Sociologia - Colégio Bom Jesus

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SOCIOLOGIA
Comentário Geral:
Além da questão quatro que cobra diretamente um conceito de um autor, fato novo nas provas de sociologia da
UFPR, a prova está sem surpresas. Como sempre, contendo uma ou duas questões bem elaboradas acerca de conteúdos
pertinentes e várias questões sobre conteúdos pertinentes, porém, mais abrangentes. Enunciados mais amplos e
generalistas, sem localização social e histórica, operando sobre o senso comum e não sobre o conhecimento
sociológico.
Equipe de Professores de Sociologia
Colégio Bom Jesus
QUESTÕES
RESOLUÇÃO:
Como nos ensina Weber, o cientista precisa fazer uma distinção entre uma postura de julgamento e decisão com outra de
análise e compreensão. Sendo a segunda a ética do cientista social, então, é fundamental que ele aborde seus próprios
valores e sua própria sociedade como construções históricas e não como fundações essenciais da vida humana.
Relativizar sua visão de mundo para não cair no erro do etnocentrismo. Daí o estranhamento, uma tentativa de se ver
como estrangeiro na sua familiar sociedade.
COMENTÁRIO:
Questão média e interessante. É muito mais qualificado avaliar a epistemologia da sociologia do que o já surrado
contexto histórico de emergência da disciplina. Ao candidato cabe lembrar que sociologia não é política, como Weber
ensina (poderíamos falar também da distinção de Durkheim entre sociologia e senso comum) e que a vigilância dos
nossos próprios valores e afetos é fundamental para relativizar e não cometer o grande pecado da ciência social, o
aterrorizante etnocentrismo.
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RESOLUÇÃO:
Os meios de comunicação guardam a potência, nem sempre exercida, de manifestar a pluralidade de opiniões, nódulo da
democracia. Porém, diferentemente dos seus congêneres, a internet se mostra irascível frente ao controle e a vigilância.
Consequentemente, em regimes autoritários, como China e Cuba, por exemplo, a internet oferece um veículo de
manifestação de opiniões contrárias aos governos, ao menos no estrangeiro, de pessoas e grupos os quais,
internamente, se vêem com suas liberdades de expressão castradas.
COMENTÁRIO:
Questão fácil. Apesar de que a temática do controle da internet é um tema sociológico sem muitos consensos, pode-se
dizer que ainda se acredita que a internet é um o meio de comunicação mais aberto que se tem notícia. Basta relacionar
essa idéia com o controle de opiniões de regimes autoritários. Além disso, o bom candidato fez na resposta aquilo que a
UFPR não fez no enunciado, a saber, localizar social e historicamente a discussão.
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RESOLUÇÃO:
A modernidade se caracteriza por um desencantamento do mundo, como define Weber. Ao invés de recorrermos a
explicações mágicas dos fenômenos, mais e mais acreditamos na ciência do concreto para compreender o mundo a
nossa volta. Sendo assim, pode-se dizer que vivemos em uma cultura da natureza (das forças físicas, químicas e
biológicas), uma crença paradoxal que nos condiciona a crer que não cremos mais, pois nossas representações seriam
espelhos fidedignos da natureza.
COMENTÁRIO:
A relação cultura-natureza é crucial às ciências sociais, sobretudo à antropologia, assim como é a temática da sociedade
contemporânea. Poderia também ter sido mais objetiva empregando uma baliza histórica e/ou social. Aqui, é facílimo de
se alongar em argumentos desconexos.
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RESOLUÇÃO:
Para Marx, ideologia é a aparência que encobre a essência dos fenômenos sociais. Para o filósofo alemão, ideologia não
é, necessariamente, uma falsidade, espécie de distorção da realidade, mas, antes, uma aparência sob forma de
pensamento que esconde a essência material do fenômeno social. Essa definição de ideologia está, então, intimamente
associada a sua teoria da história, comumente chamada de materialismo dialético.
COMENTÁRIO:
Questão difícil. Essa pergunta vem sendo respondida de diferentes maneiras por filósofos, economistas e cientistas
sociais durante os últimos cento e cinquenta anos e condensar essa resposta em seis linhas é bem difícil. Porém, o
candidato bem preparado lembrou-se de que ideologia para Marx não é o “ópio das massas”, ou seja, uma mentira, mas
sim o “véu que encobre a realidade”, ou seja, uma aparência sob a qual está uma essência. Sendo essa última, então, o
objetivo do cientista social sob inspiração marxista.
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RESOLUÇÃO:
Organizações não governamentais, cientistas, Estados nacionais e os próprios blocos internacionais são os principais
agentes sociais na luta por essa recente agenda global. De maneira geral, pode-se dizer que eles vêm propondo o
conceito de sustentabilidade social e ambiental, ou seja, uma forma de produzir e consumir baseada em energias
renováveis, fugindo da exploração desenfreada, e em cooperativas de produtores, driblando a competição
desregulamentada do mercado, assim como estimulando reuniões internacionais que visam uma união global de
esforços para debater, compreender e resolver o problema da emissão de carbono no meio ambiente.
COMENTÁRIO:
Questão fácil. O assunto está na moda e a pergunta não problematiza os recentes debates sociais acerca da emissão de
carbono no meio ambiente. Uma dose de cultura jornalística e um cuidado para não desenvolver uma resposta panfletária
resolviam a questão.
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RESOLUÇÃO:
O Estado brasileiro liberta os escravos, mas não os fornece educação básica e muito menos os prepara para o trabalho
nas indústrias, esse modo de produção que surge no Brasil ao longo do XIX. Para o trabalho industrial, o Brasil preferiu
incentivar a vinda de imigrantes europeus, fato esse que altera profundamente a composição social nacional, até então
baseada nas matrizes portuguesas, indígenas e africanas. Sendo assim, a grande maioria dos libertos se mantém
apadrinhada nas fazendas ou vai ocupar os morros e periferias urbanos, perambulando pelos centros atrás de alguma
atividade que lhe sustente. Pode-se dizer, então, que uma das maiores consequências da maneira como o trabalho
escravo foi extinto no Brasil é a consolidação da nossa já clássica brutal desigualdade de renda acompanhada por uma
desigualdade racial.
COMENTÁRIO:
Questão média. As aulas de história ajudam o candidato a localizar o contexto político e econômico do séc. XIX no Brasil.
Porém, como a questão não é de história e sim de sociologia, a resposta precisa indicar de que maneira a sociedade
nacional se transforma a partir de um fato crucial da primeira onda de modernização tupiniquim e, para ser sofisticada,
versar sobre a presença dessas transformações nos dias de hoje.
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RESOLUÇÃO:
Multiculturalidade é a diversidade de culturas em um dado local, seja esse um bairro, uma cidade ou um país. A
transformação não está tanto na multiculturalidade em si, já que, como a história nos mostra, ela sempre existiu, mas sim
no reconhecimento dela. Afinal, a globalização, principal razão para tal reconhecimento, vem facilitando como nunca
antes os deslocamentos, colocando em constante contato culturas outrora estranhas, assim como vem forçando o
acionamento de identidades étnicas locais como uma força oposta à sua tendência de constituir um padrão cultural
global único.
COMENTÁRIO:
Questão média. O difícil não é o tema da questão, mas sim seu caráter demasiadamente aberto, dando margem para a
formulação de respostas longas e desconexas. Mesmo que as possibilidades de respostas sejam inúmeras, é importante
lembrar que, ultimamente, multiculturalidade vem aparecendo nas ciências sociais em consonância com a temática da
globalização.
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RESOLUÇÃO:
Para a sociologia, sexualidade é um fenômeno humano o qual, assim como pode possuir determinações biológicas e
psicológicas, certamente comporta uma dimensão social. Nesse sentido, sexualidade precisa ser percebida como uma
construção histórico-social das orientações sexuais dos indivíduos, por exemplo, um homem se torna homem de acordo
com a maneira como sua sociedade define masculinidade. Nesse sentido, é estéril defender a existência de uma natureza
humana imutável, já que a sociologia nos mostra que a intimidade dos sujeitos, lócus da sexualidade, é uma realidade
social e historicamente cambiante.
COMENTÁRIO:
Questão média. A resposta precisa versar sobre a primeira lição da sociologia do gênero, ou seja, a sexualidade é social
e historicamente relativa. Desse prisma, fica fácil perceber o sentido do enunciado e, logo, o clamor da pergunta por uma
manifestação de conhecimento acerca de uma das mais básicas premissas das ciências sociais. Tais ciências fornecem
explicações sociológicas e não biológicas ou psicológicas para fenômenos humanos.
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RESOLUÇÃO:
Estratificação social, o estudo das formações de estratos e/ou classes sociais de acordo com múltiplos fatores, é um dos
temas fundamentais da sociologia. Sendo assim, mobilidade social vertical significa uma ascensão de indivíduos e/ou
grupos de estratos inferiores para estratos superiores. Se reportando especificamente a sociedade capitalista, pode-se
dizer, junto com Marx, que a posição de classe de um indivíduo é identificada a partir de sua posição no modo de
produção. Sendo proprietário de uma indústria, por exemplo, é dominante, é burguês, logo, de uma classe superior.
Sendo um trabalhador, é dominado, é proletário, logo, de uma classe inferior.
COMENTÁRIO:
Questão relativamente fácil. O enunciado demanda uma definição estrita de mobilidade social vertical, conteúdo
necessariamente abordado quando se estuda a estratificação social. Contudo, na segunda pergunta, é preciso saber que
classe social refere-se predominantemente a Marx e aos estudos específicos sobre a sociedade capitalista.
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RESOLUÇÃO:
Os movimentos sociais lutam contra o Estado, pelo cumprimento e/ou alteração de leis, assim como por uma mudança
de práticas e pensamentos das sociedades. O movimento feminista luta por uma maior igualdade de condição e
oportunidade nas sociedades ocidentais. Já o movimento negro no Brasil luta tanto por uma maior igualdade racial em
nosso país, assim como pelo cumprimento das leis que estabelecem racismo como crime. O movimento dos sem terra
luta para que o Estado realize efetivamente a reforma agrária no Brasil e, assim, dissolva paulatinamente nossa cultura
latifundiária. Esses movimentos atuam de maneira pacífica, realizando projetos de conscientização, como a publicação de
panfletos, ou de maneira violenta, como as invasões de fazendas empreendidas pelo MST.
COMENTÁRIO:
Questão fácil. A cidadania e os movimentos sociais são temas tratados em todos os anos do Ensino Médio pela
sociologia e pela geografia e a primeira pergunta não pede nada mais do que uma definição básica dos segundos. Além
disso, se o candidato tem o costume de ler jornais e revistas, assistir telejornais e ouvir rádios de notícias, ele está
plenamente preparado para citar vários movimentos sociais brasileiros e internacionais.
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