test atleta na categoria 2a. Feira 3a. Feira 3o. Microciclo Força (Treinamento Potência Aeróbia 5x (4x1 funcional / musculação) / 5x2 / 6x3 / 7x4) (32 + Coordenação 90% minutos) 85% FC Soccer da carga utilizada pelo Test + flexibilidade atleta na categoria 2a. Feira 3a. Feira 4o. Microciclo Potência aeróbia 4x (7x3) Força (treinamento (35 minutos) 90% FC funcional / musculação) Soccer Test + flexibili100% da carga utilizada dade pelo atleta na categoria 4ª. Feira Resistência contínuo Coordenação + flexibicampo (30 minutos) 70% lidade FC Soccer Test 4ª. Feira 5a. Feira Resistência contínuo campo (30 minutos) 80% Velocidade (sem bola) FC Soccer Test 4ª. Feira Força (treinamento funcional / musculação) + Coordenação 90% da carga utilizada pelo atleta na categoria 4ª. Feira Resistência intermitente (30 minutos) 75% a 90% FC Soccer Test + flexibilidade 5a. Feira Resistência intermitente (30 minutos) 75% a 90% FC Soccer Test + flexibilidade 5a. Feira Agilidade + coordenação + pliometria + velocidade com mudanças de direção Resistência intervalado - esteira FartLek 3x2 (30 minutos) 70% x 85% FC Soccer Test 6a. Feira Força (treinamento funcional / musculação) + coordenação 80% da carga utilizada pelo atleta na categoria 6a. Feira Força (treinamento funcional / musculação) + coordenação 100% da carga utilizada pelo atleta na categoria 6a. Feira Trabalho técnico Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 Referências 1. La Rosa AF. As direções físicas condicionais. In: Treinamento Desportivo: do ortodoxo ao contemporâneo. 1a ed. São Paulo: Phorte; 2007. p.133-136. 2. Bompa TO. Recuperação, fadiga, sobretreinamento e destreinamento. In: Treinando atletas de desporto coletivo. 1a ed. Porto Alegre: Phorte; 2005. p. 343-46. 3. Schreiner P.Treinamento geral de coordenação. In: Entrenamiento de la coordinación en el fútbol.1ª ed. Barcelona: Pai do Tribo; 2002. p. 17-19. 4. Bangsbo J. Testes de condição física. In: Entrenamiento de la condición física en el fútbol. 3a ed. Barcelona: Paidotribo; 2002. p. 103-104. 5. Manso JMG, Valdivieso MN. Bases teóricas del entrenamiento deportivo. Barcelona: Gymnos; 1996. 6. Tidow G. Muscular adaptations induced by training and detraining-a rewiew of biopsy studies. New studies in athletics 1995;10(1):29-49. 105 7. Fleck S, Kraemer W. O fenômeno do destreinamento. In: Fundamentos do treinamento de força muscular.3a ed. Porto Alegre: Artmed; 2006. p. 249-254. 8. Batista CAS. Exame clínico geral pré-participação. In: Barros T. O exercício. Preparação fisiológica, avaliação médica, aspectos especiais e preventivos.1ª ed. São Paulo.:Atheneu;1999. p.51-59. 9. Barros TA atividade física moderada desacelera o decréscimo de VO²max com a idade? Rev Soc Cardiol 2001;11:51. 10. Boileau RA. Desenvolvimento das condições anaeróbicas e aeróbicas em jovens. Rev Bras Ciência Mov 1990;2:48-54. 11. Holmich P. Effectiveness of active physical training treatment for long-standing adductor-related goinpainin athletes:randomised trial. Lancet 1999;353:439-43. 12. American College of Sports. The recommended quantity and quality of exercise developing and maintaining cardiorespiratory and muscularfitness, and flexibility in healthy adults position stand. Med Sci Sports Exerc1998;30:975-91. 106 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 Normas de publicação Fisiologia do Exercício A Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício é uma publicação com periodicidade bimestral e está aberta para a publicação e divulgação de artigos científicos das áreas relacionadas à atividade física. Os artigos publicados na Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício poderão também ser publicados na versão eletrônica da revista (Internet) assim como em outros meios eletrônicos (CD-ROM) ou outros que surjam no futuro, sendo que pela publicação na revista os autores já aceitem estas condições. A Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício assume o “estilo Vancouver” (Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedical journals) preconizado pelo Comitê Internacional de Diretores de Revistas Médicas, com as especificações que são detalhadas a seguir. Ver o texto completo em inglês desses Requisitos Uniformes no site do International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), www.icmje.org, na versão atualizada de outubro de 2007 (o texto completo dos requisitos está disponivel, em inglês, no site de Atlântica Editora em pdf ). Os autores que desejarem colaborar em alguma das seções da revista podem enviar sua contribuição (em arquivo eletrônico/email) para nossa redação, sendo que fica entendido que isto não implica na aceitação do mesmo, que será notificado ao autor. O Comitê Editorial poderá devolver, sugerir trocas ou retorno de acordo com a circunstância, realizar modificações nos textos recebidos; neste último caso não se alterará o conteúdo científico, limitando-se unicamente ao estilo literário. 1. Editorial Trabalhos escritos por sugestão do Comitê Científico, ou por um de seus membros. Extensão: Não devem ultrapassar três páginas formato A4 em corpo (tamanho) 12 com a fonte English Times (Times Roman) com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc; a bibliografia não deve conter mais que dez referências. 2. Artigos originais São trabalhos resultantes de pesquisa científica apresentando dados originais de descobertas com relação a aspectos experimentais ou observacionais, e inclui análise descritiva e/ou inferências de dados próprios. Sua estrutura é a convencional que traz os seguintes itens: Introdução, Material e métodos, Resultados, Discussão e Conclusão. Texto: Recomendamos que não seja superior a 12 páginas, formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito, etc. Tabelas: Considerar no máximo seis tabelas, no formato Excel/ Word. Figuras: Considerar no máximo 8 figuras, digitalizadas (formato .tif ou .gif ) ou que possam ser editados em Power-Point, Excel, etc. Bibliografia: É aconselhável no máximo 50 referências bibliográficas. Os critérios que valorizarão a aceitação dos trabalhos serão o de rigor metodológico científico, novidade, originalidade, concisão da exposição, assim como a qualidade literária do texto. 3. Revisão Serão os trabalhos que versem sobre alguma das áreas relacionadas à atividade física, que têm por objeto resumir, analisar, avaliar ou sintetizar trabalhos de investigação já publicados em revistas científicas. Quanto aos limites do trabalho, aconselha-se o mesmo dos artigos originais. 4. Atualização ou divulgação São trabalhos que relatam informações geralmente atuais sobre tema de interesse dos profissionais de Educação Física (novas técnicas, legislação, etc) e que têm características distintas de um artigo de revisão. 5. Relato ou estudo de caso São artigo de dados descritivos de um ou mais casos explorando um método ou problema através de exemplo. Apresenta as características do indivíduo estudado, com indicação de sexo, idade e pode ser realizado em humano ou animal. 6. Comunicação breve Esta seção permitirá a publicação de artigos curtos, com maior rapidez. Isto facilita que os autores apresentem observações, resultados iniciais de estudos em curso, e inclusive realizar comentários a trabalhos já editados na revista, com condições de argumentação mais extensa que na seção de cartas do leitor. Texto: Recomendamos que não seja superior a três páginas, formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito, etc. Tabelas e figuras: No máximo quatro tabelas em Excel e figuras digitalizadas (formato .tif ou .gif ) ou que possam ser editados em Power Point, Excel, etc Bibliografia: São aconselháveis no máximo 15 referências bibliográficas. 7. Resumos Nesta seção serão publicados resumos de trabalhos e artigos inéditos ou já publicados em outras revistas, ao cargo do Comitê Científico, inclusive traduções de trabalhos de outros idiomas. 8. Correspondência Esta seção publicará correspondência recebida, sem que necessariamente haja relação com artigos publicados, porém relacionados à linha editorial da revista. Caso estejam relacionados a artigos anteriormente publicados, será enviada ao autor do artigo ou trabalho antes de se publicar a carta. Texto: Com no máximo duas páginas A4, com as especificações anteriores, bibliografia incluída, sem tabelas ou figuras. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 PREPARAÇÃO DO ORIGINAL 1. Normas gerais 1.1 Os artigos enviados deverão estar digitados em processador de texto (Word), em página de formato A4, formatado da seguinte maneira: fonte Times Roman (English Times) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc. 1.2 Numere as tabelas em romano, com as legendas para cada tabela junto à mesma. 1.3 Numere as figuras em arábico, e envie de acordo com as especificações anteriores. As imagens devem estar em tons de cinza, jamais coloridas, e com resolução de qualidade gráfica (300 dpi). Fotos e desenhos devem estar digitalizados e nos formatos .tif ou .gif. 1.4 As seções dos artigos originais são estas: resumo, introdução, material e métodos, resultados, discussão, conclusão e bibliografia. O autor deve ser o responsável pela tradução do resumo para o inglês e também das palavras-chave (key-words). O envio deve ser efetuado em arquivo, por meio de disquete, CD-ROM ou e-mail. Para os artigos enviados por correio em mídia magnética (disquetes, etc) anexar uma cópia impressa e identificar com etiqueta no disquete ou CD-ROM o nome do artigo, data e autor. 2. Página de apresentação A primeira página do artigo apresentará as seguintes informações: - Título em português, inglês e espanhol. - Nome completo dos autores, com a qualificação curricular e títulos acadêmicos. - Local de trabalho dos autores. - Autor que se responsabiliza pela correspondência, com o respectivo endereço, telefone e E-mail. - Título abreviado do artigo, com não mais de 40 toques, para paginação. - As fontes de contribuição ao artigo, tais como equipe, aparelhos, etc. 3. Autoria Todas as pessoas consignadas como autores devem ter participado do trabalho o suficiente para assumir a responsabilidade pública do seu conteúdo. O crédito como autor se baseará unicamente nas contribuições essenciais que são: a) a concepção e desenvolvimento, a análise e interpretação dos dados; b) a redação do artigo ou a revisão crítica de uma parte importante de seu conteúdo intelectual; c) a aprovação definitiva da versão que será publicada. Deverão ser cumpridas simultaneamente as condições a), b) e c). A participação exclusivamente na obtenção de recursos ou na coleta de dados não justifica a participação como autor. A supervisão geral do grupo de pesquisa também não é suficiente. Os Editores podem solicitar justificativa para a inclusão de autores durante o processo de revisão do manuscrito, especialmente se o total de autores exceder seis. 4. Resumo e palavras-chave (Abstract, Key-words) Na segunda página deverá conter um resumo (com no máximo 150 palavras para resumos não estruturados e 200 palavras para 107 os estruturados), seguido da versão em inglês e espanhol. O conteúdo do resumo deve conter as seguintes informações: - Objetivos do estudo. - Procedimentos básicos empregados (amostragem, metodologia, análise). - Descobertas principais do estudo (dados concretos e estatísticos). - Conclusão do estudo, destacando os aspectos de maior novidade. Em seguida os autores deverão indicar quatro palavras-chave para facilitar a indexação do artigo. Para tanto deverão utilizar os termos utilizados na lista dos DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) da Biblioteca Virtual da Saúde, que se encontra no endereço Internet seguinte: http://decs.bvs.br. Na medida do possível, é melhor usar os descritores existentes. 5. Agradecimentos Os agradecimentos de pessoas, colaboradores, auxílio financeiro e material, incluindo auxílio governamental e/ou de laboratórios farmacêuticos devem ser inseridos no final do artigo, antes as referências, em uma secção especial. 6. Referências As referências bibliográficas devem seguir o estilo Vancouver definido nos Requisitos Uniformes. As referências bibliográficas devem ser numeradas por numerais arábicos entre parênteses e relacionadas em ordem na qual aparecem no texto, seguindo as seguintes normas: Livros - Número de ordem, sobrenome do autor, letras iniciais de seu nome, ponto, título do capítulo, ponto, In: autor do livro (se diferente do capítulo), ponto, título do livro (em grifo - itálico), ponto, local da edição, dois pontos, editora, ponto e vírgula, ano da impressão, ponto, páginas inicial e final, ponto. Exemplo: 1. Phillips SJ, Hypertension and Stroke. In: Laragh JH, editor. Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management. 2nd ed. New-York: Raven press; 1995. p.465-78. Artigos – Número de ordem, sobrenome do(s) autor(es), letras iniciais de seus nomes (sem pontos nem espaço), ponto. Título do trabalha, ponto. Título da revista ano de publicação seguido de ponto e vírgula, número do volume seguido de dois pontos, páginas inicial e final, ponto. Não utilizar maiúsculas ou itálicos. Os títulos das revistas são abreviados de acordo com o Index Medicus, na publicação List of Journals Indexed in Index Medicus ou com a lista das revistas nacionais, disponível no site da Biblioteca Virtual de Saúde (www.bireme.br). Devem ser citados todos os autores até 6 autores. Quando mais de 6, colocar a abreviação latina et al. Exemplo: Yamamoto M, Sawaya R, Mohanam S. Expression and localization of urokinase-type plasminogen activator receptor in human gliomas. Cancer Res 1994;54:5016-20. Os artigos, cartas e resumos devem ser enviados para: Guillermina Arias - Atlantica Editora Rua da Lapa, 180/1103 - Lapa - 20241-080 Rio de Janeiro RJ Tel: (21) 2221 4164 - E-mail: [email protected] 108 Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 7 Número 2 - maio/agosto 2008 Calendário de eventos 2008 2009 Novembro Janeiro 9 a 12 de novembro 10 a 14 de janeiro 5 a 8 de dezembro 11 a 14 de fevereiro V Congresso Brasileiro de História da Educação Aracajú, SE Informações: http://www.sbhe.org.br/ Australian and New Zealand Society for Comparative Physiology and Biochemistry University of Sydney http://www.zoo.latrobe.edu.au/anzscpb/ E-mail: [email protected] 24º. Congresso Internacional de Educação Física Foz de Iguaçu, PR Informações: www.congressofiep.com XIII Simpósio Brasileiro de Fisiologia Cardiovascular Ouro Preto, MG Informação: www.xiiisbfc.ufop.br R evi s ta R e v i s t a B r a s i l e i r a Bra si l ei ra Fisiologia d e exercício do IS S N 16778510 Fisiolog do exercí Fisiologia do exercício Fi si ologi a Brazilian Journal of Exercise Physiology Fisiologia Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício do exercício d o Fisiologia do exercício Fisiol ex er c í c i o do exer F i s i o l o g exercício Fisiologia do exercíc F i s i o l o g i a do do e x e rcício NUTRIÇÃO Fisiologia Fisiologia do Fisiolog do e x e r c í c i o • Perfil nutricional de praticantes do de badminton exercí F i s i o l o g i a Fisiologia e x e r c í c i o CARDIOLOGIA do e x e r c í c i o do exercício • Qualidade de vida após revascularização de miocárdio Fisiologia F i s i o l o g i a exercício do e x e r c í c i o volu me 0 7 - nú mero 0 2 • M ai/ Ag o 2 0 0 8 Fisiologia do d e Fisiologia do exercício • Freqüência cardíaca máxima e consumo de oxigênio em mulheres saudáveis do Fisiologia do exercício para isio l ofibromiálgicos gia F i s i o l F i s i o •l Treinamento o g i a deFforça do e r c í muscular c i o do e x e r e x e • r Fatores c í c geradores i o do edex fadiga físico após lesão ia F i s i o l o g i a F i s i o l o•gRecondicionamento Fisiolo F i s i o l o g i a exercício exerc do e x e r c í c i o MUSCULAÇÃO do Fisiologia do e x e r cESPORTE ício exercício do e x e ergogênicos rcíci • Consumo de recursos Fisiologia do exercício www.atlanticaeditora.com.br o do Fisiologia do exercício v o l u m e 0 7 - nú m e r o 02 • M a i/A g o 2008