Física da Natação Anderson Johnson Li Licenciatura i t em Fí Física i - UFRJ Orientador Carlos Eduardo Aguiar IF - UFRJ Introdução / Objetivos ¾ Apresentamos uma coletânea de tópicos de Física presentes na prática da natação. ¾ O trabalho possui três partes principais: I I. Cinemática do nado; Estabilidade da flutuação do corpo humano na água; Discussão hidrodinâmica das forças propulsivas que movem o nadador nadador. II. III. ¾ ¾ Contextualização em situações atraentes para os estudantes; t d t Campo pedagógico pouco explorado. Cinemática da natação ¾ ¾ Você já se perguntou com que velocidade o ser humano pode nadar? Como determinar a velocidade de um nadador de ponta? Velocidade e aceleração durante um ciclo de braçadas no nado peito. Cinemática da natação ¾ I. II. III III. Formas de se obter velocidades l id d d de nado: d Sensores de movimento;; Vídeos; Análise de recordes. recordes Prova (m) Recorde masc. (s) Recorde fem. (s) 50 20.94 23.73 100 46.91 52.07 200 102.00 112.98 400 220.07 239.15 800 452.12 494.10 1500 874.56 942.54 Tabela de recordes no nado livre. Análise dos recordes (I) ¾ ¾ ¾ V l id d média Velocidade édi no nado d usando d a relação cinemática: Vm = D / T (1) P Prova (m) Vm masc. (m/s) Vm fem. f (m/s) 50 2 39 2.39 2 11 2.11 Problema: Diferença de velocidade (da ordem de 10%) entre as prova de 50 e 100 metros. Tal diferença não pode ser creditada ao cansaço do atleta. 100 2.13 1.92 200 1.96 1.77 400 1.82 1.67 800 1.77 1.62 1500 1.72 1.59 Justificativa: Ef it do Efeitos d salto lt e viradas i d passam despercebidos pela equação (1). Velocidades médias no nado livre masculino e feminino. Análise dos recordes (II) ¾ Análise gráfica dos recordes Nado livre, masculino, piscina de 50m 1600 D = 1.693 T + 21.9 2 R = 1.000 1400 Linearidade: D = U T + D0 1200 ((2)) distân ncia (m ) ¾ 1000 800 600 400 U - relacionado à velocidade d nadador do d d – independente i d d t d da prova; T - tempo recorde do percurso; D0 - coeficiente linear dependente do tempo ganho na largada e viradas. 200 0 0 200 400 600 800 1000 tempo (s) Gráfico montado a partir de provas de 50 a 1500 metros. Efeito cinemático dos saltos e viradas Partindo da análise gráfica estima--se: estima I. II. III. Quanto tempo é ganho com o salto; lt A velocidade do nadador propriamente dita; Se as viradas na borda da piscina são vantajosas ou não. Modelo utilizado ¾ Numa p prova de p percurso D o nadador p percorre a p piscina N vezes,, onde N=D /L (3) ¾ Tempo gasto na prova T = D / V – TL – (N – 1) TV (4) (V é a velocidade do nadador, TL é o tempo ganho na largada e TV é o tempo da virada) ¾ Substituindo a equação (3) na (4) encontramos T = D (1 / V – TV / L) – TL + TV ¾ Definindo 1 / U = 1 / V – TV / L e D0 = (TL – TV) U a equação (5) pode ser colocada na forma D = U T + D0 (5) (6) ( ) (7) (8) Modelo utilizado ¾ Parâmetros U e D0: dados para se obter V, V TL e TV. ¾ Problema: dois parâmetros para três quantidades. ¾ Solução: comparação entre provas realizadas em piscinas curtas (25m) e piscinas longas (50m). ¾ Hipótese: a velocidade do nadador e seus tempos de virada e largada não dependem do tamanho da piscina. ¾ Equação da diferença de tempo nas piscinas de 50m e 25m: ∆T = T – T´ = TV D (1 / L´ – 1 / L) (9) ¾ Tomando L´ = 25 metros e L = 50 metros, a relação acima torna-se ∆T = (TV / 50 m) D (10) Tempo de virada TV ¾ ¾ Gráfico ∆T vs. vs D: reta que passa pela origem e tem coeficiente angular TV / 50 m. Coeficiente angular = 0,0167 s/m. Tempo de virada (eq. 10): TV = (0,0167 s/m) x (50 m) = 0,84 0 84 s Nado livre, masculino, piscinas de 25 e 50m 30 diferença de tempos (s) ¾ 0 0167 D ∆T = 0.0167 2 R = 0.985 25 20 15 10 5 0 0 400 800 1200 1600 distância (m) ¾ ¾ TV é positivo: viradas iradas são vantajosas antajosas As provas em piscina de 25 metros t são ã mais i rápidas. á id Gráfico G áfi das d dif diferenças entre t os ttempos recordes de piscinas de 50 e 25 metros no nado livre masculino. Velocidade do nado e Tempo de largada Ts Podemos P d obter bt agora a velocidade de nado V e o tempo de largada TL através de TV, U e D0. ¾ Das equações (6) e (7) temos ¾ TL = TV + D0 / U (11) e ¾ V = U / (1 + U TV / L) (12) ¾ Usando os dados da prova de nado d lilivre, chegamos h a: ¾ TL = 7,9 , s & V = 1,77 , m/s Nado livre, masculino, piscina de 50m 250 D = 1.822 T + 12.9 2 R = 1.000 200 distância ((m) ¾ 150 100 50 0 0 20 40 60 tempo (s) 80 100 120 Resultados e Discussões: ¾ U atleta Um tl t d de ponta t é capaz d de nadar d di distâncias tâ i apreciáveis a 1,8 m/s, m/s, ganha cerca de 8 s na largada da prova (provavelmente (provavelmente bem menos) menos menos), ) ), e a cada virada tem um ganho extra de aproximadamente 0,8 0 8 ss.. ¾ O tempo ganho na largada é o parâmetro cuja determinação é mais incerta, mas um cálculo melhor exigiria modelos mais sofisticados para a cinemática das provas. Análise comparativa dos diferentes estilos de nado ¾ ¾ ¾ ¾ Podemos repetir a análise do nado livre para os outros estilos de natação. t ã Tomaremos dados de provas de 50 metros,, 100 p metros e 200 metros. Faremos a seguinte aproximação: TV ≈ 0 Logo: g TL ≈ T0 V≈U Distância vs. tempo recorde nas provas masculinas de 50 50, 100 e 200 metros no estilo peito, borboleta, costa e livre Nado peito, masculino, piscina de 50m Nado borboleta, masculino, piscina de 50m 250 250 D = 1.485 T + 11.464 2 R = 1.000 D = 1.673 T + 14.176 2 R = 0.999 200 distância (m) distância (m) 200 150 100 50 150 100 U (m/s) 50 0 0 0 50 100 150 0 50 tempo (s) 150 T0 (s) Livre 1,82 12,9 7,1 Costas 1,70 10,2 6,0 B b l t Borboleta 1 67 1,67 14 2 14,2 85 8,5 Peito 1,49 11,5 7,7 tempo (s) Nado livre, masculino, piscina de 50m Nado costa, masculino, piscina de 50m 250 250 D = 1.701 T + 10.154 2 R = 1.000 D = 1.822 T + 12.947 2 R = 1.000 200 distân ncia (m) 200 distân ncia (m) 100 D0 (m) 150 100 150 100 50 50 0 0 0 50 100 t tempo (s) ( ) 150 0 20 40 60 t tempo (s) ( ) 80 100 120 Distância vs. tempo recorde nas provas femininas de 50 50, 100 e 200 metros no estilo peito, borboleta, costa e livre Nado peito, feminino, piscina de 50m Nado borboleta, feminino, piscina de 50m 250 250 D = 1.353 D + 10.928 2 R = 1.000 D = 1.546 T + 12.090 2 R = 1.000 200 distância (m) distância (m) 200 150 100 50 150 U (m/s) 100 T0 (s) 50 0 0 0 50 100 150 0 50 tempo (s) 100 150 Livre 1,67 11,3 6,8 Costas 1,53 9,6 6,3 Borboleta 1,55 12,1 7,8 Peito 1,35 10,9 8,1 tempo (s) Nado costa, feminino, piscina de 50m Nado livre, feminino, piscina de 50m 250 250 D = 1.529 T + 9.644 2 R = 1.000 D = 1.674 T + 11.297 2 R = 1.000 200 disttância (m) 200 disttância (m) D0 (m) 150 100 150 100 50 50 0 0 0 50 100 tempo p (s) ( ) 150 0 50 100 tempo p (s) ( ) 150 Evolução dos recordes ¾ Estimativas de recordes limite. limite A = 21,2 s ± 0,3s C = 13 anos ± 4 anos ¾ Ajuste: ⎛ −t ⎞ T = A + B expp⎜ ⎝C ⎠ A = 24.0 s ± 0.2 s C = 11 anos ± 2 anos Estática da Flutuação ¾ P que não Por ã conseguimos i nos manter t em equilíbrio de cabeça para baixo dentro da água? ¾ Conceitos básicos: I. Empuxo; Centro de gravidade; Centro de flutuação e, Torque. II. III. IV. Empuxo / Flutuabilidade ¾ “U corpo iinteira “Um t i ou parcialmente submerso em um fluido sofre um empuxo que é igual ao peso do fluido deslocado”. ¾ A densidade média do corpo humano é aproximadamente 1,065 vezes maior que a d densidade id d d da á água. ¾ Pulmões p podem ser utilizados como elemento flutuador. Centro de gravidade e centro de flutuação ¾ Centro de gravidade: ponto onde podemos supor que o peso do corpo está aplicado (= ao centro de massa para corpos pequenos) pequenos). ¾ No corpo humano situa-se apro imadamente ao ní aproximadamente nível el das três últimas vértebras lombares, mas isso varia de indivíduo para indivíduo. ¾ Centro de flutuação: ponto onde podemos considerar que a resultante das forças ç de empuxo p está aplicada. p ¾ No corpo humano submerso, o centro de flutuação está localizado logo acima i d do centro t d de gravidade. id d Torques - Instabilidade ¾ Binário de forças: O peso pode ser considerado como aplicado no centro de gravidade e o empuxo pode ser considerado como aplicado no centro de flutuação. ¾ Equilíbrio: peso e o empuxo são iguais em módulo e atuam numa mesma linha vertical. ¾ Equilíbrio E ilíb i iinstável: á l mantermanter-se de d cabeça para baixo na água. ¾ Equilíbrio estável: pés para baixo baixo. Ação de torque devido aos centros de gravidade e empuxo não estarem na mesma linha. Propulsão: arrasto ou sustentação? ¾ Um corpo que se move através de um fluido sente uma força que pode ser dividida em duas componentes perpendiculares: o arrasto e a ssustentação. stentação ¾ O arrasto aponta na direção oposta à velocidade do corpo em relação ao meio, e a sustentação (quando existe) tem direção perpendicular à essa velocidade. ¾ Forças de arrasto na natação. Força de sustentação: decorre da diferença de pressão gerada pela maior velocidade de escoamento no lado externo da mão. Forças de arrasto e sustentação sobre um avião em vôo. Propulsão: arrasto ou sustentação? ¾ M i Maiores fforças propulsoras l são ã obtidas btid quando ao plano da mão está próximo a 90 graus em relação ao fluxo fluxo. Neste ângulo ângulo, a força é devido quase que inteiramente ao arrasto A sustentação dá a sua maior arrasto. contribuição à força resultante em ângulos próximos a 45 g p graus. ¾ Tanto o arrasto quanto a sustentação contribuem para a propulsão. Comentários Finais ¾ Abordamos partes da mecânica cujo ensino é frequentemente alvo de (justificadas) críticas: a cinemática e a estática estática. ¾ Aplicações a situações reais de interesse dos alunos. ¾ Foi possível explorar com proveito temas aparentemente pouco p p produtivos p pedagogicamente. g g ¾ Conexão das aulas de Física e de Educação Física (natação); ¾ Demonstrou-se a riqueza da física da natação, e como ela Demonstroupode ser utilizada para produzir material didático atraente aos estudantes. estudantes ¾ Motivação para o estudo da física de outros esportes, tal como o surf, saltos ornamentais, nado sincronizado, entre outros. Agradecimentos ¾ ¾ ¾ ¾ Aos nadadores da UFRJ; Aos amigos do IF; Aos meus grandes professores; A minha querida família.