SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE BELO HORIZONTE Núcleo de Pós Graduação e Pesquisa ANÁLISE COMPARATIVA DA PREVALÊNCIA DAS DERMATOSES DOS PACIENTES HIV/AIDS E DA DERMATOLOGIA GERAL DO HOSPITAL EDUARDO DE MENEZES - BELO HORIZONTE – MG. PRISCILA PENASSO FURTADO LOPES BELO HORIZONTE 2012 PRISCILA PENASSO FURTADO LOPES ANÁLISE COMPARATIVA DA PREVALÊNCIA DAS DERMATOSES DOS PACIENTES HIV/AIDS E DA DERMATOLOGIA GERAL DO HOSPITAL EDUARDO DE MENEZES - BELO HORIZONTE – MG. Dissertação apresentada ao programa de Pós-graduação da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Medicina e Biomedicina. Área de concentração: Medicina Orientador: Prof. Dr. Carlos Maurício de Figueiredo Antunes Co-orientadora: Dra Sandra Lyon Belo Horizonte - MG 2012 À toda minha família, pelo apoio e compreensão nos momentos em que a dedicação ao estudo me afastou do convívio familiar. AGRADECIMENTOS Ao Instituto de Ensino e Pesquisa da Santa Casa de Belo Horizonte, por me permitir explorar e aprimorar minha capacitação profissional. Ao Hospital Eduardo de Menezes, pela oportunidade de elaborar uma pesquisa em um hospital de referência em dermatologia e doenças infectocontagiosas. Ao Prof. Dr. José Augusto Nogueira Machado, Coordenador do Programa de Pós-Graduação da Santa Casa de Belo Horizonte, que contribuiu para minha adequada formação científica. Ao meu orientador Prof. Dr. Carlos Maurício de Figueiredo Antunes, por ter me acolhido, incentivado e apoiado, além de ter contribuído com seu conhecimento científico e toda sua experiência para minha formação. À Prof. Dra Sandra Lyon, por desde o primeiro momento ter me apoiado e estimulado na realização desta conquista. Por abrir as portas do Ambulatório de Dermatologia do Hospital Eduardo de Menezes para minha pesquisa, e por ser meu exemplo de formação e exercício da medicina. Aos demais professores por transmitirem seus conhecimentos durante o curso deste mestrado, em especial ao Professor Paulo Christo. À Shirley e Zélia, pelo apoio administrativo, na secretaria do núcleo de pesquisa. A todos os colegas de mestrado pelas experiências compartilhadas ao longo deste período de formação em especial à Patrícia Sanches Carneiro, pela bela amizade conquistada e pela ajuda e incentivo ao longo de toda a realização deste trabalho. À minha grande amiga Clarissa, que sempre abriu as portas de sua casa me acolhendo em Belo Horizonte. Muito obrigada por todas as palavras de apoio e incentivo ao longo de toda esta jornada e por todos os momentos de alegria que passamos juntas. Aos meus pais, indispensáveis no meu caminhar. Pelo estímulo e por compreenderem cada fim de semana que precisei estar distante na realização deste projeto. Ao meu irmão, meu parceiro, que está sempre ao meu lado, vibrando com minhas conquistas. E ao meu marido Rafael, que soube entender minha ausência e minha dedicação ao estudo. Enfim, a todos que, de alguma forma, contribuíram na realização desta dissertação. “Todas as vitórias ocultam uma abdicação” Simone de Beauvoir RESUMO Introdução: A infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) leva à deterioração progressiva do sistema imunológico e a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) representa o estágio final desta infecção. As dermatoses são as doenças mais prevalentes nos pacientes portadores do vírus, havendo relatos de 90% de incidência nestes indivíduos. Objetivo: Analisar a prevalência das dermatoses dos pacientes do Ambulatório de Dermatologia do Hospital Eduardo de Menezes (HEM), comparando os portadores do vírus HIV/ AIDS encaminhados do Ambulatório de Infectologia àqueles da Dermatologia Geral referenciados das Unidades Básicas de Saúde de Belo Horizonte. Metodologia: realizou-se um estudo epidemiológico, transversal, descritivo e analítico, envolvendo análise de prontuários de pacientes de dois grupos: portadores do vírus HIV/AIDS, e pacientes da Dermatologia geral/ Infectologia não portadores do vírus, todos atendidos no período de julho de 2010 a junho de 2011. Foram avaliados 568 prontuários, sendo 16 prontuários de pacientes HIV+, 228 de pacientes com AIDS, 281 da dermatologia geral, e 43 da Infectologia geral. Resultados: Na análise, quanto às características sócio-demográficas, observou-se média de idade de 45,02 ± 11,34 no grupo HIV/AIDS e 45,84 ± 19,82 no grupo Dermato/ Infecto (p=0,5). No grupo HIV/AIDS o sexo masculino prevaleceu, com 56%, enquanto no grupo Dermato/ Infecto, a maior incidência foi do sexo feminino, 65%. Quanto ao estado civil, encontramos 49% de solteiros no grupo HIV/ AIDS, e 49% de união estável no grupo Dermato/ Infecto. A média do tempo de doença, em anos, foi de 8,1 (dp=4,9), nos pacientes portadores do vírus HIV/AIDS. Observou-se um grande número de dermatoses sendo que as não-infecciosas prevaleceram nos dois grupos, seguidas pelas dermatoses fúngicas. As principais doenças encontradas neste último grupo foram: candidose oral, onicomicose e dermatofitoses superficiais. Após análise logística ordinal, realizada no STATA 12, o estado civil solteiro, o sexo masculino, e a presença de dermatoses fúngicas mostraram associação com o grupo dos portadores do vírus HIV/AIDS, com as respectivas OR: 1,61; 2,29 e 7,3. Conclusão: O sexo masculino, o estado civil solteiro e as dermatoses fúngicas estão associados ao grupo HIV/ AIDS quando comparados ao grupo da Dermatologia geral. A candidose oroesofageana foi a doença fúngica de maior prevalência neste grupo. Palavras – chave: HIV, AIDS, dermatoses. ABSTRACT Introduction: Infection with Human Immunodeficiency Virus (HIV) leads to progressive deterioration of the immune system and the Acquired Immunodeficiency Syndrome (AIDS) is the final stage of this infection. Skin diseases are the most prevalent diseases in patients with the virus. There are reports of 90% incidence in these individuals. Objective: To analyze the prevalence of dermatoses of patients from the Clinic of Dermatology - Hospital Eduardo de Menezes (HEM), comparing pacients with HIV / AIDS directed the Clinic of Infectious Diseases of those general Dermatology referenced of Basic Health Units of Belo Horizonte. Methodology: The authors conducted an epidemiological cross-sectional descriptive and analytical, involving analysis of patient records from two groups: people with HIV / AIDS and patients of general Dermatology / Infectious diseases non-carriers of the virus, all treated between July 2010 to June 2011. We evaluated 568 charts, 16 charts of HIV + patients, 228 AIDS patients, 281 of general Dermatology, and 43 of others Infectious diseases. Results: Analysis, for the socio-demographic characteristics, there was a mean age of 45.02 ± 11.34 in group HIV / AIDS and 45.84 ± 19.82 in the group Dermato / Infectious (p=0.5). In the group of HIV / AIDS males were the majority with 56%, while in group Dermato / Infectious, the highest incidence was female, 65%. Regarding marital status, found 49% of singles in the group HIV / AIDS, and 49% stable union in the group of Dermato / Infectious. The mean of disease duration in years was 8.1 (sd=4.9) in patients with HIV / AIDS. We observed a large number of skin diseases and the non-infectious prevailed in two groups, followed by fungal dermatosis. The main diseases found in the latter group were: oral candidiasis, dermatophytosis and superficial onychomycosis. After logistic ordinal held in STATA 12, unmarried, male gender, and presence of fungal dermatoses showed association with the group of people with HIV / AIDS, with respective OR: 1.61; 2.29 and 7.3. Conclusion: The male, unmarried and fungal dermatosis are associated to the HIV / AIDS when compared to the general Dermatology. The oroesofageana candidosis was the most prevalent fungal disease in this group. Keywords: HIV, AIDS, dermatosis. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Taxa de incidência (por 100.000 hab.) dos casos de AIDS segundo faixa etária e sexo. Brasil, 2009.................................. 17 Figura 2 - Coeficiente de mortalidade (por 100.000 hab.) dos casos de AIDS, segundo região de residência, por ano de diagnóstico. Brasil, 1997-2009................................................................................ 19 Figura 3 - Estrutura do vírus da imunodeficiência humana – HIV1.... 21 Figura 4 - Infecção pelo HIV-1............................................................ 22 Figura 5 - Curso da infecção HIV........................................................ 24 Figura 6 - Fluxograma para diagnóstico de infecção pelo HIV........... 25 Figura 7 - Estágios da infecção pelo vírus HIV, segundo CDC.......... 26 Figura 8: Recomendações para início de terapia anti-retroviral......... 27 Figura 9: Esquemas preferenciais para terapia inicial........................ 30 Figura 10: Estrutura esquemática da pele.......................................... 32 Figura 11: As camadas da epiderme.................................................. 33 Figura 12: Histopatologia da derme.................................................... 34 Figura 13: Figura esquemática da hipoderme.................................... 34 Figura 14 - Mucosa oral e mecanismo imunológico: indutores locais e de ação na mucosa oral................................................................... 36 Figura 15: Estrutura esquemática da unha......................................... 37 Figura 16: Micrografia do desenvolvimento da falange distal dos dedos da mão (DP)............................................................................. 38 Figura 17: Subpopulações das células T CD4+ e principais citocinas produzidas........................................................................... 40 Figura 18: Os diversos mecanismos de atividade antiviral na imunidade inata................................................................................... 42 Figura 19: HIV-1 – Alterações imunológicas na pele......................... 45 LISTA DE TABELAS Tabela 01. Distribuição de frequências e médias das características sócio-demográficas dos 568 pacientes atendidos no Hospital Eduardo de Menezes, Minas Gerais, 2010- 2011.............................. 65 Tabela 02. Distribuição de frequências e médias das características clínicas dos 244 pacientes com HIV/AIDS atendidos no Hospital Eduardo de Menezes, Minas Gerais, 2010- 2011.............................. 66 Tabela 03. Distribuição das frequências das dermatoses, segundo a etiologia, entre os grupos HIV/AIDS e Dermatologia geral/ Infectologia dos 568 pacientes atendidos no Hospital Eduardo de Menezes, Minas Gerais, 2010- 2011................................................ 67 Tabela 04. Diferenças encontradas no cálculo do Chi-quadrado....... 68 Tabela 05. Distribuição das frequências dos tipos de dermatoses entre os grupos HIV/AIDS e Dermatologia geral/ Infectologia dos 568 pacientes atendidos no Hospital Eduardo de Menezes, Minas Gerais, 2010- 2011.......................................................................... 70 Tabela 06. Distribuição das médias de CD4+ da época em que os pacientes desenvolveram as dermatoses entre os pacientes do grupo HIV/AIDS atendidos no Hospital Eduardo de Menezes, Minas Gerais, 2010- 2011.......................................................................... 71 Tabela 07. Distribuição das principais dermatoses segundo a classificação do CD4+ entre os pacientes do grupo HIV/AIDS atendidos no Hospital Eduardo de Menezes, Minas Gerais, 20102011................................................................................................ 72 Tabela 08. Análise logística ordinal (modelo final), dos 568 pacientes dos grupos HIV/ AIDS e Dermatologia geral, atendidos no Hospital Eduardo de Menezes, Minas Gerais, 2010- 2011................................................................................................ 73 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................. 15 2 REVISÃO DA LITERATURA............................................................. 16 2.1 Epidemiologia da AIDS.................................................................. 16 2.2 Fisiopatogenia e estrutura do HIV................................................. 20 2.3 História natural e diagnóstico do HIV............................................ 23 2.4 Tratamento da AIDS..................................................................... 26 2.5 Dermatoses mucocutâneas e infecção pelo HIV.......................... 30 2.5.1 Acometimento da pele............................................................... 30 2.5.2 Histopatologia da pele............................................................... 31 2.5.2.1 A pele..................................................................................... 31 2.5.2.2 A mucosa oral........................................................................ 35 2.5.2.3 A unha.................................................................................... 37 2.5.3 Pele e resposta imunológica..................................................... 39 2.5.4 Pele e HIV................................................................................. 41 2.5.5 Dermatoses e HIV..................................................................... 43 2.5.5.1 Doenças fúngicas................................................................... 46 2.5.5.2 Doenças virais........................................................................ 49 2.5.5.3 Doenças bacterianas.............................................................. 51 2.5.5.4 Doenças neoplásicas.............................................................. 52 2.5.5.5 Doenças induzidas por drogas............................................... 53 2.5.5.6 Lesões eritemato descamativas............................................. 54 2.5.5.7 Lesões pápulo-pruríticas........................................................ 55 3 OBJETIVOS...................................................................................... 56 3.1 Objetivo geral................................................................................. 56 3.2 Objetivos específicos..................................................................... 56 4 METODOLOGIA................................................................................ 57 4.1 Estudo piloto................................................................................... 57 4.2 Tipo de estudo................................................................................ 57 4.3 Local do estudo............................................................................... 58 4.4 População do estudo...................................................................... 58 4.5 Aspectos éticos............................................................................... 59 4.6 Período de coleta de dados............................................................ 60 4.7 Coleta de dados.............................................................................. 60 4.8 Análise dos dados........................................................................... 61 4.9 Cruzamentos................................................................................... 62 4.10 Pesquisa bibliográfica................................................................... 63 5 RESULTADOS.................................................................................. 64 5.1 Análise univariada.......................................................................... 64 5.2 Análise multivariada....................................................................... 73 6 DISCUSSÃO..................................................................................... 74 7 LIMITAÇÕES.................................................................................... 79 8 CONCLUSÃO................................................................................... 80 9 PROPOSIÇÕES............................................................................... 81 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................... 82 ANEXOS APÊNDICES 15 1 INTRODUÇÃO A infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) leva à deterioração progressiva do sistema imunológico, sendo a contagem de linfócitos T Helper CD4+ o marcador de progressão desta imunodeficiência1. A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) representa o estágio final desta infecção2. As doenças dermatológicas estão entre as manifestações mais frequentes da infecção pelo HIV/AIDS. Com efeito, a pele é afetada em quase todos esses pacientes3. Os agressores podem ser fungos, vírus, bactérias ou outros agentes não infecciosos4. Além disso, as doenças dermatológicas podem ser o sinal mais precoce ou ser o único problema sofrido pelo paciente durante parte do curso da infecção pelo HIV3. Por isso, amiúde, o diagnóstico desta doença é suspeitado pela lesão dermatológica apresentada pelo paciente5-6. A apresentação atípica de doenças dermatológicas comuns ou o aparecimento de doenças dermatológicas pouco prevalentes alerta o examinador para a presença de imunodepressão, podendo levar ao diagnóstico do HIV/AIDS e servir como marcadores de progressão da doença7-10. Além disso, graves infecções oportunistas podem apresentar-se primeiramente na pele, sendo tais lesões dermatológicas possíveis marcadores de doenças potencialmente fatais3. Dada a relativa facilidade do exame da pele e pelo fato de o diagnóstico da maioria das doenças dermatológicas ser acessível pela inspeção e biópsia, a avaliação da pele persiste como elemento importante no processo diagnóstico e no acompanhamento dos pacientes infectados pelo HIV7. 16 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Epidemiologia da AIDS A Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida (AIDS/SIDA) foi reconhecida, oficialmente, como nova entidade clínica, em junho de 1981 nos Estados Unidos. Em 1984, demonstrou-se que essa doença estava associada a um retrovírus linfotrópico para células T CD4+, denominado de vírus da imunodeficiência humana (HIV)11-12. Após o surgimento desta infecção nos Estados Unidos, essa doença tornou-se um problema de saúde mundial, sendo notificados, até o ano de 2010, 34 milhões de pessoas portadoras do HIV no mundo13. Em 2010, foram 2,7 milhões de novas infecções registradas mundialmente, uma redução de 21% comparado com o pico em 199714. A prevalência da infecção pelo HIV, na América Latina, segundo o último relatório da UNAIDS/ONUSIDA é de 0,4% em adultos. Já no Brasil, a taxa de prevalência da infecção pelo HIV, na população de 15 a 49 anos, mantém-se estável em 0,6% desde 2004, sendo 0,4% entre as mulheres e 0,8% entre os homens14. De acordo com o último Boletim Epidemiológico (ano base 2010)14 foram notificados (Sinan, SIM, Siscel/Siclom) 608.230 casos de AIDS acumulados de 1980 a junho de 2011, sendo 397.662 (65,4%) no sexo masculino e 210.538 (34,6%) no sexo feminino. Dentre as regiões brasileiras, a Região Sudeste possui o maior número de casos notificados: 343.095 mil casos de 1980 até 2011. E, dentro dessa, Minas Gerais ocupa o terceiro lugar, totalizando 42.283 casos14. 17 Belo Horizonte apresentou uma taxa de incidência de 22,7/100000 habitantes em 2010, ocupando o 17º lugar dentre as 27 capitais brasileiras14. Atualmente, ainda há mais casos da doença entre os homens do que entre as mulheres, mas essa diferença vem diminuindo ao longo dos anos. Esse aumento proporcional do número de casos de AIDS entre mulheres pode ser observado pela razão de sexos (número de casos em homens dividido pelo número de casos em mulheres). Em 1985, para cada 26 casos entre homens, havia um caso entre mulher. Em 2010, essa relação é de 1,7 homens para cada caso em mulheres14. Com relação às faixas etárias, observa-se que a maior proporção dos casos de AIDS está presente entre os 30 e 39 anos de idade (Figura 1). Nos indivíduos infectados pelo HIV, com 60 anos ou mais, verifica-se um aumento importante dos casos em ambos os sexos, entre os anos de 1999 e 200914. Figura 1 - Taxa de incidência (por 100.000 hab.) dos casos de AIDS segundo faixa etária e sexo. Brasil, 2009 FONTE: MS/SVS/Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. NOTAS: Casos notificados no Sinan e registrados no Siscel até 30/06/2010 e no SIM de 2000 a 2009. Dados preliminares para os últimos cinco anos. POPULAÇÃO: MS/SE/DATASUS, disponível em <www.datasus.gov.br> no menu Informações de saúde > Demográficas e socioeconômicas. 18 As vias de transmissão do HIV são sexual, sanguínea e vertical (da mãe para o filho durante a gestação, parto ou por aleitamento). A transmissão ocupacional também pode ocorrer, por acidente de trabalho, em profissionais da área da saúde15. A transmissão sexual é a principal forma de exposição em todo o mundo, sendo, atualmente, a transmissão heterossexual a mais frequente16. Houve evidência da limitação dos casos entre homossexuais sugerindo que a prevenção da infecção do HIV estimulada por programas sociais pode incentivar homens a adotar comportamentos mais seguros17. A contaminação por via heterossexual foi bastante expressiva nos últimos anos, o que influenciou de forma decisiva na feminização da epidemia17. Consequentemente, o aumento dos números de mulheres infectadas levou ao aumento do numero de contaminação por via vertical. Em indivíduos menores de 13 anos de idade, a transmissão vertical aparece como sendo a categoria de exposição predominante ao longo de toda série histórica, com percentuais acima de 85% desde 200614. O coeficiente de mortalidade por AIDS, padronizado em 2009, foi de 6,2 óbitos por 100.000 habitantes, com tendência de diminuição desse coeficiente desde 1997 até 2004, ano em que o coeficiente se estabilizou14 (Figura 2). O Brasil, de modo inusitado, em comparação a outros programas de controle de doenças, tem enfrentado corajosamente a epidemia, com a distribuição de preservativos, a produção local e distribuição de medicamentos anti-retrovirais sem custo adicional para os pacientes, a implantação de rede pública de laboratórios para diagnóstico, acompanhamento de pacientes e suporte para pesquisas. Essas medidas, se não são suficientes para interromper a disseminação da epidemia, têm sido capazes de aumentar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida de pessoas com AIDS, além de possibilitar a melhoria das condições técnico-científicas dos profissionais de saúde18. 19 Figura 2 - Coeficiente de mortalidade (por 100.000 hab.) dos casos de AIDS, segundo região de residência, por ano de diagnóstico. Brasil, 1997-2009 Fonte: Boletim Epidemiológico 201014 Segundo estimativas do UNAIDS/ONUSIDA, um total de 2,5 milhões de óbitos foram evitados em países de renda baixa e média desde 1995 devido à intensificação da terapia antirretroviral. Estima-se que, apenas no ano de 2010, 700 mil óbitos relacionados à AIDS/SIDA tenham sido evitados13. De 1996 a 2002, o investimento total do governo brasileiro com esse tratamento atingiu cerca de US$ 1,6 bilhões, e além do inestimável impacto social ao diminuir a mortalidade, a morbidade, as hospitalizações, os afastamentos e aposentadorias19. Essas diminuições geraram economia estimada em quase US$ 2 bilhões. Hoje, os bons resultados desse programa são reconhecidos internacionalmente, e os índices de transmissão de vírus resistentes são menores do que os dos Estados Unidos20. Ao prover acesso universal aos antirretrovirais (ARV) e a cuidados de saúde adequados em relação à AIDS, ficou demonstrado ser possível para um país em desenvolvimento, mesmo com tantas iniquidades, tratar as pessoas de maneira igual, independentemente de raça, gênero ou poder econômico20. 20 2.2 Fisiopatogenia e estrutura do HIV O vírus da imunodeficiência humana tipo 1 ou HIV-1 (human immunodeficiency virus type 1), responsável pela síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA/AIDS), pertence à família Retroviridae (sub-família Lentivirinae, género dos Lentivírus). Os vírus pertencentes a esta família (retrovírus) têm a sua informação genética codificada em RNA, sendo replicado utilizando DNA como intermediário, através da DNA-polimerase de origem viral denominada transcriptase reversa21. O HIV-1 tem uma forma esférica, com cerca de 100 nm de diâmetro, estando envolvido por uma bicamada lipídica originária da célula em que se deu a replicação viral. Associadas à membrana viral encontram-se duas glicoproteínas: a proteína gp41 ou TM (transmembrane), estando ligada à região externa desta a gp120 ou SU (surface)21. Sob a membrana viral encontra-se uma matriz estrutural, constituída pela associação de proteínas p17 (proteína com 17 kDa) ou MA (matrix). Pensa-se que esta proteína é igualmente necessária para a incorporação de complexo gp120-gp41 quando da formação de novos vírus21. A dupla fita de RNA viral está localizada no centro do vírus, inserido numa cápside em forma de tronco cônico, formada por várias unidades da proteína p24 (também denominada p25) ou CA (capside). Nesta cápside, para além do RNA, localizam-se as enzimas virais e as proteínas acessórias. No primeiro grupo inclui-se a já referida transcriptase reversa, a protease e a integrase. E entre as proteínas acessórias, estão: Nef, Rev, Tat, Vif, Vpr e Vpu21 (Figura 3). O HIV é um vírus citopático e não oncogênico com genoma RNA (ácido ribonucléico) e necessita da enzima transcriptase reversa para se multiplicar. Ela é responsável pela transcrição do RNA viral para uma cópia de DNA (ácido 21 desoxirribonucléico), que, desta forma, pode se integrar ao genoma do hospedeiro22. Figura 3 - Estrutura do vírus da imunodeficiência humana – HIV1. Fonte: patologiaenf.blogspot.com O primeiro passo do processo de infecção de uma célula pelo HIV-1 é a fusão do vírus com a membrana celular. Alguns receptores de quimiocinas, principalmente CCR5 e CXCR4, são imprescindíveis para os passos dessa fusão. Somente após a gp120 se ligar a um desses receptores é que ocorre uma alteração estrutural desta proteína, expondo a gp41, que irá resultar na fusão da membrana celular com o envelope viral22. A gp120 se liga ao receptor CD4, uma glicoproteína existente na superfície de alguns linfócitos T, macrófagos e outras células do sistema imunitário. Após a ligação, dá-se a invasão à célula hospedeira, seguida da maturação e replicação do genoma viral22-23. 22 As poliproteínas e o RNA viral neo formados, se movem para a superfície da célula onde ficam incorporadas aos novos vírus que brotam na membrana celular, levando parte da mesma com eles para formar a camada externa viral. Os vírus recém-formados seriam, no entanto, não infectantes sem a ação de uma terceira e essencial enzima do HIV, a protease, que processa as poliproteínas virais em proteínas e enzimas funcionais24 (Figura 4). Figura 4 - Infecção pelo HIV-1. Ligação da proteína gp120 (envelope viral) com os receptores CD4 CCR5 (célula hospedeira) - Fase 01. Citoplasma, transcrição reversa de fitas de DNA complementares ao RNA viral pela transcriptase reversa - Fase 02. Núcleo, inserção do DNA pró viral ao DNA da célula hospedeira, (Integrase do HIV) - Fase 03. Ativação celular, transcrição de cópias do RNA viral (RNA polimerase humana), síntese de proteínas e glicoproteínas virais bem como a cópias integras do RNA genômico do HIV - Fase 04. Por fim, empacotamento do RNA viral seguido de brotamento da célula hospedeira - Fase 05, dando início à disseminação de novas células. Fonte: Andrade (2012)25 23 2.3 História natural e diagnóstico do HIV A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) desencadeia um processo ativo de replicação viral que, embora podendo decorrer com fases assintomáticas, está associado a uma imunodeficiência progressiva, sendo sempre uma doença crônica e potencialmente letal26. Cerca de duas a três semanas após a infecção pode ocorrer a síndrome viral aguda (SVA), quando há a propagação da infecção aos órgãos linfóides regionais, condicionando alto risco de transmissibilidade, disseminação generalizada, acometimento extensivo dos órgãos linfóides e criação de reservatórios latentes em linfócitos T CD4 de memória. A duração deste quadro clínico pode variar de uma a dez semanas. No início, a infecção se assemelha a mononucleose infecciosa, evoluindo para uma viremia plasmática elevada e queda transitória de TCD4+27. Sabe-se que a maioria dos linfócitos do corpo humano está contida no trato gastro-intestinal (TGI) e, durante a fase aguda da infecção, a maioria das células T CD4+ do trato gastrointestinal são perdidas, como resultado da intervenção direta do vírus. Esta perda mantém-se durante todo o curso da infecção e representa um violento "ataque" ao sistema imunitário28. Contudo, a contagem das células T CD4+ do sangue periférico não apresenta um declínio tão acentuado (Figura 5). A enteropatia, que pode ocorrer desde a fase aguda até a fase mais avançada da infecção, leva a sintomas como diarréia, aumento da inflamação do TGI, aumento da permeabilidade intestinal e síndrome de má absorção29. Segue-se, didática e esquematicamente, a infecção crônica assintomática, com duração média de 8-10 anos. Quando, no final deste período, a infecção HIV se torna sintomática, seja pela própria infecção HIV ou pelo aparecimento das infecções e tumores oportunistas (fase de AIDS propriamente dita)30. 24 Figura 5 - Curso da infecção HIV. Fonte: www.new-science-press.com30 O diagnóstico clínico da infecção pode passar despercebido, uma vez que a infecção possui clínica não específica, ou mesmo ausência de sintomas31, exigindo exames de identificação de antígenos específicos para o diagnóstico. O fluxograma do diagnóstico utilizado no Brasil encontra-se na figura 6. Para estimar o prognóstico e avaliar a indicação de início da terapia monitorase a evolução da contagem de linfócitos T CD4+ e a quantificação plasmática da carga viral do HIV. A contagem de linfócitos TCD4+ é utilizada internacionalmente como padrão para monitoramento do estado imunológico dos indivíduos e define os estágios da doença (Figura 7)32. Ressalte-se que apenas a contagem de linfócitos TCD4+ não é suficiente para o diagnóstico. É necessário, ainda, a confirmação com dados clínicos característicos da doença, já que, outras condições causadas por diversos agentes podem levar a um quadro semelhante31. 25 Figura 6 - Fluxograma para diagnóstico de infecção pelo HIV. Fonte: BRASIL(2008)31 A quantificação da carga viral serve como um marcador de risco futuro da diminuição dos linfócitos TCD4+. Assim, quanto mais alta a carga viral mais rápida será a queda dos níveis de linfócitos TCD4+31. 26 Figura 7 - Estágios da infecção pelo vírus HIV, segundo CDC. Fonte: http://www.cdc.gov 33 2.4 Tratamento da AIDS Desde 1996, ano da publicação da Lei 9.313, o Ministério da Saúde vem garantindo o acesso ao tratamento anti-retroviral (ARV) a todas as pessoas que vivem com HIV e que tenham indicação de recebê-lo, conforme as recomendações terapêuticas vigentes no Brasil34. Definir o melhor momento para iniciar o tratamento anti-retroviral é uma das mais importantes decisões no acompanhamento de uma pessoa infectada pelo HIV. Apesar dos benefícios do diagnóstico precoce estarem claramente demonstrados, muitos pacientes têm acesso tardio ao diagnóstico da infecção, o que determina pior prognóstico32. Os principais objetivos do tratamento anti-retroviral são: Reduzir morbidade e mortalidade associadas ao HIV; Melhorar a qualidade de vida; 27 Preservar e quando possível restaurar o sistema imunológico; Suprimir de forma sustentada a replicação viral32. O benefício da terapia anti-retroviral altamente ativa já foi claramente demonstrado em pacientes com doença sintomática avançada e naqueles que, apesar de assintomáticos, apresentam imunodeficiência acentuada expressa na contagem de linfócitos T-CD4+ abaixo de 200/mm³32. As indicações para o início do tratamento estão demonstradas na tabela abaixo na figura 8: Figura 8 - Recomendações para início de terapia anti-retroviral. Fonte: Recomendações para Terapia Anti-retroviral em Adultos Infectados pelo HIV: 2008. Ministério da Saúde, Brasil32. O conhecimento da dinâmica viral e o surgimento de métodos laboratoriais capazes de mensurar a quantidade de vírus circulante no plasma (carga viral) tornaram possíveis a monitorização confiável e objetiva da evolução e do tratamento da infecção pelo HIV34. O ciclo de replicação do HIV apresenta diversos eventos exclusivamente relacionados aos componentes virais, que podem ser utilizados como alvos para a intervenção quimioterápica23. 28 Atualmente, para o tratamento do HIV dispõe-se das seguintes classes de ARV: inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos (ITRNs) inibidores da transcriptase reversa não análogos de nucleosídeos (ITRNNs) inibidores da protease (IPs) inibidor da integrase antagonistas de CCR5 inibidores de fusão (IsF)34 Os inibidores da transcriptase reversa foram a primeira classe de fármacos, introduzidos como agente ARV para o tratamento do HIV e tem sido a base da terapia anti-HIV35. Para o vírus se tornar infeccioso é essencial que as novas proteínas virais sejam cortadas pelas proteases, e estruturadas corretamente. Os inibidores da protease ligam-se às proteases impedindo os novos vírus de amadurecer e de infectar outras células. A partir do momento em que assumem a sua posição, os inibidores da protease não abandonam o local, tornando a protease inativa36. A enzima integrase (IN) do HIV é um importante alvo para o desenvolvimento dos antirretrovirais, pois possui a vantagem de não apresentar qualquer homólogo celular, o que possibilita o desenvolvimento de antirretrovirais com melhor perfil de efeitos adversos. A grande vantagem do desenvolvimento de inibidores de integrase é que esta enzima possui regiões muito conservadas e a maior desvantagem é que a substituição de apenas um ou dois aminoácidos da IN pode conferir um alto grau de resistência36-37. Com os recentes avanços no conhecimento molecular da interação do vírus com a célula, novas drogas surgiram e são conhecidas como os inibidores de entrada: os antagonistas de CCR5, e os inibidores de fusão (IsF)37. 29 Estudos permitiram descobrir os dois principais correceptores para quimiocinas na superfície celular dos linfócitos utilizados pelo HIV durante o processo de entrada na célula, sendo eles os correceptores CCR5 e CXCR4. Hoje, sabe-se o que o vírus usa estes receptores para iniciar a interação vírus-célula. Sabese, também, que nenhuma estirpe do vírus consegue fazer esta ligação sem os receptores CCR4 e CC5, assim estes são atualmente os principais alvos terapêuticos37. Além disso, para completar o processo de entrada do HIV na célula-alvo é necessário que ocorra a fusão entre o envelope e a membrana celular, sendo a glicoproteína gp41 a principal responsável por este processo37. As drogas antirretrovirais da classe dos inibidores da transcriptase reversa disponíveis são: Zidovudina, Didanosina, Zalcitabina e Estavudina. Já os medicamentos da classe dos inibidores da transcriptase não nucleosídeos disponíveis são: Nevirapina e Efavirens. As drogas da classe dos inibidores de proteases são: Indinavir, Ritonavir, Nelfinavor e Amprenavir. Até o momento a única droga disponível da classe dos inibidores de fusão é o Enfurvitride, do inibidor de CCR5 é o Maraviroc e dos inibidores de integrase o Raltegravir36-37. A disponibilidade de diferentes classes de drogas ARV e o uso, em combinação, de três ou mais delas, transformou o tratamento dos indivíduos com AIDS, de tal modo que a morbidade e mortalidade declinaram entre 60% e 80%38. Atualmente recomenda-se iniciar o tratamento do paciente com AIDS com: dois Inibidores da Transcriptase Reversa Análogos de Nucleosídeos (ITRN) associados a um Inibidor de Transcriptase Reversa Não-análogo de Nucleosídeo (ITRNN) ou a um Inibidor da Protease reforçado com ritonavir (IP/r) (Nível de evidência 1ª, Grau de recomendação A)32. 30 Figura 9 - Esquemas preferenciais para terapia inicial. Fonte: Recomendações para Terapia Anti-retroviral em Adultos Infectados pelo HIV: 2008. Ministério da Saúde, Brasil32. Por fim, cabe ressaltar, que os primeiros seis meses de terapia antirretroviral correspondem a um período crítico para o futuro do tratamento, e o apoio é fundamental e deve ser dado de forma individualizada conforme as necessidades de cada paciente, visando à adesão ao tratamento para prevenir a resistência dos fármacos32. 2.5 Dermatoses Mucocutâneas e Infecção pelo HIV 2.5.1 Acometimento da pele Durante a infecção pelo HIV ou na fase AIDS a pele dos pacientes é um dos órgãos mais comumente afetados. A infecção pelo vírus causa um declínio gradual na contagem de linfócitos TCD4+, e quanto menor o número, maior a chance de o paciente contrair infecções fúngicas, virais e bacterianas além de desenvolver doenças inflamatórias da pele5, 8. Atualmente, cerca de 90% dos pacientes portadores do vírus HIV desenvolvem sinais e sintomas muco cutâneos39. 31 Além da frequência aumentada, as manifestações cutâneas podem alertar para o diagnóstico da infecção pelo vírus nos casos em que a imunidade ainda está preservada, podendo citar, como exemplo, casos de herpes zoster, bem como refletir o estado imunológico do paciente, uma vez que são vistas em todos os estágios da doença40. 2.5.2 Histologia da pele 2.5.2.1 A Pele A pele é o maior órgão o corpo humano e representa cerca de 15% do peso corporal do adulto. Exerce várias funções relacionadas à proteção contra agressões externas de origem física, química e biológica, devido a sua estrutura complexa que associa tecidos de várias origens embriológicas41. A estrutura da pele (Figura 10) é constituída por três camadas de tecidos: a epiderme, a derme e a hipoderme ou tecido celular subcutâneo42. A epiderme é constituída por epitélio estratificado, que, dependendo da região corporal, apresenta diferentes espessuras. Varia de 0,04 mm nas pálpebras até 1,6 mm nas regiões palmo-plantares43. Ela se divide nas camadas: basal, espinhosa, granulosa, lúcida e córnea (Figura 11)42. A basal é a mais profunda, composta por uma única fileira de ceratinócitos justapostos, a maioria com capacidade de multiplicação42. A camada espinhosa se apresenta com os ceratinócitos dispostos em camadas, representando 90-95% do total das células, enquanto que os 5 a 10% restantes são compostos pelas células de Langerhans e melanócitos42. 32 À medida que vai se aproximando da superfície, há a camada granulosa, formada por algumas fileiras de células que se apresentam com o citoplasma repletos de grânulos basofílicos de cerato-hialina42. Figura 10 - Estrutura esquemática da pele. Fonte: www.saudetotal.com.br44 E mais externamente, a camada córnea, conferindo o limite entre o indivíduo e o meio externo, com células achatadas e anucleadas44. Entre a camada granulosa e a camada córnea, nas regiões palmo-plantares, pode-se encontrar a camada lúcida, também composta por células achatadas e anucleadas que não se coram pelos métodos de rotina42. 33 A segunda camada da pele, a derme, é composta por um denso estroma fibroelástico composto por vasos, nervos e estruturas anexiais da pele (glândulas sudoríparas, sebáceas, e folículos pilosos)42. Figura 11 - As camadas da epiderme. Fonte: www.stockphoto.uk45 Ela tem espessura variável e está dividida em três porções: derme papilar, perianexial e reticular42. A derme papilar possui finas fibras colágenas dispostas verticalmente, fibras elásticas, numerosos fibroblastos e projeções cônicas alternadas com a epiderme, aumentando a superfície de contato entre elas e permitindo a adesão entre as duas camadas. A derme perianexial encontra-se próxima aos anexos, e é semelhante à derme papilar. A derme reticular é a porção mais espessa, com feixes colágenos mais grossos e dispostos horizontalmente43 (Figura 12). A terceira camada da pele, hipoderme, é formada por lóbulos de adipócitos, delimitados por septos de colágeno com vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. É responsável pelas funções de isolamento térmico, reserva de energia, proteção mecânica contra pressões e traumas externos43 (Figura 13). 34 Figura 12 - Histopatologia da derme. Fonte: www.stockphot.uk 45 Figura 13 - Figura esquemática da hipoderme. Fonte: www.saudetotal.com.br44 Devido à complexa estrutura da pele e as suas propriedades físicas, químicas e biológicas, ela é considerada um órgão com funções diferentes e muito importantes, como: proteção física, proteção imunológica, termorregulação, percepção, secreção, excreção e metabolização42. 35 2.5.2.2 A Mucosa oral A mucosa oral consiste em uma barreira física associada a fatores imunológicos que previnem a invasão de organismos patogênicos46 (Figura 14). Sua histopatologia difere em alguns pontos da pele normal, sendo funcionalmente dividida em 3 tipos: Mucosa de revestimento (mucosa labial, mucosa jugal, mucosa alveolar, platô mole, assoalho da boca e ventre da língua). Mucosa mastigatória: palato duro, mucosa gengival. Mucosa especializada: dorso da língua (papilas). A epiderme da mucosa na cavidade oral também é constituída por epitélio estratificado queratinizado e não queratinizado. Já a derme da mucosa oral, ao contrário da pele, é bastante vascularizada, com grande permeabilidade e não apresenta divisão entre derme papilar e derme reticular. Essa característica da derme facilita o contato com antígenos inofensivos e potencialmente prejudiciais com as células do sistema imunológico46. A transmissão do vírus HIV através da mucosa oral é um evento raro. Ela representa uma barreira física e contém elementos imunológicos que previnem a invasão de patógenos46. Essa defesa se deve à imunidade secretória das glândulas salivares, da mucosa oral e das tonsilas palatinas, ao fluxo sanguíneo aumentado e a fatores da imunidade inata da saliva46. Nas fases iniciais da infecção pelo HIV, as funções de imunidade humoral, celular e inata estão mantidas, no entanto, elas podem diminuir com a cronicidade da infecção e desenrolar da doença46. 36 Figura 14 - Mucosa oral e mecanismo imunológico: indutores locais e de ação na mucosa oral. (a) Como o clássico tecido linfóide associado a mucosa (MALT) definido como indutor da resposta imune local está ausente na mucosa oral, foi levantada a hipótese de que as células dendriticas (DC) presentes no epitélio captariam antígenos para realizar amadurecimento parcialmente e migrar para a lâmina basal, onde os antígenos seriam apresentados, nos focos linfóides bucal, às células T para diretamente induzir uma resposta efetora (i) em outro mecanismo as células dendriticas (DCs) migrariam para órgãos linfóides regionais, tais como amígdalas para induzir respostas imunitárias efetoras. Abreviações: B, linfócito B, DC, célula dendrítica; FDC, célula dendrítica folicular; HSP, heat shock protein; IgA, imunoglobulina A; MC, macrófago; P, células plasmáticas; T, linfócitos T; Th1, T helper 1; Tr, T reg. Fonte: Novak (2008)46 37 2.5.2.3 A unha A principal função da unha é a proteção da extremidade distal dos dedos contra traumatismos e a preservação do tato dos quirodáctilos42. Ao examinar a unha num corte longitudinal temos: a lâmina ungueal, a prega ungueal proximal, a matriz, o leito e o hiponíquio (Figura 15). A prega ungueal proximal apresenta epitélio dorsal e ventral. A superfície dorsal contém glândulas sudoríparas, mas é desprovida de unidades pilo-sebáceas42. Figura 15 - Estrutura esquemática da unha. Fonte:http://www.auladeanatomia.com47 A epiderme apresenta as quatro camadas habituais e a relação cone/papila está preservada. O epitélio ventral é cornificado, também com as quatro camadas, porém é mais fino, retificado, sem quaisquer apêndices epidérmicos. A camada córnea originada desse epitélio constitui a cutícula, que, funcionando como selo, previne a entrada de bactérias e de umidade48. A matriz ungueal é um epitélio germinativo, espesso, sem interposição de camada granulosa, com cones largos que se voltam para baixo e para a porção 38 proximal. A matriz é dividida em três zonas: a proximal, a intermediária e a distal, fazendo parte desta última, a lúnula49 (Figura 16). Figura 16 - Micrografia do desenvolvimento da falange distal dos dedos da mão (DP). Notar a cutícula (E), a unha (N) e o hiponíquio (H), que corresponde a parte da ponta da unha que une esta à pele na ponta dos dedos. Coloração: HE. Aumento: 40X Fonte: Sá et al. (2012)50 A lúnula é parte visível da matriz, em formato de meia lua, e apresenta as mesmas características desta. Na matriz, os melanócitos estão presentes, mas são pouco numerosos. A densidade é menor na matriz proximal, talvez pela proteção à exposição aos raios ultravioleta dada pela prega proximal. Células de Langerhans e de Merkel também têm sido identificadas nessa localização49. O epitélio do leito ungueal repousa abaixo da lâmina ungueal e é limitado na porção distal pelo hiponíquio e na porção proximal pela matriz. Ele não apresenta células granulosas, é relativamente fino e, nos cortes sagitais, contém poucas células paraceratóticas. Nos cortes transversais, apresenta-se firmemente aderido à derme subjacente por longos e estreitos cones epidérmicos, interpostos às papilas dérmicas48. 39 O hiponíquio é queratinizado, apresentando camada de células granulosas e camada córnea espessa e compacta. A derme é altamente vascularizada e suprida por artérias digitais. Existem numerosos corpos glômicos que, funcionando, como shunts arteriovenosos, regulam a temperatura dos dedos. Terminações nervosas são também numerosas. A derme repousa diretamente sobre a falange distal, sem interposição de tecido celular subcutâneo51. 2.5.3 Pele e resposta imunológica Os elementos que participam do processo de defesa da pele contra agentes infecciosos são os ceratinócitos e as células de Langerhans52. Os ceratinócitos possuem a capacidade de secretar inúmeras citocinas, ativando e recrutando células inflamatórias e linfócitos para a pele. Já as células de Langerhans fagocitam desde partículas proteicas inanimadas até vírus, bactérias ou qualquer outro microorganismo invasor52. Após a fagocitose a célula de Langerhans realiza a apresentação do antígeno aos linfócitos no linfonodo regional, dando início ao desenvolvimento de imunidade específica protetora, tolerância ou hipersensibilidade53. A resposta mediada pelos linfócitos T CD4+ é responsável pela efetividade no mecanismo de defesa contra agentes intracelulares, como vírus, bactérias intracelulares, protozoários e fungos. A citotoxicidade mediada por células CD8+ e a secreção de citocinas pelos linfócitos T CD4+ pode exercer sua função ativando macrófagos com o objetivo de destruir os agentes intracelulares52 (Figura 17). A população de linfócitos T CD4+ é heterogênea, constituindo-se de três subpopulações: as células Th1, Th2 e Th17. A subdivisão dos linfócitos T CD4+ tem contribuído para o entendimento da imunopatogênese da maioria das doenças infecciosas54. 40 Figura 17 - Subpopulações das células T CD4+ e principais citocinas produzidas. Fonte: Janeway (2004)55 Há grande importância no conhecimento da resposta Th1, que potencializa a fagocitose pelo estímulo do IFN-γ, e Th2, que leva a estimulação crônica de linfócitos T através de IL-10 e IL-4, ambas interferindo na defesa do hospedeiro contra as infecções52. A resposta Th1 relaciona-se com a defesa contra protozoários, bactérias intracelulares e vírus, enquanto a resposta Th2 é mais efetiva contra os helmintos e bactérias extracelulares. Essas respostas são também antagônicas, visto que o IFN-γ modula negativamente a resposta Th2, e a IL-4 e a IL-10 modulam negativamente a resposta Th1, permitindo uma resposta imunológica balanceada54. A subpopulação formada pelo Th17 produz IL-17 que é altamente próinflamatória, havendo a expressão de citocinas como a IL-6 e TNF, além de quimiocinas e metaloproteinases. Estimula a autoimunidade e resposta contra fungos e bactérias que não são cobertos pelos padrões Th1 e Th2, sendo sua ação inibida pelo IFN-γ e pela IL-454, 56. 41 2.5.4 Pele e HIV A imunidade inata e a imunidade adaptativa são responsáveis pela resposta imune a agentes infecciosos, em situações fisiológicas. As barreiras naturais como pele, mucosas e tecido linfóide, as células imunocompetentes circulantes, e o sistema complemento constituem os elementos da resposta inata. Já a produção de anticorpos e citocinas por linfócitos T CD4+ e CD8+ e linfócitos B relaciona-se com resposta imune adaptativa52, 56. Na fase inicial das infecções virais, o controle dessas infecções é feito pelos interferons tipo I (IFN-α e IFN-β), pelos macrófagos e pelas células NK57. Os interferons tipo I são produzidos por células infectadas por vírus e, ao interagir com uma célula não infectada, têm a propriedade de protegê-la contra a infecção, além de colaborar com a resposta imune adaptativa. O IFN-γ também atua contra as infecções virais mediante a ativação dos macrófagos com destruição dos vírus e também das células NK (células citotóxicas naturais), as quais, pela liberação de granzima e perfurina, destroem as células infectadas57. Adicionalmente, a IL-12 possui participação importante na fase inicial, sendo produzida por macrófagos e outras células apresentadoras de antígenos, estimulando as células NK a exercer citotoxicidade e a produzir mais IFN-γ, que por sua vez aumenta o potencial microbicida dos macrófagos57. A imunidade adaptativa contra os antígenos virais ocorre com ativação de células TCD8+ que vão exercer citotoxicidade pelo reconhecimento de antígenos virais via MHC classe I nas células alvo, e conseqüente liberação de granzima e de perfurinas com lise das células infectadas e também dos vírus. Durante a resposta imune adaptativa há também ativação das células TCD4+, que vão colaborar com as células B na produção de anticorpos57. 42 O vírus da imunodeficiência humana infecta, predominantemente, os linfócitos T CD4+, e a destruição destas células pode ocorrer pelo efeito citopático do vírus e por um aumento da apoptose dessas células que, por expressarem antígenos virais no nível da membrana, podem ser destruídas por citotoxicidade mediada pela célula T CD8+, fenômeno que também está relacionado com a redução das células CD4+55 (Figura 18). Figura 18 - Os diversos mecanismos de atividade antiviral na imunidade inata. Fonte: Dermatologia (2004)55 A resposta imune está intimamente ligada aos linfócitos T CD4+, uma das células mais importantes na cooperação desta resposta. A diminuição numérica dos linfócitos T CD4+ e a alteração de sua função levam a uma supressão da resposta imunológica, a qual está associada predominantemente com a diminuição de IL-2, IFN-γ e TNF-α56. Diante do exposto, em pacientes soropositivos para HIV, as principais infecções oportunistas estão relacionadas a agentes intracelulares, tais como: M. tuberculosis, P. carinii, citomegalovírus, C. albicans e criptosporidium. O mecanismo de defesa contra os agentes bacterianos extracelulares mantémse, em parte, sem prejuízos porque na infecção pelo HIV os linfócitos B de memória estão funcionando, anticorpos são produzidos52. Observa-se em pacientes adultos soropositivos para HIV a ausência de maior susceptibilidade para infecções bacterianas extracelulares. Isto se deve ao 43 repertório de anticorpos já produzido por células B e dependente de células T existente antes da infecção pelo HIV. Já as crianças infectadas desenvolvem alteração do funcionamento das células TCD4+ precocemente, sendo a cooperação celular prejudicada e a síntese de anticorpos realizada de forma anormal. Por esta razão, infecções por bactérias extracelulares são comuns em crianças com HIV52. Durante a infecção pelo HIV, os pacientes apresentam tendência à conversão da resposta imunológica do padrão TH1 para Th258. A predominância do Th2 desencadeia hipergamaglobulinemia e, pela produção de IL-4 e IL-5, e eosinofilia, causando manifestações alérgicas, dermatites e infecções de vias aéreas59-60. 2.5.5 Dermatoses e HIV A pele é o órgão mais acometido nos pacientes infectados pelo vírus HIV. Diversas lesões infecciosas e não-infecciosas desenvolvem-se durante o curso da infecção pelo HIV e algumas delas têm sua importância destacada5, 10, 61. O primeiro motivo é que as lesões de pele podem manifestar-se como o único agravo no início do curso da doença. Além disso, elas, muitas vezes, podem ser debilitantes ou desfigurantes, levando a uma diminuição na qualidade de vida dos pacientes5, 10, 61-62. Outro ponto a se destacar é que as doenças mucocutâneas podem aparecer de forma atípica, de difícil diagnóstico específico apenas pela inspeção da lesão e ainda apresentar uma resposta terapêutica menor que a esperada1, 60. Muitas dermatoses, pouco prevalentes ou atípicas na população, podem alertar o examinador para o grau de imunossupressão do paciente, levando-o ao diagnóstico da infecção pelo HIV, na fase infecção ou na fase doença8. 44 Além do diagnóstico, o surgimento das lesões mucocutâneas pode indicar a progressão da infecção pelo HIV, ou ainda, o aparecimento de infecções oportunistas da pele podem justificar o início do tratamento antiretroviral7-9. Portanto, as dermatoses, em pacientes infectados pelo HIV, são de suma importância e, em alguns casos, podem representar a mais debilitante condição do paciente1, 63-64. Os principais grupos de agentes etiológicos destas dermatoses são fungos, vírus, bactérias e ectoparasitas, além destes, doenças cutâneas nãoinfecciosas também podem se destacar durante o curso da infecção pelo vírus HIV4, 65-66. A avaliação da pele, órgão mais visível e extenso do corpo humano, persiste como elemento importante no diagnóstico e acompanhamento dos pacientes infectados pelo HIV53, visto que frequentemente nela podem surgir manifestações de doenças internas e de graves infecções oportunistas que podem evoluir para doenças potencialmente fatais3, 7. Embora a terapia HAART tenha proporcionado um acentuado decréscimo da ocorrência das infecções oportunistas e do sarcoma de Kaposi, a maior parte das lesões inflamatórias relacionadas à infecção pelo HIV permanece constante67-68. A maioria das manifestações dermatológicas, associadas à infecção pelo HIV, é considerada marcador da progressão da infecção, porém, a patogênese de algumas delas não está completamente definida69. Estudos recentes sobre a patogênese sugerem que não apenas o declínio da contagem linfócitos T CD4+, mas, também, a mudança do perfil das citocinas das células Th2, o mimetismo molecular e uma maior expressão de superantígenos são decisivos no desenvolvimento das lesões dermatológicas na infecção pelo HIV70-71. 45 Alguns estudos evidenciaram que as lesões orais são mais comuns em pacientes soropositivos para HIV com contagem de linfócitos T CD4+ menores que 200 cel/mm3. Estes relatos mostraram diferença estatística significativa na média de linfócitos CD4+ entre pacientes com ausência ou presença das manifestações orais, como candidíase e leucoplasia oral72-73. Além dos mecanismos citados, deve-se ressaltar, também de forma importante, que há evidências da associação de produtos de genes ligados ao HIV responsáveis pela patogênese das lesões dermatológicas primárias em pacientes soropositivo para HIV, na fase doença74 (Figura 19). Figura 19: HIV-1- Alterações imunológicas na pele. Representação gráfica dos processos imunológicos de linfócitos T e as mudanças subseqüentes no perfil de citocinas após morte de células Th1. Na patogênese de desordens dermatológicas em pacientes com infecção pelo HIV-1, destaca-se a apresentação do vírus ao linfócito T CD4+ por uma célula dendrítica et al. (2011) Fonte: Cedeno-Laurent74 46 2.5.5.1 Doenças fúngicas A infecção fúngica tem sido considerada a mais comum entre as doenças de pele nos pacientes infectados pelo vírus HIV74-79. Pesquisas demonstraram que 87% das doenças mucocutâneas têm como agente etiológico os fungos e dentre as doenças micóticas diagnosticadas, candidoses e dermatofitoses corresponderam a 47% e 30%, respectivamente80. Nas últimas décadas, as doenças causadas por fungos tornaram-se de grande importância na saúde pública, devido ao uso indiscriminado de drogas antibacterianas e imunossupressoras. Pacientes que apresentam alteração da microbiota ou mecanismo de defesa comprometido, como os pacientes HIV+, são mais susceptíveis às infecções de origem fúngica81-82. A maioria dos fungos causa doença limitada, sem maiores repercussões clínicas. Um grande número de espécies podem causar doenças no ser humano, porém entre os fungos que mais estão associados com morbidade no Brasil destacam-se: a Candida albicans, o Criptococcus neoformans e o Paracoccidiodis brasiliensis82. A infecção por Candida spp. causa, habitualmente, infecções leves e sem maiores consequências, mas em pacientes infectados pelo HIV além da alta prevalência da infecção oral por Candida spp., também ocorre envolvimento de esôfago, estômago e intestino, sendo comuns infecções recorrentes 95 . Esse fungo oportunista surgiu como causa importante de morbimortalidade em imunocomprometidos82. Manifestações orais são frequentes em pacientes soropositivos para HIV e podem servir para monitorar o estado imunológico. Conforme vários estudos, a doença dermatológica mais frequente, independente de sexo, faixa etária ou contagem de linfócitos T CD4+, é a candidose oral62, 66 74, 83 76, 78, 84-85. 47 Dentre as diversas formas de candidose, a pseudomembranosa mostra maior associação com menor contagem linfócitos T CD4+. Patton (2000) observou em seu estudo valor preditivo positivo de 60,5%, sensibilidade de 58,2% e especificidade de 70,8% para a presença de lesões orais em pacientes HIV+. A candidose pseudomembranosa apresentou valor preditivo positivo e 86 especificidade em 90% e 98%, respectivamente . Outras manifestações de candidose nesses pacientes incluem: paroníquia crônica e onicomicose, candidose vaginal, balanite e lesões de intertrigo com pústulas-satélite características. Disseminação sistêmica é raramente vista87. O fungo dermatófito é considerado um parasita, possui um mecanismo de ação ceratolítica e tem como característica a colonização de pêlos, unhas e estrato córneo da pele. Algumas infecções da pele e anexos são causadas por este tipo de agente e são denominadas dermatofitoses88. A dermatofitose é a segunda manifestação fúngica mais frequente, observada em muitos dos casos estudados74, 89-91 , e pode apresentar, nos pacientes infectados pelo vírus HIV, características especiais, como o comprometimento de áreas extensas, evolução mais rápida e necessidade de tratamento sistêmico neste tipo de infecção 81, 77. A prevalência das dermatofitoses variou de 3,6% a 84% em diferentes trabalhos 79, 92 predominando as tinhas dos pés, crural, do corpo e das unhas. Quanto às onicomicoses, há relatos na literatura que demonstram prevalência de 15% a 40% em pacientes portadores de HIV 80 93 94 . A micose ungueal relacionada à infecção pelo HIV caracteriza-se pela maior frequência de aspectos clínicos incomuns e resistência ao tratamento convencional 93, 95. O Trichophyton rubrum tem sido relacionado em vários trabalhos como principal agente causal de onicomicose em HIV-positivos sendo a onicomicose branca superficial a principal característica clínica 93. 48 Além dos dermatófitos, as leveduras, especialmente as pertencentes ao gênero Candida, podem ser responsáveis pelas micoses ungueais. O estado imunocomprometido do indivíduo pode ser o responsável pelas diferentes espécies de fungos oportunistas isoladas 93, 96. Entre as alterações ungueais mais frequentes estão a hiperceratose, o descolamento ungueal proximal, a reação inflamatória comprometendo as dobras periungueais (paroníquia) e o aparecimento de manchas brancas na superfície da unha (leuconíquia) 93. Portanto, como diversos agentes podem ser responsáveis por diferentes formas clínicas das alterações ungueais, o exame micológico pode possibilitar o direcionamento do tratamento 93. As infecções pitirospóricas, causadas principalmente pelos fungos do gênero Malassezia, podem manifestar-se como pitiríase versicolor, às vezes com quadros muito extensos, ou como foliculite pitirospórica. Esta última se caracteriza por pápulas e/ou pústulas habitualmente pruriginosas na porção superior do tronco e proximal dos membros superiores87. São extremamente frequentes nos pacientes com AIDS, chegando a 90% em alguma fase de sua evolução42. Outras manifestações cutâneas causadas por fungos podem ser encontradas nos pacientes soropositivos para HIV, como lesões de histoplasmose, criptococose, esporotricose e paracoccidioidomicose42. A histoplasmose disseminada pode acometer a pele com lesões variáveis e inespecíficas entre 10% a 17% dos casos, principalmente em pacientes com imunossupressão grave97. As principais lesões cutâneas são mais comuns na face e extremamente polimórficas, podendo apresentar-se como: máculas, pápulas, nódulos, pústulas e lesões nódulo tumorais, entre outras87. 49 A criptococose geralmente manifesta-se no paciente portador do vírus HIV como infecção do sistema nervoso central (SNC). Nos quadros disseminados, as lesões da pele ocorrem de 10 a 15% das vezes. Essas lesões habitualmente apresentam-se como pápulas e nódulos com umbilicação e posterior ulceração central, às vezes com necrose. Podem ser bastante semelhantes às lesões do molusco contagioso e predominam na face87. A esporotricose e a paracoccidioidomicose, também estão entre as micoses encontradas nos pacientes HIV positivos e podem se manifestar de uma forma mais exuberante que na população geral87. 2.5.5.2 Doenças virais O herpes simples é muito frequente nos indivíduos HIV positivo98. A reativação de infecções latentes ocorre com maior frequência42 e pode causar dificuldade diagnóstica dependendo do grau de imunossupressão85. As lesões se apresentam, no início da doença, como vesículas agrupadas, semelhantes às observadas no indivíduo imunocompetente. Com o comprometimento da imunidade, as lesões podem se tornar ulceradas, grandes, dolorosas e disseminadas pelo tegumento97, 99. Herpes zoster é considerado marcador clínico precoce de infecção pelo HIV. Mais de 15% dos pacientes que desenvolvem AIDS apresentam história pregressa de reativação deste vírus87. A patogenia está relacionada com a imunidade celular do indivíduo100-101. É uma infecção viral aguda causada pela reativação do vírus varicela-zoster dos gânglios sensitivos levando a lesões cutâneas vesico-bolhosas, dolorosas, no trajeto da raiz nervosa acometida. Nos portadores do HIV, o herpes zoster apresenta-se com maior frequência num dermátomo, mas pode surgir em 50 vários deles, recorrer no mesmo trajeto nervoso ou estar disseminado102-103. A forma disseminada é uma manifestação frequente na AIDS, recidivante e, geralmente, relacionada ao declínio do estado imunológico66, 104. A leucoplasia pilosa oral é caracterizada por lesões infiltrativas e esbranquiçadas na face lateral da língua, correlacionadas à presença do vírus Epstein Barr105. Esta afecção é considerada um indicador sensível e, possivelmente, específico da infecção pelo HIV e altamente preditiva para o desenvolvimento da AIDS98. Sua prevalência foi de 19,5% num estudo conduzido por Gasparin et al. – 2009106. O molusco contagioso é uma infecção viral causada por um poxvírus, habitualmente autolimitada e com predomínio na infância. Caracteriza-se clinicamente por pequenas lesões pápulo-umbilicadas indolores. A imunossupressão adquirida permite que as lesões do molusco contagioso se caracterizem, por vários meses de evolução, pelo aumento dramático em número e tamanho e pela localização na face e região genital71. O papilomavírus humano (HPV) tem prevalência aumentada nos pacientes infectados por HIV e corresponde à doença sexualmente transmissível mais frequente nesta população. Clinicamente, as lesões cutâneas são as verrugas vulgares e planas. Nos pacientes imunossuprimidos, as verrugas podem ser mais extensas e numerosas, além de apresentar caráter recidivante. O curso clínico da infecção anogenital pelo HPV é mais agressivo, com lesões gigantes e refratárias ao tratamento42. O vírus HPV também pode se relacionar com neoplasias anogenitais100. A prevalência de neoplasia intra-epitelial cervical é maior do que na população geral e aumenta com a diminuição da contagem de células CD487. 51 2.5.5.3 Doenças bacterianas Os pacientes soropositivos para o vírus HIV podem apresentar infecções bacterianas na pele devido a diferentes fatores, como: imunossupressão, lesões da barreira mecânica da pele e/ou mucosas além do uso de medicamentos antirretrovirais que pode produzir neutropenia42. O impetigo, ectima, foliculite, furúnculo, e quadros similares, são os quadros de infecções bacterianas mais comumente encontrados na população portadora do vírus HIV87. Staphylococcus aureus é a bactéria mais associada às infecções nestes indivíduos87. Estudos apontam que a pele dos pacientes com AIDS é colonizada por esta bactéria, e a diminuição dos linfócitos T CD4 facilita a infecção por este agente107. Achados recentes demonstram que, assim como na população em geral, a infecção de tecidos moles por Staphylococcus aureus resistentes à meticilina (MRSA) é um problema crescente entre aqueles infectados pelo HIV. Sabe-se que a infecção pelo HIV é um fator de risco para o desenvolvimento de infecções por MRSA e pode aumentar o risco de doença recorrente108-110. O diagnóstico de infecção por Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) deve ser suspeitado e as culturas apropriadas devem ser obtidas quando pessoas infectadas pelo HIV apresentam infecções dos tecidos moles109. Infecções secundárias de outras lesões e infecções estreptocócicas graves também podem ocorrer nestes pacientes. Bactérias gram-negativas, principalmente Pseudomonas aeruginosa, manifestam-se como celulite ou lesões ulcero necrotizantes42. 52 Além destas bactérias citadas acima, há também uma associação epidemiológica significante entre sífilis e infecção pelo HIV. A maior parte dos pacientes apresenta manifestações típicas da sífilis, havendo, no entanto, estudos que mostram alterações do espectro clínico e da velocidade de progressão da doença111. Infecções sistêmicas por micobactérias também podem cursar com lesões de pele nos pacientes infectados pelo HIV. Há relatos de quadros causados por M. tuberculosis, M avium-intracellulare, M. haemophilum, M. marinum, M. kansasii, M. fortuitum, M. chelonae e M. scrofulaceum. As lesões cutâneas podem assumir diversos aspectos, como pápulas, pústulas, abscessos, linfadenites supurativas e úlceras112. 2.5.5.4 Doenças neoplásicas O Sarcoma de Kaposi sempre esteve entre as mais frequentes doenças neoplásicas com lesões clínicas adquiridas no processo infeccioso pelo HIV. A manifestação e o desenvolvimento da lesão estão associados com o estado imunológico do paciente. Deve-se mencionar que as novas drogas utilizadas para tratamento dos pacientes soropositivos para HIV, na fase doença, mudaram as características destes pacientes. Pode-se dizer que o uso da terapia HAART proporcionou o declínio do aparecimento desta doença86, 112. A progressão do sarcoma de Kaposi é mais comum após infecções oportunistas ou tratamento prolongado com esteróides100, 112-113. Dentre os pacientes soropositivos para HIV o SK apresenta-se mais frequentemente nos homossexuais ou bissexuais masculinos, do que em pacientes que receberam transfusão ou usuários de drogas injetáveis104, 114. 53 Relata-se predisposição genética relacionada ao sexo masculino e à presença do HLA DR5, associada ao SK clássico e epidêmico115. Evidências epidemiológicas sugerem também que todas as formas de sarcoma de Kaposi têm etiologia infecciosa, principalmente em pacientes soropositivos para HIV. O Herpes Vírus Humano 8 (HHV-8) foi identificado como origem viral do sarcoma de Kaposi ou herpesvírus associada ao sarcoma de Kaposi (KSHV)104 e, clinicamente, a lesão oral pode ser a primeira a ser observada, havendo progressão da doença, posteriormente, para múltiplos locais112. A maioria dos pacientes soropositivos para HIV, com sarcoma de Kaposi, apresenta como principal causa de óbito mais as infecções oportunistas do que a neoplasia, porém esses pacientes precisam ser acompanhados devido às manifestações sistêmicas112, 116. Os carcinomas espinocelular e basocelular também são frequentemente encontrados nos pacientes portadores do vírus HIV87. A distribuição e prevalência dos tipos de neoplasias cutâneas nos pacientes HIV positivos podem ser diferentes daqueles encontrados em outras populações. Isto pode ser resultado dos diferentes padrões e períodos de imunossupressão destes pacientes ou associado a outros carcinógenos a que estes pacientes estão expostos117. 2.5.5.5 Lesões induzidas por drogas O uso de grande número de medicamentos nos pacientes soropositivo para HIV, na fase doença, leva ao desenvolvimento de farmacodermias, com relativa frequência (6,3% a 18%)79, 118-119 , na maioria das vezes, relacionadas ao uso de sulfas e amoxicilina71. Clinicamente, a farmacodermia manifesta-se, principalmente, por hiperpigmentação, exantema, quadro urticariforme e bolhas118-119. 54 2.5.5.6 Lesões eritemato descamativas De acordo com alguns autores, a xerodermia é muito frequente na fase avançada da AIDS; porém, em diferentes trabalhos, sua frequência é variável de 3% a 75%5, 80. A desnutrição, a cronicidade da doença, a higiene precária ou o déficit imunológico podem estar relacionados com a etiologia do quadro clínico68. Já a prevalência da psoríase nos pacientes HIV-positivos varia na literatura de 1,3% a 8,3%120, havendo controvérsias quanto à sua elevação em relação à população geral. Entretanto, pode haver progressão acelerada das lesões da psoríase nestes pacientes, aumento da prevalência da artrite psoriásica121, além do aparecimento de formas atípicas (psoríase invertida)64. A dermatite seborreica é possivelmente uma das manifestações mais comuns dos pacientes portadores do vírus HIV53. Manifesta-se mais comumente como placas eritemato descamativas, difusas ou confluentes, envolvendo a face e o couro cabeludo e aparece mais frequentemente num grau moderado de imunossupressão83. O controle nesses pacientes costuma ser mais difícil com o tratamento habitual87. 2.5.5.7 Lesões pápulo-pruríticas As erupções pápulo-pruríticas (EPP) são lesões cutâneas comuns em pacientes soropositivos para HIV, principalmente naqueles residentes em ambientes tropicais64. A EPP da AIDS é uma afecção cutânea crônica caracterizada pela erupção de pápulas eritematosas e pústulas de 0,2 a 1 cm de diâmetro, de cor semelhante à da pele normal, não coalescentes, localizadas em cabeça, pescoço e região 55 superior do tronco64, geralmente pruriginosas, podendo constituir a manifestação inicial nos pacientes infectados pelo HIV4, 122. Um amplo espectro de doenças, incluindo a foliculite eosinofílica associada ao HIV, tem achados clínicos e histológicos similares122. A etiologia reflete, provavelmente, a hipersensibilidade à picada de insetos64, podendo estar relacionada ao aumento da resposta imunológica mediada por linfócitos TH2, incluindo eosinofilia e níveis elevados de IgE no sangue1. 56 3 OBJETIVOS 3.1 Objetivo geral Analisar a prevalência das dermatoses dos pacientes do Ambulatório de Dermatologia do HEM, comparando os portadores do vírus HIV/ AIDS encaminhados do Ambulatório de Infectologia àqueles da Dermatologia geral referenciados das Unidades Básicas de Saúde de Belo Horizonte. 3.2 Objetivos específicos Descrever o perfil epidemiológico da população estudada; Comparar as características sócio-demográficas e as prevalências das dermatoses entre os portadores do vírus HIV/ AIDS e os pacientes da Dermatologia geral/ Infectologia; Analisar a frequência das dermatoses encontradas nos grupos estudados; Analisar as dermatoses por grupo etiológico; Analisar a frequência das dermatoses de acordo com o nível sérico de linfócitos T CD4+ dos pacientes HIV/ AIDS. 57 4 METODOLOGIA 4.1 Estudo piloto Foi realizado um estudo piloto, pela pesquisadora, envolvendo 15 prontuários (sorteados aleatoriamente) para análise da coleta de dados clínicos seguindo o questionário formulado. No estudo piloto, pode-se corrigir e modificar a sequência e ordem das questões, e também verificar se as variáveis que se deseja investigar são registradas nos prontuários. É importante ressaltar que os questionários preenchidos durante o estudo-piloto foram incluídos na pesquisa. 4.2 Tipo de estudo Trata-se de um estudo epidemiológico, transversal, descritivo e analítico, envolvendo pacientes com HIV, AIDS, outras doenças infecciosas e pacientes da Dermatologia geral. A pesquisa epidemiológica é baseada na coleta sistemática de informações sobre eventos ligados à saúde em uma população definida, e na quantificação desses eventos. Este tipo de estudo objetiva descrever a frequência, distribuição, padrão e tendência temporal de eventos ligados à saúde em populações específicas (Block, Coutinho, 2002)123. O estudo descritivo é a distribuição de frequência das doenças e dos agravos à saúde, em função de variáveis ligadas ao tempo, ao espaço e à pessoa, possibilitando o detalhamento do perfil epidemiológico, com vistas à promoção da saúde124. 58 Segundo Polit e Hungler (1995)125, a pesquisa descritiva é de grande valor para o estudo de fenômenos naturais, tornando-se possível descrever as relações observadas entre as variáveis. Geralmente são categorizadas em transversal, ou seja, o fator e o efeito são observados num mesmo momento histórico. O caráter instantâneo de um estudo se define quando a produção de dados é realizada em um único momento no tempo, como se fosse um corte transversal do processo em observação124. 4.3 Local do estudo A pesquisa foi desenvolvida no Ambulatório de Dermatologia do Hospital Eduardo de Menezes – Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais – FHEMIG - em Belo Horizonte – MG. O Hospital Eduardo de Menezes em Belo Horizonte/MG, é um hospital referência em doenças infectocontagiosas para a capital, o que permite estudo descritivo representativo da situação epidemiológica da infecção pelo vírus HIV e sua associação com as dermatoses no estado, de modo a situar os achados clínico-epidemiológicos das dermatoses em Belo Horizonte no atual conhecimento nacional e internacional. 4.4 População de estudo A população de estudo constituiu-se de pacientes portadores do vírus HIV/AIDS e outras doenças infecciosas em acompanhamento no Ambulatório de Infectologia do HEM que foram encaminhados ao serviço de Dermatologia do mesmo hospital no período de julho 2010 a junho 2011. Como grupo controle, estudou-se um número semelhante de pacientes da Dermatologia 59 geral que foram encaminhados ao HEM pelas Unidades Básicas de Saúde de Belo Horizonte durante o mesmo período. No total foram avaliados 568 prontuários, sendo 16 portadores do vírus HIV, 228 pacientes confirmados com AIDS, 43 de pacientes da Infectologia geral e 281 da Dermatologia geral. De acordo com os critérios do Ministério da Saúde e do CDC adaptado33, os pacientes HIV positivos eram aqueles com exames (Elisa; Western-Blot) positivos para o vírus HIV, mas que não atingiram níveis baixos de linfócitos T CD4+ que indicasse uso de terapia antiretroviral (≥200 células/mm3); e os pacientes com AIDS eram aqueles com dois testes de triagem reagentes ou um confirmatório para detecção de anticorpos anti-HIV + evidência de imunodeficiência: diagnóstico de pelo menos uma doença indicativa de AIDS e/ou contagem de linfócitos T CD4+ <200 células /mm3. Os outros pacientes da infectologia com os prontuários analisados foram aqueles que se encontravam em acompanhamento no Ambulatório de Infectologia do HEM por outras doenças infecciosas, que não HIV/AIDS, e que também foram encaminhados ao Ambulatório de Dermatologia no mesmo período estudado. Os critérios utilizados para inclusão neste estudo foram: prontuários identificados como de pacientes portadores de HIV/AIDS, prontuários de pacientes da infectologia geral e pacientes da dermatologia geral que consultaram no Ambulatório de Dermatologia no período do estudo. Os critérios de exclusão foram: os prontuários citados acima com dados insuficientes para o preenchimento do questionário. 60 4.5 Aspectos éticos Conforme a Resolução 196/96, que trata de Pesquisa Envolvendo os Seres Humanos, foram obedecidos os seguintes princípios126. Encaminhou-se o Projeto de Pesquisa ao Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Ensino e Pesquisa da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, sendo o parecer (CEP: 032/2011) aprovado em 29 de abril de 2011 (ANEXO 1), e também ao Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Eduardo de Menezes – FHEMIG, aprovado em julho de 2011 (ANEXO 2), além da autorização para análise dos prontuários no SAME deste Hospital. Sendo um estudo de revisão de prontuários, foi solicitado aos Comitês de Ética em Pesquisa a dispensa do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, sendo tal solicitação atendida. A preservação do sigilo, da confidencialidade dos dados e do anonimato dos indivíduos pesquisados foi garantida durante o desenvolvimento da pesquisa. 4.6 Período de coleta de dados O levantamento dos dados desenvolveu-se entre os meses de outubro de 2011 a janeiro de 2012, após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Ensino e Pesquisa da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte e do Hospital Eduardo de Menezes. 4.7 Coleta de dados 61 A coleta dos dados foi realizada analisando os prontuários dos pacientes em questão e preenchendo o questionário estabelecido (APENDICE 1). Toda a coleta foi realizada pela própria pesquisadora em busca das dermatoses apresentadas pelos pacientes ao longo de todo o tempo de doença. Além das dermatoses, outras informações também foram colhidas como: dados sócio-demográficos, perfil imunológico (CD4, CD8, CD45, carga viral), doenças associadas, doenças oportunistas, tempo de doença, tipo de exposição, vulnerabilidade sexual e aderência ao tratamento. A variável profissão foi categorizada de acordo com o consenso préestabelecido pelo IBGE (ANEXO 4). 4.8 Análise dos dados Para o levantamento das variáveis estudadas foi elaborado um banco de dados com o auxilio do programa EPIDATA (VERSÃO 3.1)127 e realizada digitação em duplicata, com o objetivo de conferir erros de digitação e obter dados fidedignos. Após a validação, os dados foram transportados para o banco de dados definitivo, utilizando o programa STATA (VERSÃO 12)128. A análise estatística univariada foi realizada por meio do programa EPIINFO 7.0129 e análise multivariada utilizando o pacote estatístico STATA. Inicialmente as variáveis foram recodificadas, conforme a necessidade para a análise. Procedeu-se a análise descritiva das variáveis qualitativas utilizadas neste estudo classificando-as em nominais ou categóricas. A partir da recodificação, foram construídas tabelas de distribuição de frequências. Para 62 as variáveis contínuas foram utilizadas medidas de tendência central e variabilidade. Para todas as variáveis que apresentaram probabilidade de associação ≤0,25 utilizou-se a análise multivariada. Este critério adotado, p≤ 0,25, foi necessário para excluir qualquer possível associação espúria. Na regressão logística, o procedimento constituiu-se em selecionar, inicialmente, as variáveis da análise univariada que apresentaram p≤ 0,25. Ajustou-se o modelo logístico eliminando as variáveis individualmente. Foram consideradas como critério de permanência no modelo as variáveis que apresentaram p≤0.05. Essa premissa foi testada para todas as variáveis tanto no modelo completo quanto no modelo final (APÊNDICE 2). 4.9 Cruzamentos Para os demais cruzamentos, foram utilizados o teste Qui-quadrado de Pearson ou teste Exato de Fisher. Na comparação dos fatores categóricos associados à forma clínica (Dermatoses), foram utilizados o teste Qui-quadrado de Pearson ou teste Exato de Fisher. Para os fatores contínuos foi utilizado o teste não-paramétrico de Mann-Whitney. Para todos os testes estatísticos, considerou-se o nível de significância de 5%, ou seja, os dados foram estatisticamente significativos para p≤0,05. Na regressão logística, o procedimento consistiu em selecionar inicialmente as variáveis que na análise univariada apresentaram valor p≤0,25. Ajustou-se o modelo logístico eliminando individualmente as variáveis. Foi considerado como critério para permanência das variáveis no modelo final o valor p≤0,05. Foi estimada a razão de chances (OR) para cada co-variável. Esse modelo fornece uma única estimativa de OR para todas as categorias comparadas, 63 devido à premissa de chances proporcionais. Essa premissa foi testada para todas as variáveis individualmente e para o modelo final. 4.10 Pesquisa bibliográfica Para o levantamento bibliográfico, as bases de dados Bireme, MedLine, LILACS, PubMed e Scielo foram consultadas. Os termos pesquisados foram selecionados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): dermatoses em HIV/AIDS. Outras fontes utilizadas foram os artigos publicados nos últimos anos nos idiomas português, espanhol e inglês. Também foram utilizados acervos de bibliotecas universitárias e particulares, onde foram selecionados artigos de periódicos, teses, dissertações, monografias, anais de eventos científicos, dentre outros materiais relevantes para o estudo. Para as citações no texto e referências foram seguidas as normas de citações em documentos (NBR 10520)130 e referências (NBR 6023)131 preconizadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), utilizando-se o sistema de citação autor-data; assim sendo, as referências foram organizadas em ordem de aparecimento no texto132. 64 5 RESULTADOS 5.1 Análise univariada Na tabela 01 encontram-se os dados referentes às características sóciodemográficas dos 568 pacientes analisados. A amostra foi composta por 244 pacientes HIV/AIDS encaminhados pelo Ambulatório de Infectologia do Hospital Eduardo de Menezes (HEM) e 324 pacientes da Dermatologia geral e Infectologia, encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde de Belo Horizonte, para consulta no Ambulatório de Dermatologia do HEM. As variáveis sexo, estado civil e município de origem do paciente mostraram diferenças significativas entre os grupos. Podemos observar que, em relação ao sexo, as diferenças foram inversamente proporcionais, onde se observa uma frequência maior de homens no grupo HIV/AIDS e uma frequência maior de mulheres no grupo da dermatologia geral e infectologia. Em relação à variável estado civil podemos observar uma maior frequência de solteiros no grupo HIV/AIDS e uma maior frequência de indivíduos com união estável no grupo dermatologia geral e infectologia. Quanto à origem dos pacientes, ambos os grupos apresentaram uma maior frequência de pacientes oriundos do município de Belo Horizonte. 65 Tabela 01. Distribuição de frequências e médias das características sóciodemográficas dos 568 pacientes atendidos no Hospital Eduardo de Menezes, Minas Gerais, 2010 - 2011. Variáveis HIV/AIDS Idade DERMATO/INFECTO X/% (N) dp 45,02 (244) ± 11,34 X/% (N) p dp 45,84 (324) ± 19,82 0,50 Sexo Fem Mas 106 (34%) 138 (56%) 203 (65%) 120 (35%) 0,00 Estado civil Solteiro Separado Viúvo União estável 115 (49%) 28 (12%) 18 (8%) 72 (31%) 103 (35%) 21 (7%) 26 (9%) 142 (49%) 0,00 Municípios BH Região Metropolitana 149 (70%) 230 (82%) 0,00 63 (30%) 51 (18%) 66 Na tabela 02 encontram-se os dados descritivos referentes às características clínicas dos pacientes do grupo HIV/AIDS. O tempo de doença nesta população foi, em média, 8 anos, sendo que 95% destes pacientes estavam em tratamento, com 71% aderentes à terapia. Os 5% não tratados foram aqueles portadores do vírus HIV na fase infecção, que ainda não tinham indicação para o início da terapia antiretroviral. Tabela 02. Distribuição de frequências e médias das características clínicas dos 244 pacientes com HIV/AIDS atendidos no Hospital Eduardo de Menezes, Minas Gerais, 2010 - 2011. Variáveis Tempo de doença (em anos) X/% (n) dp 8,1 (244) 4,9 Tratamento Sim 95% (232) Aderência Sim 71% (163) 67 A tabela 03 apresenta os dados referentes à comparação das principais dermatoses, segundo a etiologia, proporcionalmente entre os grupos. Podemos observar que as dermatoses não infecciosas foram as mais frequentes para ambos os grupos, seguida das dermatoses causadas por fungos, com diferença estatística significativa entre elas. Tabela 03. Distribuição das frequências das dermatoses, segundo a etiologia, entre os grupos HIV/AIDS e Dermatologia geral/ Infectologia dos 568 pacientes atendidos no Hospital Eduardo de Menezes, Minas Gerais, 2010 - 2011. Dermatoses HIV/AIDS DERMATO/INFECTO % (n) % (n) Não Infecciosas 47 (465) 76 (479) Fúngicas 28 (280) 15 (93) Virais 18 (182) 2 (16) Bacterianas 5 (42) 4 (22) Zoonozes 2 (21) 3 (17) p 0,00 68 Na tabela 04 apresentamos as diferenças encontradas no cálculo do Chiquadrado. Ela mostra que o número de dermatoses fúngicas e virais foi muito maior que o esperado no grupo HIV/AIDS quando comparado ao grupo da Dermatologia/ Infectologia, e que, neste último, a prevalência de dermatoses não infecciosas foi superior ao esperado, quando comparado com o primeiro. As tabelas dos valores encontrados e esperados utilizados para o cálculo, se encontram no anexo 4. Tabela 04. Diferenças encontradas no cálculo do Chi-quadrado. Dermatoses HIV/AIDS DERMATO/INFECTO Total Fúngicas 11,7 18,4 Virais 30,5 48,1 Bacterianas 0,2 0,3 Zoonoses 0,2 0,4 Não Infecciosas 22,1 34,9 Total 166 69 A distribuição proporcional das dermatoses encontradas em todos os pacientes está descrita na tabela 05. Podemos observar que entre as dermatoses causadas por fungos, as maiores frequências observadas foram para candidose oroesofageana (42%), seguida de onicomicose (27%) e dermatofitoses superficiais (23%) entre os pacientes com HIV/AIDS, no entanto, no grupo Dermatologia geral/ Infectologia a maior frequência observada foi de onicomicose com 15% dos pacientes acometidos. No grupo das dermatoses não infecciosas, agrupamos diversas doenças dermatológicas em um mesmo grupo denominado “Outras”, devido à grande diversidade de diagnósticos. Neste grupo de encontram: Pioderma gangrenoso, Hiperhidrose, Lipodistrofia, Lúpus Eritematoso Sistêmico e cutâneo, Porfiria cutânea tarda, Dermatose plantar juvenil, Quelóide, Cicatriz hipertrófica, Úlcera de membros inferiores, Pênfigo foliáceo, Pênfigo vulgar, Penfigóide bolhoso, Plicoma anal, Esclerodermia, Hemangioma, Alopécia androgenética, Alopecia areata, Eflúvio telógeno, Erupção liquenóide, Líquen simples crônico, Líquen plano, Líquen esclero- atrófico, Paroníquia, Granuloma piogênico, Policondrite recidivante, Hiperceratose plantar, Pelagra, Erupção polimorfa à luz, Pitiríase rubra pilar, Onicólise traumática, Vasculite leucocitoclástica, Estrias, Ceratose pilar, Eritema nodoso, Tumor glômico ungueal e Amiloidose macular. 70 Tabela 05. Distribuição das frequências dos tipos de dermatoses entre os grupos HIV/AIDS e Dermatologia geral/ Infectologia dos 568 pacientes atendidos no Hospital Eduardo de Menezes, Minas Gerais, 2010 - 2011. Dermatoses HIV/AIDS % (n) DERMATO/INFECTO % (n) Infecções fúngicas Candidose oroesofageana Candidose cutânea/crural Candidose vaginal Queilite angular Dermatofitoses superficiais Onicomicoses Pitiríase versicolor Paracoccidioidomicose/ Cromomicose 42,2(104) 2(5) 3,2(8) 6,1(15) 23,3(57) 27,8(68) 9,4(23) 0 0 0,6(2) 0 0 5,5(18) 15,7(51) 4,3(14) 2,4(8) Infecções virais Herpes Zoster Herpes labial Herpes genital Molusco contagioso Verruga vulgar Condiloma Leucoplasia oral 19,2(47) 7,7(19) 11(27) 5,7(14) 15,5(38) 13,5(33) 1,6(4) 0,3(1) 0,3(1) 0 0,3(1) 3,7(12) 0,3(1) 0 Infecções bacterianas Impetigo Foliculite Hidrosadenite Celulite Micobacteriose atípica Hanseníase Sífilis secundária Eritrasma 2,4(6) 4,9(12) 0,8(2) 2,4(6) 0 1,2(3) 4(10) 1,2(3) 1,8(6) 0,9(3) 0,6(2) 0,3(1) 0,3(1) 2,1(7) 0,6(2) 0 Dermatozoonoses Leishmaniose tegumentar Escabiose Pediculose Miíase 0,4(1) 6,9(17) 1,2(3) 0 3,4(11) 1,2(4) 0 0,6(2) Dermatoses não infecciosas 3,6(9) 10,4(34) 71 Psoríase Eritemato descamativas Pruridos/ Urticária Farmacodermia Discromias Neoplasias benignas/ pré-malignas Neoplasias malignas Acne/rosácea Outras 59(144) 31,5(77) 18,8(46) 20,4(50) 15,1(37) 4,5(11) 5,3(13) 31,9(78) 31,4(102) 4,9(16) 1,8(6) 29(94) 25,6(83) 3,7(12) 8,9(29) 31,7(103) Na tabela 06 encontram-se os resultados referentes às médias de linfócitos T CD4+ (cel/mm3) apresentado na época em que os pacientes do grupo HIV/AIDS desenvolveram as oito principais dermatoses. Notam-se que as menores médias de linfócitos T CD4+ foram para a candidose oroesofageana (217,67 cel/mm3) e farmacodermias (273,89 cel/mm3). Tabela 06. Distribuição das médias de CD4+ da época em que os pacientes desenvolveram as dermatoses entre os pacientes do grupo HIV/AIDS atendidos no Hospital Eduardo de Menezes, Minas Gerais, 2010 - 2011. HIV/ AIDS CD4 dp n 1 Eritemato descamativas 458,82 410,11 131 2 Candidose oroesofageana 217,67 105 110 3 Pruridos/Urticária 353,52 253,65 75 4 Onicomicose 374,47 135,62 66 5 Tineas superficiais 356,4 219,28 54 6 Discromias 478,09 247,33 48 7 Herpes Zoster 348,7 100 40 72 8 Farmacodermias 273,89 155,08 44 Na tabela 07 encontram-se descritas as principais dermatoses encontradas nos pacientes do grupo HIV/AIDS subdivididas pela contagem de CD4+ na época em que ocorreu a dermatose. Podemos observar que a principal dermatose nos pacientes com CD4+ <200 cel/mm3 foi a candidose oroesofageana. Nos pacientes com CD4+ >200 cel/mm3 observa-se que as dermatoses eritemato descamativas, que englobou dermatite seborreica, xerodermia e eczemas, foram as mais frequentes. Tabela 07. Distribuição das principais dermatoses segundo a classificação do CD4+ entre os pacientes do grupo HIV/AIDS atendidos no Hospital Eduardo de Menezes, Minas Gerais, 2010 - 2011. CD4<200 n % CD4>200 e <500 n % CD4>500 n % Eritemato 57 23 descamativas 41 16 Candidose oral e oroesofageana 74 30 Eritemato descamativas Eritemato descamativas 42 17 Outras 37 15 Outras 25 10 Farmacodermia 28 12 Pruridos/ urticária 35 14 Discromias 19 8 17 7 Pruridos/ urticária 26 10 Onicomicose Neoplasias benignas/pré35 14 malignas Herpes genital 18 7 Dermatofitoses 26 10 Onicomicoses 15 6 Dermatofitoses Onicomicose Herpes Zoster 16 16 16 6 6 6 Verruga vulgar Pruridos/ 20 9 urticária 12 5 Herpes Zoster 19 8 Dermatofitoses 12 5 73 Condiloma 16 6 5.2 Análise multivariada As variáveis explicativas que foram incluídas no modelo logístico para a análise do grupo de pacientes portadores do vírus HIV/AIDS e do grupo de pacientes da dermatologia geral (valor p≤ 0,25) foram: estado civil solteiro, separado e união estável; sexo masculino e feminino; dermatoses fúngicas e dermatoses não infecciosas. As variáveis que permaneceram no modelo final para a análise foram: estado civil solteiro, sexo masculino e doenças fúngicas. O modelo completo da análise multivariada encontra-se no Apêndice. Para melhor compreensão, será utilizado apenas o modelo final da regressão logística. Na tabela 08, encontram-se os resultados da regressão logística. Os resultados apresentaram-se estatisticamente significativos para estado civil solteiro, sexo masculino e dermatoses fúngicas, independentemente. A chance de ser solteiro, do sexo masculino e apresentar dermatose fúngica são maiores nos pacientes do grupo HIV/ AIDS, do que nos pacientes do grupo da Dermatologia geral/ Infectologia sendo as respectivas razões de chance (Odds Ratio): 1,61; 2,29 e 7,3. Tabela 08. Análise logística ordinal (modelo final), dos 568 pacientes dos grupos HIV/ AIDS e Dermatologia geral, atendidos no Hospital Eduardo de Menezes. Regressão ordinal – HIV/AIDS/ Dermatologia Geral 74 Modelo final Odds Ratio dp p IC 95% Solteiro 1,61 0,33 0,000 1,07 2,42 Sexo Masculino 2,29 0,47 0,000 1,53 3,4 Dermatoses fúngicas 7,3 1,4 0,000 4,8 10,9 *Para as variáveis usou-se Odds Ratio. Fonte: dados da pesquisa 6 DISCUSSÃO Esse estudo mostrou que (1) ser solteiro, (2) ser do sexo masculino e (3) apresentar dermatoses fúngicas são os fatores de risco que caracterizam os participantes com HIV/AIDS encaminhados para consulta dermatológica no Hospital Eduardo de Menezes, quando comparados aos participantes encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde de Belo Horizonte. Desde a década de 80, o número de casos de AIDS no Brasil é maior nos homens. No período de 1980 a junho de 2011, foram notificados 397.662 (65,4%) casos de AIDS do sexo masculino e 210.538 (34,6%) casos do sexo feminino17. Observa-se que, apesar de haver mais casos notificados em indivíduos do sexo masculino, o crescimento da epidemia é muito maior entre as mulheres do que entre os homens. Ao analisar a distribuição por sexo, nota-se que a chamada “feminização” da epidemia no Brasil não é mais mera conjetura133-134. A tendência de feminização da epidemia da AIDS é um tema que há alguns anos vem sendo debatido em todo o país e em outras partes do mundo135-136. Pottes et al. (2007)36 relataram em estudo, que embora o número de casos do sexo masculino tenha sido maioria, foi observada uma notória expansão da epidemia entre as mulheres. Essa mesma tendência do crescimento de casos 75 femininos foi observada na faixa etária com idade igual ou superior a 50 anos. Em Pernambuco, a razão de sexo masculino para feminino, que era 19:1 no ano de 1994, declinou progressivamente para 2:1 e 2:4, em 1999 e 2000, respectivamente. Estudos semelhantes como o de Santana et al. (2002)137, Sanchez (2002)138, Matsushita (2001)139 comprovaram a feminização da epidemia nos últimos anos. Várias pesquisas mostram ainda que há aspectos de vulnerabilidade biológica da mulher que podem levar ao aumento das doenças dermatológicas, como: estrógeno, progesterona, labilidade emocional, entre outros140. Apesar dos diversos fatores biológicos apontados para explicar a maior chance de infecção pelo HIV entre mulheres, não se pode subestimar a forte associação das relações de gênero nas sociedades com a maior vulnerabilidade das mulheres à infecção pelo HIV141. Heise & Elias (1995)141, por exemplo, argumentam que a estratégia, em três frentes da maior parte dos programas de prevenção da AIDS (quais sejam: redução de parceiros, promoção do uso dos preservativos e tratamento das DST), é inadequada para proteger a maior parte das mulheres do mundo, as quais são pobres e não detêm o poder de negociação dos encontros sexuais. No Brasil17, a razão entre os sexos está diminuindo, em 1982 era de 40:0 (M:F) e em 2011 passou para 1,8:0. Porém, a incidência dos casos de AIDS permanece maior no sexo masculino, corroborando com o resultado desta pesquisa. Quanto ao estado civil, de acordo com vários estudos de perfil epidemiológico dos centros de testagem, os solteiros apresentam maior frequência nos casos de sorologia positiva para HIV142-149. Tanto homens como mulheres jovens, solteiros e sexualmente ativos correm um risco potencial e substancial porque tendem a adotar uma prática sexual 76 arriscada, inclusive ao ter múltiplos parceiros sexuais150. No estudo epidemiológico realizado em São Paulo (2002), a multiplicidade de parceiros foi relatada por 65% dos homens e 24,3% das mulheres no que se refere à categoria de transmissão142. Esses dados reforçam o resultado encontrado neste estudo, onde ser solteiro mostrou uma associação 1,61 (OR) maior no grupo HIV/AIDS em relação ao grupo da dermatologia geral. De acordo com Michelim et al. (2004)66 as doenças cutâneas são mais prevalentes entre pacientes soropositivo para HIV, sendo 75% a frequência em pacientes ambulatoriais. O número de episódios de dermatoses está correlacionado com o estado imunológico e com a progressão da doença. Em nosso estudo, os pacientes portadores do vírus HIV/AIDS tinham em média 8 anos de doença. Toda a evolução e acompanhamento no Hospital Eduardo de Menezes foi analisado, diagnosticando desta forma, um grande número de dermatoses. Após comparar a incidência encontrada com a de outros estudos6 62 , nossa pesquisa observou que as lesões de pele e mucosas continuam sendo muito frequentes em pacientes infectados pelo vírus HIV, apesar do advento das novas terapias anti retrovirais. Observa-se maior número de dermatoses não infecciosas, seguidas das de etiologia fúngica e viral, que coincidiram com os relatos das literaturas mundiais e nacionais1 4 5 6 62 , segundo os quais, essas três categorias de dermatoses incluem as doenças de pele mais frequentes em infectados pelo HIV. As infecções fúngicas estão entre as doenças mais prevalentes do nosso estudo, com destaque para a candidose oroesofageana, a principal dermatose encontrada no grupo HIV/AIDS, corroborando Rico et al. (1997)6 que referem 77 ser essa a doença dermatológica mais comum entre os pacientes infectados pelo HIV, ocorrendo em até 50% deles. Gomides et al. (2002)62 também citam a candidose oral como uma doença de alta prevalência, com frequência variável entre 25% e 90%. Dentre as candidoses nos pacientes HIV/AIDS, as orais são as de maior incidência, seguidas das esofágicas e vaginais. Já as infecções disseminadas e as profundas são raramente observadas. As células T e a imunidade celular constituem o principal mecanismo de defesa contra as infecções das mucosas por C. albicans, enquanto os polimorfonucleares são as células típicas na proteção contra as candidemias e as candidoses sistêmicas. A diminuição acentuada das células T, notadamente dos CD4, observada nos indivíduos infectados pelo HIV, contribui decididamente para a localização superficial, nas mucosas, das infecções por C. albicans151-152. Campo et al. (2002)153 mostraram em análise de regressão logística múltipla a associação de candidose oral com alta carga viral (>10.000 vs <500, OR = 11,4), baixa contagem de linfócitos CD4+ (<14% vs >28%, OR = 5) e uso de droga injetável (UDI vs transmissão heterossexual, OR = 10,2), mostrando que essa dermatose pode ser um marcador clínico de imunossupressão. Miziara (2006)154 num estudo prospectivo, acompanhou 124 pacientes HIV+ em uso de HAART por 6 meses, divididos em grupos de acordo com a ausência ou presença de candidose oral e/ou leucoplasia oral. Pacientes com candidose e leucoplasia oral tiveram menor média da contagem de linfócitos T CD4 e maior carga viral que os pacientes que não apresentavam as doenças. A candidose oral teve alto valor preditivo positivo (VPP) para a falência imune e moderado VPP para falência viral, enquanto que a leucoplasia oral teve baixo VPP para os dois. Desta forma, a candidose oral pareceu ser um melhor preditor de falência imune nos pacientes em uso de HAART do que a leucoplasia oral. 78 Gaitán-Cepeda et al. (2005)155 167 também analisaram pacientes com candidose oral em uso de HAART e determinaram que a probabilidade da falência imune na presença de candidose oral foi de 91% para homens homossexuais, 95,5% para heterossexuais e 96% para usuários de drogas endovenosas. Devendo desta forma, ser considerado um marcador clínico para a falência imune em pacientes com HIV/AIDS em uso da HAART. A associação da candidose à diminuição do nível de linfócitos T CD4+ levou o CDC (Center for Disease Control and Prevention)33 a caracterizar a candidose esofageana como doença definidora de AIDS. Ainda dentro do grupo de etiologia fúngica, a onicomicose e as dermatofitoses superficiais também estiveram entre as principais dermatoses encontradas no grupo HIV/AIDS, indo de acordo com os estudos de Rosatelli (1997)100, Gomides (2002)62 e Andrade (2012)156 . Rosatelli et al. (1997)10 relataram que a candidose oral e a tinea se mostraram mais frequentes nos pacientes que se encontravam na fase doença da infecção pelo HIV. Gomides et al. (2002)62 70 avaliaram e analisaram as dermatoses presentes em 55 pacientes com diagnóstico de infecção pelo HIV na fase doença. No estudo não houve divisão entre doenças infecciosas e não-infecciosas e as dermatoses encontradas foram agrupadas em fúngicas, virais, eritemato descamativas, pápulo-pruriginosas, induzida por drogas, neoplásicas e outras. As patologias de etiologia fúngica foram as mais frequentes, sendo a candidose oral, a mais encontrada, seguida de dermatoses superficiais (dermatofitoses). Andrade (2012)156 comparou a prevalência das dermatoses nos pacientes portadores do vírus HIV na fase infecção e na fase doença, encontrando um maior número de doenças fúngicas. A candidose oral, as dermatofitoses e as onicomicoses também foram as patologias mucocutâneas mais comuns. 79 7 LIMITAÇÕES Os dados obtidos para realização deste estudo foram secundários à análise dos prontuários e, portanto, apresentam grau mais baixo de confiabilidade quando comparados com à coleta primária. Embora, deva-se destacar que, por se tratar de um hospital de referência, com atendimento realizado pela equipe de residentes e preceptores, os relatórios contidos no prontuário eram de excelente qualidade técnica. O diagnóstico das dermatoses foi, na maioria das vezes, presuntivo, porque seu diagnóstico clínico era evidente. Porém, quando duvidoso, a confirmação pelo exame complementar era realizada. Durante a análise dos prontuários, muitas variáveis, notadamente epidemiológicas, encontravam-se sem resposta, prejudicando a descrição do perfil da população em estudo. 80 8 CONCLUSÃO O estudo mostrou que o sexo masculino e o estado civil solteiro são fatores de risco do grupo HIV/ AIDS, com 1,61 e 2,29 de Odds Ratio, respectivamente, quando comparados aos pacientes da Dermatologia geral do Hospital Eduardo de Menezes. Ao agrupar por etiologia, as dermatoses não infecciosas foram as mais prevalentes em ambos os grupos estudados, seguidas pelas infecções fúngicas. A chance de apresentar dermatose fúngica foi 7,3 vezes maior no grupo HIV/AIDS do que na Dermatologia geral. As principais dermatoses encontradas no grupo HIV/AIDS foram as eritematodescamativas, a candidose oroesofageana, e os pruridos e urticária. No grupo da Dermatologia geral/ Infectologia, as eritemato-descamativas foram seguidas das discromias e neoplasias benignas/ pré-malignas. Ao separar as dermatoses do grupo HIV/AIDS pelo valor de linfócitos T CD4+, observamos que quando o CD4 foi menor que 200 cel/mm3, a candidose oroesofageana se destacou, já quando CD4>200, as eritemato-descamativas foram as mais prevalentes. 81 9 PROPOSIÇÕES Estudos prospectivos para avaliação da incidência de dermatoses em pacientes infectados pelo vírus HIV/AIDS e sua associação ao nível de linfócitos T CD4+. Estudos prospectivos para avaliar a associação das dermatoses fúngicas à infecção pelo vírus HIV. 82 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Cardoso F, Ramos H, Lobo M. 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ANEXO 1 PARECER SANTA CASA ANEXO 2 PARECER DO CEP-HEM ANEXO 3 IBGE CLASSIFICAÇÃO DE OCUPAÇÕES Censo Demográfico de 2000 Agosto de 2001 MEMBROS SUPERIORES DO PODER PÚBLICO, DIRIGENTES E GERENTES DE ORGANIZAÇÕES E EMPRESAS MEMBROS SUPERIORES DO PODER PÚBLICO E DIRIGENTES DE ORGANIZAÇÕES DE INTERESSE PÚBLICO 1111 1112 1113 MEMBROS SUPERIORES DO PODER LEGISLATIVO, EXECUTIVO E JUDICIÁRIO Legisladores Dirigentes gerais da administração pública Ministros de tribunais 1122 1123 DIRIGENTES DE PRODUÇÃO, OPERAÇÕES E APOIO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Dirigentes de produção e operações da administração pública Dirigentes das áreas de apoio da administração pública 1130 CHEFES DE PEQUENAS POPULAÇÕES Chefes de pequenas populações 1140 DIRIGENTES E ADMINISTRADORES DE ORGANIZAÇÕES DE INTERESSE PÚBLICO Dirigentes e administradores de organizações de interesse público DIRIGENTES DE EMPRESAS E ORGANIZAÇÕES (EXCETO DE INTERESSE PÚBLICO) 1210 1219 DIRETORES GERAIS Diretores gerais Dirigentes de empresas - empregadores com mais de 5 empregados 1220 DIRETORES DE PRODUÇÃO E OPERAÇÕES Diretores de áreas de produção e operações 1230 DIRETORES DE ÁREAS DE APOIO Diretores de áreas de apoio GERENTES 1310 GERENTES DE PRODUÇÃO E OPERAÇÕES Gerentes de produção e operações 1320 GERENTES DE ÁREAS DE APOIO Gerentes de áreas de apoio PROFISSIONAIS DAS CIÊNCIAS E DAS ARTES PROFISSIONAIS POLICIENTÍFICOS PROFISSIONAIS DA BIOENGENHARIA, BIOTECNOLOGIA, ENGENHARIA GENÉTICA E DA METROLOGIA 2011 Profissionais da bioengenharia, biotecnologia e engenharia genética 2012 Profissionais da metrologia 2021 3 ENGENHEIROS MECATRÔNICOS Engenheiros mecatrônicos PROFISSIONAIS DAS CIÊNCIAS EXATAS, FÍSICAS E DA ENGENHARIA 2111 2112 MATEMÁTICOS E ESTATÍSTICOS Profissionais da matemática Profissionais da estatística 2121 2122 2123 2124 2125 PROFISSIONAIS DA INFORMÁTICA Especialista em computação Engenheiros em computação - desenvolvedores de software Especialista em informática Analistas de sistemas Programadores de informática 2131 2132 2133 2134 FÍSICOS, QUÍMICOS E AFINS Físicos Químicos Profissionais do espaço e da atmosfera Geólogos e geofísicos 2140 2141 2142 2143 2144 2145 2146 2147 2148 2149 ENGENHEIROS, ARQUITETOS E AFINS Engenheiros de materiais Arquitetos Engenheiros civis e afins Engenheiros eletroeletrônicos e afins Engenheiros mecânicos Engenheiros químicos Engenheiros metalúrgicos Engenheiros de minas Engenheiros agrimensores e de cartografia Outros engenheiros, arquitetos e afins 2151 2152 2153 PROFISSIONAIS EM NAVEGAÇÃO AÉREA, MARÍTIMA E FLUVIAL Oficiais de convés Oficiais de máquinas Profissionais da navegação aérea PROFISSIONAIS DAS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS, DA SAÚDE E AFINS 2211 BIÓLOGOS E AFINS Biólogos e afins 2221 AGRÔNOMOS E AFINS Agrônomos e afins 2231 2232 2233 2234 2235 2236 2237 PROFISSIONAIS DA MEDICINA, SAÚDE E AFINS Médicos Cirurgiões-dentistas Veterinários Farmacêuticos Enfermeiros de nível superior e afins Fisioterapeutas e afins Nutricionistas 4 PROFISSIONAIS DO ENSINO (COM FORMAÇÃO DE NÍVEL SUPERIOR) 2311 2312 2313 2321 PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL E DO ENSINO FUNDAMENTAL (com formação superior) Professores (com formação superior) da educação infantil Professores (com formação superior) de disciplinas da educação geral de 1ª A 4ª séries do ensino fundamental Professores (com formação superior) de disciplinas da educação geral de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO (com formação superior) Professores (com formação superior) de disciplinas da educação geral do ensino médio 2330 PROFESSORES E INSTRUTORES DO ENSINO PROFISSIONAL (com formação superior) Professores e instrutores (com formação superior) do ensino profissional 2340 PROFESSORES DO ENSINO SUPERIOR Professores do ensino superior 2391 2392 2394 OUTROS PROFESSORES DE ENSINO NÃO CLASSIFICADOS ANTERIORMENTE Professores de educação física, ginástica e desportos Professores de alunos com deficiências físicas e mentais Programadores, avaliadores e orientadores de ensino PROFISSIONAIS DAS CIÊNCIAS JURÍDICAS 2410 2412 2419 ADVOGADOS, PROCURADORES E AFINS Advogados Procuradores de empresas e autarquias Outros advogados autônomos e de empresas 2421 2422 2423 PROFISSIONAIS DO PODER JUDICIÁRIO E DA SEGURANÇA PÚBLICA Juizes e desembargadores Promotores, defensores públicos e afins Delegados de polícia PROFISSIONAIS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS 2511 2512 2513 2514 2515 2516 CIENTISTAS SOCIAIS, PSICÓLOGOS E AFINS Profissionais em pesquisa e análise antropológica e sociológica Profissionais em pesquisa e análise econômica Profissionais em pesquisa e análise histórica e geográfica Filósofos e cientistas políticos Psicólogos e psicanalistas Assistentes sociais e economistas domésticos 2521 2522 2523 2524 2525 PROFISSIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO Administradores Contadores e auditores Secretárias executivas e bilingües Profissionais de recursos humanos Profissionais da administração econômico-financeira 2531 PROFISSIONAIS DE MARKETING, PUBLICIDADE E COMERCIALIZAÇÃO Profissionais de marketing, publicidade e comercialização 5 COMUNICADORES, ARTISTAS E RELIGIOSOS 2611 2612 2613 2614 2615 2616 2617 PROFISSIONAIS DA COMUNICAÇÃO Profissionais do jornalismo Profissionais da informação Arquivologistas e museólogos Filólogos, tradutores e intérpretes Escritores e redatores Especialistas em editoração Locutores e comentaristas 2621 2622 2623 2624 2625 2627 PROFISSIONAIS DE ESPETÁCULOS E DAS ARTES Produtores de espetáculos Coreógrafos e bailarinos Atores, diretores de espetáculos e afins Compositores, músicos e cantores Desenhistas industriais (designer), escultores, pintores e afins Decoradores de interiores e cenógrafos 2631 MEMBROS DE CULTOS RELIGIOSOS E AFINS Ministros de cultos religiosos, missionários e afins TÉCNICOS DE NIVEL MÉDIO TÉCNICOS DE NÍVEL MÉDIO POLIVALENTES 3001 3003 TÉCNICOS ELETROMECÂNICOS E MECATRÔNICOS Técnicos em mecatrônica Técnicos em eletromecânica 3011 3012 TÉCNICOS EM LABORATÓRIO Laboratorista industrial Técnicos de apoio à bioengenharia TÉCNICOS DE NÍVEL MÉDIO DA ENGENHARIA, CIÊNCIAS FÍSICAS, QUÍMICAS E AFINS 3111 3112 3113 3114 3115 3116 3117 TÉCNICO EM CIÊNCIAS FÍSICAS E QUÍMICAS Técnicos químicos Técnicos petroquímicos Técnicos em materiais de cerâmica e vidro Técnicos em fabricação de produtos plásticos e de borracha Técnicos em controle ambiental, utilidades e tratamento de efluentes Técnicos têxteis Coloristas 3121 3122 3123 TÉCNICOS EM CONSTRUÇÃO CIVIL, DE EDIFICAÇÕES E OBRAS DE INFRAESTRUTURA Técnicos em construção civil - edificações Técnicos em construção civil - obras de infra-estrutura Técnicos em topografia, agrimensura e hidrografia 3131 3132 3134 3135 3136 3137 TÉCNICOS EM ELETRO-ELETRÔNICA E FOTÔNICA Técnicos em eletricidade e eletrotécnicos Eletrotécnicos na manutenção de máquinas e equipamentos Técnicos em eletrônica Técnicos em telecomunicações e telefonia Técnicos em calibração e instrumentação Técnicos em fotônica 6 3142 3143 3144 3146 3147 TÉCNICOS EM METALMECÂNICA Técnicos mecânicos na fabricação e montagem de máquinas, sistemas e instrumentos Técnicos mecânicos de ferramentas Técnicos em mecânica veicular Técnicos mecânicos na manutenção de máquinas, sistemas e instrumentos Técnicos em metalurgia (estruturas metálicas) Técnicos em siderurgia 3161 3162 3163 TÉCNICOS EM MINERALOGIA E GEOLOGIA Técnicos em geologia, geotecnologia e geofísica Técnicos em geodesia e cartografia Técnicos em mineração 3171 3172 TÉCNICOS EM INFORMÁTICA Técnicos em programação Técnicos em operação de computadores 3189 DESENHISTAS TÉCNICOS E MODELISTAS Desenhistas técnicos e modelistas 3191 3192 OUTROS TÉCNICOS DE NÍVEL MÉDIO DAS CIÊNCIAS FÍSICAS, QUÍMICAS, ENGENHARIA E AFINS Técnicos do vestuário Técnicos do mobiliário e afins 3141 TÉCNICOS DE NÍVEL MÉDIO DAS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS, BIOQUÍMICAS, DA SAÚDE E AFINS 3201 TÉCNICOS EM BIOLOGIA Técnicos em biologia 3210 3211 3212 3213 3214 TÉCNICOS DA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA Técnicos agropecuários Técnicos agrícolas Técnicos da pecuária Técnicos florestais Técnicos da piscicultura 3221 3222 3223 3224 3225 TÉCNICOS DA CIÊNCIA DA SAÚDE HUMANA Técnicos em fisioterapia e afins Técnicos e auxiliares de enfermagem Ortoptistas e óticos Técnicos de odontologia Técnicos da fabricação de aparelhos locomotores 3231 3232 3241 3242 3250 3251 3252 3253 7 TÉCNICOS DA CIÊNCIA DA SAÚDE ANIMAL Técnicos em veterinária Técnicos zootecnistas TÉCNICOS EM OPERAÇÃO DE EQUIPAMENTOS E INSTRUMENTOS DE DIAGNÓSTICO Operadores de equipamentos médicos e odontológicos Técnicos de laboratório de análises clínicas TÉCNICOS DE BIOQUÍMICA E DA BIOTECNOLOGIA Testadores sensoriais Técnicos em farmácia Técnicos em produção e conservação de alimentos Técnicos de apoio a biotecnologia 3281 TÉCNICOS DE CONSERVAÇÃO, DISSECAÇÃO E EMPALHAMENTO DE CORPOS Embalsamadores e taxidermistas PROFESSORES LEIGOS E DE NÍVEL MÉDIO 3311 3312 3313 PROFESSORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL, NO ENSINO FUNDAMENTAL E PROFISSIONALIZANTE (COM FORMAÇÃO DE NÍVEL MÉDIO) Professores (com formação de nível médio) na educação infantil Professores (com formação de nível médio) no ensino fundamental Professores (com formação de nível médio) no ensino profissionalizante 3321 3322 PROFESSORES LEIGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL , NO ENSINO FUNDAMENTAL E PROFISSIONALIZANTE Professores leigos na educação infantil e no ensino fundamental Professores leigos no ensino profissionalizante 3331 INSTRUTORES E PROFESSORES DE ESCOLAS LIVRES Instrutores e professores de escolas livres 3341 INSPETORES DE ALUNOS E AFINS Inspetores de alunos e afins TÉCNICOS DE NÍVEL MÉDIO EM SERVIÇOS DE TRANSPORTES 3411 3412 3413 TÉCNICOS EM NAVEGAÇÃO AÉREA, MARÍTIMA, FLUVIAL E METROFERROVIÁRIA Pilotos de aviação comercial, navegadores, mecânicos de vôo e afins Técnicos marítimos, fluviários e regionais de convés Técnicos marítimos, fluviários e regionais de máquinas 3421 3422 3423 3424 3425 3426 TÉCNICOS EM TRANSPORTES (LOGÍSTICA) Técnicos em transportes intermodais Técnicos em transportes aduaneiros Técnicos em transportes rodoviários Técnicos em transportes metroferroviários Técnicos em transportes aeroviários Técnicos em transportes de vias navegáveis TÉCNICOS DE NIVEL MÉDIO NAS CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS 3511 3512 3513 3514 3515 3516 3517 3518 TÉCNICOS DAS CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS Técnicos em contabilidade Técnicos em estatística Técnicos em administração Serventuários da justiça e afins Técnicos e fiscais de tributação e arrecadação Técnicos de segurança de trabalho Técnicos e analistas de seguros e afins inspetores de polícia e detetives 3522 3523 3524 3525 TÉCNICOS DE INSPEÇÃO, FISCALIZAÇÃO E COORDENAÇÃO ADMINISTRATIVA Agentes da saúde e do meio ambiente Agentes de inspeção de pesos e medidas Agentes de fiscalização de espetáculos e meios de comunicação Agentes sindicais e de inspeção do trabalho 3531 3532 8 TÉCNICOS DE NÍVEL MÉDIO EM OPERAÇÕES FINANCEIRAS Agentes de bolsa, câmbio e outros serviços financeiros Técnicos de operações e serviços bancários 3541 3542 3543 3544 3545 3546 3547 3548 TÉCNICOS DE NIVEL MÉDIO EM OPERAÇÕES COMERCIAIS Representantes comerciais e técnicos de vendas Compradores Técnicos em exportação e importação Leiloeiros e avaliadores Corretores de seguros Corretores de imóveis Corretores de títulos e valores Técnicos em turismo TÉCNICOS EM NIVEL MÉDIO DOS SERVIÇOS CULTURAIS, DAS COMUNICAÇÕES E DOS DESPORTOS 3711 3712 3713 TÉCNICOS DE SERVIÇOS CULTURAIS Técnicos em biblioteconomia Técnicos em museologia Técnicos em artes gráficas 3721 3722 3723 TÉCNICOS EM OPERAÇÃO DE CÂMARA FOTOGRÁFICA , CINEMA E TRANSMISSÃO DE DADOS Cinegrafistas Fotógrafos Técnicos em operação de máquinas de transmissão de dados 3731 3732 TÉCNICOS EM OPERAÇÃO DE ESTAÇÕES DE RÁDIO E TELEVISÃO Técnicos em operação de estação de rádio Técnicos em operação de estação de televisão 3741 3742 3743 TÉCNICOS EM OPERAÇÃO DE APARELHOS DE SONORIZAÇÃO, CENOGRAFIA E PROJEÇÃO Técnicos em operação de aparelhos de sonorização Técnicos em operação de aparelhos de cenografia Técnico em operação de aparelhos de projeção 3751 DECORADORES E VITRINISTAS Decoradores e vitrinistas de nível médio 3761 3762 3763 3764 3765 ARTISTAS DE ARTES POPULARES E MODELOS Bailarinos de danças populares Músicos e cantores populares Palhaços, acrobatas e afins Apresentadores de espetáculos Modelos 3771 3772 3773 ATLETAS, DESPORTISTAS E AFINS Técnicos esportivos Atletas profissionais Árbitros desportivos OUTROS TÉCNICOS DE NÍVEL MÉDIO 3911 3912 9 TÉCNICOS DE NIVEL MÉDIO EM OPERAÇÕES INDUSTRIAIS Técnicos de planejamento de produção Técnicos de controle da produção TRABALHADORES DE SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS ESCRITURÁRIOS 4101 4102 SUPERVISORES DE SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS Supervisores de serviços administrativos (exceto contabilidade e controle) Supervisores de serviços contábeis, financeiros e de controle 4110 ESCRITURÁRIOS EM GERAL, AGENTES, ASSISTENTES E AUXILIARES ADMINISTRATIVOS Escriturários em geral, agentes, assistentes e auxiliares administrativos 4121 4122 4123 SECRETÁRIOS DE EXPEDIENTE E OPERADORES DE MÁQUINAS DE ESCRITÓRIOS Secretários de expediente e estenógrafos Operadores de máquinas de escritório Contínuos 4131 4132 ESCRITURÁRIOS CONTÁBEIS E DE FINANÇAS Escriturários de contabilidade Escriturários de finanças 4141 4142 ESCRITURÁRIOS DE CONTROLE DE MATERIAIS, DESPACHOS E DE TRANSPORTES Almoxarifes e armazenistas Escriturários de apoio a produção 4151 4152 AUXILIARES DE SERVIÇOS DE BIBLIOTECA, DOCUMENTAÇÃO E CORREIOS Escriturários de serviços de biblioteca e documentação Carteiros e auxiliares de serviços de correios TRABALHADORES DE ATENDIMENTO AO PÚBLICO 4201 SUPERVISORES DE ATENDIMENTO AO PÚBLICO Supervisores de trabalhadores de atendimento ao público 4211 4212 4213 4214 CAIXAS, BILHETEIROS E AFINS Caixas e bilheteiros (exceto caixas de banco) Caixas de banco e operadores de câmbio Coletores de apostas e de jogos Cobradores e afins (exceto nos transportes públicos) 4221 4222 4223 TRABALHADORES DE INFORMAÇÕES AO PÚBLICO Recepcionistas Telefonistas Operadores de telemarketing 4231 DESPACHANTES Despachantes de documentos 4241 ENTREVISTADORES E AFINS Entrevistadores, recenseadores e afins 10 TRABALHADORES DOS SERVIÇOS, VENDEDORES DO COMÉRCIO EM LOJAS E MERCADOS 5102 5103 TRABALHADORES DOS SERVIÇOS SUPERVISORES DOS SERVIÇOS E DO COMÉRCIO Supervisores dos serviços de transporte, turismo, hotelaria e administração de edifícios Supervisores dos serviços de saúde e cuidados pessoais Supervisores dos serviços de proteção, segurança e outros serviços 5111 5112 5114 TRABALHADORES DOS SERVIÇOS DE TRANSPORTE E TURISMO Trabalhadores dos serviços direto aos passageiros Fiscais e cobradores dos transportes públicos Guias de turismo 5121 TRABALHADORES DOS SERVIÇOS DOMÉSTICOS EM GERAL Trabalhadores dos serviços domésticos em geral 5131 5132 5133 5134 TRABALHADORES DOS SERVIÇOS DE HOTELARIA E ALIMENTAÇÃO Mordomos e governantas Cozinheiros Camareiros, roupeiros e afins Garçons, barmen e copeiros 5101 5141 5142 TRABALHADORES NOS SERVIÇOS DE ADMINISTRAÇÃO, CONSERVAÇÃO E MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS E LOGRADOUROS Trabalhadores nos serviços de administração de edifícios Trabalhadores nos serviços de manutenção e conservação de edifícios e logradouros 5151 5152 TRABALHADORES DOS SERVIÇOS DE SAÚDE Atendentes de enfermagem, parteiras práticas e afins Auxiliares de laboratório da saúde 5161 5162 5165 5166 5167 5169 TRABALHADORES NOS SERVIÇOS DE EMBELEZAMENTO E CUIDADOS PESSOAIS Trabalhadores nos serviços de higiene e embelezamento Atendentes de creche e acompanhantes de idosos Trabalhadores dos serviços funerários Trabalhadores auxiliares dos serviços funerários Astrólogos e adivinhos Tintureiros, lavadeiros e afins, à máquina e à mão 5171 5172 5173 5174 TRABALHADORES NOS SERVIÇOS DE PROTEÇÃO E SEGURANÇA Bombeiros (exceto do corpo de bombeiros militar) Policiais e guardas de trânsito Vigilantes e guardas de segurança Guardas e vigias 5191 5192 5198 5199 OUTROS TRABALHADORES DE SERVIÇOS DIVERSOS Entregadores externos (Exceto carteiros) Catadores de sucata Trabalhadores do sexo Outros trabalhadores dos serviços VENDEDORES E PRESTADORES DE SERVIÇOS DO COMÉRCIO 5201 11 SUPERVISORES DE VENDAS E DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DO COMÉRCIO Supervisores de vendas e de prestação de serviços do comércio 5211 VENDEDORES, DEMONSTRADORES Vendedores e demonstradores em lojas ou mercados 5221 REPOSITORES, REMARCADORES DO COMÉRCIO Repositores e remarcadores do comércio 5231 INSTALADORES DE PRODUTOS E ACESSÓRIOS Instaladores de produtos e acessórios 5241 5242 5243 VENDEDORES AMBULANTES E CAMELÔS Vendedores à domicílio Vendedores em quiosques e barracas Vendedores ambulantes TRABALHADORES AGROPECUÁRIOS, FLORESTAIS, CAÇA E PESCA PRODUTORES NA EXPLORAÇÃO AGROPECUÁRIA 6110 PRODUTORES NA EXPLORAÇÃO AGROPECUÁRIA EM GERAL Produtores na agropecuária em geral 6129 PRODUTORES NA EXPLORAÇÃO AGRÍCOLA Produtores agrícolas 6139 PRODUTORES NA EXPLORAÇÃO PECUÁRIA Produtores na pecuária TRABALHADORES NA EXPLORAÇÃO AGROPECUÁRIA 6201 SUPERVISORES NA EXPLORAÇÃO AGROPECUÁRIA Supervisores na agropecuária 6210 TRABALHADORES NA EXPLORAÇÃO AGROPECUÁRIA EM GERAL Trabalhadores na agropecuária em geral 6229 TRABALHADORES AGRÍCOLAS Trabalhadores agrícolas 6239 TRABALHADORES NA PECUÁRIA Trabalhadores na pecuária PESCADORES, CAÇADORES E EXTRATIVISTAS FLORESTAIS 6301 SUPERVISORES NA EXPLORAÇÃO FLORESTAL, CAÇA E PESCA Supervisores na exploração florestal, caça e pesca 6319 PESCADORES, CAÇADORES Pescadores e caçadores 6329 EXTRATIVISTAS FLORESTAIS Extrativistas florestais TRABALHADOR DA MECANIZAÇÃO AGROPECUÁRIA E FLORESTAL 6410 12 TRABALHADORES DA MECANIZAÇÃO AGROPECUÁRIA Trabalhadores da mecanização agropecuária 6420 TRABALHADORES DA MECANIZAÇÃO FLORESTAL Trabalhadores da mecanização florestal 6430 TRABALHADORES DA IRRIGAÇÃO E DRENAGEM Trabalhadores da irrigação e drenagem TRABALHADORES DA PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS INDUSTRIAIS TRABALHADORES DA INDÚSTRIA EXTRATIVA E DA CONSTRUÇÃO CIVIL 7101 7102 SUPERVISORES DA EXTRAÇÃO MINERAL E DA CONSTRUÇÃO CIVIL Supervisores da extração mineral Supervisores da construção civil 7111 7112 7113 7114 TRABALHADORES DA EXTRAÇÃO MINERAL Mineiros e afins operadores de máquina na extração de minerais sólidos Trabalhadores da extração de minerais líquidos e gasosos Garimpeiros e operadores de salinas 7121 7122 TRABALHADORES DE BENEFICIAMENTO DE MINÉRIOS E PEDRAS Trabalhadores de beneficiamento de minérios Trabalhadores de beneficiamento de pedras 7156 7157 TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL E OBRAS PÚBLICAS Trabalhadores de terraplenagem e fundações Trabalhadores de estruturas de alvenaria Trabalhadores de estruturas de concreto armado Trabalhadores na operação de máquinas de concreto armado Trabalhadores de montagem de estruturas de madeira, metal e compósitos (obras civis e afins) Trabalhadores de instalações elétricas Trabalhadores de instalações de materiais isolantes 7161 7162 7163 7164 7165 7166 TRABALHADORES DE ACABAMENTO DE OBRAS CIVIS Revestidores de concreto armado (revestimentos rígidos) Telhadores (revestimentos rígidos) Vidraceiros (revestimentos rígidos) Estucadores e gesseiros Aplicadores de revestimentos cerâmicos, pastilhas, pedras e madeiras Pintores de obras e revestidores de interiores (revestimentos flexíveis) 7170 AJUDANTES DE OBRAS CIVIS Ajudantes de obras civis 7151 7152 7153 7154 7155 TRABALHADORES DA TRANSFORMAÇÃO DE METAIS E DE COMPÓSITOS 7201 7202 SUPERVISORES DA TRANSFORMAÇÃO DE METAIS E DE COMPÓSITOS Supervisores de usinagem, conformação e tratamento de metais Supervisores de montagem metalmecânica 7211 7212 7213 7214 7215 TRABALHADORES DE USINAGEM DE METAIS E DE COMPÓSITOS Ferramenteiros e afins Preparadores e operadores de máquinas - ferramenta convencional Operadores de usinagem convencional (produção em série) Afiadores e polidores de metais Operadores de máquinas e centros de usinagem 13 7221 7222 7223 7224 7231 7232 7233 7241 7242 7243 7244 7245 7246 7250 7251 7252 7253 7254 7255 7256 7257 TRABALHADORES DE CONFORMAÇÃO DE METAIS E DE COMPÓSITOS Trabalhadores de forjamento de metais Trabalhadores de fundição de metais e de compósitos Trabalhadores de moldagem de metais e de compósitos Trabalhadores de trefilação, estiramento e extrusão de metais e de compósitos TRABALHADORES DE TRATAMENTO TÉRMICO E DE SUPERFÍCIES DE METAIS E DE COMPÓSITOS Trabalhadores de tratamento térmico de metais e de compósitos Trabalhadores de tratamento de superfícies de metais e de compósitos (termoquímicos) Trabalhadores da pintura de equipamentos, veículos, estruturas metálicas e de compósitos TRABALHADORES DE MONTAGEM DE TUBULAÇÕES, ESTRUTRAS METÁLICAS E DE COMPÓSITOS Encanadores e instaladores de tubulações Trabalhadores de traçagem e montagem de estrutura metálica e de compósitos Trabalhadores de soldagem e corte de metais e de compósitos Trabalhadores de caldeiraria e serralheria Operadores de máquinas de conformação de metais Aparelhadores e emendadores de cabos (exceto cabos elétricos e de telecomunicações) MONTADORES DE MÁQUINAS E APARELHOS MECÂNICOS Ajustadores mecânicos polivalentes Montadores de aparelhos e acessórios mecânicos em linhas de montagem Montadores de máquinas industriais Montadores de máquinas pesadas Montadores de motores e turbinas Montadores de veículos automotores (linha de montagem) Montadores de sistemas e estruturas de aeronaves Montadores de instalações de ventilação e refrigeração TRABALHADORES DA FABRICAÇÃO E INSTALAÇÃO ELETRO-ELETRÔNICA 7301 SUPERVISORES DE MONTAGENS E INSTALAÇÕES ELETROELETRÔNICAS Supervisores de montagens e instalações eletroeletrônicas 7311 7312 7313 MONTADORES E INSTALADORES DE EQUIPAMENTOS ELETRO-ELETRÔNICOS EM GERAL Montadores de equipamentos eletro-eletrônicos Montadores de aparelhos de telecomunicações Instaladores-reparadores de aparelhos de telecomunicações 7321 INSTALADORES E REPARADORES DE LINHAS E CABOS ELÉTRICOS E DE COMUNICAÇÕES Instaladores e reparadores de linhas e cabos elétricos, telefônicos e de comunicação de dados MONTADORES DE APARELHOS E INSTRUMENTOS DE PRECISÃO E MUSICAIS 7401 SUPERVISORES DA MECÂNICA DE PRECISÃO E INSTRUMENTOS MUSICAIS Supervisores da mecânica de precisão e instrumentos musicais 7411 MONTADORES E AJUSTADORES DE INSTRUMENTOS DE PRECISÃO Mecânicos de instrumentos de precisão (exceto técnicos) 7421 14 MONTADORES E AJUSTADORES DE INSTRUMENTOS MUSICAIS Confeccionadores de instrumentos musicais JOALHEIROS, VIDREIROS, CERAMISTAS E AFINS 7501 7502 SUPERVISORES DE JOALHERIA, VIDRARIA, CERÂMICA E AFINS Supervisores de joalheria e afins Supervisores de vidraria, cerâmica e afins 7519 JOALHEIROS E OURIVES joalheiros e artesãos de metais preciosos e semipreciosos 7521 7522 7523 7524 VIDREIROS, CERAMISTAS E AFINS Sopradores e moldadores de vidros e afins Cortadores, polidores, jateadores e gravadores de vidros e afins Ceramistas (preparação e fabricação) Vidreiros e ceramistas (acabamento e decoração) TRABALHADORES DAS INDÚSTRIAS TÊXTEIS, DO CURTIMENTO, DO VESTÚARIO E DAS ARTES GRÁFICAS 7601 7602 7603 7604 7605 7606 SUPERVISORES DAS INDÚSTRIAS TÊXTEIS, DO CURTIMENTO, DO VESTÚARIO E DAS ARTES GRÁFICAS Supervisores da indústria têxtil Supervisores da indústria do curtimento Supervisores da indústria de confecção de roupas Supervisores da indústria de confecção de calçados Supervisores da confecção de artefatos de tecidos, couros e afins Supervisores das artes gráficas 7610 7611 7612 7613 7614 7618 TRABALHADORES DAS INDUSTRIAS TÊXTEIS Trabalhadores polivalentes das indústrias têxteis Trabalhadores da preparação da tecelagem Operadores da preparação da tecelagem Operadores de tear e máquinas similares Trabalhadores de acabamento, tingimento e estamparia das indústrias têxteis Inspetores e revisores de produção têxtil 7620 7621 7622 7623 TRABALHADORES DO TRATAMENTO DE COUROS E PELES Trabalhadores polivalentes do curtimento de couros e peles Trabalhadores da preparação de peles Trabalhadores do curtimento de couros e peles Trabalhadores do acabamento de couros e peles 7630 7631 7632 7633 TRABALHADORES DA CONFECÇÃO DE ROUPAS Trabalhadores polivalentes das indústrias da confecção de roupas Trabalhadores da preparação da confecção de roupas Operadores de máquinas de costura de roupas Operadores de máquinas de costuras - acabamento de roupas 7640 7641 7642 7643 TRABALHADORES DA CONFECÇÃO DE CALÇADOS Trabalhadores polivalentes da confecção de calçados Trabalhadores da preparação da confecção de calçados Operadores de máquinas de costurar calçados Operadores de acabamento de calçados 7650 7651 7652 7653 15 TRABALHADORES DA CONFECÇÃO DE ARTEFATOS DE TECIDOS E COUROS Trabalhadores polivalentes da confecção de artefatos Trabalhadores da preparação de artefatos de tecidos e couros Trabalhadores da fabricação e instalação de artefatos de tecidos e couros Operadores de máquinas na fabricação de artefatos de tecidos e couros 7654 Trabalhadores do acabamento de artefatos de tecidos e couros 7660 7661 7662 7663 7664 TRABALHADORES DA PRODUÇÃO GRÁFICA Trabalhadores polivalentes das artes gráficas Trabalhadores da pré-impressão gráfica Trabalhadores da impressão gráfica Trabalhadores do acabamento gráfico Trabalhadores de laboratório fotográfico 7681 7682 7683 7686 7687 TRABALHADORES ARTESANAIS DAS ATIVIDADES TÊXTEIS, DO VESTUÁRIO E DAS ARTES GRÁFICAS Trabalhadores artesanais da tecelagem Trabalhadores artesanais da confecção de roupas Trabalhadores artesanais da confecção de calçados e artefatos de couros e peles Trabalhadores tipográficos, linotipistas e afins Encadernadores e recuperadores de livros (pequenos lotes ou a unidade) TRABALHADORES DAS INDÚSTRIAS DE MADEIRA E DO MOBILIÁRIO 7701 SUPERVISORES DA INDÚSTRIA DA MADEIRA, MOBILIÁRIO E DA CARPINTARIA VEICULAR Supervisores da indústria da madeira, mobiliário e da carpintaria veicular 7711 MARCENEIROS E AFINS Marceneiros e afins 7721 TRABALHADORES DA PREPARAÇÃO DAS MADEIRAS E DO MOBILIÁRIO Trabalhadores de tratamento e preparação de madeiras 7731 7732 7733 7734 7735 TRABALHADORES DA TRANSFORMAÇÃO DE MADEIRAS E DA FABRICAÇAO DO MOBILIÁRIO Operadores de máquinas de desdobramento de madeiras Operadores de laminação, aglomeração e prensagem de chapas Preparadores e operadores de usinagem de madeiras convencional Operadores de máquinas de madeira (produção em série) Operadores de máquinas e centros de usinagem de madeira 7741 TRABALHADORES DE MONTAGEM Montadores de móveis e artefatos de madeira 7751 TRABALHADORES DO ACABAMENTO DE MADEIRA E MOBILIÁRIO Trabalhadores do acabamento de madeira e do mobiliário 7764 TRABALHADORES ARTESANAIS DA MADEIRA E DO MOBILIÁRIO Confeccionadores de artefatos de madeira, móveis de vime e afins 7771 7772 TRABALHADORES DA CARPINTARIA VEICULAR Carpinteiros navais e de aeronaves Carpinteiros de carrocerias e carretas TRABALHADORES DE FUNÇÕES TRANSVERSAIS 7801 SUPERVISORES DE EMBALAGEM E ETIQUETAGEM Supervisores de embalagem e etiquetagem 7811 7813 7817 OPERADORES DE ROBÔS E EQUIPAMENTOS ESPECIAIS Operadores de robôs industriais Operadores de veículos operados e controlados remotamente Trabalhadores subaquáticos 16 7820 7821 7822 7823 7824 7825 7826 7827 7828 CONDUTORES DE VEÍCULOS E OPERADORES DE EQUIPAMENTOS DE ELEVAÇÃO E DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS Condutores e operadores polivalentes Operadores de equipamentos de elevação Operadores de equipamentos de movimentação de cargas Condutores de veículos sobre rodas (transporte particular) Condutores de veículos sobre rodas (transporte coletivo) Condutores de veículos sobre rodas (distribuidor de mercadorias) Condutores de veículos sobre trilhos Trabalhadores na navegação marítima fluvial e regional Condutores de veículos de tração animal e de pedais 7831 7832 TRABALHADORES DE LOGÍSTICA E ACOMPANHAMENTO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE Trabalhadores de manobras de transporte sobre trilhos Trabalhadores de cargas e descargas de mercadorias 7841 7842 EMBALADORES E ALIMENTADORES DE PRODUÇÃO Trabalhadores de embalagem e de etiquetagem Alimentadores de linhas de produção TRABALHADORES DA PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS INDUSTRIAIS TRABALHADORES DAS INDÚSTRIAS DE PROCESSOS CONTÍNUOS E OUTRAS INDÚSTRIAS 8101 8102 8103 8110 8111 8112 8113 8114 8115 8116 8117 8118 SUPERVISORES DAS INDÚSTRIAS QUÍMICAS, PETROQUÍMICAS E AFINS Supervisores das indústrias químicas, petroquímicas e afins Supervisores da indústria de plásticos e borracha Supervisores da indústria de produtos farmacêuticos, cosméticos e afins OPERADORES DE INSTALAÇÕES QUÍMICAS, PETROQUÍMICAS E AFINS Operadores polivalentes de instalações químicas, petroquímicas, e afins Operadores de moagem e mistura de materiais (tratamentos químicos e afins) Operadores de processo termoquímicos e afins Operadores de filtragem e separação Operadores de destilação e reação Operadores de produção e refino de petróleo e gás Operadores de coqueificação Operadores de instalações e máquinas de produtos plásticos, de borracha e parafinas Operadores de máquinas e instalações de produtos farmacêuticos, cosméticos e afins 8121 TRABALHADORES DA FABRICAÇÃO DE MUNIÇÃO E EXPLOSIVOS QUÍMICOS Trabalhadores da fabricação de munição e explosivos químicos 8131 OPERADORES DE OUTRAS INSTALAÇÕES QUÍMICAS, PETROQUÍMICAS E AFINS Operadores de outras instalações químicas, petroquímicas e afins 8181 OPERADORES DE OPERAÇÃO UNITÁRIA DE LABORATÓRIO (TRANSVERSAL PARA TODA INDÚSTRIA DE PROCESSOS) Laboratoristas industriais auxiliares 8201 8202 TRABALHADORES DE INSTALAÇÕES SIDERÚRGICAS E DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO SUPERVISORES DA SIDERURGIA E DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO Supervisores da siderurgia Supervisores e de materiais de construção (vidro, cerâmica e compósitos) 17 8211 8212 8213 8214 OPERADORES DE INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS DE PRODUÇÃO DE METAIS E LIGAS1ª FUSÃO Operadores de instalações de sinterização Operadores de fornos de 1ª fusão e aciaria Operadores de laminação Operadores de acabamento de chapas e metais 8221 OPERADORES DE INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS DE PRODUÇÃO DE METAIS E LIGAS 2ª FUSÃO Forneiros metalúrgicos (2ª fusão e reaquecimento) 8231 8232 8233 8281 TRABALHADORES DE INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS DE MATERIAL DE CONSTRUÇÃO, CERÂMICA E VIDRO Operadores de preparação de massas para vidro, cerâmica, porcelana e materiais de construção Operadores de instalações e equipamentos de fabricação de cerâmicas, vidros e porcelanas Operadores de instalações e equipamentos de fabricação de materiais de construção TRABALHADORES ARTESANAIS DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO Trabalhadores artesanais de materiais de construção TRABALHADORES DE INSTALAÇÕES E MÁQUINAS DE FABRICAÇÃO DE CELULOSE , PAPEL, PAPELÃO E ARTEFATOS 8301 SUPERVISORES DA FABRICAÇÃO DE CELULOSE E PAPEL Supervisores da fabricação de pasta para papel, papel, papelão e artefatos 8311 TRABALHADORES DA PREPARAÇÃO DE PASTA DE PAPEL Preparadores de pasta de papel 8321 TRABALHADORES DA FABRICAÇÃO DE PAPEL Operadores de máquinas de fabricar papel e papelão 8339 CONFECCIONADORES DE PRODUTOS DE PAPEL E PAPELÃO Confeccionadores de produtos de papel e papelão TRABALHADORES DA FABRICAÇÃO DE ALIMENTOS, BEBIDAS E FUMO 8401 SUPERVISORES DA FABRICAÇÃO DE ALIMENTOS, BEBIDAS E FUMO AGROINDUSTRIAIS Supervisores da fabricação de alimentos, bebidas e fumo 8411 8412 8413 8416 8417 OPERADORES DA PREPARAÇÃO DE ALIMENTOS E BEBIDAS Moleiros Trabalhadores do refino de sal Trabalhadores da fabricação e refino de açúcar Trabalhadores da preparação de café, cacau e produtos afins Ttrabalhadores da fabricação de cachaça, cerveja, vinhos e outras bebidas 8421 8423 8429 OPERADORES DE TRATAMENTO DE FUMO E DE FABRICAÇÃO DE CHARUTOS E CIGARROS (INCLUSIVE ARTESANAIS) Preparadores de fumo Cigarreiros Charuteiros e trabalhadores artesanais da industria do fumo 8484 8485 18 TRABALHADORES ARTESANAIS DA AGROINDUSTRIA E DA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Degustadores Magarefes e afins 8491 8492 8493 Trabalhadores de fabricação e conservação de alimentos ( inclusive artesanais) Trabalhadores da pasteurização do leite, fabricação de laticínios e afins ( inclusive artesanais) Padeiros, confeiteiros e afins e operadores na fabricação de pães, massas e doces OPERADORES DE INSTALAÇÕES DE PRODUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA, UTILIDADES, CAPTAÇÃO, TRATAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA 8601 8611 8612 8621 8622 8623 8624 8625 SUPERVISORES DE INSTALAÇÕES DE PRODUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA, UTILIDADES, CAPTAÇÃO, TRATAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA Supervisores de instalações de produção e distribuição de energia, utilidades, captação, tratamento e distribuição de água OPERADORES DE INSTALAÇÕES DE GERAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA TÉRMICA, ELÉTRICA E NUCLEAR Operadores de instalações de geração de energia térmica, elétrica e nuclear Operadores de instalações de distribuição de energia térmica, elétrica e nuclear OPERADORES DE UTILIDADES Operadores de máquinas a vapor e caldeiras Operadores de instalações de captação e distribuição de águas Operadores de instalações de captação e tratamento de esgotos Operadores de instalações de captação, engarrafamento e distribuição de gases Operadores de instalações de refrigeração e ar condicionado OPERADORES DE OUTRAS INSTALAÇÕES INDUSTRIAIS OUTROS TRABALHADORES ELEMENTARES INDUSTRIAIS OPERADORES DE OUTRAS INSTALAÇÕES INDUSTRIAIS OUTROS TRABALHADORES ELEMENTARES INDUSTRIAIS 8711 Operadores de outras instalações industriais outros trabalhadores elementares industriais TRABALHADORES DE REPARAÇÃO E MANUTENÇÃO TRABALHADORES DE REPARAÇÃO E MANUTENÇÃO MECÂNICA 9101 9102 9109 SUPERVISORES DE REPARAÇÃO E MANUTENÇÃO MECÂNICA Supervisores da reparação e manutenção de máquinas e equipamentos industriais, comerciais e residenciais Supervisores da reparação e manutenção veicular Supervisores de outros trabalhadores da reparação, conservação e manutenção 9113 MECÂNICOS DE MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS, COMERCIAIS E RESIDENCIAIS Mecânicos de manutenção de bombas, motores, compressores e equipamentos de transmissão Mecânicos de manutenção de aparelhos térmicos, de climatização e de refrigeração(exceto técnicos) Mecânicos de manutenção de máquinas industriais 9131 MECÂNICOS DE MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS PESADAS E EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS Mecânicos de manutenção de máquinas pesadas e equipamentos agrícolas 9141 9142 9143 MECÂNICOS DE MANUTENÇÃO VEICULAR Mecânicos de manutenção aeronáutica Mecânicos de manutenção naval (em terra) Mecânicos de manutenção metroferroviária 9111 9112 19 9144 Mecânicos de manutenção de veículos automotores 9151 9152 9153 9154 REPARADORES DE INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS DE PRECISÃO Reparadores de instrumentos de medição Reparadores de instrumentos musicais Reparadores de equipamentos e instrumentos médico-hospitalares Reparadores de equipamentos fotográficos 9191 9192 9193 OUTROS MECÂNICOS DE MANUTENÇÃO Lubrificadores Trabalhadores de manutenção de máquinas pequenas Mecânicos de manutenção de bicicletas e equipamentos esportivos e de ginástica POLIMANTENEDORES 9501 9502 9503 SUPERVISORES DE MANUTENÇÃO ELETRO-ELETRÔNICA E ELETROMECÂNICA Supervisores de manutenção eletro-eletrônica industrial, comercial e residencial Supervisores de manutenção eletro-eletrônica veicular Supervisores de manutenção eletromecânica 9511 9513 ELETRICISTAS-ELETRÔNICOS DE MANUTENÇÃO INDUSTRIAL, COMERCIAL E RESIDENCIAL Eletricistas-eletrônicos de manutenção industrial Instaladores e mantenedores de sistemas de alarmes de segurança e de incêndio 9531 ELETRICISTAS-ELETRÔNICOS DE MANUTENÇÃO VEICULAR Eletricistas-eletrônicos de manutenção veicular (aérea, terrestre e naval) 9541 9542 9543 MANTENEDORES ELETROMECÂNICOS Mantenedores de elevadores, escadas e portas automáticas) Reparadores de aparelhos eletrodomésticos Reparadores de equipamentos de escritório OUTROS TRABALHADORES DA CONSERVAÇÃO, MANUTENÇÃO E REPARAÇÃO 9111 9912 9913 9914 OUTROS TRABALHADORES DA CONSERVAÇÃO E DA CONSERVAÇÃO E MANUTENÇÃO (EXCETO TRABALHADORES ELEMENTARES) Conservadores de vias permanentes (trilhos) Mantenedores de equipamentos de lazer Mantenedores de carroçarias de veículos Mantenedores de edificações 9921 9922 TRABALHADORES ELEMENTARES DA MANUTENÇÃO Trabalhadores elementares de serviços de manutenção Trabalhadores elementares de conservação de vias permanentes MEMBROS DAS FORÇAS ARMADAS, POLICIAIS E BOMBEIROS MILITARES MILITARES DAS FORÇAS ARMADAS 0100 MILITARES DA AERONÁUTICA Militares da aeronáutica 0200 MILITARES DO EXÉRCITO Militares do exército 0300 MILITARES DA MARINHA Militares da marinha 20 POLICIAIS MILITARES 0401 0402 0403 OFICIAIS DE POLÍCIA MILITAR Coronéis, tenentes-coronéis e majores da polícia militar Capitães da polícia militar Tenentes da polícia militar 0411 0412 0413 PRAÇAS DE POLÍCIA MILITAR Praças especiais de polícia militar Subtenentes e sargentos da polícia militar Cabos e soldados da polícia militar BOMBEIROS MILITARES 0501 0502 0503 OFICIAIS DE BOMBEIRO MILITAR Coronéis, tenentes-coronéis e majores de bombeiro militar Capitães do corpo de bombeiros Tenentes do corpo de bombeiros 0511 0512 0513 PRAÇAS DE BOMBEIRO MILITAR Praças especiais de bombeiro Subtenentes e sargentos do corpo de bombeiros Cabos e soldados do corpo de bombeiros 21 ANEXO 4 TABELAS DO CÁLCULO DO QUI QUADRADO Número de dermatoses observadas por grupo etiológico. Dermatoses HIV/AIDS DERMATO/INFECTO Total Fúngicas 280 93 373 Virais 182 16 198 Bacterianas 42 22 64 Zoonoses 21 17 38 Não Infecciosas 465 479 944 Total 990 627 1617 Número de dermatoses esperadas por grupo etiológico. Dermatoses HIV/AIDS DERMATO/INFECTO Total Fúngicas 229 144 373 Virais 121 77 198 Bacterianas 39 25 64 Zoonoses 23 15 38 Não Infecciosas 578 366 944 Total 990 627 1617 APÊNDICE 1 QUESTIONÁRIO PARA COLETA DE DADOS NÚMERO DE ORDEM:______ Data atendimento:__/__/__ HIV AIDS OUTRAS DÇS INFECCIOSAS DERMATOLOGIA GERAL IDADE:_____anos ESTADO CIVIL: SOLTEIRO SEXO: FEM RAÇA: BRANCA SEPARADO VIUVO UNIÃO ESTÁVEL NÃO INFORMADO MASC PARDA PRETA AMARELA NÃO INFORMADA PESO: _______ ALTURA:_______ MUNICÍPIO:______________________________ NÃO INFORMADO ZONA RURAL URBANA NÃO INFORMADO PROFISSÃO (IBGE): 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 NÃO INFORMADA DERMATOSES ENCONTRADAS: DATA DIAG:__/__/__ 1________________________________________________ CD4 1_______ CD81________ CD451______CARGA VIRAL1_______ NºEPISÓDIOS:___ INTERNAÇÃO AMBULATÓRIO SIRI: SIM NÃO DATA DIAG:__/__/__ 2________________________________________________ CD42________ CD82________ CD452______CARGA VIRAL2_______ NºEPISÓDIOS:___ INTERNAÇÃO AMBULATÓRIO SIRI: SIM NÃO DATA DIAG:__/__/__ 3________________________________________________ CD43________ CD83_______ CD453______CARGA VIRAL3_______ NºEPISÓDIOS:___ INTERNAÇÃO AMBULATÓRIO SIRI: SIM NÃO NÚMERO DE ORDEM:______ DATA DIAG:__/__/__ 4________________________________________________ CD44_______ CD84________ CD454______CARGA VIRAL4_______ NºEPISÓDIOS:___ INTERNAÇÃO AMBULATÓRIO SIRI: SIM NÃO DATA DIAG:__/__/__ 5________________________________________________ CD45_______ CD85________ CD455______CARGA VIRAL5_______ NºEPISÓDIOS:___ INTERNAÇÃO AMBULATÓRIO DÇS ASSOCIADAS: HA DÇ RENAL DM DÇ PULMONAR SIRI: SIM CARDIOPATIAS NÃO OBESIDADE TABAGISMO ETILISMO OUTRAS:__________________________________________________________________ NÃO HÁ NÃO INFORMADO DÇS OPORTUNISTAS:___________________________NÃO HÁ NÃO INFORMADO ANOS DOENÇA:__________ TIPO EXPOSIÇÃO: HETERO HOMO BI DROGA INJETÁVEL VULNERABILIDADE SEXUAL: MÚLTIPLOS PARCEIROS DST OUTROS NÃO INFORMADO SEXO NÃO SEGURO NÃO INFORMADO EM TRATAMENTO? SIM NÃO QUAL?_________________________________________________________________ REGULARIDADE AO TRATAMENTO: REGULAR IRREGULAR NÃO INFORMADO APÊNDICE 2 ANÁLISE MULTIVARIADA multivariada priscila Thursday August 23 13:22:58 2012 Page 1 ___ ____ ____ ____ ____(R) /__ / ____/ / ____/ ___/ / /___/ / /___/ Statistics/Data Analysis User: multivariada priscila Project: multivariada priscila name: log: log type: opened on: <unnamed> F:\analise priscila final log.smcl smcl 23 Aug 2012, 13:14:58 1 . logistic grouprec new_ecrec1 new_ecrec2 new_ecrec3 sexo fungi infecto Logistic regression Log likelihood = grouprec -288.60238 Odds Ratio 2.023071 2.143148 1.575957 2.342911 7.710624 1.658304 .0949697 new_ecrec1 new_ecrec2 new_ecrec3 sexo fungi infecto _cons Number of obs 6) LR chi2( Prob > chi2 Pseudo R2 Std. Err. .462038 .7835486 .6018555 .4942276 1.631894 .4732564 .0336107 z 3.09 2.08 1.19 4.04 9.65 1.77 -6.65 P>|z| = = = = 524 142.78 0.0000 0.1983 [95% Conf. Interval] 0.002 0.037 0.234 0.000 0.000 0.076 0.000 1.293034 1.046761 .7455411 1.549524 5.092597 .9478579 .047461 3.165282 4.387902 3.331324 3.542528 11.67454 2.901249 .1900348 2 . logistic grouprec new_ecrec1 new_ecrec2 sexo fungi infecto Logistic regression Log likelihood = grouprec -289.30309 Odds Ratio 1.872421 1.984868 2.291774 7.703246 1.643464 .1046531 new_ecrec1 new_ecrec2 sexo fungi infecto _cons Number of obs 5) LR chi2( Prob > chi2 Pseudo R2 Std. Err. .4080712 .7131701 .4808293 1.628006 .4687737 .0358936 z 2.88 1.91 3.95 9.66 1.74 -6.58 P>|z| 0.004 0.056 0.000 0.000 0.082 0.000 = = = = 524 141.38 0.0000 0.1964 [95% Conf. Interval] 1.221503 .9815033 1.519092 5.090737 .9396534 .0534329 2.870202 4.013944 3.457479 11.65647 2.874437 .2049721 3 . logistic grouprec new_ecrec1 new_ecrec2 sexo fungi Logistic regression Log likelihood = grouprec new_ecrec1 new_ecrec2 sexo fungi _cons Number of obs 4) LR chi2( Prob > chi2 Pseudo R2 -290.84104 Odds Ratio 1.825195 1.976818 2.195235 7.223853 .1686395 Std. Err. .3958917 .7049382 .4557526 1.488188 .033572 z 2.77 1.91 3.79 9.60 -8.94 P>|z| 0.006 0.056 0.000 0.000 0.000 = = = = 524 138.30 0.0000 0.1921 [95% Conf. Interval] 1.19311 .9827117 1.461379 4.824059 .114158 2.792146 3.976557 3.297607 10.81746 .2491223 multivariada priscila Thursday August 23 13:23:25 2012 Page 2 4 . logistic grouprec new_ecrec sexo fungi new_ecrec ambiguous abbreviation r(111); 5 . logistic grouprec new_ecrec1 new_ecrec2 sexo fungi Logistic regression Log likelihood = grouprec -290.84104 Odds Ratio 1.825195 1.976818 2.195235 7.223853 .1686395 new_ecrec1 new_ecrec2 sexo fungi _cons Number of obs 4) LR chi2( Prob > chi2 Pseudo R2 Std. Err. .3958917 .7049382 .4557526 1.488188 .033572 6 . logistic grouprec new_ecrec1 z P>|z| 2.77 1.91 3.79 9.60 -8.94 0.006 0.056 0.000 0.000 0.000 grouprec new_ecrec1 sexo fungi _cons 7 . log close name: log: log type: closed on: 1.617641 2.293782 7.304482 .1849014 = = 524 138.30 0.0000 0.1921 [95% Conf. Interval] 1.19311 .9827117 1.461379 4.824059 .114158 Number of obs 3) LR chi2( Prob > chi2 Pseudo R2 -292.6817 Odds Ratio = 2.792146 3.976557 3.297607 10.81746 .2491223 sexo fungi Logistic regression Log likelihood = = Std. Err. .3348524 .4720643 1.499361 .035304 z P>|z| 2.32 4.03 9.69 -8.84 <unnamed> F:\analise priscila final log.smcl smcl 23 Aug 2012, 13:19:54 0.020 0.000 0.000 0.000 = = = = 524 134.62 0.0000 0.1870 [95% Conf. Interval] 1.078159 1.532405 4.885025 .1271793 2.427064 3.433451 10.92225 .2688214