H. D. Fonseca Filho – Depto. Física 2014 Materiais Recicláveis Prof. Dr. Henrique Duarte da Fonseca Filho Departamento de Exatas Universidade Federal do Amapá E-MAIL: [email protected] H. D. Fonseca Filho – Depto. Física Sumário 2014 I. Porque usar experimentos em sala de aula? II. Como e quando usar? III. Experimentos de hoje: Experimento 1: A cama de pregos. Noções de pressão, força e área. Experimento 2: Espectroscópio . Fundamento e construção. Experimento 3: Ilusão de óptica. Como nossos olhos (e cérebro) interpretam certas imagens e situações. H. D. Fonseca Filho – Depto. Física Experimento 1 2014 "A pressão atmosférica aperta e comprime as coisas na superfície da Terra" Não... pressão não aperta e nem comprime coisa alguma! Pressão grandeza escalar e, como tal, totalmente destituída das características de direção e sentido. Infelizmente ainda há alunos (e talvez professores) que, ao se referirem à pressão atmosférica, fazem gestos com a mão para salientarem a (falsa) idéia de que "é algo que aperta ou comprime as coisas para baixo". Pressão devido ao peso da atmosfera terrestre ou de qualquer outra força nada tem a ver com "para cima, para baixo, esquerda, direita" ou qualquer outra orientação. Pressão não pode ser representada por 'setas', como se vê com frequência em figuras de células (biologia), experimentos de física e etc. A pressão tem conceito do mesmo tipo que a "densidade", que nos informa uma distribuição de massas num dado volume... e ninguém usa 'setas' indicar as densidades! Você já ouviu alguém dizer algo assim: " A densidade aperta a água no fundo do copo."? Assim, para não errar mais, pense na pressão como uma 'densidade', nos informando uma distribuição deintensidades de forças numa dada área, e dai a fórmula conhecida: p = |F|/A H. D. Fonseca Filho – Depto. Física A cama de pregos 2014 H. D. Fonseca Filho – Depto. Física 2014 Material Placa de madeira 20x20 cm2, com 1,5 a 2,0 cm de espessura; 4 tiras de madeira para fazer a moldura (opcional); de 300 a 400 pregos (comprimento maior que 3 cm para a cama); 8 pregos para montar a moldura (opcional); uma régua de 20 ou 30 cm; um martelo; 30 cm uma bexiga de festas. pregos 30 cm 5 cm 1 cm H. D. Fonseca Filho – Depto. Física Montagem 2014 1) Risque na placa de madeira um quadrado 20x20 cm2 , de modo que entre os lados do quadrado e as bordas da peça sobre uma margem de 5 cm; 2) Marque os lados do quadrado de 1 em 1 cm; 3) Trace retas paralelas aos seus lados separadas de 1 cm, formando uma rede; 4) Os pregos devem ser fixados nos nós dessa rede. H. D. Fonseca Filho – Depto. Física Testes 2014 1) Sinta a cama de pregos com a sua mão; 2) Pressione um balão de festas cheio de ar contra a ponta de um prego isolado; 3) Pressione agora outro balão cheio de ar contar a cama de pregos; 4) Coloque a cama em cima de uma cadeira. Sinta-se à vontade para se sentar na cama! H. D. Fonseca Filho – Depto. Física A Física 2014 Considere um adulto que se deite na cama. O peso de um adulto é algo ao redor dos 70kgf. Se ele de apoiar em pelo menos 2 000 pregos, cada prego suportará 70/2.000 kgf = 0,035 kgf, ou seja, 35 gf. A pressão efetiva do sistema, ou o 'peso por prego' será de 35 gf. Com essa pressão o corpo humano não sentirá qualquer desconforto; não sentirá desconforto mesmo que a pressão dobre (70 gf/prego) ou mesmo triplique! Os pregos não perfurarão quer a roupa ou a pele. O experimento só apresentará desconforto (e isso não vale a pena experimentar) quando o peso em qualquer prego se aproxima dos 200 gf H. D. Fonseca Filho – Depto. Física Experimento 2 2014 Um espectroscópio é um instrumento destinado a separar os diferentes componentes de um espectro óptico. Constitui-se essencialmente de uma fresta situada no plano focal de um colimador, um prisma ou rede de difração e um anteparo (tela) onde se projeta (imagem real) o feixe dispersado. Para produzir a decomposição de uma luz composta de várias cores (frequências) Newton utilizou um prisma, que desvia em diferentes ângulos de emergência cada cor (comprimentos de onda) ao ser atravessado pelo feixe composto. Decomposição por rede de difração Posteriormente se utilizaram de redes de difração, que consistem num suporte (transparente ou refletor) com ranhuras (linhas) finíssimas, em cada milímetro de extensão podem caber nada menos de 500 a 1000 dessas ranhuras (linhas), que fazem com que, inicialmente, cada cor do feixe de luz incidente se disperse em todas as direções (difração). A seguir, segundo direções determinadas desse feixe difratado, cores iguais (comprimentos de ondas iguais) sofrem interferência construtiva e se reforçam (somam geometricamente suas amplitudes) e em outras direções sofrem interferência destrutiva. O resultado final é equivalente àquele obtido mediante o prisma, a saber, a decomposição de um feixe de luz policromática em seus componentes monocromáticos, porém desta vez, com maior eficiência, quer dizer, com melhor e mais uniforme separação dos mesmos. H. D. Fonseca Filho – Depto. Física Experimento 2 2014 Decomposição da luz branca ao incidir num disco compacto (C.D.), entrando pela fresta (janela). H. D. Fonseca Filho – Depto. Física Material Uma caixa de fósforos das grandes; Um cd (compact disc) não mais utilizado; Tesoura; Estilete. 2014 H. D. Fonseca Filho – Depto. Física Montagem 2014 1) Inicialmente vamos partir o CD em vários pedaços. Necessitaremos de um pedaço de CD de aproximadamente 1/8 do disco; 2) A seguir, com uma lâmina protegida, vamos abrir uma pequena janela na parte superior da caixa de fósforo. Oriente-se nas figuras abaixo para bem localizar essa janela. Corte e dobre esse de modo a funcionar como uma janela. H. D. Fonseca Filho – Depto. Física Montagem 2014 1) Cole, a seguir, o pedaço de CD no centro da gaveta da caixa de fósforos. Isso deve ser feito de modo que, abrindo-se ligeiramente a gaveta para permitir a entrada da luz solar, o pincel refletido e difratado saia pela janela praticada na face superior. Eis a ilustração disso: H. D. Fonseca Filho – Depto. Física Testes 2014 1)Pegue seu espectroscópio e oriente-o para a luz proveniente, por exemplo, de uma lâmpada incandescente comum. O que você observa? 2) Experimente agora com uma lâmpada fluorescente. Que diferença você pode observar? 3) Experimente agora observar o espectro solar (espectro de absorção). Tome cuidado para não focalizar diretamente o Sol. Procure identificar com cuidado as linhas mais características. 4) Você poderá também observar os espectros de emissão de algumas lâmpadas para iluminação pública (branca, de mercúrio, de sódio etc.) e aquele de alguns anúncios luminosos (gás néon etc.). 5) Num laboratório de Química, é possível 'queimar' pedaços de cobre, zinco, alumínio etc. ou sais sobre o bico de Bunsen; as luzes emitidas poderão ser observadas e analisadas com seu espectroscópio. H. D. Fonseca Filho – Depto. Física A Física 2014 Nessa parte experimental foi mostrado como construir um espectroscópio muito simples e econômico, mas que apresenta uma excelente relação qualidade/precisão (medida pelo poder separador das cores). Seu poder separador se baseia no fenômeno de difração produzido, neste caso, por 'espelhinhos' microscópicos para a leitura do laser em um disco compacto (CD). Em um CD típico há 1000 pontos de difração para cada milímetro do disco, o que permite separar muito bem as cores elementares. H. D. Fonseca Filho – Depto. Física Ilusão de óptica 2014 Durante o dia, os olhos movem-se mais de 100.000 vezes para receberem as ondas de luz que os atingem. Se considerarmos que 80% de todas as impressões sensoriais captadas pelo homem são de natureza óptica, reconheceremos que os olhos realizam um árduo trabalho. Para que a visão seja possível, o trabalho conjunto de ambos os olhos reveste-se de grande importância. Faça uma pequena experiência em frente do espelho: quando levanta um dos olhos, o outro automaticamente eleva-se também, não sendo possível baixá-lo. Mais ainda: se um dos olhos se virar para fora ('afastando-se' do nariz), o outro se volta paralelamente para dentro ('aproximando-se' do nariz); é impossível a ambos os olhos moverem-se simultaneamente para fora. Para dentro o caso é diferente. Fixe um objeto com ambos os olhos. Quanto mais perto o objeto se encontrar, mais acentuada se torna a convergência. Os olhos convergem, mas não divergem! H. D. Fonseca Filho – Depto. Física Os olhos 2014 O olho humano é constituído pelo globo ocular, que é um aparelho óptico provido de uma lente, e por uma série de órgãos coordenados: pálpebras, conjuntiva, glândulas lacrimais, músculos e nervos, bem como o nervo óptico, que está atrás do globo ocular e se prolonga até ao centro da visão, no cérebro. Os olhos podem ser comparados a uma máquina fotográfica. Quando os raios de luz encontram a córnea e a penetram, são refratados pela primeira vez. Atravessam então a câmara anterior, que contém o humor aquoso, atingindo o cristalino e o humor vítreo. O cristalino converge e então os raios luminosos que o atravessam, também. Após ter atravessado o humor vítreo, a luz encontra a retina, que constitui a membrana mais interna das três que formam a parede do globo ocular. As verdadeiras células da visão encontram-se na retina, que se transforma no nervo óptico. A imagem que surge nesta membrana é levada, como um impulso, até ao centro da visão, situado no lobo occipital do cérebro. H. D. Fonseca Filho – Depto. Física Os olhos 2014 Devido aos 7 milhões de células em cone que se encontram na retina, os olhos são capazes de perceber as cores, ou melhor, os diferentes comprimentos de onda da luz, como sensações heterogêneas. H. D. Fonseca Filho – Depto. Física Ilusão de óptica 2014 Na retina são projetadas imagens menores e invertidas dos objetos emissores da luz: o que no objeto está à direita encontra-se à esquerda na imagem projetada na retina, e o que no objeto se localiza na parte superior encontra-se na imagem na parte inferior: Mas por que razão nós vemos o objeto 'direito', se este se encontra invertido na imagem da retina? Na realidade, os olhos não vêem, mas reconhecem a imagem; porém, só depois da transmissão desta ao cérebro temos consciência dela já na sua posição correta, uma vez que o cérebro inverte novamente a imagem. H. D. Fonseca Filho – Depto. Física Experiência 2014 Mantenha, a uma distância de cerca de 40 cm, um plástico transparente diante dos olhos. Por detrás dele, a uma distância de cerca de 50 cm, encontra-se uma palavra escrita. Sucessivamente, pode ver focado, quer o plástico, quer as letras da palavra. No entanto, nunca pode ver ambos nítida e simultaneamente. O sistema óptico dos olhos, que funciona de uma forma maravilhosa, acusa numerosas imperfeições. Estas, juntamente com os erros de transmissão que se verificam entre os olhos e o cérebro, assim como as falsas interpretações transmitidas por este, explicam a existência de ilusões ópticas. Nos olhos existe o que é denominado 'ponto cego'. É a zona em que o nervo óptico penetra na retina. Como, neste ponto, a retina não pode ter células fotossensíveis, não ocorre aqui qualquer sensação de luz. A mancha cega apresenta diâmetro de 1,5 a 1,7 mm aproximadamente. H. D. Fonseca Filho – Depto. Física Experiência 2014 Feche o olho direito e fixe o ponto da direita com o olho esquerdo a uma distância de cerca de 25 cm. O ponto da esquerda torna-se invisível. Para encontrar a distância certa, aproxime lentamente os olhos da imagem. Então, a determinada distância, o ponto desaparece - apenas enquanto a imagem recai precisamente no nervo óptico - surgindo depois com uma maior aproximação. H. D. Fonseca Filho – Depto. Física Ilusões sensoriais 2014 A ilustração reproduz a espiral de Fraser. Este desenho já constitui uma ilusão óptica, pois não se trata, de modo algum, de uma espiral, mas de uma sucessão de pequenos círculos concêntricos que se vão tornando progressivamente maiores. O efeito de espiral é provocado pelas linhas mais grossas pretas e em forma de espiral. H. D. Fonseca Filho – Depto. Física Ilusões sensoriais Aproxime o desenho de seu rosto, até o nariz tocar a tela, para fechar a ponte. 2014 H. D. Fonseca Filho – Depto. Física Ilusões sensoriais 2014 As ilusões sensoriais verificam-se quando a percepção não se conjuga com a realidade. As ilusões sensoriais normais são, na estrutura e no modo de funcionamento dos respectivos órgãos, fundamentadas, do mesmo modo que nos processos psicológicos, através de impressões sensoriais associadas apenas a percepções . Na maioria das ilusões ópticas não se verificam ilusões reais dos sentidos, mas ilusões que surgem da interpretação habitual de um objeto ¾ uma interpretação que, contudo, não é exata para o caso em questão e, conseqüentemente, é falsa. Neste caso, a impressão do sentido da visão, isto é, o registro óptico, é inteiramente correta, verificando-se a ilusão apenas no cérebro. H. D. Fonseca Filho – Depto. Física Contraste 2014 Se perguntarmos a 100 pessoas o que o conceito "contraste" lhes sugere, 82 responderão: "Claro-escuro.“ Contrastes psicológicos são as influências recíprocas de sensações ópticas, quando os estímulos luminosos apresentando intensidades e cores diferentes atuam, simultaneamente ou com um pequeno intervalo, sobre os mesmos pontos da retina. Assim, uma mancha um pouco mais clara aparece ainda mais clara junto de zonas mais escuras e vice-versa. H. D. Fonseca Filho – Depto. Física Contraste 2014 Ilusões por persistência de imagem A influência de um estímulo luminoso na retina provoca uma sensação luminosa. Em conseqüência da inércia, decorre um determinado intervalo de tempo até a retina ser impressionada. Por outro lado, a excitação sobrevive ao estimulo provocado durante um breve período. Podemos obter persistências de imagem positivas e nítidas quando de noite apagamos uma lâmpada clara. Na sala escura, a imagem da lâmpada permanece durante algum tempo diante dos olhos. Com uma luz clara e durante 30 segundos, olhe para a metade esquerda da figura. Logo a seguir fixe o lugar marcado (ponto) da metade direita da mesma figura. Ilusões por persistência de imagem As persistências de imagem podem também ser multicoloridas. Com a ajuda da figura ao lado, façamos uma experiência. Para isso fixe durante 30 segundos o ponto branco que se encontra no meio da bandeira tricolor. A seguir, olhe para uma superfície branca. O que vê? H. D. Fonseca Filho – Depto. Física 2014 Obrigado pela atenção