VARIAÇÃO DO CLIMA E PROCESSO DE URBANIZAÇÃO: ESTUDO

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VARIAÇÃO DO CLIMA E PROCESSO DE URBANIZAÇÃO: ESTUDO DE CASO
“REGIONAL ISIDORO” NO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE/MG
Matheus Braga Gonçalves1, Talisson de Sousa Lopes2, Taíza de Pinho B. Lucas3
Centro Universitário de Belo Horizonte – Departamento de Geografia
RESUMO: Este trabalho tem por fim analisar e comparar o comportamento da temperatura e
umidade relativa do ar na região da Granja Werneck, mais conhecida como Isidoro, onde será
construída uma nova regional do município Belo Horizonte - MG. Através de coletas feitas em
campo no período seco e chuvoso foram alocados abrigos meteorológicos em três pontos, sendo
um na própria região, e nos bairros Jaqueline e Minas Caixa, localizados na parte norte-nordeste
de Belo Horizonte - MG. Os resultados permitiram identificar diferentes amplitudes térmicas e
formações de núcleos de aquecimento principalmente no bairro Minas Caixa, região de Venda
Nova, por ser o local mais adensado e impermeabilizado da área estudada.
ABSTRACT: This work aims to analyze and compare the behavior or temperature and relative
humidity in the region of the Granja Wemeck, better known as Isidoro, where a new regional
office will be built. Through collections made in the field during the dry and rainy weather,
shelther placed at three points, being one in the region, in the Jaqueline neighborhood and
Minas Caixa neighborhood, located in the Belo Horizonte - MG. The results showed different
temperature ranges and the formation of heating core mainly in the Minas Caixa neighborhood,
Venda Nova region, because of being the denser and waterproofed place of the study areas.
INTRODUÇÃO
O crescente processo de urbanização de Belo Horizonte, vem progressivamente alterando os
ecossistemas naturais. De acordo com Assis (2010), o vertiginoso crescimento urbano e
populacional da capital mineira nas últimas décadas provocou sérios danos, tanto ao meio
ambiente natural quanto aos próprios habitantes da cidade. Um dos principais motivos foi à
criação do seu parque industrial, especialmente a partir da década de 50, quando se registraram
aumentos populacionais significativos, fortalecendo o papel de grande pólo de atração regional.
A imensidão de mata na Região Norte da capital deve receber, de acordo com o plano diretor
constituído para a área, 300 mil habitantes. Para efeitos comparativos, o contingente supera a
população de Uberaba, no Triangulo Mineiro. A região é fundamental para a estabilidade topo
1
Estudante do curso de Geografia e Análise Ambiental do Centro Universitário de Belo Horizonte do 1º
semestre de 2011. E-mail: [email protected]
2
Estudante do curso de Geografia e Análise Ambiental do Centro Universitário de Belo Horizonte do 1º
semestre de 2011. E-mail: [email protected]
3
Orientadora, professora do curso de Geografia e Análise Ambiental do Centro Universitário de Belo
Horizonte. E-mail: [email protected]
climática em seu entorno, devido aos 10 milhões de m² verdes com cursos d’águas e nascentes
importantes para a bacia hidrográfica da capital mineira.
Este trabalho tem por objetivo comparar e analisar as variações topo climática em função do
processo de urbanização que a Região Isidoro irá sofrer. Será avaliado o papel da urbanização
como agente modificador do clima, buscando identificar as principais conseqüências desse
projeto urbanístico para o clima da região e suas adjacências.
Com a expansão das áreas urbanas, o clima é alterado significativamente pelo aumento das
superfícies de absorção térmica, impermeabilização dos solos, retirada da cobertura vegetal,
concentração de edificações que interferem nos efeitos dos ventos e contaminação atmosférica
(XAVIER & GOUVEIA, 1992).
METODOLOGIA
A partir de uma base teórica sobre clima urbano, foram levantados dados no local do estudo
como temperatura e umidade relativa do ar. Foram feitas análises comparativas da Região
Isidoro com a regional Venda Nova e o Bairro Jaqueline, ambos localizados no município de
Belo Horizonte, se baseando no perfil do conforto térmico humano. São áreas próximas com
intenso processo de modificação da paisagem devido à urbanização. Para realização do
levantamento dos dados foram utilizados aparelhos termo higrômetros para o registro da
temperatura e umidade relativa do ar. O uso desses equipamentos na coleta de dados está
baseado nos trabalhos realizados sobre o clima urbano no município de Belo Horizonte por
Assis (2010). Após realização do levantamento dos dados foram feitas representações gráficas
dos resultados obtidos das áreas analisadas.
A região do Isidoro teve o levantamento dos dados meteorológicos em pontos previamente
estabelecidos a partir da cartografia do local e posterior checagem de campo, tendo sido feita
em três pontos. Os dados meteorológicos foram coletados no período das 09h00min as
19h00min em intervalos de 1 em 1 hora. As informações foram coletadas nos meses de janeiro,
fevereiro e março de 2011, período do verão ao inicio da estação outono e duas coletas no mês
de maio do mesmo ano, período mais frio e seco. A pesquisa ocorreu sob diferentes tipos de
tempo, possibilitando a identificação na alteração dos dados de um local sem intervenção
antrópica, para um local semi e totalmente urbanizado.
ANÁLISES E RESULTADOS
As coletas foram realizadas em três diferentes áreas para uma melhor compreensão e
interpretação dos dados obtida sendo na região do Isidoro (Figura 01), área verde composta por
matas fechadas e cursos d’água caracterizada por pequenas fazendas, o bairro Jaqueline (Figura
02), localidade próxima ao objeto de estudo, mas em pleno processo de urbanização e o bairro
Minas Caixa (Figura 03), localizado na Regional Venda Nova, porção Norte de Belo Horizonte,
marcada pelo forte e intenso processo urbanístico.
Na coleta do mês de Janeiro a condição atmosférica de Belo Horizonte foi marcada por um
Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul com pouca nebulosidade, não havendo registro de
precipitação e os ventos com pouca intensidade. No ponto do bairro Minas Caixa, região mais
urbanizada do estudo, (Figura 04) nota-se que o conforto térmico humano nessa região ocorreu
apenas nos horários de 9h às 11h e posteriormente somente no final da tarde, após as 16 horas.
Podemos dizer que tal fato é característico da formação de núcleos de aquecimento que nos
horários de maior incidência solar a radiação que não é refletida pela superfície e não é usada na
evaporação é carregada ocasionando o aquecimento das ruas, edifícios e do ar, gerando muito
calor e desconforto térmico. Algo muito parecido, porém com menor intensidade acontece no
ponto do bairro Jaqueline (Figura 05). Já na área de coleta do Isidoro, (Figura 06) onde não há
urbanização a umidade relativa do ar e a temperatura oscilaram menos, o que ocasiona melhor
conforto térmico.
Na coleta do mês de Fevereiro a condição atmosférica de Belo Horizonte foi marcada por
estabilidade pela atuação de anticiclone subtropical onde se observou a presença de algumas
nuvens e ventos com intensidade de moderados a fracos, não havendo registro de precipitação
em nenhuma das regiões analisadas. No ponto do bairro Minas Caixa, (Figura 07) como na
análise anterior, identificamos a formação de núcleos de aquecimento. No ponto do bairro
Jaqueline, (Figura 08) onde o grau de urbanização ainda é menor, ocorreu grande variação de
temperatura e umidade. No ponto alocado no Isidoro (Figura 09) não houve formação de
núcleos de aquecimento. É possível identificar que nessa região o conforto térmico é mais
constante, devido à presença de vegetação.
Na coleta do mês de Março a condição atmosférica de Belo Horizonte foi marcada por forte
instabilidade, devido a uma Frente Fria, foi observada muita nebulosidade e ventos moderados,
houve registro de precipitação nas três regiões analisadas. Segundo dados do MG TEMPO PUC
MINAS a precipitação acumulada para Belo Horizonte nesta data foi de 37,25 mm. A atuação
das precipitações pode ser observada como agente mitigador das diferenciações meso e
topoclimáticas e na minimização dos bolsões de calor sobre o tecido urbano. No ponto da região
do Isidoro (Figura 10) a umidade se manteve constante, devido à presença de muitas árvores e
solo com material orgânico. Nessas áreas a tendência é que haja acumulo de água e que a
evaporação seja mais lenta, e por isso tende o ambiente a ficar mais úmido. Diferentemente, nas
áreas urbanizadas (Figuras 11 e 12) a umidade do ar não se manteve, havendo um aumento
apenas no momento da chuva sendo uma característica das zonas urbanas, devido à grande
impermeabilização do solo, facilidade de evaporação e escoamento da água de chuva e carência
de áreas verdes.
Nas coletas no mês de Maio a condição atmosférica de Belo Horizonte apresentou pouca
nebulosidade, ventos moderados a fortes e sem registro de precipitação nas regiões analisadas.
No ponto na área do bairro Minas Caixa, (Figura 13) entre 13 e 17 horas identificamos a
formação de núcleos de aquecimento causando grande desconforto térmico. O conforto térmico
nessa região pode ser observado apenas entre 09h00 e 11h00 e após as 17h00, horários esses em
que a radiação solar é menos intensa. No ponto do bairro Jaqueline, (Figura 14) houve grande
variação de temperatura e umidade, se compararmos com o ponto do bairro Minas Caixa. No
ponto da região do Isidoro (Figura 15) não houve formação de núcleos de aquecimento,
observa-se que no horário de maior radiação solar há um aumento na temperatura, porém não há
fortes oscilações, mantendo a temperatura amena. É possível identificar que o conforto térmico
é mais constante, devido à presença de vegetação. Dentre as regiões analisadas foi nessa região
que a temperatura e a umidade permaneceram mais estáveis.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É importante ressaltar que os levantamentos e resultados aqui expostos não concluem a
discussão sobre a formação de núcleos de aquecimento e o Processo de Urbanização na região
do estudo. Os experimentos de campo realizados confirmaram de forma não muito clara a
interferência da urbanização na modificação de um topo clima, devido à escala de tempo
utilizada e a quantidade de pontos utilizados na mensuração das informações.
As suposições dos modelos teóricos de que a aglomeração urbana possibilita uma facilidade na
formação de núcleos de aquecimento se comparado às áreas circundantes ou sem o processo de
urbanização, sendo um dos principais fatores na elevação da temperatura local é algo que se
deve levar em consideração em estudos de clima urbano.
De modo geral, os núcleos de aquecimento identificados nesse trabalho coincidiram com o local
mais adensado e impermeabilizado da área de estudo, nesse caso o Bairro Minas Caixa na
região de Venda Nova, onde é possível observar um intenso tráfego de veículos e fluxo de
pessoas. Diferentemente dos demais locais analisados, em todos os campos realizados
identificamos registros diferentes de temperatura e umidade relativa do ar entre o ponto Minas
Caixa e aqueles próximos às áreas vegetadas (Jaqueline), mas a grande diferença se deu nas
medições realizadas no Isidoro, o que nos leva a considerar que a aglomeração urbana
influência diretamente na amplitude térmica diária.
Através da comparação de dados de zonas urbanas com zonas menos urbanizadas e arborizadas,
como cita o estudo, subentende-se que o processo de urbanização e supressão de área verde
tende a alterar o micro clima da região, porém com a implantação dessa nova regional em Belo
Horizonte, mostra-se necessário uma continuidade no trabalho para chegar a uma posição
conclusiva. Ainda não é possível confirmar se a região sofrerá os mesmos impactos ligados ao
desconforto térmico, como identificado no Bairro Minas Caixa.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSIS, Wellington Lopes. O Sistema Clima Urbano Do Município De Belo Horizonte Na
Perspectiva Temporo-Espacial. Tese (Doutorado) – UFMG, Instituto de Geociências, 2010.
MG
TEMPO
PUC
MINAS.
Centro
de
Climatologia.
Disponível
http://www.pucminastempoclima.com.br/ Acessado em 23 de abril de 2011.
em
XAVIER, H.; GOUVEIA, L. L. A.. Influencia Do Clima Nas Habitações: Estudo De Caso
Em Conjuntos Residenciais Populares Na Periferia De Belo Horizonte A Partir Da
Aplicação Do Modelo De Mahoney. Caderno de Geografia, Belo Horizonte, v.2, n.3, p. 9-27,
jul. 92.
Lista de Figuras
Figura 01
Figura 02
Figura 03
Figura 04
Figura 05
Figura 06
Figura 07
Figura 08
Figura 09
Figura 10
Figura 11
Figura 12
Figura 13
Figura 14
Figura 15
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