O OUVIDO HUMANO Como é consabido, o processo auditivo envolve um complexo sistema através do qual uma parte significativa dos seres vivos, incluindo o ser humano, detectam e percebem “sons”. A partir do século XIX começou a ter-se um verdadeiro conhecimento da anatomia do sistema auditivo. Sabemos que, tal como no caso de outros sentidos, dispomos de um órgão periférico, o ouvido, que na sua parte externa capta e canaliza as ondas sonoras transmitidas pelo ar, as transforma em vibrações mecânicas através do ouvido médio e as converte e codifica em sinais neurológicos no ouvido interno, sendo depois enviados através do nervo acústico para o cérebro, onde é finalmente estimulada a sensação sonora que, comummente denominamos som. Constituição do Sistema Auditivo Humano O ouvido humano é constituído por três secções distintas, de acordo com a sua função desempenhada e respectiva localização. São elas: o ouvido externo, o ouvido médio e o ouvido interno. fig. 1 1- O ouvido externo: Dele fazem parte o pavilhão auricular e o canal auditivo, cujas funções são, respectivamente, recolher e encaminhar as ondas sonoras até ao tímpano. 2- O ouvido médio: Também denominado de caixa timpânica, é uma cavidade com ar por trás da membrana do tímpano, através da qual a energia das ondas sonoras é transmitida, do ouvido externo até à janela oval na cóclea, esta já no ouvido interno. Essa transmissão de energia é efectuada por acção de três ossos minúsculos (o martelo, a bigorna e o estribo) que vibram solidariamente com o tímpano. No ouvido médio existe ainda um canal denominado trompa de eustáquio que o mantém em contacto com a rinofaringe. Este contacto ou comunicação destina-se a assegurar que a pressão no ouvido médio se mantenha constante. Neste processo aquele canal, a trompa de eustáquio, funciona como válvula, abrindo e fechando constantemente. 3- O ouvido interno: É constituído pela cóclea (também denominada caracol) e pelo labirinto. A cóclea é responsável em grande parte pela nossa capacidade para diferenciar e interpretar sons. Nela opera-se uma função complexa de conversão de sinais em resultado da qual os sons recebidos são transformados em impulsos eléctricos que, através do nervo auditivo, “caminham” até ao cérebro, onde finalmente são descodificados e interpretados. Como se referiu, no ouvido interno, além da cóclea, existe também o labirinto vestibular, formado pelo sáculo, pelo utrículo (ambos órgãos responsáveis pelo equilíbrio e que informam o nosso cérebro sobre a posição do corpo no espaço) e pelos canais semicirculares laterais, anteriores e posteriores (que informam o cérebro sobre o movimento rotatório no espaço). Tal como no caso da cóclea, também a informação proveniente do labirinto vestibular é transmitida ao cérebro pelo nervo auditivo. A EXPOSIÇÃO QUOTIDIANA AO RUÍDO AMBIENTAL Os investigadores, com assinalável unanimidade, têm destacado que, em consequência das diferentes actividades realizadas quotidianamente, as pessoas estão expostas a elevadas doses de ruído ambiental. De igual forma, tem sido constatado que essa exposição, seja pela duração, seja pela intensidade sonora, ultrapassa frequentes vezes os limites de tolerância do ouvido humano. Com efeito, o ruído ambiental frequente, produzido também em contextos extra laborais, apresenta-se como uma constante da qual resultam, inelutavelmente, gravíssimos prejuízos para a acuidade auditiva. Como modo de solucionar este problema, sob o risco de, para além dos prejuízos causados ao nível do sistema nervoso, poderem sobrevir os referidos e irremediáveis efeitos nefastos para a audição que podem mesmo culminar na surdez, urge a redução dessa exposição. Surdez: A exposição prolongada a ruídos acima dos 85 dB, ou a audição, ainda que por um breve período de tempo, de sons compreendidos entre os 90 dB e os 100 dB é perigosa e pode provocar uma perda de audição de tipo neurossensorial que costuma surgir acompanhada de sensação de “barulhos” no ouvido. Esta deficiência, que costuma ser permanente, diminui primeiro a capacidade de audição de sons de alta frequência (4000Hz) estendendo-se depois às restantes frequências, nomeadamente as mais baixas. Porém, ao contrário de outros tipos de hipoacusia (limiar de audição superior a 30 dB), a que é causada pelo ruído excessivo pode ser alvo de controlo e prevenção: - no local de trabalho os ouvidos devem ser protegidos com auscultadores ou tampões; - instalação de barreiras de som ou de materiais absorventes de som em locais de constante barulho; - nos ambientes de lazer, evitar ficar perto de colunas de som; - baixar o volume nos auscultadores de aparelhos portáteis. Lesões Graves decibéis(dB) 0 Suave Ambiente. Natural Habitação isolada 25 55 Ligeiro sussurros conversação 80 Incómodo escritório trânsito urbano 90 100 110 Perigoso oficina mecânica discot. Concerto rock 130 Dor máquinas const. civil aviões a jacto É aconselhável proteger os ouvidos fig. 2