Texto: II Crônicas 07:15,16 “Agora estarão abertos os meus olhos e atentos os meus ouvidos à oração deste lugar. Porque agora escolhi e santifiquei esta casa, para que o meu nome esteja nela perpetuamente: e nela estarão fixos os meus olhos e o meu coração todos os dias”. Introdução. A partir do momento que o homem pecou e perdeu a comunhão com o criador surgiu a necessidade de um lugar onde o homem pudesse buscar a sua presença, adorá-lo e oferecerlhe sacrifícios. Enfim, um lugar que Deus se agradaria de “estar”. Este lugar foi, de uma certa forma, evoluindo: começando por um altar, passando pelo tabernáculo, chegando ao templo e, finalmente, culminando com a mais perfeita construção que se tem conhecimento – o homem – feito pelas mãos do próprio Deus (João 4:23,24 “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade”). I. Porquê a necessidade de uma “casa” para Deus. Quando o homem perdeu o seu estado de perfeição/santidade, por conseqüência do pecado, estava, agora, impossibilitado de continuar tendo a mesma comunhão com o Todo Poderoso (Isaías 59:2, “Mas as vossas iniqüidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus: e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça”). II. O altar. (xbzm mizbeach / yusiasthrion thusiasterion). Mesa feita de madeira, terra ou pedras, sobre a qual se ofereciam os sacrifícios (Ex 27:1; 20:24; Dt 27:5). Os altares de madeira eram revestidos de algum metal e tinham pontas (chifres) nos quatro cantos (Lv 4:25). Fugitivos ficavam em segurança quando corriam e se agarravam a essas pontas (I Rs 2:28). Havia também o altar do incenso, que ficava no Santo Lugar (Ex 30:1-10). Está implícito na Bíblia que, ainda nos dias de Adão, havia um lugar específico para se oferecer sacrifícios a Deus, conforme Gênesis 4:3,4, “E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor. E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura: e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta”. Noé, Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, ergueram altares para adorar a Deus e oferecer-lhe sacrifícios e nestes altares a voz do Senhor ecoava. Até a construção do Tabernáculo, no deserto, temos na Bíblia o altar como lugar exclusivo para se oferecer sacrifícios a Deus. III. O Tabernáculo e sua simbologia. (Nkvm mishkan / lha „ohel / hko cukkah / skhnh skene / skhnov skenos / skhnwma skenoma). Grande barraca onde eram realizados os atos de adoração durante o tempo em que os israelitas andaram pelo deserto, depois da sua saída do Egito (Ex 25-27). O Tabernáculo continuou a ser usado até que o Templo foi construído, no tempo do rei Salomão. O Tabernáculo era o local onde se realizava o culto público, o palácio do Rei invisível, a santa habitação de Deus, o lugar em que ele encontrava seu povo e com eles tinha comunhão, era o lugar do encontro de Deus com o homem. Era transitório, uma vez que a sua estrutura era adequada para a caminhada no deserto e simbolizava, em suma, a presença de Deus no meio do povo de Deus a caminho da terra prometida que manava leite e mel. Considerações acerca do Tabernáculo: O Tabernáculo era um santuário, um lugar separado para o Senhor habitar entre o povo e encontrar-se com os seus. A glória do Senhor estava sobre o tabernáculo de dia e de noite; Era chamado Tabernáculo do Testemunho porque continha os dez mandamentos que lembravam sempre ao povo, da santidade de Deus e das suas leis; Era o lugar onde Deus concedia o perdão dos pecados mediante um sacrifício vicário/substituto; Falava do céu, onde Cristo nosso sumo sacerdote eterno intercede por nós; Apontava para a redenção final quando, então, haverá novo céu e uma nova terra, o “Tabernáculo de Deus com os homens” (Apocalipse 21:3, “E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus”). O rei Davi observando o conforto e a segurança de sua casa, sentiu-se incomodado com a situação da Arca de Deus (II Samuel 7:2, “Disse o rei ao profeta Natã: Ora olha, eu moro em casa de cedros e a arca de Deus mora dentro de cortinas”), planejou construir uma casa para Deus; porém, Deus não permite, mas conforta-o, dando-lhe a certeza de que seu filho, o sucessor real, a construiria (II Samuel 7:12,13, “Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus pais, então farei levantar depois de ti a tua semente, que sair das tuas entranhas, e estabelecerei o seu reino. Este edificará uma casa ao meu nome, e confirmarei o trono do seu reino para sempre”). Com a ascensão de Salomão ao trono, no quarto ano de seu reinado deu-se início a construção do templo. IV. O Templo. Edifício construído no monte Moriá, em Jerusalém, no qual estava centralizado o culto a Javé em Israel. A Bíblia nos mostra a existência de três templos distintos, ou seja, da construção de três templos em épocas diferentes, a saber: a) O primeiro Templo foi construído por Salomão, mais ou menos em 959 a.C, e destruído pelos babilônios em 586 a.C (II Rs 25:8-17). O Templo, propriamente dito, media 27 m de comprimento por 9 m de largura por 13,5 de altura. Estava dividido em duas partes: o Santíssimo Lugar (Santo dos Santos), que media 9 m de comprimento, e o Santo Lugar, que media 18 m. Encostados nos lados e nos fundos do Templo, havia três andares de salas destinadas a alojar os sacerdotes e servir como depósito de ofertas e de objetos. Na frente havia um Pórtico, onde se encontravam duas colunas chamadas Joaquim e Boaz. No Santíssimo Lugar, onde só o sumo sacerdote entrava uma vez por ano, ficava a Arca da Aliança, cuja tampa era chamada de Propiciatório. No Santo Lugar, onde só entravam os sacerdotes, ficavam o Altar de incenso, a mesa dos Pães da proposição e o Candelabro. Do lado de fora havia um Altar de sacrifícios e um grande tanque de bronze com água para a purificação dos sacerdotes. Em volta do altar estava o pátio (átrio) dos sacerdotes (I Rs 5-7). b) O segundo Templo teve o início da construção no reinado de Ciro, tendo Zorobabel como encarregado das obras e concluído no reinado de Dário, no ano 516 a.C, já sob o comando de Neemias (Ed 6). c) O terceiro Templo foi ampliado e embelezado por Herodes, o Grande, a partir de 20 a.C. Jesus andou pelos seus pátios (Jo 2:20). As obras só foram concluídas em 64 d.C. Nesse Templo havia quatro pátios: o dos sacerdotes, o dos homens judeus, o das mulheres judias e o dos gentios. No ano 70, contrariando as ordens do general Tito, um soldado romano incendiou o Templo, que nunca mais foi reconstruído. No seu lugar está a mesquita de Al Acsa. O Templo da visão de Ezequiel é diferente dos outros (Ez 40-46). O Templo significava para os israelitas: A presença e a proteção de Deus entre o povo (Êxodo 40:38, “Porquanto a nuvem do Senhor estava de dia sobre o tabernáculo, e o fogo estava de noite sobre ele, perante os olhos de toda a casa de Israel, em todas as suas jornadas”); A redenção de Deus para com o seu povo; A existência de um só Deus, pois sempre houve um só lugar/casa de Deus no meio do povo de Deus (Josué 22:34 – o altar do testemunho). O que há realmente de tão especial na casa de Deus? Os ouvidos do Senhor estão no Templo (II Cr 7:15); O nome do Senhor está no Templo (II Cr 7:16); Os olhos do Senhor estão no Templo (II Cr 7:16); O coração do Senhor está no Templo (II Cr 7:16). Quando Deus declara que escolheu e santificou o Templo faz-nos entender que ele se agradaria de ser adorado, que lhe oferecessem sacrifícios naquele lugar. Portanto, entre todos os lugares, imagináveis pelo homem para se buscar a Deus, ele escolheu o Templo. Então se observa o grande zelo da parte do Senhor para com a casa de Deus, pois ali estão os ouvidos, os olhos, o nome e o coração do Todo Poderoso (João 2:17, “E os seus discípulos lembraramse do que está escrito: O zelo da tua casa me devorará”, Salmo 69:9). Parece paradoxal, mas a Bíblia afirma que Deus não habita em templos feitos por mãos de homens. Em Atos 7:48,49, Estevão cita o livro do profeta Isaías (66:1) temos a descrição do seu trono (céu) e o estrado dos seus pés (terra); contudo, o Deus eterno, cuja glória enche os céus, se coloca a disposição do homem em um lugar escolhido e santificado por Ele. V. O Santuário perfeito – o homem. Quando Jesus conversava com a mulher samaritana foi colocado em questão o lugar onde se deveria adorar, isto é, em que lugar se deveria oferecer sacrifícios a Deus (João 4:23,24, “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade”). A resposta de Jesus confirma as palavras do profeta Isaías (Isaías 66:1,2, “Assim diz o Senhor: O céu é o meu trono, e a terra o escabelo dos meus pés: que casa me edificaríeis vós? e que lugar seria o do meu descanso? Porque a minha mão fez todas estas coisas, e todas estas coisas foram feitas, diz o Senhor; mas eis para quem olharei: para o pobre e abatido de espírito, e que treme da minha palavra”) citadas por Estevão em seu discurso antes de ser apedrejado e morto (Atos 7), e nos revela que Deus procura adoradores que, independente do lugar que estejam, o adorem em espírito e em verdade. Concluímos, então, que as palavras de Jesus enfatizam que o verdadeiro adorador é, por conseguinte: Um altar (Romanos 12:1, “Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”); Um Tabernáculo (João 14:23, “Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada”); Um Templo (I Coríntios 6:19, “Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?”). Portanto, é, nesse altar, nesse tabernáculo, nesse templo, que Deus tem, nesta dispensação, escolhido e santificado para nele estar os seus ouvidos, os seus olhos, o seu nome e o seu coração. Eu e você somos este santuário perfeito, templo que não edificado por mãos humanas, mas pelo Deus altíssimo que nos diz: “Porque agora escolhi e santifiquei esta casa, para que o meu nome esteja nela perpetuamente: e nela estarão fixos os meus olhos e o meu coração todos os dias... Lembra-te destas coisas ó Jacó, e ó Israel, porquanto és meu servo; eu te formei, meu servo és, ó Israel; não me esquecerei de ti” (II Crônicas 7:16; Isaías 44:21). Conclusão. “A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos Exércitos, e neste lugar darei a paz, diz o Senhor dos Exércitos” (Ageu 2:9). Toda honra, glória e louvor sejam dados a Jesus Cristo, Senhor e Salvador nosso! Pr. José Pereira de Oliveira Neto Bibliografia: Bíblia de Estudo de Genebra Bíblia de Estudo Pentecostal Buckland. Dicionário Bíblico Universal. KASCHEL, Werner & ZIMMER, Rudi. Dicionário da Bíblia de Almeida. SBB, Barueri, 1999. SILVA, Marcos Antonio da. Temário do Pregador Vol. II. A. D. Santos Editora Ltda, Curitiba, 1996, 66p.