O Sr. Lael Varella (Bloco/PFL-MG). Pronuncia o seguinte discurso em 01-04-2003. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados: O recente chek-up feito pelo INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas do Ministério da Educação – sobre o ensino no Brasil aponta um diagnóstico sombrio. O estudo condensa dados inéditos e antigos da educação básica à superior, trata do rendimento escolar dos alunos, da estrutura das escolas, do salário dos professores e dos investimentos públicos na educação. Para 100 alunos matriculados no ensino fundamental, 41 deixam a escola sem completá-lo. Os alunos que conseguem terminá-lo levam – em média – 10,2 anos, tempo suficiente para cursar as oito séries do ensino fundamental e as três do ensino médio, se não houvesse repetência. A relação entre alunos que iniciam e terminam o curso é melhor no ensino médio. De cada 100 alunos, 74 conseguem concluí-lo e gastam 3,7 anos para cursar as três séries desse nível. Tal diagnóstico faz parte da publicação Geografia da Educação Brasileira 2001, divulgada no mês passado pelo presidente INEP do Ministério da Educação, Otaviano Helene. Segundo matéria de Sandra Sato, publicada no jornal O Estado de S. Paulo, "a situação nos três patamares é calamitosa", avaliou Otaviano, observando que em vários casos os índices melhoraram, mas de forma lenta e aquém das necessidades do País. O atraso na educação básica, segundo Otaviano Helene é incompatível com a possibilidade de desenvolvimento econômico do País. A persistir tal quadro, advertiu, o Brasil terá dificuldades com a sua força de trabalho daqui a 10 ou 15 anos. No mesmo levantamento feito no ano de 2000, existiam no País 16 milhões de analfabetos e 21,7% dos alunos matriculados no ensino fundamental estavam repetindo a série cursada no ano anterior. Para o INEP, a repetência é uma das principais razões para a queda da auto-estima do aluno. A pesquisa retrata que os rendimentos escolares variam por regiões e Estados. Enquanto São Paulo registrou a maior taxa de conclusão nos ensinos fundamental e médio, com 52,3% em 2000, Tocantins apresentou o menor índice (13,3%) entre os Estados. Há dois anos, 39% dos alunos inscritos no ensino fundamental no País não tinham idade adequada à série que cursavam. No Norte e Nordeste, a taxa era, respectivamente, de 52,9% e 57,1%. O Centro-Oeste vinha em terceiro lugar com 38%. Já no Sudeste, o percentual de atrasados caiu para 24%; e no Sul, para 21,6%. 1 Alunos do Sul e Sudeste do País também permanecem mais tempo em sala de aula do que os das demais regiões. A diferença é mais acentuada na educação infantil. Enquanto as crianças do Norte e Nordeste permanecem na sala de aula 4,4 horas por dia, no Sul, a média é 6,5 horas. Para o INEP, o aumento da carga horária é essencial para oferecer melhores condições de estudos aos alunos. O nível de instrução da população também é marcado pelas diferenças regionais. No Sudeste, 34% da população adulta jovem (entre 25 e 34 anos) têm graduação superior, enquanto que 23% dos nordestinos na mesma faixa de idade possuem o mesmo grau de formação. O guia Geografia da Educação Brasileira identificou um aumento no número de candidatos a vagas nas universidades públicas, gratuitas e, geralmente, de melhor qualidade. O número de inscritos por vaga era de 7,4 em 1997, passando para 9,3 em 2001. No mesmo período, a concorrência nas faculdades privadas caiu de 2,6 para 1,8 aluno por vaga. A abertura de novas vagas nas universidades federais foi insuficiente para reduzir a concorrência. No Sudeste, uma vaga é disputada por 11 vestibulandos. No Norte, a relação é de 9 alunos por vaga; no Sul e Centro-Oeste, é de 8,5; enquanto, no Nordeste, é de 7,7. Sr. Presidente, esses dados alarmantes devem servir de base para uma nova reformulação de nosso ensino. Não se trata de reinventar a roda como muitos querem, mas simplesmente aplicar os princípios tradicionais básicos da pedagogia para a formação sadia de nossa juventude. Tenho dito. 2