A logística de coleta e distribuição do leite como

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A LOGÍSTICA DE COLETA E DISTRIBUIÇÃO DO LEITE COMO DIFERENCIAL
COMPETITIVO PARA OS PEQUENOS PROCESSADORES DE LEITE
[email protected]
APRESENTACAO ORAL-Estrutura, Evolução e Dinâmica dos Sistemas
Agroalimentares e Cadeias Agroindustriais
CYNTHIA CÂNDIDA CORRÊA1; ALINE FREITAS VELOSO2; SILVIO
SILVESTRE BARCZSZ3.
1.AJES - FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO
VALE DO JURUENA, JUÍNA - MT - BRASIL; 2.FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA
E PECUÁRIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS, BELO HORIZONTE - MG BRASIL; 3.CESUMAR - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ, MARINGÁ PR - BRASIL.
A logística de coleta e distribuição do leite como diferencial competitivo
para os pequenos processadores de leite
Grupo de Pesquisa: Estrutura, Evolução e Dinâmica dos Sistemas Agroalimentares e
Cadeias Agroindustriais
Resumo
O agronegócio do leite passou por grandes transformações nas últimas décadas, saindo da
exploração de subsistência para a profissionalização, com enfoque para a produção em
escala, com qualidade, agregação de valor e industrialização de produtos diferenciados.
Entretanto, verifica-se que o processo de concentração na indústria de laticínios, decorrente
de suas estratégias agressivas, tanto na compra de matéria-prima como na disputa dos
mercados finais, deixa os pequenos processadores de leite com dificuldade de
sobrevivência justamente por não conseguirem se adequar as exigências legais. Neste
contexto, buscou-se identificar como a logística de coleta e distribuição pode contribuir
para um melhor desempenho competitivo de pequenos processadores de leite. A
metodologia utilizada foi a pesquisa qualitativa, de cunho descritivo, envolvendo a
pesquisa bibliográfica e documental. Como resultado, verificou-se a interferência direta de
políticas públicas na expansão e regulamentação dessa atividade. Devido a isso ocorreram
diversas mudanças na logística da cadeia, notadamente na forma de armazenagem e
transporte, priorizando qualidade e confiabilidade do produto, mas que podem contribuir
para exclusão de processadores menos estruturados.
Palavras-chave: logística, cadeia produtiva do leite, coleta e distribuição do leite.
Abstract
Agribusiness milk has gone through major transformations in recent decades, leaving the
operation to the professionalization of subsistence, with a focus on the scale production,
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quality, added value and manufacturing of differentiated products. However, it appears that
the concentration process in the dairy industry, with to their aggressive strategies in both
the purchase of raw material as in the dispute of end markets, leaves small milk processors
with limited survival because we did not manage to suit the requirements imposed by the
government. In this context, we sought to identify with this work as the logistics of
collection and distribution can contribute to a better competitive performance of small milk
processors. Because of this a theoretical study establishes itself as the most appropriate
guidance for the development of research to that based on humanistic assumptions, through
the adoption of qualitative research, with emphasis on literature. As a result, there was a
direct interference in the expansion of public policies and regulation of this activity. In this
way there were several changes in the logistics chain, especially in the form of storage and
transportation, giving priority to quality and product reliability, but may contribute to the
exclusion of processors less
structured.
Keywords: logistics, chain of milk, collection and distribution of milk.
1. INTRODUÇÃO
A década de 90 marca uma época de transformações para a economia brasileira,
nesta época, houve desregulamentação do mercado, abertura comercial e consolidação do
Mercosul e estabilidade da economia. Essas transformações consolidaram novos padrões
de consumo por parte da população brasileira que se tornou mais exigente. As mudanças
verificadas nas últimas décadas implicaram em alteração no comportamento produtivo e
competitivo de organizações e sistemas. Neste contexto, as empresas estão aprimorando a
sua capacidade competitiva através da implementação de novas estratégias concorrenciais
como novas técnicas de gerenciamento e negociação.
O sistema do leite é considerado como um dos mais importantes sistemas
agroindustriais brasileiro. A produção mundial, em 2008, foi de 578 bilhões de litros,
enquanto que a produção brasileira foi estimada em 27,2 bilhões de litros, gerando um
valor bruto da produção de aproximadamente R$ 18,7 bilhões (CNA, 2010). O setor
primário envolve cerca de cinco milhões de pessoas, considerando, também, os 1,3 milhões
de produtores nacionais de leite. No cenário mundial, o Brasil ocupa a 6º posição, ficando
atrás somente dos EUA (82,4 bilhões de litro), Índia (39,8), China (32,2), Rússia (31,1) e
Alemanha (28,5).
Entretanto, de acordo com Vilela et all. (2002) o setor lácteo precisa promover
rápidas modificações para se adequar aos requerimentos do mercado globalizado. Observase que a profissionalização do setor e a eficiência produtiva são critérios de sobrevivência
na atividade, pois várias mudanças vêm ocorrendo no setor, como o aumento dos
requerimentos de qualidade, aumento da demanda por produtos de maior valor agregado,
racionalização da coleta por meio da granelização, concentração das indústrias,
requerimento de escala e profissionalização da produção primária.
As empresas de pequeno porte são obrigadas a rever suas formas de gestão e
produção para enfrentarem, em igualdade, a elevada concorrência nacional e internacional.
Precisam se adaptar as exigências tecnológicas e organizacionais do novo ambiente,
buscando condições de competitividade. Contudo, verifica-se que a competitividade das
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empresas não depende somente delas, e sim de sua capacidade de articulação com os
demais integrantes de sua cadeia de atividades. Nesse sentido, a competitividade é o
resultado de políticas públicas e privadas, individuais e coletivas, ou seja, fatores
internos à empresa, fatores estruturais e fatores sistêmicos (COUTINHO; FERRAZ,
1994). Nesse sentido, a cadeia produtiva do leite tem buscado a adoção de uma série de
novos conceitos tais como rastreabilidade, alianças mercadológicas, certificação e
comercialização com marcas.
Pode-se considerar, ainda, a gestão logística como uma forma de alcançar a
competitividade. É possível verificar que com a adoção de uma logística de coleta e
distribuição bem estruturada dentro da cadeia do leite, a qualidade, eficiência e rapidez do
produto podem ser melhoradas, dando aos pequenos processadores de leite uma chance de
competir entre os grandes laticínios.
Neste contexto, o trabalho procura apresentar a necessidade de se produzir
eficientemente bens manufaturados dentro dos conceitos de economia globalizada,
ressaltando a importância da coordenação da cadeia produtiva. Nesse aspecto, apresenta-se
como orientação a busca para a seguinte questão: Como a logística de coleta e distribuição
pode contribuir para o melhor desempenho do pequeno processador de leite? Para isso, é
necessário caracterizar a importância da logística como forma de controle da
movimentação e a coordenação demanda-suprimento.
Por se tratar de um estudo teórico, estabelece-se como orientação mais adequada
para o desenvolvimento da pesquisa àquela fundamentada nos pressupostos humanistas,
através da adoção da pesquisa qualitativa, com ênfase na pesquisa bibliográfica.
2. CADEIA PRODUTIVA
As transformações estruturais que aconteceram no século XX resultaram num novo
ambiente competitivo, que é constituído pela interação entre estrutura de mercado, os
padrões de concorrência e as características da demanda. Dessa forma, a vantagem
competitiva advém da estratégia competitiva adotada, mas sob influência de fatores
ambientais propulsores (SOUZA, 2002). Esse contexto requer que o campo de análise se
expanda da firma para o ambiente sistêmico, portanto, estratégias coletivas podem ser
necessárias para o sucesso de firmas individuais.
É o caso do Sistema Agroalimentar (SAG). Com as mudanças ocorridas no mundo,
a produção de alimentos no período pós-guerra tornou-se fortemente dependente de
produtos industrializados, os quais eram comprados no mercado, ao invés de produzidos no
local. Adicionalmente, as atividades de armazenagem, processamento e distribuição eram
complexas para serem administradas inteiramente pelo produtor, gerando diversos elos
entre os agentes componentes da cadeia produtiva (EMBRAPA, 2001).
Nesse contexto, Michellon (apud FARINA; ZYLBERSZTAJN, 1999, p. 23),
menciona cadeia produtiva como: “um recorte dentro do complexo agroindustrial mais
amplo que privilegia relações entre agropecuária, indústria de transformação e distribuição,
tendo como foco um produto definido”. No Sistema é estudada a lucratividade, estratégia
das corporações, estabilidade de preços e adaptabilidade das cadeias para a avaliação do
seu desempenho.
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Zylbersztajn (2000), em complemento, trabalha o conceito de cadeia como sendo
uma seqüência de operações entre seus agentes, resultando num produto final. Dessa
forma, gera uma relação de interdependência ou complementaridade, desenvolvida a partir
do ambiente na qual está inserida. Conforme o autor, essa relação poderá ser definida por
qualquer elo da cadeia e influenciada por fatores como: desempenho, estratégias
individuais, ambiente competitivo, dentre outros.
Conforme Souza (2002) a cadeia de valor de uma empresa estende-se para além das
fronteiras da organização, inserindo-a em um sistema maior, através de um processo de
inter-relações e interdependência.
Nesse sentido, na concepção de Hiratuka (1997), as relações entre as cadeias não
são puramente mercantilistas, ou seja, apenas de compra e venda. Mas há toda uma
dinâmica favorecendo contatos que não são instantâneos e nem autônomos. São relações
baseadas na busca por parte das empresas de coordenar de forma eficiente as operações.
Assim aproveitando as oportunidades de aprendizado e acúmulo de capacitações, geradas
através da interação com outras organizações.
Portanto, numa visão sistêmica, cada elo da cadeia está interconectado e cada parte
está inserida num todo, não existindo a atuação da empresa isoladamente. Como, por
exemplo, a decisão de um fornecedor que poderá interferir no modo de comercialização,
devido ao custo, à forma e tempo como é distribuída, quantidade, entre outros. O mesmo
ocorreria com uma empresa de distribuição, afetando decisivamente o cliente final.
2.1 Governança nas relações Interfirmas segundo a Teoria dos Custos de
Transação
Segundo Hiratuka (1997), as relações interfirmas se realizam num contexto mais
complexo, exigindo uma coordenação das ações, com o intuito de obter o comportamento
desejado dos agentes. Essa coordenação será desenvolvida de acordo com critérios que
atenda aos seus objetivos principais, sejam estes de custos, legais, ou direcionados pela
empresa líder do mercado. Os Custos de Transação tentam minimizar o custo ocorrido nas
relações interfirmas, considerando a sua complexidade no atual mercado. Antigamente as
relações baseavam-se apenas no preço do produto ou serviço obtendo um comportamento
estático, diferente do moderno ambiente competitivo. Este é mais volátil, sendo
influenciado por questões tecnológicas, inovações na forma de produzir e vender, rápido
acesso a informações, e outros, refletindo assim na forma de governança das interfirmas
(ZYLBERSZTAJN, 2000).
Segundo Williamson (apud HIRATUKA, 1997) há dois aspectos que influenciam
as Relações interfirmas: a) racionalidade limitada e, b) oportunismo. A racionalidade é
limitada uma vez que não está presente totalmente nas relações mercantis, há um elemento
cognitivo. Para isto as firmas procuram se garantir através de contratos formais e
informais, proporcionando clareza em seus objetivos formados e obtendo o máximo de
informações possíveis a respeito do assunto. O oportunismo caracteriza a procura do
favorecimento do interesse próprio, não importando quais atitudes são necessárias para
isso. Para Zylbersztajn (2000), o oportunismo age transgredindo o código de ética e
prejudicando profundamente a outra parte envolvida. Através da influência desses dois
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aspectos nas Relações Interfirmas, Willamson define os atributos de transação, como sendo
especificidade de ativos, freqüência e a incerteza.
A Especificidade de Ativos ocorre quando numa relação de transação exige-se um
investimento maior em determinado ativo, tornando sua finalidade específica. Caso haja a
ruptura do contrato o ativo em questão perde totalmente o seu valor agregado, gerando
prejuízo às partes envolvidas. Essa característica proporciona uma alta dependência entre
as organizações. Segundo Zylbersztajn (2000) a especificidade de ativos poder ser: de
lugar; tendo sentido apenas naquele local; de tempo, se houver determinado tempo para a
comercialização; de capital humano, cuja habilidade é limitada a único individuo.
A Freqüência refere-se a quantidade devezes ocorre a utilização das estruturas, ou
acontece a comercialização dos produtos entre os agentes. Caso haja uma alta freqüência a
tendência é que exista um relacionamento confiante, diminuindo assim os custos da
operação. Entretanto se não houver periodicidade a formulação do contrato será menos
exigente nas cláusulas defensoras. Conforme Hiratuka (1997, p. 20), “o grau de incerteza
envolvido em uma determinada transação está relacionado à confiança que os agentes
possuem em sua capacidade de antecipar eventos futuros”. A Incerteza comportamental,
gerada pela racionalidade limitada e o oportunismo, deve-se a um elemento cognitivo
presente nos agentes. Dessa forma dificultando prever possíveis custos de transação e
aumentando cláusulas contratuais com o intuito de minimizar as conseqüências da
descontinuidade da transação.
Com relação à especificidade de ativos a situação torna-se mais crítica. Pois é
necessário completar a transação para que o investimento faça sentido. Culminando assim
na procura de formas governamentais mais eficientes e seguras. A forma de governar as
relações procura atender exigências impostas pelo ambiente competitivo, no qual as
organizações estão inseridas. A exigência advém da interação entre estrutura de mercado,
as características da demanda, e os padrões de concorrência (HIRATUKA, 1997).
Para obter certa eficiência no desempenho da empresa a Teoria dos Custos de
Transação considera a intensidade dos atributos na escolha da forma de governança, a fim
de estabelecer medidas que reduzam os custos. Um dos objetivos é evitar possíveis atitudes
oportunistas e preservar a continuidade das transações, lidando eficientemente com a
racionalidade limitada, dessa forma obtendo o comportamento esperado do agente. As
formas de governança podem ser: por mercado, contrato (híbrido), ou integração vertical.
O Mercado é a forma mais flexível existente e corresponde à compra e venda com
base apenas no valor da mercadoria. Sendo assim, favorece transações com baixo grau de
especificidade e despreza a incerteza. Nessa governança não há dependência dos agentes,
gerando liberdade na escolha do fornecedor e no critério para a compra.
O Contrato preserva a autonomia das firmas, garantindo a relação de dependência.
Sua relevância se deve à um médio grau de incerteza da transação e média ou alta
especificidade de ativos. Esta seria uma forma intermediária entre o mercado e a integração
vertical. Geralmente os contratos possuem salvaguardas e mecanismos administrativos que
possibilitem evitar a incerteza comportamental.
Essa Governança ocorre quando há alto grau de especificidade de ativos, e uma alta
incerteza, fazendo com que a firma se aproprie do meio de produção na relação de
transação. Neste caso o custo e benefício são coerentes, pois o gasto com a estrutura da
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cadeia produtiva compensa o retorno do ativo específico, garantindo assim a conduta, o
procedimento e o tempo desejável pela empresa.
Dentro dos atributos mencionados a Integralização Vertical permite um retorno
mais rápido às mudanças ocorridas no macroambiente, aumentando a sua capacidade de
competir no mercado. Nesse aspecto, Hiratuka (1997) observa que a Teoria dos Custos de
Transação contribuiu para a evolução do pensamento das relações na cadeia produtiva,
considerando as possíveis formas contratuais que diminuem o custo e facilitam a
operacionalização das transações de um setor para o outro.
Outro fator relevante foi a abordagem de comportamentos cognitivos nas relações
de troca de valores, antes vista apenas como algo exato e racional. Essa forma era cabível a
um ambiente com poucas mudanças, conforme acontecia há décadas atrás. No entanto no
mundo globalizado faz-se necessário criar modelos eficientes para lidar rapidamente com
as transformações e minimizar os efeitos dos imprevistos ocorridos no mercado.
2.2 A coordenação segundo a teoria da empresa líder
Outro aspecto que envolve a governança diz respeito a empresa líder. Conforme
menciona Humphrey e Schmitz (2001, p. 02) “o termo é usado para expressar o fato de que
algumas empresas dentro dessas cadeias estabelecem e/ou aplicam os parâmetros nos
termos dos quais operam outras empresas”. Os autores ampliam o conceito para as cadeias
globais de valor, mencionando as transações entre países desenvolvidos e países em
desenvolvimento. Entretanto deixam ressalva de que o estudo se equivale às cadeias
produtivas locais.
Uma empresa poderá exigir certos comportamentos de outras partes, tendo em vista
sua interpretação e expectativas quanto ao mercado. Para isso, estabelece e repassa normas
e padrão de produto e processo. A empresa liderante pode determinar o que, como, quando,
quanto e a qual preço a ser produzido (HUMPHREY; SCHMITZ, 2001). Essa liderança
pode ser realizada por um comprador ou um produtor. No primeiro caso a organização
obtém sua atividade concentrada no varejo, ou na comercialização, ditando a forma de
como produzir; já no segundo caso focaliza a indústria, com a obtenção de tecnologia da
produção e do produto.
As relações interfirmas, direcionadas pela empresa dominante no mercado,
requerem um maior cuidado na construção de sua estrutura de governança. Devido aos
altos investimentos em ativos específicos há uma necessidade de se criar um
relacionamento rígido e confiável a fim de evitar futuros oportunismos. O principal fator
que onera essas relações é o risco.
A vantagem deste tipo de governança engloba o acesso aos mercados, rapidez de
ação na aquisição de capacidades de produção, distribuição de ganhos, pontos de
alavancagem para iniciativas de política e a canalização de assistência técnica.
Principalmente com relação aos países menos favorecidos o desenvolvimento pode ser
fomentado mais rápido, através dessas ações (HUMPHREY; SCHMITZ, 2001).
Segundo Kaplinsky (2000), o comportamento desejável nos demais segmentos da
cadeia pode ser obtido, não somente pela empresa liderante, mas também por agentes
externos como leis governamentais, imposições dos consumidores, ONGs, e outras
instituições. O motivo da intervenção destas varia entre saúde, preços, segurança, normas
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ambientais e outros. Esse comportamento desejado pode ser estipulado também pela
empresa liderante, fazendo com que cumpram os padrões exigidos por leis governamentais
ambientais, sanitárias. A fim de garantir a qualidade de seu produto e preservar o seu lugar
no mercado.
3. CADEIA PRODUTIVA DO LEITE
Ao se considerar como critério de classificação o principal foco de atuação
(produção, distribuição, consumo) de componentes da cadeia agroalimentar do leite, como
menciona Bressan (2004, p. 33), pode-se, em princípio, delimitar algumas categorias de
mercados que interagem entre si na cadeia produtiva do leite: a) o mercado de fatores,
representado pelos agentes econômicos (produtores e industriais) que adquirem
tecnologias, serviços, insumos, máquinas e equipamentos necessários à condução do
processo produtivo; b) o mercado fornecedor de matéria-prima, formado pelos produtores
de leite; c) o mercado comprador e processador de matéria-prima, composto, em geral,
pelas indústrias e cooperativas de laticínios; d) o mercado distribuidor e varejista,
constituído pelos canais de comercialização e distribuição do leite e seus derivados; e e) o
mercado de produtos in natura e processados, ou seja, o mercado consumidor, constituído,
basicamente, pelos consumidores finais que adquirem esses produtos.
Para Bressan (2004) existe no mercado do leite, tanto no informal como no formal
perigos e riscos químicos, físicos e biológicos para a segurança alimentar, derivados. Essas
questões também são salientadas por Brandão (2001 apud BRESSAN, 2004, p. 33). O
autor destaca que os riscos e perigos podem ser: a higiene na obtenção da matéria-prima e
na sua industrialização; presença de contaminantes e resíduos químicos e físicos;
transporte, refrigeração e conservação inadequados; vida de prateleira limitada e outros
associados.
Essa categorização leva em conta, portanto, os componentes da cadeia produtiva,
representada de forma simplificada na Figura 1.
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Figura 1 - Representação simplificada de segmentos da cadeia produtiva do leite
Fonte: BRESSAN, Matheus. Ano XIII, nº 3 Revista Política Agrícola, p. 33, 2004.
Bressan (2004) considera, particularmente, as indústrias e os fornecedores de
insumos; os produtores de leite e as indústrias de laticínios, responsáveis pelo
beneficiamento e processamento da matéria prima; os distribuidores, atacadistas e
varejistas; e, por fim, os consumidores, objetivo final de todo esse processo de transações
que ocorre entre os segmentos da cadeia. Todos esses componentes são partes do chamado
“mercado formal”, no qual a expectativa é de oferta de leite e derivados lácteos seguros
para o consumo, produzidos com qualidade, livres de perigos e riscos à saúde.
4. LOGÍSTICA
O interesse na gestão da cadeia de suprimentos e na logística cresceu de maneira
explosiva nos últimos anos. A palavra logística surgiu durante a Segunda Guerra Mundial e
tem como origem a derivação do francês “verdo loger”, que significa alojar (militar),
expressando o processo de gestão de atividades associadas à movimentação e coordenação
das tropas e materiais para os locais necessários.
De acordo com o conselho de administração de logística:
Logística é o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo
eficiente e economicamente eficaz de matérias-primas, estoque em processo,
produtos acabados e informações relativas, desde o ponto de origem até o ponto
de consumo, com o propósito de atender às exigências dos clientes (BALLOU,
2001, p. 21).
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Portanto, a logística busca por em prática um sistema que permita, ao menor custo
possível, dispor dos produtos no momento e na quantidade adequados, em diferentes
lugares, usando estoque mínimo necessário para atendimento às necessidades e com maior
tempo de vida útil do produto e, efetuando a transferência entre os agentes da cadeia de
suprimento. Mas, o desempenho logístico pode ser afetado por diversos fatores, como:
globalização, meio ambiente, aumento das incertezas econômicas, proliferação de
produtos, menores ciclos de vida dos produtos e maiores exigências de serviços, dentre
outros.
A logística está presente em todas as transações que se dão entre as empresas que
compõem a cadeia de suprimento. Conforme Novaes (2001) a cadeia de suprimento
abrange todo o caminho que um produto percorre, desde o fornecedor da matéria-prima até
o consumidor final, passando pela manufatura, centros de distribuição, atacadistas e
varejistas. O objetivo final de toda cadeia de suprimento é a minimização do custo total
associado aos esforços logísticos empenhados, ou a melhoria do desempenho logístico para
atendimento às necessidades dos clientes e fornecedores, o que pode ser sintetizado em
duas palavras: eficiência e responsividade.
Os componentes de um sistema logístico são: serviço ao cliente, previsão de
vendas, comunicação de distribuição, controle de estoque, manuseio de
materiais, processamento de pedidos, peças de reposição e serviços de suporte,
seleção do local da planta e armazenagem (análise da localização), compras,
embalagem, manuseio de mercadorias desenvolvidas, recuperação e descarte de
sucata, tráfego e transporte, e armazenagem e estocagem (BALLOU, 2001, p.
23).
O sistema logístico é formado por uma combinação entre a rede de fluxo de
produtos e a rede de informações, não se pode projetá-los separadamente, e a sincronização
entre esses fluxos é o grande desafio dos gerentes. A logística controla o valor do tempo e
do lugar nos produtos, principalmente através dos transportes, dos fluxos de informações e
dos estoques. De acordo com Alves (2001), a gestão do fluxo de informações, tem como
objetivo o estabelecimento de um plano integrado para toda cadeia de suprimento, pois as
atividades logísticas exigem elevado grau de gestão intra e interfirmas. Já a gestão do fluxo
físico cuida da movimentação geral e armazenagem dos produtos, que se dá pelas três
áreas: suprimento, apoio à produção e distribuição física, procurando operar com o menor
custo total, com eficácia e qualidade.
Na atualidade, as empresas começam a ver a logística como decisiva para elevar a
eficácia operacional, reduzindo custos e promovendo controles dos processos de
transporte, movimentação e armazenagem. A logística pode tornar a empresa mais
competitiva e proporcionar um serviço diferenciado aos clientes distribuidores, com
ganhos recíprocos, além de produtos com qualidade. Deve-se sempre lembrar que, a
logística envolve toda a cadeia de suprimentos, portanto, não existe logística sem pensar
fora da empresa.
4.1 Aspectos de movimentação e armazenagem
Alves (2001) considera as atividades de transporte e armazenagem críticas para a
análise do custo total, pois contribuem com a maior parcela dos custos logísticos
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juntamente com o processamento de pedidos. Assim, a distribuição passa a ser um item
primordial na cadeia.
A cadeia de distribuição clássica é formada por um canal de um nível, isto é, entre o
fabricante e o consumidor existe um intermediário, o varejista. Uma vez definidos os
canais de distribuição, torna-se necessário detalhar o processo logístico que irá realizar, na
prática, o projeto mercadológico selecionado (NOVAES, 2001, p. 145).
De acordo com Lacerda (2000) o trabalho da logística é coordenar o fluxo de
produtos de vários fornecedores dispersos pelo país, ou pelo mundo, para que cheguem até
os clientes finais. Dessa forma, as instalações de armazenagem exercem um papel
importante para atender as metas estabelecidas pela organização, e a funcionalidade dessas
instalações dependerá da estrutura de distribuição adotada pela empresa: escalonada ou
direta. Conforme o autor, nos sistemas de distribuição escalonados, as empresas procuram
avançar os estoques para um ponto próximo aos clientes, pois a utilização desses centros
de distribuição avançado permite o recebimento de carregamentos consolidados (vindo de
longas distâncias) e a entrega até o cliente pode ser feito em cargas fracionadas, isso
porque o movimento de distribuição vai ser realizado em pequenas distâncias. Já, os
sistemas de distribuição direta utilizam instalações intermediárias do tipo transit point,
cross-docking e merge in transit para permitir rápido fluxo de produtos.
O transit point opera como uma instalação de passagem, onde recebe
carregamentos consolidados e separa-os para entregas locais a clientes individuais, e já tem
seus destinos definidos. Esse tipo de instalação é bastante similar aos centros de
distribuição avançados, mas não mantêm estoques, sendo localizado para atender a uma
área do mercado distante dos armazéns centrais.
O cross-docking caracteriza-se por manter múltiplos fornecedores que atendem a
clientes comuns. Aqui, os itens são distribuídos continuamente, dos fornecedores para
clientes, através de depósitos, mas não permanecem por muito tempo. Conforme Chopra e
Meindl (2003), o centro de distribuição (CD) pode fazer um cross-docking do produto que
chega de diversos fornecedores desmembrando cada entrega recebida em entregas menores
que serão distribuídos a cada varejista. Essas transações se dão entre instalações separadas
geograficamente. E tem a vantagem de necessitar de pouco estoque, torna o fluxo mais
rápido na cadeia de suprimentos, além de reduzir custos de manuseio, porque o produto
não precisa ser colocado e retirado da armazenagem. É indicado para produtos de grandes
volumes e previsíveis, exigindo um ótimo nível de coordenação e sincronia entre as
entregas e chegam e partem.
Merge in transit é uma extensão do conceito de cross-docking combinado com o
sistema just in time (JIT). Esse sistema tem sido aplicado a distribuição de produtos de alto
valor agregado, formado por multicomponentes produzidos em diferentes lugares, esses
componentes são consolidados em armazéns centrais e expedidos aos clientes com base na
disponibilidade de estoques.
Novaes (2001) descreve, ainda, dois sistemas de distribuição: o sistema “um para
um” em que o veículo é totalmente carregado no depósito da fábrica ou num centro de
distribuição do varejista (lotação completa) e transporta a carga para um ponto de destino;
e o sistema de distribuição “um para muitos”, ou compartilhada em que o veiculo é
carregado no CD do varejista com mercadorias destinadas a diversas lojas ou clientes, e
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executando um roteiro de entregas pré-determinado. Já, para Sinchi-levi (2003), as
estratégias distintas de distribuição de saídas são: remessa direta (o produto é entregue do
ponto de origem até seu destino), estoque no depósito, e complementa com cross-docking.
Chopra e Meindl (2003), entretanto, descrevem que existem vários tipos de rede de
distribuição, destacando:
•
Rede de entrega direta, em que as entregas chegam diretamente dos
fornecedores às lojas varejistas. Nesta rede os gerentes de logística precisam decidir apenas
qual será a quantidade a ser transportada e qual meio de transporte adotará, pois a rota de
cada carregamento já está especificada. Essa rede tem a vantagem de eliminar depósitos
intermediários, além de simplificar suas operações, mas é aconselhável apenas para lojas
varejistas que suportam lotes grandes de suprimentos.
•
Entrega direta com milk runs (coletas programadas), esse é um tipo de rede
transporte em que um caminhão pode tanto coletar o produto de vários fornecedores e
entregar a apenas um varejista como entregar o produto de um único fornecedor a diversos
clientes.
•
Entregas via centro de distribuição centralizado, aqui os fornecedores
enviam suas mercadorias a um CD que envia as entregas adequadamente para cada loja. O
CD representa uma camada a mais entre um fornecedor e um varejista e pode exercer dois
papéis diferentes: o de armazenar estoque e o de servir como um local de transferência de
mercadoria.
•
Entregas via centro de distribuição utilizando milk runs; neste caso milk
runs podem ser usados partindo do CD se os tamanhos de lote a serem entregues a cada
varejista foram pequenos.
•
Rede sob medida; nesta rede o transporte mescla cross-docking, milk runs,
transportadoras de carga completa ou consolidada (TL) e de carga fracionada (LTL), além
de, em alguns casos empresas de entrega expressa. O objetivo é utilizar a opção mais
adequada para cada situação, mas exige um expressivo investimento em infra estrutura de
informações para facilitar a coordenação.
A unitização de carga está relacionada ao tamanho da carga, tanto para
movimentação interna quanto externa. Alves (2001, p. 220) afirma que “os custos de
movimentação diminuem à medida que o tamanho unitário de carga aumenta”. Aqui,
define-se o conceito de carga fracionada e carga completa. Entendendo-se por carga
fracionada (LTL) a carga individual, que não se faz um aproveitamento ótimo do espaço
físico do transporte utilizado, atendendo apenas um ponto de destino; já a carga completa
ou consolidada (TL) significa a utilização do veiculo consolidando um número pequeno de
pacotes em uma única carga, geralmente essa unitização da carga pode ser alcançada
através de embalagens para agrupamento, de dispositivos especiais, de equipamentos ou
etiquetagem.
Entre os fatores que influenciam o custo do transporte estão a distância e o volume.
Por isso é importante a projeção da localização perante essas instalações, tendo em vista o
fator distância, no caso de produtos perecíveis vencer essa distancia em tempo hábil é
questão de sobrevivência. A definição da localização de instalações em uma rede logística
sejam elas, fábricas, depósitos ou terminais de transporte, é um problema comum e dos
mais importantes para os profissionais de logística (LACERDA, 2000). De acordo com
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Slack (1996) os custos de transporte podem ser considerados em duas partes; os custos de
transporte de insumos da fonte para o processador e os custos de transporte dos bens do
local de produção até o destino final, ou seja, até os clientes.
Portanto, além de definir o arranjo do sistema de distribuição, os gerentes de
distribuição devem, segundo Ballou (2001) tomar decisões de transporte que podem
envolver seleção de modal, tamanho do carregamento, roteirização e programação. Essas
decisões são influenciadas pela distância geográfica do armazém até os clientes, os níveis
de estoque e os pontos nodais da rede da cadeia de suprimentos. Gomes e Leite (2001)
afirmam que o redirecionamento de centros de distribuição, alterações de rotas e novos
designs para os veículos utilizados, são questões que estão na ordem do dia-a-dia do
segmento de distribuição, visando a uma melhor competição.
Para definir qual o melhor modo de transporte para distribuição dos produtos, os
gerentes devem levar em conta as características desses produtos. Os modais de transporte
existentes são: aquaviário, ferroviário, rodoviário, aeroviário e dutoviário. Em geral o
transporte rodoviário é o mais utilizado em todos os segmentos, apesar de possuir um custo
maior de manutenção em relação aos outros. Quando a distribuição de uma mercadoria
exige mais de um meio de transporte são necessárias à integração e coordenação entre
vários modais, conhecido como intermodal.
Quanto à armazenagem, Alves (2001) observa que sua gestão deve cuidar de
administrar os problemas associados ao espaço físico para manutenção de estoque e
manuseio de materiais. Entre esses problemas destaca-se: localização, dimensionamento,
arranjo físico, projeto de docas de embarque e desembarque, movimentação interna, dentre
outros. A manutenção de estoque consiste em manter a disponibilidade dos produtos de
acordo com a necessidade da cadeia de suprimento, pois são os estoques que regulam as
atividades de transporte, produção, processamento e distribuição. Os estoques podem ser
encontrados em armazéns, plataformas de distribuição, chão de fábrica, veículos e lojas de
varejo. Para Ballou (2001) o gerenciamento de estoque se dá através de duas estratégias: a
abordagem de puxar o estoque, na qual cada armazém depende de todo o canal de
distribuição; e a abordagem de empurrar o estoque, nessa as decisões sobre cada estoque é
feita independentemente.
Já, o manuseio de materiais, conforme Ballou (2001), refere-se às atividades de
carregamento e descarregamento, movimentação do produto para e de vários lugares
dentro do armazém e separação de pedidos. O projeto de unitização da carga, layout do
espaço físico interno, escolha do equipamento de estocagem e de movimentação
determinam a eficiência do sistema de manuseio de materiais.
Portanto, verifica-se que a logística busca por em prática um sistema que permita,
controlar o fluxo de matérias-primas, estoque em processo, produtos acabados e
informações relativas desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de
atender às exigências dos clientes, efetuando a transferência entre os agentes da cadeia de
suprimento ao menor custo possível, no momento e na quantidade adequados (BALLOU,
2001). A cadeia de suprimentos abrange todo o caminho que um produto percorre, é
constituído por fornecedores, centro de produção, depósitos, centros de distribuição e
varejistas, e ainda por matérias-primas, estoques de produtos em processos e produtos
acabados que fluem entre as instalações (BATALHA; SILVA, 2001).
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Conforme se observou anteriormente, a organização da cadeia se faz por meio dos
seus componentes e, parcialmente, pelas relações formais e informais desenvolvidas por
eles. A coordenação da cadeia é um processo dinâmico para promover explicitação de
normas de relacionamentos vigentes, trazendo uma harmonia entre os agentes dos
segmentos envolvidos. Essa coordenação permite a empresa receber, processar, difundir e
utilizar informações de modo a definir e viabilizar estratégias competitivas, reagir a
mudanças no meio ambiental ou aproveitar oportunidades de lucro. Quando analisado
sobre o contexto da empresa liderante pode definir o comportamento desejável de seus elos
na cadeia produtiva.
Como numa visão sistêmica, cada elo da cadeia está interconectado, um pode
ajudar ou prejudicar o outro, por isso é necessário uma coordenação de toda a cadeia para
manter a qualidade do produto final entregue ao consumidor e a logística é uma forma de
garantir essa qualidade. Portanto, pode-se entender como coordenação logística à busca de
padrões no processo de transporte e armazenagem adequados às expectativas ou
necessidades de eficiência e responsividade na cadeia produtiva.
5. ASPECTOS LOGÍSTICOS DA CADEIA LEITEIRA
De acordo com Gomes e Leite (2001), a cadeia agroindustrial do leite no Brasil
pode ser representada por sete segmentos principais: insumos para agropecuária e para
industria laticinista; produção primária de leite; captação de matéria-prima; industrias
processadoras; distribuição de produtos processados; mercado; consumo. A produção de
leite pode ser descrita da seguinte forma: até a distribuição para o mercado consumidor o
leite passa basicamente por três percursos: da fazenda para os postos de refrigeração (1°
percurso), dos postos para as usinas processadoras (2° percurso) e, enfim, para o local de
acesso ao consumidor (3° percurso).
Segundo Gomes e Leite (2001), o segmento industrial ou de transformação é
formado pelas indústrias laticinistas de pequeno, médio e grande porte, miniusinas, e
cooperativas singulares e centrais. Neste segmento, também, existem fábricas que operam
informalmente. Primo (2001, p. 82) complementa que “a industria brasileira de laticínios,
de acordo com a Inspeção Federal, classifica-se em quatro grandes grupos que cobrem
todas as atividades do segmento: os postos de resfriamento, as usinas de beneficiamento, as
fábricas de laticínios e os entrepostos”.
O segmento de distribuição tem a responsabilidade de garantir o transporte para o
centro de distribuição ou para os mercados, formado pelas grandes redes atacadistas,
supermercados, padarias e mercearias, e também pelos chamados vendedores informais
(GOMES; LEITE, 2001). Segundo os autores, o segmento do consumo é o elo mais forte
da cadeia, pois todas as operações são realizadas para atender suas exigências. Os órgãos e
instituições do plano político-institucional permeiam todos os segmentos, faz parte desse
plano as representações classistas rurais, comerciais e industriais, assim como os diferentes
órgãos do governo que formulam, aprovam, implementam e fiscaliza leis, normas e
regulamentos pertinentes a cadeia do leite. Integram também o plano político-institucional,
as instituições de pesquisa, assistência técnica e extensão rural, instituições de crédito e
fomento etc.
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Segundo Primo (2001), a partir de 1990, o Brasil passou por várias transformações
que acirrou a competição no setor leiteiro, pois o consumidor tornou-se mais exigente; os
incentivos fiscais deram lugar ao aumento da carga tributária, o crédito foi restringido e
infra-estrutura ficou sobrecarregada; as portas do país foram abertas às importações e
desapareceu o mercado protegido. Conforme Jank e Galan (1999), como conseqüência
dessas transformações ocorreu uma maior especialização do setor produtivo do leite;
aumento da produtividade, pela incorporação de novas tecnologias de produção; redução
do número de produtores; melhoria da qualidade do produto; aumento de escala de
produção; redução da sazonalidade; decréscimo dos preços recebidos pelos produtores.
A criação de melhores condições competitivas para a exportação dos produtos
agroalimentares brasileiros deve, necessariamente, ultrapassar as barreiras sanitárias
vigentes em âmbito internacional. Diante disso, o Governo brasileiro tem interferido no
controle da qualidade dos produtos alimentícios destinados à exportação e consumo
interno, estabelecendo novas regras para a produção e comercialização de produtos, como
o leite. A padronização tecnológica em termos de produto e processo possibilita que o
padrão de qualidade para leite de consumo seja único. Pensando em obrigar o país a
investir mais em qualidade, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, baixou
a IN 51- Instrução Normativa nº 51/2002. Esta instrução prevê parâmetros mais rigorosos
para detectar resíduos de antibióticos, contagem bacteriana e células somáticas, e
estabelecer normas para o resfriamento e coleta a granel. Essa Instrução Normativa
substitui a norma estabelecida no decreto 30.691, de 1952, distante dos modernos padrões
de qualidade do mercado internacional, nessa época as fazendas produtoras não eram
obrigadas nem mesmo a resfriar o produto logo depois da ordenha, nem em latões (FILHO;
FIGUEIREDO, 2004).
A seletividade no setor rural será acentuada com as medidas propostas pela
Instrução Normativa 51, pois para cumprir o que a instrução manda o investimento em
tecnologia é muito pesado, apesar de ser fundamental. Dos atuais 1,3 milhões de
produtores brasileiros de leite, 800 mil produtores vendem menos de 50 litros de leite ao
dia, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (KIRCHOF, 2001).
Esta quantidade é insuficiente para a aquisição de tanques resfriadores de expansão,
necessários para o cumprimento da nova legislação, que estabelece o prazo máximo de três
horas após a ordenha para que o leite seja resfriado em no mínimo 4º C. Os tanques de
“imersão”, que podem ser mais facilmente adquiridos, não cumprem as condições que a
norma estabelece. Cabe observar que no Brasil, o segmento de produção primária é
composto em maior parte por pequenos produtores.
Segundo Gomes e Leite (2001), a maioria dos produtores (80%) é responsável por
somente 20% da produção, enquanto produtores com maiores volumes (20%) são
responsáveis por 80% da produção. Este formato distributivo sempre gerou conseqüências
danosas ao desenvolvimento da pecuária leiteira por dificultar e onerar o custo da coleta do
leite, a assistência técnica e o investimento, além de deteriorar a qualidade da matériaprima em razão da dificuldade de armazenamento. Por isso, os laticínios estão reduzindo o
número de fornecedores ficando apenas com os de maior escala e qualidade, isto reduz o
custo de transporte, pois coleta mais leite em menos propriedades.
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Além do processo de concentração primária, isto é, concentração de produtores de
leite, também está ocorrendo uma concentração de empresas. Conforme Castro (2005), as
empresas estão aprimorando a sua capacidade competitiva através da implementação de
novas estratégias concorrenciais, tais como: profissionalização da gestão, fusões e
aquisições, alianças estratégicas, diferenciação dos produtos, entre outros. Devido a grande
concentração de mercado, a maior parte dos lucros são obtidos por aqueles detentores de
maior poder de barganha frente a seus fornecedores, compradores e concorrentes; por isso
os pequenos processadores estão sendo excluídos por grandes empresas. A concentração
industrial que vem ocorrendo nos últimos anos tem levado os laticínios a buscarem um
maior nível de automatização e uma localização geográfica mais racionalizada.
Observa-se que existe uma grande dispersão geográfica dos produtores e uma
extensa malha viária é percorrida diariamente na captação de matéria-prima, por isso o
segmento de captação tem que estabelecer ações estratégicas, isto é, ações de logística,
com o objetivo de reduzir custos e aumentar a competitividade. Através da logística se
pode nortear as questões de suprimentos de produtos nos locais e tempos corretos,
atendendo aos mercados com garantia de qualidade. Isso envolve um esforço conjunto e
coordenado de todos os agentes da cadeia de lácteos (GOMES; LEITE, 2001). Estudos
sobre a logística de distribuição demonstram que as empresas tendem a profissionalizar a
relação com o mercado, desenvolver políticas de distribuição própria, terceirizada, marcas
próprias e alianças estratégicas.
5.1 Características da Tecnologia
A industria do leite enfrenta várias restrições, entre elas restrições tecnológicas, que
centra-se na matéria-prima (qualidade, sazonalidade e localização) e que afeta todas as
fases do processamento (PRIMO, 2001). A tecnologia é fundamental, acompanhada de
aprendizado e capacitação em gestão. Essa tecnologia causa transformações em toda a
cadeia do leite, desde a produção da matéria prima até o consumidor final.
Em todos os setores do agronegócio, o Brasil está colhendo os frutos da tecnologia
que plantou. Na industria de leite e derivados também há uma repercussão tecnológica. Os
produtores de leite têm que tomar algumas medidas para acompanhar as mudanças do
setor. São em três áreas: genética, alimentação e manejo (RUBEZ, 2005).
Os meios pelos quais podem realizar melhoramento genético podem ser
categorizados em: (a) métodos de avaliação, melhores modelos e seleção mais precisa; (b)
novas e melhores técnicas de reprodução; (c) uso da imunogenética e; (d) desenvolvimento
da genética molecular (FARIA, 1999). O objetivo é usar animais direcionados para a
produção de melhor qualidade e não mais para produção de maior volume de leite.
Quanto ao manejo e distribuição, Gomes (1999) afirma que são dois os modelos e
intensificação de produção de leite: confinamento total das vacas e pastos fertilizados e em
manejo rotativo. No Brasil, se usa mais o modelo de produção a pasto, por isso, a produção
de leite no país é sazonal, dependendo muito do clima. Assim, a produção se concentra na
estação chuvosa do ano quando ocorrem maior disponibilidade e melhor qualidade de
forragens e o manejo compreende todas as atividades necessárias para um desempenho
produtivo eficiente do rebanho.
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A melhoria da qualidade do leite se dá através da racionalização da matéria-prima
por meio da granelização e refrigeração. Com a captação de leite a granel, os sistemas de
produção nas propriedades passaram a exigir um sistema de resfriamento adequado e
ordenha mecanizada.
O armazenamento do leite com a utilização dos tradicionais latões é um processo
que usa a água para resfriamento do produto. Como alternativa para o processo de
resfriamento do leite, algumas propriedades com grande volume diário produzido se
utilizam pré-resfriadoras de leite.
5.2 Aspectos de coleta e distribuição do leite fluido
O segmento de captação de matéria-prima foi o que apresentou as maiores
mudanças nos anos recentes, e força os produtores a novas formas de organização para se
adequarem às novas exigências da legislação no que diz respeito ao transporte e ao
processamento de derivados de leite.
O transporte e a estocagem do leite na propriedade podem ser realizados nos
tradicionais latões ou em tanques de resfriamento de expansão. Os latões estão sendo
substituídos pelos tanques de resfriamento a granel, pois o transporte de leite em latões
compromete a qualidade do produto. Além disso, os novos tanques de resfriamento ficam
nas fazendas e o leite é coletado de dois em dois dias, feito o resfriamento logo após a
ordenha, eliminando um dia de frete pelos caminhões equipados com tanques isotérmicos.
A mudança evita desperdícios, melhora a qualidade do leite, aumenta a produção de
derivados e ainda reduz custos de captação do primeiro percurso e aumenta a
produtividade das fazendas, pela possibilidade de uma segunda ordenha diária (CAIXETAFILHO et all, 2001).
A industria, ainda, obtém mais vantagens como: elimina a necessidade de postos de
resfriamento, pois o leite pode ir diretamente para as usinas e fábricas; reduz custos com
investimentos em estruturas físicas, energia, água, material de higiene e limpeza, operação,
lavagem e manutenção de latões; gasta menos combustível, profissionaliza o setor e
planeja melhor a captação do leite (PRIMO, 2001).
Ainda, segundo Caixeta-Filho et all (2001) a distribuição do leite a granel feita em
carros-tanques, apresenta menor probabilidade de contaminações. O processo de coleta de
Leite Cru Resfriado a Granel consiste em recolher o produto em caminhões com tanques
isotérmicos construídos internamente de aço inoxidável, através de mangote flexível e
bomba positiva rotativa com acabamento sanitário, acionada pela energia elétrica da
propriedade rural, pelo sistema de transmissão ou caixa de câmbio do próprio caminhão,
diretamente do tanque de refrigeração por expansão direta ou dos latões dos resfriadores de
imersão.
Mas para a realização dessa coleta a granel ser possível é necessário uma
coordenação de toda a cadeia, ou seja, os produtores devem possuir equipamento
necessário para a ordenha mecânica, bem como acesso a um tanque de resfriamento.
Portanto, a granelização força a homogeneização do leite na linha de coleta, sendo que os
produtores que não se adaptarem a nova regra deverão obrigatoriamente deixar de entregar
o produto, sob pena de prejudicar os demais (JANK E GALAN, 1999).
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Dessa forma, os processadores começaram a se preocupar com certos aspectos da
matéria-prima, entre estes a qualidade do leite por ser um requerimento imprescindível
para a competição no mercado. Para Primo (2001) essas industrias não estão apenas
preocupadas com a saúde do consumidor, mas, e principalmente, com a redução de custos
que traz embutido ao longo da cadeia produtiva, o que faz da qualidade um vetor de
competitividade para o setor como um todo.
Outra grande mudança ocorrida no setor leiteiro foi na demanda por leite. Vários
fatores alteraram essa demanda, como: aumento da população, crescimento de renda (ou
queda), redução de preços relativos de produtos concorrentes ou substitutos, mudança nos
hábitos alimentares. Com o surgimento desta nova demanda o leite longa vida se destaca
no mercado, atendendo as exigências de comodidade e conveniência do consumidor. A
ultrapasteurização (UHT) apresenta vantagens tecnológicas em relação ao processo de
pasteurização, porque amplia o prazo de validade do produto, também sem necessidade de
refrigeração, mas significativas alterações nas características essenciais do leite ou sabor,
tornando sua diversificação viável economicamente.
O leite pasteurizado tem, necessariamente, que ser mantido e distribuído em uma
permanente cadeia frigorífica, para conservar suas características sanitárias e constituir-se
um alimento seguro para o consumo humano. Para resolver o problema do tratamento do
leite, evitando o desenvolvimento de microrganismos, somente o recurso da boa
pasteurização e o tratamento térmico proporcionado pela refrigeração, no transporte e na
estocagem, oferecem segurança. A pasteurização garante a eliminação dos microrganismos
patogênicos do leite, mas nele ainda permanecem ativos alguns microrganismos capazes de
deteriorá-lo, portanto o leite pasteurizado necessita de uma perfeita cadeia de frio até a
mesa do consumidor.
As embalagens também envolvem uma grande dose de tecnologia e variam
dependendo do tipo de leite. Podem ser plásticas ou em papel duro revestido com uma
camada plástica de polietileno, estas são as mais usadas para leite longa vida.
5.3 Aspectos do sistema de distribuição de leite fluido
Atualmente, o suprimento é feito por usinas aparelhadas, com equipamentos mais
adequados, o que permite um fluxo constante e rápido de carregamento de caminhões. As
tarefas de coleta, transporte e beneficiamento do leite vêm sendo realizados, há alguns
anos, pela iniciativa particular de usinas e transportadoras especializadas. As frotas, para a
distribuição dos laticínios para o varejo, em sua maioria, são constituídas de caminhões de
carrocerias fechadas, tipo baú, muitas delas isotérmicas, o que compensa a falta de
refrigeração própria (CAIXETA-FILHO et al, 2001).
Na distribuição, a relação entre fabricantes e intermediários é conflituosa e de não
cooperação. Com o deslocamento do canal de distribuição das padarias para os
supermercados, torna-se visível que vem ocorrendo um crescente poder de decisão dos
supermercados sobre os interesses das indústrias. De acordo com Jank e Galan (1999) foi o
leite longa vida que fortaleceu os super e hipermercados na distribuição dos produtos
lácteos, em detrimento das padarias e do pequeno comércio. Essa situação constitui um
grande gargalo e até mesmo uma restrição para as industrias de laticínios, principalmente
para as pequenas e médias, a distribuição de seus produtos para o mercado varejista. Os
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varejistas vêm mantendo seus lucros e toda a cadeia produtiva vem apresentando reduções
de ganhos, arcando com prejuízos, e muito raramente melhorando a competitividade.
O gerenciamento do agronegócio do leite no país indica a necessidade de
conhecimentos mais aprofundados não somente no aspecto relacionado à produção de leite,
retratado pelos indicadores de desempenho; requer conhecimentos gerenciais para facilitar
a tomada de decisão, e principalmente o acompanhamento do mercado, das políticas
públicas, e efetiva integração dos elos da cadeia. É importante que a visão segmentada seja
substituída pela integração, reforçando os elos, que os atores atuem como parceiros, que
sejam competitivos.
6. CONCLUSÃO
Os aspectos logísticos da cadeia foram, profundamente, influenciados pela
Instrução Normativa 51. O governo entrou em ação para garantir um padrão de qualidade
do produto, atendendo as exigências do consumidor e garantindo sua segurança alimentar.
Para se adequarem a essa resolução, os segmentos da cadeia leiteira passaram a demandar
uma maior interação e coordenação. As empresas passaram a definir melhor seus
fornecedores e a valorizá-los pela sua atuação.
Por isso, o processador assumiu o papel de empresa liderante, sendo o
intermediador da legislação ao produtor, passando a exigir um comportamento que atenda
as especificações da Instrução Normativa 51, com reflexos em todo processo logístico na
cadeia. Verifica-se que mesmo a mudança logística não estando partindo do processador é
esse quem influencia toda a cadeia produtiva, porque a fiscalização dos órgãos
responsáveis recai sobre eles.
Essas orientações implicam na adoção de novos comportamentos, podendo ser
definidas novas estratégias logísticas, que passaram a ser orientadas pela busca de redução
de custos. Como a redução do percurso executado pelos processadores pela existência de
tanques de resfriamento nas propriedades rural, visto que torna-se desnecessário a coleta
do produto diariamente. O equipamento permite a conservação da qualidade do leite in
natura na propriedade por mais tempo com armazenamento em temperatura adequada,
além do aumento da quantidade de leite em cada fornecedor, uma vez que o produtor tem a
possibilidade de uma segunda ordenha no dia. Essa mudança na coleta do produto trouxe
garantia de qualidade enquanto o produto está em transito, devido às boas condições de
armazenagem no veículo e redução de tempo.
De acordo com a legislação, os produtores são obrigados a armazenar o leite em
tanques de resfriamento após a ordenha, que deve ser mecanizada. Entretanto, por ser um
investimento de alto custo, podem optar por se associar para a aquisição desse
equipamento, viabilizando a economia com o frete. A associação para a aquisição de
tanques de resfriamento entre os produtores gera redução do custo do leite, mas, também,
pode provocar um fenômeno novo na cadeia: os produtores podem adquirir maior poder de
pressão perante os processadores por estarem unidos, articulados.
Contudo, diante da importância das mudanças, que aumentaram a competitividade
da cadeia leiteira e foram ocasionadas pela IN 51, nota-se, que a cadeia do leite pode
passar por um processo de redução da escala produtiva, ocasionada pela exclusão de alguns
produtores que não conseguem se adequar a nova realidade.
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A integração com os canais de distribuição evita perdas logísticas e aumento dos
custos do produto, o que reduziria, ainda mais, a capacidade de investimento dos pequenos
produtores, porque os custos são repassados para eles. Torna-se necessário um sistema de
informação eficaz das rotas, horários e quantidades distribuídas. Uma melhor interação
entre esses dois segmentos evita uma segunda distribuição no dia, ou até mesmo a entrega
diária em cada ponto de venda.
Verifica-se, dessa forma, o grande impacto das ações dos organismos institucionais
na dinâmica operacional logística dessa cadeia. Mas, observou-se, também, que o setor
leiteiro demanda uma maior atuação do setor público na geração de infra-estrutura
adequada para seu desenvolvimento.
Portanto conclui-se com esse trabalho que uma empresa não só, está inserida em
um sistema, como é influenciada por vários fatores. A logística demonstrou ser uma forma
de estratégia para a empresa garantir a sua competitividade, reduzindo custos, além de
garantir o produto de qualidade. A coleta e distribuição quando melhor coordenada garante
o crescimento e rentabilidade dos pequenos processadores, quando age de forma integrada
a todos os elos da cadeia.
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