III Simpósio de Iniciação Científica

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III Simpósio de Iniciação Científica - SICFIC' 2016
MÚSICA CONTEMPORÂNEA E PEDAGOGIA MUSICAL:
DO INDETERMINADO À SALA DE AULA
BONAFÉ, Isabela de M. (IC)1; DE ANDRÉ, Clóvis (CO)2
1. Acadêmico de Licencitura em Música - FIC-SP. Bolsista PIBIC/CNPq.
2. Prof. Doutor, Dept. of Music, SUNY-Buffalo (NY-EUA). e-mail: [email protected].
RESUMO: O trabalho tem como objetivo analisar a peça Blirium C-9 de Gilberto Mendes,
dentro da definição de não-objeto de Ferreira Gullar e Obra aberta de Umberto Eco, como
recurso pedagógico não somente na relação performance-obra como também na sala de
aula.
INTRODUÇÃO: Ao analisar recursos comumente utilizados em pedagogia musical, nota-se
uma separação em duas linhas ou procedimentos de instrução: aplicação de métodos com
conteúdos predeterminados (e.g., Pozzoli, Willems, Suzuki, Orff, Kodály, Dalcroze);
aplicacão de propostas que procuram fomentar experimentações sobre elementos sonoros
(e.g., Schafer) — (cf. FONTERRADA, 2008, p. 120; PENNA, 2008, p. 41). Algumas dessas
experimentações são assemelhadas a estímulos utilizados em música contemporânea,
muitas vezes envolvendo sequências de instruções (e.g., por meio de bulas presentes em
algumas partituras). Esses procedimentos pedagógicos de experimentação e essa linhagem
da música contemporânea parecem inequivocamente relacionados aos conceitos de música
aleatória e de não-objeto. A música aleatória pode ser definida como um tipo de composição
baseada em instruções (gráficas ou verbais) do compositor, exigindo que o intérprete atue,
por meio de entendimentos pessoais, na própria estruturação da obra e na produção de um
resultado único. O não-objeto pode ser definido como uma obra plástica que prescinde de
significados predeterminados, mas exige a ação do espectador sobre a obra para gerar
significados próprios, embora mutáveis a cada nova ação (cf. GULLAR, 1977, p. 90). Ao
buscar a participação ativa do intérprete, a música aleatória representa uma abdicação do
compositor sobre o resultado (na performance e na percepção do público), e sobre a
elaboração da própria composição (cf. CAZNÓK, 2008, p. 62). Da mesma maneira, ao
necessitar de participação ativa do espectador para a atribuição de significados, o nãoobjeto representa a abdicação do seu artista-autor em favor de um intermediário que
assume o papel de coautor. Neste sentido, o intérprete da música aleatória e o espectador
do não-objeto plástico podem ser considerados equivalentes.
Uma das manifestações de música aleatória, que pode ser considerada emblemática
dessa tendência dentro do repertório brasileiro, é a peça Blirium C-9 de Gilberto Mendes
(SANTOS, 1997, p. 38). Segundo suas próprias palavras, Mendes compôs “uma máquina de
fazer música” (MENDES, 1994, p. 84-85; MENDES, apud SANTOS, 1997, p. 86.), com uma
estrutura em que o intérprete necessitará criar a música, como interpretação das instruções.
Mendes abre mão de parte da composição, permitindo resultados diferentes para cada
intérprete e cada apresentação, que servem como intermediações com percepção única de
cada público. Há, portanto, uma relação entre as possibilidades de interpretação e
percepção fomentadas pela música aleatória e as possibilidades de percepção promovidas
pelo uso de experimentação como recurso pedagógico-musical. No entanto, ainda parece
haver necessidade de maior quantidade de análises que direcionem a utilização da música
contemporânea, e especialmente da música aleatória, no âmbito da pedagogia musical.
O trabalho busca investigar possibilidades de uso da música aleatória como recurso
pedagógico, por meio de uma análise da peça Blirium C-9 (1965) de Giberto Mendes
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(1922-2016). A análise será realizada buscando identificar correspondências entre os
conceitos de música aleatória e a teoria de não-objeto, como formulada por Ferreira Gullar
(*1930) em relação ao movimento neoconcretista brasileiro, posteriormente investigando as
relações entre essas correspondências e as propostas de experimentação na pedagogia
musical.
MATERIAL E MÉTODOS: Para as análises iniciais da peça musical Blirium C-9, de Gilberto
Mendes, serão utilizados a peça Blirium C-9, impressa pela Editora Ricordi, na coleção
“Nova música brasileira”, os trabalhos de Maria Helena Del Pozzo (2004), Paul Griffiths
(1993; 2016) e Mark Evan Bonds (2010), não apenas para interpretações do conteúdo
musical específico dessa peça, mas principalmente na verificação de conceitos
característicos da música aleatória. No plano das relações entre essa peça, e da própria
música aleatória, com os conceitos de não-objeto serão utilizados os trabalhos de Ferreira
Gullar (1997) e de Mirna Costa (2013), sendo que o primeiro constitui a principal 4
exposição da teoria do não-objeto, enquanto o segundo apresenta algumas das relações já
realizadas entre outras obras de Gilberto Mendes e essa teoria. Os trabalhos de Murray
Schafer (2011), Maura Penna (2015) e José Maria Neves (2016) serão utilizados
especialmente para informar a discussão da utilização da música contemporânea
(especialmente a música aleatória) no plano de instruções de pedagogia musical,
relacionadas ao uso da experimentação.
RESULTADOS: O trabalho se encontra em fase inicial e, portanto, ainda não possui
resultados concretos.
CONCLUSÕES: O Trabalho se encontra ainda em fase inicial e, portanto, ainda não possui
conclusões.
REFERÊNCIAS:
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v. 27,
n. 3
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(Disponível
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Disponível em: http://www.rem.ufpr.br/_REM/REMv8/blirium.html. Acesso em: 06 fev. 2016.
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