05/03/2017 1 - Introdução SOCIOLOGIA O que é SOCIOLOGIA? 1ª SÉRIE ENSINO MÉDIO PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2017 PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO Texto adaptado do livro Filosofia e Sociologia, de Marilena Chauí e Pérsio Santos Oliveira – Livro do Professor e na Apostila de Sociologia-Ensino Médio, 1ª série, vol.1, Caderno do Professor, Secretaria da Educação Estado São Paulo, edição 2014-2017. JBRF 1 A SOCIOLOGIA estuda as relações sociais e os modos como as pessoas se unem ou se associam, tendo em vista as diversas formas como elas interagem na sociedade. Envolve, portanto, o estudo dos grupos sociais e dos fatos sociais, estudo da divisão das sociedade em classes e camadas sociais (Ex. classe A, classe B, grupo dos punks, grupo dos moradores de uma localidade etc.). Envolve, também, o estudo da mobilidade social (isto é, como as pessoas passam de uma classe para outra), como as pessoas desenvolvem meios de cooperação e cooperam entre si. Estuda, ainda, como e porque ocorrem a competição e o conflito na sociedade. JBRF 2 Não nascemos humanos, tornamo-nos humanos (Erasmo, Desidério 1466-1536) O HOMEM COMO ANIMAL SOCIAL JBRF JBRF 3 JBRF 4 1 05/03/2017 AS MENINAS-LOBO AS MENINAS-LOBO Na Índia, onde os casos de meninos-lobo foram relativamente numerosos, descobriram-se, em 1920, duas crianças, Amala e Kamala, vivendo no meio de uma família de lobos. A primeira tinha um ano e meio e veio a morrer um ano mais tarde. Kamala, de oito anos de idade, viveu até 1929. Não tinham nada de humano e seu comportamento era exatamente semelhante àquele de seus irmãos lobos. Elas caminhavam de quatro patas, apoiando-se sobre os joelhos e cotovelos para os pequenos trajetos, e sobre as mãos e os pés para os trajetos longos e rápidos. Eram incapazes de permanecer de pé. Só se alimentavam de carne crua ou podre, comiam e bebiam como os animais, lançando a cabeça para a frente e lambendo os líquidos. Na instituição onde foram recolhidas, passavam o dia acabrunhadas e prostradas numa sombra; eram ativas e ruidosas durante a noite, procurando fugir e uivando como lobos. Nunca choraram ou riram. Kamala viveu durante oito anos na instituição que a acolheu, humanizando-se lentamente. JBRF 5 6 JBRF AS MENINAS-LOBO ALGUMAS QUESTÕES 8 Ela necessitou de seis anos para aprender a andar e pouco antes de morrer só tinha um vocabulário de cinquenta palavras. As atitudes afetivas foram aparecendo aos poucos. Ela chorou pela primeira vez por ocasião da morte de Amala e se apegou lentamente às pessoas que cuidaram dela e às outras crianças com as quais conviveu. A sua inteligência permitiu-lhe comunicar-se com outros por gestos, inicialmente e, depois, por palavras de um vocabulário rudimentar, aprendendo a executar ordens simples. Quem Que somos nós? espécie de animais somos nós? Se nós temos um corpo e características que nos aproximam e nos diferenciam dos demais animais, o que nos caracteriza, então? O que nos marca como animais da espécie humana? JBRF JBRF JBRF 7 2 05/03/2017 ENTÃO, COMO O HOMEM SE TORNA HOMEM? O QUE PERMITE AO HOMEM VIVER EM SOCIEDADE? JBRF 9 JBRF 10 2 - TEXTO INTRODUTÓRIO O homem, como uma dentre as várias espécies animais existentes, também desenvolveu processos de convivência, reprodução, acasalamento e defesa. Deste modo, apresenta uma série de atitudes “instintivas”, isto é, ações e reações que se desenvolvem de forma espontânea, isto é, sem ter sido necessário ter aprendido antes: respirar, engatinhar, alimentar-se etc. Tendo como origem sua bagagem genética (isto é, aquilo que já está inscrito em seus genes), o homem demonstra, também, ser capaz de sentir medo, prazer ou frio e estabelecer relações de amizade ou parentesco. JBRF JBRF 11 JBRF 12 3 05/03/2017 2 - TEXTO INTRODUTÓRIO 3 - Processo de Socialização (continuação) O homem, portanto, distingue-se das demais espécies existentes porque grande parte de seu comportamento não se desenvolve de modo natural (instintivo) em sua relação com o mundo, nem se transmite aos seus descendentes pelos genes. O homem é um animal que necessita de aprendizado para adquirir a maior parte de suas formas de comportamento. É, portanto, por um processo que o homem, enquanto animal, tem de passar para se transformar em ser humano. O processo pelo qual ele passa é o de socialização. (texto adaptado do livro: Sociologia, Introdução à ciência da sociedade, de Cristina Costa, Ed. Moderna, 3ª ed.) JBRF 13 • O ser humano, assim como os outros animais, também possui instintos. • Entretanto, logo após nascer, o ser humano inicia sua inserção na sociedade, passando pelo PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO. Este é o primeiro processo fundamental ao qual todo ser humano é submetido desde o nascimento. • É nesse processo que seus instintos primitivos animais são “abafados” ou reprimidos” pelo padrão cultural que ele encontra na família e na sociedade e que ele JBRF vai absorvendo nesse processo. 14 3 - Processo de Socialização É na vida em grupo - na família e na sociedade - que os animais da espécie humana se tornam realmente humanos JBRF JBRF 15 É nesse processo que o indivíduo aprende a ser membro de uma sociedade. JBRF 16 4 05/03/2017 Qual é o objetivo da socialização? É interiorizar na criança a cultura da sociedade na qual ela nasce. Em virtude desse processo, o mundo da sociedade, com seus hábitos, valores, crenças, modos de pensar, penetra na mente da criança e passa a fazer parte de seu mundo interior, passa a fazer parte da vida dos indivíduos. À medida que cresce e se desenvolve, a criança absorve o mundo em que vive como o único que existe, pois é a única realidade que conhece. Tudo isto faz com que a criança perceba o mundo ao seu redor, onde a linguagem (falar, depois ler e escrever) tem papel fundamental, pois é ela que ajuda a organizar aquilo que ela apreende como realidade. 17 A RELATIVIDADE DA SOCIALIZAÇÃO Por isso, podemos dizer que a socialização é relativa, porque ela varia de sociedade para sociedade. Varia porque cada sociedade apresenta características próprias: culturas, costumes, valores etc. JBRF 18 JBRF 4 - CONTATOS SOCIAIS Sim, as culturas diferentes! Vamos, agora, entender o que são CONTATOS SOCIAIS Ao dar aula, o professor entra em contato com seus alunos. O cliente e o vendedor de uma loja estabelecem contato na hora da venda de uma mercadoria. Duas pessoas conversando também participam de um contato A esses tipos de contato dá-se o nome de contato social. A convivência humana pressupõe uma grande variedade de tipos de contatos sociais. Você mesmo pode se relacionar de diversas formas, a começar pela maneira como cumprimentou seus colegas de escola ou pelos contatos sociais que você manteve para chegar até a atual etapa de sua educação formal. JBRF JBRF 19 JBRF 20 5 05/03/2017 4 - CONTATOS SOCIAIS 5 - TIPOS DE CONTATOS SOCIAIS (continuação) Grupos Primários São os contatos pessoais, diretos, face a face, e que têm uma forte base emocional, pois as pessoas neles envolvidas compartilham suas experiências individuais. Exemplos característicos de contatos sociais primários: São aqueles que ocorrem na família entre pais e filhos; aqueles com a vizinhança; as relações sociais na escola, no clube etc. Os contatos sociais são os primeiros passos para que ocorra qualquer associação humana. E estão na origem da vida em sociedade. É por meio do contato que as pessoas estabelecem relações sociais entre si na sociedade, criando laços de identidades, formas de atuação e comportamento que são a base da constituição dos grupos sociais e da sociedade. JBRF As primeiras experiências do indivíduo se fazem com base em contatos sociais primários. 21 JBRF 22 5 - TIPOS DE CONTATOS SOCIAIS Grupos Secundários São os contatos impessoais, calculados, formais; seus membros são substituíveis; são mais um meio para atingir um determinado fim. Exemplos: contato do passageiro com o cobrador do ônibus, apenas para pagar a passagem; ou o contato do cliente com o caixa do banco ao descontar um cheque; participação em sindicatos, em sociedades amigos de bairro. São também considerados contatos secundários os contatos mantidos através de carta, telefone, telegrama e internet. JBRF JBRF 23 JBRF 24 6 05/03/2017 CONTATOS SOCIAIS E A PERSONALIDADE INDIVIDUAL As pessoas que têm uma vida baseada mais em contatos primários desenvolvem uma personalidade diferente daquelas que têm uma vida predominantemente de contatos secundários. 6 - INTERAÇÃO SOCIAL Como nos relacionamos ou agimos na sociedade em relação aos outros, ou como interagimos com os outros? Quando estamos na presença de outras pessoas, duas coisas acontecem: procuramos conhecer algo a respeito delas ou procuramos nos lembrar de algo que já sabemos daquelas pessoas. Essas informações são enriquecidas por diferentes formas de comunicação: a linguagem verbal (aquilo que dizemos e o que os outros dizem); É a linguagem e são as expressões corporais, que comunicam de formas diversas as informações sobre nós mesmos e sobre as pessoas com quem estamos falando ( a postura do corpo, a expressão do rosto, a roupa que vestimos, os gestos, o modo de caminhar, de sorrir, de dirigir o olhar etc.). JBRF 6 - INTERAÇÃO SOCIAL 25 (continuação) • Na sala de aula, professor e alunos estão em contato social, estabelecendo uma intercomunicação entre eles e também entre alunos e alunos. • Ao aprenderem com o professor, o comportamento dos alunos sofre modificações: sua explicação da matéria pode interferir no comportamento do aluno. JBRF JBRF 27 JBRF 26 Podemos dizer, então, que o professor influencia os alunos e também sofre influência deles. Assim, dizemos que existe entre eles uma interação social. JBRF 28 7 05/03/2017 6 - INTERAÇÃO SOCIAL 6 - INTERAÇÃO SOCIAL (continuação) • O aspecto mais importante da interação social é que qualquer ação nossa, seja um simples olhar, influencia o comportamento ou a ação dos indivíduos envolvidos, como resultado do contato e da comunicação que se estabelece entre eles. • Desse modo, fica claro que o simples contato físico não é suficiente para que haja uma interação social. JBRF 6 - INTERAÇÃO SOCIAL 29 • Os contatos sociais e a interação social constituem, portanto, condições indispensáveis à associação humana. • Os indivíduos se socializam através dos contatos e da interação social. • Formam a base de toda organização e estrutura social. JBRF JBRF • Por exemplo, se alguém se senta ao lado de outra pessoa num ônibus, mas ambos não conversam, não está havendo interação social. • Dessa forma, interação social é a ação social, mutuamente orientada, de dois ou mais indivíduos que estão em contato. • As relações e as interações sociais se dão nos pequenos grupos sociais em que estamos inseridos: família, escola, trabalho, vizinhança, bairro, comunidade, internet etc. Ou seja, se dão no chamado plano microssocial. JBRF 6 - INTERAÇÃO SOCIAL (continuação) 31 (continuação) 30 (continuação) • Finalizando, a interação social supõe, assim, a existência de reciprocidade nas ações entre indivíduos. • Entretanto, com o desenvolvimento dos meios de comunicação, novos tipos de contato vêm se afirmando: a interatividade, que é a possibilidade de trocas simultâneas de informações e acesso imediato a qualquer parte do mundo: computadores, celulares, tablets, smarphones etc. JBRF 32 8 05/03/2017 7 - RELAÇÕES SOCIAIS NAS GRANDES CIDADES Com a industrialização, diminuíram os grupos de contatos primários e aumentaram os de contatos secundários. As relações humanas nas grandes cidades têm tendência a ser impessoais, caracterizando uma predominância dos contatos sociais secundários e a forte presença do individualismo. JBRF 33 JBRF 8 – A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA IDENTIDADE 7 - RELAÇÕES SOCIAIS NAS GRANDES CIDADES Embora haja proximidade física entre as pessoas, isto não significa, necessariamente, proximidade afetiva. A vida nas metrópoles, por exemplo, facilita os conflitos entre as pessoas. •O que é IDENTIDADE? A identidade individual se refere ao entendimento que a pessoa tem daquilo que ela é e do que é importante para ela; referese ao conceito que tem de si mesma e ao modo como define suas próprias características. Por outro lado, a IDENTIDADE SOCIAL refere-se às características que são atribuídas (dadas, conferidas) por outras pessoas ao indivíduo. Um exemplo de individualismo cultivado nas grandes cidades são as brigas no transito, cada vez mais frequentes, muitas com desfecho violento. JBRF 34 Essas atribuições decorrem do grupo social ao qual um indivíduo pertence e, além disso, marcam (estabelecem) de que forma um indivíduo é igual ou diferenteJBRF de outro. 35 36 • JBRF 9 05/03/2017 8 – A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA IDENTIDADE (continuação) 8 – A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA IDENTIDADE Como construímos nossa identidade na sociedade? Sabemos que o ser humano só existe como ser social. E, conforme já vimos, para se tornar um ser social, o ser humano deve passar pelos processos de socialização. Esse processo de socialização significa passar pelos contatos primários e secundários. Vimos que, ao chegarmos à sociedade internalizamos a cultura existente. Com isso, nosso comportamento é muito influenciado por essa cultura Podemos afirmar, então, que a sociedade define o ser humano. JBRF 8 – A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA IDENTIDADE 37 38 40 (continuação) Nossa identidade não é fechada e pronta. Na verdade, a Sociologia procura mostrar justamente o contrário: a identidade está sempre se desenvolvendo. Isto significa que o processo de construção de identidade de uma pessoa envolve um eterno desenvolver e transformar e acaba apenas com a sua morte. JBRF JBRF 8 – A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA IDENTIDADE (CONTINUAÇÃO) A construção de nossa identidade também é algo complexo e, também, faz parte de um processo. É algo que está em constante movimento. (continuação) De fato, nunca somos, sempre estamos, ou seja, a identidade é eterna construção e reconstrução. JBRF JBRF 39 10 05/03/2017 8 – A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA IDENTIDADE 41 Tornamo-nos diferentes à (continuação) medida que envelhecemos. Apesar de, muitas vezes, acharmos que nos mantemos os mesmos, nossa estrutura de personalidade muda e isso interfere na nossa construção da identidade JBRF JBRF 11