Cristiano Alvorcem - IFRS

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INSTITUTO FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL DE EDUCAÇÃO,
CIÊNCIA E TECNOLOGIA – CAMPUS BENTO GONÇALVES
CRISTIANO PIRES ALVORCEM
CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DE PORTA-ENXERTO PARA A
VIDEIRA NO RIO GRANDE DO SUL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Curso de Tecnologia em Viticultura e Enologia
do Instituto Federal do Rio Grande do Sul de
Educação, Ciência e Tecnologia – Campus
Bento Gonçalves como parte dos requisitos para
a conclusão do Curso.
Orientador: Dr. Eduardo Giovannini
Bento Gonçalves, julho de 2009
2
Dedicatória
Dedico este trabalho à minha mãe, Maria Aparecida, por sempre ter me mostrado o
caminho certo.
3
Agradecimentos:
Agradeço o apoio e parceria da minha família, da minha namorada, Ana Paula, dos
meus amigos, em especial, Eduardo, Guilherme e Lucas, e do Mestre Giovannini.
4
RESUMO
Este trabalho visa reunir informações sobre os porta-enxertos mais utilizados no Rio Grande
do Sul, os principais problemas e a utilização dos porta-enxertos para evitar danos desses
problemas à produção da videira. Os problemas foram divididos em 3 partes: pragas,
moléstias e problemas físicos de solo. As pragas são: filoxera, nematóides e pérola-da-terra.
As moléstias são: fusariose, pé-preto e podridão de armilária. E os problemas físicos são
textura do solo e armazenamento de água. Os porta enxertos são: 101-14, 5 BB, SO4, 420 A,
P 1103, 039-16 e 043-43, Dog Ridge, Riparia Gloire de Montpellier, Rupestris du Lot, Salt
Creek, 99 R, 140 Ru e 161-49.
Palavras-chave: videira, porta-enxerto, solo, moléstias, pragas.
5
SUMÁRIO
1
Introdução _____________________________________________________________ 6
2
Pragas ________________________________________________________________ 7
3
4
5
6
2.1
Filoxera (Daktulosphaira vitifoliae ou Viteus vitifoliae): ___________________________ 7
2.2
Pérola-da-terra (Eurhizococcus brasiliensis Hempel) _____________________________ 8
2.3
Nematóides ______________________________________________________________ 8
Moléstias_____________________________________________________________ 10
3.1
Pé-preto ________________________________________________________________ 10
3.2
Fusariose _______________________________________________________________ 10
3.3
Podridão de Armilária_____________________________________________________ 11
Problemas físicos de solo ________________________________________________ 13
4.1
Textura do solo __________________________________________________________ 13
4.2
Armazenamento de água ___________________________________________________ 14
Principais porta-enxertos utilizados no Rio Grande do Sul ______________________ 15
5.1
101-14 Millardet et De Grasset (Vitis riparia x V. rupestris) _______________________ 15
5.2
Teleki 5BB seleção Kober (Vitis berlandieri x V. riparia)_________________________ 16
5.3
Teleki 4 Seleção Oppenheim (Vitis berlandieri x V. riparia)_______________________ 16
5.4
420 A Millardet et De Grasset (Vitis berlandieri x V. riparia)______________________ 17
5.5
1103 Paulsen (Vitis berlandieri x V. rupestris) _________________________________ 18
5.6
039-16 e 043-43 (Vitis vinifera x V. rotundifolia) _______________________________ 18
5.7
Dog Ridge (Vitis rupestris x V. candicans) ____________________________________ 19
5.8
Riparia Gloire de Montpellier (Vitis riparia) ___________________________________ 19
5.9
Rupestris du Lot (Vitis rupestris) ____________________________________________ 20
5.10
Salt Creek (Vitis champinii) ________________________________________________ 21
5.11
99 Richter (Vitis rupestris x V. berlandieri) ____________________________________ 21
5.12
140 Ruggeri (Vitis berlandieri x V. rupestris) __________________________________ 21
5.13
161-49 Couderc (Vitis berlandieri x V. riparia) _________________________________ 22
Considerações finais ___________________________________________________ 23
Referências bibliográficas ___________________________________________________ 26
6
1 Introdução
A utilização de porta-enxertos na viticultura, adotada em praticamente todo mundo,
surgiu em necessidade de evitar-se a destruição dos vinhedos europeus quando da invasão
daquele continente pela filoxera. Esse inseto, nativo dos Estados Unidos, foi levado à Europa
onde se tornou uma praga que devastou a produção de uvas. O dano que faz às raízes das
videiras Vitis vinifera de pé franco é fatal (GIOVANNINI, 2008).
Conforme Reynier (2002), os principais fatores a serem levados em conta na escolha
de um porta-enxerto são: resistência a filoxera, vigor conferido, facilidade de enxertamento,
adaptação ao meio (seca e umidade), ação sobre a qualidade da uva e sobre o ciclo vegetativo.
No Rio Grande do Sul, além da presença da filoxera, outras características do meio
devem ser levadas em consideração na escolha do porta-enxerto, presença de pragas como a
pérola-da-terra e nematóides, e doenças como pé-preto, fusariose e podridão de armilária.
Na Serra do Sudeste e na Campanha, apesar de não existir uma pressão de doenças
tão alta como na Serra Gaúcha, tem problemas com solos muito arenosos e escassez de água.
Este trabalho tem por objetivo recomendar o porta-enxerto mais adequado para cada
situação encontrada na Serra Gaúcha, Campanha e Serra do Sudeste.
7
2 Pragas
2.1 Filoxera (Daktulosphaira vitifoliae ou Viteus vitifoliae):
A filoxera é um afídio (pulgão) subterrâneo, originário dos Estados Unidos. Hoje se
encontra disseminado em todas as regiões vitícolas do mundo. Invadiu a Europa na segunda
metade do século passado, de lá sendo levado a todos os continentes. Atualmente, apenas o
Chile é região totalmente isenta da praga. É um inseto de ciclo de vida complexo, tendo parte
de sua vida no solo, parasitando as raízes da videira, e parte em galhas que causa na face
inferior das folhas da videira (GIOVANNINI, 2008).
Na resistência filoxérica de um porta-enxerto, devemos distinguir a resistência
intrínseca e a resistência extrínseca, correspondendo à primeira, a especifica da planta,
dependendo da constituição genética. A resistência extrínseca está condicionada ao vigor da
planta em cada caso, e sua origem é a maior ou menor velocidade de reposição de radículas
atacadas e destruídas pelo inseto, dependendo fundamentalmente da adaptação ao meio
(HIDALGO, 2002).
O controle mais efetivo é obtido com o emprego de cultivares porta-enxertos. Estas,
como foram criadas com este fim específico, têm tolerância suficiente à praga, dispensando o
uso de inseticidas. A maior parte das cultivares de labrusca e seus híbridos, nas condições
sulbrasileiras, pode ser cultivada de pé-franco (GIOVANNINI, 2008).
As espécies americanas mais resistentes à filoxera são: Vitis riparia, V. rupestris e V.
berlandieri, e as variedades mais desejáveis para porta-enxerto são os seus cruzamentos
(GALET, 1979).
Segundo Hidalgo (2002), os porta-enxertos mais utilizados na Serra Gaúcha, como
Riparia Gloire de Montpellier, Rupestris du Lot, 101-14, 5-BB, 420-A, SO4, 99R, 140Ru,
Paulsen 1.103, 039-16, 043-43, têm resistência anti-filoxérica comprovada. Já os portaenxertos Dog Ridge e Salt Creek, não possuem resistência filoxérica suficiente.
8
2.2 Pérola-da-terra (Eurhizococcus brasiliensis Hempel)
Um dos fatores limitantes na viticultura, principalmente na região Sul do Brasil, é a
ocorrência de uma cochonilha de hábito subterrâneo, denominada pérola-da-terra, que suga a
seiva das raízes, provocando um definhamento progressivo da videira. Para o controle desta
praga, o uso de métodos convencionais, como aplicação de inseticidas sistêmicos, consegue
no máximo 70% de eficiência (PAPA & BOTTON, 2001 in BOTELHO et al., 2005).
É uma cochonilha que infesta às raízes da videira e de diversas plantas, tanto nativas
como cultivadas. É natural do sul do Brasil, sendo abundante desde o Paraná até a metade
norte do Rio Grande do Sul. É conhecida também por “carrapato-da-videira”.
Os danos que causa aos vinhedos são de duas naturezas. Nutre-se da seiva que extrai
das raízes onde está instalada. Paralelamente a isto, injeta uma toxina que diminui o vigor da
planta infestada. Com o passar do tempo a videira definha, apresentando folhas com coloração
amarelada entre as nervuras, com os bordos revirados para baixo (GIOVANNINI, 2008).
2.3 Nematóides
São pequenos seres vivos que habitam o solo ou as raízes das plantas que atacam.
Podem alimentar-se somente das células das paredes das raízes sem entrar nas mesmas
(ectoparasitas) ou penetrarem nas raízes (endoparasitas) alimentando-se dentro delas. Podem
ser sedentários ou migrarem lentamente no solo. Disseminam-se pelo vento, água e pela
movimentação de solo, plantas ou máquinas infestadas.
Os nematóides do gênero Xiphinema são ectoparasitas e seu principal dano às
videiras consiste na transmissão de vários tipos de vírus. Os do gênero Meloidogyne são
endoparasitas, causando galhas nas raízes das plantas infectadas (GIOVANNINI, 2008).
Segundo Tyler (1933) in Galet (1982), mais de 1400 espécies de plantas são
hospedeiras do gênero Meloidogyne. Esta abundância facilita a distribuição dos nematóides.
Algumas variedades de V. vinifera são bastante resistentes ao gênero Meloidogyne,
como Ugni Blanc (Trebbiano), Malbec, Cabernet Franc e Gewürztraminer. Outras, como o
Pinot Noir e Pinot Gris, são muito sensíveis.
9
Em relação aos porta enxertos, recomenda-se o 101-14, Paulsen 1103, 99R 140Ru,
5BB, SO4, 039-16, 043-43, Dog Ridge e Salt Creek para áreas infestadas com Meloidogyne.
Evitando o uso, em áreas infestadas, do 161-49C, 420A, Rupestris Du Lot e Riparia Gloire de
Montpellier (HIDALGO, 2002).
Os híbridos de V. vinifera e V. rotundifolia, como o 043-43 e 039-16, são,
praticamente, imunes a alguns nematóides, como o Xiphinema index (POMMER et al., 1997
in BOTELHO et al., 2005).
10
3 Moléstias
3.1 Pé-preto
Relatada em alguns países da Europa, Estados Unidos e Chile, apareceu
recentemente na Serra Gaúcha, em cultivares americanas, em plantas novas de pé-franco. É
causada pelo fungo Cylindrocarpon destructans (Zinnsm.) Scholten (GIOVANNINI, 2008).
O fungo Cylindrocarpon spp. tem uma larga distribuição geográfica, ocorrendo em
todos os continentes, desde florestas tropicais até em solo da tundra Ártica. Considerado
como colonizador pioneiro devido à habilidade competitiva, rápida germinação de esporos e
rápido crescimento micelial, além de certas características fisiológicas, como a utilização de
nitrogênio orgânico e inorgânico (GARRIDO et al., 2004).
Desde 1999, tem sido observada na Serra Gaúcha, principalmente em cultivares
americanas, com idade inferior a 5 anos e mudas provenientes de estaca (pé-franco). Esta
doença afeta o sistema radicular e é um problema de crescente incidência nos vinhedos da
região (SÔNEGO et al., 2005).
Segundo Reynier (2002), alguns fatores favorecem a infecção: compactação
excessiva do solo, causada pelo preparo do terreno; vigor excessivo da planta, que aumentaria
a oferta de nutrientes para o fungo; e o uso de porta-enxertos mais sensíveis, como o 140
Ruggeri.
3.2 Fusariose
É causada pelo fungo Fusarium oxysporum Schl. f. sp. herbemontis Tocchetto. É a
moléstia de solo mais disseminada nos vinhedos gaúchos e catarinenses. Afeta com especial
virulência à cv. Herbemont e os porta-enxertos oriundos de Vitis berlandieri x V. riparia,
como SO4, 5BB, 420A, 161-9C e outros. Deve-se utilizar porta-enxertos resistentes, como
Paulsen 1103, 140Ru, 99R e Rupestris Du Lot (GIOVANNINI, 2008).
A fusariose é a principal doença vascular causadora de morte de videiras na Serra
Gaúcha. Os danos causados são bastante significativos, principalmente pela redução drástica
11
da produtividade do vinhedo provocada pela morte de plantas e conseqüente redução do
número de plantas produtivas (SÔNEGO et al., 2005).
O patógeno responsável pela doença é um fungo de solo que possui diversos tipos de
estruturas de multiplicação e infecção, tais como os macro e microconídios e os
clamidósporos, que são estruturas de resistência, responsáveis por sua permanência por longos
períodos nos solos afetados, mesmo sem a presença da videira (SANHUEZA & SÔNEGO,
1993).
A infecção inicia-se pelas raízes, com ou sem ferimentos, e atinge o sistema vascular
da planta, onde o patógeno se desenvolve. A disseminação do fungo na área contaminada
pode se dar por ferramentas agrícolas, como tesoura de poda, pelo movimento do solo
contaminado através de enxurradas ou pelo contato entre raízes de plantas doentes e sadias. A
longas distâncias, estacas provenientes de mudas contaminadas representam a principal forma
de propagação da doença (AMORIM & KUNIYUKI, 1997).
Em um trabalho realizado por Garrido et al. (2004), com o objetivo de isolar e
identificar fungos associados ao declínio e morte em vinhedos na Serra Gaúcha, com 107
amostras de videira, entre americanas, híbridas e viníferas, mais de 16% das amostras, maioria
em americanas, apresentaram o fungo. Nos porta-enxertos Paulsen 1103 e 99R não foi
encontrado o fungo, mas no porta-enxerto SO4, suscetível à doença, 100% das amostras
estavam infectadas.
3.3 Podridão de Armilária
É uma podridão de raiz causada pelo fungo Armillariella mellea (Vahl) Kummer,
pertencente à classe dos Basidiomicetos. O uso de porta-enxertos resistentes, como o Paulsen
1103 e 140Ru, é recomendado (GIOVANNINI, 2008).
A doença se apresenta em manchas no vinhedo, algumas zonas apresentam
vegetação fraca, brotos curtos, folhas pequenas e claras. O enfraquecimento avança
progressivamente e alcança as plantas vizinhas, enquanto as primeiras plantas atacadas
murcham e morrem (REYNIER, 2002).
Todas as variedades V. vinifera podem ser atacadas quando são cultivadas em péfranco. Larue (1947) observou no Texas que a espécie americana V. rotundifolia é resistente.
12
Os porta-enxertos não são resistentes, no entanto Rupestris du Lot é mais atacado que Riparia
(GALET, 1982).
13
4 Problemas físicos de solo
4.1 Textura do solo
A videira adapta-se a vários tipos de solo, com exceção dos turfosos, dos muito
úmidos e dos muito adensados. Com a criação de porta-enxertos, foi possível adequar-se às
mais diversas situações, havendo cultivares adaptadas para cada caso. Solos arenosos, em
geral, são quimicamente menos férteis, mas propiciam um enraizamento maior, solos
argilosos, apresentam um enraizamento menor, mas possuem uma fertilidade natural maior.
No Rio Grande do Sul são cultivados vinhedos em solos arenosos (originados de Arenito), em
Sant’Ana do Livramento, em solos francos (originados de Granito), em Pinheiro Machado e
Porto Alegre, e em solos franco-argilosos (originados de Basalto) na Região da Serra Gaúcha
(GIOVANNINI, 2008).
A textura refere-se à proporção relativa das partículas de areia, silte e argila que
compõem o solo. Importantes processos e reações químicas que ocorrem nos solos estão
intimamente associados à textura (GIASSON, 2004).
Conforme o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (1999), solos com textura
arenosa contêm mais de 70% de areia e menos de 15% de argila; solos argilosos contêm entre
35 e 60% de argila, acima desse conteúdo, são considerados muito argilosos; solos siltosos
contêm menos de 15% de areia e menos de 35% de argila. Os solos com conteúdo de argila
inferior a 35% e de areia, superior a 15% e inferior a 70%, são considerados de textura média.
Solos arenosos são soltos, de pouca coesão, escassa capacidade de retenção de água e
de elementos nutritivos, propensos à seca. Facilmente penetráveis pelas raízes e fáceis de
trabalhar. São solos quentes que adiantam a maturação.
Solos argilosos são adesivos e plásticos, formam torrões e são facilmente
encharcáveis, tornando difícil o trabalho e a penetração de raízes. Com grande capacidade de
retenção de água e elementos fertilizantes, propiciam grandes produções. São solos frios, que
retardam a maturação.
Os solos francos têm conteúdo intermediário de areia, silte e argila, possuindo
características físico-químicas intermediárias (HIDALGO, 2002).
14
4.2 Armazenamento de água
A seca é um fator de grande importância na escolha do porta-enxerto, não podendo
ser considerada apenas a disponibilidade de água no solo, mas também as exigências do
sistema foliar e a aptidão do sistema radicular para satisfazer as necessidades da planta.
Admite-se que Vitis vinifera, V. berlandieri e V. cordifolia, aportam resistência a
seca em cruzamentos, enquanto a V. riparia parece ser sensível e a V. rupestris tem
características intermediarias.
Os porta-enxertos 161-49C, 1103P e 140Ru, possuem resistência elevada à seca. Os
porta-enxertos 99R e Rupestris Du Lot possuem média ou elevada resistência. E os portaenxertos 101-14, 420-A, Riparia Gloire de Montpellier, 5-BB e SO4 possuem pouca
resistência (HIDALGO, 2002).
Os terrenos úmidos devem ser evitados para o plantio da videira, mas existem
vinhedos estabelecidos em vales e planícies que justificam a escolha de porta-enxertos que
toleram umidade. Em terrenos com retenção de água deve ser utilizado o P 1103, SO4 ou
Riparia Gloire de Montpellier. Já em terrenos com retenção de água temporária pode se
utilizar o 5 BB ou o 101-14. Os porta-enxertos 420 A e 99 R devem ser evitados, pois são
sensíveis ao excesso de umidade (REYNIER, 2002).
15
5 Principais porta-enxertos utilizados no Rio Grande do Sul
5.1 101-14 Millardet et De Grasset (Vitis riparia x V. rupestris)
O porta-enxerto 101-14 é um cruzamento riparia-rupestris realizado pelo Professor
Millardet em associação com o Marques de Grasset no ano de 1882. Este porta-enxerto vai
bem em solos argilosos e tolera calcário ativo até 9 %. O sistema radicular é fino e com
muitas ramificações, semelhante à Vitis riparia. Tem bom enraizamento e enxertamento
(GALET, 1979).
Também chamado de “vermelho corredor”, na enxertia a campo ou de mesa dá bons
resultados, apresentando compatibilidade geral boa e boa soldadura do enxerto. Imprime fraco
vigor à copa, adiantando a maturação da uva. Permite a produção de qualidade superior,
entretanto a produtividade da planta é apenas média. A emissão de raízes é alta, sendo o
sistema radicular do tipo radial, semi-pivotante com ângulo geotrópico de 40° a 60°.
Com relação ao solo adapta-se bem aos de drenagem boa a escassa (sensível à seca),
com pH ideal de 5 – 6. Tolera alumínio até 30 % de saturação, sendo muito sensível à
carência de potássio. Sua resistência à filoxera é 8 (alta), sendo tolerante a Xiphinema e de
média resistência a Meloidogyne. É sensível à fusariose.
É excelente para viníferas finas em solos de média a alta fertilidade. Deve ser
utilizado em locais livres de fusariose.
Para a produção de vinhos finos é muito indicado, pois reduz o vigor da planta,
induzindo a uma mais completa maturação da uva, com maior teor de açúcar. Para a produção
de uvas de mesa precoces também é excelente, pois induz a uma antecipação da maturação
(GIOVANNINI, 2008).
É sensível à acidez do solo e ao calcário, não resiste à seca e tolera o excesso de
umidade. Dá bons resultados em vários tipos de solo, contanto que não sejam
demasiadamente pobres ou secos (REYNIER, 2002).
16
5.2 Teleki 5BB seleção Kober (Vitis berlandieri x V. riparia)
Em 1886, um enfermeiro francês, Rességuier, mandou sementes de Vitis berlandieri
para Sigmund Teleki na Hungria e Teleki plantou 40.000 delas. Em 1904, Teleki mandou
algumas das mais interessantes plantas para o inspetor de viticultura austríaco Franz Kober,
que estudou estas plantas e realizou mais seleções. Uma variedade ele chamou de 5BB
(GALET, 1979).
Também chamado de “preto” e Kober, é deficiente na enxertia a campo, e regular na
de mesa, apresentando compatibilidade geral boa (excelente com ‘Flora’). Na França não é
recomendado com viníferas, porém na Itália é o mais utilizado. A soldadura do enxerto é boa.
Imprime alto vigor à copa, adiantando a maturação da uva. Permite uma qualidade de
produção regular, sendo a produtividade do enxerto alta. A emissão de raízes é alta, sendo o
sistema radicular do tipo radial, semi-pivotante, com ângulo geotrópico de 60° a 75°.
Com relação ao solo adapta-se bem aos de textura franca a argilosa (20 a 60% de
argila) e drenagem média a escassa (sensível à seca), com pH ideal de 5,5 – 7. Tolera calcário
ativo até 21%, sendo muito sensível ao alumínio em saturação de 30%. Tem média
sensibilidade às carências de potássio e magnésio. Sua resistência à filoxera é 7 (média),
sendo resistente a Xiphinema e Meloidogyne e muito sensível à fusariose.
Emprega-se com cultivares americanas em solos de média a alta fertilidade. É o
porta-enxerto ideal para a cv. Flora. Só pode ser utilizado em solos sabidamente livres de
fusariose (GIOVANNINI, 2008).
Apresenta, ás vezes, uma incompatibilidade com a variedade copa, levando a uma
mortalidade escalonada de plantas. É vigoroso em solos férteis, mas as uvas carecem de
açúcares e polifenóis (REYNIER, 2002).
5.3 Teleki 4 Seleção Oppenheim (Vitis berlandieri x V. riparia)
Chamado de SO4 tem origem na Escola de Viticultura de Oppenheim, na Alemanha,
selecionado por Teleki (GALET, 1979).
Seu comportamento à enxertia de campo é bom, sendo na de mesa regular. A
compatibilidade geral é boa sendo a soldadura do enxerto de boa a média.
17
À planta enxertada imprime alto vigor à copa, adiantando a maturação da uva,
permitindo qualidade de produção regular e produtividade alta. A emissão de raízes é alta,
sendo o sistema radicular do tipo radial, semi-pivotante, com ângulo geotrópico de 60° a 75°.
Com relação ao solo adapta-se bem aos de textura franca a argilosa (10 a 50% de
argila), de drenagem média a escassa (sensível à seca) e pH ideal de 5,5 – 7,0. Tolera calcário
ativo até 17%, sendo muito sensível ao alumínio em 30% de saturação e de média
sensibilidade à carência de potássio e alta sensibilidade à carência de magnésio. Tem
resistência à filoxera 6 (média), sendo resistente a Xiphinema e a Meloidogyne e é altamente
sensível à fusariose.
Emprega-se com cultivares americanas e híbridas em solos de média a alta
fertilidade. É o único utilizado com quaisquer cultivares em solos arenosos da fronteira oeste
do Rio Grande do Sul, única região onde é recomendado, pois em outras áreas vitícolas
mostrou-se extremamente sensível à fusariose. Nestes locais as plantas enxertadas sobre ele
não vivem mais do que 12 anos (GIOVANNINI, 2008).
5.4 420 A Millardet et De Grasset (Vitis berlandieri x V. riparia)
Este porta-enxerto é um dos mais velhos cruzamentos comercias de Vitis berlandieri
x V. riparia. Foi obtido em 1887 por Millardet (GALET, 1979).
Na enxertia a campo é bom, sendo regular na de mesa. A compatibilidade geral é
boa, bem como a soldadura do enxerto.
À planta enxertada imprime médio vigor à copa, adiantando a maturação da uva,
permitindo qualidade de produção superior. A produtividade do enxerto é média. A emissão
de raízes é baixa e o sistema radicular tipo radial, com ângulo geotrópico de 60° a 75°.
Com relação ao solo adapta-se aos de textura franca a arenosa (0 a 40% de argila), de
drenagem boa (sensível à seca) e pH ideal de 6 – 7,5. Tolera calcário ativo até 20%, sendo
muito sensível ao alumínio em 30% de saturação e de média sensibilidade à carência de
potássio. Sua resistência à filoxera é 8 (alta), sendo tolerante a Xiphinema e sensível a
Meloidogyne. É sensível à fusariose.
Emprega-se com cultivares viníferas finas para vinho, em solos de média fertilidade.
É um porta-enxerto para produção de qualidade em vinhos e uvas de mesa, porém não pode
ser empregado em solos onde haja fusariose (GIOVANNINI, 2008).
18
5.5 1103 Paulsen (Vitis berlandieri x V. rupestris)
Começando em 1892, Paulsen, diretor de um viveiro para espécies americanas na
Sicília, criou algumas variedades de porta-enxerto, entre elas 1103 P, que é o resultado do
cruzamento de Berlandieri Rességuier № 2 e Rupestris du Lot.
Começou a ser plantada na Sicília e Tunísia, sendo introduzida na França em 1965
(GALET, 1979).
Tanto na enxertia a campo, como na de mesa tem bom comportamento, sendo de
compatibilidade geral boa e boa soldadura do enxerto.
À planta enxertada imprime de médio a alto vigor à copa, retardando a maturação da
uva. Permite qualidade de produção média e produtividade do enxerto de média a alta. Sua
emissão de raízes é de média a baixa e o sistema radicular tipo pivotante, com ângulo
geotrópico de 40° a 50°.
Com relação ao solo adapta-se aos de textura arenosa a argilosa (0 a 60% de argila),
de drenagem qualquer (tolera seca e umidade) e pH ideal de 5,5 – 7. Tolera calcário ativo até
20%, sendo tolerante ao alumínio em saturação de 30% e resistente à carência de magnésio.
Sua resistência à filoxera é 7 (média), sendo resistente a Xiphinema e a Meloidogyne e de
moderada resistência à fusariose.
Emprega-se com cultivares americanas e híbridas em solos de baixa a média
fertilidade e com cultivares viníferas em solos de média fertilidade. Atualmente é o portaenxerto mais recomendado para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina (GIOVANNINI, 2008).
De desenvolvimento precoce, se adapta bem a solos com alto teor de argila,
parecendo interessante em solos compactados (REYNIER, 2002).
5.6 039-16 e 043-43 (Vitis vinifera x V. rotundifolia)
Criados pela Universidade da Califórnia, em Davis (E.U.A.). Híbridos de dois
subgêneros de Vitis. Portanto, devido às diferenças de número cromossômico que têm com as
videiras cultivadas e às diferenças anatômicas entre ambas, apresentam pouca compatibilidade
na enxertia. No entanto, têm boa resistência à filoxera, e foram testados com resultados
19
positivos em Santa Catarina para resistência à fusariose e à pérola-da-terra. São suscetíveis à
moléstia “pé-preto”.
O enraizamento é conseguido com uso de estacas herbáceas, aplicação de hormônios,
e controle de temperatura e umidade. Também enraíza bem por mergulhia. A forma de se
conseguir êxito na enxertia é através da garfagem herbácea (enxertia verde).
São extremamente vigorosos, induzindo atraso e dificuldade na maturação da uva.
São as novas, e atualmente únicas, opções para a viticultura em áreas infestadas por fusariose
e/ou pérola-da-terra (GIOVANNINI, 2008).
5.7 Dog Ridge (Vitis rupestris x V. candicans)
Esta variedade foi encontrada por Munson em Bell County, Texas, EUA, nas
montanhas Dog Ridge. É um híbrido natural de Vitis rupestris e V. candicans, (e, talvez, V.
berlandieri). Como é apenas moderadamente resistente à filoxera e à calcário ativo, nunca
teve uma importância comercial na França (GALET, 1979).
Porta-enxerto muito vigoroso e de difícil enraizamento. Apresenta boa tolerância aos
nematóides. Adapta-se bem aos solos profundos e secos, tanto arenosos como argilosos e de
pH alto (GIOVANNINI, 2008).
5.8 Riparia Gloire de Montpellier (Vitis riparia)
Entre as várias variedades trazidas para a Europa na crise da filoxera, esta se mostrou
a melhor. Pode ser chamada, especialmente na literatura germânica, de Riparia Portalis,
porque foi, primeiramente, selecionada em Portalis, propriedade próxima a Montpellier.
Um dos mais antigos porta-enxertos usados, com excelente resistência à filoxera. A
sua falta de vigor favorece a qualidade em relação à quantidade e adiantamento da maturação.
Enraíza muito fácil, assim como a compatibilidade de enxerto é muito boa (GALET, 1979).
Apesar de não muito freqüente, é encontrado como porta-enxerto na região vitícola
do Rio Grande do Sul, sendo chamado de “vermelho corredor”, devido à coloração
avermelhada de seus ramos e seu hábito de crescimento rasteiro.
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Porta-enxerto de baixo vigor, recomendado para viníferas finas. Deve ser empregado
somente em solos frescos e aluviões férteis, não tolerando secas nem solos calcários. As
plantas enxertadas sobre ele têm uma produção regular e alta, além de grande longevidade.
Apresenta alguma tolerância à saturação de alumínio no solo. Sistema radicular com ângulo
geotrópico de 80° (GIOVANNINI, 2008).
Confere ao enxerto um vigor fraco em solos pobres, porém, suficiente em solos
argilosos. Não possui grande resistência ao calcário ativo (até 6%).
Tem boa resposta à estaquia e a enxertia. Favorece a frutificação e adianta a
maturação da uva, sendo indicada para a produção de uvas de mesa precoce (REYNIER,
2002).
5.9 Rupestris du Lot (Vitis rupestris)
Porta-enxerto muito vigoroso com um ciclo vegetativo longo. Utilizado em
variedades para vinhos com alta produção ou em uvas de mesa com maturação tardia.
Enraíza muito bem e tem boa compatibilidade na enxertia de mesa, na enxertia à
campo, deve ser cortada vários dias antes de ser enxertada, pelo excesso de liberação de seiva.
Possui excelente resistência à filoxera e alguma resistência à salinidade (0,7g
NaCl/kg de solo). Na Califórnia é usada nos vales costeiros em terrenos não irrigados
(GALET, 1979).
Nos EUA é chamado de ‘Rupestris Saint George’. No Rio Grande do Sul é
conhecido como “pinheirinho”, “arboreto” e “vassourinha”, devido ao seu hábito de
crescimento ereto. É vigoroso, resiste bem ao calcário ativo (até 14%), adaptando-se aos
terrenos silicosos e argilo-silicosos. Não se adapta a solos nem muito secos nem muito
úmidos. É muito sensível à saturação de alumínio no solo, bem como muito sensível à
carência de potássio. É resistente à carência de magnésio. Recomendado para vinhos comuns
em solos de média fertilidade. Sistema radicular profundo, pivotante, com ângulo geotrópico
de 20° (GIOVANNINI, 2008).
Muito sensível à seca em terreno superficial, porém seu sistema radicular profundo
permite explorar o solo em profundidade. Este sistema radicular profundo permite tirar
proveito de solos pedregosos e pobres, porém profundos (REYNIER, 2002).
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5.10 Salt Creek (Vitis champinii)
É altamente resistente aos nematóides e moderadamente resistente à filoxera.
Apresenta dificuldade de enraizamento, mas a pega na enxertia é boa. De médio vigor, está
sendo empregado em solos arenosos da região da Campanha Gaúcha, e, experimentalmente,
no semi-árido do Nordeste brasileiro (GIOVANNINI, 2008).
5.11 99 Richter (Vitis rupestris x V. berlandieri)
Criado em 1899 por Franz Richter, é um híbrido entre a variedade Berlandieri Las
Sorres e Rupestris du Lot. Apresenta tolerância à calcário ativo de 17%, mas não apresenta
resistência a salinidade (GALET, 1979).
Porta-enxerto de médio a alto vigor e baixa capacidade de enraizamento. Tem um
pouco de tolerância à fusariose e não tolera solos compactos e úmidos. Apresenta certa
resistência à seca, desde que plantado em solo profundo, pois tem sistema radicular pivotante.
Muito sensível à saturação de alumínio no solo e muito sensível à carência de potássio. Não
tolera solos ácidos. Para vinhos comuns em solos de média fertilidade (GIOVANNINI, 2008).
5.12 140 Ruggeri (Vitis berlandieri x V. rupestris)
Criado na Sicília, Itália, por Ruggeri, perto do ano de 1900. É um cruzamento entre
Berlandieri Rességuier № 2 e Rupestris du Lot (GALET, 1979).
Planta muito rústica que dá bons resultados em solos calcários e secos. É
extremamente vigoroso, retardando a maturação da uva e alongando o ciclo vegetativo do
enxerto. Seu enraizamento não é muito fácil. Suas folhas são parasitadas por filoxera. Foi
recomendado no Estado de Santa Catarina (GIOVANNINI, 2008).
Não tolera umidade, como possibilita uma grande produção, não é indicado para a
produção de uvas de qualidade (REYNIER, 2002).
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5.13 161-49 Couderc (Vitis berlandieri x V. riparia)
Obtido em 1888 por Couderc, demorou a ser colocado no mercado porque Couderc
achava que o cruzamento 157-11 seria mais exitoso. De acordo com J. M. Guillon (1898),
seria o único cruzamento Vitis riparia x V. berlandieri, com V. riparia sendo planta-mãe.
Possui excelente resistência à filoxera, mas é suscetível à nematóides. O
enraizamento é médio, a enxertia à campo é satisfatória e a enxertia de mesa é variável
(GALET, 1979).
É um porta-enxerto bem difundido na região vitícola do Rio Grande do Sul.
Localmente é denominado “branco rasteiro” devido à coloração esbranquiçada dos brotos e ao
seu hábito prostrado de crescimento. Tem boa tolerância ao calcário. Deve ser plantado em
solos férteis e frescos, pois não tolera seca nem umidade em excesso. Média sensibilidade à
carência de potássio (GIOVANNINI, 2008).
Possui boa resistência ao calcário ativo (25%). Prefere solos bem drenados e
profundos. Confere vigor e produtividade regulares, sem excesso, dando vinhos ricos em
álcool e de boa coloração (REYNIER, 2002).
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6 Considerações finais
Algumas doenças e pragas apresentam poucas alternativas de controle utilizando
porta-enxerto. A pérola-da-terra apenas é tolerada utilizando o 043-43 e o 039-16. Podridão
de Armilária pode ter seus danos evitados com a utilização de P 1103 e 140 Ru.
Em terrenos com a presença de nematóides, a variedade de alternativas são maiores.
Para combater Xiphinema podemos utilizar, preferencialmente, Kober 5BB, SO4, P 1103 e
Salt Creek. Os porta-enxertos 101-14, 420-A e Dog Ridge, também apresentam alguma
resistência para o gênero Xiphinema. Para o controle de Meloidogyne devemos utilizar Kober
5BB, SO4, P 1103, Salt Creek, 99 R e 140 Ru. Outras alternativas para o controle do gênero
Meloidogyne são: 101-14 e Dog Ridge.
Um dos maiores problemas para a viticultura no Rio Grande do Sul, a fusariose, é
melhor controlada com o emprego do P 1103, 043-43/039-16, Rupestris du Lot, 99 R e 140
Ru.
Em relação à filoxera, os únicos porta-enxertos que não apresentam resultados
satisfatórios são: Salt Creek e Dog Ridge.
A videira sofre muito com a falta de água, mas porta-enxertos com baixo ângulo
geotrópico e sistema radicular profundo, como o P 1103, Rupestris du Lot, 99 R e 161-49,
quando em solos profundos, podem resistir à seca.
O porta-enxerto 101-14 é indicado para a produção de uvas de qualidade ou para
uvas de mesa precoce, pois imprime fraco vigor e antecipa a maturação. Tem bom
enraizamento e enxertamento, prefere solos argilosos, tolerando o excesso de umidade
temporário e é sensível à seca. Em relação às pragas e doenças, tem alta resistência à filoxera,
média tolerância a Meloidogyne e é tolerante à Xiphinema, sendo sensível à fusariose, pépreto e podridão de armilária.
O porta-enxerto 5 BB é indicado para variedades americanas, pois imprime alto vigor
à copa, é deficiente na enxertia a campo, mas regular na de mesa. Prefere solos de textura
franca a argilosa, sendo sensível a seca e tolerante ao excesso de umidade temporário. É
sensível as doenças (fusariose, pé-preto e armilária), mas resistente a filoxera e a nematóides.
O porta-enxerto SO4 é muito utilizado na campanha, área livre de fusariose, possui
resistência a filoxera e nematóides. Permite qualidade regular e produtividade alta. É
recomendado para americanas e híbridas.
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O porta-enxerto 420 A não é resistente a seca, nem a umidade excessiva, preferindo
solos de textura franca a arenosa. Permite a produção de uvas de qualidade superior, mas em
solos livres de fusariose e Meloidogyne. É resistente a filoxera e tolerante a Xiphinema.
O P1103 é o porta-enxerto mais adaptado aos problemas, é resistente a seca e a
excesso de umidade, possui resistência a filoxera e a nematóides, e moderada resistência a
fusariose, e a podridão de armilária. Mas a qualidade de produção é média.
Os porta-enxertos 039-16 e 043-43 são a alternativa para produção em áreas
infestadas por pérola-da-terra. Possuem resistência a nematóides e a filoxera. Mas são muito
vigorosos e de difícil enxertia.
O Riparia Gloire de Montpellier é indicado para a produção de uvas finas e uvas de
mesa precoces. Não tolera seca, mas é resistente ao excesso de umidade. Possui excelente
resistência filoxérica, mas é sensível a nematóides e a pérola-da-terra.
O porta-enxerto Rupestris du Lot é indicado para altas produções e uvas de mesa
tardias, pois é muito vigoroso e atrasa a maturação. Não se adapta aos terrenos úmidos, mas
em terrenos profundos pode resistir à seca. Possui resistência a fusariose, mas é sensível a
nematóides.
O porta-enxerto 99 R é indicado para vinhos comuns, possui certa resistência a
fusariose e é resistente a Meloidogyne. Não tolera umidade, mas em solos profundos podem
resistir à seca.
O 140 Ru é um porta-enxerto tolerante a seca, muito vigoroso, que alonga o ciclo da
videira e retarda a maturação, não sendo indicado para a produção de uvas finas. Mas é
tolerante a fusariose, armilária e a Meloidogyne.
O porta-enxerto 161-49 permite uma produção regular, dando vinhos ricos em álcool
e de boa coloração. Prefere solos profundos, livres de nematóides e de fusariose.
O porta-enxerto Dog Ridge apresenta tolerância a nematóides, mas resistência apenas
moderada a filoxera. Adapta-se a solos argilosos e arenosos. Já o Salt Creek, está sendo usado
em solos arenosos da Campanha, possui resistência a nematóides, mas, do mesmo modo que o
Dog Ridge, sua resistência filoxérica é moderada.
Não se pode fazer uma recomendação geral para o Rio Grande do Sul, devemos
estudar caso a caso. Para a produção de uvas finas de qualidade e uvas de mesa precoces os
porta-enxertos mais indicados são o 101-14, 420 A e Riparia Gloire de Montpellier, mas
devemos evitar áreas infestadas com fusariose e áreas suscetíveis à seca. O 101-14 e o
Riparia se adaptam melhor a solos argilosos, e o 420 A prefere solos de textura franca a
arenosa.
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Para vinhedos de alta produção devemos optar pelos porta-enxertos 5 BB, Rupestris
du Lot e 140 Ru. O 5 BB é tolerante ao excesso de umidade temporário e a nematóides. O
Rupestris du Lot é resistente a fusariose, mas sensível à nematóides. E o 140 Ru é resistente à
seca, mas sensível à Meloidogyne.
Para vinhos comuns as alternativas são: SO4, resistente à nematóides, mas muito
sensível à fusariose; e 99 R, com alguma resistência à fusariose e Meloidogyne.
O P 1103 continua sendo o porta-enxerto mais tolerante à problemas, mas deve ter
um manejo cuidadoso para que o excesso de vigor não prejudique a qualidade da produção.
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