REDES NEURO FUZZY: ALGORITMO DE TREINAMENTO E APLICAÇÕES Roselito de Albuquerque Teixeira Doutor em Engenharia Elétrica – UFMG. Professor do Curso de Engenharia Elétrica – Unileste-MG. Marcelo Vieira Corrêa Professor do Curso de Engenharia Elétrica – Unileste-MG. Doutor em Engenharia Elétrica – UFMG. Júlio César de Oliveira Assis Graduando do curso de Engenharia Elétrica – Unileste-MG. RESUMO Neste trabalho procura–se estudar o sistema Neuro-Fuzzy ANFIS e o algoritmo fsne.m disponível para o seu treinamento além de suas aplicações, sendo uma importante ferramenta para um engenheiro em soluções de problemas. Neste trabalho propõem investigar se as Redes Neuro-Fuzzy são capazes de modelar o conhecimento de especialistas e simultaneamente o conhecimento existente nos dados e se o algoritmo de treinamento existente é eficiente. Utilizou-se da Neuro-Fuzzy ANFIS para aproximação de função e para identificação de sistema. Na identificação de sistema utilizou-se a ANFIS para simular um sistema dinâmico linear de primeira ordem. Resultados de simulação mostram que o sistema Neuro-Fuzzy ANFIS proporciona uma alternativa eficaz para aproximação de funções e na modelagem de sistemas dinâmicos lineares. Palavras-chave: Neuro-Fuzzy, ANFIS, algoritmo ABSTRACT In this work is looked to study the neural fuzzy ANFIS (Adaptive-Network-based Fuzzy Inference Systems) system and the available fsne.m algorithm for it’s training beyond its applications, being an important tool for an engineer in solutions of problems. In this work they consider to investigate if the neural fuzzy are capable the modeling the knowledge of specialists and simultaneously the existing knowledge in the data and if the algorithm of existing training is efficient. It was used of neural fuzzy ANFIS for approach of function and system identification. In the system identification, was used the neural fuzzy ANFIS to simulate a first-order linear dynamic system. Results of simulation show that the system neural fuzzy ANFIS provides an efficient alternative for approach of functions and in the modeling of linear dynamic systems. Key-words: Neuro-Fuzzy, ANFIS, algorithm. INTRODUÇÃO As redes neurais artificiais (RNAs) são modelos computacionais capazes de aprender a partir de seu ambiente, característica esta que as torna uma poderosa ferramenta na solução de problemas de engenharia. Entretanto, para implementação desta ferramenta é necessário um computador, onde um programa escrito em uma linguagem escolhida pelo projetista é utilizado. Quase sempre os computadores utilizados possuem preços elevados, o que PRINCIPIUM ONLINE: Iniciação Científica no Unileste-MG, Coronel Fabriciano, v. 1, n. 3, p.152-168, dez. 2007. 153 inviabiliza pequenas aplicações, onde uma rede com uma arquitetura reduzida, com poucas entradas e poucas saídas, seria a melhor solução para o problema. Neste caso, a utilização de um computador não convencional, de baixo custo, com capacidade de processamento compatível com a tarefa a ser realizada resolveria o problema de computação. Estes sistemas chamados aqui de computadores não convencionais seriam os microcomputadores. Estes dispositivos são capazes de executar pequenos programas de forma eficiente podendo ter seus custos várias vezes menor que os custos dos computadores convencionais, viabilizando a aplicação das RNAs na solução de problemas pequenos. Outra aplicação importante dos microcontroladores seria possibilitar a implementação de softwares baseados em inteligência artificial em máquinas de pequeno porte, como robôs. Muitas vezes estas máquinas são móveis e de tamanho reduzido, o que impede a instalação nas mesmas de um computador convencional. A união dos microcontroladores e das RNAs pode proporcionar a implementação de sistemas simples de inteligência computacional com tamanho e custos reduzidos possibilitando a solução de muitos problemas de engenharia. REDES NEURAIS ARTIFICIAIS As Redes Neurais Artificiais (Beale,1990), RNAs, são sistemas paralelos distribuídos compostos por unidades de processamentos simples que computam determinadas funções matemáticas. Estas unidades estão dispostas em uma ou mais camadas conectadas entre si, geralmente, unidirecionais. Na maioria dos modelos estas conexões estão associadas a pesos, os quais armazenam o conhecimento representado no modelo e servem para ponderar a entrada recebida por cada neurônio da rede. O funcionamento destas redes é inspirado em uma estrutura física inspirada no cérebro humano. FIGURA 1: Modelo do neurônio de McCulloch e Pitts. O modelo mcp (Mcculloch e Pitts) As RNAs são definidas de acordo com a sua arquitetura, sendo que; existem modelos que possuem apenas uma única camada, outras já possuem várias camadas em sua arquitetura. PRINCIPIUM ONLINE: Iniciação Científica no Unileste-MG, Coronel Fabriciano, v. 1, n. 3, p.152-168, dez. 2007. 154 Dentre estes, o modelo de (McCulloch & Pitts,1943) que definiram o modelo básico de um neurônio. Rede mlp (multilayer perceptron) A rede MLP (Beale,1990) é um dos paradigmas mais famosos e usados para implementar sistemas baseados em redes neurais. É capaz de solucionar problemas não-lineares, coisa que as redes de uma camada não resolvem estes problemas. O processo de aprendizagem da rede MLP é dado da seguinte forma: um conjunto de padrões de entrada é apresentado à rede, que propaga estes sinais a cada camada, no sentido para frente (forward). A utilização do algoritmo de aprendizagem backpropagation que consiste em comparar a saída desejada com a obtida pela rede, computando o erro associado com cada padrão de entrada. Este erro é propagado, no sentindo para trás(backward), da camada de saída para a camada de entrada. Neste processo, os parâmetros da rede são ajustados. O método do gradiente descendente é usado para minimizar o erro global ao longo do processo de treinamento da rede. Na FIG. 2 tem-se uma arquitetura do tipo MLP. FIGURA 2: Rede MLP Fonte: GSI (s.d.) SISTEMA FUZZY Sistemas nebulosos como a lógica Fuzzy também é conhecida, propõem um cálculo matemático para traduzir e processar o conhecimento subjetivo obtido de um especialista, ou seja, uma maneira de manipular conhecimento com um determinado nível de incerteza. A teoria dos conjuntos nebulosos foi desenvolvida a partir de 1965 por Zadeh (Zadeh,1965). Os seres humanos estão acostumados a tomar decisões, onde a resposta para determinado caso não seja totalmente verdadeira. Neste caso, a lógica Fuzzy deriva desta capacidade do ser humano, de inferir conclusões e gerar respostas através de informações vagas, ambíguas e qualitativamente incompletas e imprecisas. Este sistema é representado de maneira simples e natural, sendo de fácil compreensão e manutenção. PRINCIPIUM ONLINE: Iniciação Científica no Unileste-MG, Coronel Fabriciano, v. 1, n. 3, p.152-168, dez. 2007. 155 A Lógica Fuzzy é baseada na teoria dos Conjuntos Fuzzy. Esta é uma generalização da teoria dos Conjuntos Tradicionais para resolver os paradoxos gerados à partir da classificação “verdadeiro ou falso” da Lógica Clássica. Tradicionalmente, uma proposição lógica tem dois extremos: ou “completamente verdadeiro” ou “completamente falso”. Entretanto, na Lógica Fuzzy, uma premissa varia em grau de verdade de 0 a 1, o que leva a ser parcialmente verdadeira ou parcialmente falsa. O comportamento de tais sistemas é descrito por um conjunto de regras nebulosas do tipo: SE <premissa> ENTÃO <conseqüente> que são uma forma clara e eficiente de representar o conhecimento. Estas regras são facilmente entendidas, por serem estruturadas próximas à linguagem usada pelos especialistas. As regras Fuzzy manipulam os termos lingüísticos. Sistema de inferência fuzzy Com base nas informações apresentadas, já é possível construir o Sistema de Inferência Fuzzy. Neste sistema de inferência Fuzzy, tem-se a conversão dos valores exatos para variáveis lingüisticas. A FIG. 3 mostra um sistema de inferência fuzzy. FIGURA 3: Sistema de inferência Fuzzy. Geralmente os dados de entrada deste sistema são valores precisos, resultados de medições ou observações (conjuntos de dados, por exemplo), é necessário efetuar-se um mapeamento destes dados precisos para os conjuntos fuzzy de entrada relevantes, o que é realizado no estágio de fuzzificação. Neste estágio ocorre também a ativação das regras relevantes para uma dada situação. Uma vez obtido o conjunto fuzzy de saída através do processo de inferência, no estágio de defuzzificação é efetuada uma interpretação dessa informação. No estágio de inferência ocorrem as operações com conjuntos fuzzy propriamente ditas: combinação dos antecedentes das regras, implicação e regra de inferência composicional. Os conjuntos fuzzy de entrada, relativos aos antecedentes das regras, e o de saída, referente ao consequente, podem ser definidos previamente ou, alternativamente, gerados automaticamente a partir dos dados. PRINCIPIUM ONLINE: Iniciação Científica no Unileste-MG, Coronel Fabriciano, v. 1, n. 3, p.152-168, dez. 2007. 156 REDES NEURO-FUZZY Pesquisas feitas tem mostrado que sistemas inteligentes híbridos fornecem métodos eficientes em determinadas aplicações, principalmente no ramo da Engenharia. O sistema Neuro-Fuzzy é uma grande ferramenta que está sendo cada vez mais utilizada para a solução de problemas. Sendo este a fusão de duas ferramentas já conhecidas; Redes Neurais Artificiais e a Lógica Fuzzy, no qual agregam-se as características de transparência de raciocínio da lógica nebulosa juntamente com a capacidade de aprendizado e generalização das Redes Neurais. Assim uma rede Neuro-Fuzzy pode ser definida como um sistema Fuzzy que é treinado por um algoritmo provido de uma rede Neural. Tendo em vista esta analogia, a união da rede Neural com a lógica Fuzzy vem com o intuito de amenizar a deficiência de cada um destes sistemas fazendo com que tenhamos um sistema mais eficiente, robusto e de fácil entendimento. Sistema neuro-fuzzy ANFIS O Sistema de inferência Neuro-Fuzzy adaptativo (Adaptive Neuro-Fuzzy Inference System ANFIS) é uma rede Neural proposta por Jang (Jang , 1993), (Jang et al. ,1997) Cuja idéia básica é de implementar um sistema de inferência Fuzzy através de uma arquitetura paralela distribuída, neste caso, a de uma RNA, de tal forma que os algoritmos de aprendizado possam ser usados para ajustar este sistema de inferência Fuzzy. Os parâmetros associados com as funções de pertinência são ajustados via um algoritmo de aprendizado. O ajuste destes parâmetros é efetuado utilizando o algoritmo de retropropagação ou uma combinação deste com um algoritmo do tipo: mínimos quadrados (Least Squares). Esta estrutura implementa sistemas do tipo Takagi-Sugeno (Takagi & Sugeno, 1985), com funções lineares ou constantes nos conseqüentes das regras que formam o sistema, tendo estas regras pesos unitários. A FIG. 4 (Jang,1993), tem-se a arquitetura da ANFIS. PRINCIPIUM ONLINE: Iniciação Científica no Unileste-MG, Coronel Fabriciano, v. 1, n. 3, p.152-168, dez. 2007. 157 FIGURA 4: Arquitetura da Neuro-Fuzzy ANFIS. A primeira camada é composta pelo o grau de pertinência do padrão de entrada (x,y). Nesta camada calcula-se o grau de pertinência com que as entradas precisas satisfazem os termos lingüisticos associados a estes nós. Na segunda camada, cada nó corresponde a uma regra, nesta calcula-se o grau de ativação de cada regra, ou seja, com que grau o conseqüente da regra está sendo atendido. Os neurônios desta camada executam a operação de t-norm (geralmente produto). Na terceira camada é realizada a normalização, onde cada nó calcula a razão entre o nível de disparo da regra i pela soma dos níveis de disparo de todas as regras. Já na quarta camada as saídas do neurônio são calculadas pelo produto entre os níveis de disparo normalizados e o valor da regras do conseqüente da regra em si. A camada 5 calcula a saída precisa. Dentre as características do sistema neuro-fuzzy ANFIS tem-se a sua utilização em problemas de aproximação de função e identificação de sistemas. Na seção seguinte tem uma breve revisão sobre identificação de sistemas. IDENTIFICAÇÃO DE SISTEMAS Identificação de sistemas é uma área do conhecimento que estuda técnicas alternativas de modelagem matemática. Uma destas características é que pouco ou nenhum conhecimento prévio do sistema é necessário (Aguirre, 2000). Diversas aplicações em engenharia necessitam de um modelo adequado, sendo que este modelo possa descrever de uma forma precisa o comportamento dinâmico de um sistema sob consideração. Estes modelos são usados para simulações, predições, análise do comportamento do sistema, projeto de controladores. Pode-se ter três tipos de abordagens para a modelagem a partir do conhecimento a priori de um sistema. PRINCIPIUM ONLINE: Iniciação Científica no Unileste-MG, Coronel Fabriciano, v. 1, n. 3, p.152-168, dez. 2007. 158 • Modelo caixa branca: Neste modelo, temos que conhecer a fundo os sistemas que desejamos que seja modelado. Sendo necessário o conhecimento das equações matemáticas que regem o sistema. • Modelo caixa cinza: Aqui possuímos algum conhecimento físico do sistema, mas os parâmetros devem ser determinados através dos dados observados. Este tipo de modelo combina as vantagens dos modelos caixa-preta e caixa-branca. • Modelo caixa preta: Neste caso, não há nenhum conhecimento físico do sistema é disponível ou usado, tendo o modelo escolhido, aproximador de função, generalizado para aplicações práticas. Sendo que o problema é saber qual estrutura apropriada a ser utilizada. A identificação de sistemas propõe a obter um modelo matemático que explique, pelo menos em parte e de forma aproximada, a relação de causa e efeito presente nos dados As principais etapas de um problema de identificação são (Aguirre, 2000): 1. Testes dinâmicos e coletas de dados; 2. Escolha da representação matemática a ser utilizada; 3. Determinação da estrutura do modelo; 4. Estimação de parâmetros; 5. Validação do modelo. APROXIMAÇÃO DE FUNÇÃO UTILIZANDO NEURO-FUZZY ANFIS A Neuro-Fuzzy ANFIS foi treinada com o intuito de aproximação de função. No primeiro caso, fez-se o treinamento da NF para que pudesse aproximar de uma função do tipo : y = x 2 2 . Treinou-se a Neuro-Fuzzy inicialmente com uma taxa de aprendizagem de 0.1, variando apenas a quantidades de regras contidas em sua arquitetura, o critério de parada foi fixado em 0.1. A TAB. 1 mostra os resultados dos treinamentos com os seus respectivos erros entre a saída desejada e a saída calculada pela ANFIS. PRINCIPIUM ONLINE: Iniciação Científica no Unileste-MG, Coronel Fabriciano, v. 1, n. 3, p.152-168, dez. 2007. 159 TABELA 1 Treinamento da ANFIS com taxa de aprendizado 0.1. Regr as 5 10 15 20 30 Taxa aprendizado 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 TREINAMENTO de Erro treinamento 0.22763 0.25399 0.46803 0.45109 0.31814 de Critério Parada 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 de A arquitetura da NF ANFIS que apresentou melhor resposta no treinamento foi a que possuiu a quantidade de 5 regras, porém, notou-se que o processo de aprendizado desta foi lento. O somatório do erro quadrático durante o treinamento foi de 0.22763. A FIG. 5 mostra a resposta do sistema com 5 regras em sua arquitetura. FIGURA 5: Resposta da ANFIS no treinamento. Para validar o sistema, outra massa de dados foi apresentada para a ANFIS. O resultado da validação da ANFIS está apresentado na TAB. 2. PRINCIPIUM ONLINE: Iniciação Científica no Unileste-MG, Coronel Fabriciano, v. 1, n. 3, p.152-168, dez. 2007. 160 TABELA 2 Validação da ANFIS com taxa de aprendizado de 0.1. Regr as 5 10 15 20 30 Taxa de aprendizado 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 VALIDAÇÃO Erro de validação 0.18678 0.22095 0.27193 0.30742 0.20824 Critério de Parada 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 A seguir tem-se a resposta da validação com a utilização de 5 regras com a taxa de aprendizagem de 0.1. Para avaliação do resultado obtido pela ANFIS foi utilizado o erro médio quadrático (RMSE). Na validação do sistema outra massa de dados foi apresentada para a ANFIS. O melhor resultado obtido foi com o uso de 5 regras. O erro calculado foi de 0.18678, a FIG. 6 mostra a resposta da validação. FIGURA 6: Resposta da validação da ANFIS com 5 regras. Seguindo este mesmo passo descrito acima, utilizou-se da arquitetura ANFIS para o treinamento e validação cujo objetivo era de aproximação de função, no caso, uma função do tipo: y = a2 + b2 . Obteve-se melhor resposta de treinamento com 15 regras na ANFIS. A TAB. 3 mostra os testes realizados com demais regaras e seus respectivos erros de treinamento. PRINCIPIUM ONLINE: Iniciação Científica no Unileste-MG, Coronel Fabriciano, v. 1, n. 3, p.152-168, dez. 2007. 161 TABELA 3 Treinamento da ANFIS com regras variadas em sua topologia. Regr as 5 10 15 20 30 Taxa de aprendizado 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 TREINAMENTO Erro de treinamento 0.2435 0.3008 0.18756 0.21841 0.21817 Critério de Parada 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 A FIG. 7 mostra o resultado do processo de aprendizado. FIGURA 7: Resposta do treinamento da ANFIS com taxa de aprendizado de 0.1. Em relação à validação do sistema, apresentou-se outro conjunto de dados para ANFIS afim de que ela respondesse bem a esta nova massa de dados. A TAB. 4 mostra as respostas da validação para determinado número de regras da NF. TABELA 4 Validação da Neuro-Fuzzy ANFIS. Regras 5 10 15 20 30 VALIDAÇÃO Taxa de Erro de aprendizado validação 0.1 0.14293 0.1 0.17437 0.1 0.11642 0.1 0.13554 0.1 0.13327 Critério de Parada 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 A melhor resposta obtida foi com 15 regras. O erro calculado pela saída calculada pela saída desejada foi de 0.11642. A FIG. 8 mostra o resultado da validação. PRINCIPIUM ONLINE: Iniciação Científica no Unileste-MG, Coronel Fabriciano, v. 1, n. 3, p.152-168, dez. 2007. 162 FIGURA 8: Validação da ANFIS para aproximação de função. IDENTIFICAÇÃO DE SISTEMAS COM NEURO-FUZZY ANFIS O sistema Neuro-Fuzzy ANFIS tem sido utilizado para identificação de sistemas no qual estes sistemas a serem modelados são difíceis e complexos. A redes neuro-fuzzy tem mostrado que são eficazes para aproximar modelos de sistemas dinâmicos não lineares, fornecendo modelos mais simples e com erros pequenos de aproximação, demonstrando assim, a potencialidade dos sistemas Neuro-Fuzzy (Huamaní, 2003). No estudo proposto, utilizou-se a Neuro-Fuzzy ANFIS para modelar uma função de transferência de primeira ordem. Assim utilizou-se na fase de treinamento a metade dos dados e na validação a outra metade. Na fase de treinamento as duas entradas do ANFIS foi composta por u(k) e y(k), sendo que este y(k) é a saída desejada pelo sistema porém, este par de entradas fora deslocado no tempo passando a então a ser considerados como u(k-1) e y(k1). Ou seja, para prever a próxima saída dependemos da entrada e saída passadas. No caso do treinamento formou-se a entrada com u(k-1) e a saída desejada deslocada no tempo y(k-1) No caso da validação utilizou-se de predição livre na simulação. A próxima saída y(k) calculada pela ANFIS dependerá da entrada passada u(k-1) juntamente com a saída calculada passada y(k-1). Tem-se o seguinte caso, chamando y(1) o saída desejada medida e u(1) a entrada do sistema, o próximo valor predito pela NF será então: ∧ y (2 ) = f ( y ( 1 ), u ( 1 )) PRINCIPIUM ONLINE: Iniciação Científica no Unileste-MG, Coronel Fabriciano, v. 1, n. 3, p.152-168, dez. 2007. 163 Assim para predizer o próximo valor, dependemos desta saída calculada pela NF juntamente com o próximo padrão da entrada u, ou seja: ∧ y (3 ) = ∧ f ( y ( 2 ), u ( 2 )) O modelo simulado desta maneira é chamado de simulação livre ou predição de infinitos passos à frente. A FIG. 9 mostra a representação do modelo. FIGURA 9: ANFIS utilizada para identificação. A função de transferência a ser modelada é: 1 s + 1 Os dados gerados para o treinamento foram feitos a partir da ferramenta computacional MatLab® no qual, usando-se o comando lsim pôde-se simular o modelo proposto, tendo o tempo de amostragem de 0.1segundos. Para o processo de aprendizado fora utilizado 2 entradas com 1000 padrões para o treinamento. A massa de dados foi composta pela entrada atrasada, u(k-1), e a saída atrasada y(k-1). A FIG. 10 mostra os dados de treinamento. FIGURA 10: Dados de treinamento da ANFIS PRINCIPIUM ONLINE: Iniciação Científica no Unileste-MG, Coronel Fabriciano, v. 1, n. 3, p.152-168, dez. 2007. 164 A TAB. 5 mostra os resultados obtidos com diferentes números de regras na camada da ANFIS. TABELA 5 Resposta do treinamento da ANFIS. Regr as 10 20 30 40 50 Critério parada 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 de TREINAMENTO Taxa de Erro aprendizado treinamento 0.1 0.0109 0.1 0.0120 0.1 0.0129 0.1 0.0150 0.1 0.0185 de No treinamento a ANFIS que apresentou melhor resultado foi composta pela quantidade de 10 regras. O erro da saída desejada pela calculada da rede foi de 0.0109 . A FIG. 11 mostra a saída calculada pela ANFIS com esta arquitetura. FIGURA 11: Saída calculada da ANFIS no treinamento. Já na validação usou-se de predição livre. Utilizou-se de outros 1000 pontos gerados no mesmo intervalo de tempo, tendo como dados de treinamento, as entradas u(k-1) e y(k-1). Sendo que, a entrada y(k-1) foi atualizada a cada passo da validação, pois esta foi composta pela a saída calculada da ANFIS. O erro utilizado para verificar os resultados do sistema , foi o erro médio quadrático (rmse). . A TAB. 6 mostra os resultados na validação utilizando-se de predição livre. PRINCIPIUM ONLINE: Iniciação Científica no Unileste-MG, Coronel Fabriciano, v. 1, n. 3, p.152-168, dez. 2007. 165 TABELA 6 Reposta na validação do sistema pela ANFIS. Regras 10 20 30 40 50 VALIDAÇÃO Critério de Taxa de parada aprendizado 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 Erro de validação(rmse) 0.2211 0.3043 0.2400 0.2458 0.13073 O melhor resultado obtido foi com a ANFIS de 50 regras e o seu erro foi de 0.1373 . Sendo que, como primeiro padrão de validação foi utilizado a saída desejada e a partir da próxima iteração a NF já tende acompanhar a saída do sistema . A FIG. 12 mostra as respectivas entradas usadas na validação. Tendo a entrada y(k-1) atualizada a cada passo que a ANFIS responde a determinada época, ou seja, A cada saída calculada pela NF, esta saída é atrasada e usada como entrada juntamente com u(k-1). FIGURA 12: Dados utilizados para a validação. Apresentadas estas entradas durante a validação, a resposta com melhor resultado foi com a ANFIS possuindo 50 regras. A FIG. 13 mostra a validação utilizando predição livre. PRINCIPIUM ONLINE: Iniciação Científica no Unileste-MG, Coronel Fabriciano, v. 1, n. 3, p.152-168, dez. 2007. 166 FIGURA 13: Resposta da ANFIS na validação A diferença da saída calculada pela ANFIS pela saída desejada do sistema, ou seja, erro entre a saída desejada e a saída calculada pode ser vista na FIG.14. FIGURA 14 Erro entre a saída desejada pela saída calculada. RESULTADOS E DISCUSSÃO O sistema Neuro-Fuzzy, ANFIS proposto, mostrou-se eficiente quando utilizado na identificação de sistemas e no uso para aproximação de funções. No primeiro caso de estudo, a ANFIS foi utilizada para fazer aproximação de função. Utilizou-se uma função monovariável para a simulação. No treinamento variou-se gradativamente a quantidade de regras mantendo-se a taxa de aprendizagem em 0.1. A NF com 5 regras apresentou melhor resultado, tendo o erro de treinamento de 0.22763. Na validação obteve-se melhor resposta novamente com 5 regras na arquitetura da ANFIS, com um erro de 0.18678. PRINCIPIUM ONLINE: Iniciação Científica no Unileste-MG, Coronel Fabriciano, v. 1, n. 3, p.152-168, dez. 2007. 167 A função multivariável utilizada posteriormente para que a ANFIS pudesse modelar a sua função, baseou-se no mesmo procedimento de treinamento e validação do sistema monovariável. No treinamento e na validação da ANFIS, teve-se menor erro utlizando o número de 15 regras. Na fase de identificação de sistema, o estudo foi feito em cima de uma função linear de primeira ordem, no qual não haveria a necessidade de mais memórias em sua entrada para que pudesse fazer uma predição com melhor resultado. Mas, se o caso fosse de um sistema de ordem superior a falta de memória ou informação apresentada como dados de entrada para a NF, talvez não fosse o suficiente para um resultado satisfatório. No período de treinamento a ANFIS com 10 regras apresentou melhor solução. A validação foi feita através de predição livre e como critério de avaliação da NF foi utilizado o erro médio quadrático (RMSE). Notou-se que nem sempre o maior números de regras na camada da Neuro-Fuzzy ANFIS irá oferecer a melhor resposta para o sistema, isso vale também para o uso de taxa de aprendizado elevada, pois com uma taxa de aprendizado elevada o sistema pode não convergir para a resposta desejada. CONCLUSÃO O sistema Neuro-Fuzzy ANFIS abordado neste estudo apresentou desempenho satisfatório. O comportamento deste modelo foi feito através de aplicações de identificação de sistemas e aproximação de funções. Os resultados das simulações demonstraram que a NF ANFIS são capazes de resolver problemas que envolvam dinâmicas lineares. . A validação do modelo na fase de identificação de sistema foi feita através de predição livre. No qual a validação do sistema indica se o mesmo é capaz de reproduzir as características do sistema simulado. Foi observado que, nem sempre a questão da quantidade de regras que a NF possui em sua camada oferecerá uma melhor resposta se caso utilize quantidades menores de regras. O algoritmo de aprendizado utilizado neste estudo faz os ajustes dos pesos da ANFIS através de derivadas que neste caso, as derivadas tendem a levar o sistema para o menor erro possível diante da resposta esperada. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIRRE. L.A. Introdução à identificação de sistemas: técnicas lineares e não lineares aplicadas a sistemas reais. Belo Horizonte: UFMG, 2000. 554 p. PRINCIPIUM ONLINE: Iniciação Científica no Unileste-MG, Coronel Fabriciano, v. 1, n. 3, p.152-168, dez. 2007. 168 BEALE, R.; JACKSON, T. Neural computing: an introduction. Bristol, UK: IOP, 1990. 240p. GSI. Grupo de Sistemas Inteligentes. Apresentação sobre inteligência computacional. [s.d.] Disponível em:<http://www.din.uem.br/ia/neurais/> Acesso em : 10 de nov. 2005. HUAMANI, I.R.L. Redes neurais fuzzy aplicadas em identificação e controle de sistemas. 2003. 147 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica) - Universidade Estadual de Campinas. JANG, J.S.R. ANFIS: adaptive-network-based fuzzy inference system, IEEE Transactions on Systems, Man and Cybernetics, v. 23, n. 3, p. 665–685, 1993. JANG, J.S.R.; SUN, C.-T.; MIZUTANI, E. Neuro-fuzzy and soft computing. Upper Saddle River, NJ: Prentice Hall. 1997. 614 p. MCCULLOCH, W.; PITTS, W. A logical calculus of ideas immanent in nervous activity, Bulletin of Mathematical Biophysics, v. 5, p. 115–133, 1943. TAKAGI, T.; SUGENO, M. Fuzzy identication of systems and its applications to modeling and control. IEEE Transactions on Systems, Man and Cybernetics v. 15, n. 1, p. 116-132, 1985. ZADEH, L. A. Fuzzy sets. Information and Control, v. 8, n. 3, p. 338-353, 1965. PRINCIPIUM ONLINE: Iniciação Científica no Unileste-MG, Coronel Fabriciano, v. 1, n. 3, p.152-168, dez. 2007.