CONVERSOR CA-CC BUCK BIDIRECIONAL MONOFÁSICO COM ELEVADO FATOR DE POTÊNCIA EDWARD FUENTEALBA V. E IVO BARBI Instituto de Eletrônica de Potência, Depto. de Engenharia Elétrica, Universidade Federal de Santa Catarina Caixa Postal 5119 – Florianópolis – SC – Brasil – 88040-970 Tel.: (0xx48)-3331-9204 – Fax: (0xx48)-3234-5422 – Internet: http://www.inep.ufsc.br E-mails: [email protected], [email protected] Abstract⎯ This paper presents a converter that allows the operation as rectifier or inverter, with high power factor, which the voltage output can be lower, equal or higher than the peak of the input voltage, beyond working with only a cell of conventional commutation. The operation stages, equations, control strategy and design of the converter are presented. Finally, simulation result are shown for rectifier and inverter operation. Keywords⎯ AC–DC power converter, DC–AC power converter, power quality, Bidirectional conversion. Resumo⎯ Neste trabalho apresenta-se um circuito que permite operar como inversor ou retificador, com elevado fator de potência, cuja saída de tensão pode ser tanto menor, igual ou maior que o valor de pico da sinal de entrada, além de trabalhar só com uma célula de comutação convencional. São apresentados as etapas de operação e equações do circuito, estratégia de controle utilizada e projeto, também apresenta-se alguns gráficos do circuito operando como inversor e como retificador. Palavras-chave⎯ Conversor de Potência CA-CC, Conversor de Potência CC-CA, qualidade da energia, Conversor Bidirecional. 1 Introdução A maioria das topologias de um estagio que permitem operar como retificador tem uma tensão CC, na saída, maior que a tensão CA, na entrada. Então para obter magnitudes menores, na saída, é preciso adicionar um estagio de potência (ex: conversor buck), para conseguir a magnitude de tensão desejada. Alem disso, utilizam como mínimo duas células de comutação, adicionando perdas e diminuindo com isto o rendimento da topologia. Das topologias utilizadas atualmente, existe uma que permite trabalhar com tensão maior ou menor na saída do conversor. Esta, foi proposta por Cáceres e Barbi (Cáceres Agelviz R. O.; Barbi, I., 1995; Cáceres Agelviz R. O.; Barbi, I., 1999; Cáceres Agelviz R. O, 1997). Este, é um inversor constituído por dois conversores elevadores de tensão (Boost) como se mostra na Fig. 1. No inversor elevador, a conexão de carga em modo diferencial torna teoricamente possível a obtenção de tensões de saída com qualquer valor e formato. Além disso, respeitada a condição de que individualmente Vc1 e Vc2 sejam maiores que Vcc, há um grau de li- berdade na escolha dessas tensões, visto que somente a diferença entre elas interessa à carga. Assim, uma tensão de saída senoidal pode ser obtida tanto se mantendo um dos capacitores com tensão fixa e impondo-se ao outro uma variação senoidal, como se utilizando duas referências senoidais defasadas entre si, como apresenta a Fig. 2. Cada conversor produz uma tensão de saída unipolar senoidal com uma componente contínua, como mostra a Fig. 2, nas formas de onda Vc1 e Vc2. A carga é conectada diferencialmente entre os conversores anulando a componente contínua nesta. A modulação em cada conversor está 180 graus defasada em relação ao outro, o que maximiza a excursão de tensão através da carga. Porém, a diferença de fase entre os dois conversores pode ser qualquer. Isto se apresenta como uma alternativa para o controle da tensão de saída (Vc1-Vc2). A geração da tensão bipolar na saída é obtida por um arranjo push-pull, obrigando um conversor a operar como fonte e outro como carga, sendo bidirecionais em corrente. Fig. 2. Configuração básica para obter inversão CC-CA. Fig. 1. Diagrama básico do inversor proposto por Cáceres e Barbi. 162 of 167 ic1 Colling e Barbi (Colling Eidt I.; Barbi, I., 2001), propõem o circuito operando como retificador. Para o circuito operar como retificador é necessário reverter-se seu fluxo de potência e estabelecer algum controle sobre a corrente absorvida da fonte CA. Para que este controle seja possível, inclui-se um indutor em série com a fonte alternada, conforme Fig. 3. Devido a esta reversibilidade do fluxo de potência, passa-se a identificar os elementos (indutores e fonte) não mais como de entrada ou saída, mas como CA ou CC. Este artigo propõe uma variação do circuito proposto por Colling e Barbi, simplificando a topologia apresentada na Fig. 3. Esta consiste em substituir o conversor do lado direito por um capacitor, tal modificação requer aumentar a capacidade do capacitor para que consiga manter uma tensão CC superior a Vcc. Com isto se consegue diminuir a quantidade de semicondutores e elementos magnéticos utilizados sem modificar a operação do conversor. Fig. 4. Circuito retificador/inversor proposto. 2.1 Considerações para o funcionamento do circuito Considera-se o circuito como um inversor elevador de tensão. Para o capacitor C2, sua tensão deve ser; v*c2 ( t ) = Vc2* CC (1) a excursão senoidal total será aplicada ao capacitor C1, deixando o capacitor C2 só com um nível CC (Ao contrario do proposto por Cáceres na sua tese de Doutorado 1997, onde a tensão alternada é dividida entre ambos capacitores, C1 e C2). Assim, a condição abaixo deve ser satisfeita com folga, de modo que jamais a tensão de C2 seja inferior a Vcc. Vc2* CC > Vcc + Vcap (2) Logo, v*c2 ( t ) = ( Vcc + Vcap ) + ∆Vcc (3) Sendo ∆Vcc o margem de tensão de segurança. Considera-se a tensão da rede Vcap ⋅ sin ( ωt ) . A soma da tensão alternada e a tensão no capacitor C2 é: Fig. 3. Diagrama do retificador proposto por Colling e Barbi. v ca ( t ) + v*c2 ( t ) = Vcap ⋅ sin ( ωt ) + ( Vcc + Vcap + ∆Vcc ) (4) 2 Topologia proposta portanto, a tensão no capacitor C2 pode ser uma tensão continua com valor mínimo, definido pela equação (2). A função de referência para a corrente é; i*Lca ( t ) = I*Lcap ⋅ sin ( ωt ) (5) A Fig. 3 mostra a topologia original operando como retificador. A função do conversor do lado direito consiste em manter uma tensão senoidal com um nível CC, no capacitor C2, maior que Vcc. A tensão no capacitor C1, a qual deve ser complementar a Vc2 (Fig. 2), é controlada pelo conversor esquerdo. Este também ajusta o valor da corrente iLca para obter a correção no fator de potência. A idea proposta, consiste em substituir o conversor do lado direito por um capacitor e controlar sua tensão de modo de manter-la fixa, assim consegue-se uma fonte de tensão constante com um valor maior que Vcc. Portanto, a função do conversor do lado esquerdo será manter uma tensão senoidal no capacitor C1 com uma componente media igual a Vc2. O circuito simplificado e redesenhado apresenta-se na Fig. 4. Desta forma, no capacitor C1 a magnitude da sua tensão será de Vca+Vc2. Logo, a estrutura operando como retificador é similar a um conversor buck, com filtro na entrada, só que sua tensão de entrada possui uma componente alternada sobre um nível de tensão CC. Lca é projetado para filtrar as oscilações em altas freqüências originadas das comutações. Sua impedância em baixas freqüências (freqüência da rede) é baixa, e conseqüentemente também é baixa a queda de tensão nessas freqüências, em regime permanente. Conclui-se então que a tensão vc1(t) oscila muito próximo de, v c1 ( t ) = Vcap ⋅ sin ( ωt ) + ( Vcc + Vcap + ∆Vcc ) (6) e o nível CC aplicado em C2 também se estabelece no capacitor C1. Se esse nível é escolhido adequadamente, por meio da equação (2), tanto vc1(t) como vc2(t) não descem abaixo de Vcc, condição necessária para a operação do sistema. A razão cíclica do interruptor Q2 é dada pela equação (7). Vcc (7) d (t) = 1− * Vc2cc + Vcap ⋅ sin ( ωt ) Pelo balanço de energia pode-se calcular a corrente que circula no indutor Lcc. 163 of 167 i Lcc ( t ) = Vc1 ( t ) ⋅ ( i Lca ( t ) + i c1 ( t ) ) Vcc Em regime permanente a corrente no indutor é dada pela expressão (9). i Lcc ( t ) = ⋅ Vc*2 CC ⋅ I*Lcap ⋅ sin ( ω t ) + Vcc (1 − cos ( 2 ω t ) ) + ω ⋅ C Vcc ⋅Vcap ⋅ cos ( ω t ) + 1 I*Lcap ⋅ Vcap 2 Segunda Etapa de Operação (8) ⋅ ⎧⎪ Vc*2 CC ⋅⎨ ⋅ ⎪⎩ Vcc γ = 0 ⇒ Q1 e D1 conduzem; Q2 e D2 bloqueados . As equações (14), (15) e (16) descrevem a segunda etapa de operação do circuito. di Lcc − v c1 + Vcc = dt L cc (14) di Lca vc1 v ca + v*c2 = − dt L ca L ca (15) dv c1 i Lcc − i Lca = dt C1 (16) (9) ⎪⎫ ⋅ sin ( 2 ω t ) ⎬ 2 ⋅ Vcc ⎪⎭ 2 Vcap A equação (9) descreve a corrente em baixas freqüências de Lcc, sobre ela há ainda as excursões em altas freqüências causadas pelas comutações dos interruptores Q1 e Q2. Percebe-se que a corrente apresenta uma componente contínua, responsável pela transferência de energia, e componentes alternadas de primeira e segunda ordem da freqüência da rede. A circulação destas componentes de corrente é uma característica intrínseca do circuito. A potência ativa transferida à fonte senoidal é dada pela expressão (10). Ela equivale, como se pode esperar, à potência fornecida por uma fonte senoidal ao ser percorrida por uma corrente em fase com ela. As componentes alternadas de iLcc na equação (9) correspondem à energia reativa circulante no circuito. P = Vcc ⋅ I Lccmed = Vc2* cap ⋅ I*Lcap (10) Na operação como retificador todos os termos com iLca (ou I*Lcap ) são invertidos. 2.2 Analise do circuito Os interruptores Q1 e Q2 recebem pulsos complementares para evitar a condução descontínua no indutor Lcc, tornando possível a existência de somente duas estruturas, de acordo com a Fig. 4. Quando Q2 e D2 conduzem e Q1 e D1 estão bloqueados encontra-se na primeira etapa de operação. A segunda etapa de operação se representa por Q1 e D1 conduzindo e Q2 e D2 bloqueados. Primeira Etapa de Operação Admite-se que iLca esteja em seu valor de referência e o estado dos interruptores é descrito por γ. γ = 1 ⇒ Q2 e D2 conduzem; Q1 e D1 bloqueados . As equações (11), (12) e (13) descrevem a primeira etapa de operação do circuito. di Lcc Vcc (11) = dt L cc di Lca vca + v*c2 vc1 = + dt Lca Lca (12) dv c1 i = − Lca dt C1 (13) Definindo γ = 1 − γ e agrupando as expressões (11) à (16) em forma matricial, obtém-se a equação (17), a qual pode ser escrita da forma dv = A⋅ v +B⋅u . dt ⎡ di Lca ⎤ ⎡ 0 ⎢ dt ⎥ ⎢ ⎢ ⎥ ⎢ ⎢ dvc1 ⎥ = ⎢ − 1 ⎢ dt ⎥ ⎢ C ⎢ ⎥ ⎢ 1 ⎢ di Lcc ⎥ ⎢ 0 ⎢⎣ dt ⎥⎦ ⎢ ⎣ 1 Lca 0 0 ⎡ ⎤ ⎤ ⎡ vca + v*c2 ⎤ 0⎥ ⎢ ⎥ 0 ⎢− ⎥ ⎥ ⎥ ⎡i Lca ⎤ ⎢ Lca ⎥ ⎢ (17) ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ i Lcc ⎥ ⎥ 0 ⎥ ⋅ ⎢ v c1 ⎥ + ⎢ 0 ⎥⋅γ + ⎢ ⎢ ⎥ C ⎥ ⎢i ⎥ ⎢ 1 ⎥ Vcc ⎢ ⎥ ⎣ Lcc ⎦ ⎢ 0⎥ v ⎥ ⎢ ⎥ L ⎢ − c1 ⎥ ⎥ cc ⎣ ⎦ ⎦ ⎣⎢ Lcc ⎦⎥ 3 Estratégia de Controle Para o inversor elevador original (Cáceres Agelviz R. O.; Barbi, I., 1995), diferentes abordagens foram propostas e testadas: aplicação de modulação por largura de pulsos, utilizando-se o modelo do interruptor “PWM” para a obtenção da função de transferência; controle com alimentação direta ou préalimentado (“feedforward”); controle por regime (ou modo) de deslizamento. Dentre as três soluções relatadas, a última conferiu as melhores características de estabilidade e robustez ao sistema. Com base nesse resultado, opta-se por aplicar o regime de deslizamento também ao circuito. O sistema é de terceira ordem (Lca, C1 e Lcc), sendo controlado por meio de regime de deslizamento. Esta estratégia de controle foi escolhida devido a suas qualidades de robustez, invariância e simplicidade de implementação. O capacitor C2 é controlado através do controle clássico. A diferencia entre a corrente iLca e sua referência é realimentada pela saída de tensão do compensador de C2. Desta forma se consegue diminuir a componente média da corrente iLca, para assim, controlar a tensão CC em C2. A Fig. 5 mostra, por meio de blocos, a forma de controlar o conversor. O circuito em questão não apresenta restrições com relação aos valores relativos das tensões CC e CA: o nível CC pode tanto ser menor, igual ou maior que o valor de pico da senóide de entrada. 164 of 167 iLca iLcc ⎡ dεiLca ⎤ ⎡ 0 ⎢ dt ⎥ ⎢ ⎢ ⎥ ⎢ ⎢ dε vc1 ⎥ = ⎢ − 1 ⎢ dt ⎥ ⎢ C ⎢ ⎥ ⎢ 1 ⎢ dεiLcc ⎥ ⎢ 0 ⎢ ⎣⎢ dt ⎦⎥ ⎣ ic1 ε iLcc ε * Lca Vc1 σ ε iLca KV Vc*2 + + i Fig. 5. Circuito do retificador e diagrama de blocos do circuito de controle. 3.1 Controle do sistema de Lca, C1 e Lcc Para realizar o controle destas variáveis é implementado o controle por modos deslizantes. O controle por modo deslizante estende as propriedades do controle por histerese para um ambiente multi-variavél, e é possível forçar os estados do sistema a seguir uma trajetória a qual está situada sobre uma superfície conveniente no espaço dos estados (superfície de deslizamento). Com este propósito, cada uma das zonas do espaço dos estados, separada pela superfície de deslizamento, é associada a um estado dos interruptores (Cáceres Agelviz R. O, 1997). Duas condições são essenciais para que se tenha sucesso na implementação de um regime de deslizamento: a condição de existência e a condição de encontro. Esta se relaciona com a capacidade do o sistema ao partir de dadas condições iniciais em t=t0, poda encontrar a superfície de deslizamento ( σ ) em algum t>t0; aquela se refere à manutenção do regime de deslizamento após o encontro, ou seja, à habilidade com que o sistema mantém as variáveis de estado em uma vizinhança suficientemente próxima de σ. A condição de existência implica que ao redor de σ as trajetórias sempre devem apontar para a própria superfície σ. Matematicamente, essa convergência é expressa por: ⎛ dσ ⎞ lim ⎜ ⎟ > 0 ⎝ dt ⎠ − σ→ 0 ⎛ dσ ⎞ lim ⎜ ⎟ < 0 ⎝ dt ⎠ + (18) σ→ 0 que indica que, próximo à superfície de deslizamento, se σ tiver valor negativo, sua derivada deverá ser positiva e vice-versa, a fim de que em qualquer situação o ponto representativo se aproxime do espaço nulo σ = 0 (Colling Eidt I. (2000)). Da equação (17) procura-se a matriz de variação dos erro, subtrai em ambos lados da expressão (17) a derivada das referências de i*Lca , v*c1 e i*Lcc . Definin- do o erro como ε = v − v* e seu derivada como dε dv dv* e desconsiderando as derivadas das = − dt dt dt 1 Lca 0 0 ⎡ ⎤ ⎤ ⎡ vca + v*c2 ⎤ 0⎥ ⎢ ⎥ 0 ⎥ ⎢− ⎥ ⎢ ⎥ ⎡i Lca ⎤ Lca ⎥ (19) ⎢ ⎢ ⎥ ⎥ ⎢ ⎥ i Lcc ⎥ 0 ⎥ ⋅ ⎢ vc1 ⎥ + ⎢ 0 ⎥⋅γ + ⎢ ⎢ ⎥ ⎥ ⎢i ⎥ ⎢ C1 ⎥ Vcc ⎢ ⎥ Lcc ⎦ ⎣ ⎢ v ⎥ 0⎥ c1 ⎢ ⎥ L ⎢− ⎥ ⎥ cc ⎣ ⎦ ⎦ ⎣⎢ Lcc ⎦⎥ O parâmetro regente do conversor é εiLca (erro na corrente que circula por Lca). Manter a corrente do indutor Lca suficientemente próxima de seu valor de referência é o objetivo primordial deste conversor. Espera-se uma boa fidelidade da corrente iLca e da diferencia da tensão nos capacitores C1 e C2. Cabe, desta forma, ao conversor diminuir as possíveis discrepâncias que surjam. O erro no indutor Lcc ( εiLcc ) é o principal responsável pela determinação dos instantes das comutações e ε vc1 é o parâmetro estabilizador. Este parâmetro é indispensável, pois nesta aplicação a referência é variável com o tempo. Definido-se ε, como o erro entre a variável de controle e sua referência e σ como a superfície de deslizamento apresenta-se a equação (20). σ = S ⋅ ε = S1 ⋅ ε1 + S2 ⋅ ε 2 + K + Sn ⋅ ε n (20) Escolhendo-se S invariante com o tempo, temse: dσ dε = S⋅ (21) dt dt com S1, S2 e S3 >0, obtém-se a equação (22). σ = S ⋅ ε = S1 ⋅ εiLca + S2 ⋅ ε vc1 + S3 ⋅ ε iLcc (22) Substituindo as variáveis da equação (19) na equação (21) e avaliando encontra-se a expressão (23). ⎡ γ ⋅ i Lcc − i Lca ⎤ ⎡ v − vca − v*c2 ⎤ dσ = S1 ⋅ ⎢ c1 ⎥ ⎥ + S2 ⋅ ⎢ dt L C1 ca ⎣ ⎦ ⎣⎢ ⎦⎥ ⎡ V − γ ⋅ vc1 ⎤ + S3 ⋅ ⎢ cc ⎥ Lcc ⎢⎣ ⎥⎦ ( (23) ) O estado γ = 1 γ = 0 está associado ao aumento da energia no sistema, portanto aplica-se sempre que o ponto representativo este abaixo de σ = 0 ; de modo oposto aplica-se γ = 0 quando o ponto se situa acima da linha de comutação. Assim estabelecem-se as seguintes inequações. Quando γ=1 ⇒ dσ/dt>0 obtém-se a expressão (24). ⎡ Lca i V ⎤ ⋅ ⎢S2 ⋅ Lca − S3 ⋅ cc ⎥ (24) * v c1 − vca − v c2 ⎣ C1 L cc ⎦ Quando γ=0 ⇒ dσ/dt<0 obtém-se a expressão (25). ⎡ (i − i ) (v − V )⎤ Lca ⋅ ⎢S2 ⋅ Lca Lcc − S3 ⋅ c1 cc ⎥ (25) S1 < * vc1 − vca − vc2 ⎣ C1 Lcc ⎦ Considera-se inicialmente que o indutor Lca se comporte como uma fonte de corrente iLca a fim de determinar o limite para α, definida como a razão referências do lado direito obtém-se a equação (19). 165 of 167 S1 < entre S2 e S3, com Zn = Lcc C1 . Dado que neste caso S1 = 0, pode-se calcular o valor de α e a restrição para S1. Vcc (26) γ =1 ⇒ α < i Lca ⋅ Z2n γ = 0 ⇒ vc1 > Vcc + máx {α ⋅ Zn2 ⋅ ( i Lcc − i Lca ) , 0} (27) O coeficiente S1 é definido por último, considerando a variação máxima de v Lca = vc1 − vca − v c2 . V i ⎤ ⎪⎧ ⎡ S1 ⋅ v Lca < L ca ⋅ min ⎨ ⎢S3 ⋅ cc − S2 ⋅ Lca ⎥ , L cc C1 ⎦ ⎩⎪ ⎣ L cc ≥ (28) ⎡ ( Vcc − v c1 ) ( i Lcc − i Lca ) ⎤ ⎫⎪ − S2 ⋅ ⎢S3 ⋅ ⎥⎬ Lcc C1 ⎣ ⎦ ⎪⎭ A freqüência de comutação para o regime de deslizamento depende da faixa de histerese utilizada na comparação da reta σ com nível zero. f cd ( t ) = d(t) ⎡ i* ( t ) ⎤ V ⋅ ⎢S3 ⋅ cc − S2 ⋅ Lca ⎥ ∆σ ⎣⎢ L cc C1 ⎦⎥ Vca=311 V; potência transferida P=2,5 kW; freqüência mínima de comutação 26 kHz. De acordo os critérios estabelecidos a tensão no capacitor C2 deve ser no mínimo de 511 V (equação (2)). Aplica-se uma margem de segurança de 50 V, fixando a tensão do capacitor C2 em 561 V. O capacitor C1 é calculado pela expressão (32) e o indutor Lcc pela equação (33) . I*Lcap ⋅ d min (32) C1 ≥ = 8, 25µF ∆vc1max ⋅ f cdmin (29) Percebe-se, pois, que tanto o aumento da razão cíclica como do valor da corrente alternada contribuem positivamente para o aumento da freqüência. Para que o valor de f cd min realmente se verifique, a faixa de histerese do comparador deve ser escolhida de forma congruente: ⎡S ⋅ V I*Lcap ⎤ d (30) ∆σ ≤ min ⋅ ⎢ 2 cc − S1 ⋅ ⎥ f cdmin ⎣⎢ Lcc C1 ⎦⎥ Vcc ⋅ d min = 308µH ∆I Lccmax ⋅ f cdmin (33) Mostram-se a seguir os resultados obtidos através de simulações numéricas. A mudança no modo de operação é conseguida simplesmente trocando-se o sinal da referência da corrente iLca e mantendo os demais parâmetros inalterados. Empregam-se ao todo dois filtros passa - alta: Para iLcc, filtro de segundo ordem, fpa=1 kHz, ξ=0,7; Para VC1, filtro de segundo ordem, fpa=1 kHz, ξ=0,7. 4.1 Operação como inversor Os resultados obtidos na operação como inversor são apresentados nas figuras seguintes. Apresentam-se inicialmente as tensões nos dois capacitores (vc1 e vc2), Fig. 6. A corrente no indutor Lcc mostra-se na, Fig. 7. A corrente e tensão no lado CA, Fig. 8, esta apresenta um THD≈3,5% na corrente iLca. 4.2 Operação como Retificador 3.2 Controle do C2 Para este caso emprega-se o controle clássico, através do teorema do valor médio. Substitui-se a fonte Vcc e o indutor Lcc, por uma fonte de corrente constante. A função de transferência da corrente iLca em função da tensão no capacitor C2, representa-se na equação (31). îLca ( s ) v̂ c2 ( s ) v̂ca (s ) = 0 v̂c1 ( s ) = 0 = 1 L ca ⋅ s (31) Logo, a variação da corrente iLca com respeito à tensão do capacitor C2, só depende da indutância de filtragem do lado CA. Para este controle a resposta deve ser muito lenta (quase continua), dado que a tensão vc2 de referência é um sinal CC. Como a função de transferência já é um integrador pode se usar um controle proporcional, mas será utilizado um controle PI com filtro para uma melhor resposta. Escolhe-se uma freqüência de corte próxima a 10 Hz, para conseguir uma resposta lenta. 4 Projeto e simulações Considera-se o conversor, em estudo, com as características elétricas seguintes: Vcc=200 V; Invertendo-se o sinal de referência para iLca, o sistema passa a operar como retificador. Os principais resultados de simulações numéricas obtidos para a condição de carga nominal (2,5 kW) são mostrados nas figuras que seguem. Apresentam-se inicialmente as tensões nos dois capacitores (vc1 e vc2), Fig. 9. A corrente no indutor Lcc, mostra-se na Fig. 10. A corrente e tensão no lado CA, Fig. 11, esta apresenta um THD≈2,8% na corrente iLca. 3 Conclusão O conversor apresentado é um novo aporte à família dos retificadores monofásicos com elevado fator de potência. Este apresenta algumas vantagens com respeito aos conversores já existentes, estas são: • Permite transformar tensão CA em CC com a utilização de só uma célula de comutação convencional. • É bidirecional em corrente, com o qual pode operar como retificador e inversor. • Pode-se obter uma tensão maior, igual o menor na saída, tendo presente as razões cíclicas mínimas e máximas obtidas pelo projeto. 166 of 167 Tensão (V) • 1000 900 800 700 600 500 400 300 200 Vc1 Vc2 0,270 0,275 0,280 0,285 0,290 0,295 0,300 Tempo (s) Fig. 6. Tensão sobre os capacitores C1 e C2, na operação como inversor. Corrente (A) 80 60 40 20 0 -20 -40 0,270 0,275 0,280 0,285 0,290 0,295 0,300 Tempo (s) 20 15 10 5 0 -5 -10 -15 -20 400 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 0,300 iLca Vca 0,270 0,275 0,280 0,285 0,290 0,295 Tensão (V) Corrente (A) Fig. 7. Corrente circulante no indutor Lcc, na operação como inversor. Tempo (s) Fig. 8. Tensão (vca) e corrente (iLca) no lado ca, na operação como inversor. O conversor consegue manter a corrente de entrada, iLca, muito próxima da referência senoidal imposta (em fase com a tensão de entrada), obtendo-se um fator de potência próximo à unidade. A técnica de controle utilizada mostra alguns inconvenientes devido a que sua natureza é um controle por histerese, a freqüência de comutação é variável e depende do ponto de operação e a seleção dos parâmetros de controle pode ser complexa. Isto é compensado por uma fácil implementação pratica. A topologia estudada pode encontrar um fértil campo de aplicação na (co-)geração de energia a partir de fontes de tensão contínua (painéis fotovoltaicos, por exemplo). Na operação como retificador, oferecem uma solução para conectar-se à rede, sem degradar o fator de potência, sistemas que demandem tensões contínuas, especialmente nos casos em que os níveis destas sejam inferiores ao valor de pico da tensão senoidal disponível. Agradecimentos Os autores agradecem ao Instituto de Eletrônica de Potência (INEP) do Depto. De Engenharia Elétrica da UFSC – Brasil e à Universidad de Antofagasta Chile através do projeto MECESUP ANT-102. Tensão (V) Referências Bibliográficas 900 800 700 600 500 400 300 200 100 vc1 vc2 0,270 0,275 0,280 0,285 0,290 0,295 0,300 Tempo (s) Fig. 9. Tensão sobre os capacitores C1 e C2, na operação como retificador. Corrente (A) 40 20 0 -20 -40 -60 -80 0,270 0,275 0,280 0,285 0,290 0,295 0,300 Tempo (s) 20 15 10 5 0 -5 -10 -15 -20 Vca iLca 0,270 0,275 0,280 0,285 0,290 0,295 400 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 0,300 Tempo (s) Fig. 11. Tensão (vca) e corrente (iLca) no lado ca, na operação como retificador. Tensão (V) Corrente (A) Fig. 10. Corrente circulante no indutor Lcc, na operação como retificador. Cáceres Agelviz R. O.; Barbi, I. (1995). A boost DCAC converter: operation, analysis, control, and experimentation. In: Intern. Conf. on Ind. Electron., Control, and Instrumentation – IECON (1995), Orlando, EUA. Anais. Piscataway, 1995. v.1,p.546-551. Cáceres Agelviz R. O.; Barbi, I. (1999). A boost DCAC converter: operation, analysis, control, and experimentation. IEEE Trans. On Power Electron., New York, EUA. 1999. v.14 ,p.134-141. Cáceres A. (1997). Familia de conversores CC-CA, derivados dos conversores CC-CC fundamentais. Florianopolis. Tese (Doutorado em Engenharia Elétrica) – Centro Tecnológico, INEP, Universidad Federal de Santa Catarina. Colling Eidt I.; Barbi, I. (2001). Reversible Unity Power Factor Step-Up/Step-Down AC–DC Converter Controlled by Sliding Mode. IEEE Trans. On Power Electron., 2001. v.16, No.2 ,p.223-230. Colling Eidt I. (2000). Conversores CA-CC monofásicos e trifásicos reversíveis com elevado fator de potência. Florianopolis. Tese (Doutorado em Engenharia Elétrica) – Centro Tecnológico, INEP, Universidad Federal de Santa Catarina. 167 of 167