80 Teor e qualidade do óleo essencial de menta (Mentha arvensis L.) produzida sob cultivo hidropônico e em solo 1 1 1 1 3 2 PAULUS, D. ; MEDEIROS, S.L.P. ; SANTOS, O.S. ; MANFRON P.A. ; PAULUS, E. ; FABBRIN, E. 2 1 Depto. de Fitotecnia, Universidade Federal de Santa Maria, 97105-900 Santa Maria – R.S; Alunos do Curso de 3 Agronomia; Eng. Florestal, e-mail: [email protected] RESUMO: A menta (Mentha arvensis L.) pertencente à família Lamiaceae é uma planta aromática, sendo o mentol a substância encontrada em maior quantidade na composição de seu óleo essencial. No Brasil ocorreu uma redução drástica da produção de menta devido a problemas de fertilidade e manejo do cultivo em solo. Nesse sentido, a hidroponia mostra-se uma técnica promissora para a retomada da produção nacional de óleo e com elevado teor de mentol. O objetivo deste trabalho foi avaliar o teor e a qualidade de óleo essencial de menta cultivada em hidroponia em comparação às condições de campo. Conduziram-se dois experimentos no período de outubro a dezembro de 2002 em Santa Maria, RS. Para o experimento de campo, as mudas foram obtidas por estacas e produzidas em substrato organo mineral (Plantmax®), posteriormente transplantadas para canteiros de 5,0m de comprimento e 1,0m de largura, no espaçamento 0,60m x 0,30m. Para o cultivo hidropônico utilizou-se o sistema “NFT” (Técnica do Fluxo Laminar de Nutrientes), sendo que as mudas foram propagadas por estaquia em espuma fenólica, onde permaceram 18 dias no berçário, quando foram transferidas para as bancadas de produção final. O delineamento experimental utilizado constituiu-se por blocos ao acaso em esquema fatorial 2x2 com os seguintes fatores: concentração da solução nutritiva e espaçamentos. Determinouse a produção e os principais constituintes químicos do óleo essencial de menta. Os melhores resultados de produção de óleo essencial (0,76g planta-1) e constituintes α-pineno (0,40%), âpineno (0,45%), limoneno (1,71%) e mentol (82,4%) foram obtidos com 100% da concentração da solução nutritiva no transplante e reposição de 50% quando a condutividade elétrica reduziu 50% do valor inicial e espaçamento 0,50m x 0,25m. Constatou-se que o óleo essencial de menta (Mentha arvensis L.) produzido em hidroponia é de qualidade e o teor de mentol (- 82,4%) superior ao verificado em campo (64,43%). Palavras-chave: Mentha arvensis L., mentol, solução nutritiva, hidroponia ABSTRACT. Content and essential oil quality in mint (Mentha arvensis L.) produced in hydroponics and wield. Mint (Mentha arvensis L.) belongs to the Lamiaceae family and it is an aromatic plant. The menthol is the substance found in larger amount in composition of essential oil. The problem with soil management and fertility determined a greatly reduction in this field crop production. In this sense, hydroponics shows a good possibility to regain national production of oil and high quantity of menthol. The aim of this experiment was to evaluate the production and quality of essential oil of mint cultivated in hydropony. Two experiments have been carried out from early October, 2002 and ending in December in the same year in Santa Maria, Rio Grande do Sul State, Brazil. For the field experiment, there was obtained transplants by cuttings and produced in organic mineral substrates (plantmax), after transplanted for cutting bed of 5.00m length and 1.00m width, 0.60m x 0.30m spacing. On hydroponic sistem “NFT”(Nutrient Film Technique), transplants were obtained by cuttings in phenolic foam and remained in the nursery for 18 days and then moved to their definit and finally waterway production. The experimental design used was 2x2 factorial (nutrient solution concentration x spacing). There were determined the production and the main chemical representatives of the essential oil of mint. The essential oil production 0.76g plant-1 and constituents α-pinene (0.40%) β-pinene (0.45%), limonene (1.71%) and menthol (82.4%) were the best results obtained with 100% nutrient solution in transplant and 50% replacement when the electric conductivity decreased 50% of initial value and 0.50m x 0.25m spacing. The essential oil of mint (Mentha arvensis L.) produced in hydropony presents quality an tenor of menthol (82.4%) was higher than under soil conditions (64.43%). Key words: Mentha arvensis L., menthol, nutrient solution, hydroponic Recebido para publicação em 08/07/2005 Aceito para publicação em 22/03/2006 Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.9, n.2, p.80-87, 2007. 81 INTRODUÇÃO A hortelã japonesa ou menta (Mentha arvensis L.) pertence à família Lamiaceae, sendo que no Brasil o principal cultivar plantado é o IAC 701 (Maia,1994). É uma planta aromática, sendo que o mentol é a substância encontrada em maior quantidade na composição do óleo essencial. Óleos essenciais são frações líquidas e voláteis que contêm as substâncias responsáveis pelo aroma das plantas. Além da utilização medicinal, entram na composição de perfumes e aromatizantes (Furlan, 1998; Corrêa Junior, 1991). Os óleos essenciais de menta são considerados uma “commodity“ e têm seu preço influenciado pela oferta e demanda mundial do óleo essencial. No Brasil o preço médio do óleo essencial da menta está cotado em US$54 (Silveira, 2002). O mentol, apesar de ser o componente presente em maior quantidade no óleo essencial, não é a única substância que define a sua qualidade. Outras substâncias, mesmo em pequenas quantidades, podem alterar as qualidades organolépticas do óleo essencial, ou ainda terem valor comercial por serem utilizadas nas indústrias alimentícias e farmacêuticas. Outros componentes do óleo essencial, como a mentona, são utilizados pelas indústrias de higiene e limpeza (Clark,1994). De acordo com Murray et al. (1972) óleos essenciais com mais de 5% de acetato de metila são indesejáveis para o mercado de óleos, pois o acetato de metila é responsável pela alteração das qualidades organolépticas do óleo essencial, principalmente a oxidação deste. Conforme Maia (1998), a biossíntese do mentol, segue uma sequência de rotas metabólicas até sua formação, ou seja, com a atuação da enzima limoneno 3-hidroxilase, responsável pelo acúmulo de mentol e que tem o limoneno como substrato, dará origem ao trans-isopiperitoneol, piperitona, mentona e mentol. Óleos essenciais com mais de 20% de mentona indicam que a mentona ainda não foi convertida em mentol. A conversão de mentona para mentol é um processo lento e está associado com o estágio de maturação e estado nutricional da planta (Murray et al.,1972). A quantificação dos componentes existentes nos óleos essenciais tem sido bastante utilizada para avaliação da qualidade dos óleos essenciais. Os principais componentes químicos do óleo essencial são obtidos submetendo-se uma amostra de óleo à análise cromatográfica acoplada à espectrometria de massas. A composição do óleo essencial é afetada por vários fatores ambientais, como o fotoperíodo (Clark, 1994), a temperatura do ar (Andrade & Casali, 1999) e a nutrição da planta (Maia, 1994). As condições de nutrição mineral da planta alteram a produção dos componentes do óleo essencial, principalmente as proporções de limoneno, mentona e mentol ( Maia, 1998). Os valores de temperatura diurno e noturno ótimas para o crescimento da menta são próximos de 30ºC e 18ºC, respectivamente, sendo que os processos de desenvolvimento, incluindo o florescimento, necessitam de temperaturas levemente superiores às dos processos de crescimento (Britten & Basford, 1986). A menta tolera temperaturas mínimas de 5ºC e máximas de 40ºC, sendo considerada uma espécie bem adaptada ao clima subtropical úmido do Rio Grande do Sul, que apresenta temperatura média anual em torno de 18ºC (Nimer, 1989). De acordo com Mairapetyan (1984), é possível a produção de até cinco vezes mais de óleo essencial em cultivos com solução nutritiva quando comparados a cultivos a campo. Além disso, foram encontradas concentrações de até 60% de mentol no óleo extraído de plantas cultivadas em solução nutritiva, enquanto que as plantas cultivadas em solo produziram óleo com apenas 49% de mentol. Nesse sentido, a hidroponia torna-se uma alternativa bastante interessante em relação ao cultivo tradicional feito no solo. Pode-se destacar algumas vantagens da hidroponia: alta produção/área, maior controle no fornecimento de nutrientes de acordo com as exigências nutricionais da cultura e obtenção de produtos de alta qualidade (Castellane & Araújo, 1995). Além disso, a utilização do cultivo em ambiente protegido permite cultivos durante o ano todo. Um dos aspectos mais importantes no cultivo de plantas em hidroponia é a solução nutritiva. Esta representa um custo e deve ser formulada de acordo com o requerimento da espécie que se deseja produzir, ou seja, conter, em proporções adequadas, todos os nutrientes essenciais ao seu desenvolvimento (Schmidt, 1999). Além disso, este sistema de cultivo requer freqüente acompanhamento e ajuste da solução nutritiva para o controle de possíveis desequilíbrios nutricionais. Segundo Londero (2000) o método sem reposição de nutrientes e com renovação completa da solução apresenta inconvenientes, como o desperdício de água e nutrientes e o efeito poluente ao meio ambiente. De acordo com o autor, o fundamento da concentração fracionada da solução nutritiva é reduzir custos, sendo uma alternativa viável, sem afetar a produção. São escassas as informações na literatura sobre estudos de qualidade do óleo essencial de menta em hidroponia (Maia, 1998). O objetivo deste trabalho foi avaliar a produção e qualidade de óleo essencial de menta cultivada em hidroponia comparando com as condições de campo. MATERIAL E MÉTODO Foram conduzidos dois experimentos no período de outubro a dezembro de 2002 em Santa Maria, localizada na Depressão Central do Rio Grande do Sul, tendo como coordenadas geográficas 29º42’S latitude e 53º43’W longitude, com 95 m de altitude. O Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.9, n.2, p.80-87, 2007. 82 clima é subtropical úmido com verões quentes (Moreno, 1961), com temperatura média anual em torno de 19,2ºC e umidade relativa do ar cerca de 78,4% (Mota et al. 1971). A espécie utilizada foi a Mentha arvensis L. cultivar IAC 701. Uma exsicata da espécie encontrase registrada com o no 9268 e depositada no Herbário do Departamento Botânico da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A confirmação da espécie, assim como a identificação botânica, foi realizada pela Eng. Agrônoma Dalva Paulus. As mudas de menta foram obtidas de matrizes produzidas em sistema hidropônico na UFSM e propagadas por estaquia em 30 de setembro de 2002. Para o experimento a campo, as estacas foram colocadas para enraizar em caixas de madeira (0,35m x 0,75m) contendo substrato organo mineral (Plantmax®). Para o experimento em hidroponia, as estacas foram enraizadas em substrato espuma fenólica, sendo estas conduzidas em berçário constituído de 12 tubos de polipropileno, com 4m de comprimento e 3cm de largura, postos sobre cavaletes com desnível de 1% para o escoamento da solução nutritiva. As mudas permaneceram no berçário até o momento que apresentaram 7 a 8 folhas completamente desenvolvidas, quando foram transplantadas para a bancada de produção final. O experimento de campo foi instalado em 18 de outubro de 2002 na área experimental localizada no Jardim Botânico da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).O solo da área experimental é classificado como alissolo hipocrômico argilúvio típico, de acordo com a Sociedade Brasileira de Classificação de Solos (EMBRAPA, 1999). Coletaram-se amostras de solo que foram analisadas no Laboratório de Análises de Solo da UFSM, obtendo-se os seguintes resultados: pH em água (1:1)= 5,5; P, K, Cu e Zn (mg L -1 )= 48,5; 200; 2,2 e 3,5; % matéria orgânica = 2,1; saturação de bases (%) = 60; Al, Ca, Mg e CTC efetiva (cmolc l-1) = 0,0; 3,5; 1,4 e 5,4. Não foi necessária adubação de plantio, porque os resultados de análise de solo atenderam aos padrões estabelecidos pela ROLAS (Rede Oficial de Laboratórios de Análise de Solos, 1999). As mudas com 7 a 8 folhas foram transplantadas para canteiros de 5m de comprimento e 10cm de largura, no espaçamento de 0,60m x 0,30m correspondendo a densidade de 5 plantas m-2, recomendado por Maluf et al. (1999). As irrigações foram realizadas com mangueira, sendo diárias nos períodos mais secos. Realizou-se adubação em cobertura 20 dias após o transplante utilizando-se 30kg ha -1 de N e 25kg ha -1 de K2O, conforme recomendado pelo IAPAR (1978). O experimento em hidroponia foi instalado em 18 de outubro de 2002 em uma estufa com cobertura plástica com 250m 2 coberta com polivinilclorídrico (PVC) com 200µ de espessura, localizada na área experimental do Núcleo de Pesquisas em Ecofisiologia e Hidroponia (NUPECH). Utilizou-se o sistema “NFT”(Técnica do Fluxo Laminar de Nutrientes) onde a solução nutritiva foi distribuída nos canais de cultivo, através de um conjunto de motobomba de 0,5HP e recolhida no final da bancada de cultivo através de uma calha coletora, retornando ao reservatório. Para o armazenamento de 400 litros da solução nutritiva, foram usados 2 reservatórios de fibra de vidro com capacidade de 500 litros. A bancada de produção final foi constituída de 6 canais de cultivo de polipropileno com 6m de comprimento e 1m de largura. Os canais de cultivo foram sustentados por cavaletes de madeira de 0,80m de altura, com declividade de 2%. Utilizaram-se dois espaçamentos: 0,50 x 0,25m e 0,25 x 0,25m entre plantas e entre linhas, correspondendo às densidades de 8 e 16 plantas m-2, respectivamente. A solução nutritiva utilizada para condução do experimento foi calculada a partir dos dados de produção de fitomassa seca e da quantidade de nutrientes extraídos pela planta, obtidos por Maia (1994). Para o preparo da solução nutritiva, foram utilizados os seguintes nutrientes (mg L-1): K+ =299,52; Ca++ =79,60; Mg++ =34,80; N-NO-3_= 211,40; P-H2PO-4 =27,90; S-SO-4=11,84; B=2,844; Cu=0,075; Mn= 6,084; Mo=0,0883; Zn=0,431; FeSO - 4 =6,08; Na2EDTA=14,890. Na etapa de produção de mudas, a solução foi diluída a 50% da concentração original, conforme recomenda Furlani (1998). Em função da curva de crescimento da menta apresentado por Maia (1994) testaram-se dois tratamentos para suprir as exigências nutricionais da cultura. Um dos tratamentos consistiu na aplicação da solução nutritiva parcelando-se a solução, a qual foi de 25% da concentração original no transplantio, com reposição de 25% da solução a cada 15 dias, repondo-se a solução aos 15 e 30 dias após transplantio. O outro tratamento consistiu de 100% da concentração da solução no transplantio, com reposição de 50% dos nutrientes quando a condutividade elétrica reduziu a 50% do valor inicial. Neste tratamento houve três reposições aos 18, 22 e 28 dias no ciclo. Os micronutrientes da fórmula foram fornecidos na forma de solução concentrada, obtida através da dissolução separada dos sais em 100mL de água. Após a diluição dos sais, completou-se o volume para 1 litro. Como fonte de ferro utilizou-se Fe-EDTA, obtido através da dissolução de 6,08g de sulfato de ferro diluídos em 500mL de água e 14,890g de Na2-EDTA em 400 mL de água quente (80ºC). Após o resfriamento do Na2-EDTA, misturaram-se as duas soluções, completando-se o volume para 1 litro e deixando-se borbulhar ar por 12 horas, no escuro, conforme recomendado por Martinez & Silva Filho (1997). Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.9, n.2, p.80-87, 2007. 83 Os valores de condutividade elétrica (CE) iniciais das soluções 25% e 100% foram de 0,56 mS cm-1 e 1,99 mS cm-1. O controle da circulação da solução nutritiva foi realizado com o auxilio de um temporizador programado para acionar a moto-bomba durante 15 minutos, com intervalos de 15 minutos, no período das 7h às 20h), e 15 minutos a cada intervalo de 2h no período das (20h às 7h). O pH das soluções nutritivas foi corrigido diariamente no período da manhã, para um valor próximo de 6,0 ± 0,2, completando-se antes o volume dos reservatórios com água. Utilizou-se hidróxido de sódio (NaOH 0,3N) ou ácido sulfúrico (H2SO4 10%) para elevar ou diminuir o pH, respectivamente. A leitura da CE da solução nutritiva manteve a mesma metodologia das leituras de pH. O delineamento experimental adotado foi o de blocos ao acaso com oito repetições em esquema fatorial 2x2, com os seguintes fatores: concentração da solução nutritiva: A) 100% da concentração da solução no transplantio, com reposição de 50% dos nutrientes quando a condutividade elétrica reduziu a 50% do valor inicial (SC) B)25% da concentração original no transplante, com reposição de 25% da solução a cada 15 dias (SCP) e espaçamentos: A) 0,50m x 0,25m, correspondendo a 8 plantas m-2 (D8); B) 0,25m x 0,25m, correspondendo a 16 plantas m-2 (D16). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, sendo as médias comparadas pelo teste de F, até 5% de probabilidade de erro. Como a análise foi significativa para as interações, prosseguiram-se os desdobramentos através de análise com teste de comparação de médias de Duncan até 5% de probabilidade de erro. A colheita do experimento em hidroponia foi realizada em 22 de novembro de 2002 e a do experimento em campo foi realizada em 23 de dezembro de 2002, quando 70% dos botões florais estavam na eminência da antese, conforme recomendado por Singh & Singh (1989). As plantas colhidas foram separadas em partes: raiz, caules aéreos e folhas, determinando-se o peso da matéria fresca dos caules e das folhas. Posteriormente, as partes foram colocadas em estufa de secagem com ventilação forçada de ar a 40ºC, até massa constante, para determinação do peso da matéria seca. Para extração do óleo essencial do material do experimento de campo e em hidroponia foi utilizado o método da hidrodestilação, em aparelho do tipo Clevenger. Amostras de 100 g de matéria fresca dos ramos aéreos foram colocados em balões com capacidade de 2 litros, com período de destilação de 1h e 20 minutos, conforme metodologia descrita por Alencar et al. (1984). O óleo foi separado da água com éter etílico, após seco com Na2SO4 anidro, filtrado e concentrado à vácuo em rota evaporador. A quantificação do óleo extraído das plantas foi realizado em balança analítica com duas casas decimais. Os cromatogramas foram obtidos em cromatógrafo a gás Varian CP 3800 equipado com detector de ionização de chama (FID), modo de injeção “Split” 20 razão 1/20, operando com as temperaturas do injetor e do detector a 220ºC e 280ºC, respectivamente. O gás de arraste utilizado foi H2 a 50 kpa de pressão (1mL min-1). Utilizou-se coluna capilar de sílica fundida SE-54 ( Polissiloxano) com 25m de comprimento e 0,25mm de diâmetro interno, espessura do filme de 0,25 micrometros. A quantificação dos componentes foi efetuada em função da área de pico correspondente ao sinal de cada componente. Já a identificação dos constituintes foi determinada através do Índice de Kovats determinado em coluna apolar SE-54 conforme dados encontrados por Adams (1995). Os dados meteorológicos de temperatura do ar foram obtidos a partir dos valores registrados no termohigrógrafo instalado em abrigo meteorológico a 1,5m do solo, localizado no centro da estufa e na estação meteorológica. A radiação solar global incidente foi estimada através da equação de Ängstrom modificada por Prescot e Penman, com os coeficientes ajustados para Santa Maria – RS (Estefanel et al., 1990). Os valores dos elementos meteorológicos necessários para a estimativa foram obtidos na estação meteorológica da UFSM. RESULTADO E DISCUSSÃO Durante o período de condução do experimento as condições meteorológicas foram favoráveis para a produção de óleo essencial. Os valores observados de temperatura dentro da estufa (17ºC a 30ºC) e no campo (17ºC a 28ºC) situaram-se próximos da faixa ótima de 18ºC a 30ºC, citada por Britten & Basford (1986). A radiação solar verificada no campo foi de 372 cal cm-2 dia–1.. Observou-se que mesmo com menor disponibilidade de radiação solar (270cal cm-2 dia–1) dentro da estufa, a produção de óleo essencial de menta foi superior àquela verificado no campo. Quando se avaliou a produção de óleo essencial (Tabela 1) verificou-se que houve diferença significativa entre os tratamentos utilizados. Os melhores resultados para produção de óleo essencial de folhas e caules aéreos foram observados nos tratamentos SC e D8. As folhas apresentaram maior produção de óleo essencial em relação aos caules aéreos. A menor produção de óleo essencial foi encontrada na SCP, pois esta foi menos concentrada em termos de nutrientes para atender às exigências nutricionais da cultura. Tal fato acentuou-se com o adensamento de plantas no D16, em que ocorreu maior competição entre plantas por água e nutrientes resultando em produção de óleo essencial inferior a Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.9, n.2, p.80-87, 2007. 84 D8. Assim, o D8 foi o espaçamento mais adequado ao sistema de cultivo hidropônico empregado, visando a produção de óleo. No cultivo a campo obteve-se produção de óleo essencial de 0,65g planta–1. Verificou-se que no cultivo em hidroponia a produção de 0,76g planta–1 do tratamento SC D8 diferiu significativamente do campo, sendo de 0,11g superior em relação ao campo. No cultivo em hidroponia se fornecem os nutrientes minerais na forma de sais inorgânicos, diretamente na solução nutritiva, de modo a serem prontamente absorvidos pelas plantas. Além disso, o ambiente mais favorável, obtido dentro das estufas, permite que as plantas tenham crescimento mais rápido e também maior rendimento. Já no cultivo a campo, esses nutrientes nem sempre estão disponíveis para a planta, o que pode afetar a produção. TABELA 1. Produção de óleo essencial das folhas, caules aéreos e total (g planta–1) de menta (Mentha arvensis L.), cultivar IAC 701, cultivada em solução nutritiva nas concentrações: 100% (SC); 25% (SCP) e dois espaçamentos: 0,50m x 0,25m (D8); 0,25m x 0,25m (D16). UFSM, Santa Maria – RS, 2002. *Médias seguidas das mesmas letras, minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas, em cada variável, não diferem estatisticamente pelo teste de Duncan, a 5% de probabilidade. TABELA 2.Teores médios das principais substâncias (%) do óleo essencial das folhas de menta japonesa (Mentha arvensis L.), cultivar IAC 701, cultivada em solução nutritiva nas concentrações de 100% (SC) e 25% (SCP) em dois espaçamentos: 0,50m x 0,25m (D8) e 0,25m x 0,25m (D16). UFSM, Santa Maria – RS, 2002. *Médias seguidas das mesmas letras, minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas, em cada variável, não diferem estatisticamente pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade. Na composição do óleo essencial das folhas de menta (Tabela 2) observou-se desempenho diferenciado tanto entre espaçamentos quanto na concentração das soluções. Os melhores resultados para o manejo da solução foram observados na SC, exceto para mentona, enquanto que o D8 apresentou melhor desempenho para o espaçamento. O óleo essencial da solução SC e densidade D8 apresentou maior teor de α-pineno, β-pineno, limoneno e mentol. Não se verificou diferença estatística para o teor de mentona entre os espaçamentos. Com relação aos teores médios das principais substâncias do óleo essencial dos caules aéreos (Tabela 3) exceto para mentona, observou-se que o maior teor de α-pineno, β-pineno e mentol foram encontrados na SC e D8. Para SCP não houve diferença estatística para o teor de mentona e mentol entre os espaçamentos. Comparando os resultados dos teores médios das principais substâncias (%) obtidos em hidroponia com os resultados obtidos no cultivo a campo (Tabela 4) verificou-se que a hidroponia Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.9, n.2, p.80-87, 2007. 85 Comparando os resultados dos teores médios das principais substâncias (%) obtidos em hidroponia com os resultados obtidos no cultivo a campo (Tabela 4) verificou-se que a hidroponia apresentou melhor desempenho na produção de mentol (82,4%) em relação ao cultivo em solo (64,43%). No cromatograma mais significativo das amostras dos tratamentos SC e D8 (Figura 1) constatou-se que o teor de mentol (90,33%) é superior em relação àquele do experimento de campo (64,43%) (Figura 2). TABELA 3. Teores médios das principais substâncias (%) do óleo essencial dos caules aéreos de menta (Mentha arvensis L.), cultivar IAC 701, cultivada em solução nutritiva nas concentrações de 100%(SC) e 25% (SCP) em dois espaçamentos: 0,50m x 0,25m (D8) e 0,25m x 0,25m (D16). UFSM, Santa Maria – RS, 2002. *Médias seguidas das mesmas letras, minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas, em cada variável, não diferem estatisticamente pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade. TABELA 4. Teores médios das principais substâncias (%) do óleo essencial de menta (Mentha arvensis L.) cultivar IAC 701 cultivada a campo no espaçamento 0,60m x 0,30m e em hidroponia com solução nutritiva na concentração 100% e espaçamento 0,50m x 0,25m. UFSM, Santa Maria – RS, 2002. *Médias seguidas das mesmas letras, minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas, em cada variável, não diferem estatisticamente pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade. FIGURA 1. Cromatograma do óleo essencial das folhas de Mentha arvensis L. cultivar IAC 701 cultivada em hidroponia com solução nutritiva na concentração 100% e espaçamento 0,50m x 0,25m. UFSM, Santa Maria – RS, 2002. Identificação dos principais picos: 1- Mentona (2,41%),Tempo de retenção (min) - 11,55; 2- Mentol (90,33%), Tempo de retenção (min) -11,919. Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.9, n.2, p.80-87, 2007. 86 FIGURA 2. Cromatograma do óleo essencial dos ramos aéreos de Mentha arvensis L. cultivar IAC 701 cultivada a campo no espaçamento 0,60m x 0,30m. UFSM, Santa Maria – RS, 2002. Identificação dos principais picos: 1Mentona (17,67%), Tempo de retenção (min) -11,081; 2- Mentol (64.44%), Tempo de retenção (min) - 11,943 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ADAMS, R.P. Identification of essential oil components by gas chromatography/mass spectroscopy. Illinois: Allured Publishing Corporation, 1995. 469p. ALENCAR, J.W.; CRAVEIRO, A.A.; MATOS, F.J.A. Kovats indice as a presention routine in mass espectro searches of volaties. Journal of Natural Products, n.47, p.890-2, 1984. ANDRADE, F.M.C.; CASALI, V.W.D. Colheita. In:____. 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