universidade do sagrado coração qualidade de vida de

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UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO
RAFAEL HENRIQUE SILVA
QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES
PORTADORES DE FERIDAS CRÔNICAS
BAURU
2012
RAFAEL HENRIQUE SILVA
QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES
PORTADORES DE FERIDAS CRÔNICAS
Dissertação apresentada à Pro-reitoria de
Pesquisa
e
Pós-graduação
da
Universidade do Sagrado Coração, como
parte integrante dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em
Odontologia, área de concentração:
Saúde Coletiva, sob orientação da Prof.ª
Dr.ª Márcia Aparecida Nuevo Gatti.
BAURU
2012
RAFAEL HENRIQUE SILVA
QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES PORTADORES DE FERIDAS
CRÔNICAS
Dissertação apresentada à Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação como parte
dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Odontologia, área de
concentração: Saúde Coletiva, sob orientação da Profa. Drª. Márcia Aparecida Nuevo
Gatti.
Banca examinadora:
_____________________________
Prof.ª Dr.ª Márcia Ap. Nuevo Gatti
Universidade do Sagrado Coração
____________________________
Prof.ª Dr.ª Sandra Fiorelli de Almeida Penteado Simeão
Universidade do Sagrado Coração
____________________________
Prof.ª Dr.ª Maria Helena Borgatto
Universidade Estadual Paulista
Bauru, 16 de abril de 2012.
Dedico esse trabalho a duas pessoas que
hoje moram no céu. Ao meu pai, Valmir
da Silva, que me ensinou que com
trabalho e honestidade tudo é possível. E
ao meu primo Willian Heringer que em
nossos momentos juntos, me mostrou que
a vida é para ser vivida.
AGRADECIMENTOS
A realização deste trabalho somente foi possível com a colaboração, estímulo
e empenho de algumas pessoas. Gostaria, por este fato, de expressar a minha
gratidão e apreço a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para
que esta tarefa se tornasse uma realidade. A todos quero manifestar os meus
sinceros agradecimentos
A Deus por conceder tantas graças em minha vida.
A Professora Doutora Márcia Aparecida Nuevo Gatti por me orientar durante a
elaboração desse trabalho, sendo amiga, tendo compreensão e me ajudando em
momentos difíceis e cobrando quando foi necessário.
A Professora Doutora Sandra Fiorelli de Almeida Pentado Simeão, com seus
conhecimentos e sugestões enriquecer ainda mais esse trabalho.
Aos Pacientes pela paciência e colaboração durante as entrevistas e que
esse estudo possa proporcionar a eles mudanças nos atendimentos a eles
prestados.
A Ana Paula, Márcia, Muriel e Samira, pelas viagens e momentos juntos,
onde passamos por dificuldades e por momentos muito agradáveis.
Aos Professores do Curso de Enfermagem da Faculdade Integrado de Campo
Mourão, especialmente à Elenita de Cácia Menoci Mortean, pelo incentivo,
compreensão e ajuda durante todos os momentos da elaboração desse trabalho.
A minha mãe Eleonilde e minha irmã Janaina por me apoiarem em minhas
decisões.
Aos meus amigos e familiares por estarem presentes nos bons e maus
momentos da minha vida.
Aos acadêmicos do Curso de Enfermagem por suas cooperações e
compreensões durante a elaboração desse estudo.
“Não tentes ser bem sucedido, tenta antes
ser um homem de valor”.
Albert Einstein
RESUMO
A pele é o maior órgão do corpo humano, considerada uma barreira de proteção,
estando sujeita a fatores que acarretam na perda da integridade cutânea, resultando
em feridas. Estas lesões podem se tornar crônicas, interferindo diretamente na
qualidade de vida dos pacientes. Considerando o número de pessoas acometidas
por feridas crônicas, objetivou-se com este estudo analisar e comparar onde há
maior interferência na qualidade de vida dos pacientes portadores de feridas
crônicas atendidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) no Município de Campo
Mourão, Paraná. Tratou-se de um estudo transversal, com todos os pacientes
portadores de feridas crônicas, atendidos nas UBS do município, realizando a
caracterização da população por meio de um questionário semi-estruturado e
avaliação da qualidade de vida através do instrumento WHOQOL-Bref. Foram
entrevistadas 57 pessoas, divididas em três grupos segundo o tempo de
apresentação da ferida, onde o grupo um corresponde aos pacientes que possuem
feridas há menos de um ano, o grupo dois, entre um e cinco anos e o grupo três com
feridas há mais de seis anos. Houve predomínio de pacientes idosos, do sexo
feminino (66,66%), raça branca (75,7%), analfabetos (57,9%), com renda de um a
três salários mínimos (91%) e residentes sozinhos (73,6%). Apenas 8,8% são
etilistas e 31% tabagistas. As principais causas das feridas foram as úlceras
vasculogênicas (61,4%) e complicações diabéticas (19,3%). A qualidade de vida dos
pacientes está bem afetada, não havendo escore superior a 75. Nos domínios físico,
psicológico e relações sociais a qualidade de vida está rebaixada independente do
número de anos da presença da ferida e no domínio meio ambiente, conforme os
anos com a presença da ferida vão aumentando, piora ainda mais a qualidade de
vida, necessitando dessa forma haver um atendimento holístico aos pacientes e não
apenas voltado para a lesão cutânea.
Palavras-chave: Qualidade de vida. Feridas crônicas. Cicatrização.
ABSTRACT
The skin is the largest organ in the human body, considered a protective barrier and
are subject to factors that cause loss of skin integrity, resulting in wounds. These
injuries can become chronic, directly interfering with quality of life of patients.
Considering the number of people suffering from chronic wounds, the aim of this
study was to analyze the quality of life of patients with chronic wounds treated at
Basic Health Units (BHU) in the city of Campo Mourao, Parana. It was a crosssectional study with all patients with chronic wounds treated at UBS in the city,
making the characterization of the population through semi-structured questionnaire
and assessment of quality of life by WHOQOL-Bref. The scores were scored using
the Excel program, configured as a tool for calculating the scores and statistics. We
interviewed 57 people, divided into three groups according to the time of presentation
of the wound, where one group corresponds to patients who have wounds less than
one year, the two groups, between one and five years and the group with three
wounds to more than six years. There was a predominance of elderly patients were
female (66.66%), white (75.7%), illiterate (57.9%), with an income of three minimum
wages (91%) and living alone ( 73.6%). Only 8.8% were alcoholics and 31%
smokers. The main causes of injury are vasculogenic ulcers (61.4%) and diabetic
complications (19.3%). The quality of life of patients is affected as well, with no
scores greater than 75. In the physical, psychological and social quality of life is
lowered regardless of the number of years of presence in the area of the wound and
the environment, as the years with the presence of the wound will increase, further
worsening the quality of life, requiring that so there is a holistic service to patients
and not just focused on skin lesion.
Key-words: Quality of life. Chronic wounds. Healing.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Caracterização dos pacientes portadores de feridas crônicas atendido
em UBS no Município de Campo Mourão – PR. .................................... 35
Tabela 2 – Caracterização dos pacientes portadores de feridas crônicas
atendidas em UBS no Município de Campo Mourão – PR ..................... 38
Tabela 3 – Medidas descritivas dos Domínios Físico e Psicológico apurados no
WHOQOL-Bref dos 57 entrevistados e resultado do teste estatístico. ... 41
Tabela 4 – Medidas descritivas dos Domínios Relações Sociais e Meio Ambiente
apurados no WHOQOL-Bref dos 57 entrevistados e resultado do
teste estatístico....................................................................................... 44
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO .................................................................................................... 10
2
REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 12
2.1 PELE ................................................................................................................. 12
2.2 FERIDAS ........................................................................................................... 16
2.3 CICATRIZAÇÃO ................................................................................................ 19
2.4 FATORES INFLUENTES DA CICATRIZAÇÃO................................................. 20
2.5 FERIDAS CRÔNICAS ....................................................................................... 22
2.6 FERIDAS CRÔNICAS E QUALIDADE DE VIDA............................................... 24
2.7 QUALIDADE DE VIDA ...................................................................................... 25
2.8 WHOQOL .......................................................................................................... 30
3
METODOLOGIA ................................................................................................. 32
3.1 WHOQOL-BREF ............................................................................................... 33
3.2 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................... 34
4
RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 35
5
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 48
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 50
APÊNDICES ............................................................................................................. 58
APÊNDICE A - INSTRUMENTO DE CARACTERIZAÇÃO ...................................... 59
ANEXOS ................................................................................................................... 61
ANEXO A – INSTRUMENTO ABREVIADO DE AVALIAÇÃO DE QUALIDADE
DE VIDA “WHOQOL-BREF” .............................................................. 62
ANEXO B – TERMO DE CONSENTIMENTO ........................................................... 66
ANEXO C – APROVAÇÃO PELO COMITÊ DE ÉTICA............................................ 68
ANEXO D – ARTIGO CIENTÍFICO .......................................................................... 69
ANEXO E – COMPROVANTE DE SUBMISSÃO .................................................... 89
10
1
INTRODUÇÃO
A pele é o maior órgão do corpo humano, fundamental para a fisiologia do
organismo e para a manutenção da homeostasia. Este órgão representa a primeira
barreira de defesa orgânica contra agressões externas, impede a perda excessiva
de líquidos, regula a temperatura corpórea e ainda é responsável pela imagem
corporal dos indivíduos1-2.
Por tratar-se da barreira de proteção do corpo humano, este órgão está
suscetível às mais variáveis formas de agressão, tanto internas, quanto externas.
Essas agressões são capazes de alterar a estrutura tecidual e consequentemente
interferir em suas funções, podendo formar feridas e ocasionar dificuldades
funcionais1-2. Quando há uma perda da integridade tissular resultando em feridas
ocorre o comprometimento de sua função fisiológica. Assim, as feridas podem ser
classificadas em agudas e crônicas conforme o tempo de reparação tissular. As
feridas crônicas são aquelas que não são reparadas em tempo esperado e podem
apresentam complicações3.
Desde a antiguidade à atualidade, as feridas constituem um problema de
saúde com repercussões físicas relacionadas à dor, incapacidade funcional,
influência psicoemocional e social associadas à autoestima e autoimagem, além de
relação com a qualidade de vida, originadas por hospitalizações e afastamento do
convívio social4.
No Brasil, as feridas acometem a população de forma geral. Apesar de estar
mais frequentes em alguns grupos, as feridas acometem pessoas independente de
sexo, idade ou etnia, determinando um alto índice de pessoas com alterações na
integridade da pele, ocasionando um grave problema de saúde pública. Porém não
há dados estatísticos que comprovem este fato, devido principalmente aos registros
escassos desse tipo de atendimento. Contudo, o tratamento de feridas causa gastos
públicos e prejudica a qualidade de vida da população5.
Os profissionais quando prestam assistência à pessoa com uma ferida muita
vezes permanece focado unicamente na lesão e se esquece que esta lesão pode
estar interferindo na autoestima, no psicológico e em sua qualidade de vida,
desfavorecendo a produtividade, o bem estar e a auto-realização6-7.
O grupo World Health Organization Quality of Life Group8 da Organização
Mundial de Saúde (OMS) que estuda qualidade de vida, define-a como “a percepção
11
do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos
quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e
preocupações” 9-10.
Uma forma para melhorar essa qualidade de vida da pessoa portadora de
feridas crônicas é através de amparo e estímulo para poder superar os
enfrentamentos do ambiente na sociedade, como lazer, trabalho, fortalecimento
físico, psíquico e emocional7.
Atualmente, mesmo com todos os avanços da medicina, um grande problema
é o tratamento de feridas. Ainda são muitas as controvérsias sobre a melhor
alternativa de terapia tópica para o tratamento de feridas, com o objetivo da cura
precoce das feridas, desde a limpeza, desbridamento e cobertura11.
A dificuldade do tratamento, as mudanças nas atividades diárias e as
alterações estéticas propiciam uma realidade de enfrentamento ao paciente portador
de ferida crônica, necessitando de estratégias para se adaptar a essas alterações1213
.
Sendo assim, o profissional de saúde possui papel importante na vida desses
pacientes, dando suporte para o enfrentamento e contribuindo para a melhora da
saúde e da qualidade de vida dos portadores de feridas7,14.
Considerando o grande número de pessoas acometidas por feridas crônicas,
decorrentes dos mais variados motivos, desde doenças de base não diagnosticadas
e tratadas precocemente, até lesões provenientes de acidentes, somado às
alterações que essas feridas causam no cotidiano desses pacientes, o objetivo deste
trabalho é analisar e comparar onde há uma maior interferência na qualidade de vida
dos pacientes portadores de feridas crônicas atendidos nas Unidades Básicas de
Saúde (UBS) no Município de Campo Mourão, Paraná.
12
2
REVISÃO DE LITERATURA
2.1 PELE
A pele é o maior órgão do corpo humano, recobrindo toda a extensão do
corpo humano, indispensável para a vida humana e fundamental para o perfeito
funcionamento fisiológico do organismo. É dividida em duas camadas distintas,
unidas entre si, denominadas epiderme e derme. Esta é a mais profunda, formada
por tecido conjuntivo, enquanto aquela é a camada mais externa, composta por três
diferentes linhagens celulares: os queratinócitos, os melanócitos e as células de
Langerhans2,15.
A pele por ser a primeira barreira de defesa contra agressões e indispensável
a vida esta sujeito a sofrer agressões provenientes de agentes patológicos tanto
intrínsecos quanto extrínsecos. Esses agentes poderão desenvolver alterações na
sua constituição favorecendo o surgimento das feridas cutâneas, podendo levar a
incapacidade funcional2.
Conforme Hess 16, conhecer a anatomia e a fisiologia da pele revela-se como
algo essencial para a classificação das feridas e compreensão das fases de estadia
e avaliação do grau de lesão tecidual, refletindo a sua importância.
A pele ou cútis é um revestimento protetor do organismo que isola os
materiais orgânicos do meio externo. Apresenta grande especificidade e complexas
estruturas, as quais devem se relacionar de forma harmônica, para a promoção de
sua integridade17.
Segundo os mesmos autores, a pele é composta por três camadas de
tecidos, sendo uma superior, a epiderme; uma intermediária, a derme; e uma
profunda, a hipoderme ou tecido celular subcutâneo. Hess16, complementa que,
dentre estas, as principais são a epiderme, que é composta de cinco camadas: o
estrato córneo, o estrato lúcido, o estrato granuloso, o estrato espinhoso e o estrato
germinativo; e a derme. Destaca também que o tecido subcutâneo ou hipoderme é
um tecido conjuntivo frouxo que adere a pele às estruturas subjacentes.
De acordo com Sampaio e Rivitti17, a pele representa cerca de 15% do peso
corporal e apresenta variações quanto à rigidez e flexibilidade ao longo de sua
extensão, sendo a sua cor determinada por fatores genético-raciais, relacionados
com a pigmentação da melanina. Segundo eles, e com reiterações de Hess 16, as
13
camadas da pele apresentam características distintas quanto à histologia, como
segue:
a) A epiderme é constituída por epitélio estratificado, com espessura variável
de 0,04 mm até 1,6 mm, a qual originam-se de um estágio de
diferenciação dos queratinócitos, células que se maturam para a formação
da camada germinativa ou basal, composta por células basais e
melanócitos; a camada malpighiana, composta por células escamosas e
poliédricas; a camada granulosa composta por células granulosas,
ausentes em algumas áreas com queratinização irregular; e pela camada
córnea, composta por células epidérmicas anucleadas e membranas
espessas. Apresenta ainda glândulas sebáceas, com exceção das regiões
palmares e plantares, e pêlos, estruturas filiformes constituídas de células
queratinizadas. Costuma se regenerar em 4 a 6 semanas;
b) A derme é rica em mucopolissacarídeo ou substância fundamental, e por
fibras colágenas, elásticas e reticulares. Tem espessura variável em torno
de 1 a 4 mm e apresenta três porções: a papilar (camada pouco espessa
de fibras colágenas e elásticas, diversos fibroblastos e abundância de
substância fundamental); a perianexial (similar à papilar); e a reticular
(porção mais espessa que se estende até a hipoderme, com feixes
colágenos e pouco fibroblastos e substância fundamental, em relação às
anteriores). Aloja as glândulas sudoríparas, o músculo pilomotor, e
inervações; apresenta mais resistência e vascularização, o que a envolve
com o aporte sanguíneo para a oferta de nutrientes e oxigênio à pele;
c) A hipoderme ou tecido subcutâneo, também chamada de panículo
adiposo, é a camada mais profunda, com espessura variável e presença
de adipócitos e tecido conjuntivo. Ao relacionar-se com a derme, forma a
junção dermo-hipodérmica, a qual abriga porções secretoras glândulares,
vasos sanguíneos e linfáticos e nervos. Além de ser um depósito de
nutrientes de reserva, realiza isolamento térmico e proteção mecânica.
Com base nessas informações e em propriedades físicas, químicas e
biológicas, podemos identificar sete funções básicas na fisiologia da pele, segundo
Sampaio e Rivitti17:
 Proteção: Constitui uma barreira que impede o contato do organismo com
agentes externos, protegendo-o contra infecções e perda de líquidos e
14
eletrólitos.
Também
se
relaciona
com
o
sistema
imunológico,
apresentando intensa atividade de defesa humoral (anticorpos) e celular
(células de defesa);
 Regulação térmica: A pele regula a temperatura do corpo, com a
vasoconstrição, vasodilatação e sudorese;
 Percepção: Apresenta inervações, as quais proporcionam a percepção de
estímulos como o calor, o frio, a dor, a pressão e o tato;
 Secreção: Realiza secreção sebácea para a manutenção eutrófica da
pele, evitando a perda de água;
 Excreção: A pele excreta resíduos como eletrólitos e água, colaborando
com a termoregulação;
 Metabolismo: A síntese da vitamina D mediante a exposição da luz solar
ativa o metabolismo do cálcio e fosfato, ambos importantes na formação
óssea;
 Imagem Corporal:
Detalha
a
aparência
das
pessoas
de
forma
individualizada.
Para Sampaio e Rivitti17, tais funções dependem da participação de vários
componentes, dentre os quais ainda não são totalmente conhecidos.
Mediante essas características, evidencia-se o grau de importância da pele na
manutenção da homeostasia, refletindo muito além do patamar de maior órgão do
corpo humano, e sim como algo indispensável para a vida.
Como os demais órgãos, a pele é suscetível a patologias e distúrbios que
interferem em sua integridade. Muitos estudos têm sido realizados para a
compreensão dos diversos aspectos relacionados com a sua manutenção, visando à
identificação dos processos de lesões causadas em situações adversas16.
A
pele
apresenta
diversos
estágios
que
participam
do
processo
fisiopatológico, compreendendo a degeneração (acompanhada geralmente pela
inflamação e outras alterações patológicas); a alteração metabólica (decorrente de
anormalidades do metabolismo e alterações da integridade da pele); a proliferação
(hiperplásica e/ou neoplásica); a malformação (excessos ou deficiências de um ou
vários constituintes da pele); a disfunção (provocada pelas várias alterações
patológicas, com perda de função); e a inflamação - resposta diante de agressão
15
biológica, química ou física, envolvendo vasos sanguíneos, células de defesa, e
mediadores químicos17.
O processo patológico depende de outros fatores, como a maior exposição
aos agentes agressores e a debilitação do indivíduo, bem como por uma alteração
imunológica, a qual, segundo Sampaio e Rivitti17, correspondem às respostas
específicas e complexas que um organismo contra agentes endógenos ou
exógenos, onde a imunidade representa os mecanismos de defesa contra os
agentes infecciosos.
O envelhecimento também é um problema que se soma aos riscos potenciais
para desenvolvimento de possíveis distúrbios cutâneos. Apresentando alguns
conceitos igualmente abordados por Hess16 e Sampaio e Rivitti17, Brunner e
Suddarth18, evidenciam a proteção, a regulação da temperatura, a sensação e a
excreção como funções básicas da pele que se tornam vulneráveis ao envelhecer.
Segundo estes, com o envelhecimento, a pele é acometida por diversas
disfunções que interferem em sua integridade e aparência, atingindo o seu
funcionamento, envolvendo uma sequência de alterações morfofisiológicas com
perda celular e declínio, como reitera Stump19.
Com a idade, a pele perde a capacidade de reter a umidade, e acaba ficando
ressecada e escamosa, ou em estado de cerose, incluindo ainda prurido e
descamações que contribuem com o afinamento de suas estruturas20.
Dentre outras características que ocorrem com o afinamento da derme e
epiderme, há a redução das fibras elásticas e a rigidez do colágeno. O tecido
adiposo subcutâneo ou hipoderme diminui consideravelmente, bem como o aporte
sanguíneo em decorrência a diminuição de capilares cutâneos. Tais alterações
morfológicas
refletem
na
perda
da
capacidade
de
elasticidade,
gerando
19-20
enrugamento e arqueamento da pele e a musculatura se torna fina e flácida
.
20
Roach , também afirma que a desidratação é algo mais comum entre os
idosos, visto que a sensação de sede diminui com a idade, e eles não ingerem
líquidos de forma satisfatória, além do declínio total nos líquidos corporais que
ocorre por conta das alterações fisiológicas.
Outra questão é a diminuição da pigmentação dos pelos e a sequidão e
susceptibilidade da pele, tornando-a predisponente a irritações. Isso ocorre pela
queda de atividade das glândulas sebáceas e sudoríparas, reduzindo a tolerância à
luz solar e temperaturas elevadas17-18.
16
A perda da integridade da pele nos idosos transparece maior fragilidade, a
qual se torna mais vulnerável ou não diante das posturas e qualidade de vida
adotada por eles.
Somando-se a estes aspectos, com o decorrer do tempo as pessoas idosas
começam a apresentar deficiências nutricionais, comprometimento imunológico,
circulatório e respiratório, com consequências diretas de apresentar algum tipo de
lesão ou mesmo atrasar o processo de cicatrização16.
Partindo deste enfoque, a lesão cutânea é uma das que frequentemente são
vivenciadas pelos idosos, interferindo no bem-estar dos pacientes e muitas vezes
contribuindo com outros processos patológicos e foco de infecções.
Entre os muitos tipos de lesões na pele, temos a úlcera por decúbito, como
uma daquelas que geram preocupação, seja pela variabilidade dos casos,
dinamismo do surgimento, alto índice de pacientes acamados e atritos com
superfícies que favorecem o seu desenvolvimento, bem como a cicatrização
deficiente em decorrência do comprometimento cutâneo18.
Todos os conceitos até aqui apresentadas pelos autores pesquisados revelam
que a pele, inicialmente desenvolve grande especificidade, colaborando com a
manutenção e equilíbrio corporal e proteção do organismo; e que pode sofrer perda
morfofuncional em diversas situações 21. Tal problemática desperta preocupação
quanto à prevenção e a assistência que se faz tão necessária, principalmente das
ulcerações por pressão ou decúbito, foco de análises desta pesquisa.
2.2 FERIDAS
Ferida é caracterizada por uma descontinuidade do tecido epitelial e necrose
dos tecidos, em maior ou menor extensão, tendo como etiologia qualquer tipo de
trauma, tais como físico, químico, mecânico ou ainda, pode ser causada por uma
afecção clínica, que desencadeia ações de defesa do organismo contra o agente da
infecção7.
Classicamente, ferida é definida como a perda da substância da epiderme
que pode acometer inclusive planos profundos, com crescimento em extensão,
profundidade ou em quantidade de lesões ulcerosas22.
17
Segundo Cunha23, a ferida é um agente etiológico das alterações sofridas
pela pele, causado por processos traumáticos, inflamatórios, degenerativos,
circulatórios, distúrbios metabólicos ou defeitos congênito.
Nas feridas há destruição de estruturas cutâneas, podendo afetar não apenas
a epiderme e a derme, e sim podendo chegar a tecidos mais profundos24.
A ruptura da estrutura e alteração da função da anatomia normal tegumentar
ocasionará um processo fisiopatológico, tendo como causas tanto fatores intrínsecos
ou extrínsecos e envolve qualquer órgão ou cavidade.
A descontinuidade circunscrita na superfície do tecido epitelial, ocasionada
pela ruptura das camadas da pele, normalmente está associado à inflamação do
tecido subcutâneo das extremidades e com maior frequência com o suprimento
sanguíneo inadequado ou doenças sistêmicas tipo diabetes25-26.
Dentre essas lesões, que denominaremos de úlceras, destacamos, as que
acometem os membros inferiores e que podem ser classificadas a partir da doença
de base, em: vasculares, metabólicas, neoplásicas, traumáticas, infecciosas,
originadas de doenças hematológicas entre outras23,27.
As feridas acometem indivíduos em diferentes faixas etárias, raças e sexos,
levando a perda total ou parcial da capacidade funcional do membro afetado,
diminuição da autoestima, casos
de isolamento social, aposentadoria ou
afastamento do emprego, sentimento negativos e alterações radicais nos seus
hábitos de vida11.
O aumento da incidência de feridas, independente da faixa etária, é de
conhecimento dos profissionais de saúde e proporciona inúmeras reflexões sobre o
assunto. O cuidado à saúde dos indivíduos portadores de feridas é um problema de
saúde pública, de grandes proporções e representa um desafio a ser enfrentado
cotidianamente, tanto pelos pacientes quanto pelos profissionais responsáveis pelos
cuidados 7.
O cuidado com as feridas é um amplo um campo de atuação da enfermagem,
onde os profissionais procuram aperfeiçoar o conhecimento para aumentar a
competência e suas habilidades, com a finalidade de que o tratamento não se torne
apenas a confecção do curativo, mas que toda a terapêutica seja vista com um
entendimento holístico do homem7,28-29.
18
As complicações oriundas das feridas variam desde repercussões físicas,
sociais, econômicas e emocionais que podem interferir diretamente na qualidade de
vida dos portadores dessas lesões cutâneas30.
Viver sob a condição de ter uma ferida acarreta em uma sequência série de
mudanças na vida das pessoas e por consequentemente na de seus familiares,
surgindo dificuldades que muitas vezes nem a paciente, família ou equipe de saúde
estão preparados para tratar e compreender todos os aspectos que envolvem este
problema7.
Os danos causados pelas feridas afetam o estilo de vida das pessoas,
relacionadas diretamente com à dor, depressão, perda da autoestima, isolamento
social, inabilidade para o trabalho e, frequentemente, hospitalizações ou visitas
clínicas ambulatoriais31.
A ferida deve ser vista não apenas uma lesão física, que atinge a pele, devese ser entendida como algo que influencia a pessoa como um todo, com
repercussões tanto físicas quanto psicológicas. A ferida pode doer sem
necessariamente precisar de estímulos sensoriais, pode ser uma marca, uma perda
irreparável ou uma doença incurável. Essa situação fragiliza e muitas vezes
incapacitam o ser humano para diversas atividades, causando alterações no
cotidiano7.
As feridas são comuns na população adulta, causam impacto social e
econômico, associado ao período longo para que ocorra a cicatrização ou devido a
sua etiologia. Quando não tratadas adequadamente as feridas tem grandes índices
de falhas de cicatrização e alta chance de recorrência32.
As feridas cutâneas afetam diferentes pessoas em qualquer fase da vida e
para que ocorra o reparo tecidual o organismo utiliza-se de um processo biológico
intrínseco, dinâmico, organizado e extremamente complexo. Esse processo de
cicatrização pode ser rápido quando a situação clínica é favorável e a extensão e o
grau de perda tecidual são menores. Quando não há um ambiente favorável a
cicatrização, as feridas cronificam-se provocando uma série de problemas que
afetam a vida do indivíduo em todas as suas esferas, gerando impacto negativo
sobre a qualidade de vida33.
19
2.3 CICATRIZAÇÃO
A cicatrização de ferida ocorre por um processo complexo, organizado, com
envolvimento de diversas células, sinais químicos e matriz extracelular, tendo como
objetivo a reparação do tecido lesado. O tratamento de ferida busca essa rápida
reparação da lesão de forma a se obter cicatriz funcional e sem consequências
esteticamente34-35.
Segundo Borges11, podemos conceituar a cicatrização de feridas como uma
sequência de fases fisiológicas e bioquímicas, como resposta a uma agressão
sofrida, e tendo como finalidade a reparação do tecido lesado. Para que tal evento
ocorra é necessário que o organismo proporcione um ambiente favorável com
ótimas condições de temperatura, hidratação e oxigenação proporcionando a
formação de colágeno, angiogênese, epitelização e a contratura da ferida.
De acordo com Mandelbaum36, a cicatrização das feridas é um evento
dinâmico, com envolvimento dos fenômenos bioquímicos e fisiológicos. Precisa que
ocorra de forma perfeita, harmoniosa e com sincronia da cascata de eventos
celulares e moleculares a reconstituição do tecido a fim de garantir a restauração
tissular.
A cicatrização também depende de vários fatores, locais e gerais, como:
localização anatômica, tipo da pele, raça, condições de tratamento, idade, entre
outras36.
Apesar de haver grandes avanços científicos na compreensão dos processos
e fenômenos relacionados com a reparação tissular e também simultaneamente
muito tenha sido investido em pesquisa e desenvolvimento de recursos e
tecnologias visando favorecer o tratamento das feridas e melhoria das condições
desse paciente, a incidência e prevalência de feridas é extremamente alta,
acarretado em elevados custos financeiros e profundas consequências sociais sobre
os portadores. Com frequência esses pacientes desenvolvem algum tipo de sequela
que podem levar à perda de membros e de suas funções, com consequente
afastamento do trabalho e de suas atividades cotidianas36-37.
Para favorecer o processo de cicatrização é necessário uma visão holística
que relacione pontos importantes que interferem neste processo, como controle de
patologias de base, como hipertensão ou diabetes mellitus, aspectos nutricionais,
infecciosos, medicamentosos e, principalmente o rigor e a qualidade do cuidado
20
educativo. Não se deve esquecer a questão dos curativos que serão utilizados
conforme a sistematização do tratamento e de acordo com os aspectos e evolução
da ferida2,38.
2.4 FATORES INFLUENTES DA CICATRIZAÇÃO
Alguns fatores podem ter relação direta com o processo de cicatrização
tecidual, sendo denominados fatores sistêmicos e fatores locais. Entre os fatores
sistêmicos podemos destacar a idade, estado nutricional, vascularização e doenças
associadas. Os fatores locais são: presença de infecção, fatores mecânicos,
presença de corpos estranhos e linhas de tensão39.
Idade: é um dos fatores sistêmicos mais importantes, pois está relacionada
tanto com a lesão como para a sua manutenção, ao ocasionar alterações no
funcionamento de todos os sistemas fisiológicos corporais. Com o avançar da idade
há uma série de alterações nutricionais, metabólicas, vasculares e imunológicas e o
desenvolvimento de novas doenças crônicas, tornando o organismo mais suscetível
ao trauma ou infecções40.
Estado Nutricional: as proteínas obtidas através da alimentação são
fundamentais para o processo de cicatrização. As vitaminas são essenciais no
processo de síntese de colágeno, na produção de fibroblastos, na integridade do
tecido epitelial e produção de anticorpos. A água é o mais importante nutriente, visto
que corresponde a cerca de 55% do peso corporal e compõe todas as atividades
celulares e funções fisiológicas3,41.
Vascularização: A oxigenação e perfusão tissular são essenciais para que
ocorra a manutenção da integridade e sucesso na reparação tissular, por ser
responsável pelo transporte de nutrientes e metabólitos. A nicotina presente no
cigarro merece destaque, devido a sua ação vasoconstritora é responsável por
hipóxia tecidual3,29,42.
Doenças associadas: destaca-se a diabetes mellitus, por causar redução na
resposta inflamatória e gera maior risco de infecção. As neuropatias reduzem a
percepção sensorial e aumentam o risco para desenvolvimento de lesões. A
insuficiência renal altera a manutenção da pressão arterial, equilíbrio hidroeletrolítico
e processo de coagulação3.
21
Infecção: A simples presença de bactérias não caracteriza a infecção, que
deve ser diferenciada da colonização. Na presença de infecção a fase inflamatória é
prolongada. A infecção é o maior empecilho na cicatrização de uma ferida, por
determinar maior destruição de tecidos e retardar o processo de reparação,
aumentando ainda a formação de tecido cicatricial, com danos na função ou a
estética do tecido acometido3.
Fatores mecânicos: forças mecânicas como pressão, fricção e cisalhamento
contribuem para romper a integridade tissular43-44.
Presença de corpos estranhos: massas presentes nos tecidos provenientes
do próprio corpo ou do exterior podem ser eliminados, absorvidos ou retidos e
sempre constituem um fator irritante para os tecidos, favorecendo a infecção45.
Linhas de tensão: as feridas se dispostas conforme as linhas de tensão da
pele, ocorrem pontos de maior repouso, processando a sua cicatrização nas
melhores condições possíveis45.
As feridas podem ser classificadas de acordo com o tempo de reparação
tissular, em agudas e crônicas. As feridas agudas reparam em tempo adequado, não
havendo complicações.
As feridas crônicas são as que não são reparadas em
tempo esperado e apresentam complicações 3,46.
De forma geral, crônico é definido como todos os problemas de saúde que
persistem no tempo e requerem algum grau de gerenciamento do sistema de
saúde47-48.
Quanto à classificação das feridas, pode-se chamá-las de agudas e crônicas.
Feridas agudas são resultantes de cirurgias e traumas, cuja reparação do tecido
ocorre em sequência e tempo adequado, sem complicações, levando à restauração
da integridade anatômica e funcional49. São causadas por traumas externos e
geralmente cicatrizam dentro de um prazo previsível, por progredir através de uma
série de fases naturais, incluindo inflamação, granulação, reepitelização e
modelagem50. As crônicas, por sua vez, são aquelas que não são reparadas em
tempo adequado e apresentam complicações36. São feridas em que a sequência de
reparo foi interrompida em um ou vários pontos das fases inflamatória, proliferativa,
reepitelização ou remodelação51. Para Santos 3, feridas crônicas são aquelas que se
formam quando uma condição predisponente impede a capacidade dos tecidos de
manter sua integridade e curar suas lesões. Envolvem longa duração para a
cicatrização
ou
apresentam
frequentes
recidivas52.
Feridas
crônicas,
22
frequentemente, parecem estar "presas" na fase inflamatória da cicatrização. A
inflamação é uma parte normal do processo de cicatrização, mas por período
prolongado e o contato com a secreção da inflamação da ferida pode ser
prejudicial50.
2.5 FERIDAS CRÔNICAS
As feridas crônicas, independentes de suas causas, são lesões graves da
pele e tecidos subjacentes que acarretam em graves consequências, tais como dor
permanente, incapacidade funcional, sofrimento, perda da autoestima, isolamento
social e familiar, gastos relacionados ao tratamento, afastamento de trabalho e
alterações psicossociais afetando tanto os portadores quanto seus familiares27.
Atualmente, as condições crônicas são o maior problema de saúde em países
desenvolvidos. Os maiores gastos financeiros decorrentes de doenças é causada
por esse tipo de doenças, responsáveis por 60% de todo o ônus financeiro. Estimase que no ano de 2020, 80% de todas as doenças dos países em desenvolvimento
devem ser constituídas de problemas crônicos. Os gastos em milhões com lesões
crônicas aproximam-se 1,33 dólares/ano53-54.
Estudos demonstram, em sua maioria, que as feridas não cicatrizadas
acometem aproximadamente 0,3% da população, ou seja, cerca de uma pessoa em
cada 350 adultos, enquanto histórico de ferida cicatrizada se aproxima de 1% da
população adulta32.
Abbade32 afirma que quando não tratadas de forma correta, em torno de 30%
das feridas recorrem no primeiro ano, sendo que esse índice sobe para 78% após
dois anos.
No Reino Unido, as feridas crônicas têm prevalência estimada entre 1,5 e 1,8
para 1.000 do total da população, aumentando para 3 por 1.000 na faixa etária de 61
a 70 anos e podendo atingir a índices de 20 por 1.000 em pessoas com idade
superior a 80 anos. As feridas, principalmente em membros inferiores, estão
presentes em 1% a 2% da população, acometendo em torno de 80 a 100 mil
pacientes com lesões, além de 400 mil pessoas com algum tipo de feridas
cicatrizadas que podem recidivar27,55.
23
Estudo realizado em Newcastle (Inglaterra) mostrou que as feridas em
membros inferiores possuem incidência anual de 3,5 por 1000 pacientes com idade
superior a 45 anos e prevalência de 1,9 por 1000 pacientes27,55.
Outro estudo realizado na Europa e Austrália demonstra um índice um pouco
menor, com prevalência relatada de 0,6% a 1%, embora indique que no mundo pode
chegar a 2,7%27,56.
No Brasil, apesar das feridas constituírem um problema de saúde pública e
atingindo a população independente de sexo, idade ou etnia, não possui dados
estatísticos que façam essa comprovação, devido principalmente a escassez dos
registros desses atendimentos. Pouco se conhece sobre sua distribuição na
população do país ou mesmo por região. No entanto, é de conhecimento que os
gastos públicos decorrentes das feridas é elevado e prejudica a qualidade de vida da
população2,5,24,27,57-58.
Apesar de não haver precisão nos dados brasileiros, alguns autores ressaltam
o impacto psíquico, social e econômico da cronificação das lesões cutâneas,
principalmente acometendo os membros inferiores, representando a segunda causa
de afastamento do trabalho no Brasil36,59.
Apesar da ampla variedade de fatores etiológicos, as principais causas de
feridas crônicas são doença vascular periférica e principalmente à insuficiência
venosa crônica (IVC) responsável por cerca de 70% a 80% dos casos, seguida de
insuficiência arterial (8%), diabética (3%), trauma (2%), e outras causas (14%)11, 27,
32,57-58,60-61
.
Estudos realizados em outros países ressaltam que a principal causa de
feridas é a insuficiência venosa crônica, responsável por volta de 60% a 70% de
todos os casos. Demonstram ainda que a prevalência varia dependendo da época
da pesquisa, população estudada e desenvolvimento econômico da amostra. Na
Dinamarca a prevalência é de 3,9%, na Suíça 1% e nos EUA 0,3%57.
As principais consequências para os portadores de feridas crônicas são
justamente o fato da lesão não ser apenas a questão física, mas significar o
isolamento social, constrangimento, efeito emocional negativo, constrangimento,
tristeza, raiva e autoimagem negativa28.
As doenças crônicas recebem maior atenção prestada pelos profissionais de
saúde, principalmente devido ao fato dessas doenças se destacarem na
24
morbimortalidade da população mundial, sendo que não ocorre apenas na
população idosa, mas também atingem os jovens em idade produtiva62-64.
A preocupação humana quanto a tentativas de auxiliar no processo de
cicatrização das feridas remontam desde a Antiguidade, demonstrando que desde
então já se percebia a preocupação proteger e tratar as feridas para que elas não se
complicassem e causassem maiores locais ou gerais para o paciente36.
Os manuscritos mais antigos que se tem registro datam de 3000-2500 a.C no
Egito, onde são mencionados curativos com os mais variados materiais, tais como
mel, graxa, fios de linho e diversos tipos de excrementos, que eram utilizados na
medicina egípcia36.
Hipócrates, responsável pelas bases da medicina científica, orientava que o
tratamento de feridas, essas fossem mantidas limpas e secas, utilizando de água
morna, vinho e vinagre36,65.
O tratamento das feridas crônicas é longo e complexo, exigindo do
profissional
cuidador
conhecimento
específico,
habilidade
técnica,
atuação
multidisciplinar e principalmente participação ativa do portador, incluindo de seus
familiares, sempre focando não apenas a ferida e sim com uma visão holística11,27,6668
.
As feridas crônicas de etiologia vasculogênicas tornaram-se um problema de
saúde pública, influenciadas principalmente pelo envelhecimento da população,
transição
epidemiológica,
onde
ocorreu
a
transição
das
patologias
predominantemente infecciosas com alta morbidade, passando a existir as doenças
crônicas ou não transmissíveis27,29,42.
2.6 FERIDAS CRÔNICAS E QUALIDADE DE VIDA
Relacionar uma doença crônica com qualidade de vida ganhou destaque
entre a comunidade científica, profissionais da saúde, as própria pessoas que
vivenciam a doença e seus familiares.
Pesquisadores do Núcleo em Situações Crônicas de Saúde referem que as
pessoas conseguem viver com doenças crônicas e se manter saudáveis, apesar de
não haver alterações no quadro da doença. No entanto, para que isso ocorra é
necessário o enfrentamento dos desafios provenientes da doença e conciliar de
25
forma harmoniosa a relação com os outros e com o mundo, com menor dano
possível a sua qualidade de vida7,14,69.
Estudos no campo da qualidade de vida são especialmente voltados para
pessoas com doenças crônicas. Essas doenças, apesar dos inúmeros avanços
tecnológicos que vêm permitindo prolongar suas vidas, porém com grande impacto
na qualidade das mesmas, influenciando a percepção que as pessoas têm sobre
sua saúde e a qualidade de suas vidas 70-72.
A complexidade, a proporção decorrentes dos problemas, os valores
inerentes e estigmas provenientes das doenças crônicas acarretam em indagações
sobre a qualidade de vida dessas pessoas62.
As complicações decorrentes de feridas cutâneas, dependendo da forma que
for tratada e como for enfrentada pelo portador pode intervir severamente na
qualidade de vida das pessoas 73-74.
O cuidado do paciente com feridas crônicas deve proceder de forma holística,
não apenas controlando os sintomas físicos, e sim dando atenção ao indivíduo em
toda a sua plenitude. As feridas têm grande influência sobre o paciente pelo estigma
e pelas questões estéticas a elas inerentes, conduzindo fator determinante para a
qualidade de vida dessas pessoas75.
2.7 QUALIDADE DE VIDA
A primeira vez que se têm relatos da utilização da expressão qualidade de
vida remete ao presidente dos Estados Unidos, Lyndon Johnson, em 1964, que
declarou que “os objetivos não podem ser medidos através do balanço dos bancos.
Eles só podem ser medidos através da qualidade de vida que proporcionam às
pessoas”76.
A indexação do termo “qualidade de vida” no MEDLINE foi em 1977. Entre os
anos de 1978 e 1980 por volta de 200 trabalhos científicos foram disponibilizados
pelo sistema. Em 1987 e 1992 a média manteve-se em cerca de 400 trabalhos por
ano e no ano de 1993 este número triplicou77.
No início da década de 90 consolidou-se um consenso entre estudiosos
quanto a dois aspectos relevantes do conceito de qualidade de vida, são eles,
subjetividade e multidimensionalidade. Em relação à subjetividade, trata-se de
considerar a autoavaliação da pessoa sobre o seu estado de saúde e sobre os
26
aspectos não-médicos do seu contexto de vida. Ou seja, como a pessoa avalia a
sua situação pessoal em cada uma das dimensões relacionadas à qualidade de
vida8,78.
A multidimensionalidade diz respeito ao conhecimento sobre o assunto, sendo
composto por diferentes dimensões. Pesquisas científicas com estudos empíricos,
utilizando de metodologias qualitativas e quantitativas tem objetivado identificar
essas dimensões 8,78-79.
Tentativas de alcançar qualidade de vida e a tentativa de definição vem
acompanhando o desenvolvimento histórico e cultural da humanidade80.
A definição qualidade de vida é bastante abrangente, sendo interferida pelo
momento histórico, a classe social e a cultura do indivíduo, com influência de
experiências, conhecimentos e valores tanto individuais quanto coletivos.
Os
muitos
conceitos
de
qualidade
vida,
compreendendo
a
multidimensensionalidade, inclui o funcionamento físico, psicológico e social,
interagindo com a funcionalidade global do homem, sendo de extrema importância
tanto para a prevenção quanto para a intervenção na saúde das pessoas7,30.
Estudos de Seidl78, enfatizam que qualidade só pode ser avaliada pela própria
pessoa, contrariando tendências iniciais, quando o conceito era avaliada por um
observador, normalmente um profissional de saúde. Sendo assim, há uma
necessidade quanto ao desenvolvimento de métodos de avaliação e padronização
de instrumentos que devem levar em consideração a perspectiva do paciente
entrevistado e não a visão do entrevistador.
Entendendo qualidade de vida como termo subjetivo, dinâmico, que se
modifica no processo de viver, deve-se considerar também que a satisfação com a
vida e a sensação de bem-estar pode, muitas vezes, ser um sentimento
momentâneo,
alterando
totalmente
em
decorrer
de
alguma
situação
ou
acontecimento. Há a necessidade de investir na conquista de uma vida com
qualidade, construída e consolidada em um processo pessoal através de uma
reflexão sobre o que realmente é definitivo e relevante para a qualidade de vida,
estabelecendo metas a serem alcançadas e tendo como inspiração final a vontade
de ser feliz7.
Outros estudos 10,76 também consideram que qualidade de vida é um valor
subjetivo, podendo apenas ser avaliada pela própria pessoa cuja qualidade de vida
está sendo medida.
27
Qualidade de vida é uma terminologia das mais interdisciplinares da
atualidade, sendo utilizado em vários contextos de pesquisa, nas mais diversas
áreas especializadas do conhecimento como sociologia, política, medicina,
enfermagem, psicologia, economia, geografia, história social e filosofia10,76,81.
Essa preocupação com esse conceito refere-se a um movimento dentro das
ciências biológicas e humanas, enfatizando aspectos mais amplos que apenas o
controle de sintomas, a diminuição da mortalidade ou o aumento da expectativa de
vida76,82.
Relacionada à saúde é muito frequente a utilização do termo “qualidade de
vida”, onde apesar de ter sido usado com objetivos semelhantes à conceituação
mais geral, parece implicar em aspectos mais diretamente associados às
enfermidades ou às intervenções em saúde8,78.
Definir um conceito universal para qualidade de vida é de extrema dificuldade,
considerando a subjetividade do termo, sua complexidade e toda a sua dimensão. A
qualidade de vida vai depender de fatores tanto intrínsecos, como extrínsecos,
variando de indivíduo para indivíduo e sendo influenciada por hábitos, estilo de vida,
fatores ambientais, entre outros83.
Para NAHAS84, os fatores que determinam a QV das pessoas são inúmeros e
que a combinação destes resulta numa rede de fenômenos e situações que
abstratamente, pode ser chamada de qualidade de vida. Geralmente os fatores são
estado de saúde, longevidade, satisfação no trabalho, salário, lazer, relações
familiares, disposição, prazer e até espiritualidade.
Avaliando de forma mais ampla, qualidade de vida pode ser uma medida da
própria dignidade do homem, pois pressupõe o atendimento das necessidades
humanas fundamentais para si mesmo84.
Especificamente na área da saúde a conceituação do termo qualidade de vida
é identificada em duas tendências: qualidade de vida como um conceito mais
genérico e qualidade de vida relacionada á saúde8,78.
Qualidade de vida relacionada com a saúde é centrada na avaliação subjetiva
do paciente, relacionado ao impacto do estado de saúde sobre a capacidade do
indivíduo de viver plenamente8,78.
Quanto ao conceito genérico, qualidade de vida apresenta uma dimensão
mais ampla, sem referências a disfunções ou agravos, com maior influência de
estudos sociológicos8,78.
28
A qualidade de vida inclui uma grande variedade de condições internas e
externas ao indivíduo. As condições externas interferem em um uma vida de
qualidade, sem, no entanto, ser o fator determinante. A qualidade de vida é definida
pelo próprio indivíduo, como uma experiência interna de satisfação e bem-estar com
o seu processo de viver. Apesar de todas essas condições externas favoráveis, as
pessoas podem considerar que não têm qualidade de vida se algumas dessas
condições externas vir a apresentar algum tipo de problemática15.
Segundo Minayo88 qualidade de vida é um conceito muito dinâmico,
modificado no processo de viver das pessoas. A satisfação com a vida e a sensação
de bem-estar pode ser um sentimento momentâneo, porém a conquista de uma vida
com qualidade pode ir sendo construída e consolidada, com reflexão e
estabelecimento de metas a serem atingidas, tendo como inspiração o desejo de ser
feliz.
A Organização Mundial (OMS), em seu estudo multicêntrico que teve por
objetivo principal elaborar um instrumento que pudesse avaliar a qualidade de vida
com uma perspectiva internacional e transcultural, define qualidade de vida da
seguinte forma: “a percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, no contexto
da cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação a seus
objetivos, expectativas, padrões e preocupações”8,10,76,78.
A expressão qualidade de vida também pode ser compreendida como o valor
atribuído à vida, influenciado pelas deteriorizações funcionais, as percepções e
condições sociais que são induzidas por uma doença, agravo ou tratamentos e pela
organização política e econômica do sistema assistencial7.
Para Gold85 os conceitos de qualidade vida sempre mostram a percepção do
próprio indivíduo sobre a saúde, as funções sociais, psicológicas e físicas, bem
como os danos a elas relacionados.
Awad86 refere que “qualidade de vida é uma vaga e etérea entidade, algo
sobre a qual muita gente fala, mas que ninguém sabe claramente o que é”.
Campolina e Ciconelli87 observam que apesar de qualidade de vida ser um
conceito novo que gera discussões, com múltiplas aplicações, demonstram que
melhorar a qualidade de vida dos indivíduos passou a fazer parte dos objetivos e
resultados esperados das práticas assistenciais e políticas, objetivando a promoção
da saúde e prevenção de doenças.
29
De acordo com Minayo, Hartz e Buss88 qualidade de vida está diretamente
ligado ao grau de satisfação encontrada na vida familiar, amorosa, social, laboral,
ambiental e à própria estética existencial.
É necessário entender que diferentes fatores interferem na qualidade de vida
dos indivíduos. Dentro dos indicadores objetivos estão às condições de saúde, os
aspectos do ambiente físico, o trabalho, o lazer, as oportunidades, entre outros. Já
os subjetivos abrangem termos como felicidade, satisfação com a vida, bem-estar,
ou seja, definem mais precisamente a experiência dos indivíduos, pois leva em
consideração o significado que as pessoas atribuem às suas experiências7,88-89.
Qualidade de vida também pode ser incorporada à prática dos profissionais
de saúde onde tem sido utilizado no âmbito clínico para expressar o impacto físico e
psicossocial causado pelas alterações físicas e biológicas produzidas por
enfermidades e terapias que interferem nas condições de vida do paciente88-89.
A OMS que desempenha um papel decisivo no incentivo a estudos para a
qualidade de vida, desde 1948, possui uma definição para saúde, como sendo um
completo estado de bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de
enfermidade. Atualmente, quando se avalia a saúde de uma pessoa, não se
considera apenas a capacidade física, mas sim, todo seu contexto social e sua
saúde mental48.
Qualidade de vida pode ser visto como o reflexo do modo com que o paciente
percebe e reage a sua saúde e outros aspectos não-médicos da sua vida91. Ou
ainda pode ser definido como a medida da percepção que o paciente tem entre a
diferença da sua realidade e suas necessidades ou desejos77.
McDonough et al.92 definiram qualidade de vida como sendo a construção
multidimensional que reflete a habilidade funcional do individuo, o suporte social, a
compreensão emocional e a ausência de desconforto psicológico.
Quando se trabalha com qualidade de vida, um fator que merece ser
destacado são os determinantes sociais, pois esses interferem diretamente na
qualidade de vida das pessoas e dos grupos estudados.
Para a Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde
(CNDSS), os determinantes sociais são os fatores sociais, econômicos, culturais,
étnicos e radicais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de
problemas de saúde e seus fatores de risco na população93,94.
30
A comissão homônima da Organização Mundial da Saúde (OMS) adota uma
definição mais curta, segundo a qual os determinantes sociais são as condições
sociais em que as pessoas vivem e trabalham93.
Tarlov 95 propõe uma definição bastante sintética, ao entendê-los como as
características sociais dentro das quais a vida transcorre.
Considerando todos os estudos apresentados, onde pontuam que qualidade
de vida é uma condição complexa e multifatorial, sendo possíveis algumas formas
de medidas, através da utilização de uma série de indicadores, porém a vivência do
sujeito, ou do grupo social sobre de si mesmo, tem uma importância específica93.
Esses conceitos de qualidade de vida tem orientado pesquisas através da
aplicação de instrumentos, como o WHOQOL-Bref que já foi empregado em várias
pesquisas e já foi testado e validado no Brasil76.
2.8 WHOQOL
A necessidade de desenvolver um instrumento para avaliar a qualidade de
vida da população ao redor do mundo motivou a OMS criar um Grupo de Estudos
sobre Qualidade de Vida (WHOQOL Group), com a finalidade de estudar o conceito
e desenvolver instrumentos de medida, numa perspectiva transcultural. O método
WHOQOL foi aplicado de forma colaborativa e simultânea em vários centros,
incluindo
países
com
diferentes
níveis
de
desenvolvimento
econômico,
disponibilidade de serviços de saúde, importância da família e regiões dominantes,
entre outras particularidades, além de utilizar uma entrada de dados interativa entre
os pesquisadores, em cada estágio de seu desenvolvimento, permitindo constante
influência no processo10,76.
O instrumento inicialmente elaborado, denominado de WHOQOL-100, é
composto por 100 perguntas que se referem a seis domínios: físicos, psicológico,
nível de independência, relações sociais, meio ambiente e espiritualidade. Trata-se
de um instrumento bastante complexo e amplo, havendo então a necessidade de
uma versão mais curta que demandasse pouco tempo para o seu preenchimento.
Essa necessidade levou o mesmo grupo ao desenvolvimento da forma abreviada do
WHOQOL-100, ou seja, o WHOQOL-Bref que manteve a adequação das
propriedades psicométricas do instrumento original10,76.
31
O WHOQOL-Bref consta de 26 questões, sendo duas gerais de qualidade de
vida e as demais 24 representam cada uma das 24 facetas que compõem o
instrumento original. O WHOQOL-Bref é composto por quatro domínios: físico,
psicológico, relações sociais e meio ambiente. Os domínios físico e psicológico
incluíram, respectivamente, os domínios nível de independência e espiritualidade da
versão completa original8,10,76.
As respostas para todas as questões do WHOQOL-Bref são obtidas através
de uma escala do tipo Likert de cinco pontos, na qual a pontuação pode variar de 1 a
5, além de duas questões sobre qualidade de vida geral, o paciente escolhe uma
delas, onde cada uma vale pontos diferentes8,10,77.
Para o cálculo dos escores dos domínios, os índices das facetas
componentes resumem os domínios aos quais elas pertencem, quando calculadas
em conjunto geram um único escore independente dos escores dos domínios,
denominada overall ou “qualidade de vida geral”8,10,77.
A avaliação do WHOQOL-Bref é relativa às duas últimas semanas anteriores
a entrevista e o questionário deve ser respondido preferencialmente sem a ajuda do
entrevistador, no entanto quando isso não é possível, normalmente devido ao baixo
nível de escolaridade dos entrevistados, o entrevistador pode somente fazer a leitura
das perguntas, sem que este influencie nas respostas8,77.
Um aspecto importante que deve ser valorizado é que as amostras estudadas
para o desenvolvimento do WHOQOL-Bref incluem pessoas saudáveis da
população, nunca se restringindo apenas a amostras de pessoas portadoras de
agravos específicos8,10,76,78.
Na avaliação de qualidade de vida, considerando-se que não existe referencia
de instrumento específico para avaliar a qualidade de vida de pacientes portadores
de feridas crônicas que esteja traduzido e validado no Brasil, optou-se por utilizar o
questionário genérico WHOQOL-Bref, onde a versão em português dos instrumentos
WHOQOL foi desenvolvida e validada no Centro WHOQOL para o Brasil. Optou-se
pela escolha desse instrumento por ser desenvolvido pela Organização Mundial da
Saúde e pela necessidade de um instrumento curto que demande pouco tempo para
seu preenchimento8,77.
32
3
METODOLOGIA
Realizou-se um estudo transversal quantitativo com objetivo de investigar a
qualidade de vida em pacientes portadores de feridas crônicas residentes no
município de Campo Mourão-PR.
Campo Mourão é cidade pólo da Microrregião 12, Centro-oeste do Paraná,
que agrega 25 municípios, totalizando uma população de aproximadamente 357 mil
habitantes. A cidade que está há 450 quilômetros de Curitiba tem 86 mil habitantes.
A casuística do estudo foi composta por todos os 57 pacientes portadores de
feridas crônicas atendidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou pelas Equipes
do Programa Saúde da Família (PSF) no Município de Campo Mourão, Paraná. O
município possui 11 UBS, sendo dessas 02 da área rural.
Os indivíduos pesquisados foram agrupados em três grupos distintos, de
acordo com o tempo de apresentação da ferida. No grupo 1 estão os pacientes com
feridas há menos de 1 ano, sendo representado por 10 pacientes. No grupo 2, os
pacientes possuem feridas de 1 a 5 anos, sendo representado por 24 pacientes. No
grupo 3 estão os pacientes com feridas há mais de seis anos, onde 23 pacientes se
enquadraram nesse grupo.
Em um primeiro momento foi realizado contato com os responsáveis pelas
UBS e colhidas informações sobre quais pacientes da área de abrangência se
enquadravam na pesquisa.
A coleta dos dados ocorreu de janeiro a junho de 2011 através de visita
domiciliar onde foi feita uma explanação sobre o trabalho, apresentado o
instrumento e realizado a coleta dos dados.
Em relação aos critérios de exclusão, somente não fizeram parte da amostra
os pacientes que não foram localizados ou se negaram a participara da pesquisa.
A variável utilizada pelo estudo para quantificar a qualidade de vida ocorreu
através do instrumento WHOQOL-Bref. O questionário foi aplicado através de autopreenchimento ou administrado pelo entrevistador. O questionário WHOQOL-Bref
(abreviado) é composto por 26 questões, classificadas em 4 domínios: físico,
psicológico, relações sociais e meio ambiente.
As variáveis sócio-demográficas independentes do questionário WHOQOLBref foram sexo, data de nascimento, etilismo, tabagismo, estado civil, escolaridade,
renda, raça, diagnóstico da lesão e tempo da presença da ferida.
33
O presente trabalho de pesquisa teve aprovação do Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Sagrado Coração sob Protocolo 168/10, segundo a
Resolução 196/96 – Conselho Nacional de Saúde (CNS). Os pacientes que
concordaram em participar do estudo assinaram um termo de consentimento
informado.
3.1 WHOQOL-BREF
No trabalho foram utilizados os quatro domínios do WHOQOL-Bref. O
questionário é composto por 26 questões, onde duas questões são gerais sobre
qualidade de vida e as outras 24 representam cada uma das vinte e quatro facetas
que compõem o instrumento original do WHOQOL-100. Diferente deste, onde cada
uma das 24 facetas é avaliada a partir de 4 questões, no WHOQOL-Bref cada faceta
é avaliada por apenas uma questão. Neste instrumento a divisão utiliza respeita os
seguintes domínios:
DOMÍNIO 1 – FÍSICO
1. Dor e desconforto
2. Energia e fadiga
3. Sono e repouso
9. Mobilidade
10. Atividades da vida cotidiana
11. Dependência de medicação e medicamentos
12. Capacidade de Trabalho
DOMÍNIO 2 – PSICOLÓGICO
4. Sentimentos positivos
5. Pensar, aprender, memória e concentração
6. Autoestima
7. Imagem corporal e aparência
8. Sentimentos negativos
24. Espiritualidade, religião, crenças pessoais
DOMÍNIO 3 – RELAÇÕES SOCIAIS
13. Relações pessoais
14. Suporte (apoio) social
15. Atividade sexual
34
DOMÍNIO 4 – MEIO AMBIENTE
16. Segurança física e proteção
17. Ambiente no lar
18. Recursos financeiros
19. Cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade
20. Oportunidades de adquirir novas informações e habilidades
21. Participação em oportunidades de recreação e lazer
22. Ambiente físico: poluição, ruídos, trânsito, clima
23. Transporte
Antes da aplicação do instrumento, foi realizada uma breve descrição dos
objetivos do estudo e do questionário utilizado. O entrevistado foi orientado a
preencher sozinho o questionário, nos casos onde não era possível, o entrevistado
respondia as questões e o entrevistador escrevia a resposta no instrumento de
coleta.
O instrumento de caracterização foi aplicado simultaneamente com o
WHOQOL-Bref, mantendo o sigilo e confiabilidade das respostas.
3.2 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Após a coleta, os dados foram transportados para planilha específica e
submetidos à análise estatística. As variáveis de caracterização dos pacientes foram
descritas por meio de suas frequências absoluta e relativa. Os grupos foram
comparados entre si, para os domínios do WHOQOL-Bref, utilizando o teste não
paramétrico de Kruskal Wallis, que tem por objetivo comparar vários grupos
independentes. As comparações individuais foram realizadas por meio do Teste de
Dunn
As características da população entrevistada foram descritas através de
tabelas. Os dados referentes ao questionário WHOQOL-Bref sobre qualidade de vida
foram apresentados em forma de tabelas, divididos em três categorias: paciente com
feridas há menos de 1 ano, pacientes com feridas entre 1 e 5 anos e pacientes com
feridas há mais de 6 anos.
35
4
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentro de cada grupo, os entrevistados na pesquisa foram divididos por
gênero.
Deu-se essa distribuição, pois com o passar dos anos, o processo de
cicatrização se torna ainda mais difícil. Quanto mais tempo a pessoa apresentar a
lesão, maior a dificuldade para restabelecer a integridade da pele.
A distribuição da população estudada conforme a idade está apresentada na
Tabela 1.
Tabela 1 – Distribuição de faixa etária dos pacientes portadores de feridas crônicas atendidas em
UBS no Município de Campo Mourão – PR.
Variável
Grupo
1
< 1 ano
(n = 10)
2
Idade
(n = 24)
3
(n = 23)
Sexo
Valor mínimo Média
Masculino
(n = 3)
Feminino
(n = 7)
Masculino
(n = 10)
Feminino
(n = 14)
Masculino
(n = 6)
Feminino
(n = 17)
Desvio Padrão Valor Máximo
72
76,3
5,1
82
59
75,4
9,1
87
24
57,8
14,9
75
29
67,4
13,0
82
28
57,5
15,8
73
42
69,3
13,0
87
No grupo um, com feridas há menos de um ano, a idade variou entre 59 e 87
anos, sendo este grupo composto quase que exclusivamente por uma população
idosa. Segundo Blanes 40, existe uma maior incidência de feridas crônicas em
pacientes na faixa etária acima de 60 anos.
A cicatrização é mais lenta nos idosos porque com o passar dos anos, os
processos metabólicos diminuem, a pele é menos elástica devido à redução de
colágeno e a vascularização torna-se mais conturbada11.
De acordo com Abbade32 a prevalência aumenta com a idade, sendo superior
a 4% em pessoas acima dos 65 anos.
Conforme estudos realizados na área7,16 as feridas acometem a população
mais idosa, com atividades laborativas que propiciam o surgimento desta doença,
onde a cicatrização ocorre mais lentamente, trazendo maiores complicações devido
ao comprometimento imunológico, circulatório, respiratório, nutricional e de
36
hidratação, podendo aumentar o risco de lesão na pele, dores e retardar a
cicatrização.
Deve-se ressaltar ainda que o aumento na expectativa de vida das pessoas
não é necessariamente acompanhado de melhorias na qualidade de vida. Apesar
das pessoas estarem atingindo idades avançadas, a capacidade funcional, muitas
vezes, está deteriorada, principalmente pela forte relação entre a condição de vida
que é determinada por fatores socioeconômicos, culturais, políticos e da própria
concepção da assistência à saúde vigente no mundo e no Brasil que levanta
questões relacionadas ao dilema quantidade versus qualidade de vida81.
No grupo dois, com feridas entre um e cinco anos, a média de idade do
gênero feminino foi de 67,4 anos e para o gênero masculino foi de 57,8. Observando
esses dados, confirma-se que a população predominante nesse grupo também é a
população idosa.
Chama atenção nesse grupo a idade mínima tanto para o gênero feminino
como para o masculino, com representantes de 29 e 24 anos respectivamente,
mostrando que as feridas crônicas apesar de acometerem mais a população idosa,
também podem ser uma realidade para pessoas adultas jovens.
No grupo três, com pacientes que apresentam feridas a mais de seis anos, a
idade média do gênero masculino foi 57,8 anos e 67,4 anos para o gênero feminino,
sendo composto, assim como os grupos anteriores, por representantes idosos.
No entanto, assim como no grupo dois, houve um representante com idade
mínima de 28 anos, indicando que apesar do predomínio dos idosos, há pacientes
adultos jovens portadores de feridas crônicas e nesse caso em específico há mais
de 6 anos, ou seja, por volta dos 22 anos já apresentava uma ferida crônica.
Borges31 observou que as feridas crônicas predominam na faixa etária entre
40 e 60 anos, com 75% dos casos. Nesse estudo realizado, essa faixa etária
representou apenas 21% dos casos. As faixas etárias que tiveram maior incidência
foram entre 60 e 70 anos, com 28% dos casos e na faixa entre 70 e 80 anos, com
outros 30% de representantes. Considerando a somatória dessas duas faixas etárias
encontramos quase 60% da população estudada.
Dessa forma, podemos observar que esse problema de saúde pública, apesar
de
predominar
em
pessoas
idosas,
pode
acorrer
em
pessoas
jovens,
economicamente ativas, tendo consequências direta em suas vidas e interferindo em
seus trabalhos.
37
Nos três grupos estudados, notou-se predomínio do sexo feminino,
totalizando um universo de 38 pessoas (66,66%). O fato das feridas crônicas
ocorrerem mais no gênero feminino deve-se a dois fatores principais, a gravidez e
aos hormônios28, 61.
Torres et al.61, Yamada e Santos33, Yamada28 e Borges 11 também
encontraram predominância do sexo feminino com um alto índice de recidivas,
somado a uma grande dependência dos serviços de saúde, resultando em altos
custos para tais serviços, além de imensurável custo emocional para o paciente e
para os seus familiares.
Minayo88 não concorda com essa hipótese, pois à medida que a expectativa
de vida aumenta, há um aumento nas diferenças de idade entre homens e mulheres,
de tal forma que, em média, as mulheres vivem cinco anos mais que os homens,
sendo mais suscetíveis às doenças crônicas.
Deve-se destacar que em todos os grupos, o gênero feminino possui
representantes com os valores máximos de idade superiores ao do gênero
masculino, demonstrando o fato da expectativa de vida feminina ser maior que a
masculina e dessa forma estar mais propício às dificuldades de cicatrização.
Posteriormente, realizou-se a caracterização da população entrevistada,
segundo raça, etilismo, tabagismo, estado civil, escolaridade e diagnóstico. Para o
estado civil, neste estudo optou-se por unir as categorias solteiro/ divorciado/viúvo
em “vivendo sozinho” e os casados e união estável em “vivendo acompanhado”. Os
dados levantados estão apresentados na Tabela 2.
38
Tabela 2 – Caracterização dos pacientes portadores de feridas crônicas atendido em UBS no
Município de Campo Mourão – PR
Fator
Resposta
Grupos
Total
Grupo1
Grupo 2
Masculino
02 (4,35%)
06 (13,04%)
06 (13,04%)
14 (30,43%)
Feminino
06 (13,04%)
13 (28,26%)
13 (28,26%)
32 (69,57%)
Branca
07 (15,22%)
14 (30,43%)
15 (32,61%)
36 (78,26%)
Negra
00 (0,00%)
05 (10,87%)
03 (6,52%)
08 (17,39%)
Parda
01 (2,17%)
00 (0,00%)
01 (2,17%)
02 (4,35%)
Sim
00 (0,00%)
02 (4,35%)
01 (2,17%)
03 (6,52%)
Não
08 (17,39%)
17 (36,96%)
18 (39,13%)
43 (93,48%)
Sim
00 (0,00%)
07 (15,22%)
03 (6,52%)
10 (21,74%)
Não
08 (17,39%)
12 (26,09%)
16 (34,78%)
36 (78,26%)
Solteiro
01 (2,17%)
03 (6,52%)
03 (6,52%)
07 (15,22%)
Divorciado
00 (0,00%)
00 (0,00%)
04 (8,70%)
04 (8,70%)
Viúvo
07 (15,22%)
06 (13,04%)
08 (17,39%)
21 (45,65%)
Casado
00 (0,00%)
10 (21,74%)
02 (4,35%)
12 (26,09%)
União Estável
00 (0,00%)
00 (0,00%)
02 (4,35%)
02 (4,35%)
Analfateto
04 (8,70%)
11 (23,91%)
10 (21,74%)
25 (54,35%)
03 (6,52%)
08 (17,39%)
08 (17,39%)
19 (41,30%)
Ensino Médio
01 (2,17%)
00 (0,00%)
01 (2,17%)
02 (4,35%)
Renda
1 a 3 S.M.
07 (15,22%)
18 (39,13%)
18 (39,13%)
43 (93,48%)
Familiar
4 a 5 S.M.
01 (2,17%)
01 (2,17%)
01 (2,17%)
03 (6,52%)
Úlcera
02 (4,35%)
13 (28,26%)
14 (30,43%)
29 (63,04%)
03 (6,52%)
02 (4,35%)
02 (4,35%)
07 (15,22%)
Acidentes
02 (4,35%)
02 (4,35%)
02 (4,35%)
06 (13,04%)
Outros
01 (2,17%)
02 (4,35%)
01 (2,17%)
04 (8,70%)
Gênero
Raça
Etilista
Tabagista
Estado Civil
Grupo 3
n = 46
Funcional
Escolaridade
Ensino
Fundamental
Vasculogênica
Complicações
Diagnóstico
Diabéticas
Sobre a caracterização de acordo com a raça, a branca apresentou a grande
maioria, com 43 pessoas (75,7%) portadoras de feridas crônicas. Esses dados
coincidem com o estudo de Noemi97, onde mais de 80% das pessoas entrevistadas
eram da raça branca.
39
Quanto ao etilismo e tabagismo, o álcool e as toxinas do cigarro interferem
diretamente no processo de cicatrização. Nesse estudo, apenas 8,8% da população
estudada faziam uso de álcool e 31% referiram fumar diariamente. O hábito de
fumar eleva a pressão arterial, causa lesão nas paredes dos vasos sanguíneos e
dificulta a oxigenação dos tecidos e com isso dificulta o processo de cicatrização de
feridas.
O estado civil dos entrevistados predominou vivendo sozinho (solteiro,
divorciado ou viúvos), totalizando 73,6% da população. O fato de a pessoa viver
sozinha é um fator que pode possibilitar o aumento no índice de depressão e
isolamento social, uma vez que não possuem um companheiro para dividir suas
angústias e frustrações, além de acarretar na necessidade de fazer todo o serviço
de casa esquecendo-se do seu auto-cuidado12.
Quanto à escolaridade, 25 pacientes (57,9%) eram analfabetos. Sobre esses
números é preciso considerar que a população atendida nas UBS, foco da pesquisa,
é composta por pessoas que, no geral, possuem um grau menor de instrução.
Segundo Minayo e Buss88, sabe-se que há uma estreita relação entre o nível
de escolaridade e o estado de saúde de uma população. O entendimento e seguir as
orientações quanto ao tratamento são fatores determinantes no tratamento de
feridas crônicas. Uma
menor escolaridade pode interferir
diretamente na
continuidade do cuidado no domicílio, no desenvolvimento da consciência sanitária,
interferir no atendimento às prescrições de enfermagem e na prática do autocuidado,
dificultando o processo de cicatrização das feridas 93.
Outra questão, é o fato dos portadores de lesões crônicas com baixa
escolaridade, optarem por utilizar soluções próprias, baseadas em cuidados
empíricos, recomendadas por amigos ou familiares, ocasionando abordagens
terapêuticas inadequadas, insegurança e desgaste à sua saúde12.
Somado à baixa escolaridade, a população atendida nas UBS possui um
menor poder aquisitivo. Entre os entrevistados, 91% possuem uma renda familiar
entre um e três salários mínimos. Esse fato pode interferir no processo de
cicatrização, pois com menos recursos, o acesso à métodos alternativos de
tratamento e hábitos alimentares corretos se tornam mais difíceis, podendo retardar
a cura do tecido.
40
A renda dos pacientes também pode interferir na adesão ao tratamento. Há
evidências de que os mais pobres possuem baixa adesão e têm pouco acesso aos
medicamentos, o que se reflete nas condições de saúde desses indivíduos78,93.
Dentre os diagnósticos, a maior incidência foi as úlceras vasculogênicas,
representando 61,4% dos casos. De forma geral a úlcera venosa é a ferida de forma
irregular, superficial no início que pode se aprofundar, as bordas são bem definidas
e comumente apresentam exsudato amarelado. Raramente a úlcera apresenta
tecido necrótico ou exposição de tendões. As úlceras podem ser únicas ou múltiplas
e variar de tamanho e localização, mas em geral ocorrem na porção distal dos
membros inferiores, principalmente na região do maléolo32.
De acordo com Abdalla e Dadalti99 as úlceras venosas são lesões crônicas,
correspondem a, aproximadamente, 80 a 90% das úlceras encontradas em
membros inferiores. É um grave problema mundial, com considerável impacto
econômico.
Abbade32 afirma que as úlceras venosas são comuns na população adulta,
causando significante impacto social e econômico devido a sua natureza recorrente
e ao longo tempo decorrido entre sua abertura e cicatrização. Se não forem tratadas
de forma correta, as úlceras venosas possuem altas taxas de falhas de cicatrização
e recorrência.
As úlceras causadas por origem venosa apresentam uma incidência elevada
quando comparadas com as demais doenças vasculares periféricas de caráter
incapacitante que acomete os membros inferiores13.
Normalmente, a primeira úlcera venosa, aparece na pessoa por volta dos 60
anos de idade, predomínio no sexo feminino e com um índice de recorrência de 60 a
72%. O custo do tratamento das úlceras venosas é estimado em 1 bilhão de dólares
nos Estados Unidos27,67.
Outra causa de feridas crônicas que merece destaque são as complicações
diabéticas, representada por 19,3% dos casos.
Estudos realizados nos Estados Unidos indicam que aproximadamente 15,5%
da população mundial com idade superior aos 30 anos é composta por diabéticos,
onde cerca de 15% vêem a desenvolver feridas com difícil cicatrização ao longo de
suas vidas. Assim, 6% das internações hospitalares de pacientes diabéticos são em
consequência de feridas, gerando ao sistema de saúde custo que varia entre U$
8.000 e U$ 12.000 por paciente34,99.
41
Na Tabela 3, apresenta-se a qualidade de vida dos pacientes portadores de
feridas crônicas de acordo com o instrumento WHOQOL-Bref. Os escores descritos
variam de 0 a 100%, sendo que quanto mais próximo de 100, melhor a qualidade de
vida.
Tabela 3 – Medidas descritivas dos Domínios Físico e Psicológico apurados no WHOQOL-Bref dos
57 entrevistados e resultado do teste estatístico.
Domínios
Sexo
Masculino
Físico
Feminino
Masculino
Psicológico
Feminino
Grupos
Média
1 (n = 3)
2 (n = 10)
3 (n = 6)
1 (n = 7)
2 (n = 14)
3 (n = 17)
1
2
3
1
2
3
33,7
43,8
50
46,4
48,9
48,6
39,3
46,3
37,5
49,1
45,7
43,0
DesvioMínimo Máximo
padrão
7,5
15,2
10,6
9,3
10,7
9,9
14,4
15,5
12,5
10,6
13,0
17,1
25
13
31
31
31
25
31
13
25
31
25
6
38
63
63
56
63
63
56
69
56
63
75
69
Teste de
Kruskal
Wallis
p > 0,05
p > 0,05
p > 0,05
p > 0,05
Ao analisar o domínio físico, que engloba dor, desconforto, energia, fadiga,
sono, repouso, mobilidade, atividades da vida cotidiana, dependência de medicação
e medicamentos e capacidade de trabalho, observa-se que não há diferença
estatística na qualidade de vida entre os grupos pesquisados, havendo um
detrimento geral da qualidade de vida dos pacientes, indiferente do tempo da lesão.
Observou-se que em todos os grupos, a média ficou inferior a 50%, sendo que um
representante do gênero feminino atingiu o escore 6, extremamente baixo e
informando uma qualidade de vida muito limitada relativo ao domínio psicológico.
Longo Jr30 em seu estudo concorda que os aspectos físicos estão afetados
em paciente portadores de feridas crônicas. Os pacientes se sentem doentes como
um todo em consequência das limitações impostas pela doença.
A capacidade física pode ser ainda mais afetada no caso de pacientes idosos,
já limitados previamente, onde além dos problemas referentes a ferida, pode haver
ainda outras patologias que afetam o organismo30.
Com o aumento na expectativa de vida das pessoas, não há necessariamente
melhorias na qualidade de vida, visto que muitas vezes pode ocorrer a incapacidade
física, confirmado com esse trabalho. As pessoas atingem idades avançadas com a
42
capacidade funcional prejudicada, principalmente pela forte relação entre a condição
de vida dos pacientes, com a própria concepção da assistência à saúde, relacionado
com questões relativas a quantidade versus qualidade de vida81.
Para Loftus 47, o atendimento a pacientes portadores de feridas crônicas
concentra-se principalmente no controle de sintomas decorrentes, sem que haja
uma atenção direta na qualidade de vida dessas pessoas.
O sofrimento físico do paciente com feridas crônicas o impede de trabalhar, a
lesão permanece por meses ou anos, causando além de problemas físicos,
problemas socioeconômicos, tanto para seu portador como para toda a sociedade81.
A menor qualidade de vida relacionada ao domínio físico está diretamente
relacionado à dor sentida pelos pacientes. De uma forma geral todos os pacientes
entrevistados referiram que sentem muitas dores, sendo esse o maior fator limitante.
A doença crônica geralmente significa dor e perda da mobilidade e
independência
funcional,
gerando
impacto
direto
na
qualidade
de
vida,
apresentando-se inferior nesses pacientes33.
Qualidade de vida e dor admitem interpretações com diversas variáveis
biopsicossociais. Cada pessoa possui uma resposta diferente à dor, desta forma ela
não pode ser considerada como um simples fenômeno de estímuloresposta. Sendo
assim, a relação da dor, com doença crônica e qualidade de vida deve ser sempre
considerada81.
Silva81 ainda relata que as doenças crônicas necessitam de um tratamento
contínuo, principalmente em relação a dor, pois constitui fator importante na
determinação da qualidade de vida. Um melhor conhecimento dos mecanismos para
medir a qualidade de vida permitirá incorporar estes conceitos na avaliação global
das pessoas e na condução de ensaios clínicos e de estruturação dos serviços de
saúde.
Para melhorar a qualidade de vida desses pacientes é necessário tratar a dor
com uma abordagem humana mais ampla. É fundamental reabilitar o paciente de
forma geral, tanto em seu aspecto físico, como na questão comportamental, para
que ele possa ser reintegrando à sociedade e, desta forma, proporcionar melhor
qualidade de vida. Sendo que esse objetivo somente poderá ser alcançado através
de um cuidado humanizado que minimize o desconforto e que integre o paciente ao
seu tratamento100.
43
A dor dos pacientes não está relacionada com a extensão da lesão, visto que
lesões pequenas podem ser muito dolorosas, enquanto as grandes podem ser
praticamente indolores32.
A dor crônica é a segunda causa de procura por tratamento médico, assim os
métodos utilizados na terapêutica devem adaptar-se às situações particulares dos
pacientes, sendo importante considerar os desapontamentos com resultados
insatisfatórios anteriores. O sofrimento crônico interfere inter-relacionamento familiar
e social e favorece a instalação de sentimentos negativos, depressão, ansiedade e
desespero, contribuindo para o agravando o estado geral e a qualidade de vida101.
Lindholm102 relata que o maior impacto na qualidade de vida dos pacientes
portadores de feridas crônicas está relacionado à dor e restrições físicas. Diferente
dos dados desse trabalho, para o autor a duração da doença não pareceu influenciar
a qualidade de vida dos indivíduos. Os pacientes com maior tempo de lesão
entrevistados por ele, relataram menos problemas quando comparados com aqueles
com menor tempo, podendo sugerir mecanismos de adaptação.
Silva81 constatou que a dor é a pior experiência vivida por esses pacientes,
causam restrições significativas na vida, comprometendo a locomoção e diminuindo
a qualidade de vida.
A dor interfere em um maior esforço para equilibrar os sentimentos e as ações
dos pacientes, acarretando em dificuldades domésticas bem como uma baixa
qualidade de vida67.
O domínio psicológico está relacionado aos sentimentos positivos, pensar,
aprender, memória, concentração, autoestima, imagem corporal, aparência,
sentimentos negativos, espiritualidade, religião e crenças pessoais
Pode-se observar que nesse domínio não há diferença estatística entre os
grupos pesquisados. Desta forma, a questão psicológica é afetada desde o primeiro
ano do paciente apresentando ferida. As médias do domínio psicológico dos grupos
também ficaram abaixo dos 50%.
Um dado que deve ser destacado é uma representante que apresenta escore
6, demonstrando uma qualidade de vida do ponto de vista psicológico muito
alterada, com grande comprometimento devido a presença da lesão.
Longo Jr30 concorda que os aspectos emocionais também são afetados em
pacientes portadores de feridas crônicas, causando limitações e sentimentos
negativos.
44
Em um estudo semelhante, 68% dos pacientes informaram que as feridas
crônicas tinham um efeito negativo em suas vidas, ocasionando em interferência
psicológica.
Na Tabela 4 estão apresentados os domínios relações sociais e meio
ambiente.
Tabela 4 – Medidas descritivas dos Domínios Relações Sociais e Meio Ambiente apurados no
WHOQOL-Bref dos 57 entrevistados e resultado do teste estatístico.
Domínios
Sexo
Masculino
Relações
Sociais
Feminino
Masculino
Meio
Ambiente
Feminino
54,0
Desviopadrão
3,5
53,1
Grupos Média
1 (n = 3)
2 (n =
10)
3 (n = 6)
1 (n = 7)
2 (n =
14)
3 (n =
17)
1
2
3
1A
2
3A
Mínimo Máximo
50
56
14,3
31
69
54,3
52,7
16,8
17,2
31
19
69
69
50,8
8,7
25
56
52,9
9,9
25
69
56,3
40,8
36,7
56,6
45,0
40,2
16,4
13,3
19,5
8,3
11,7
13,8
44
19
13
44
31
19
75
63
63
63
63
63
Teste de
Kruskal Wallis
p > 0,05
p > 0,05
p > 0,05
p < 0,05
A. Diferença estatisticamente significante entre os grupos
O domínio relações sociais é referente a relações pessoais, suporte (apoio)
social e atividade sexual. Nesse domínio, mais uma vez não variação estatística
entre os grupos, demonstrado pelo teste Kruskal Wallis, visto que o portador de
ferida vem a apresentar detrimento do convívio social independente do tempo que
apresenta a ferida.
Para o portador de ferida crônica o convívio social é afetado desde o primeiro
momento que apresenta a lesão, visto que em todos os grupos o domínio relações
sociais apresentaram escores entre 50,8 e 54,3.
Quanto ao convívio social é importante ressaltar a alta porcentagem de
pacientes que moram sozinhos, correspondendo a 73,6% dos entrevistados.
A família é fundamental no tratamento dos pacientes com feridas crônicas,
ajudando nas decisões que possam vir a melhorar a qualidade de vida deles75.
O sentimento da solidão e exclusão social desses pacientes está associado
aos problemas da saúde e com a higiene pessoal que podem causar desconforto
para as demais pessoas103.
45
O suporte familiar a esses pacientes pode transformar em bem-estar social,
sendo um importante aspecto da avaliação de qualidade de vida, representando
segurança e apoio para trabalhar com mudanças temporárias ou permanentes da
condição crônica103.
O domínio meio ambiente analisa segurança física e proteção, ambiente no
lar, recursos financeiros, cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade,
oportunidades de adquirir novas informações e habilidades, participação em
oportunidades de recreação e lazer, ambiente físico: poluição, ruídos, trânsito, clima
e transporte. Nesse domínio há variação estatística no gênero feminino entre o
primeiro e o terceiro grupo.
Os representantes do gênero feminino com feridas crônicas há menos de um
ano, apresentaram um escore de 56,6 pontos, os representantes com lesão há mais
de 6 anos apresentaram pontuação de 40,2, mostrando que com o passar dos anos,
o domínio meio ambiente é afetado.
Individualmente, é preciso destacar um indivíduo do sexo masculino que
apresentou escore 13, demonstrando grande detrimento desse domínio.
Desta forma, pode-se analisar que esse domínio é afetado com o passar dos
anos
portando
ferida.
Os
pacientes
relataram
dificuldade
em
receber
esclarecimentos e informações completas sobre a patologia, somado a esse fator há
o agravante de muitos dos entrevistados possuírem baixa escolaridade. Para Buss93,
o déficit na escolaridade pode interferir diretamente na continuidade do cuidado
domiciliar, no desenvolvimento da consciência sanitária, no atendimento às
prescrições de enfermagem e na prática do autocuidado, resultando em indicadores
de qualidade de vida desses pacientes.
Estudos mostram que há uma estreita relação entre o estado de saúde, o
nível de escolaridade e facilidade de absorver novas informações71,93.
Os pacientes portadores de lesões crônicas de pele muitas vezes acabam
tentando soluções próprias para tratar as feridas, baseadas em cuidados empíricos,
muitas vezes por recomendações de amigos ou familiares, ocasionando abordagens
terapêuticas inadequadas, insegurança e desgaste à sua saúde, afetando e
interferindo a percepção de qualidade de vida12.
Quanto aos recursos financeiros, achados de estudo demonstraram que a
qualidade de vida está também relacionada com boas condições socioeconômicas.
A qualidade de vida inclui indicadores objetivos como boas condições econômicas,
46
que muitas vezes estão deterioradas em decorrências das limitações provenientes
das feridas crônicas7.
Thomaz22 em seu estudo mostra que 30% dos pacientes com feridas crônicas
necessitam de ajuda previdenciária ou dos cofres públicos. Essas pessoas quando
ainda estão em idade para desenvolver atividade laborativa torna esta condição
ainda mais problemáticas, quer no âmbito pessoal, familiar ou mesmo no sentido
social.
A população estudada vive com uma grande insegurança financeira, que
pode ser ainda mais agravada no caso dos idosos. Esta condição pode levar as
pessoas à dependência de parentes, o que sem dúvida pode ocasionar em um
desgaste entre as relações familiares. Os custos com o adoecer e com as condições
crônicas tornam ainda mais precárias as condições de vida, saúde e qualidade de
vida dessas pessoas 28.
O padrão de vida dessas pessoas, somada a existência de fontes de lazer
dentro de casa são aspectos importantes para poder melhorar a qualidade de vida,
visto que eles possuem uma grande dificuldade de locomoção104.
Uma
moradia
adequada
dos
pacientes,
composta
por
recursos
eletrodomésticos básicos e infra-estrutura sanitária está relacionada com a questão
da satisfação, necessitando de condições mínimas para que os portadores de
feridas crônicas melhorem a sua qualidade de vida93.
A variável renda influencia a autopercepção de qualidade de vida dos
pacientes. Pessoas com renda mais baixa apresentam uma percepção ruim de
qualidade de vida104-105.
Nesse estudo a renda dos entrevistados foi baixa. 43 dos entrevistados,
93,48%, referiram uma renda mensal de 1 a 3 salários mínimos.
A obtenção de recursos financeiros através do próprio trabalho está muitas
vezes dificultada para esses pacientes com feridas crônicas. A qualidade de vida é
construtiva quando favorece a produtividade, o bem estar e a auto-realização e está
relacionada com o significado do trabalho. Havendo qualidade de vida o homem
pode buscar meios para o processo de trabalho que lhe dê a auto-realização, porém
as feridas crônicas são um empecilho para tal6-7.
Entre todos os domínios analisados, os valores máximos que foram obtidos
foram um escore 75 de um representante do gênero feminino no domínio psicológico
e um outro escore 75 de um representante do gênero masculino no domínio meio
47
ambiente. Obervou-se que nenhum entrevistado apresentou qualidade de vida
superior a 75% em qualquer dos domínios analisados.
Na autoavaliação, questões 1 e 2, o próprios pacientes avaliam a sua
qualidade de vida. Os entrevistados consideraram que a qualidade de suas vidas
ficou comprometida em decorrência da lesão.
O grupo 1 avaliou sua qualidade de vida em um escore de 0 a 100 em 67
pontos, o grupo 2 em 60 e o grupo 3 em 54. Quanto maior o tempo da lesão menor
era a avaliação da qualidade de vida pelo entrevistados, porém, de uma forma geral,
todos avaliação que não possuem uma boa qualidade de vida, ficando em todos os
casos, a pontuação inferior a 70%.
Finalmente, analisando a qualidade de vida de uma forma geral e os escores
de todos os domínios avaliados como um todo, pode-se mais uma vez perceber o
quanto a qualidade de vida desses pacientes está comprometida
Longo Jr68 relata que realmente o estado geral e a qualidade de vida desses
pacientes são afetados, diretamente ligados a todos os fatores referentes a uma
doença crônica.
Entretanto, em um estudo realizado por Yamada28, 41,7% dos pacientes com
feridas crônicas apresentaram qualidade de vida considerada como “muito boa” e
39,31% como “boa”. As divergências relativas à qualidade de vida dessas pessoas
resultam de que a qualidade de vida é marcada pela subjetividade e
multidimensionalidade, onde a avaliação da mesma depende dos valores e
concepções de cada indivíduo, bem como dos contextos diferenciados nos quais as
pessoas estão inseridas.
48
5
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse trabalho pode-se concluir que as feridas crônicas possuem uma
incidência maior em pacientes na faixa etária acima de 60 anos, porém também
acomete adultos jovens em uma proporção menor.
Há um predomínio do sexo feminino (66,66%), raça branca (75,7%),
analfabetos (57,9%) e possuem renda familiar entre um e três salários mínimos
(91%). Apenas 8,8% da população estudada faziam uso de álcool e 31% referiram
fumar diariamente.
O estado civil dos entrevistados predominou vivendo sozinho (solteiro,
divorciado ou viúvos), totalizando 73,6% da população, onde não há um
compartilhamento dos sentimentos e aumenta a dificuldade do auto-cuidado, visto
que é responsável por todas as necessidades do serviço doméstico.
Dentre os diagnósticos, a maior incidência destaca-se para as úlceras
vasculogênicas, representando 61,4% dos casos, seguido de complicações
diabéticas, representada por 19,3% dos casos.
A qualidade de vida dos pacientes de forma geral está bastante afetada,
comprovado pelo fato de não haver entrevistado com escore superior a 75% em
nenhum dos domínios analisados.
No domínio físico não há diferença estatística na qualidade de vida entre os
grupos pesquisados, havendo um detrimento geral da qualidade de vida de todos os
pacientes. Nesse domínio todos os grupos apresentaram uma média inferior a 50%.
Para os entrevistados, o principal motivo de esse domínio estar tão afetado são as
limitações causadas pela dor.
No domínio psicológico também não há diferença estatística entre os grupos
pesquisados e as médias do domínio ficaram abaixo dos 50%, mostrando mais uma
vez como as feridas crônicas afetam muito a qualidade de vida das pessoas,
havendo um representante que apresentou o escore 6, demonstrando uma
qualidade de vida do ponto de vista psicológico muito alterado, com grande
comprometimento devido a presença da lesão.
No domínio relações sociais podemos concluir que os portadores de feridas
crônicas apresentam detrimento do convívio social independente de quanto tempo
apresenta a ferida, em decorrência da exclusão social, falta de apoio familiar e
sentimentos negativos.
49
No domínio meio ambiente houve variação estatística entre o gênero feminino
do primeiro e do terceiro grupo. As relações com o meio ambiente já são afetados
desde o primeiro ano de ferida, porém a qualidade de vida é ainda mais
comprometida com o passar dos anos, afetado pelo pouco conhecimento sobre a
patologia, insegurança financeira, dificuldade para conseguir trabalho e poucas
oportunidades de lazer.
Os próprios pacientes avaliaram que a qualidade de suas vidas ficou
comprometida em decorrência da lesão, confirmando os dados obtidos com o
trabalho que conclui que de uma forma geral, analisando as médias de todos os
domínios avaliados como um todo, o quanto a qualidade de vida desses pacientes
está comprometida.
Com isso, o atendimento aos portadores de feridas crônicas não deve ser
visto apenas como a dispensação de medicamentos e a confecção de curativos.
Todos os atendimentos realizados pelos profissionais nas Unidades Básicas de
Saúde e pela equipe do Programa Saúde da Família deveriam ser realizados de
forma holística, com o cuidado para o paciente como um todo, visto que a lesão não
afeta apenas a pele do pacientes, mas tem consequência direta em todos os
momentos da vida dessas pessoas.
50
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APÊNDICES
APÊNDICE A - INSTRUMENTO DE CARACTERIZAÇÃO
Profissão: ___________________________
Data de Nascimento _____/_______/______
ETILISTA □ ___________
SEXO
ESTADO CIVIL
TABAGISTA □ ___________
MASCULINO
□
FEMININO
□
Solteiro
□
Divorciado
□
Viúvos
□
Casados
□
União Estável
□
ESCOLARIDADE Analfabeto Funcional
□
Ensino Fundamental
□
Ensino Médio
□
Ensino Superior
□
SINTOMAS
RAÇA
Dor
□
Edema
□
Dificuldade de Locomoção
□
Nenhum Sintoma
□
Outros
___________________________
BRANCA
□
NEGRA
□
PARDA
□
ORIENTAL
□
60
RENDA FAMILIAR
1 a 3 salários mínimos
□
3 a 5 salários mínimos
□
> 5 salários mínimos
□
TEMPO DE PRESENÇA DA FERIDA
< 1 ano
□
1 a 3 anos
□
3 a 5 anos
□
5 a 10 anos
□
Superior
a
□
anos
DIAGNÓSTICO DA FERIDA
10
Úlceras Vasculogênicas
□
Complicações Diabéticas
□
Acidentes
□
Outros
__________________
ANEXOS
ANEXO A – INSTRUMENTO ABREVIADO DE AVALIAÇÃO DE QUALIDADE DE
VIDA “WHOQOL-BREF”
Instruções
Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de
vida, saúde e outras áreas da vida. Por favor, responda a todas as questões. Se
você não tem certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha
entre as alternativas a que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá
ser sua primeira escolha.
Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e
preocupações. Nós estamos perguntando o que você acha de sua vida, tomando
como referência as duas últimas semanas. Por exemplo, pensando nas duas
ultimas semanas, uma questão poderia ser:
Você recebe dos outros o
apoio que necessita?
Nada
1
Muito pouco
2
Médio
3
Muito
4
Completamente
5
Você deve circular o número que melhor corresponde ao quanto você recebe
dos outros o apoio que necessita nestas duas ultimas semanas. Portanto, você deve
circular o número 4 se você recebeu “muito” apoio ou você deve circular o número 1
se você não recebeu “nada” de apoio.
63
Questionário
Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule no número que
lhe parece a melhor resposta.
1 Como
vida?
você
avaliaria
Muito
Ruim
Ruim
1
2
sua
Nem
Ruim
Nem Boa
3
Boa
Muito
Boa
4
5
2. Quão satisfeito(a) você está com a sua saúde?
Muito Satisfeito
1
Insatisfeito
2
Nem Satisfeito, Nem Insatisfeito
3
Satisfeito
4
Muito Satisfeito
5
As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas
nas últimas semanas.
3 Em que medida você acha que
sua dor (física) impede você
de fazer o que você precisa?
4 O quanto você precisa de algum
tratamento médico para levar
sua vida diária?
5 O quanto você aproveita a vida?
6 Em que medida você acha que
a sua vida tem sentido?
7 O quanto você consegue se
concentrar?
8 Quão seguro você se sente em
sua vida diária?
9 Quão saudável é o seu
ambiente físico
Nada
Muito
Pouco
Mais ou
Menos
Bastante Extremamente
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
1
2
2
3
3
4
4
5
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem
sentido ou é capaz de fazer certas coisas nestas ultimas semanas?
Nada
Muito
Pouco
10
Você tem energia suficiente para o seu dia
Médio
Muito
Completamente
64
a dia?
11
Você
tem
dinheiro
suficiente
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
Quão disponível para você estão as
informações que precisa no seu dia a dia?
14
3
para
satisfazer suas necessidades?
13
2
Você é capaz de aceitar sua
aparência física?
12
1
Em que medida você tem oportunidades
de atividades de
lazer?
As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito você se
sentiu a respeito de vários aspectos de sua vida nas últimas semanas.
Muito
Ruim
Ruim
15
16
17
18
19
20
21
Quão bem você é capaz de se locomover?
Quão
satisfeito(a)
você está com seu
sono?
Quão
satisfeito(a)
você está com sua
capacidade
de
desempenhar
as
atividades do seu dia
a dia?
Quão
satisfeito(a)
você está com sua
capacidade para o
trabalho
Quão
satisfeito(a)
você está consigo
mesmo?
Quão
satisfeito(a)
você está com suas
relações
pessoais
(amigos,
parentes,
conhecidos,
colegas)?
Quão
satisfeito(a)
você está com sua
1
Nem Ruim
Bom
Muito Bom
4
5
Nem Bom
2
3
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
Nem Satisfeito
Nem Insatisfeito
Satisfeito
Muito
Satisfeito
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
65
22
23
24
25
vida sexual?
Quão
satisfeito(a)
você está com o
apoio
que
você
recebe
de
seus
amigos?
Quão
satisfeito(a)
você está com as
condições do local
onde mora?
Quão
satisfeito(a)
você está com seu
acesso aos serviços
de saúde?
Quão
satisfeito(a)
você está com seu
meio de transporte
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
A questão seguinte refere-se a com que frequência você sentiu ou
experimentou certas coisas nas últimas semanas.
25
Com que freqüência você
tem sentimentos negativos
tais como mau humor,
desespero,
ansiedade,
depressão?
Nunca
Algumas
Vezes
Frequente
mente
Muito
Frequentemente
Sempre
1
2
3
4
5
Alguém lhe ajudou a preencher este questionário?
__________________________________________________________________.
Quanto tempo você levou para preencher este questionário?
__________________________________________________________________.
Você tem algum comentário sobre o questionário?
__________________________________________________________________.
Fonte: http://www.ufrgs.br/psiq/whoqol.html
66
ANEXO B
6
TERMO DE CONSENTIMENTO
Título do Projeto: Qualidade de Vida de Pacientes Portadores de Feridas
Crônicas
Citar endereço completo e telefone: Rua Souza Naves, 250-E Jd.
Albuquerque. Campo Mourão- PR. CEP: 87309-066
Pesquisador responsável: Márcia Gatti / Rafael Henrique Silva
Local em que será desenvolvida a pesquisa: Unidades Básicas de Saúde do
Município de Campo Mourão - PR
A pesquisa será realizada utilizando um questionário contendo perguntas
para realizar a caracterização dos entrevistados e avaliação sócio-demográfica. O
instrumento utilizado para a coleta será o “WHOQOL-Bref” (FLECK et Al/2000),
constituído de vinte e seis questões divididas em quatro domínios: físico,
psicológico, relações sociais e meio ambiente.
O questionário será aplicado de forma individual em local reservado,
propiciando total privacidade às entrevistadas, sendo que não haverá nenhum tipo
de gasto para a participação do sujeito de pesquisa neste estudo.
Eu............................................................................... entendo que, qualquer informação
obtida sobre mim, será confidencial. Eu também entendo que meus registros de pesquisa estão
disponíveis para revisão dos pesquisadores. Esclareceram-me que minha identidade não será
revelada em nenhuma publicação desta pesquisa; por conseguinte, consinto na publicação para
propósitos científicos.
Eu entendo que estou livre para recusar minha participação neste estudo ou
para desistir a qualquer momento e que a minha decisão não afetará adversamente
meu tratamento na clínica ou causar perda de benefícios para os quais eu poderei
ser indicado.
Eu certifico que li ou foi-me lido o texto de consentimento e entendi seu
conteúdo. Uma cópia deste formulário ser-me-á fornecida. Minha assinatura
demonstra que concordei livremente em participar deste estudo.
67
Assinatura
do
participante
da
pesquisa:
................................................................................
Data: .................................
Eu
certifico
que
expliquei
a(o)
Sr.(a)
.................................................................................., acima, a natureza, propósito,
benefícios e possíveis riscos associados à sua participação nesta pesquisa, que
respondi todas as questões que me foram feitas e testemunhei assinatura acima.
Assinatura do Pesquisador Responsável:.............................................................
Data:.................................
ANEXO C – APROVAÇÃO PELO COMITÊ DE ÉTICA
69
ANEXO C – ARTIGO CIENTÍFICO
Artigo encaminhado à Revista Ciência e Saúde Coletiva (B1) em 11/08/2011
às 16:33 conforme as normas do Periódico.
QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES PORTADORES DE FERIDAS CRÔNICAS
QUALITY OF LIFE OF PATIENTS WITH CHRONIC WOUNDS
Prof.° Ms. Rafael Henrique Silva
Prof.ª Dr.ª Márcia Ap. Nuevo Gatti
Prof.ª Dr.ª Sandra Fiorelli de Almeida Penteado Simeão
RESUMO
A pele é uma barreira de proteção sujeita a formação de feridas que podem se tornar crônicas
e interferir na qualidade de vida. Este trabalho tem como objetivo analisar a qualidade de vida
dos pacientes portadores de feridas crônicas atendidos nas Unidades Básicas de Saúde no
Município de Campo Mourão, Paraná. Trata-se de um estudo transversal, onde realizou a
caracterização e avaliação da qualidade de vida através do instrumento WHOQOL-Bref.
Foram entrevistadas 57 pessoas, divididas em três grupos segundo o tempo de apresentação
da ferida. Predominou pacientes idosos, do sexo feminino (66,66%), raça branca (75,7%),
analfabetos (57,9%), com renda de um a três salários mínimos (91%) e residem sozinhos
(73,6%). Apenas 8,8% são etilistas e 31% tabagistas. As principais causas das feridas foram
as úlceras vasculogênicas (61,4%) e complicações diabéticas (19,3%). A qualidade de vida
dos pacientes está bem afetada, não havendo escore superior a 75. Nos domínios físicos,
psicológicos e relações sociais a qualidade de vida está rebaixada independente do número de
anos da presença da ferida e no domínio meio ambiente, conforme os anos com a presença da
ferida vão aumentando, piora ainda mais a qualidade de vida, necessitando dessa forma haver
um atendimento holístico aos pacientes e não apenas voltado para a ferida.
Palavras-chave: Qualidade de vida. Úlcera. Cicatrização. Idoso.
ABSTRACT
The skin is a protective barrier subject to formation of wounds that can become chronic and
interfere with quality of life. This work aims to analyze the quality of life of patients with
chronic wounds treated at primary healthcare units in the city of Campo Mourao, Parana. It is
a cross-sectional study, where he made the characterization and assessment of quality of life
by WHOQOL-Bref. We interviewed 57 people, divided into three groups according to the
time of presentation of the wound. Predominated elderly patients, female (66.66%), white
(75.7%), illiterate (57.9%), with an income of three minimum wages (91%) and living alone
(73.6 %). Only 8.8% were alcoholics and 31% smokers. The main causes of injury were
vasculogenic ulcers (61.4%) and diabetic complications (19.3%). The quality of life of
patients is affected as well, with no scores greater than 75. In the physical, psychological and
social quality of life is lowered regardless of the number of years of presence in the area of
70
the wound and the environment, as the years with the presence of the wound will increase,
further worsening the quality of life, requiring that so there is a holistic service to patients and
not just focused on the wound.
Keywords: Quality of life. Ulcer. Healing. Elderly.
INTRODUÇÃO
A pele é o maior órgão do corpo humano, fundamental para a fisiologia do organismo
e para a manutenção da homeostasia. Este órgão representa a primeira barreira de defesa
orgânica contra agressões externas, impede a perda excessiva de líquidos, regula a
temperatura corpórea e ainda é responsável pela imagem corporal dos indivíduos1-2.
Por tratar-se da barreira de proteção do corpo humano, este órgão está suscetível as
mais variáveis formas de agressão, tanto internas, quanto externas. Essas agressões são
capazes de alterar a estrutura tecidual e consequentemente interferir em suas funções,
podendo formar feridas e ocasionar dificuldades funcionais1-2. Quando há uma perda da
integridade tissular resultando em feridas ocorre o comprometimento de sua função
fisiológica. Assim, as feridas podem ser classificadas em agudas e crônicas conforme o tempo
de reparação tissular. As feridas crônicas são aquelas que não são reparadas em tempo
esperado e podem apresentam complicações3.
Desde a antiguidade a atualidade, as feridas constituem um problema de saúde com
repercussões físicas relacionadas à dor, incapacidade funcional, influência psicoemocional e
social associadas à autoestima e autoimagem, além de relação com a qualidade de vida,
originadas por hospitalizações e afastamento do convívio social4.
No Brasil, as feridas acometem a população de forma geral. Apesar de estar mais
frequentes em alguns grupos, as feridas acometem pessoas independente de sexo, idade ou
etnia, determinando um alto índice de pessoas com alterações na integridade da pele,
ocasionando um grave problema de saúde pública. Porém não há dados estatísticos que
comprovem este fato, devido principalmente aos registros escassos desse tipo de atendimento.
Contudo, o tratamento de feridas causa gastos públicos e prejudica a qualidade de vida da
população5.
Os profissionais quando prestam assistência à pessoa com uma ferida muita vezes
permanece focado unicamente na lesão e se esquece que esta lesão pode estar interferindo na
autoestima, no psicológico e em sua qualidade de vida, desfavorecendo a produtividade, o
bem estar e a auto-realização6-7.
71
O grupo World Health Organization Quality of Life Group8 da Organização Mundial
de Saúde (OMS) que estuda qualidade de vida, define-a como “a percepção do indivíduo de
sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em
relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” 9-10.
Uma forma para melhorar essa qualidade de vida da pessoa portadora de feridas
crônicas é através de amparo e estímulo para poder superar os enfrentamentos do ambiente na
sociedade, como lazer, trabalho, fortalecimento físico, psíquico e emocional7.
Atualmente, mesmo com todos os avanços da medicina, um grande problema é o
tratamento de feridas. Ainda são muitas as controvérsias sobre a melhor alternativa de terapia
tópica para o tratamento de feridas, com o objetivo da cura precoce das feridas, desde a
limpeza, desbridamento e cobertura11.
A dificuldade do tratamento, as mudanças nas atividades diárias e as alterações
estéticas propiciam uma realidade de enfrentamento ao paciente portador de ferida crônica,
necessitando de estratégias para se adaptar a essas alterações12-13.
Sendo assim, o profissional de saúde possui papel importante no suporte a esses
pacientes, dando suporte para o enfrentamento e contribuindo para a melhora da saúde e da
qualidade de vida dos portadores de feridas7,14.
Considerando o grande número de pessoas acometidas por feridas crônicas,
decorrentes dos mais variados motivos, desde doenças de base não diagnosticadas e tratadas
precocemente, até lesões provenientes de acidentes, somado às alterações que essas feridas
causam no cotidiano desses pacientes, o objetivo deste trabalho é analisar onde há uma maior
interferência na qualidade de vida e dos pacientes portadores de feridas crônicas atendidos nas
Unidades Básicas de Saúde (UBS) no Município de Campo Mourão, Paraná.
METODOLOGIA
Realizou-se um estudo transversal com todos os 57 pacientes portadores de feridas
crônicas atendidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou pelas Equipes do Programa
Saúde da Família (PSF) no Município de Campo Mourão, Paraná. O município possui 11
UBS, sendo dessas 02 da área rural.
Os indivíduos pesquisados foram agrupados em três grupos distintos, de acordo com o
tempo de apresentação da ferida. No grupo 1 estão os pacientes com feridas a menos de 1 ano,
sendo representado por 10 pacientes. No grupo 2, os pacientes possuem feridas de 1 a 5 anos,
72
sendo representado por 24 pacientes. No grupo 3 estão os pacientes com feridas a mais de seis
anos, onde 23 pacientes se enquadraram nesse grupo.
A coleta dos dados ocorreu de janeiro a junho de 2011 através de visita domiciliar
onde foi feita uma explanação sobre o trabalho, apresentado o instrumento e realizado a coleta
dos dados.
Em relação aos critérios de exclusão, somente não fizeram parte da amostra os
pacientes que não foram localizados ou se negaram a participara da pesquisa.
A variável utilizada pelo estudo para quantificar a qualidade de vida ocorreu através
do instrumento WHOQOL-Bref. O questionário foi aplicado através de auto-preenchimento
ou administrado pelo entrevistador. O questionário WHOQOL-Bref (abreviado) é composto
por 26 questões, classificadas em 4 domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio
ambiente.
As variáveis sócio-demográficas independentes do questionário WHOQOL-Bref
foram sexo, data de nascimento, etilismo, tabagismo, estado civil, escolaridade, raça,
diagnóstico da lesão e tempo da presença da ferida.
Na análise estatística as variáveis de caracterização dos pacientes foram descritas por
meio de suas frequências absoluta e relativa. Os grupos foram comparados entre si, para os
domínios do WHOQOL-Bref, utilizando o teste não paramétrico de Kruskal Wallis, que tem
por objetivo comparar vários grupos independentes. As comparações individuais foram
realizadas por meio do Teste de Dunn.
As características da população entrevistada foram descritas através de tabelas. Os
dados referentes ao questionário WHOQOL-Bref sobre qualidade de vida foram apresentados
em forma de gráficos e tabelas, divididos nas três categorias.
O presente trabalho de pesquisa teve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa,
segundo a Resolução 196/96 – Conselho Nacional de Saúde (CNS) (BRASIL, 1996). Os
pacientes que concordaram em participar do estudo assinaram um termo de consentimento
informado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O grupo um correspondeu aos pacientes que possuíam feridas a menos de um ano. O
grupo dois, por pacientes com presença de feridas entre um e cinco anos. O grupo três, por
pacientes com feridas a mais de seis anos.
73
Deu-se essa distribuição, pois com o passar dos anos, o processo de cicatrização se
torna ainda mais difícil, onde quanto mais tempo a pessoa apresentar a lesão, maior a
dificuldade para restabelecer a integridade da pele.
A distribuição da população estudada conforme a idade está apresentada na tabela um.
Tabela 5 – Distribuição de faixa etária dos pacientes portadores de feridas crônicas atendidas
em UBS no Município de Campo Mourão – PR.
Valor
Variável Grupo
Sexo
Valor mínimo Média Desvio Padrão
Máximo
1
(n = 10)
2
(n = 24)
Idade
3
(n = 23)
Masculino
(n = 3)
Feminino
(n = 7)
Masculino
(n = 10)
Feminino
(n = 14)
Masculino
(n = 6)
Feminino
(n = 17)
72
76,3
5,1
82
59
75,4
9,1
87
24
57,8
14,9
75
29
67,4
13,0
82
28
57,5
15,8
73
42
69,3
13,0
87
No grupo um, com feridas há menos de um ano, a idade variou entre 59 e 87 anos,
sendo este grupo composto quase que exclusivamente por uma população idosa. Segundo
Blanes15, existe uma maior incidência de feridas crônicas em pacientes na faixa etária acima
de 60 anos.
A cicatrização é mais lenta nos idosos porque com o passar dos anos, os processos
metabólicos diminuem, a pele é menos elástica devido à redução de colágeno e a
vascularização torna-se mais conturbada11.
De acordo com Abbade16 a prevalência aumenta com a idade, sendo superior a 4% em
pessoas acima dos 65 anos.
Conforme estudos realizados na área7,17 as feridas acometem a população mais idosa,
com atividades laborativas que propiciam o surgimento desta doença, onde a cicatrização
ocorre mais lentamente, trazendo maiores complicações devido ao comprometimento
imunológico, circulatório, respiratório, nutricional e de hidratação, podendo aumentar o risco
de lesão na pele, dores e retardar a cicatrização.
Deve-se ressaltar ainda que o aumento na expectativa de vida das pessoas não é
necessariamente acompanhado de melhorias na qualidade de vida. Apesar das pessoas
74
estarem atingindo idades avançadas, a capacidade funcional, muitas vezes, está deteriorada,
principalmente pela forte relação entre a condição de vida que é determinada por fatores
socioeconômicos, culturais, políticos e da própria concepção da assistência à saúde vigente no
mundo e no Brasil que levanta questões relacionadas ao dilema quantidade versus qualidade
de vida18.
No grupo dois, com feridas entre um e cinco anos, a média de idade do gênero
feminino foi de 67,4 anos e para o gênero masculino foi de 57,8. Observando esses dados,
confirma-se que a população predominante nesse grupo também é a população idosa.
Chama atenção nesse grupo a idade mínima tanto para o gênero feminino como para o
masculino, com representantes de 29 e 24 anos respectivamente, mostrando que feridas
crônicas apesar de acometerem mais a população idosa, também pode ser uma realidade de
pessoas adultas jovens.
No grupo três, com pacientes que apresentam feridas a mais de seis anos, a idade
média do gênero masculino foi 57,8 anos e 67,4 anos para o gênero feminino, sendo
composto, assim como os grupos anteriores, por representantes idosos.
No entanto, assim como no grupo dois, houve um representante com idade mínima de
28 anos, indicando que apesar do predomínio dos idosos, há
pacientes adultos jovens
portadores de feridas crônicas e nesse caso em específico a mais de 6 anos.
Borges19 observou que as feridas crônicas predominam na faixa etária entre 40 e 60
anos, com 75% dos casos. Nesse estudo realizado, essa faixa etária representou apenas 21%
dos casos. As faixas etárias que tiveram maior incidência foram entre 60 e 70 anos, com 28%
dos casos e na faixa entre 70 e 80 anos, com outros 30% de representantes. Considerando a
somatória dessas duas faixas etárias encontramos quase 60% da população estudada.
Dessa forma, podemos observar que esse problema de saúde pública, apesar de
predominar em pessoas idosas, pode acorrer em pessoas jovens, economicamente ativas,
tendo consequências direta em suas vidas e interferindo em seus trabalhos.
Nos três grupos estudados, notou-se predomínio do sexo feminino, totalizando um
universo de 38 pessoas (66,66%). O fato das feridas crônicas ocorrerem mais no gênero
feminino deve-se a dois fatores principais, a gravidez e aos hormônios20.
Torres et al.20, Yamada e Santos21, Yamada22 e Borges11, em estudos realizados,
também encontraram predominância do sexo feminino com um alto índice de recidivas,
somado a uma grande dependência dos serviços de saúde, resultando em altos custos para os
serviços de saúde, além de imensurável custo emocional para o paciente e para os seus
familiares.
75
Minayo 23 em seu estudo não concorda com essa hipótese, para o autor à medida que a
expectativa de vida aumenta, há um aumento nas diferenças de idade entre homens e
mulheres, de tal forma que, em média, as mulheres vivem cinco anos mais que os homens,
sendo mais suscetíveis às doenças crônicas.
Deve-se destacar que em todos os grupos, o gênero feminino possui representantes
com o valor máximo referente à idade superiores ao do gênero masculino, isso demonstra o
fato da expectativa de vida feminina ser maior que a masculina e dessa forma estar mais
propício a dificuldade de cicatrização.
Posteriormente, realizou-se a caracterização da população entrevistada, segundo raça,
etilismo, tabagismo, estado civil, escolaridade e diagnóstico. Para o estado civil, neste estudo
optou-se por unir as categorias solteiro/ divorciado/viúvo em “vivendo sozinho” e os casados
e união estável em “vivendo acompanhado”. Os dados levantados estão apresentados na
tabela dois.
Tabela 6 – Caracterização dos pacientes portadores de feridas crônicas atendidas em UBS no
Município de Campo Mourão – PR
Grupos
Fator
Resposta
Total
Grupo1
Grupo 2
Grupo 3
Sexo
M
F
M
F
M
F
M
F
n % n % N % n % n % n % n % n %
0 1, 0
1 17, 0 14, 0 8, 1 22, 1 28, 2 47,
Branca
1 8 6
0 5 8 0 5 8 3 8 6 3 7 4
0 1, 0 1, 0
0 10, 0
0
0
1 19,
Raça
Negra
7,0
1,8
1 8 1 8 0
6 5 0
4
1
1 3
0 1, 0
0
0
0 1, 0
0
0
Parda
3,5
1 8 0
0
0
1 8 0
2
0
0 1, 0
0
0 1, 0
0
0
Sim
- 1,8
3,5
3,5
5,3
1 8 1
2
1 8 0
2
3
Etilista
0 5, 0
0 15, 1 21, 0 8, 1 29, 1 29, 3 61,
Não
3 3 6
9 8 2 1 5 8 7 3 7 3 5 4
0
0
0 10, 0 10, 0 3, 0
0 14, 1 17,
Sim
7,0
0
0
6 5 6 5 2 5 4
8 0 0 5
Tabagista
0 5, 0
0
0 14, 0 7, 1 22, 1 19, 2 49,
Não
7,0
3 3 7
4
8 0 4 0 3 8 1 3 8 1
Vivendo
0 5, 0
0
0 15, 0 5, 1 28, 1 17, 3 56,
7,4
sozinho
3 3 7
4
9 8 3 3 6 1 0 5 2 1
Estado
Vivendo
Civil
0
0
0 10, 0
0 5, 0
0 15, 0 10,
acompanhad
8,8
1,8
0
0
6 5 5
3 3 1
9 8 6 5
o
Analfabeto
0 5, 0 5, 0
0 15, 0 3, 1 19, 1 17, 2 40,
8,8
Escolaridad Funcional
3 3 3 3 5
9 8 2 5 1 3 0 5 3 4
e
Ensino
0
0 5, 0
0
0 7, 0
0 15, 1 22,
8,8
8,8
8,8
Fundamental 0
3 3 5
5
4 0 5
9 8 3 8
76
Ensino
Médio
Úlcera
Vasculogênic
a
Complicaçõe
Diagnóstico s Diabéticas
Acidentes
Outros
0
0
-
0 1, 0
1 8 0
-
0
0
-
0
0
-
0
0
1,8
1
0
-
0
3,5
2
0 1, 0 1, 0 12, 0 15, 0 8, 1 21, 1 22, 2 38,
1 8 1 8 7 3 9 8 5 8 2 1 3 8 2 6
0 3, 0 3, 0
0
0 1, 0
0
0 12,
1,8
5,3
3,5
7,0
2 5 2 5 1
3
1 8 2
4
7 3
0
0 5, 0
0
0
0
0
0 10,
1,8
1,8
3,5
1,8
0
3 3 1
1
0
2
1
6 5
0
0 1, 0
0
0
0
0
0
1,8
1,8
1,8
1,8
5,3
0
1 8 1
1
0
1
1
3
Sobre a caracterização de acordo com a raça, a branca apresentou a grande maioria,
com 43 pessoas (75,7%) portadoras de feridas crônicas. Esses dados coincidem com o estudo
de Noemi24, onde mais de 80% das pessoas entrevistadas eram da raça branca.
Quanto ao etilismo e tabagismo, o álcool e as toxinas do cigarro interferem
diretamente no processo de cicatrização. Nesse estudo, apenas 8,8% da população estudada
faziam uso de álcool. Quanto ao tabagismo, 31% referiram fumar diariamente. O hábito de
fumar eleva a pressão arterial, causa lesão nas paredes dos vasos sanguíneos e dificulta a
oxigenação dos tecidos e com isso dificulta o processo de cicatrização de feridas.
O estado civil dos entrevistados predominou vivendo sozinho (solteiro, divorciado ou
viúvos), totalizando 73,6% da população. O fato de a pessoa viver sozinha é um fator que
pode possibilitar o aumento no índice de depressão e isolamento social, uma vez que não
possuem um companheiro para dividir suas angústias e frustrações, além de acarretar na
necessidade de fazer todo o serviço de casa e esquecem do seu auto-cuidado12.
Quanto à escolaridade, 25 pacientes (57,9%) eram analfabetos. Sobre esses números é
preciso considerar que a população atendida nas UBS, foco da pesquisa, é composta por
pessoas que no geral possuem um grau menor de instrução.
Segundo Minayo e Buss23, sabe-se que há uma estreita relação entre o nível de
escolaridade e o estado de saúde de uma população. O entendimento e seguir as orientações
quanto ao tratamento é fator determinante no tratamento de feridas crônicas. Uma menor
escolaridade pode interferir diretamente na continuidade do cuidado no domicílio, no
desenvolvimento da consciência sanitária, interferir no atendimento às prescrições de
enfermagem e na prática do autocuidado, dificultando o processo de cicatrização das feridas25.
Outra questão, é o fato dos portadores de lesões crônicas com baixa escolaridade,
optam por utilizar soluções próprias, baseadas em cuidados empíricos, recomendadas por
77
amigos ou familiares, ocasionando abordagens terapêuticas inadequadas, insegurança e
desgaste à sua saúde12.
Somado a baixa escolaridade, a população atendida nas UBS possui um menor poder
aquisitivo. Entre os entrevistados, 91% possuem uma renda familiar entre um e três salários
mínimos. Esse fato pode interferir no processo de cicatrização, pois com menos recursos, o
acesso à métodos alternativos de tratamento e hábitos alimentares corretos se tornam mais
difíceis, podendo retardar a cura do tecido.
A renda dos pacientes também pode interferir na adesão ao tratamento. Há evidências
de que os mais pobres possuem baixa adesão e têm pouco acesso aos medicamentos, o que se
reflete nas condições de saúde desses indivíduos25-26.
Dentre os diagnósticos, a maior incidência destaca-se para as úlceras vasculogênicas,
representando 61,4% dos casos. De forma geral a úlcera venosa é ferida de forma irregular,
superficial no início que pode se aprofundar, as bordas são bem definidas e comumente
apresentam exsudato amarelado. Raramente a úlcera apresenta tecido necrótico ou exposição
de tendões. As úlceras podem ser únicas ou múltiplas e variar de tamanho e localização, mas
em geral ocorrem na porção distal dos membros inferiores, principalmente na região do
maléolo16.
De acordo com Abdalla e Dadalti27 As úlceras venosas são lesões crônicas,
corresponde a aproximadamente de 80 a 90% das úlceras encontradas em membros inferiores.
É um grave problema mundial, com considerável impacto econômico.
Abbade16 afirma que as úlceras venosas são comuns na população adulta, causando
significante impacto social e econômico devido a sua natureza recorrente e ao longo tempo
decorrido entre sua abertura e cicatrização. Se não forem tratadas de forma correta, as úlceras
venosas possuem altas taxas de falhas de cicatrização e recorrência.
As úlceras causadas por origem venosa apresentam uma incidência elevada quando
comparadas com as demais doenças vasculares periféricas de caráter incapacitante que
acomete os membros inferiores13.
Normalmente, a primeira úlcera venosa, aparece na pessoa por volta dos 60 anos de
idade, predomínio no sexo feminino e com um índice de recorrência de 60% a 72%. O custo
do tratamento das úlceras venosas é estimado em 1 bilhão de dólares nos Estados Unidos28-29.
Outra causa de feridas crônicas que merece destaque são as complicações diabéticas,
representada por 19,3% dos casos.
Estudos realizados nos Estados Unidos indicam que aproximadamente 15,5% da
população mundial com idade superior aos 30 anos é composta por diabéticos, onde cerca de
78
15% vêem a desenvolver feridas com difícil cicatrização ao longo de suas vidas. Assim, 6%
das internações hospitalares de pacientes diabéticos são em consequência de feridas, gerando
os sistemas de saúde custo que varia entre U$ 8.000 e U$ 12.000 por paciente27,30.
Na tabela três, apresenta-se a qualidade de vida dos pacientes portadores de feridas
crônicas de acordo com o método Whoqol. Onde os escores variam de 0 a 100.
Tabela 7 – Medidas descritivas dos Domínios Físico e Psicológico apurados no WHOQOLBref dos 57 entrevistados e resultado do teste estatístico.
Teste de
DesvioDomínios
Sexo
Grupos Média
Mínimo Máximo
Kruskal
padrão
Wallis
1 (n = 3)
33,7
7,5
25
38
Masculino 2 (n = 10)
43,8
15,2
13
63
p > 0,05
3 (n = 6)
50
10,6
31
63
Físico
1 (n = 7)
46,4
9,3
31
56
Feminino
2 (n = 14)
48,9
10,7
31
63
p > 0,05
3 (n = 17)
48,6
9,9
25
63
1
39,3
14,4
31
56
Masculino
2
46,3
15,5
13
69
p > 0,05
3
37,5
12,5
25
56
Psicológico
1
49,1
10,6
31
63
Feminino
2
45,7
13,0
25
75
p > 0,05
3
43,0
17,1
6
69
Ao analisar o domínio físico, que engloba dor, desconforto, energia, fadiga, sono,
repouso, mobilidade, atividades da vida cotidiana, dependência de medicação e medicamentos
e capacidade de trabalho, observa-se através do teste de Kruskal Wallis, que não há diferença
estatística na qualidade de vida entre os grupos pesquisados, havendo um detrimento geral da
qualidade de vida dos pacientes, indiferente de a quantos anos há a presença da lesão, onde
em todos os grupos a média ficou inferior a 50%, sendo que um representante do gênero
masculino atingiu o escore 6, extremamente baixo e informando uma qualidade de vida muito
limitada.
Longo Jr31 em seu estudo concorda que os aspectos físicos estão afetados em paciente
portadores de feridas crônicas. Os pacientes se sentem doentes como um todo em
consequência das limitações impostas pela doença.
79
A capacidade física pode ser ainda mais afetada no caso de pacientes idosos, já
limitados previamente, onde além dos problemas referentes a ferida, pode haver ainda outras
patologias que afetam o organismo 31.
Com o aumento na expectativa de vida das pessoas, não há necessariamente melhorias
na qualidade de vida, visto que muitas vezes pode ocorrem a incapacidade física, confirmado
com esse trabalho. As pessoas atingem idades avançadas com a capacidade funcional
prejudicada, principalmente pela forte relação entre a condição de vida dos pacientes, com a
própria concepção da assistência à saúde, relacionado com questões relativas a quantidade
versos qualidade de vida18.
Para Loftus32, o atendimento a pacientes portadores de feridas crônicas concentra-se
principalmente no controle de sintomas decorrentes, sem que haja uma atenção direta na
qualidade de vida dessas pessoas.
O sofrimento físico do paciente com feridas crônicas o impede de trabalhar, a lesão
permanece por meses ou anos, causando além de problemas físicos, problemas
socioeconômicos, tanto para seu portador como para toda a sociedade18.
A menor qualidade de vida relacionado ao domínio físico está diretamente relacionado
à dor sentida pelos pacientes. De uma forma geral todos os pacientes entrevistados referiram
que sentem muitas dores, sendo esse o maior fator limitante.
A doença crônica geralmente significa dor e perda da mobilidade e independência
funcional, gerando impacto direto na qualidade de vida, apresentando-se inferior nesses
pacientes21.
Qualidade de vida e dor admite interpretações com diversas variáveis biopsicossociais.
Cada pessoa possui uma resposta diferente dor, desta forma ela não pode ser considerada
como um simples fenômeno de estímuloresposta. Sendo assim, a relação da dor, com doença
crônica e qualidade de vida deve ser sempre considerada18.
Silva18 ainda relata que a presença de doenças crônicas necessitam de um tratamento
contínuo, principalmente em relação a dor, pois constitui fator importante na determinação da
qualidade de vida. Um melhor conhecimento dos mecanismos para medir a qualidade de vida
permitirá incorporar estes conceitos na avaliação global das pessoas e na condução de ensaios
clínicos e de estruturação dos serviços de saúde.
Para melhorar a qualidade de vida desses pacientes é necessário tratar a dor com uma
abordagem humana mais ampla. É fundamental reabilitar o paciente de forma geral, tanto em
seu aspecto físico, como na questão comportamental, para que ele possa ser reintegrando à
sociedade e, desta forma, proporcionar melhor qualidade de vida. Sendo que esse objetivo
80
somente poderá ser alcançado através de um cuidado humanizado que minimize o desconforto
e que integre o paciente ao seu tratamento33.
A dor dos pacientes não está relacionada com a extensão da lesão, visto que lesões
pequenas podem ser muito dolorosas, enquanto as grandes podem ser praticamente
indolores16.
A dor crônica é a segunda causa de procura por tratamento médico, assim os métodos
utilizados na terapêutica devem adaptar-se às situações particulares dos pacientes, sendo
importante considerar os desapontamentos com resultados insatisfatórios anteriores. O
sofrimento crônico interfere inter-relacionamento familiar e social e favorece a instalação de
sentimentos negativos, depressão, ansiedade e desespero, contribuindo para o agravando o
estado geral e a qualidade de vida34.
Lindholm35 relata que o maior impacto na qualidade de vida dos pacientes portadores
de feridas crônicas está relacionado à dor e restrições físicas. Diferente dos dados desse
trabalho, para o autor a duração da doença não pareceu influenciar a qualidade de vida dos
indivíduos. Os pacientes com maior tempo de lesão entrevistados por ele, relataram menos
problemas quando comparados com aqueles com menor tempo, podendo sugerir mecanismos
de adaptação.
Silva18 constatou que a dor é a pior experiência vivida por esses pacientes, causam
restrições significativas na vida, comprometendo a locomoção e diminuindo a qualidade de
vida.
A dor interfere em um maior esforço para equilibrar os sentimentos e as ações dos
pacientes, acarretando em dificuldades domésticas bem como uma baixa qualidade de vida29.
O domínio psicológico está relacionado a sentimentos positivos, pensar, aprender,
memória, concentração, autoestima, imagem corporal, aparência, sentimentos negativos,
espiritualidade, religião e crenças pessoais
Pode-se observar que nesse domínio não há diferença estatística entre os grupos
pesquisados. Desta forma, a questão psicológica é afetada desde o primeiro ano do paciente
apresentando ferida. As médias do domínio psicológico dos grupos ficaram abaixo dos 50%.
Um dado que deve ser destacado é uma representante que apresenta escore 6,
demonstrando uma qualidade de vida do ponto de vista psicológico muito alterado, com
grande comprometimento devido a presença da lesão.
Longo Jr31 concorda que os aspectos emocionais também são afetados em pacientes
portadores de feridas crônicas, causando limitações e sentimentos negativos.
81
Em um estudo semelhante, 68% dos pacientes informaram que as feridas crônicas
tinham um efeito negativo em suas vidas, ocasionando em interferência psicológica.
Na tabela 4 estão apresentados os domínios relações sociais e meio ambiente.
Tabela 8 – Medidas descritivas dos Domínios Relações Sociais e Meio Ambiente apurados no
WHOQOL-Bref dos 57 entrevistados e resultado do teste estatístico.
DesvioTeste de
Domínios
Sexo
Grupos Média
Mínimo Máximo
padrão
Kruskal Wallis
1 (n = 3) 54,0
3,5
50
56
2 (n =
Masculino
53,1
14,3
31
69
p > 0,05
10)
3 (n = 6) 54,3
16,8
31
69
Relações
1 (n = 7) 52,7
17,2
19
69
Sociais
2 (n =
50,8
8,7
25
56
Feminino
14)
p > 0,05
3 (n =
52,9
9,9
25
69
17)
1
56,3
16,4
44
75
Masculino
2
40,8
13,3
19
63
p > 0,05
3
36,7
19,5
13
63
Meio
Ambiente
1A
56,6
8,3
44
63
Feminino
2
45,0
11,7
31
63
p < 0,05
3A
40,2
13,8
19
63
* Diferença estatisticamente significante entre os grupos apontados pela letra A
O domínio relações social é referente a relações pessoais, suporte (apoio) social e
atividade sexual. Nesse domínio, mais uma vez não variação estatística entre os grupos,
demonstrado pelo teste Kruskal Wallis, visto que o portador de ferida vem a apresentar
detrimento do convívio social independente de quanto tempo apresenta a ferida.
Para o portador de ferida crônica o convívio social é afetado desde o primeiro
momento que apresenta a lesão, visto que em todos os grupos o domínio relações sociais
apresentaram escores entre 50,8 e 54,3.
A família é fundamental no tratamento dos pacientes com feridas crônicas, ajudando
nas decisões que possam vir a melhorar a qualidade de vida deles36.
82
O sentimento da solidão e exclusão social desses pacientes está associado aos
problemas da saúde e com a higiene pessoal que podem causar desconforto para as demais
pessoas37.
O suporte familiar à esses pacientes pode transformar em o bem-estar social, sendo um
importante aspecto da avaliação de qualidade de vida, representando segurança e apoio para
trabalhar com mudanças temporárias ou permanentes da condição crônica37.
O domínio meio ambiente analisa segurança física e proteção, ambiente no lar,
recursos financeiros, cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade, oportunidades
de adquirir novas informações e habilidades, participação em oportunidades de recreação e
lazer, ambiente físico: poluição, ruídos, trânsito, clima e transporte. Nesse domínio há
variação estatística entre o gênero feminino do primeiro e do terceiro grupo, demonstrado
pelo teste de Kruskal Wallis com p < 0,05.
Os representantes do gênero feminino com feridas crônicas a menos de um ano,
apresentaram uma média de 56,6 pontos, muito abaixo dos 100 pontos possíveis. Porém, os
representantes com lesão a mais de 6 anos apresentaram pontuação de 40,2, havendo uma
variação estatística considerada, mostrando que com o passar dos anos, o domínio meio
ambiente é afetado.
Individualmente, é preciso destacar um indivíduo do gênero masculino que apresentou
escore 13, demonstrando grande detrimento desse domínio.
Desta forma, pode-se analisar que esse domínio é afetado com o passar dos anos
apresentando feridas crônicas. Os pacientes relataram dificuldade em receber esclarecimentos
e informações completas sobre a patologia, somado a esse fator há o agravante de muitos dos
entrevistados possuírem baixa escolaridade. Para Buss25, o déficit na escolaridade pode
interferir diretamente na continuidade do cuidado domiciliar, no desenvolvimento da
consciência sanitária, no atendimento às prescrições de enfermagem e na prática do
autocuidado, resultando em indicadores de qualidade de vida desses pacientes.
Estudos mostram que há uma estreita relação entre o estado de saúde, o nível de
escolaridade e facilidade de absorver novas informações25,38.
Os pacientes portadores de lesões crônicas de pele muitas vezes acabam tentando
soluções próprias para tratar as feridas, baseadas em cuidados empíricos, muitas vezes por
recomendações de amigos ou familiares, ocasionando abordagens terapêuticas inadequadas,
insegurança e desgaste à sua saúde, afetando e interferindo a percepção de qualidade de
vida12.
83
Quanto aos recursos financeiros, achados de estudo demonstraram que a qualidade de
vida está também relacionada com boas condições socioeconômicas. A qualidade de vida
inclui indicadores objetivos como boas condições econômicas, que muitas vezes estão
deterioradas em decorrências das limitações provenientes das feridas crônicas7.
Thomaz39 em seu estudo mostra que 30% dos pacientes com feridas crônicas
necessitam de ajuda previdenciária ou dos cofres públicos. Essas pessoas quando ainda estão
em idade para desenvolver atividade laborativa torna esta condição ainda mais problemáticas,
quer no âmbito pessoal, familiar ou mesmo no sentido social.
A população estudada vive com uma grande insegurança financeira, que pode ser
ainda mais agravada no caso dos idosos. Esta condição pode levar as pessoas à dependência
de parentes, o que sem dúvida pode ocasionar em um desgaste entre as relações familiares. Os
custos com o adoecer e com as condições crônicas tornam ainda mais precárias as condições
de vida, saúde e qualidade de vida dessas pessoas22.
O padrão de vida dessas pessoas, somada a existência de fontes de lazer dentro de casa
são aspectos importantes para poder melhorar a qualidade de vida, visto que eles possuem
uma grande dificuldade de locomoção40.
Uma moradia adequada dos pacientes, composta por recursos eletrodomésticos básicos
e infra-estrutura sanitária está relacionada com a questão da satisfação, necessitando de
condições mínimas para que os portadores de feridas crônicas melhorem a sua qualidade de
vida25.
A variável renda influencia a autopercepção de qualidade de vida dos pacientes.
Pessoas com renda mais baixa apresentam uma percepção ruim de qualidade de vida40-41.
A obtenção de recursos financeiros através do próprio trabalho está muitas vezes
dificultada para esses pacientes com feridas crônicas. A qualidade de vida é construtiva
quando favorece a produtividade, o bem estar e a auto-realização e está relacionada com o
significado do trabalho. Havendo qualidade de vida o homem pode buscar meios para o
processo de trabalho que lhe dê a auto-realização, porém as feridas crônicas são um
empecilho para essa atividade6-7.
Entre todos os domínios analisados, os valores máximos que foram obtidos foram um
escore 75 de um representante do gênero feminino no domínio psicológico e um outro escore
75 de um representante do gênero masculino no domínio meio ambiente. Assim podemos ver
que nenhum entrevistado apresentou qualidade de vida superior a 75% em nenhum dos
domínios analisados.
84
Na autoavaliação, onde o próprio paciente avalia a sua qualidade de vida, os próprios
pacientes avaliam que a qualidade de suas vidas ficaram comprometidas em decorrência da
lesão.
Finalmente, analisando a qualidade de vida de uma forma geral, analisando as médias
de todos os domínios avaliados como um todo, pode-se mais uma vez o quanto a qualidade de
vida desses pacientes está comprometida
Longo Jr42 relata que realmente o estado geral e a qualidade de vida desses pacientes
são afetados, diretamente ligados a todos os fatores referentes a uma doença crônica.
Entretanto, em um estudo realizado por Yamada22, 41,7% dos pacientes com feridas
crônicas apresentaram qualidade de vida considerada como “muito boa” e 39,31% como
“boa”. As divergências relativas à qualidade de vida dessas pessoas resultam de que a
qualidade de vida é marcada pela subjetividade e multidimensionalidade, onde a avaliação da
mesma depende dos valores e concepções de cada indivíduo, bem como dos contextos
diferenciados nos quais as pessoas estão inseridas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a realização desse trabalho pode-se concluir que as feridas crônicas possuem uma
incidência maior em pacientes na faixa etária acima de 60 anos, porém também acomete
adultos jovens em uma proporção menor.
Há um predomínio do sexo feminino (66,66%), raça branca (75,7%), analfabetos
(57,9%) e possuem renda familiar entre um e três salários mínimos (91%). Apenas 8,8% da
população estudada faziam uso de álcool e 31% referiram fumar diariamente.
O estado civil dos entrevistados predominou vivendo sozinho (solteiro, divorciado ou
viúvos), totalizando 73,6% da população, onde não há um compartilhamento dos sentimentos
e aumenta a dificuldade do auto-cuidado, visto que é responsável por todas as necessidades do
serviço doméstico.
Dentre os diagnósticos, a maior incidência destaca-se para as úlceras vasculogênicas,
representando 61,4% dos casos, seguido de complicações diabéticas, representada por 19,3%
dos casos.
A qualidade de vida dos pacientes de forma geral está bastante afetada, comprovado
pelo fato de não haver entrevistado com escore superior a 75% em nenhum dos domínios
analisados.
85
No domínio físico não há diferença estatística na qualidade de vida entre os grupos
pesquisados, havendo um detrimento geral da qualidade de vida de todos os pacientes. Nesse
domínio todos os grupos apresentaram uma média inferior a 50%. Para os entrevistados, o
principal motivo de esse domínio estar tão afetado são as limitações causadas pela dor.
No domínio psicológico também não há diferença estatística entre os grupos
pesquisados e as médias do domínio ficaram abaixo dos 50%, mostrando mais uma vez como
as feridas crônicas afetam muito a qualidade de vida das pessoas, havendo um representante
que apresentou o escore mínimo de seis, demonstrando uma qualidade de vida do ponto de
vista psicológico muito alterado, com grande comprometimento devido a presença da lesão.
No domínio relações sociais podemos concluir que os portadores de feridas crônicas
apresentam detrimento do convívio social independente de quanto tempo apresenta a ferida,
em decorrência da exclusão social, falta de apoio familiar e sentimentos negativos.
No domínio meio ambiente houve variação estatística entre o gênero feminino do
primeiro e do terceiro grupo. As relações com o meio ambiente já são afetados desde o
primeiro ano de ferida, porém a qualidade de vida é ainda mais comprometida com o passar
dos anos, afetado pelo pouco conhecimento sobre a patologia, insegurança financeira,
dificuldade para conseguir trabalho e poucas oportunidades de lazer.
Os próprios pacientes avaliaram que a qualidade de suas vidas ficaram comprometidas
em decorrência da lesão, confirmando os dados obtidos com o trabalho que conclui que de
uma forma geral, analisando as médias de todos os domínios avaliados como um todo, o
quanto a qualidade de vida desses pacientes está comprometida.
Com isso, o atendimento aos portadores de feridas crônicas não deve ser visto apenas
como a dispensação de medicamentos e a confecção de curativos. Todos os atendimentos
realizados pelos profissionais nas Unidades Básicas de Saúde e pela equipe do Programa
Saúde da Família deveriam ser realizados de forma holística, com o cuidado para o paciente
como um todo, visto que a lesão não afeta apenas a pele do pacientes, mas tem consequência
direta em todos os momentos da vida dessas pessoas.
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SILVA, RH trabalhou na pesquisa, metodologia e redação.
GATTI, MAN trabalho na metodologia e redação.
SIMEÃO, SFAP trabalhou na metodologia e análise estatística.
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ANEXO E – COMPROVANTE DE SUBMISSÃO
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