O Bugio Boletim informativo do Parque CienTec Universidade de São Paulo Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária Parque de Ciência e Tecnologia www.usp.br/cientec/ Fevereiro 2008 - Abril 2008 Ano V, Número 22 Parque CienTec recebe workshop sobre biônica P roduzir uma fibra tão resistente e maleável quanto a teia das aranhas. Criar o velcro à partir de mecanismos semelhantes presentes na natureza, como o do carrapicho, que gruda nas roupas de quem passeia entre a vegetação. Solucionar problemas técnicos das mais diversas áreas -medicina, engenharia, design- utilizando exemplos dos seres vivos é o objetivo da ciência chamada biônica, que foi tema do workshop BioDiverCIDADE, realizado durante todo o dia 31 de março no Parque CienTec. O evento reuniu pesquisadores e técnicos alemães e brasileiros e teve o objetivo de agilizar parcerias entre as duas instituições envolvidas, a USP e a Universidade de Münster. No encontro foram realizadas palestras e mesaredonda. O primeiro palestrante foi Bernd Hill, da universidade alemã e uma das maiores autoridades mundiais no setor. Ele esclareceu melhor o conceito de biônica e seu potencial para resolver problemas práticos. Entre outras contribuições, o trabalho de Hill com a planta conhecida como Vitória Régia e a forma como suas fibras se entrelaçam, que pode ser reproduzida para solucionar problemas arquitetônicos, é um bom exemplo da utilidade da biônica. A instalação no Parque CienTec de uma Oficina de Biônica, que se juntará a todas as outras atrações da instituição que fazem a divulgação da ciência, também foi discutida. Segundo Ricardo Schuch, do Escritório de Inovação da Universidade de Münster, a idéia é aproveitar os recursos naturais presentes no Parque, plantas e animais, e fazer os próprios visitantes imaginarem usos práticos para a forma como a natureza resolve seus problemas. “As crianças têm uma mente aberta e criativa, prontas para descobrir potenciais na natureza”, afirma Schuch. Mesa-redonda e palestras fizeram parte do workshop Segundo Wilhelm Schmitz, pró-reitor de pesquisa e relações internacionais da Universidade de Münster, o workshop teve resultados concretos para o desenvolvimento e divulgação da biônica nos dois países. Várias parcerias com a USP foram acertadas, como o estabelecimento de um programa de pósgraduação e um possível congresso sobre o assunto a se realizar no segundo semestre. No período da tarde os participantes tiveram a oportunidade de conhecer muitas das atrações do CienTec. Foram visitados a Exposição de Matemática e de Física, além da Nave Mário Schenberg. Mas a atração que mais encantou os visitantes alemães foi o Passeio Ecológico até os vertedouros e a mata a t l â n t i c a presente em todo o caminho. Os visitantes alemães conheceram várias atrações do CienTec 2008: Ano Internacional do Planeta Terra Por Michel Esmério, graduando em Letras pela USP O projeto do Ano Internacional do Planeta Terra (AIPT) foi apresentado pela ONU e pela União Internacional de Ciências Geológicas - ou Ciências da Terra - (IUGS). Proclamado pela ONU em dezembro de 2005 para acontecer entre janeiro de 2007 e dezembro de 2009, sendo 2008 o ano principal. O objetivo é demonstrar como as Ciências da Terra podem colaborar para uma sociedade sustentável, encorajando os governos a aplicar os conhecimentos científicos acumulados nessa área para benefício de todos. Os dois principais focos do AIPT são ciência e divulgação e serão abordados vários temas: Água Subterrânea, Desastres Naturais, Terra e Saúde, Clima, Recursos naturais e Energia, Megacidades, O logo oficial do evento promovido pela ONU Núcleo e Crosta terrestres, Oceanos, Terra e Vida e Solos. O programa de divulgação pretende difundir entre a população a importância das Ciências da Terra para o desenvolvimento humano, contribuir para o sistema educacional e aumentar, junto aos governos, o entendimento da necessidade das Ciências da Terra. Desde o início de suas atividades, em 2001, o Parque CienTec também atua na divulgação das Ciências da Terra, oferecendo visitas monitoradas que aumentam a consciência ambiental e científica. Meteorologia, Geofísica e Geologia são algumas das áreas abordadas. Outros exemplos da incorporação pelo CienTec dos objetivos do AIPT é a Oficina de Reciclagem e o Passeio Ecológico, voltado à conscientização de crianças e adultos. Novo pró-reitor visita CienTec Digital, a Nave Mário Schenberg e a Exposição da Física foram algumas das atrações visitadas pelo novo Pró-Reitor, que estava acompanhado da diretora do Parque, Marta Mantovani, e a vicediretora, Raquel Glezer. Na Exposição de Física o pró-reitor, que é docente da Escola de Engenharia de São Carlos, se interessou pela Gaiola de Faraday e Gerador Van der Graaf, ambos experimentos que demonstram as propriedades da eletricidade de modo divertido para crianças e adultos. Marta Maria Mantovani, diretora do Parque CienTec, Ruy Alberto Corrêa, o novo pró-reitor de Cultura e Extensão, e Raquel Glezer, vicediretora, na Exposição de Matemática R uy Alberto Corrêa Altafim, novo Pró-Reitor de Cultura e Extensão da USP, visitou o Parque Cientec dia 20 de fevereiro. Durante o passeio, o Professor Altafim teve a oportunidade de conhecer melhor os projetos e atrações do CienTec, que está vinculado à pró-reitoria. A Exposição de Matemática, o Passeio Ecológico até os vertedouros, a Gruta 02 Outra atração que impressionou o visitante foi a Nave Mário Schenberg, que ele classificou como fantástica, e que simula uma viagem pelo espaço. A viagem virtual é feita em cenário semelhante a uma nave de verdade e as crianças podem controlar, entre outros, a velocidade, trajetória e quantidade de combustível que será utilizada. Ruy Altafim apontou ainda para o enorme potencial de divulgação de ciência e tecnologia do Parque, inclusive no treinamento de professores das redes pública e privada que poderiam funcionar como multiplicadores desse conhecimento. Visita à Mini Bacia Hidrográfica Floresta no meio da cidade é um dos passeios oferecidos pelo CienTec Por Bianca Maria Gaspar, graduanda em Biologia pela USP e que apresenta o passeio ecológico O passeio ecológico ao Vertedouro permite a muitos estudantes acostumados a viver em grandes cidades e centros urbanos um raro contato com a natureza. Nessa visita, todos têm a oportunidade de conhecer diversas espécies vegetais exóticas - não originárias do ambiente -, como o café e o pinheiro, e nativas. Abelhas, peixes e outros animais, comuns em nosso dia-a-dia mas que desempenham importantes papéis no ecossistema, também podem ser observados pelo visitante. Entretanto, muitos ficam extasiados ao entrar em contato pela primeira vez com outros dos animais presentes no Parque Cientec e que dificilmente o habitante urbano tem oportunidade de conhecer, como o macaco bugio - que dá nome a este boletim -, patos selvagens e garças. O lago é a principal atração do passeio. Suas águas límpidas, os animais que ai vivem e a grande formação florestal da Mata Atlântica em suas margens constituem uma vista indescritível e rara para muitos visitantes das grandes cidades. A vantagem do passeio ao Vertedouro é a variedade de temas educativos e sócio-ambientais que podem ser abordados ao longo da visita. Resquícios das plantações de café oferecem boas oportunidades para explorar a história econômica de São Paulo; a substituição de uma parte desmatada da floresta por pinheiros, árvores exóticas, pode ser usada para explicar a importância da execução correta do reflorestamento. A palmeira Geriva, da qual se extrai o palmito, as plantas exóticas, as madeiras dos pinheiros, além do próprio café, nos mostram a utilidade dos vegetais e como são importantes para nossa economia. O passeio ecológico até o Vertedouro, uma das atrações mais requisitadas do Parque, demonstra para seus visitantes, alunos e professores de diversas faixas etárias, a importância da natureza em nossas vidas, conscientizando a todos sobre o porquê da preservação da natureza. Conheça nossas outras atrações O Parque CienTec é uma instituição pública ligada à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP. Seu objetivo principal é oferecer aos visitantes entretenimento de qualidade ao mesmo tempo em que divulga a ciência e tecnologia. Vários são os tipos de passeios disponíveis ao público. Conheça alguns deles. Alameda do Sistema Solar: conheça melhor os planetas de nosso sistema. Espaço Geofísica: terremotos e maremotos. Como e quando ocorrem. Estação Meteorológica: aprenda mais sobre a medição dos fenômenos climáticos. Espaço Astronomia: conheça um telescópio e seu funcionamento. Oficina de Fotografia: como tirar fotos com câmeras de lata. Investigando o Olho Humano: como enxergamos as coisas? Gruta Digital em 3D: um passeio por uma molécula, pela cidade do Rio de Janeiro e pelo Universo. Tudo em imagens em três dimensões. Exposição de Matemática: um modo divertido de aprender matemática. Nave Mário Schenberg: ajude a tripulação da nave a realizar uma arriscada missão pelo universo. Exposição de Física: experiências surpreendentes que demonstram as regras do universo. Energias Alternativas: as energias do futuro e como elas funcionam. 03 Prevenindo desastres NATURAIS por meio da TECNOLOGIA Uma entrevista com o ex-chefe da Estação Meteorológica N o final de 2007 a Estação Meteorológica presente no Parque Cientec fez 75 anos. Uma das mais antigas do país, ela ainda hoje realiza medições dos diversos aspectos do clima: pressão atmosférica, temperatura do ar, precipitação da chuva entre outros. Além de também servir como instrumento didático para os meteorologistas formados pela USP, a Estação recebe visitas monitoradas de estudantes das redes pública e privada. Na entrevista abaixo, o ex-chefe da Estação, Augusto José Pereira, fala um pouco sobre a Estação e de um novo instrumento disponível para os profissionais da área, o radar meteorológico móvel MXPOL, que realiza medições das nuvens por meio de ondas eletromagnéticas. O radar está montado sobre um caminhão adaptado para esse fim e foi apresentado no 2o SIBRADEN - Simpósio Brasileiro de Desastres Naturais e Tecnológicos -, realizado em Santos em dezembro do ano passado, e no qual Pereira foi um dos palestrantes. Na entrevista abaixo, Augusto fala sobre clima mundial, a importância da Estação Meteorológica e, agora, da estação móvel. Sua palestra foi sobre o impacto das cidades no aquecimento global, especificamente o caso da Região Metropolitana. Os dados obtidos na Estação Meteorológica do Parque ajudaram o senhor a montar sua opinião sobre esse assunto? Na realidade, a apresentação mostrou que os impactos antrópicos nas cidades são mais significativos do que os globais. A série de dados da Estação Meteorológica-IAG/USP é de muito boa qualidade e permite avaliar a evolução do clima urbano da Região Metropolitana. É possível afirmar que esse aquecimento local reflete de alguma forma no clima global ou regional mais amplo - no continente, por exemplo? O cercado da Estação Meteorológica do Parque. 75 anos de história e uma das mais antigas do país. qual a Estação está vinculada - nesse tipo de simpósio? O IAG abriga três importantes áreas fundamentais do conhecimento: Astronomia, Geofísica e Meteorologia. O Sistema Solar tem um grande impacto no planeta Terra. Os processos geofísicos no interior da Terra podem causar eventos catastróficos, como foi o tsunami da Ásia; os processos atmosféricos têm também seu impacto sobre a vida - furacões, tornados, enchentes. Portanto, o IAG tem muito a contribuir para a compreensão científica dos fenômenos que afetam o homem, prevê-los e mitigá-los. Quais são os recursos dessa estação móvel? O que ela pode medir? Além da quantidade de chuva com muito boa precisão, classificar tipos de gotas, neve, cristais de gelo e granizo. O radar ainda registra as velocidades de deslocamento das nuvens e detecta regiões da nuvem com cargas elétricas. Qual a relação dessa estação móvel com a prevenção de acidentes? Qual a razão dela estar exposta em um simpósio sobre desastres naturais e tecnológicos? O radar MXPOL será utilizado para monitorar a formação e desenvolvimento de tempestades e chuvas que causam inundações e deslizamentos. O SIBRADEN tratou de ambos os assuntos e era importante mostrar que essa tecnologia está disponível no Brasil. Será usada para monitorar as nuvens na Região Metropolitana (tempestades) e Baixada Santista (chuvas prolongadas). O sistema terrestre é muito complexo. Sistemas locais têm um impacto no sistema global e vice-versa. As interações entre os cinco componentes principais do clima - litosfera, criosfera, hidrosfera, atmosfera e biosfera - é algo ainda por se entender melhor. Faltam dados e modelos adequados para este fim. MXPOL, o radar Por que é importante a meteorológico móvel. Outro participação do IAG - Instituto instrumento para evitar os Astronômico e Geofísico, ao efeitos dos desastres naturais. 04 Crianças de Americanópolis RECEBEM o Parque CienTec Instituição leva cultura e ciência até onde o público está J úlia de Souza Toleto, sete anos, faz um esforço de memória e fala: “deu para aprender bastante sobre como a reta liga os dois pontos na apresentação da bolha. Gostaria que vocês viessem mais vezes!”. Esse depoimento é apenas um dos resultados da visita do Parque CienTec à Safrater Sociedade de Amparo Fraterno Casa do Caminho, que aconteceu dia 12 de março. O experimento lúdico ao qual Júlia se refere chama-se Superfícies Mínimas e ensina matemática por meio de demonstrações simples e divertidas com bolhas de sabão. A Safrater, localizada no bairro de Americanópolis, oferece a crianças carentes aulas de reforço e atividades culturais e esportivas. Além do Superfícies Mínimas, as mais de cem meninas e meninos de até 13 anos foram apresentados a outras das atrações do CienTec: experimentos de física - como o Gerador de Van der Graaf, que causou grande comoção quando levantou o cabelo da criançada - e o Espaço Giramundo, que ensina como reaproveitar o lixo e a fazer papel atividades às instituições, traz outra dimensão ao aprendizado, tanto para os educandos como para os educadores. É como se fosse uma outra perspectiva do mesmo processo. Para as pessoas da instituição, pelo que parece, é sempre um grande prazer receber o esforço de um grupo que muda sua rotina e se mobiliza para o preparo da visita. A nós do CienTec, fica a sensação de que nosso esforço é sempre muito reconhecido”, esclarece Capucci. O Espaço Giramundo consiste em um ambiente de reflexão crítica sobre as transformações sócioambientais no ambiente promovidas pela ação humana e a parte apresentada às crianças foi a Oficina de Papel. Foram discutidos conceitos como reuso, redução de consumo e reciclagem de papel usado -produção de novas folhas- com cola e água. Capucci fala um pouco mais sobre a reação das crianças a essa atividade. “A grande sensação foram os momentos em que retirávamos as folhas de papel que havíamos feito naquele momento. É como se tivéssemos feito uma mágica. Sobre esse último, Maria de Espantados e eufóricos, ficaram Lourdes Marques, voluntária da curiosos com a possibilidade de Sefrater, afirma que a consciência produzir de forma caseira algo ambiental promovida pelo que sempre esteve nas indústrias, Giramundo vai ao encontro das tão distantes de suas realidades”. atividades que ela desenvolve com as crianças. “A Mostra Cultural e A Oficina de Papel Reciclado fez Essa já é a segunda vez neste sucesso entre a criançada Científica que estamos ano que o Parque CienTec leva promovendo vai discutir suas atividades até o público. Dia cinco de março foi justamente a sustentabilidade ambiental do planeta. a vez do Movimento Comunitário de Promoção O CienTec está de parabéns por trazer esse tema Humana - uma ONG também do bairro de para as crianças”, afirma Maria de Lourdes. Americanópolis - receber o Parque. A iniciativa de Leonardo Capucci, estagiário do CienTec e um dos levar as atividades do CienTec até locais como responsáveis pelo Espaço Giramundo, também escolas e ONGs tem o apoio do governo estadual estava satisfeito com o resultado da visita. “Levar por meio do Projeto Cidadania para Todos. 05 Jacu Por Vanderson Cristiano, graduando em Biologia pela USP bichos do Parque “... Deixa o mato crescer em paz / Não quero fogo, quero água... / Deixa o tatu-bola no lugar / Deixa a capivara atravessar / Deixa a anta cruzar o ribeirão / Deixa o índio vivo no sertão / O jacú já tá velho na Borzeguim, canção de Tom Jobim fruteira...” A lém do termo pejorativo que algumas pessoas usam para chamar as outras, na cidade poucos sabem que Jacu é um pássaro. Os visitantes na Trilha de Educação Ambiental do Parque Cientec podem ter a chance de ver esse animal, passando do desconhecimento para o respeito. também anda pelo chão. Apresenta uma plumagem escura e papo vermelho saliente na zona da A caça do Jacu, assim como de outros animais, garganta. Apesar do seu porte, do tamanho de uma deveria se dar apenas em nível de subsistência de galinha, voa e se esgueira agilmente entre a densa comunidades, como as indígenas, que vivem de vegetação das copas, encantando nossos uma forma sustentável, sem agredir a natureza. visitantes. Seus alimentos são folhas, insetos e Mas por ter uma carne saborosa e principalmente frutos. Consome alta variedade de ser de fácil captura, quando dormem frutos, especialmente do Palmito Jussara Reino: Animal à noite empoleirados, hoje o Jacu (Euterpe edulis), defecando suas sementes Filo: Chordata está presente na lista da fauna intactas. Ajudam, com isso, na dispersão de Classe: Aves brasileira ameaçada de extinção. sementes de espécies nativas da Mata Atlântica. Ordem: Galliformes Sua caça, hoje, está proibida por Na cultura indígena, os jacus assumem papéis lei. São aves da região neotropical, Família: Cracidae importantes nas lendas e histórias, como no encontradas apenas na América, gênero: Penélope “Mito da Origem”, que narra a separação do dia e em geral nas florestas da noite, graças à criação da jacutinga, que canta brasileiras. quando o sol aparece. Ainda hoje, quem mora na O jacu presente no Parque Cientec, Penelope Região Norte acredita que sonhar com jacu é sinal obscura, também chamada de jacuguaçu, vive em de superação de problemas. Por isso, sonhe com pequenos bandos ou casais, fica em árvores e os jacus... árvores do Parque Quaresmeira assim, como perenifólias. Além disso, podem produzir flores arroxeadas e rosadas, fato que permite o seu uso no paisagismo. Pela sua fácil adaptação, são usadas também no reflorestamento de áreas verdes degradadas. É importante lembrar que, apesar de conhecermos pouco seus frutos, todas as plantas que possuem flores os produzem também, inclusive a quaresmeira, os quais são pequenos e dão origem a grande quantidade de sementes. N esta época do ano, entre fevereiro e abril, notamse flores arroxeadas e rosas entre as manchas verdes que representam as poucas árvores da Grande São Paulo. São as flores das quaresmeiras, árvores que despontam com todo o seu esplendor próximo à quaresma, daí seu nome. As Tibouchina granulosa, como dizem os botânicos - cientistas especializados em plantas -, possuem folhas o ano todo, sendo caracterizadas, 06 Por Camila Victorino, graduanda em Biologia pela USP Reino: Plantae No Parque CienTec pode Divisão: Magnoliophyta ser encontrada quantidade Ordem: Myrtales razoável de quaresmeiras, Família: Melastomataceae já que elas se adaptam Gênero:Tibouchina bem em regiões de clima tropical. Portanto, não Espécie: granulosa deixe de observar, próximo à sua casa, a presença de quaresmeiras, pois São Paulo, mesmo com grande parte de sua área verde desmatada, possui muitas árvores nativas da Mata Atlântica. Uma viagem pelas estrelas I magine que você é o tripulante de uma nave que tem a missão Antes da viagem espacial, os de salvar uma civilização em um novos tripulantes tomam planeta distante prestes a ser conhecimento da missão que destruído pelo surgimento de uma terão que cumprir (acima). As supernova – nome dado aos crianças, em grupos, ocupam corpos celestes criados após a cada uma das estações que explosão de estrelas com mais de controlam a nave (acima, à dez massas do Sol. No caminho direita). Uma última olhada na para esse salvamento, passar por Terra antes de iniciar a Marte, Júpiter, enfrentar uma viagem (ao lado). chuva de asteróides e ainda atravessar um buraco negro na velocidade da luz. Experimentar isso tudo é bem mais fácil para aqueles que visitam a nova atração do Parque Cientec, a Nave Mário Schenberg. Trata-se de um complexo arquitetônico que simula realisticamente a sala de comando de uma nave espacial e, em conjunto com equipamentos de som e vídeo, faz com que o visitante realmente se sinta A experiência dura de 30 a 40 minutos e, além de viajando pelo universo. incentivar o trabalho colaborativo para resolver O passeio, indicado para estudantes de 8 a 14 problemas, também apresenta conceitos de anos, começa com a apresentação de um vídeo onde astronomia, física e matemática para as crianças de os visitantes conhecem a missão que terão que forma lúdica. Podem participar de cada apresentação cumprir durante a viagem. Mas, como explica o vídeo, até 22 pessoas, divididas em grupos de seis. controlar a nave exigirá muito trabalho em equipe. A A Nave, totalmente nacional, é resultado do trabalho sala de comando, o próximo espaço para onde se dirigem os visitantes, está dividido em estações que de uma equipe multidisciplinar de 30 pessoas, que controlam diferentes aspectos para a realização da envolveu também o Laboratório de Sistemas missão: rota, energia, radar, velocidade, manutenção Integrados - LSI - da Escola Politécnica, da USP. O e comando. Divididos em grupos e ocupando cada nome do simulador é uma homenagem ao físico uma das estações, as crianças serão responsáveis brasileiro Mário Schenberg, considerado por Einstein um dos mais importantes de sua época. pelo sucesso ou fracasso da missão. Cartoon do Parque 07 Administração atua para PRESERVAR MATA ATLÂNTICA CURRÍCULO É CULTURA garante mais público para Parque M ais de nove mil crianças até o final do ano: 80 visitantes por dia, todos os dias. Esses são alguns números que a adesão do CienTec ao Programa “Currículo é Cultura”, da Fundação para o Desenvolvimento da Educação do Governo do Estado, irá garantir ao Parque à partir do mês de maio. O programa tem o objetivo de ampliar e diversificar a aprendizagem dos alunos da rede pública de ensino por meio de visitas sistemáticas a museus, teatros e instituições que divulgam a ciência e a tecnologia, como o CienTec. O Planetário, Jardim Zoológico, Instituto Butantã e a Estação Ciência, entre outros, também participarão do programa. Parte da área que será reflorestada e, ao fundo, a Mata Atlântica do Parque Cientec A No Parque serão dois grupos de 40 crianças por dia, um de manhã e outro de tarde. As atividades desenvolvidas durante os passeios serão: Alameda do Sistema Solar - uma série de esculturas que representam os planetas que orbitam o Sol; o Passeio Ecológico até a mini-bacia hidrográfica com vertedouros; Giramundo – espaço para pensar a forma como nos utilizamos do planeta e que funciona também como oficina de material reciclável; e a Oficina de Desenhos. área de Mata Atlântica, ainda disponíveis no viveiro, selecionamos”, preservada, do Parque CienTec afirma Márcia. Ela também enfatiza a conta com aproximadamente 121 importância da utilização de espécies hectares. Para manter esse nativas: “só assim poderemos garantir verdadeiro oásis de verde em meio à a qualidade ambiental do local cidade de São Paulo, a administração biodiversidade florestal e vinda da do CienTec vem tomando uma série fauna local -, garantindo que a área de medidas, como entendimentos tenha capacidade de se regenerar Marta Mantovani, diretora do Parque efetivamente”. com moradores dos CienTec, esclarece que, além de atrair arredores para o uso 1500 mudas de 43 Márcia afirma que, mais público, a parceria com o Governo do Estado de São Paulo, por meio da ecologicamente sejam espécies diferentes embora Fundação para o Desenvolvimento da responsável das áreas necessários em torno de Educação, também vai possibilitar a foram usadas no limítrofes e a construção reflorestamento dez anos para cobrir de preparação da instituição que dirige, de muros e grades. Uma verde a área, em cinco já em termos de recursos humanos e das medidas mais será possível notar bons resultados, materiais, para recepcionar mais importantes é a recuperação de como melhoria da qualidade do solo, pessoas. “Com a participação no partes da mata, degradadas por manutenção da temperatura local, Currículo e Cultura, o CienTec entrará queimadas ou desmatamentos. No seqüestro de carbono e maior definitivamente no roteiro cultural de final de 2007, 1500 mudas de 43 infiltração de água – favorecendo, a São Paulo, e com ênfase em seus espécies nativas da Mata Atlântica longo prazo, o abastecimento dos recursos voltados à educação”, foram usadas para iniciar o processo completa. lençóis freáticos. de reflorestamento de dois trechos degradados na região próxima ao Reitora da USP - Prof. Dra. Suely Vilela Jardim Campanário e ao lago, Pró-Reitor de Cultura e Extensão Universitária aproximadamente sete mil metros - Prof. Dr. Ruy Alberto Corrêa Altafim quadrados. Parque CienTec De acordo com Márcia Jovito, bióloga responsável pela supervisão do reflorestamento, as mudas foram obtidas gratuitamente no Jardim Botânico. “Fizemos o levantamento das espécies que ocorriam no PEFI Parque Estadual das Fontes do Ipiranga - e, em cima das espécies Diretora - Profa. Dra. Marta Silvia Maria Mantovani Vice-Diretora - Profa. Dra. Raquel Glezer Jornalista responsável - Alexandre de Arruda Postigo, Mtb 44 347 Colaboradores - Bianca Maria Gaspar, Camila Victorino, Michel Esmério, Vanderson Cristiano, Willian Raphael Silva Para agendar sua visita ao Parque CienTec ligue para 5077 6312, com Luciane. Endereço do Parque: Av. Miguel Stéfano, 4.200 (em frente ao Zoológico).