O CONCEITO DE GLOBALIZAÇÃO NO ENSINO MÉDIO DE

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A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
O CONCEITO DE GLOBALIZAÇÃO NO ENSINO MÉDIO DE
TERESINA-PI: UMA ANÁLISE DA PERSPECTIVA GEOGRÁFICA
MÔNICA SARAIVA DE SOUSA1
JOSÉLIA SARAIVA E SILVA2
RESUMO
A presente pesquisa teve como objetivo analisar a apreensão do conceito de globalização pelos
alunos do Ensino Médio da rede pública da cidade de Teresina- PI. Os sujeitos foram 109 alunos
matriculados no 2º ano do Ensino Médio em uma escola pública estadual do referido município. Para
a consecução desse objetivo realizamos os seguintes procedimentos metodológicos: a) revisão da
literatura sobre o tema; b) aplicação de um questionário de pesquisa e c) organização e análise dos
dados. Como resultado identificou-se que os estudantes apresentam um conceito superficial e
desconexo da realidade sobre o processo de globalização. Como sugestão, apontamos o
desenvolvimento de uma prática educativa que priorize uma discussão crítica sobre a globalização
com o auxílio de recursos alternativos que possam despertar o interesse dos alunos para a temática.
Palavras-chaves: Globalização. Ensino. Geografia. Piauí.
ABSTRACT
This study aimed to analyze the apprehension of the concept of globalization by high school students
from public schools in the city of Teresina PI. The subjects were 109 students enrolled in the 2nd year
of high school in a public school of that city. To achieve this goal we conducted the following
methodological procedures: a) review of the literature on the subject; b) application of a questionnaire
survey and c) organization and data analysis. As a result it was found that students present a
superficial and disconnected concept of reality about the globalization process. As a suggestion, we
point out the development of an educational practice that puts in first place a critical discussion on
globalization with the help of alternative facilities that make the interest of students rise about the
theme.
Key-words: Globalization. Education. Geography.Piauí.
1- Introdução
A globalização é um processo de transição entre o período da sociedade
industrial e da sociedade informacional, que traz ao mundo redefinições de fronteiras
e de lideranças mundiais e, ainda, uma relação de interconexão, na qual as várias
relações sociais se tornam interdependentes.
1
Acadêmica do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal do Piauí. E-mail de contato:
[email protected]
2
Docente do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal do Piauí. E-mail de contato:
[email protected]
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A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
A Geografia é na atualidade uma ciência que investiga a globalização
contribuindo com a discussão sobre a ordem global e suas consequências para a
organização do espaço geográfico. A presente temática é discutida por muitos
teóricos tendo na Geografia nomes de destaques como David Harvey, Rogério
Haesbaert e Milton Santos.
Esses autores concordam que a globalização é um momento histórico do
desenvolvimento capitalista que traz reconfigurações socioespaciais provocadas
pelo desenvolvimento das técnicas, da ciência e da maior difusão da informação,
isso tudo causado pela compressão do espaço-tempo como fala Harvey (1992).
Por outro lado, esses autores nos mostram o que Santos (2008) caracteriza
como outra face desse fenômeno, uma face que mostra a acentuação das fronteiras,
uma globalização perversa que transforma o espaço geográfico de forma diferente,
que aprofunda as desigualdades socioeconômicas, que concentra e centraliza o
poder, onde muitas culturas ainda persistem e procuram manter suas tradições. É
uma globalização de mercados livres que se fecha em blocos econômicos, que
ainda admite a fome e miséria, e que ver grandes economias ruírem.
É com essas contradições que a ciência geográfica com seu aporte teórico e
metodológico define a globalização, e demonstra a necessidade de analisarmos
essa reconfiguração espacial com sua escala globalizadora, mas que ao mesmo
tempo é fragmentada como diz Haesbaert (2006).
Diante desse contexto, acreditamos que o conceito de globalização definido
pela ciência geográfica se torna um instrumento de análise que possibilita ao aluno
compreender as atuais relações sociais, econômicas, políticas e culturais de nossa
sociedade, ou seja, leva ao aluno compreender de forma dialética a construção do
espaço geográfico na atualidade, com as várias transformações que ocorrem
ocasionadas pelo sistema técnico-científico-informacional do qual fazemos parte.
Assim, observamos a necessidade de investigar como anda essa discussão
no Ensino da Geografia, pois é papel da Geografia Escolar preparar os alunos para
que estes possam entender o novo mundo de reconfigurações espaciais
ocasionadas pelo processo de globalização.
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2 - Discussão
David Harvey (1996) compreende a globalização como uma organização do
sistema capitalista que teve início ainda no século XV, possuindo hoje uma
proporção mundial de reorganização geográfica, através da eliminação de barreiras
que objetiva principalmente a obtenção de lucro. Porém a globalização deve ser
entendida como processo de desenvolvimento produtor de desigualdade temporal e
geográfica, uma vez que gera impactos no espaço geográfico sentido nos diferentes
lugares
com
intensidades
diferentes,
produzindo
uma
regionalização
com
particularidades e singularidades.
Podemos citar o conceito de “compressão do espaço-tempo” para
compreendermos as dinâmicas da globalização caracterizadas pelo autor como
formas de transformação da organização do espaço geográfico no período pósmoderno. Essa compressão consiste na aceleração do ritmo da vida, no qual existe
uma quebra de barreiras espaciais e temporais diminuindo as distâncias físicas e
temporais, que acabam criando uma “aldeia global” interdependente. (HARVEY,
1992).
Tal compressão tem causado impacto de ruptura e desorientação sobre as
práticas socioeconômicas e culturais proporcionada pela implantação de novas
formas organizacionais, e de novas tecnologias no processo produtivo que
caracteriza uma transição entre o modelo produtivo do fordismo, e da acumulação
flexível presente na condição pós-moderna.
Além dessas consequências temos ainda a aceleração, ou melhor, a
compressão “espaço-tempo”, influenciando à nossa maneira de pensar, sentir e agir,
contribuindo para a construção de signos e imagens que manipulam gosto e criam
opiniões entre as pessoas e modificam as práticas culturais. (HARVEY, 1992).
Esses elementos podem ser somados a algumas mudanças na produção e
nas formas de organização do capital, ocasionadas pela deslocalização da produção
que possibilitam a dispersão e fragmentação geográfica, da divisão do trabalho e
das especializações das funções no setor produtivo, que centralizam poder nas
mãos dos atores hegemônicos, tornando o espaço controlável pelas corporações
mundiais (HARVEY, 1996).
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Harvey (1996) acredita que as transformações quantitativas ocorridas por
conta da globalização são qualitativamente forjadas, pois de acordo com suas
palavras, na verdade, o que existe é uma tendência de reafirmação dos valores
capitalistas do século XIX, e que no século XXI se dirige para uma marginalização
da população mundial. Por isso o autor propõe que ao invés de utilizar o termo
“globalização”, usássemos em seu lugar a expressão “desigual desenvolvimento
espaço-temporal” do capitalismo.
Para Haesbaert (2006) vivemos uma nova e complexa reconfiguração
geográfica do mundo baseada em uma dinâmica de múltiplas velocidades e
contradições, a qual prefere chamar de nova “des-ordem”, que tende a formar um
território-mundo guiado pelo sistema capitalista que se difunde a todo o globo, e ao
mesmo
tempo
se
fragmenta
em
escalas
menores,
produzindo
novas
territorialidades.
Para o autor a globalização econômica se desdobra em quatro dimensões: a
comercial, a produtiva, a tecnológica e a financeira. Políticas neoliberais e de
desregulamentação e ainda aliadas a um novo padrão tecnológico nas décadas de
1980 e 1990 consolidaram esse processo que hoje permite uma aceleração nas
trocas de produtos, circulação de pessoas, capital e informações (HAESBAERT,
2006).
Porém, Haesbaert alerta para a discussão de que existe hoje a organização
de um “território-mundo” globalmente articulado, uma globalização que traz também
desigualdade de atuação configurando diferenciações no espaço geográfico. Nesse
jogo contraditório de território globalmente articulado e ao mesmo tempo
fragmentado temos como protagonista, nas palavras do autor, o Estado-nação.
O Estado varia suas funções ao longo da história, confundindo sua
prioridade de defender os interesses públicos e a defesa de interesses privados.
Assim o Estado na atualidade muitas vezes é fortalecido para servir de espaço
estratégico das grandes redes do capital financeiro globalizado. Isso ocorre através
da disponibilização de mecanismo como a isenções fiscais, o oferecimento de
infraestrutura, ou ainda atuando em tempos de crise alterando as taxas de juro e
câmbio (HAESBAERT, 2013).
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Haesbaert (2006) como os outros autores aqui citados nos coloca em
reflexão sobre uma globalização fragmentada, a qual se mostra uma globalização da
ciência, da informação, e da técnica sendo usufruída por pequenos grupos como
forma de reafirmar o poder das grandes corporações capitalistas. E ainda uma nova
era de desigualdades, que tem como exemplo o crescimento do desemprego, do
subemprego, e dos circuitos ilegais da economia.
Milton Santos (2012) diz que “A globalização constitui o estágio supremo da
internacionalização, a ampliação em “sistema-mundo” de todos os lugares e de
todos os indivíduos, embora em graus diversos”. (Santos 2012, p. 145).
O que rege a reconstrução do espaço global são a ciência, a técnica, e a
informação, que é quem comanda o território nessa nova era, é ela a responsável
por estruturar o espaço principalmente após a Segunda Guerra Mundial. “O meio
técnico-científico-informacional é a cara geográfica da globalização” (SANTOS,
2008, p.239).
Para Santos (2008) a globalização é possibilitada por três unicidades que
são responsáveis pela base material e funcional da mundialização dos lugares, e
ainda das relações socioespaciais. Essas unicidades são definidas como unicidade
da técnica; unicidade do tempo (convergências dos momentos); e a unicidade do
motor, sendo esses fatores interdependentes entre si em escala mundial.
A unicidade da técnica corresponde à base material da globalização que é
formada por um único sistema técnico que se torna comum em todo o mundo.
Ressaltando que unicidade da técnica não significa a presença de uma única técnica
universal, mas sim a difusão universal das técnicas atuais às quais se fazem
presentes de forma direta, ou indireta sobre a totalidade dos espaços.
No que se refere à unicidade do tempo, ou a convergência dos momentos,
essa caracteriza a instantaneidade das informações, ou seja, o conhecimento
imediato dos acontecimentos, que acaba formando uma ideia falsa de aproximação
dos lugares. (SANTOS, 2008).
E temos por último a unicidade do motor, a mais-valia, que se tornou
universal, configurando assim o motor único de todas as ações desse sistema
global. Com o desenvolvimento da produção mundial, a lucratividade também se
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torna mundial. Juntas essas três unicidades contribuem para ampliar o processo da
globalização. (SANTOS, 2008).
São esses fatores que unem o global e o local, fazendo do primeiro ditador
das regras globais, e o segundo o espaço do exercício das leis internacionais da
globalização da economia, da política e da cultura. O que há na atualidade é uma
rede de hierarquização dos lugares em espaços de comando e espaços de
subordinação.
Milton Santos (2008b) ver um sistema global vivenciado de maneira desigual
em todo o mundo, no qual as suas principais tendências correspondem a uma
globalização de fábula e de perversidade. O mundo como fábula é aquele que nos
faz sentir participantes de uma aldeia global, onde não há distâncias, e o acesso à
informação, aos produtos sofisticados e as oportunidades estão ao alcance de
todos.
Contrário a isso Santos (2008b) defende que estamos vivendo sim uma
globalização, mas um sistema global que é vivido de forma perversa, fragmentada,
que globaliza também as desigualdades. Isso ocorre, pois ao mesmo tempo em que
a ciência, a técnica e a informação se desenvolvem, o desemprego cresce, a
pobreza aumenta, a informação manipula.
Santos (2008b) diz ser preciso criar um novo discurso teórico e uma cultura
popular de revanche contra esse sistema fragmentado que segrega e excluí. Para a
execução de uma nova realidade é preciso primeiramente dissolver a ideologia
hegemônica da globalização que contamina a maioria das pessoas.
É diante desse contexto de uma globalização contraditória caracterizada até
aqui que acreditamos ser necessário investigar como anda essa discussão no
Ensino da Geografia. Desse modo, iniciaremos, no tópico seguinte, uma discussão
sobre como os alunos compreendem o processo de globalização.
3 - Resultados: Apreensão do Conceito de Globalização por Alunos do Ensino
Médio
A presente pesquisa foi realizada no Centro de Ensino Médio de Tempo
Integral João Henrique de Almeida Sousa, localizado no conjunto Morada Nova I,
S/Nº, Bairro Lourival Parente, zona Sul de Teresina-PI no primeiro semestre de
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2014. Os sujeitos participantes da pesquisa foram os alunos de três turmas do 2º
ano do Ensino Médio estudantes do Centro de Ensino referido acima. Tais
colaboradores totalizam 109 sujeitos, dos quais 45% eram homens, e 55% eram
mulheres, possuindo 15 ou 16 anos de idade.
O objetivo da pesquisa foi analisar os níveis de apreensão do conceito de
globalização por um grupo de alunos do Ensino Médio. Os dados apresentados
foram coletados através da aplicação do questionário, e dada à natureza discursiva
das informações coletadas, estas foram analisadas através da técnica de análise
categorial de conteúdo (BARDIN, 2009).
As questões presentes no questionário voltadas para discussão sobre o
processo de globalização tiveram como objetivo verificar o que os alunos conhecem
sobre processo de globalização, no sentido de tentarmos inferir quais as
características do conceito construído por eles. A primeira pergunta destinada a
essa discussão foi: O que a palavra GLOBALIZAÇÃO faz você lembrar?. Diante das
respostas dos alunos elaboramos as categorias observadas na tabela 1, a seguir.
Tabela 1 - O que a palavra GLOBALIZAÇÃO faz você lembrar?
Fonte: Créditos da autora (2014).
A primeira categoria foi denominada de “Globalização como Progresso”,
nessa 66,1% dos sujeitos considera que a globalização é a conexão entre países
estabelecida através da evolução das tecnologias e da economia, que tem a
finalidade de proporcionar a sociedade mundial o acesso a melhores condições de
vida.
Na segunda classificação, “Globalização Contraditória”, 4,6% dos sujeitos
apresentam um conceito que consegue denunciar certa contradição no processo de
globalização. Porém, temos ainda, uma terceira categoria, que denominamos de
“Globalização: Planeta Terra e Cuidados com a Natureza”, nessa 7,3% dos
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colaboradores relacionam a globalização com a preservação do meio ambiente, e
22% das respostas não apresentam relação com o conceito de globalização.
A
segunda
questão
proposta
foi:
Você
consegue
ver/identificar
características da globalização presentes no seu bairro ou na cidade de Teresina?
Quais seriam?. As respostas foram classificadas nas categorias visualizadas na
tabela 2, a seguir.
Tabela 2 - Você consegue ver/identificar características da globalização presentes no seu bairro ou
na cidade de Teresina? Quais seriam?
Fonte: Créditos da autora (2014).
Das respostas apresentadas para essa questão 61,5% dos colaboradores
identificam à globalização em Teresina através da presença de centros comerciais,
meios de comunicação e as melhorias da cidade, como melhores escolas e
hospitais.
Verificamos ainda que apenas uma pessoa conseguiu demonstrar o
reconhecimento de uma globalização desigual, e 7,3% dos sujeitos apontam uma
globalização voltada para questões ambientais. Além disso, 30,3% dos sujeitos diz
não identificar a globalização em Teresina, ou apresentaram respostas que não
expressaram uma articulação mínima com o processo de globalização.
A terceira questão elaborada para atender o objetivo da presente pesquisa
foi: Existe algum objeto presente no seu cotidiano que tem a ver com a
globalização? Mencione quais seriam esses objetos. Com esse questionamento
tínhamos o objetivo de verificar se os alunos conseguem identificar os objetos aos
quais eles tenham contato diariamente mantendo relação com a globalização.
Classificamos as respostas nas três categorias presente na tabela abaixo.
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Tabela 3 - Existe algum objeto presente no seu cotidiano que tem a ver com a globalização?
Mencione quais seriam esses objetos.
Fonte: Créditos da autora (2014).
A primeira categoria classificada de “Identificam Objetos” representa um total
87,1% de sujeitos que relacionam objetos do seu cotidiano com o processo de
globalização. Analisando as falas dos sujeitos da primeira categoria verificamos que
havia uma diversificação entre os objetos citados.
Os objetos citados pelos alunos variam entre meios de comunicação como
celular, internet, e computador, os quais são os mais citados pelos sujeitos. Temos
ainda em menor intensidade as falas que relacionam a globalização com a
arquitetura das edificações, produtos importados, produtos educacionais, objetos
culturais, e ainda, com desenvolvimento profissional, a disponibilidade de livros
gratuitos, o acesso à energia elétrica e a água encanada. Fato que revela os
estudantes identificando uma globalização voltada ao avanço tecnológico e ao
progresso da cidade.
A outra categoria classificada sobre o questionamento da identificação de
objetos pertencentes à globalização foi denominada de “Não Identificam Objetos”.
Nessa categoria reunimos as falas dos sujeitos que não identificam os objetos
presentes em seu cotidiano com a globalização, bem como aquelas falas que não
foram possíveis de compreender sua lógica.
Essas falas formam um percentual de 9,2% dos sujeitos que não conseguem
identificar objetos em seu dia a dia pertencendo ao processo de globalização.
Somados a esses temos ainda 3,7% dos sujeitos que não formularam nenhuma
resposta a esse questionamento.
A quarta questão foi elaborada com um texto jornalístico do Portal GI que
caracteriza a intenção de formação de um novo bloco econômico conhecido como
BRICS. Diante do texto os alunos eram questionados da seguinte forma:
Globalização tem relação com o texto anterior? De que forma?.
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Com esse questionamento a intenção era identificar nas falas dos alunos a
noção de formação de blocos econômicos, como processo de concentração e
centralização de poder por partes de alguns países como forma de expansão de
suas economias. As respostas referentes ao questionamento em questão foram
agrupadas na classificação presente na tabela 4, a qual pode ser visualizar a seguir
com seus respectivos percentuais de respostas.
Tabela 4 - Globalização tem relação com o texto anterior? De que forma?
Fonte: Créditos da autora (2014).
As classificações acima revelam que 29,3% dos sujeitos visualizam apenas
uma ligação econômica entre os países, desconsiderando a formação de blocos
econômicos como estratégia geopolítica de concentração de poder.
Entretanto 13,8% das respostas apontam certo entendimento de que há uma
união entre os países referidos no texto. Porém é visto que não conseguem formular
uma resposta de sentido completo, demonstrando dispersão de ideias. As respostas
revelaram ainda 56% dos sujeitos desconhecem o processo de formação de blocos
econômicos, sem contar com as respostas em branco, que representam um
percentual de 0,9%.
4 - Considerações Finais
Observamos que de modo geral, os sujeitos não conseguem ver a
complexidade e a contradição da realidade que vivemos, pois 30,3% dos estudantes
não identificam as características da globalização fazendo parte do seu dia a dia, e
61,5% visualizam apenas a globalizando trazendo o progresso ao seu espaço de
vivência.
Dos 109 sujeitos participantes da pesquisa, 56% desconhecem a formação de
blocos econômicos, e 66,1% considera que a globalização é união entre os países
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com o propósito de desenvolver novas tecnologias e a economia para proporciona a
sociedade mundial melhores condições de vida.
Verificamos também que, a maioria dos alunos não relaciona as
desigualdades sociais com a globalização, pois acreditam que a pobreza ainda
persiste por que alguns espaços ainda não foram beneficiados com esse processo.
E ainda, 78,9% dos sujeitos não percebem as causas negativas da globalização.
Portanto, estamos diante de uma problemática, uma vez que, identificamos
incongruências na construção do conceito de globalização dos alunos. Observamos
que essa construção não se aproxima do conceito definido pela ciência geográfica, e
pelos Parâmetros Curriculares.
Consideramos como possíveis causas dessa problemática, falhas na prática
educativa desenvolvida sobre a discussão da globalização, a falta de interesse dos
alunos, como ainda a falta de recursos didáticos alternativos que poderiam ter
despertado uma maior atenção dos mesmos.
Como sugestões apontamos a necessidade do desenvolvimento de uma
prática educativa que priorize uma discussão crítica sobre o processo de
globalização, permeada por estratégias como a utilização de exemplos que façam
parte do cotidiano dos alunos, e utilização de recursos não convencionais como
músicas, internet e histórias em quadrinhos (SILVA, 2011), que podem despertar o
interesse dos alunos pela temática.
REFERÊNCIAS
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa. Portugal; Edições 70, 2009.
HAESBAERT, Rogério. (Org.) Globalização e fragmentação no mundo
contemporâneo. 2. ed., Niterói: Editora da UFF, 2013.
HAESBAERT, Rogério; PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. A nova des-ordem
mundial. São Paulo: Editora UNESP, 2006.
HARVEY, David. Condição pós-moderna. Edições Loyola, 1992.
HARVEY, David. O problema da globalização. Revista Novos Rumos, v.50, n.2,
1996. p. 125-140. Disponível em:
<http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/novosrumos/article/view/1954>.
Acesso em: 21 jan. 2014.
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SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo. Razão e emoção. 4. ed.
4. reimpr. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008. (Coleção Milton
Santos).
SANTOS, Milton. Da totalidade ao lugar. 1. ed. 2. reimpr. São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo, 2012.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único a consciência
universal. 17. ed., Rio de Janeiro: Recorde, 2008.
SILVA, Josélia Saraiva. Recursos didáticos não convencionais no ensino de
geografia. In: SILVA, Josélia Saraiva (org). Construindo ferramentas para o
ensino de geografia. Teresina: EDUFPI, 2011. p. 13-20.
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