Sobre o conceito de composicionalidade em morfologia

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Sobre o conceito de composicionalidade em morfologia / On the concept of
compositionality in morphology
Maria do Céu Caetano
ABSTRACT: This presentation intends to underline the importance of the concept of
compositionality for morphological studies, particularly for those that focus on
derivation.
Without denying the deep relation between formal and semantic transparency and
productivity, since any neologism is formed by regular processes and is, in principle,
compositional, I’ll try to justify that non productive processes (Portuguese -ura
nominalizations) are characterized by the same degree of compositionality of
productive processes (Portuguese -dor nominalizations). Some inherited words and
loans that synchronically can be taken as derived compositional words will also be
considered.
Finally, it will be discussed how the knowledge of the history of words has or has not
some repercussions in morphological analysis.
conceito
de
composicionalidade
é
examinado.
De acordo com Said Ali ([1931]
3
1964
:
231),
“Parece
cousa
O tipo “ideal” de morfologia é
extremamente fácil distinguir palavras
aquele em que se dá a adição de um
derivadas de palavras primitivas quando
afixo a uma base1, havendo uma relação
se trata de exemplos como pedreiro,
formal e semanticamente transparente.
pedraria, pedregulho ou fechamento,
Qualquer desvio a esta máxima é
laranjal, bananeira, que não requerem
encarado como idiossincrasia, como
especial cultivo da inteligência para
teremos oportunidade de verificar, em
alguém
seguida, percorrendo alguns trabalhos
respectivamente
determinantes em morfologia, onde o
laranja, banana.” Adianta, no entanto,
saber
que
a
se
filiam
pedra,
fechar,
que são vários os casos em que a
1 Cf. princípio de um significado – uma forma,
de que já havíamos falado a propósito da
polissemia dos sufixos, no decorrer do 1º WGT.
relação entre derivado e derivante
“transparece
menos
lúcida”,
sendo
5
necessário um estudo aprofundado para
161),
é
se perceber a filiação. Outras vezes,
morfologicamente complexa é formada
ainda, segundo o gramático, “tem
a partir da concatenação de elementos
havido tal evolução de forma e sentido,
mínimos, contribuindo cada um destes
que surge um curioso conflito entre o
com o seu significado para a palavra na
sentimento geral do vulgo e o fato
sua totalidade.
encarado à luz da pesquisa científica”.
que
cada
palavra
No modelo de formação de
Said Ali ([1931] 19643 : 231) dá
palavras de Marchand (1960), recupera-
como exemplo esquecer, que para “o
se o conceito de motivação de Saussure
comum
falam
(1916) e que mais tarde foi aprofundado
português”, é considerado como tendo
por Bally (1944). Em Marchand (1960),
dado
o conceito de motivação refere-se
dos
homens
origem
a
que
esquecimento,
esquecedor e esquecediço, verbo que
àquilo
para o linguista, “é alteração de
morfologia,
escaecer e palavra derivada, em última
composicionalidade. O autor assume
análise, de caer, forma antiga de cair”.
que os itens linguísticos simples (signos
Mas, como muito prontamente realça,
e
esta análise “erudita” não pode ser
arbitrários/não motivados no que diz
levada ao exagero porque numa palavra
respeito à relação entre forma e
“sentida” como derivada tem de haver
significado
uma relação entre as formas e o
onomatopeias), enquanto as construções
significado. Daí que conclua dizendo
linguísticas complexas são em princípio
que “a fórmula mais razoável para
“relativamente
explicar
podem
esquecer,
receber,
vingar,
que
hoje
designamos,
em
princípio
de
pelo
morfemas)
são
em
princípio
(exceptuando
motivadas”,
ser
as
porque
interpretadas
julgar, resistir, etc., seria declarar que
semanticamente
são
antigos verbos derivados que
conhecimento dos significados dos seus
passaram a funcionar como verbos
constituintes e de alguns paradigmas
primitivos.”
gerais subjacentes. Esta hipótese tem
A ideia que está por detrás da
definição clássica de morfema, uma
forma
linguística
partir
do
duas consequências:
1. O significado é tão importante
com
como a forma e, daí que o signo
apresenta
linguístico mínimo, o morfema, seja
semelhanças fonético semânticas com
entendido como a combinação de forma
qualquer outra forma (Bloomfield 1933:
e significado (“a two facet sign, which
significado
que
mínima
a
não
6
means that it must be based on the
usually be some sort of divergence”.
significate/significant [...] relationship
Ora, pelos exemplos aduzidos, mais
posited by Saussure” (Marchand 1960:
concretamente
1)).
information,
Por isso, Marchand rejeitou a
análise
então
corrente
entre
transmission
percebe-se
e
que
a
divergência não é entre o derivado e a
os
base, mas antes entre o significado real
principais estruturalistas americanos das
do derivado e o significado que
décadas de 1940 e 1950 do século
esperaríamos que ele tivesse2.
passado (cf. método distribucionalista),
de verbos como
consequência,
Aronoff
deceive,
(1976: 33) esclarece que no seu modelo
conceive; retain, detain, contain, etc.
a relação entre as formas precede
como
dois
sempre a relação entre os significados.
alegados
Ou seja, a semântica é relevante, mas só
morfemas não se identificavam com
depois de se ter efectuado a descrição
nenhum
formal.
sendo
morfemas,
receive,
Como
formados
porque
os
de
significado
e,
consequentemente, não poderiam ser
considerados signos linguísticos.
Um dos parâmetros (de entre
onze) do Modelo da Morfologia Natural
2. Só as combinações morfológica
(cf., por exemplo, Wurzel 1984) é a
e semanticamente motivadas podem dar
transparência
origem a novas formações morfológica
princípio que está subjacente a este
e semanticamente analisáveis, isto é,
parâmetro é o designado princípio
aquelas que pressupõe um modelo de
freguiano de composicionalidade do
formação de palavras produtivo. Por
significado. Assim, com base neste
conseguinte, restringe o âmbito da
princípio, assume-se que o significado
formação de palavras aos padrões
de uma palavra complexa é uma função
sincronicamente produtivos.
do
Para Aronoff (1976: 32), sabendo-
morfossemântica.
significado
das
complexas
base, é legítimo perguntar qual o tipo de
morfossemanticamente
semântica
existente
entre
ambas. Mas, contrariamente a outros,
para o autor, “Since morphology is not
syntax, this relationship will seldom be
partes
constitutivas. Neste modelo, as palavras
se que uma palavra complexa tem uma
relação
suas
O
composicionais
são
transparentes,
2 Cf., por exemplo, em português, tripulação
que, para além de significar ‘acção de tripular’,
significa também 'conjunto de pessoas que
prestam serviço num navio ou avião'. Como se
pode observar, a divergência diz respeito às
duas acepções de tripulação.
one of neat compositionality. There will
7
opondo-se
às
palavras
complexas
(formalmente) passível de segmentação,
morfossemanticamente opacas, as quais
é aquele cujo significado resulta da
são tidas como itens lexicalizados.
soma dos significados das partes. Além
Em modelos mais recentes, de
disso,
a
conjugação
destas
duas
influência psicolinguística, em que a
condições significa que o derivado em
questão
lexical
causa é formado de acordo com um
directo/indirecto é central, aponta-se
processo regular e produtivo. Um
geralmente que (cf. Bertinetto 1995):
processo produtivo dará sempre origem
acerca
do
acesso
a produtos transparentes e se, pelo
 as formas derivadas têm
contrário, a palavra se torna opaca, já
serem
não será perceptível a relação entre a
governadas por regras do que as
sua forma e o seu significado, mesmo se
formas flexionadas;
na altura em que foi formada essa
menos
tendência
a
 as formas não produtivas
têm menos tendência a serem
relação existia (cf. esquecer).
Para
alguns
autores,
governadas por regras do que as
transparência
formas produtivas;
determina a produtividade, como é o
 não é provável que as
formal
e
a
semântica
caso de Aronoff (1976: 45 “productivity
e
goes hand in hand with semantic
semanticamente opacas sejam
coherence”). Outros vêem nela uma
governadas por regras, enquanto
condição necessária, mas não suficiente
as transparentes o são;
(por ex. Koefoed & van Marle 2000:
formas
são
fonotáctica
 as formas irregulares não
306). Para outros ainda, (por ex. Baayen
governadas
1993), ela é um factor que favorece a
por
regras,
enquanto as regulares o são;
produtividade, mas não é obrigatória.
 as formas não frequentes
Não vou discutir esta questão em
têm mais tendência a serem
detalhe, limitando-me a dizer que na
governadas por regras do que as
maior parte dos estudos de morfologia
formas frequentes.
derivacional,
a
conexão
entre
produtividade e composicionalidade é
Como acabámos de verificar, na
quase sempre apontada, na medida em
acepção mais comum em morfologia,
que se considera que os produtos
um derivado composicional, além de ser
resultantes de um processo produtivo
são composicionais.
8
Seguidamente
passarei
à
apresentação dos dados, exemplos que
foram
extraídos
de
Gramáticas
Históricas do Português, excepto os que
têm o século a antecede-los e que foram
retirados de textos utilizados para
controlo3:
I.
1. TV + -dor -> N
‘Aquele que V’
alcançador; alcatifador; andador;
armador; benzedor; brunidor; caçador;
calçador;
cantador;
causador;
colhedor; comendador; conciliador;
conhecedor;
contador;
corredor4;
cortador; defendedor; disciplinador;
encobridor; enganador; estampador;
falador; fazedor; ferrador; fumador;
improvisador; jazedor; lavador; ledor;
matador;
mentidor;
mordedor;
namorador;
operador;
pagador;
perseguidor;
polidor;
prègador;
refinador; regedor; roedor; sabedor;
segador;
seguidor;
soffredor;
tabaqueador; torcedor; trabalhador;
urdidor; varredor; vedor; vencedor;
vendedor
XV
movedor E2 ("E
porque ho filosafo diz que toda
cousa que move outra move ẽ
virtude do primeiro movedor,
nõ ficará aquelle tam exçellemte
rrey apartado de todo da gloria e
louvor")
3 Cf. Caetano 2003.
4 Cf. corredor, na acepção de 'passagem, em
geral estreita e longa, no interior de uma
edificação, para comunicar dois ou mais
compartimentos' que, segundo Cunha ([1982]
19872), vem do "a. it. corridóre (hoje
corridóio)".
XIII
roubador[es]5
S13 pp. 181, 204 ("nẽ falso nẽ
aleyuoso
nẽ
escomungado
dementre o for nẽ herege nẽ
s(er)uo nẽ ladrõ nẽ omẽ q(ue)
ande fora d' ordĩ sen lecença de
seu mayor nẽ ome q(ue) dé
heruas a outro por lhy faz(er)
mal nẽ roubador conhoçudo nẽ
omẽ q(ue) nõ aya memoria nẽ
ome q(ue) disse falso testimonho
nẽ ome q(ue) é dado por falso
p(er) sentẽça d(e) qual quer
falsidade"), 245, 262, 271, D43,
D206
XIII
teedor S13 pp.
163 ("E p(er)ean(e)s e Jurado
deste ofizío e teedor e
guardador."), 198 ("e se a estes
plazos nõ ueer ou nõ enuiar assy
como é dito e depoys ueer ou
enuiar assy como é dito, o
teedor nõ seya desapoderado da
penhora"), 200, 210 ("pero que
huu delles seya teedor da
cousa"), 211/ teodores S13 p.
210 / teudor S13 p. 210
2. Adj + -ura  N:
'Qualidade do que é X'
alvura; amargura; brancura;
brandura; bravura; espessura; falsura;
feiura; finura; formosura; frescura;
fritura; friura; gordura; grandura;
grossura; largura; longura; loucura;
negrura; quentura; secura; ternura;
tristura
5 Cf. XIII lat. ladrõ / ladrom.
9
e que o semanticismo dos derivados
II.
A.
Vocábulos
herdados do
latim
-ção:
comemoração;
comparação;
consolação
B. Derivados
do que é X'. Não só subsistem muitos
nomes
apresentaço;
modernização;
perseguição
criminalidade;
familiaridade; novidade
-idade:
actualidade;
claridade;
generosidade
pode ser parafraseado como 'Qualidade
em
–ura,
como
subsiste
igualmente o conhecimento do processo
que
lhes
deu
origem.
Esse
conhecimento não será muito diferente
daquele que nos permite recorrer ao
sufixo -dor para, a partir de TV,
-dor:
lavrador; pescador;
traidor
conhecedor;
pagador; vencedor
adjectivos).
julgamento;
esquecimento;
consentimento
-mento:
encantamento;
juramento;
sentimento
assistencia;
importancia
-ncia:
aderência;
concorrência;
discordância
formarmos e reconhecermos nomes (e
As
formas
frequentemente
em
como
-dor
tidas
icónicas,
na
medida em que os derivados são
estruturalmente motivados e a sua
estrutura
morfológica
reflecte
a
Nos exemplos de 1., as palavras
estruturação semântica, levantam-nos,
complexas formadas pela junção de –
contudo, uma questão: partindo por
dor ao TV são transparentes, quer do
exemplo de movedor verifica-se que,
ponto de vista da forma quer do
inserido no contexto, torna-se claro que
significado, permitindo, assim, que se
o derivado designa o agente, a pessoa
estabeleça uma relação entre as formas
que move, mas, tomado isoladamente,
derivadas e aquelas que lhes deram
também poderia considerar-se que se
origem,
possível
tratava de um adjectivo parafraseável,
outras
como no Dicionário Houaiss (versão
palavras parcialmente idênticas, ou
electrónica) ‘que ou o que aciona
formadas a partir da mesma base ou
máquinas, engenhos etc.’
estabelecer
sendo
ainda
paralelos
com
formadas com o mesmo afixo.
Teremos
legitimidade
para
Em 2., temos nominalizações em -
podermos argumentar que todas as
ura que deixaram de ser produtivas.
formações resultantes de um processo
Ora, parece-me que os falantes actuais
produtivo
continuam a reconhecer que o sufixo
coerentes, se forem tidas isoladamente?
remete para a categoria sintáctica nome
são
semanticamente
Como se pode observar, nas
formas
apresentadas
em
II.A.
10
estabelece-se uma relação transparente
composicionalidade e com as suas
com o verbo correspondente, sendo
implicações.
possível estabelecer correspondências
Numa
das
acepções
mais
fonético semânticas com outras formas
correntes em morfologia, o conceito de
do mesmo paradigma e segmentar o
lexicalização aplica-se a palavras que só
sufixo da base, tal como acontece em
são complexas do ponto de vista formal,
II.B.
duas
não sendo portanto composicionais,
condições necessárias que, de acordo
como argumenta, por exemplo, Bauer
com Rio-Torto (1993: 213), devem ser
(2001:
tidas em consideração para que uma
compositionality implies lexicalisation).
palavra seja considerada um produto
Os termos lexicalizado e opaco
derivacional do português, isto é, "que a
são muitas vezes sinónimo e opõem-se
sua
aos
Teríamos
estrutura
em
II.A as
composicional
seja
53
termos
"lack
de
of
semantic
composicional
e
conforme com o padrão derivacional
transparente. No entanto, como penso
que a gera; que base e afixo sejam
ter demonstrado em Caetano 2007, em
constituintes do português".
que analisei algumas formas em –aria,
Casos como estes, em que temos
como por exemplo cantaria, (de canto,
formas não geradas em português, mas
‘pedra
que apresentam transparência formal e
trabalhada»), especiaria (derivado de
são
um
espécie, ‘tipo, natureza, qualidade’; é
são
utilizado para designar ervas ou plantas
composicionais,
problema:
colocam
sincronicamente
grande’;
significa
analisadas como palavras complexas, se
aromáticas),
bem
à
medieval, frontaria indica local, ainda
realidade. Todavia, para o falante
que não delimitado com precisão, tendo
comum,
de
depois passado a significar 'fachada
etimologia, como já havia relembrado
principal') e romaria (de Roma, top. +
Said
que
Ali
tal
sem
não
corresponda
conhecimentos
([1931]
19643),
frontaria
(em
«pedra
port.
devedor
-aria: "Roma considerada capital da
[+latino] e movedor, por exemplo, não
Igreja Católica, para onde se dirigiam
apresentam qualquer diferença.
numerosas peregrinações; a designação
passou depois a denominar qualquer
Outra questão pertinente ao nível
outra peregrinação a local de veneração
da análise de palavras complexas
religiosa"), derivados deste tipo, ainda
prende-se com a questão da perda de
que
formalmente
necessitam
de
uma
transparentes,
especificação
11
acrescida, quer no que diz respeito ao
por
tipo de bases, quer relativamente ao
reafirmo
sufixo em questão. Do ponto de vista
composicionalidade e a transparência
semântico,
que dependem da produtividade, é esta
sincronicamente,
estes
derivados são opacos e, por isso,
idiossincráticos.
perder
disponibilidade.
que
Assim,
não
é
a
que se subordina às primeiras.
As indicações fornecidas
pelos
Se entendermos a lexicalização tal
dados fazem-me crer que a perda de
como ela é definida por Bauer (2001),
disponibilidade não é sinónimo de
ou seja, como o desvio semântico de
irregularidade e de opacidade e que os
uma
à
sufixos que já não participam na
uma
formação de novos derivados podem ser
propriedade que varia na proporção
tão "regulares" como os que se mantêm
inversa da produtividade dos processos
disponíveis. As probabilidades de um
morfológicos envolvidos na formação
derivado formado com um sufixo que
de palavras, palavras como as que
perdeu disponibilidade se opacificar são
indiquei acima são itens lexicalizados6.
talvez maiores do que a de um derivado
palavra
em
composicionalidade
relação
estrita,
considerar
formado com um sufixo disponível, mas
como encontramos na maior parte dos
este último caso também se observa,
trabalhos em morfologia derivacional,
i.e., também há formas opacas formadas
que a composicionalidade decorre da
com um sufixo disponível (cf., por
produtividade?
exemplo,
Poderemos,
então,
Uma
vez
que
composicionalidade
a
apela
frontaria).
aparentemente,
a
Logo,
lexicalização
não
de
estará directamente relacionada com a
transparência, não será antes esta a
perda de disponibilidade, mas antes com
noção decisiva a ter em conta na relação
a falta de transparência formal e
produtivo - não produtivo? Como tive
semântica.
obrigatoriamente
ocasião
de
ao
observar
conceito
em
análises
efectuadas anteriormente, sufixos que
Assim, pode concluir-se que os
de forma regular formaram em número
falantes terão a capacidade de analisar
significativo
compósitos
quer as palavras complexas formadas
(exemplo derivados em –ura) acabaram
por processos produtivos, quer as
derivados
palavras
6 Cf., por exemplo, romaria com drogaria,
leitaria, perfumaria, etc..
formadas
improdutivos,
quer
com
sufixos
as
palavras
12
herdadas, desde que as mesmas sejam
Histórica da Língua Portuguesa. São
transparentes.
Parece-me,
também
que
o
conceito de lexicalização nalguns casos
tem
ALI, Manuel Said. [1931] 19643. Gramática
vindo
a
ser
empregue
indevidamente no âmbito da morfologia
derivacional. Pese embora a perda de
transparência semântica, derivados em
que se verifica tal perda mantêm, ainda
Paulo: Edições Melhoramentos
ARONOFF, Mark. 1976. Word Formation in
Generative
Grammar.
Cambridge
(Massachusetts): MIT Press
BAAYEN, Harald. 1993. Discussion on
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and
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van
Marle
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Yearbook
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assim, as suas fronteiras morfológicas.
Morphology 1992. Dordrecht, The
No
Netherlands:
seguimento
disto,
parece-me,
também, que palavras que não têm o
estatuto de derivados do português, na
Kluwer
Academic
Publishers, pp. 181-208
BAUER,
Laurie.
2001.
Morphological
medida em que são palavras complexas
Productivity. Cambridge: Cambridge
herdadas, mas que são sincronicamente
University Press
morfológica
e
semanticamente
transparentes,
apresentando
uma
BERTINETTO,
Pier
Compositionality
Marco.
1995.
and
non-
padrão
compositionality in morphology. In
derivacional do português, embora não
Wolfgang U. Dressler & Cristina
estrutura
conforme
ao
tenham sido geradas nesta língua, não
devem
ser
incluídas
nas
palavras
simples.
Burani
(eds).
Cross-Disciplinary
Approaches to Morphology. Wien:
Osterreichische
Akademie
der
Wissenschaften, pp. 9-36
Com esta breve apresentação,
BLOOMFIELD, Leonard. 1933. Language.
espero ter contribuído de algum modo
New York / Chicago / San Francisco /
para a discussão dos conceitos de
Toronto: Holt, Rinehart & Winston
composicionalidade,
transparência
e
CAETANO,
Maria
do
Céu.
2003.
A
lexicalização, tão caros aos morfólogos
Formação de Palavras em Gramáticas
e que também têm sido explorados por
Históricas do Português. Análise de
outros especialistas.
algumas correlações sufixais. Diss. De
Doutoramento apresentada à UNL,
FCSH
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