Biologia do Sistema Imune dos Teleósteos Silas Fernandes Eto, Gustavo da Silva Claudiano Dayanne Carla Fernandes Paulo Fernandes Marcusso Vanessa Dantas da Silva Thaise Fernanda Menezes Saccon Rogério Salvador RESUMO: A resposta imune dos peixes teleósteos se assemelha funcionalmente a resposta em mamíferos, dividida em resposta imune inata, que representa a primeira linha de defesa de um organismo após o rompimento das barreiras físicas, químicas e biológicas iniciais, e a resposta imune adaptativa, humoral e celular, entretanto, apresentam diferenças imunofuncionais e moleculares distintas, devido a distancia, filogenética entre peixes e mamíferos. Portanto o entendimento sobre o sistema imune dos teleósteos se torna importante para a aplicação de métodos de imunoprofilaxia e vacinação, substituindo o uso de antibióticos, reduzindo a resistência microbiana, mimetizando os danos econômicos e problema de saúde publica. PALAVRAS-CHAVE: Sistema imune. Teleósteos. Inata. Adaptativa. Introdução A resposta imune dos peixes pode ser dividida em resposta inata ou não específica, que consiste em impedir os agentes patogênicos ao acesso no organismo hospedeiro, podendo eliminar os patógenos e bloquear sua entrada; a resposta imune específica, caracterizada pela especificidade e memória imunológica, induzindo imunógenos (BERNSTEIN; SCHLUTER; MARCHALONIS, 1998. A resposta inata é um antigo sistema evolutivo presente nos invertebrados e vertebrados. É composto de linha germinal codificada e parâmetros de reconhecimento relativamente não específicos, mostrando a ação imediata, mas de curta duração. A resposta do sistema inato aos patógenos é determinada pela linhagem evolutiva e genética e tem sido adaptado ao longo do tempo por fatores ambientais e associações patogênicas. A especificidade da defesa inata é, portanto, uma característica hereditária (ALVAREZ-PELLITERO, 2008; CARROLL; JANEWAY, 1999; DU PASQUIER, 2001; DU PASQUIER, 2004; JANEWAY; MEDZHITOV, 1998). Na resposta adaptativa a atividade específica, não é uma característica hereditária, mas reflete a experiência imunológica de cada indivíduo. A ativação do sistema imune adaptativo é lenta, exigindo seleção do receptor, a proliferação celular e da proteína específica, mas a síntese é de longa duração (DIXON et al., 1995; DU PASQUIER, 2000; BOWDEN; COOK; ROMBOUT, 2005; HARDING; NEEFJES 2005; HUTTENHUIS et al., 2005; RANDELLI; BUONOCORE; SCAPIGLIATI, 2008). Fatores celulares e humorais dos sistemas, específico e não específico, promovem nos peixes proteção externa e interna contra agentes infecciosos (IWAMA; NAKANISHI, 1996). Sempre que um agente patogênico ataca o organismo, este se defende mediante a interação da maioria dos elementos que compõem o sistema imune, onde vários fatores de cada sistema podem agir separadamente ou em combinação (FERNANDEZ; DE BLAS; RUIZ, 2002). 2. Resposta imune inata em teleósteos O sistema imune dos peixes apresenta resposta imune inata e adquirida compostas de células, moléculas, órgãos e tecidos linfóides (EWART, ET. AL., 2001). Os peixes teleósteos apresentam um sistema imune inato altamente desenvolvido, composto de barreiras físicas e químicas, lisozimas epiteliais séricas presentes no muco e envolta dos ovos embrionados formando uma barreira de proteção a patógenos ambientais, antes do desenvolvimento e ativação da resposta imune adquirida (WATTS e MUNDAY, 2001). Apresentam moléculas do sistema complemento, proteína C-reativa, células fagocíticas; macrófagos, neutrófilos e trombócitos (WATTS e MUNDAY, 2001). Em trufa arco-íris (Oncorhynchus mykiss) a presença de duas isoformas de lisozimas, com potencial bactericida, contra bactérias gram-negativas e grampositivas, ativadas sem a necessidade do sistema complemento, ao contrário do que ocorre em mamíferos, em que as lisozimas são ativadas contra bactérias gram-negativas somente após ativação do sistema complemento (YOUSIF, et. al., 1991; MANNING, 1994). A resposta gerada através de lisozimas em salmão do Atlântico (Salmo salar) a infecção por Aeromonas salmonicida antes da ativação da resposta adquirida, demonstrou a importância da resposta imune inata em peixes, sendo as lisozimas um parâmetro qualitativo e quantitativo desta resposta (YOUSIF, et. al., 1991; MOYNER, et. al., 1993). Um aumento da transcrição de genes ligados a lisozima após a infecção experimental com Edwardsiella tarda em Linguado Japonês (Paralichthys olivaceus) confirma a expressão e atividade microbicida das lisozimas em teleósteos (HIKIMA, et. al., 1997). A resposta imune inata em peixes se torna uma importante ferramenta de defesa contra inúmeros patógenos, sendo compensatório à resposta imune adquirida, que se desenvolve lentamente em relação aos dos vertebrados superiores, sofrendo a influencia da temperatura ambiental, sendo necessária a regulação da temperatura ideal para cada espécie, para o desenvolvimento da resposta imune adquirida (BLY e CLEM, 1994). 1.3 Resposta imune adquirida O sistema imune adquirido dos peixes é subdividido em resposta imune humoral e celular, envolvendo os órgão e tecidos linfóides (primários e secundários), células apresentadoras de antígeno (APCs), linfócitos T e B, imunoglobulinas e moléculas do sistema complemento (WATTS e MUNDAY, 2001). Os peixes apresentam órgãos linfóides primários, rim equivalente a medula óssea dos mamíferos e timo, os órgãos e tecidos linfóides secundários, são representados, pelo baço e tecidos linfóides associados à mucosa (MALTS) localizados na região de ílio do trato gastrointestinal e brânquias (ZAPATA, et. al., 1996). As características fundamentais, da resposta imune humoral e celular, foram descritas em peixes teleósteos, com presença de células T e B, imunoglobulinas, moléculas do complexo de histocompatibilidade (MHC) Tipo I e II e citocinas (WATTS e MUNDAY, 2001). Os genes do MHC I e II em teleósteos se encontram separados em diferentes cromossomos, diferentes dos humanos que apresenta os dois genes ligados em um mesmo cromossomo (FLAJNIK, et., al. 1999) Estudos moleculares em trutas arco-íris demonstraram a expressão de genes α e β ligados a formação dos receptores de células T, confirmando a presença destas células na resposta imune humoral e celular dos teleósteos (SCHLUTER, et., al. 1999). Células B (isótipos, B-1 e B-2), células T helper (Th) e células T citotóxicas (Tc) foram identificadas, por ensaio imunohistoquímico, através de marcação com anticorpos monoclonais (FISHES, 1994). A apresentação de antígeno através das células apresentadoras de antígenos (APCs), macrófagos e células dendríticas, foi documentada em peixes teleósteos, todos estes dados, confirmam a presença de uma resposta imune inata e adquirida nesta espécie, tanto celular como humoral (KAATTARI, 1992) 2.1 Biologia da resposta imune humoral de teleósteos A resposta imune humoral dos peixes teleósteos, diferencia-se dos vertebrados superiores, por não apresentar a produção de anticorpos de classe IgG na resposta imune humoral secundária, apresentando a imunoglobulina IgM como principal anticorpo da resposta imune humoral primária e secundária, a presença da imunoglobulina de classe IgD, foi relatada nesta espécie, sendo sua função desconhecida (WATTS e MUNDAY, 2001). A flexibilidade da molécula IgM é compensatória na efetividade da resposta imune humoral em peixes, sendo compensatório na ausência da imunoglobulina da classe IgG (WATTS e MUNDAY, 2001). As IgM em peixes, apresenta estrutura tetrâmera, composta por quatro cadeias polipeptídicas, duas pesadas e duas leves (WILSON, ET. AL., 1997). Estas imunoglobulinas estão presentes no plasma, muco e bile em peixes, entretanto o mecanismo pelo qual elas aparecem no muco e na bile não foi esclarecido (BRADSHAW, et. al., 1971; LOBB e CLEM, 1981). Uma diferença histomofológica entre peixes e mamíferos é a presença de centros germinativos no baço, local onde ocorre a troca de suíte de classe do anticorpo, aumento no grau de afinidade e memória com produção de clones de células B específicos. A ausência desta estrutura no baço dos peixes está associada à produção de anticorpos de baixa afinidade (LEWIS; ZHANG; KAATTARI, 2000). Apesar da ausência dos centros germinativos em peixes teleósteos, o aumento dos níveis de afinidade de anticorpo foi detectado em truta arco-íris, sugerindo que a presença de centros germinativos não é um pré-requisito para a maturação da afinidade (LEWIS; ZHANG; KAATTARI, 2000). Os vertebrados superiores apresentam uma classe de anticorpos denominados naturais, direcionados a epítopos antigênicos, presentes em bactérias comensais ou a auto-antígenos (PILSTROM e PETERSSON, 1991). São imunoglobulinas da classe IgM, produzidas por sub populações de chamadas células B-1, a característica marcante destes anticorpos é a baixa afinidade e avidez na ligação ao antígeno alvo. Porém, desempenham um papel importante na resposta imune inata como anticorpos pré-formados ativos, efetivando a opsonização do patógenos, antes da fabricação de anticorpos específicos pela resposta imune humoral (PILSTROM e PETERSSON, 1991; LOGTENBERG; SCHUTTE; EBELING, 1992). Anticorpos naturais polireativos, semelhantes ao encontrados nos vertebrados superiores, foi encontrado em altas concentrações em algumas espécies de teleósteos, relatado em Bacalhau do Atlântico (Gadus morhua) (MARCHALONIS, et., al. 1998). Células similares as subtipos B-1, podem estar envolvidas na produção desta classe de anticorpos naturais em peixes, como ocorre em mamíferos, entretanto são poucas as informações sobre este mecanismo em peixes (PILSTROM e PETERSSON, 1991; MARCHALONIS, et., al. 1998). 2.2 Aspectos da resposta imune celular Em mamíferos a resposta imune celular é coordenada por linfócitos T citotóxicos (Tc) e células Natural killers (NK) e por moléculas de MHC classe I e II que apresentam peptídeos antigênicos presentes em células somáticas infectadas por vírus, patógenos intracelulares e moléculas antigênicas presente em células tumorais, reconhecidas por receptores de células T (TCR) ou por receptores presentes nas células NK (ABBAS; LICHTMAN; POBER, 2000). Nos peixes, os mecanismos ligados a resposta imune celular tem sido pouco estudados, porém a evidencia de uma reação de hipersensibilidade tardia a enxertos primários e secundários, foram relatadas em peixes, demonstrando que ocorre a ativação de tipos celulares funcionalmente equivalentes as células Tc presente nos mamíferos (ZAPATA, et. al., 1996; NAKANISHI; AOYAGI; XIA, 1999). Apesar da existência de células Tc em teleósteos não ter sido claramente demonstrada, pequenas células agranulares, semelhantes às células Tc dos mamíferos foi identificada nesta espécie (YOSHINAGA, et., al. 1994; YAMAGUCHI, et., al. 1996). Grimholt et al. (1993) demonstrou a existência de genes ligados a expressão de molécula de MHC de classe I em peixes, o conjunto destas informações confirmam a presença de uma resposta imune celular em peixes, embora menos desenvolvidas em relação aos vertebrados superiores. 2.3 Órgãos e tecidos linfoides em teleósteos As respostas imunes adquiridas são iniciadas e desencadeadas nos órgão e tecidos linfóides primários e secundários (ABBAS; LICHTMAN; POBER, 2000). O rim em peixes teleósteos e composto de uma porção anterior e outra posterior com função hematopoiética equivalente a medula óssea dos mamíferos em ambas as porções, entretanto a porção anterior é mais eficiente, onde a função renal não é evidente (ZAPATA, 1981). Os linfócitos B aparecem inicialmente no rim anterior, local onde ocorre o processo de desenvolvimento e maturação desta célula (ZAPATA, et. al., 1996). Histologicamente o timo de teleósteos é composto de células linfóides diferenciadas (timócitos) cercados por uma rede de células epiteliais, geralmente organiza em zona cortical e medular, sendo baseado em estudos histológicos de várias espécies, sendo um padrão pouco variável entre as espécies (ZAPATA; COOPER, 1990). Uma característica histológica do timo de peixes é a presença de capsula de tecido conjuntivo, que envolve o córtex de tecido linfóide, formando granulomas, com presença de inúmeros macrófagos, formados na ausência de linfócitos T (BOWDEN; COOK; ROMBOUT, 2005). O corpúsculo de Hassall em algumas espécies de peixes se apresenta em forma de corpos arredondados de 30µm de diâmetro, formados por agregados de fagócitos, cercados por um envelope constituído por extensões de reticulócitos, conectados por desmossomos, ocorrendo o aumento progressivo dos reticulócitos durante o desenvolvimento do peixe (FISHELSON, 1995). O timo apresenta o microambiente ideal para o desenvolvimento e maturação dos linfócitos T em peixes, como ocorre em vertebrados superiores, sofrendo também processo de regressão tímica, decorrente do avanço de idade, resultando na diminuição da atividade e função tímica (FISHELSON, 2006). A importância do timo no desenvolvimento da resposta imune em teleósteos foi demonstrada na remoção tímica, resultando na anaplasia de células imunológicas principalmente os linfócitos T. Uma importante função imunológica empregada pelo timo em muitas espécies de peixes é a secreção e produção de uma lifoproteína denominada timosina, responsável pela estimulação de linfócitos em todos os centros linfáticos (FISHELSON, 2006). A expressão de genes ligados aos receptores de células T (TCR) no timo de Trutas arco-íris e Salmão gairdneri, comprovam a função de diferenciação deste tipo celular (RAZQUIN, et. al., 1998). A evolução do timo inicia-se na 1° semana após a fertilização e aumenta durante a 2° e 3° semana, o processo de regressão tímica inicia-se a partir da 15° semana após a fertilização em peixes zebra sofrendo involução progressiva (LAM, et., al. 2002). Em bagres do canal, Ictalurus punctatus a regressão tímica foi estuda em um período de 16 meses, apresentando involução no tamanho e na atividade do órgão (ELLSAESSER, et. al., 1988). A regressão tímica pode estar associada principalmente ao envelhecimento, maturidade sexual, estresse, período do ano e hormônios podem varias entre as espécies (CHILMONCZYK, 1992). Após a maturação e diferenciação os linfócitos T e B migram para os órgãos e tecidos linfóides secundários, baço e tecidos linfóides associados à mucosa (ABBAS;LICHTMAN; POBER, 2000). O baço em peixes teleósteos é dividido histologicamente em duas regiões distintas, similar aos dos vertebrados superiores, uma região de polpa vermelha e branca, na primeira porção células eritróiedes são predominantes com pouca presença de linfócitos, a segunda porção é composta de redes reticulares ao redor de vasos sanguíneos, sendo esta região pouco desenvolvida, apresentando vários tipos celulares, monócitos, granulócitos e eritrócitos (FISHELSON, 2006). Os macrófagos esplênicos têm atividade fagocítica, participando não somente na defesa local, mas na produção de hidrolases lisossomais, proteínas do sistema complemento, interferon, superóxido e radicais hidróxidos. A presença de inúmeros neutrófilos e eosinófilos tornam esta glândula um local de fagocitose de partículas antigênicas e células sanguíneas envelhecidas, destacando uma função hematopoiética, imunológica e de hemocaterese, neste órgão (FISHELSON, 2006). Press et al. (1994), analisaram o padrão histoenzimático de macrófagos elipsoidais esplênicos de teleósteos, apresentando estrutura histológica e funcional, similar à zona marginal de macrófagos presente no baço de mamíferos. Entretanto uma zona marginal limitando a polpa branca da polpa vermelha, não esta presente no baço de teleósteos. Estudos ultra-estruturais através de microscopia de varredura em moldes de corrosão vascular, mostraram que a circulação esplênica, está aberta aos capilares arteriais que terminam na rede reticular da polpa vermelha (KITA; ITAZAWA, 1990). Uma resposta imune humoral, com produção de anticorpos, através da estimulação antigênica indireta, foi observada em baço de teleósteos, confirmando a presença de células B e T e células apresentadoras de antígeno (APCs) (IWAMA; NAKANISHI, 1996). Estudo morfológicos da ultra-estrutura do baço de peixes da espécie Gobio gobio e Rutilus rutilus, mostraram células reticulares grandes e irregulares, com filamentos citoplasmáticos ligados entre si por desmossomos formando a rede reticular do órgão, os linfócitos se caracterizam pela escassez de citoplasma e núcleo altamente eletrodenso. Os linfoblastos aparecem como células grandes e núcleo celular pouco eletrodenso enquanto os plasmócitos apresentam reticulo endoplasmático rugoso e mitocôndrias eletro-denso espalhadas pelo citoplasma (ZAPATA, 1981). Fournier-Betz et al, (2000) confirma através de métodos imunohistoquímico a presença de células, positivos para IgM presentes na membrana células e secretadas na região de polpa branca, entorno de elipsóides, porém a maior concentração de IgM, foi nas regiãos de centro melanomacrofágicos do baço de Scophthalmus maximus, indicando um papel crucial desta região anatômica e histológica na resposta imune humoral. Nas últimas décadas a Imunologia da mucosa intestinal em vertebrado superiores, tem sido amplamente estudado. Entretanto em peixes os estudos sobre este sistema são limitados, apesar destes animais serem constantemente desafiados por patógenos ambientais no meio aquático (ROMBOUT, et., al. 2010). Estruturas histológicas características presentes em mamíferos como placas de peyer não são encontradas em peixes teleósteos (CAIN; JONES; RAISON, 2000). A primeira evidencia de uma resposta imune ligada a mucosa intestinal em peixes, foi relatado após a detecção de anticorpos específicos na mucosa intestinal em peixes imunoestimulados por via oral e por imersão, porem estes anticorpos não foram detectados sistemicamente (LOBB, 1978; XU Z, et., al. 2009). Os peixes teleósteos não apresentarem a imunoglobulina da classe IgA na mucosa intestinal,, imunoglobulina da classe IgM e dois isotipo, foram descritas como imunoglobulinas de mucosa, IgZ e IgT (CAIN; JONES; RAISON, 2000; ROMBOUT, et., al. 2010). Linfócitos intra-epiteliais positivos pra determinantes celulares CD3-Ɛ+ e CD8-α+ (células T citotóxicos) são descritos em peixes, podem estar envolvidas na tolerância imunológica oral em peixes e também na resposta imune das mucosas intestinais. As Células B aparecem tardiamente na mucosa intestinal em teleósteos, em contrapartida o aparecimento precoce das células T, sugere que este órgão seja um local de diferenciação extra-tímico destas células (CAIN, et. al., 2000; ROMBOUT, et., al. 2010). Outras células estão envolvidas na resposta da mucosa intestina a patógenos em teleósteos, células epiteliais, eosinófilos e basófilos são descritos em quadros de enterites, desempenhado um papel crucial neste modelo de inflamação (CAIN, et. al., 2000; ROMBOUT, et., al. 2010). As informações e o conhecimento, sobre o sistema imune ligado a mucosa intestinal em peixes, abrem novas possibilidades e estratégias de vacinação e estimulação imunológicas com o uso de imunoestimulantes, prebióticos e probiótico em peixes (CAIN, et. al., 2000; ROMBOUT, et., al. 2010). Nas ultimas décadas o uso de probióticos, prebióticos e imunoestimulantes, como aminoácidos, carboidratos ligados a parede celular de microrganismos, tem sido amplamente utilizados, porém os mecanismos envolvidos, na resposta imune frente a estes estímulos não foram bem definidos em peixes (ROMBOUT, et., al. 2010). As células, moléculas, órgão e tecidos linfóides formam a centelha da resposta imune, entre tanto a amplitude da resposta imunológica está associados a dois fatores principais, a via de inoculação e a dose de antígeno inoculado (ABBAS; LICHTMAN; POBER, 2000). 2.3 O uso de vacinas na profilaxia de bacterioses em teleósteos e resistência microbiana a antibióticos em aquicultura Medidas profiláticas como vacinação, desinfecção dos tanques, controle da qualidade da água, abate dos peixes doentes, seleção genética de peixes resistentes e medidas terapêuticas como tratamento com medicamentos após a instalação do patogéno podem ser ferramentas importantes na homeostase do cardume (SARDER, et. al., 2001). O uso profilático de vacinas para prevenir doenças tem sido aplicado com sucesso a determinados patógenos, podendo através de modelos genéticos e imunológicos, criarem linhagens de peixes resistentes (SARDER, et. al., 2001). Vacinas contra Estreptococcose, Columnariose, Vibriose e septicemias causadas por bactérias do gênero Aeromonas e Edwardsiella têm sido experimentalmente avaliadas. Vacinas contra Streptococcus iniae e Streptococcus agalactie (esta última já diagnosticada no Brasil) já são produzidas comercialmente e utilizadas em diversos países. No Brasil apenas uma vacina contra vibriose foi registrada para uso na aqüicultura (KUBTZAK, 2008). Uma boa parte destas vacinas é preparada a partir dos patógenos que comprovadamente já estão presentes nos cultivos aquáticos brasileiros. Portanto, o risco do uso destas vacinas nas pisciculturas nacionais é praticamente inexistente. Também há um grande espaço para pesquisa e desenvolvimento nesta área a partir de cepas de patógenos isolados em nossos próprios cultivos (KUBTZAK, 2008). Os antibióticos são usados freqüentemente no tratamento e controle de doenças microbianas em peixes, mas o uso indiscriminado deste farmaco tem gerado cepas bacterianas resistentes, ocasionando problemas de saúde pública (SARDER, et. al., 2001). A oxitetracilina é um antibiótico amplamente utilizado na aqüicultura para o tratamento de infecções bacterianas causada por bactérias gram-negativas. Os efeitos da administração deste fármaco foram avaliados na resposta imune humoral e celular em Sparus aurata, o resultados demonstraram depressão em ambos os sistemas humoral e celular no modelo experimental estudado (GUARDIOLA, et. al., 2012) Frente a estas problemáticas no cultivo e criação de peixes, o conhecimento do sistema imunológico torna-se essencial para a prevenção de doenças, fornece estratégias para o desenvolvimento de vacinas e seleção de animais resistentes (WATTS e MUNDAY, 2001). 3. Conclusão O conhecimento sobre o sistema imune de peixes, em relação às vias de inoculação, órgãos e tecidos linfóides respondedores, dinâmica do perfil hematológico, produção de anticorpos, afinidade dos anticorpos produzidos, frente aos estímulos antigênicos e a transferência hereditária de genes específicos, são escassos em relação aos estudos em vertebrados superiores. Havendo a necessidades de estudos aprofundados da dinâmica da resposta imune humoral e celular em relação às vias de inoculação e os órgão e tecidos linfóides respondedores, com o objetivo de aumentar a produção de anticorpos e sua avidez pelo antígeno, aperfeiçoando os métodos de vacinação, visando à produção de fenótipos altamente resistente a inúmeros patógenos. 4 Referências ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; POBER, J. S. Cellular and molecular immunology. 4. ed. Philadelphia: WB Saunders, 2000. ALVAREZ-PELLITERO, P. Fish immunity and parasite infections: from innate immunity to immunoprophylactic prospects. 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