2ª Edição D I S C I P L I N A Ciências da Natureza e Realidade O Homem – origens Autores Franklin Nelson da Cruz Gilvan Luiz Borba Luiz Roberto Diz de Abreu aula 09 CI_NAT_A09_RAARL_090810.indd S11 09/08/10 15:33 Governo Federal Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministro da Educação Fernando Haddad Secretário de Educação a Distância Ronaldo Motta Reitor José Ivonildo do Rêgo Vice-Reitor Nilsen Carvalho Fernandes de Oliveira Filho Secretária de Educação a Distância Vera Lucia do Amaral Secretaria de Educação a Distância (SEDIS) Coordenadora da Produção dos Materiais Célia Maria de Araújo Projeto Gráfico Ivana Lima Revisores de Estrutura e Linguagem Eugenio Tavares Borges Marcos Aurélio Felipe Diagramadores Bruno Cruz de Oliveira Maurício da Silva Oliveira Júnior Mariana Araújo Brito Thaisa Maria Simplício Lemos Imagens Utilizadas Banco de Imagens Sedis (Secretaria de Educação a Distância) - UFRN MasterClips IMSI MasterClips Collection, 1895 Francisco Blvd, East, San Rafael, CA 94901,USA. Pedro Daniel Meirelles Ferreira MasterFile – www.masterfile.cpom Tatyana Mabel Nobre Barbosa MorgueFile – www.morguefile.com Revisoras de Língua Portuguesa Janaina Tomaz Capistrano Sandra Cristinne Xavier da Câmara Ilustradora Carolina Costa Pixel Perfect Digital – www.pixelperfectdigital.com FreeImages – www.freeimages.co.uk FreeFoto.com – www.freefoto.com Free Pictures Photos – www.fre-pictures-photos.com BigFoto – www.bigfoto.com FreeStockPhotos.com – www.freestockphotos.com OneOddDude.net – www.oneodddude.net Editoração de Imagens Adauto Harley Carolina Costa Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede” Cruz, Franklin Nelson da. Ciências da natureza e realidade: interdisciplinar/ Franklin Nelson, Gilvan Luiz Borba, Luiz Roberto Diz de Abreu. – Natal, RN: EDUFRN Editora da UFRN, 2005. 348 p. ISBN 85-7273-285-3 1. Meio Ambiente. 2. Terra. 3. Universo. 4. Natureza. 5. Seca. I. Borba, Gilvan Luiz. II. Abreu, Luiz Roberto Diz de. III. Título. RN/UF/BCZM 2005/45 CDD 574.5 CDU 504 Copyright © 2007 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. CI_NAT_A09_RAARL_090810.indd S12 09/08/10 15:33 Apresentação A nossa nona aula tem como título O Homem – origens. Inicialmente, estabelecemos as condições físico-químicas necessárias à gênese da célula precussora da vida. A seguir, a partir das teorias científicas estabelecidas, traçamos o perfil químico-biológico da evolução da célula que deu origem à biodiversidade da Terra. Por fim, considerando as eras geológicas e as transformações biológicas operadas, evedenciamos a evolução humana, delineando também a árvore genealógica do homem. A resolução de atividades e a auto-avaliação estão associadas à leitura científica da aula ou, em alguns momentos, a trabalhos de pesquisa bibliográfica, na Internet ou ainda de pesquisa de campo. Objetivos 1 2 3 4 5 6 2ª Edição CI_NAT_A09_RAARL_090810.indd S21 Permitir que você identifique as vias que contribuíram para a origem da vida na Terra e para a evolução humana. Apreciar contextos temáticos e extrair destes as informações necessárias à compreensão da aula. Estabelecer as condições necessárias ao surgimento da vida na Terra. Evidenciar a importância de algumas substâncias que contribuíram para a gênese da célula primordial. Evidenciar as teorias que explicam de forma científica a origem da vida e estabelecer as vias essenciais à evolução humana. Fornecer respostas às atividades programadas. Aula 09 Ciências da Natureza e Realidade 1 09/08/10 15:33 A vida E m uma noite de verão, de muito calor, imagine-se acampado próximo a um sítio arqueológico a alguns quilômetros de seu município. O tempo passa, a conversa com os amigos está animada, mas o sono chega. De repente, buscando relaxar, você deita sobre a relva e trava contato com o céu repleto de estrelas, sendo, assim, induzido a refletir sobre a vida. De imediato, uma questão lhe vem à mente: o que é vida? Quase que de repente você se transfigura, busca uma resposta, mas não a encontra e se sente impotente diante da complexidade da questão. Mesmo assim, não se entrega e, sob a luz do luar, olha para o ambiente que o cerca e observa que tudo a sua volta constitui provas de uma Terra física, química e biológica. As rochas, as nuvens, a água do riacho próximo ao acampamento são provas reais da Terra física e química. Como também, os pequenos pontos luminosos que anunciam a presença de vaga-lumes, o zumbir dos insetos, o canto da ave noturna e até mesmo você são provas de uma Terra biológica. Todos esses atributos são partes integrantes de um grande reator, que opera a rendimento máximo, com um único intento: a vida. As suas fronteiras são móveis e estendem-se sobre a atmosfera, o solo, os mares e seus abismos, os desertos, as regiões geladas e as florestas. Ele opera em contínuo, produzindo o alimento, o ar e a água, ingredientes necessários à geração e manutenção da vida. Não obstante a sua diversidade quanto a formas, dimensão e condições a que está submetido, a integração das suas partes é perfeita. Para comprovar tal integração, tomamos como exemplo a química do corpo humano. Ela se desenvolve com base nos mesmos elementos químicos, a energia envolvida decorre das mesmas reações e mecanismos físico-químicos de regulação semelhantes em qualquer ser humano. Como veremos, o corpo humano é um verdadeiro histórico da vida sobre a Terra, visto que suas células são mantidas em um ambiente contendo alto teor de Carbono e Hidrogênio, semelhante ao do meio que as originou. Ainda hoje, elas estão imersas em uma solução composta por água e sais de elementos essenciais à vida, de composição semelhante à dos oceanos primitivos. Se a célula fosse utilizada como unidade monetária universal, erradicaríamos a pobreza já que seríamos todos trilionários. Isso porque somos constituídos por 1 trilhão (1012) de células animais e outros 10 trilhões (1013) de células bacterianas. Ao distribuirmos por ordem de prioridade os vários segmentos constituintes do sistema vida, a célula ocupará lugar de destaque. Como veremos a seguir, ela é a unidade fundamental da vida. 2 Aula 09 Ciências da Natureza e Realidade CI_NAT_A09_RAARL_090810.indd S22 2ª Edição 09/08/10 15:33 Origens da vida Condições físico-químicas favoráveis à vida Quais as condições físico-químicas reinantes sobre o planeta Terra no momento em que a vida surgiu? Mesmo que essas condições não tenham sido estabelecidas até a presente data, é de extremo interesse da ciência, baseada em hipóteses formuladas a respeito das variáveis físico-químicas que caracterizavam a biosfera primordial, determinar as condições mínimas necessárias ao surgimento da vida sobre a Terra. Atividade 1 Qual a estrela do sistema solar? Qual o seu tamanho, a sua massa, a sua densidade e como ela favorece o surgimento da vida? Na realidade, ao responder essa atividade, você estará se referindo à estrela que possibilita através do seu dote energético as condições necessárias à vida sobre a Terra: o Sol. Caso existisse mais de uma estrela desse porte no sistema solar, as órbitas descritas pelos planetas seriam instáveis e a Terra seria estéril. A massa da estrela também é de fundamental importância, visto que uma massa menor do que a encontrada por você significaria uma luminosidade menor e, conseqüentemente, um aporte de energia insuficiente ao surgimento e manutenção da vida sobre a Terra. Ainda nesse contexto, uma estrela com massa maior seria também desfavorável, sobretudo, porque teria uma duração de vida muito curta. Observamos assim que quanto maior for a massa da estrela, menor será sua fase de estabilidade e mais rápido o seu desaparecimento. No entanto, esse fato não impossibilita que, em torno dessa densa estrela, algum astro possa desenvolver formas de vidas primitivas. A composição química do Sol sofreu sensíveis mudanças quando comparada à das estrelas mais primitivas geradas a partir do Big Bang, constituídas essencialmente pelos dois elementos mais abundantes do universo, Hidrogênio e Hélio. O surgimento de elementos mais pesados como Carbono, Oxigênio e Nitrogênio, essenciais à vida, é decorrência do desenvolvimento de estrelas primitivas, dando origem às estrelas de segunda ou terceira geração (ver Figura 1). 2ª Edição CI_NAT_A09_RAARL_090810.indd S23 Aula 09 Ciências da Natureza e Realidade 3 09/08/10 15:33 Figura 1 – Proporção relativa de elementos mais abundantes no Sol Atividade 2 Forneça uma descrição qualitativa dos elementos químicos presentes no solo da sua região. Portanto, para a ocorrência da vida em um planeta, é imprescindível que as condições listadas a seguir sejam atendidas: 4 a dimensão de sua órbita não seja muito grande; a distância da estrela responsável pelo aporte de energia ao planeta esteja em acordo com as leis da natureza, favorecendo assim as condições físico-químicas reinantes; por razões de estabilidade térmica, o movimento de translação do planeta em torno da estrela deve se processar numa órbita com geometria próxima a de um círculo; a massa do planeta seja adequada, a fim de que a aceleração da gravidade seja capaz de reter os elementos relativamente leves, como o carbono, o nitrogênio e o oxigênio; nele se origine uma atmosfera que, ao mesmo tempo, propicie os bios-processos e, também, proteja as moléculas complexas formadas da radiação em excesso, particularmente, dos raios ultravioletas e raios X; Aula 09 Ciências da Natureza e Realidade CI_NAT_A09_RAARL_090810.indd S24 2ª Edição 09/08/10 15:33 haja a presença de uma hidrosfera, já que a água é uma substância essencial às reações pré-bióticas, e também uma molécula essencial à vida, já que o nosso organismo é composto por aproximadamente 70% de água; o planeta possua uma litosfera, ou seja, uma superfície sólida, que favoreça o processo de agregação de pequenas moléculas para formar as grandes moléculas estáveis e, então, concentrá-las. Atividade 3 Você é capaz de justificar cada uma das condições listadas anteriormente e necessárias à gênese da vida em um planeta? A célula A gênese da vida e a sua evolução só foi possível ocorrer após a Terra alcançar a sua estabilidade físico-química. Antes dessa fase, nosso planeta era totalmente estéril. Daí, a necessidade de relembrarmos algumas noções básicas associadas à vida, tal como a conhecemos na atualidade. Muitos seres vivos são unicelulares e se constituem de uma única célula. Já nós, seres humanos, apresentamos um número elevado de células, o que nos faz pluricelulares. Por isso, a célula, unidade vital, difere em forma e tamanho. O ovo de avestruz, a maior célula conhecida, é dimensionalmente superior a muitos animais, enquanto a menor, a de certas bactérias, mal pode ser visualizada pelos modernos microscópios eletrônicos, uma vez que seu tamanho é da ordem de grandeza de 1,0 x 10-6 a 1,0 x 10-4 metros. Cada uma das células do corpo humano atua como uma indústria química na qual as máquinas e reatores possuem vida e são ajustados para produzirem um rendimento máximo, tendo como funções: fornecer uma estrutura que suporte as reações químicas complexas decorrentes da absorção alimentar e necessárias à manutenção da vida; após as reações, descartar os dejetos; produzir cópias exatas de si mesma, de modo que o organismo possa continuar a viver mesmo depois das células-mãe terem morrido. 2ª Edição CI_NAT_A09_RAARL_090810.indd S25 Aula 09 Ciências da Natureza e Realidade 5 09/08/10 15:33 Atividade 4 Você é capaz de comprovar a afirmação de que o homem possui algo em torno de 10 trilhões de células, sabendo que a célula humana possui o tamanho de 2,0 x 10-5 m? Vamos tentar? Como a indústria química moderna, cada uma das células é subdividida em vários compartimentos por membranas. Possui ainda uma central de energia que funciona a partir da luz solar ou da ingestão de alimentos e um centro de controle (núcleo). A central, destinada a fornecer energia ao sistema; e o núcleo, a fornecer informações a máquinas e reatores para que estes operem as transformações necessárias. Na linha de produção, algumas máquinas são responsáveis pelo transporte dos reagentes. Os reatores, organelos (ou organitos ou organóides) operam as transformações químicas propriamente ditas, enquanto outras máquinas, as vesículas de transporte, são responsáveis pelo acondicionamento dos produtos finais e pelos descartes de produtos secundários ao processo. Como vemos, a célula funciona como uma verdadeira fábrica química e será estudada em detalhes na disciplina Química da Vida. 10 11 13 12 ORGÂNULOS 1 2 9 3 4 5 6 7 8 1. Nucléolo 8. Retículo Endoplasmático Liso 2. Núcleo celular 9. Mitocôndrias 3. Ribossomos 10. Vacúolo 4. Vesículas 11. Citoplasma 5. Ergastoplasma ou Retículo endoplasmático rugoso (RER) 12. Lisossomas 6. Complexo de Golgi 13. Centríolos 7. Microtúbulos Figura 2 – Estrutura da Célula 6 Aula 09 Ciências da Natureza e Realidade CI_NAT_A09_RAARL_090810.indd S26 2ª Edição 09/08/10 15:33 O Homem busca explicar a origem da vida A palavra origem, marco espacial ou temporal que indica o surgimento de algo, tem sido motivo de preocupação no decorrer da história da humanidade, sobretudo quando esse algo tem a amplitude da Terra, da vida ou das espécies, dentre as quais destaca-se o homem. Várias tentativas de explicar a origem da vida têm sido empreendidas pelo homem desde épocas remotas. As primeiras propostas surgiram na Grécia Antiga e até a presente data servem de motivação ao homem moderno na tentativa de elucidar e explicar o enigma da vida. Algumas delas são descritas a seguir. A Teoria do Criacionismo admite que o universo e a vida em suas origens foram moldados a partir da intervenção de um ser primordial ou matéria primordial. A Teoria Teológica Judaico-Cristã baseia-se no livro do Gênesis e evidencia ser a partir da palavra que se dá a criação. Deus criou os céus e a terra. A terra estava informe e vazia, as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas. Então, Deus disse: Faça-se a Luz! E a luz foi feita. A Teoria da Geração Espontânea (ou abiogênese), cujos traços são encontrados em escritos das civilizações chinesa, indiana e egípcia, mas tendo Aristóteles (384 a 322 a.C.) como grande mentor da tese: as plantas, os insetos, os animais podem nascer de sistemas vivos parecidos, mas também da matéria em decomposição ativada pelo calor do sol. Foram defensores da Teoria da Geração Espontânea pensadores como Roger Bacon, Descartes e Isaac Newton. Em 1768, Lazzaro Spallanzani (1729 – 1799), experimentalmente, constatou que em um sistema esterilizado não ocorre a geração espontânea da vida. Um século depois, em 1860, o cientista francês, Louis Pasteur (1822 – 1895), encerra o debate, ao demonstrar que em ambiente devidamente esterilizado a vida não pode se originar espontaneamente da matéria inanimada. Teoria Cosmozóica (ou Panspermia), fundamentada por um grupo de cientistas alemães, dentre os quais Liebing, Richter e Helmholtz, que em 1865 busca explicar o aparecimento da vida na Terra como resultado da queda de meteoros impregnados com microrganismos resistentes provindos de algum ponto do Universo. Essa idéia foi retomada de forma mais elaborada pelo químico sueco Svante Arrhenius, Prêmio Nobel de Química de 1903. Na sua nova concepção, ela considera a vida como uma característica fundamental do Universo semelhante à matéria e à energia e atribui o seu 2ª Edição CI_NAT_A09_RAARL_090810.indd S27 Aula 09 Ciências da Natureza e Realidade 7 09/08/10 15:33 desenvolvimento a microrganismos de origem extraterrestre. Arrhenius também nomeou essa teoria de Panspermia, vocábulo grego que significa pan, total, e sperma, semente. A Evolução Química, desenvolvida pelos bioquímicos Alexander Ivanovitch Oparin (1894 – 1980), de origem russa, e John Haldane (1892 –1964), de origem inglesa. Visando compreender a tese defendida por esses dois cientistas, vamos entrar na máquina do tempo e regredir ao período de 4,5 éons a.C. (1 éon = 1 x 109 anos), período de formação da Terra, momento a partir do qual se estabelece uma relação existencial entre a Terra e o Sol, comparada por eles a uma reação química. Com efeito, para que isso ocorra, torna-se indispensável a presença de três componentes básicos, sendo: • os reativos, na atmosfera primordial, a água no estado de vapor (H2O) e os gases nitrogênio (N2), dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), hidrogênio (H2), amônia (NH3), sulfeto de hidrogênio (H2S); • a própria atmosfera, se comportando como um reator esférico, homogêneo e ajustado para operar com rendimento máximo; • e por fim, uma fonte de energia (por exemplo: energia térmica, o sol). As moléculas simples, geradas em meio aquoso, deram origem a uma sopa primitiva, a partir da qual moléculas orgânicas complexas como, aminoácidos, açúcares e bases nitrogenadas, evoluíram. Você estudará essas moléculas na disciplina Química da Vida. Em 1953, Stanley Miller e Harold Urey demonstram experimentalmente que as reações químicas simples podem ser a origem de diversos precursores de biomoléculas. Para isso, eles idealizaram o reator exibido na Figura 3. 5 Vácuo Figura 3 – Experimento de Miller e Urey Ao balão de 500 ml, Miller adicionou um pouco de água e com o auxílio de uma bomba de vácuo extraiu o ar residual. Adicionou ao balão de 5,0 litros uma mistura dos gases Metano 8 Aula 09 Ciências da Natureza e Realidade CI_NAT_A09_RAARL_090810.indd S28 2ª Edição 09/08/10 15:33 (CH4), Amônia (NH3), Monóxido de Carbono (CO), Dióxido de Carbono (CO2) e Hidrogênio (H2), gases estes presentes na atmosfera primordial. Aqueceu a água contida no balão de 500 ml até o seu ponto de ebulição e, com a ajuda de uma fonte de alta tensão, produziu a partir dos eletrodos de Tungstênio (W) uma faísca de 60.000 volts. Miller deixou o reator operar em contínuo durante uma semana, observando que a água que circulava no aparelho, com o passar do tempo, adquiria um tom avermelhado. A partir da análise de uma amostra da água, comprovou a presença de alguns aminoácidos, produtos da reação envolvendo os gases reagentes.Portanto, a partir do experimento desenvolvido, Miller e Urey concluíram que se a atmosfera da Terra fosse semelhante à mistura gasosa presente no seu reator, aminoácidos precursores das proteínas seriam formados espontaneamente. Assim, substâncias como as que compõem os seres vivos atuais podem ter sido geradas a partir das condições físico-químicas reinantes no ambiente primitivo. Esse foi o primeiro experimento realizado cientificamente, o qual tenta explicar a origem da vida em nosso planeta. Experimentos posteriores, bem mais elaborados, usando outras combinações de gases ou radiações ultravioletas, produziram aminoácidos, açúcares e outras moléculas essenciais à vida. Todavia, em laboratório, ainda não foi possível produzir um sistema capaz de cumprir cada uma das etapas mecanísticas necessárias a dar origem à vida. Sobretudo, porque, diferentemente da Terra primitiva, os cientistas, além de desenvolverem as reações fazendo uso de soluções diluídas, trabalham com uma escala de tempo de apenas algumas semanas. Enquanto, na Terra primitiva, todo o oceano líquido, ainda pouco profundo, esteve exposto à radiação solar por bilhões de anos. De uma coisa, porém, devemos estar certos. A vida não resulta de um milagre, mas de uma combinação de moléculas simples em condições físico-químicas favoráveis, capaz de evoluírem para moléculas mais complexas, estas sim, suas precursoras. O Homem busca definir e explicar a evolução da vida Definir a vida não é tarefa simples. Em grande parte dos dicionários, o que encontramos na realidade é uma tautologia (repetição inútil de uma mesma idéia escrita de forma diferente) do tipo: a vida é o fato de viver ou de estar vivendo. Entretanto, em alguns dicionários mais tradicionais encontramos algumas definições úteis. Por exemplo: Webster’s (1828): Em geral, estado de animais e plantas, ou de seres organizados, no qual suas funções naturais e movimentos são executados, ou no qual seus órgãos são capazes de executar suas funções. (MERRIAN-WEBSTERS, 2005) 2ª Edição CI_NAT_A09_RAARL_090810.indd S29 Aula 09 Ciências da Natureza e Realidade 9 09/08/10 15:33 Mesmo com as múltiplas definições existentes, a vida onipresente ao nosso redor, cientificamente, permanece indefinida. Na Antigüidade, os filósofos gregos acreditavam que a natureza em sua integridade era viva e o físico era aquele que se dedicava ao seu estudo. Com a divisão da matéria em animada (orgânica) e inanimada (inorgânica), os físicos assumem a descrição da matéria inanimada, os químicos estudam ambos os domínios e os biólogos se ocupam da descrição da matéria animada. Os físicos acreditam que os biólogos sabem definir o que é vida, já que esta é sua atribuição. Por sua vez, os biólogos delegam essa tarefa aos químicos, visto que eles manipulam a transformação da matéria inorgânica em orgânica. No entanto, questões como: onde e quando a vida começou? quais as condições ambientes no momento em que a vida começou? como a vida evoluiu? o que é a vida? Essas questões ainda são incógnitas para a ciência. Não obstante, nomeamos de ser vivo todo o ser que para o exercício da vida, além de apresentar uma constituição celular, sinta a necessidade de energia: para desenvolver o seu metabolismo; respirar: todos os seres vivos permutam gases com a atmosfera; crescer: todos os seres vivos possuem um período de crescimento antes de alcançarem a maturidade sexual; reproduzir-se: todo o ser vivo se reproduz, condição essencial à preservação da espécie; morrer: todo ser vivo, um certo dia, cessa de viver. Ainda, para o exercício dinâmico das suas funções, seja capaz de se: movimentar; irritar: todo ser vivo apresenta reações rápidas frente a diferentes estímulos; adaptar: todo ser vivo é passível de mudança de forma ou comportamento ao longo de sua vida. Atividade 5 Mesmo sabendo que a ciência ainda não encontrou elementos para definir a vida, qual a sua opinião a respeito dela? 10 Aula 09 Ciências da Natureza e Realidade CI_NAT_A09_RAARL_090810.indd S210 2ª Edição 09/08/10 15:33 A Teoria da Evolução, como qualquer outra teoria, pode ser testada. Por isso, está sujeita a alterações decorrentes de novas comprovações científicas. Seu princípio fundamental é: todas as formas de vida evoluem por seleção natural. Grande parte dos cientistas concorda com relação a um aspecto dessa teoria, aquele que prega que a vida decorre de um processo em duas etapas: a primeira, a evolução química, e a segunda, a evolução biológica. No entanto, o problema maior reside em explicar a que momento e como se deu a síntese das moléculas do Ácido Ribonucléico (RNA) e das moléculas do Ácido Desoxirribonucléico (DNA), estas precursoras das primeiras. Temos certeza de que, quanto aos supostos requisitos para o desenvolvimento da evolução química, você já sabe como delineá-los. Vamos tentar! Atividade 6 Descreva os requisitos necessários ao desenvolvimento da evolução química da vida. Por outro lado, a evolução biológica se deu através de uma sucessão de eventos como a geração de diferentes aminoácidos e açúcares a partir das condições físico-químicas do ambiente, somadas à presença de algumas moléculas simples de gases constituintes da atmosfera terciária. Os aminoácidos assim formados se combinaram, originando as proteínas primitivas. Estas, envoltas por moléculas de lipídios, evoluíram quimicamente para macromoléculas, protegidas das intempéries do ambiente por uma película que, no decorrer do tempo, adquiriu a textura da membrana celular. Uma outra teoria explica a formação da célula levando em consideração o fato das moléculas de lipídios (gorduras), formadas nos oceanos primitivos a partir de processos semelhantes ao desenvolvido por Miller e Urey em laboratório, se fundirem para gerar pequenas bolhas. No interior destas, os aminoácidos formados evoluíram quimicamente, originando as cadeias de proteínas e os açúcares semelhantes às do RNA e DNA (Figura 4). Figura 4 – Ácidos: Ribonucléico (RNA) e Desoxirribonucléico (DNA) 2ª Edição CI_NAT_A09_RAARL_090810.indd S211 Aula 09 Ciências da Natureza e Realidade 11 09/08/10 15:33 Uma outra hipótese levantada a respeito da formação do DNA foi descrita no livro Vital dust (Poeiras da vida) pelo Dr. Christian de Duve, laureado com o Prêmio Nobel de Medicina em 1974. Segundo De Duve, há 4 bilhões de anos em nosso planeta, Trazidos pela chuva de cometas e meteoritos, os produtos dessas misturas químicas progressivamente formaram uma camada orgânica em torno da superfície sem vida do recém-condensado planeta. Tudo ficou coberto por uma película rica em carbono, exposta aos impactos da queda de corpos celestes, aos choques de terremotos, aos gases e fogos de erupções vulcânicas, às incertezas do clima e a banhos diários de radiação ultravioleta. Rios e riachos conduziram esses materiais até o mar, onde se acumularam até que os oceanos primitivos atingissem a consistência de uma sopa diluída quente. Em lagos e lagoas internos em rápida evaporação, a sopa adquiriu a espessura de um purê nutritivo. Em algumas áreas, infiltrou-se nas profundezas da Terra, jorrando violentamente de volta como gêiseres cheios de vapor e de jatos de água subterrânea fervente. Todas essas exposições e agitações induziram muitas modificações e interações químicas entre os componentes originais caídos dos céus. (WARD; BROWNLEE, 2001) Assim, De Duve surgere a hipótese de ocorrência de uma síntese, a princípio abiótica (sem vida) gerando as moléculas químicas necessárias a uma síntese biótica (relativa à vida), caracterizada pela série de eventos seguintes: os aminoácidos formados no espaço e na Terra combinaram-se para produzir as proteínas primordiais, com estas se unindo para originar a vida primitiva. A primeira célula viva gerada por uma das hipóteses formuladas levou centenas de milhões de anos para se consolidar. Além de estar isenta de toda e qualquer ameaça de destruição, ela era exclusiva. Porém, passada essa fase, as suas descendentes povoaram em um curto espaço de tempo os mares e consumiram grande parte da matéria orgânica da qual se originaram, reduzindo a possibilidade de surgir um outro tipo de célula espontaneamente. Ela é, na realidade, a grande responsável por toda a diversidade de vida na Terra: vegetais, amebas, bactérias e o homem, decorrente do processo de seleção natural. Charles Darwin (1809–1882), naturalista inglês, ao viajar ao redor do mundo estudando plantas e animais, observou que: 12 as espécies apresentam distinções entre seus constituintes, ou seja, elas apresentam características que variam de indivíduo para indivíduo; diversas características são hereditárias: familiares altos têm descendentes altos; a variação e a hereditariedade dos caracteres influenciam a sobrevivência e o crescimento em ambiente natural selvagem, a seleção natural. Aula 09 Ciências da Natureza e Realidade CI_NAT_A09_RAARL_090810.indd S212 2ª Edição 09/08/10 15:33 Atividade 7 Tomando você como referência, pesquise entre seus familiares algumas das características que comprovem a primeira observação feita por Darwin. Com isso, Darwin quis dizer que a vida é uma verdadeira competição por recursos existentes, porém escassos. Para sobreviver, o indivíduo, além de vencer a competição, deve resistir às intempéries da natureza. Por exemplo: a seca. As críticas feitas ao trabalho de Darwin são motivadas porque ele não explica as razões pelas quais os filhos não são idênticos aos pais, fato que os geneticistas só aprenderam a justificar quando aconteceu a descoberta e a elucidação da estrutura do DNA. Sabe-se hoje que as diferenças existentes originam-se de pequenos erros ocorridos no momento da duplicação do DNA. A evolução do ser humano Vamos falar agora da evolução do homem. Nada melhor do que começarmos um novo tema formulando uma questão para testar o seu nível de conhecimento. Atividade 8 De acordo com a Teoria da Evolução de Darwin, qual a origem do homem? Já vimos que alguns dos elementos químicos constituintes do universo, além de comporem os seres vivos, também são fundamentais à vida. A cronologia nos informa que, entre 3,5 e 4 bilhões de anos, esses elementos encontraram na Terra um ambiente favorável ao desenvolvimento da vida. Com o surgimento da célula, primeiro organismo vivo, a vida evoluiu originando milhares de espécies. A princípio, o desenvolvimento se deu na água e depois na terra (ver Figura 5). 2ª Edição CI_NAT_A09_RAARL_090810.indd S213 Aula 09 Ciências da Natureza e Realidade 13 09/08/10 15:33 Figura 5 – O desenvolvimento da vida Para se ter uma idéia a respeito da diversidade animal gerada por esse ato primordial, basta empreendermos o senso da natureza a partir do qual contabilizamos a existência de mais de: 9.000 espécies de pássaros; 350.000 espécies de vegetais, com aproximadamente 250.000 destas sendo flores; 8.400 espécies de peixes de água doce e 13.300 peixes de água salgada, alguns dos quais com até 18 metros de comprimento. Esses números não computam os invertebrados (seres sem coluna vertebral) e as espécies ainda não conhecidas. Além disso, o mais perfeito dos computadores, o cérebro humano, contém aproximadamente 10 bilhões de neurônios, cada um desses possuindo 1000 sinapses (pontos de contatos entre duas células nervosas). Para que você compreenda o significado dessa última afirmação, relataremos o que se passa com o cérebro de uma criança recém-nascida. Uma criança nasce com cerca de aproximadamente 100 bilhões de células cerebrais, chamadas neurônios, conhecidas por armazenar e transmitir informações. Ao nascer, a maior parte delas não está conectada à rede nervosa, mas não tarda, após o nascimento a se lançarem em um turbilhão de atividades e a se reunirem para formar os circuitos neuronais. São estas conexões que permitem a criança ver, escutar, sentir, caminhar, falar, pensar, entre outras ações. (CCCF/CICH, 2001) O homem, durante muito tempo, aceitou a idéia de ser parte integrante de um mundo estacionário, material e temporalmente. A resposta dada a qualquer questionamento feito a respeito da origem do mundo e da vida tinha como fonte de pesquisa os textos religiosos. Os sábios, até o final do século XIII, pensavam que a aparição do homem sobre a Terra tinha uma data (ano 3761 a.C.): a criação do mundo de acordo com o Velho Testamento. 14 Aula 09 Ciências da Natureza e Realidade CI_NAT_A09_RAARL_090810.indd S214 2ª Edição 09/08/10 15:33 Somente a partir do século XIX, com as descobertas promovidas pela ciência moderna a respeito da origem da nossa espécie, o homem penetrou no mundo mutável e em pérpetua evolução. Os físicos teóricos e naturalistas formularam novas hipóteses a respeito da origem da vida, inclusive da vida extraterrestre e vasculharam o espaço a procura de novos astros presentes no sistema solar. Os paleontólogos retrocederam no tempo ao habitat Pré-Histórico na busca de conhecer melhor os animais, suas origens, seus modos de vida e, também, justificar os seus desaparecimentos. Os antropólogos viajaram no tempo até as eras geológicas remotas para compreender melhor os seres que nos deram origem, seus hábitos, culturas e sociedades. Por fim, os químicos que, nas transmutações alquímicas, anteviram um novo campo de estudo, a nucleônica, hoje física nuclear, sistematizando as técnicas de datação e, assim, permitindo ao homem penetrar nas eras geológicas, coletar material e prever com certa margem de segurança a sua idade. Toda essa efervescência científica, catalisada pela literatura futurista da época, foi promovida por autores como: Júlio Verne, Paul d’Ivoi, Albert Robida, Edgar Allan Poe, Sir Arthur Conan Doyle, entre outros. Com a evolução da ciência, muitas teorias em relação à origem do homem foram propostas. Entretanto, nenhuma delas levantava dúvidas a respeito do homem ser um animal e que, portanto, com a necessidade de compartilhar das faculdades de mover-se, de comer, de dormir, de crescer e de reproduzir-se. Tais faculdades, agregadas às características físicas, permitiram situar o homem numa das subdivisões do reino animal: classe dos vertebrados conhecida como mamíferos. Os mamíferos são animais de sangue quente e caracterizam-se pelos seus métodos de parição, pela faculdade de amamentar seus filhos, por possuir pêlos e duas filas de dentes na boca. No entanto, o homem é melhor caracterizado se incluso numa ordem de mamíferos chamada Primatas, grupo que inclui animais como musaranhos arborícolas, os lêmures, os pongídeos (macacos antropóides) e os símios em geral. Os primatas, ou seja, os primeiros em posição ou ordem, apresentam as seguintes características: vivem ou viveram no período primitivo em árvores; apresentam mobilidade dos dedos, capacidade preênsil nas mãos e cinco dedos nos pés; unhas planas e almofadas táteis extremamente sensíveis; fácil mobilidade nas árvores, tendo em vista a sua facilidade de agarrar-se nos galhos; aumento de crânio com córtex enrugado; redução de face, declínio do olfato e visão binocular; clavícula robusta, cintura pélvica e braços longos; menstruação e um filho por gestação. 2ª Edição CI_NAT_A09_RAARL_090810.indd S215 Aula 09 Ciências da Natureza e Realidade 15 09/08/10 15:33 Atividade 9 Com base na descrição acima, você é capaz de esboçar o desenho de um primata? Atividade 10 Você já tem conhecimento suficiente para definir o homem. Vamos tentar? O conhecimento do ser humano exige um estudo das diferentes fases pelas quais a humanidade passou, desde a sua fase mais primitiva, Hominídea, até a fase presente, a do homem atual. Para isso, precisamos responder à pergunta: onde e quando surgiu o homem? Os antropólogos e paleontólogos modernos, consensualmente, admitem que o berço da humanidade é a África. A descoberta de fósseis humanos no vale da garganta de Olduvai, no Quênia (Tanzânia), na África Oriental, reforça ainda mais essa idéia. Agora, visando empreendermos uma incursão à Pré-História, em uma primeira etapa, vamos conhecer as eras geológicas (Gráfico 1, no final da aula). A segunda etapa diz respeito ao momento em que se dá a divisão entre a História e a Pré-História. A escrita, surgida há 3.500 anos a.C., é tida como a interface que separa esses dois momentos distintos da evolução humana: o Paleolítico, do grego paleos, antigo, e lithos, pedra: primeiro período da era quaternária, durante a qual apareceram os primeiros homens a trabalhar a pedra; o Neolítico, do grego neo, novo, e lithos, pedra: fase do desenvolvimento da humanidade, caracterizada pela utilização da técnica da pedra polida e por profundas transformações econômicas nas sociedades (agricultura, criações de animais, novas indústrias), que antecedeu a Idade dos Metais. A árvore genealógica humana T oda família tem a sua árvore genealógica e, quanto mais antiga for, mais extensa se torna a árvore. No caso da hominização, processo de evolução física e intelectual do homem, desde a sua origem primata até o estágio de desenvolvimento atual, a construção é delineada pelo genealogista e seus traços são apresentados no Quadro 1 e na Figura 6. A distribuição obtida resulta de pesquisas desenvolvidas por antropólogos. 16 Aula 09 Ciências da Natureza e Realidade CI_NAT_A09_RAARL_090810.indd S216 2ª Edição 09/08/10 15:33 Quadro 1 – O Processo de Hominização GRUPOS STRUTURAIS GRUPOS TAXONÔMICOS CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS Homem moderno Homo Sapiens Sapiens Dentes e maxilares modernos; presença de queixo. Cérebros grandes (variação de 1.000 a 2.000 cm3 com média e 1.300 cm3). Bipedalismo. Agarramento de força e de precisão. (Instrumentos de pedra, de osso e, mais tarde, de metal; uso do fogo) Homo sapiens neanderthalensis Fase humana Homo erectus Dentes maiores, menos evoluídos; ausência de queixo. Cérebros menores (variação de 550 a 1.200 cm3). Provavelmente, bom bipedalismo. Desconhece-se o seu tipo de agarramento. (Instrumentos rústicos de pedra; uso do fogo). (homem de pé) Fase humana primitiva Homo habilis Dentes maiores, menos evoluídos; ausência de queixo. Cérebros pequenos (aproximadamente 670 cm3). Bipedalismo avançado. Agarramento de força. (Primitivos fazedores de instrumentos de pedra). Fonte: Extraído de One life. Disponível em: <www.onelife.com/envolve/manev.html>, (homem hábil) Australopithecus africanus (austral, sul; pithecus, macaco) Hominídeos primitivos Refere-se à classificação das coisas e a seus princípios subjacentes. Quase tudo – objetos animados, inanimados, lugares e eventos – pode ser classificado de acordo com algum esquema taxonômico. Dentes menos modernos; ausência de queixo. Cérebros grandes (variação de 1.200 a 1.600 cm3). Bipedalismo razoável. Agarramento de força; talvez também agarramento de precisão. (Somente instrumentos de pedra; uso do fogo). (homem sábio) Fase pré-humana Taxonomia Dentição hominídea. Cérebro muito pequeno (500 cm3). Bipedalismo primitivo. Agarramento de tipo desconhecido. (Usuários de ferramentas; possivelmente, primitivos fazedores de instrumentos). Ramapithecus Punjabicus Kenyapithecus africanus Kenyapithecus africanus (?) Características dentárias hominídeas. 2ª Edição CI_NAT_A09_RAARL_090810.indd S217 Aula 09 Ciências da Natureza e Realidade 17 09/08/10 15:33 Figura 6 – Árvore Genealógica do Homem Atividade 11 Construir a árvore genealógica da sua família. 18 Aula 09 Ciências da Natureza e Realidade CI_NAT_A09_RAARL_090810.indd S218 2ª Edição 09/08/10 15:33 A classificação do Homem Moderno O mundo é constituído por uma variedade muito grande de organismos. Para se estudar e compreender tamanha diversidade animal, foi necessário o estabelecimento de critérios que propiciassem uma classificação objetiva, simples e compreensível dos seres vivos. Aristóteles (século IV a.C.) foi um dos primeiros naturalistas a se preocupar com a classificação dos animais, sendo na sua época conhecidas cerca de 1000 espécies, das quais 450 eram animais. O grande idealizador de critérios na área de classificação de seres foi o naturalista sueco Carl Lineu (1707–1778). O antropólogo Loren Eiseley (BRODY, 2000, p. 227) descreve o amor de Lineu pela diversidade de vida como “uma fome poética da mente por experimentar cada folha, flor e pássaro [...] Ele foi o gênio nomeador por excelência [...]”. Em 1735, ao publicar Systeme Naturae, Lineu criou um método claro e eficiente de nomear todos os animais e plantas. Aperfeiçoado pela biologia moderna, esse método envolve os sete níveis de todos os seres vivos, a começar pelo maior e mais geral. Aqui apresentamos a classificação do homem moderno (Quadro 2): Reino Animália (Animal) Filo Vertebrata (vertebrados) Classe Mammalia (Mamíferos) Ordem Primate (primatas) Superfamília Hominoidea (hominóides) Família Hominidae (hominídeos) Subfamília Homininae (homininieo) Gênero Homo (homem) Espécie Sapiens (Homem Moderno) Fonte: LEWIN, R. Evolução humana. São Paulo: Atheneu, 1999. p. 96 Quadro 2 – Classificação do Homem Moderno A sistemática de classificação de Lineu será estudada de forma mais detalhada no terceiro semestre, através da disciplina Fauna, Flora e Ambiente, a partir da qual você tomará conhecimento da diversidade animal e vegetal que povoa a Terra. 2ª Edição CI_NAT_A09_RAARL_090810.indd S219 Aula 09 Ciências da Natureza e Realidade 19 09/08/10 15:33 Resumo Nesta aula, tratamos a respeito do homem e da sua origem. Para isso, estudamos as condições físico-químicas necessárias à manutenção da estabilidade do planeta e que concorreram para o surgimento dos seres vivos. No contexto explorado, a célula é definida como sendo a estrutura fundamental da vida. De onde ela surgiu e como surgiu são questões ainda em estudo e campo fértil para o desenvolvimento da pesquisa científica, já que, levando em consideração o número de variáveis envolvidas, algumas das respostas são empíricas, advindas da ciência, enquanto outras são frutos da imaginação humana. Por sua vez, o homem, oriundo da célula fundamental aperfeiçoada pela própria natureza, evoluiu assumindo ares de Homo Sapiens e graças a sua curiosidade fez da ciência a sua obra mais marcante. Auto-avaliação 1 20 O que é um sítio arqueológico? Na sua região existe algum? Caso a sua resposta seja afirmativa, faça uma breve descrição do sítio. 2 Qual o papel desempenhado pela principal estrela do sistema solar na origem da vida? 3 Qual a sua opinião a respeito das teorias que buscam explicar a origem da vida? 4 Por que a escrita é tida como a interface que separa o período paleolítico do neolítico? 5 Caracterize as principais espécies que constituem a flora e a fauna da sua região. Aula 09 Ciências da Natureza e Realidade CI_NAT_A09_RAARL_090810.indd S220 2ª Edição 09/08/10 15:33 Referências ASIMOV, I. Asimov explica. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1986. BRODY, D. E.; BRODY, A. R. As sete maiores descobertas científicas da História. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. CASCUDO, L. C. Civilização e cultura.São Paulo: Global, 2004. Ce que nous savons au sujet du cerveau. CCCF/CICH, 2001. Canadá. Disponível em: <http:// www.cccf-fcsge.ca/projects/What%20We%20Know-f.pdf>. Acesso em: 07 fev. 2005. EDUFUTURO. Quito – Equador. Disponível em: <http://www.edufuturo.com/educacion. php?c=2717>. Acesso em: 05 fev. 2005. EL-HANI, C. N.; VIDEIRA, A. A. P. O que é vida? Rio de Janeiro: Relume – Dumará, 2001. HAZEN, R. M.; TREFIL, J. A grande aventura da ciência. Portugal: Fórum da Ciência, 1991. HOYLE, F. O universo inteligente. Lisboa: Editorial Presença, 1986. LEWIN, R. Evolução humana. São Paulo: Atheneu Editora, 1999. LOVELOCK, J. As eras de Gaia. 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AUTORES > Franklin Nelson da Cruz > Gilvan Luiz Borba > Luiz Roberto Diz de Abreu AULAS 01 Situando a Ciência no Espaço e no Tempo 02 A Terra – litosfera e hidrosfera 03 A Terra – atmosfera 04 Bioma Caatinga – recursos minerais 05 Bioma Caatinga – recursos hídricos 06 Bioma Caatinga – recursos florestais e fauna 07 Interação Sol – Terra: fluxos de Energia 08 Clima e tempo 09 O Homem – origens 10 A Hipótese Gaia 11 Poluição 12 Ciência e ética 13 Ciência, Tecnologia e Sociedade 14 Universo: uma breve apresentação 15 O Nordeste, o Homem e a Seca: natureza de uma realidade CI_NAT_A09_RAARL_090810.indd S31 09/08/10 15:33 CI_NAT_A09_RAARL_090810.indd S32 09/08/10 15:33